Jornal da ABI 386

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Lúcio Flávio Pinto, o jornalista mais perseguido do País, diz que a verdade está proibida em plena democracia e ressalta a importância da verdadeira imprensa: “O compromisso do jornalista é socializar a informação” P OR F RANCISCO U CHA

FRANCISCO UCHA

DEPOIMENTO

riador do Jornal Pessoal há 25 anos, Lúcio Flávio Pinto esteve em São Paulo no final de outubro para receber o Prêmio Especial Vladimir Herzog de Anistia e Direitos Humanos, justa homenagem a um jornalista inquebrantável. Em seu discurso de agradecimento – publicado na íntegra no Jornal da ABI 384 –, Lúcio Flávio explicou os motivos pelos quais decidiu lançar o seu bravo jornal: publicar uma matéria sobre o assassinato do exDeputado Paulo Fonteles, “um dos crimes políticos mais graves que já ocorreu no Pará” e que exigiu três meses de investigação. A matéria fora recusada pela diretora do jornal O Liberal por incriminar “dois dos maiores anunciantes da empresa”. Por causa dessa vergonhosa negativa, o Jornal Pessoal nasce e chega às bancas de Belém do Pará no início de setembro de 1987, trazendo o que o bom jornalismo pode oferecer: matérias apuradas com precisão e muito bem escritas, que privilegiam a verdade, numa publicação independente e totalmente sem anúncios. É claro que isso lhe trouxe problemas. Grandes problemas. Lúcio Flávio é o jornalista mais perseguido e censurado do País. E também um dos mais premiados. Sua coragem para escrever temas espinhosos que os jornais não publicam, e sua coerência em não se alinhar com nenhum grupo, o colocam como alvo de violentos ataques pessoais e da censura de juízes que se acham acima da Constituição e tentam amordaçar o verdadeiro jornalismo, pouco praticado nos dias de hoje. Foi para conhecer um pouco mais do pensamento de Lúcio Flávio Pinto, que o Jornal da ABI o encontrou em São Paulo. “Nós somos paladinos da verdade. E ela é um dever de ofício, não é um elemento distinguidor do herói e do covarde. Se você é jornalista, você é um sacerdote da verdade. E se você não é o sacerdote da verdade, não é digno de ser jornalista”, disse-nos com entusiasmo na entrevista a seguir.

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“MINHA ARMA É A INFORMAÇÃO” 34

JORNAL DA ABI 386 • JANEIRO DE 2013


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