Plano Brasilia

Page 1

Plano

12 DE ABRIL DE 2011 Ano 9 · Edição 92 · R$ 5,30

BR BRASÍLIA w w w. p l a n o b r a s i l i a . c o m . b r

EDITORA

“Louco quem é

me DIZ”

O real e o estigma dos transtornos mentais

MESA REDONDA Cristovam Buarque SAÚDE Clareamento dentário

92

PONTO DE VISTA Eliana Pedrosa






Sumário

34

13

32 60

46

48

10 Cartas

40 Planos e Negócios

64 Mundo Animal

11 Mesa Redonda

42 Automóvel

66 Jornalista Aprendiz

16 Panorama político

44 Vida Moderna

18 Brasília e Coisa & Tal

46 Esporte

20 Política Brasília

48 Personagem

22 Dinheiro

50 Saúde

72 Tá Lendo o Quê?

24 Capa

52 Moda

74 Frases

28 Cidadania

54 Comportamento

75 Justiça

30 Gente

56 Artes Plásticas

32 Cidade

58 Música

34 Carreira

60 Gastronomia

36 Tecnologia

62 Teatro

80 Ponto de Vista

38 Cotidiano

63 Música Erudita

82 Charge

68 Propaganda e Marketing 70 Vinho

76 Diz aí, Mané 78 Cresça e Apareça



Expediente

Carta ao leitor Prezado leitor, Mais uma edição da Revista Plano Brasilia chega às suas mãos. É

DIRETOR EXECUTIVO Edson Crisóstomo crisostomo@planobrasilia.com.br DIRETORA DE PROJETOS ESPECIAIS Nubia Paula nubiapaula@planobrasilia.com.br DIRETOR ADMINISTRATIVO Alex Dias alex.dias@planobrasilia.com.br

a 92ª edição. Feita com muito carinho para que você faça bom aproveitamento das informações nela contidas. Enquanto isso, toda a nossa equipe está sempre aqui, à caça de novos assuntos que esperamos e torcemos para que sejam do agrado de todos. Na nossa matéria de capa “Loucura”, mostramos as vários vertentes que existem a cerca do que realmente é a patologia. Tentar definir a doença permanece sendo um desafio para os especialistas

Plano

BRASÍLIA CHEFIA DE REDAÇÃO Afrânio Pedreira DIRETOR DE ARTE Theo Speciale

desde o século XVI, quando os transtornos mentais começaram a ser associados a problemas cerebrais. Tais distúrbios são tantos que, na mais recente revisão do manual de Classificação Estatística Internacional de Doenças (CID) da Organização Mundial de Saúde (OMS) estão catalogados mais de 200 problemas relacionados à saúde mental. Os mais comuns são a depressão, o transtorno obsessivo-compulsivo (TOC), o transtorno de déficit de atenção e

DESIGN GRÁFICO Camila Penha, Eward Bonasser Jr. e Paula Alvim

hiperatividade (TDAH), os transtornos bipolares e os esquizofrênicos.

Fotografia Gustavo Lima

Conforme especialistas, a loucura começa quando o indivíduo perde o

EQUIPE DE REPORTAGEM Ana Paula Resende, Fernanda Azevedo, Larissa Galvão, Maíra Elluké, Michel Aleixo, Tássia Navarro, Veronica Soares, Virgínia Ciarlini e Yuri Achcar

senso crítico da realidade, a ponto de afetar severamente sua relação com a sociedade. A linha entre a sanidade e a insanidade é tênue. Conforme o Manual de Diretrizes para um Modelo de Assistência

COLABORADORES Adriana Marques, Antônio Duarte, Bibiana Rockstroh, Bohumil Med, Carlos Grillo, Cerino, Mauro Castro, Mônica Ponte, Regina Ivete Lopes, Romário Schettino, Tarcísio Holanda

Integral em Saúde Mental no Brasil, a diferença é, antes de tudo, uma

IMPRESSÃO IBEP Gráfica

O que significa que o normal e o patológico não é necessariamente

TIRAGEM 60.000 exemplares

uma questão de grau, em escala de maior ou menor de atributos

REDAÇÃO Comentários sobre o conteúdo editorial, sugestões e críticas às matérias redacao@planobrasilia.com.br AVISO AO LEITOR Acesse o site da editora Plano Brasília para conferir na íntegra o conteúdo de todas as revistas da editora www.planobrasilia.com.br PLANO BRASÍLIA EDITORA LTDA. SCLN 413 Bl. D Sl. 201 CEP: 70876-540, Brasília-DF Comercial: 61 3041.3313 | 3034.0011 Redação: 61 3202.1357 Administração: 61 3039.4003 revista@planobrasilia.com.br Não é permitida a reprodução parcial ou total das matérias sem a prévia autorização dos editores. A Plano Brasília Editora não se responsabiliza pelos conceitos emitidos nos artigos assinados.

questão da qualidade das manifestações mentais e comportamentais apresentadas pelos indivíduos e pelos seres humanos grupalmente.

mentais ou comportamentais apresentados pelas pessoas. Mas sim, saber diagnosticá-los e tratá-los a ponto do indivíduo ser capaz de viver em sociedade normalmente. Uma leitura imperdível. A matéria de Cidadania é sobre o projeto “Craque na bola, craque na escola”. Um projeto que existe desde 1997 na cidade de Sobradinho e que foi desenvolvido por dois funcionários públicos. Como ser jogador de futebol é o sonho de pelo menos um entre 10 meninos brasileiros, a principal condição para entrar no projeto é de que o participante tenha excelentes notas na escola. O Craque na bola vai bem, mas luta por patrocínios. Outra reportagem que consideramos imperdível é sobre “Bruxaria nos tempos atuais”. Em Brasília, adeptos das religiões pagãs tentam desmitificar a teoria das bruxas más. Uma matéria excelente. É isso, leitor. Esperamos que todos tenham uma excelente leitura. Até à próxima edição!



Cartas Prezados, boa tarde! Sou atendente publicitário da Netmídia Propaganda, e atendo a conta regional da Ford Caminhões. Na edição 90, páginas 42 e 43 foi publicada reportagem sobre o novo Ford Cargo 2012. No final da reportagem foram citadas 03 concessionárias de veículos, sendo que uma delas, a Dakar, deixou de representar a bandeira Ford há anos. Os dois Distribuidores Ford Caminhões de Brasília são:

Gostei muito! Geralmente a gente já fica com medo desse tipo de matéria, que na maioria das vezes é tendenciosa, mas a matéria ficou muito boa! Todo mundo do coletivo gostou! Agradeço muito vocês terem feito essa matéria e desse jeito) Adriany Nascimento Coletivo Vegano

Prezado Editor, - Max Caminhões QS 09, Rua 100, ADE Águas Claras Saída para Goiânia (61) 4009-5750 (61) 4009-5750

Mesmo atrasado, gostaria muito de parabenizar essa Revista Plano Brasília pela matéria sobre “Intolerância Religiosa”. Achei maravilhosa a forma como o assunto foi tocado e as diversas posições de religiões que não é a minha. Sou umbandista e fico muito triste quando pessoas que não conhecem a religião tecem comentários maldosos sobre a mesma. Antes de ser espírita, sabia que não é de bom tom que se faça pré julgamento . Ter algum conhecimento do assunto antes de se pronunciar é a melhor coisa a ser feita sempre. Parabéns a todos dessa revista.

- Slaviero Caminhões BR-040, Polo JK, Santa Maria - DF (61) 3395-4411 (61) 3395-4411 Certo de sua atenção, Fred Jacomini Netmídia Propaganda

Felipe Pereira Setor Sudoeste

P.S.: Na edição passada, a 91ª, nos retratamos quanto ao erro. (Revista Plano Brasilia).

Caro Editor, Em primeiro lugar parabéns pela Revista que vocês fazem e que, a cada dia, está ficando melhor ainda. É uma pena que ela não chegue na minha casa. Sempre a leio no serviço. Gostaria de sugerir que vocês fizessem uma matéria sobre a vida na Feira do Paraguai.

À Revista Plano Brasília, Acabaram de mandar o link e eu li matéria sobre “Veganismo” pelo site da revista.

Rosangela Santo Guará II

Fale conosco Cartas e e-mails para a redação da Plano Brasília devem ser endereçadas para: SCLN 413 Bl. D Sl. 201, CEP 70876-540 Brasília-DF Fones: (61) 3202.1357 / 3202.1257 redacao@planobrasilia.com.br

As cartas devem ser encaminhadas com assinatura, identificação, endereço e telefone do remetente. A Plano Brasília reserva-se o direito de selecioná-las e resumi-las para publicação. Mensagens pela internet sem identificação completa serão desconsideradas.


Mesa Redonda

Cristovam Buarque Equipe Plano Brasília: Édson Crisóstomo, Romário Schettino, Liana Alagemovits, Virgínia Ciarlini e Yuri Achcar | Fotos: Gustavo Lima

C

ampeão de votos, o senador Cristovam Buarque, de ideias ousadas e além do tempo, tem a trajetória política marcada pela bandeira da educação como forma de salvar o país do atraso latente. Quando governador do DF, foi o grande idealizador da faixa de pedestre na capital e que foi sucesso nacional. Em nossa Mesa Redonda, Cristovam Buarque fala das expectativas para o futuro do país, sobre os cem dias de governo de Agnelo e Dilma, sobre a reforma política e a revolução que pode estar por vir se a presidente do país conseguir fazer com que todos entendam o lema por ela disseminado, País Rico é país Sem Pobreza. PB> Catorze anos de faixa de pedestre e cem dias de governo. O que o senhor pode nos falar sobre? Cristovam> Catorze anos da faixa de pedestre é uma data que essa cidade realmente devia comemorar. Fico contente de ver que os jornais lembram. A data é um marco porque foi o dia em que começamos a dizer que temos um espírito de cidadania tão forte que os carros e os motoristas respeitam os pedestres. Quando o Miura, meu diretor do Detran, trouxe a ideia, eu não quis fazer. Achei que iam me responsabilizar de muito acidente. Imaginei que nunca seria possível. Tivemos o apoio do Correio Braziliense, da Globo e da PM que se fantasiava de palhaço e ia para as ruas. Percebemos que ganharíamos a luta se convencêssemos as crianças, pois elas convenceriam os pais. Elas sentiam fascínio com a faixa de pedestre. E hoje, essas crianças já são motoristas. Então eu comemoro com muito prazer esses 14 anos e considero

isso como um dos grandes feitos do meu governo. É uma mudança cultural, que é mais difícil de fazer do que prédio. E sobre os cem dias, fiz um artigo recente sobre alertas ao governo Agnelo. Torço por ele como nunca torci por nenhum outro. Talvez tanto quanto o meu. Me dediquei muito e me sinto responsável . Brasília precisa que dê certo. Fui eleito no primeiro turno, bem votado. Suspendi duas viagens ao exterior, deixei de ir ao enterro de um cunhado. Há três semanas do segundo turno fiquei de oito da manhã até o fim do dia, todos os dias. Me orgulho de dizer que fiz dois gestos simbólicos, de propósito, não vou negar. Eu fechei a porta do carro do Agnelo no último evento do primeiro turno e também do segundo turno. Em ambos eu disse, não temos mais nada a fazer, amanhã a gente vai votar e nos vemos. Então, o primeiro alerta tem a ver com a filosofia. Temo que o Doutor Agnelo queira se transformar no engenheiro Agnelo. Que ele queira colocar obras como a marca fundamental de um governo. Do ponto de vista do voto é até bom, pois encontro muita gente que diz que eu não fiz nada, aí eu tenho que mostrar o que eu fiz, mas não fiz viadutos. Fiz, por exemplo, uma reforma muito grande da estrutura da UnB. E sabe que o que mais se lembram é dos prédios que eu fiz. Tanto os prédios dos novos centros que foram criados, como a Colina II onde moram muitos professores. Então eu temo que o governo Agnelo caia na tentação de dizer que a marca vai ser o novo Mané Garrincha, VLT, o túnel que está se pensando em Taguatinga. Se quer fazer, faça, mas a grande marca devia ser como a faixa de pedestre, marca da cultura, educação e

PLANO BRASÍLIA 12 DE ABRIL DE 2011

11


saúde. O segundo alerta é que na saúde o fundamental não é o hospital. Insisto que a saída para a crise está no Saúde em Casa. É barato e imediatamente responde. O aluguel barato de casas em pontos estratégicos nas comunidades com um enfermeiro, um assistente social e um médico. Pronto, resolve de uma grande quantidade. Não estou vendo isso, e sim, comemorar UPA e hospitais. E o terceiro alerta, temo que ele embarque na ideia de que público é sinônimo de estatal. Não é. Hoje uma coisa pode estar nas mãos privadas e ter um papel público. Vou dar um exemplo. Qual é a definição que dou hoje para um hospital público? Normalmente é um hospital do governo, mas pra mim é aquele que não tem fila para entrar, não tem doença ao sair e não se paga pelos serviços. O Sarah Kubistchek é um hospital com a gestão privada, com médico e funcionários contratados em regime privado, mas que prestam um serviço público. Obviamente com isso lembro que tem que se tomar muito cuidado na hora de escolher a empresa. Primeiro pela competência e segundo pelo preço, porque pode ter negociata. Tudo que exige governo e estado deve ter negociata. Mas contratar uma porção de médicos e enfermeiros que não vão trabalhar com dedicação, é uma forma de corrupção também. É o caso do Hospital de Santa Maria? No Hospital de Santa Maria, que é maravilhoso, há muitas suspeitas. Há uma parceria público privada e as suspeitas são de como foi escolhida aquela entidade. Não tenho elementos para dizer que foi corrupto, mas há suspeitas e não temos que esconder. Na educação, ele não começou ainda com o compromisso que tivemos, que é organizar a implantação do horário integral por cidade. Um programa que só vim pensar quando estava no ministério, pois não pensei no meu governo. Quando assumi, 20 mil crianças só tinham duas horas e acabamos com isso e fomos aumentando as horas. Quando saí, uma boa parte tinha 5 horas, outras 6 e algumas continuavam com 4. Mas

12

PLANO BRASÍLIA 12 DE ABRIL DE 2011

não pensei o que depois tentei fazer no MEC e comecei a fazer em 19 cidades. A revolução virá quando se tiver uma carreira especial para o professor, prédios bonitos, confortáveis, com quadras e equipamentos como televisão e computador. Isso não dá pra fazer no DF inteiro. A minha proposta é que escolham cidades. E em quatro anos a gente pode ter cinco cidades com todas as escolas iguais às da Coréia. Mais de cinco eu acho difícil. Não vi o governador começar isso ainda. Ao contrário, no começo senti um certo retrocesso no programa adotado pelo governador Arruda, que para mim não era um horário integral, mas pelo menos o menino ficava na escola na hora do almoço e ainda tinha atividades depois. Eu não gostava, porque a atividade era fora do prédio e vi muito menino atravessando estradas para jogar futebol, mas pelo menos, mantinha a criança com atividade. Houve uma tentativa de acabar com isso, mas depois voltaram atrás. Então esses 90 dias, quase cem, acho que está faltando uma cara, uma marca, e espero que essa marca seja, e eu não tenho medo de dizer, de esquerda. Ta faltando isso. Com tanta responsabilidade pelo governo durante a eleição e com tantos alertas, o senhor tem sido ouvido pelo governador? Como é que está sendo o diálogo hoje? Não. Eu só fui ouvido pelo governador, desde dezembro, no almoço do Obama. Fui cumprimentá-lo e a única coisa que ele me consultou foi sobre minha saúde. Do ponto de vista pessoal, de solidariedade e de amizade, fiquei muito feliz. Mas do ponto de vista político, nunca recebi nenhuma consulta, nem dele e nem de nenhum dos secretários, nem dos secretários amigos, que tenho muitos. O senhor se sente magoado com esse governo, tem alguma esperança de que isso mude? Tenho esperança que mude e de que este será um grande governo. Mas mágoa a gente não deve guardar para política. Mágoa a gente tem de mulher,

de marido, de namorada, de política não. Tenho é frustração. Queria estar junto do governo Agnelo muito na área de educação, que é minha marca, mas também estar junto na formulação de um projeto de esquerda e na lembrança dos meus projetos. Por exemplo, um dia desses, ele fez uma coisa positiva que elogiei. Criou, de novo, que tinha no meu governo, a Secretaria da Criança. Não vou negar que gostaria de ter escutado que era uma recriação, mas não houve essa lembrança. Então são três maneiras que eu pelo menos gostaria de estar junto, na educação muito, na formulação de uma cara de esquerda e nas lembranças das coisas de meu governo. É um recado também. É uma entrevista para a Plano Brasília, mas é um recado também. O senhor é citado ainda hoje como um governador que deveria ter sido candidato e que teria grandes chances de se eleger. No entanto, optou por não participar e manter a postura de senador. E sem falar nesses princípios cristãos do arrependimento, mágoa ou culpa, como o senhor avalia, se fosse hoje, que tivesse que tomar uma decisão? Voltaria a ser candidato a governador ou teria outro tipo de postura Muito boa a forma da pergunta. Então vamos falar de uma forma cristã e exagerando um pouco. Cristo disse para dar a outra face, então se eu fiquei chateado no momento, estou pronto para continuar a relação com o governo Agnelo. Além disso, o cristianismo é cheio de esperança e eu também. Mas vamos à pergunta. Primeiro, não tenho tanta certeza se seria eleito, mas não foi por isso que não fui candidato. Se fosse, não seria com o apoio do PT e o PDT. Sozinho, teria dificuldade. Segundo, disse isso ao Presidente Lula quando conversamos e ele falou que gostaria que estivéssemos juntos em 2010. Na ocasião, eu disse que ia tentar ser presidente de novo, contra a candidata dele, e acho que ele nem tinha falado em Dilma ainda. Eu disse uma coisa que vale para sua pergunta: Se a eleição fosse em Brasília, eu não seria candidato


Temo que o Doutor Agnelo queira se transformar no engenheiro Agnelo. Que ele queira colocar obras como a marca fundamental de um governo contra o PT. A minha relação com o PT no DF não é política, é emocional. Não me veria candidato a governador contra o PT, independente das reais chances de ganhar, mas tendo que enfrentar um partido forte. Não sei como é que eu ia fazer campanha contra pessoas que me elegeram duas vezes, para governador e para o senado, com os quais eu tenho uma relação afetiva forte. Só para dar um exemplo, como eu seria candidato contra Chico Vigilante e muitos outros? Na campanha de prefeito, que eu já estava fora do PT e como aqui não tem prefeito, fui fazer campanha na Cidade Ocidental e veio gente do PT chorando falar comigo e perguntando como é que eu estava defendendo candidato que não era do PT? Portanto, não me vejo candidato contra o PT em Brasília. No Brasil eu topo. Essa foi uma das razões. A outra, quando saí do governo, em 2000, concedi uma entrevista ao Correio Braziliense e comuniquei que não seria candidato a governador outra vez porque de lá pra cá, fui criando um nome nacional. Na minha biografia, no meu projeto histórico, creio que tenho mais a dar continuando minha campanha pela revolução educacional no Brasil do que como governador do DF. Além disso, por menor contentamento que eu esteja com o governo Agnelo, acho mais fácil ser substituído como governador do DF do que hoje como senador da educação. Acho mais difícil hoje ter um político identificado com a educação como eu sou. O senhor falou, na ocasião da conversa com o Lula, que em 2010 talvez tentasse ser candidato a presidente de novo. Isso é algum vislumbre para uma campanha futura? Não tenham muita ilusão de que isso vá acontecer, mas gostaria sim. Além disso, fiz um discurso muito longo sobre a reforma política e defendo que todo partido tem que ter um candidato a presidente, a governador e a prefeito.

Acho que isso deve fazer parte da campanha. Temos uma coisa maravilhosa que são os dois turnos, que oferece ao eleitor a chance de votar, no primeiro turno, no mais próximo de si. E, no segundo turno, no menos distante de si. Porque se não tem dois turnos, você vota no mais próximo a você, e termina elegendo o mais distante de você. Por exemplo, aqui em Brasília, você vota no Toninho porque está mais próximo do PSol e termina ajudando a eleger alguém do Roriz. Com dois turnos, não. Você pode ter um candidato do PSol, um do PV e um do PDT, sabendo que no segundo turno a gente se junta. Então, gostaria de ser candidato a presidente outra vez. Não nego, mas não tenho muita ilusão de que isso vai ser possível porque o entrelaçamento hoje do PDT com o governo Dilma é muito forte e nós criamos o vício de que tem que se aliar desde o primeiro turno. Dá a impressão que se você não está aliado desde o primeiro turno você é inimigo. E não é. O que se tem é uma identidade diferente. O senhor está manifestando uma vontade de voltar a disputar uma eleição presidencial. Mas mesmo depois do que passou, até recentemente com as denúncias do governador Arruda, que o senhor o teria procurado por questões de dívidas de campanha. Hoje para se fazer uma campanha a gente sabe que praticamente todo candidato tem o caixa 1 e um caixa 2. Não corre o risco que esse tipo de situação venha à tona novamente? Primeiro, só serei candidato, a qualquer coisa, se vier um fundo público de campanha. Não vou mais passar pelo constrangimento de ter que pedir dinheiro antes da campanha. Depois, nem foi preciso pedir. Minhas contas foram aprovadas sem dívidas. Mas não nego que fiquei com dívida de gratidão e teve gente que eu podia pagar a gratidão dizendo que a pessoa é um grande técnico. Aproveite ele. Isso não tem

nada a ver com pedir dinheiro. Eu não pedi dinheiro. Por isso a participação do PDT no governo Arruda? Não. A participação foi porque o partido estava dividido. Uma parte queria ser oposição e outra queria ser governo. Se a gente escolhesse ser oposição, o partido ia ficar muito pequeno porque o governo atrai muita gente com cargos. Nunca mergulhamos pra valer, nem tivemos muitos cargos e eu ficava contente com isso. Até que tivemos o Marcelo Aguiar. Em conversa com o Arruda, ressaltei que estaríamos contra ele em 2010, mas como ele é muito hábil, ele disse, “está bom, mas me empreste o Marcelo Aguiar,por enquanto, para ser o Secretário de Educação Integral. Eu ia dizer o que? Se ele topar, não fico contra. E o Marcelo topou. A secretaria foi um avanço tímido, mas um avanço. Na primeira semana de Arruda governador, apresentei o projeto do horário integral por cidade e ainda disse, na intenção de

PLANO BRASÍLIA 12 DE ABRIL DE 2011

13


minha vontade de ser candidato a presidente, na minha proposta de reforma tem uma coisa que praticamente me inviabiliza como candidato, pois proponho que vereador em cidade com menos de 50 mil habitantes seja voluntário e não tenha salário. Ele só vai três dias por semana, à noite. É como se fosse do Rotary, um Lions. Se vai mais ao culto do que à Câmara, não precisa ser tempo integral.

cativá-lo, de que se ele fizesse uma cidade assim, seria capa da Veja. Ele até topou, mas tinha um pessoal na Secretaria de Educação que vetou questionando como é que primeiro se faz numa cidade e depois uma outra. Tudo se faz primeiro numa cidade e depois na outra. Tudo! Isso é um programa em que se define um critério e se elege por tal e tal razão. Quando fui ministro, comecei em 29 cidades, só com dinheiro do MEC, um projeto chamado Escola Ideal. Escolhi cidades com menos de 10 mil habitantes, de partidos diferentes e onde o prefeito tivesse vontade de educação. Exigimos o compromisso de que todos os vereadores seriam a favor de tal maneira que o prefeito seguinte iria continuar. Começamos, apesar da demora, pois para tirar dinheiro de outra rubrica para colocar nessa nova, só em outubro conseguimos aprovar no congresso. Em dezembro, passamos o dinheiro, R$ 70 milhões e em fevereiro pararam o programa. Mas até hoje há cidades com escola feita dentro do espírito da Escola Ideal. E como fui eu quem deu esse nome, posso falar que foi um nome ruim, pois parecia que era uma escola ideal, mas era uma cidade ideal. Depois pensei em outro nome, até pela minha admiração por Brizola, que seria o CIEP do Lula, Cidade Integrada na Educação Pública. Mas nunca consegui vender isso ao Lula. Fui um ministro que não soube cativar o presidente. Alguns dizem que pelos meus cargos de ministro e governador, eu achava que era o dono da praça. Em relação a Dilma, cito em todo lugar que tem duas coisas que já me cativam muito depois de cem dias de governo. Uma é que o primeiro pronunciamento foi sobre educação no dia da volta às aulas. Passei oito anos tentando convencer o Lula disso. E outra, que considero um gesto revolucionário, pois acredito muito na força da palavra, que é esse lema que ela criou de que país rico é país sem pobreza. Se ela convencer o imaginário brasileiro de que país rico é país sem flanelinha, e não um país com mais carro, ela fez um revolução. Não sei se vai conseguir. Aliás, vou dar uma coisa em primeira mão para vocês. Fiz a leitura do meu projeto de reforma política com muitos itens, reforma eleitoral, legislativa, e tem um item que vão dizer que é ridículo, mas acredito na força da palavra. Proponho que se mude o nome de deputado, senador e vereador, para representante do eleitor, representante do estado e conselheiro municipal. E voltando a questão da

14

PLANO BRASÍLIA 12 DE ABRIL DE 2011

Sobre o Brasil, sétima potência econômica mundial e pegando o gancho do poder da palavra e de que um país rico é um país sem pobreza, como fazer a sociedade perceber que esse número é um disparate? Não sei. Fiz um discurso dizendo sobre a minha vergonha em ser sétima potência econômica e 88ª em educação e 53ª em jovens que terminam o ensino médio. Aí eu fiz uma lista da nossa posição, mas como convencer, eu não sei. Mas vou dar um exemplo de como poderia ser. Nessa semana, o Brasil inteiro debateu uma frase do Sr. Blatter dizendo que a gente está atrás da África do Sul na preparação da Copa. Ninguém fala quem está atrás da África do Sul em educação. Então, como convencer de que riqueza está na não pobreza, eu não sei. Nós somos viciados, todos. Nós comemoramos quando aumenta o número de carros mesmo sabendo que vai aumentar engarrafamentos. Nem o transporte melhora com mais carros. Então, a idéia é de que precisamos de menos flanelinha e mais jovens com bom trabalho e não de mais carros. Para finalizar, agradecemos a presença e deixamos uma pergunta que o Chico Vigilante pediu para repassar. Depois de quatro horas de conversa com ele o senhor não o recebeu mais para escrever o livro? De fato gravei de 3 a 4 horas de entrevista com Chico Vigilante e é um livro que me arrepio das coisas que ouvi e tenho um título guardado que é maravilhoso, “O vigilante da estrela vermelha”. É um título bom demais. Mas a vida, a mudança de partido, tudo isso terminou confundindo. Fico muito feliz de estar aqui e voltando ao início da minha conversa, falo sobre a minha esperança de que o governo Agnelo venha a ser o melhor governo que o DF já teve. Melhor de que o meu, porque tem mais dinheiro, tem mais experiência, não tem o Luís Estevão na Câmara, não tem nem oposição. Aí, talvez ele tenha passado de um extremo para o outro. Ter a oposição que eu tive era muito difícil de governar. Mas sem oposição, a gente faz muito mais erros. Não tem FHC na presidência. Não tem o Arruda como líder, que ajudava, mas antes criava uns problemas, mas depois ajudava. Isso eu não posso negar. Fora isso, quero dizer da minha satisfação de estar com vocês. Do heroísmo de vocês da revista. Recebo a Plano Brasília e quero ressaltar a qualidade, sobretudo gráfica. Toda vez me pergunto como é que essas pessoas conseguem fazer essa revista?


PLANO BRASÍLIA 12 DE ABRIL DE 2011

15


Panorama Político

tarcísio holanda

Dilma define A

seu estilo em sua primeira fase, o programa vai ser implantado nas regiões onde acontece a maioria dos partos do país, como o Nordeste e regiões metropolitanas e a Amazônia Legal. Além de Belo Horizonte, o referido programa chegará, em primeiro lugar, ao Rio de Janeiro, São Paulo, Curitiba, Porto Alegre, Brasília, Manaus e Recife. O projeto foi concebido para difundir as qualidades de Dilma, de gestora competente e severa, mas constitui o cumprimento de uma promessa de campanha. Claro que os assessores da presidente haverão de aproveitar a sua execução para lançar o marketing que se destina a popularizá-la.

presidente Dilma Rousseff se empenha em mostrar que tem seu próprio estilo, diferente do ex-presidente Lula, seu antecessor. Uma dessas mudanças já decidida é que o Palácio do Planalto já não mais será o local exclusivo para as solenidades. Ela pretende levar algumas cerimônias para diferentes Estados, o que é uma novidade no Brasil. Um assessor do Palácio do Planalto adverte que o objetivo da mudança é aproximar a presidente Dilma Rousseff das pessoas. A experiência foi posta em prática na semana passada, quando foi anunciado um programa de prevenção ao câncer de mama e de colo de útero, que tem atacado, impiedosamente, muitas mulheres no país. Trata-se de um programa ambicioso, que prevê investimentos de R$ 4,5 bilhões até 2014. O projeto tem âmbito nacional, mas Dilma Rousseff escolheu Manaus, a capital do Amazonas, para fazer o seu lançamento formal. Na última segunda-feira, a presidente anunciou em Belo Horizonte, capital de Minas Gerais, uma de suas promessas de campanha: a Rede Cegonha, que vai consumir nada menos do que R$ 9,4 bilhões, em quatro anos. Seu objetivo é melhorar o nível de atendimento a gestantes e recém-nascidos. O programa é ilustrado por um conjunto de desenhos doados pelo artista plástico Romero Brito, o mesmo que, recentemente, doou um retrato a Dilma.

Já se demonstrou que Dilma Rousseff desfruta de popularidade semelhante à de Lula, logo que começou o seu governo. Pesquisa do Datafolha, divulgada no dia 19 de março, confere a Dilma uma taxa de aprovação popular de 47%, superior aos 43% que o próprio Lula obteve no terceiro mês de seu primeiro mandato (de quatro anos). Semelhante aos 48% que Lula conquistou em março de 2007. Equilibrada, presente em todos os acontecimentos de seu governo, Dilma demonstra que deseja obter resultados ainda melhores do que os que foram conquistados por Lula. E se aproveita da experiência que ganhou como primeira-ministra do governo do petista.

Lançamento nacional

Barreiras ao capital externo

Belo Horizonte foi escolhida para o lançamento nacional do programa, mas

O diretor dos Assuntos Internacionais e de Normas do Banco Central,

16

PLANO BRASÍLIA 12 DE ABRIL DE 2011

Dilma: tão bem quanto Lula

Luiz Pereira da Silva, ao participar de um fórum, no dia 27 do mês passado, no Canadá, sustentou que é necessário impor barreiras ao capital estrangeiro no Brasil. “Estamos enfrentando agora uma grande enxurrada de liquidez internacional” – afirmou. Essa torrente de dinheiro que ingressa no Brasil constitui um estímulo à inflação, que está em alta. “As atuais e incomuns condições de liquidez estão afetando os mercados de crédito nos mercados emergentes” – disse Luiz Pereira da Silva, acrescentando: “Os Bancos Centrais têm de prestar atenção a esses efeitos porque eles ameaçam a estabilidade financeira”. Luiz Pereira sustenta que o quadro inflacionário que já inquieta o BC pode se agravar, antes de melhorar. Acredita que a inflação registrada no Brasil deve subir nos próximos meses, coisa temporária. Sustenta que, depois do que chamou de choque, os índices deverão se aproximar da meta anual de inflação do governo, que é de 4,5%. Mas ele não revelou as medidas de contenção que o governo brasileiro pretende adotar para conter o excesso de dólares. Dá-se agora o oposto do que ocorria em 2008, quando, enfrentando uma severa escassez de crédito, o Brasil tinha interesse no ingresso de dólares. Agora, Luiz Pereira observa: “Algo bom em excesso pode ser um problema”. Ou veneno. Em 2010, o Ministério da Fazenda aumentou para 6% a cobrança do IOF de investidores estrangeiros que vêm ao Brasil em busca de


melhor remuneração dos títulos de renda fixa. A novidade é que o governo prepara decreto elevando o IOF cobrado de empresas e bancos brasileiros que contraem empréstimos no exterior.

OPÇÃO PELA LISTA FECHADA A comissão que estuda a reforma política no Senado acaba de aprovar o estabelecimento do sistema eleitoral de lista fechada. É um sistema em que os convencionais de cada partido escolhem uma lista de candidatos a deputados federais e estaduais e a vereadores, sendo os cargos preenchidos pela ordem que foi estabelecida na convenção partidária. O eleitor já não escolhe o candidato diretamente. Claro que cada partido elegerá o número de eleitos correspondente à quantidade de votos que recebeu. O PT, partido do governo, é o maior defensor do sistema de voto em lista fechada.

A Câmara também estuda a matéria O presidente da Câmara, deputado Marco Maia (PT-RS) também constituiu uma comissão de 40 membros para estudar a elaborar uma proposta de reforma política. O presidente do Senado, José Sarney, já se apressou a dizer que o fato de as duas Casas terem comissão estudando o mesmo tema não vai causar nenhuma perturbação. Segundo Sarney, chegará o momento de Câmara e Senado se entenderem em torno da proposta mais conveniente. Essa é a intenção do presidente do Senado. O tema é polêmico e não há garantia

de que as duas Casas vão se entender em torno de um projeto.

Os deputados são os maiores interessados A Câmara é a maior interessada na mudança do sistema de voto proporcional em lista aberta, que existe desde a Constituição de 1946. Os senadores são eleitos por voto majoritário, mas os deputados se elegem pelo voto proporcional em lista aberta. A proposta de instituir o voto em lista é a que desperta maior aprovação entre os deputados. Só a mudança eleitoral permitirá criar um mecanismo de financiamento eleitoral transparente, capaz de, se não acabar, pelo menos reduzir bastante a corrupção eleitoral. O atual sistema eleitoral não permite instituir o novo sistema de votação.

Os vícios do atual sistema O atual sistema de voto proporcional em lista aberta foi condenado pelos grandes vícios que produz. O eleitor escolhe um candidato aleatoriamente, como Tiririca, por exemplo, e elege deputados de outros partidos que se coligaram com a legenda do palhaço-deputado. A comissão preferiu sensatamente o voto em lista, mas havia os que defendiam o Distritão, um sistema de voto majoritário, que relega os partidos a plano secundário. Em tal sistema eleitoral o que interessa é o candidato. Felizmente, a maioria da comissão do Senado optou pelo sistema eleitoral do voto em lista.

À espera da Câmara Na votação em que venceu o sistema eleitoral do voto em lista,

os senadores tucanos Aécio Neves (MG), Lúcia Vânia (GO) e Aloysio Nunes Ferreira (SP) manifestaram preferência pelo voto distrital misto, que é uma das bandeiras do PSDB. Como o desafio foi escolher entre o voto em lista ou o criticado Distritão, os senadores tucanos preferiram a abstenção. Diante disso, venceu a proposta do voto em lista fechada, que efetivamente desperta maior apoio entre os deputados, conforme levantamentos já realizados. Convém esperar agora pela decisão que a comissão da Câmara vai adotar.

Alckmin quer Serra na Prefeitura Em Brasília, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, defendeu a candidatura de José Serra à Prefeitura de São Paulo nas eleições de 2012. “O Serra é o candidato mais expressivo. Dos nomes do nosso grupo é o melhor, sem dúvida.” – disse Alckmin. Serra concorreu com Dilma Rousseff pela Presidência da República nas eleições do ano passado. Ele já fez declarações repudiando a hipótese de ser candidato a prefeito da capital paulista na eleição de 2012. José Serra foi prefeito eleito em 2004, assumindo o compromisso de ficar na Prefeitura até o fim do mandato. Com dois anos de mandato, deixou a Prefeitura para disputar e ganhar o governo de São Paulo. Entregou a Prefeitura ao vice-prefeito Gilberto Kassab, do DEM, recebendo muitas críticas. Lançando-se candidato, Serra acaba o projeto do prefeito Gilberto Kassab de fundar novo partido. Kassab terá de apoiar a candidatura de José Serra a prefeito da capital paulista.


Brasília e Coisa & Tal

Romário Schettino

Hérnia “agnelial”

Divulgação

Queixa – I Em conversas mantidas com pessoas próximas ao GDF, fui informado que houve dois momentos na composição do governo que deixaram particularmente incomodado o senador Crisovam Buarque. Primeiro, foi no episódio da nomeação da secretária de Educação. O senador havia combinado que os três nomes indicados pelo PT (Antonio Lisboa, Erasto Fortes e Professora Leda), mais o dele (Marcelo Aguiar), mais o indicado pelo ministro da Educação Fernando Haddad se reuniriam com o governador e o nome que saísse do encontro seria o aceito por todos. Dito isso, Agnelo, um dia antes da reunião proposta anunciou a professora Regina Vinhaes. Isso foi desastroso e deixou Cristovam com dificuldades de aceitar a decisão.

Queixa – II O segundo momento constrangedor foi o relacionado à nomeação do secretário de Trabalho. Cristovam havia combinado com Agnelo que o nome seria Peniel Pacheco, pelo PDT. O deputado distrital eleito Professor Israel, também do PDT, reivindicou o cargo diretamente a Agnelo com o argumento de que submetia o voto ao candidato do governo à presidência da Câmara Legislativa se fosse atendido. E foi. Cristovam não foi avisado dessa negociação. Ou seja, tudo indica que a pressão do distrital foi maior do que a do senador eleito. Os amigos de Cristovam afirmam que ele não gosta de pressionar, prefere o diálogo.

Habitação O secretário de Desenvolvimento Urbano e Habitação, Geraldo Magela, está encarregado de viabilizar 100 mil moradias, em todas as cidades do DF, nos quatro anos do governo Agnelo Queiroz. Para isso, terá que contar com parcerias público privadas e com as cooperativas habitacionais. Os critérios para o atendimento serão os mesmos do programa “Minha Casa, Minha Vida”, sem excluir outras formas de financiamento. Magela

18

PLANO BRASÍLIA 12 DE ABRIL DE 2011

Gustavo Lima informa que o programa será lançado no mês de maio para atender às famílias que estão na faixa de renda de um a 12 salários mínimos, que estejam residindo no DF há mais de cinco anos e que não sejam proprietárias de outro imóvel. Mais um dado interessante: os terrenos a serem disponibilizados para a construção de apartamentos poderão ter o custo subsidiado. Ou seja, não haverá distribuição gratuita de lotes. O que a meu ver é justo.

Regularização O Condomínio Sol Nascente foi contemplado pelo governador Agnelo Queiroz com o início do processo de regularização desse setor habitacional. Serão aplicados mais de R$ 200 milhões em saneamento básico e infraestrutura. Esses recursos são oriundos do governo federal por meio do Programa PAC Habitação.

Bolsonaro em queda O deputado federal Jair Bolsonaro (PP-RJ) é acusado de ser racista e homofóbico. Quanto mais ele se explica, pior fica. A grosseria e o crime comum não estão contemplados na imunidade parlamentar. O deputado troglodita, agressivo, tem que ser processado, cassado e condenado a pagar trabalhos comunitários para aprender a conviver com as diferenças no estado democrático.

Agência Câmara

O senador Cristovam Buarque (PDT) diz que foi operado de uma hérnia “agnelial” e não inguinal. Brincadeira? Dizem que Cristovam está ficando rouco de tanto pedir ao Agnelo que o inclua em seu pequeno círculo para consultas sobre o novo caminho.


Comunicando

A cineasta chilena Maria Elena Wood fez uma descoberta fantástica. Ela encontrou nos Estados Unidos documentos para a realização de um documentário sobre uma Gabriela Mistral (1889-1957) que o Chile escondeu por décadas. A autora de Poema do Chile Divulgação (1967) e única mulher latino-americana a ganhar um prêmio Nobel de Literatura, viveu durante dez anos com a sua companheira Doris Dana, morta em 2006. São centenas de cartas e cadernos, 35 fitas de áudio e vários filmes em 16mm que trazem os últimos dez anos de vida íntima da poeta. “Loucas mulheres” foi exibido em São Paulo e no Rio. Se vier a Brasília, ninguém pode perder.

Abr

A filha de Alencar

O noticiário foi tomado pela morte do vice-presidente José Alencar. Muitas homenagens justas e discursos emocionados, mas uma dúvida ainda não foi respondida. Com a cremação do corpo de Alencar, como ficará o reconhecimento da sua suposta filha de 55 anos, Rosemary de Morais, com uma enfermeira de Caratinga? A professora aposentada Rosemary, sob orientação de seus advogados, não foi ao velório em Belo Horizonte, mas não desistiu do processo que corre na Justiça. Ela espera que o teste do DNA ainda seja feito, agora, com os seus descenden-

tes. O reconhecimento da paternidade de Alencar já foi admitido pelo juiz, já que Alencar se recusou em vida a fazer o exame.

Cultura no ar O secretário de Cultura, Hamilton Pereira, anunciou durante audiência pública, convocada pelos deputados Israel Batista (PDT) e Cláudio Abrantes (PPS), sobre a emissora pública do DF, Cultura FM 100,9, que já adquiriu os equipamentos que faltavam à rádio para que ela volte a funcionar com o mínimo de qualidade sonora. Abertas as inscrições para o debate, a locutora Sheila Campos lembrou que durante o governo Cristovam Buarque a rádio que toca Brasília era bem diversificada. Como exemplo, ela citou um programa infantil (Contatos de Primeiro Grau), aos sábados, e um programa dedicado à causa gay, o primeiro e único do rádio brasiliense. Estes programas, aprovados no Conselho de Programação que existia na época, acabaram quando o governador Joaquim Roriz ganhou as eleições em 1998. Para evitar essa fragilidade de gestão, o deputado distrital Chico Vigilante (PT) propôs que fosse criada uma fundação pública para administrar a rádio e outros equipamentos de comunicação do governo.

Conselho na pauta O deputado distrital Cláudio Abrantes (PPS) anunciou que proporá uma audiência pública para discutir a regulamentação do artigo 261 da Lei Orgânica do DF, aprovada em 8 de junho de 1993, que prevê a instalação do Conselho de Comunicação Social do DF. Essa determinação legal nunca foi cumprida. Além disso, ele quer discutir o sistema distrital de comunicação comunitária. Já passou a hora de os deputados se interessarem pelas políticas públicas de comunicação e colocar no ar de volta a TV Legislativa. O presidente Patrício prometeu fazer isso, mas até agora, nada.

E-mail: romario@abordo.com.br

PLANO BRASÍLIA 12 DE ABRIL DE 2011

19

Gustavo Lima

A nova Gabriela


Política Brasília

Yuri Achcar

Era uma vez Bandarra

Alan Santos

O ex-procurador-geral de Justiça, Leonardo Bandarra, se despede da carreira de forma lamentável. Acusados de cobrar propina do então governador José Roberto Arruda para esconder as maracutaias que culminaram no escândalo do Mensalão do DF, Bandarra e a promotora Deborah Guerner foram incriminados por corrupção, formação de quadrilha e extorsão no relatório final do processo contra ambos no Conselho Nacional do Ministério Público (CNPM). O relator, Luiz Moreira, pediu a demissão dos dois do quadro do Ministério Público do DF e Territórios (MPDFT). Afirmou que a conduta de Bandarra deve ser considerada ofensa ao dever de imparcialidade e lealdade ao MPDFT.

Loucura ou encenação? A promotora Deborah Guerner alega ter sérios problemas psquiátricos. Acompanhou apenas o início da sessão no Conselho Nacional do Ministério Público porque logo teve uma crise nervosa e discutiu com o advogado, Rogério Martins e o marido, Jorge Guerner. Gritava que estava sendo perseguida: “Quero ver se eles vão acreditar nos dois bandidos (Arruda e Durval), ou em mim, que sou promotora”. Um funcionário tentou acalmá-la com um copo d’água. “O que você colocou nessa água?!”

Corregedoria pra quê? Os advogados de Jaqueline Roriz (PMN-DF) entregaram mais um documento da defesa ao corregedor da Câmara, deputado Eduardo da Fonte (PP-PE). Era para ser a resposta ao aditamento feito pelo PSOL na representação contra a deputada, questionando o uso da verba indenizatória para pagar o condomínio do escritório político de Jaqueline. A sala é do marido dela, Manoel Neto, que aparece no vídeo recebendo dinheiro de Durval Barbosa. Mais uma vez, porém, a defesa da deputada não expôs argumento algum ao corregedor, responsável por analisar e encaminhar pedidos de investigação contra os colegas. Pediu apenas o arquivamento do caso. Para Eduardo Alckmin, que representa Jaqueline, não há razão para a corregedoria da Casa analisar o pedido, já

20

PLANO BRASÍLIA 12 DE ABRIL DE 2011

que o processo sobre o mesmo assunto já se encontra aberto no Conselho de Ética. Ao relator, deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP), a defesa já se manifestou contrária à investigação pelo fato ter ocorrido antes de Jaqueline assumir o mandato. Sobre o uso da verba indenizatória, Alckmin não vê qualquer irregularidade.

Conhecendo a nova casa Mesmo depois de dois meses de trabalho, tem deputado que ainda sai pelos corredores da Câmara desorientado. Érika Kokay (PT-DF) é um exemplo. Na semana passada, circulava procurando a sala da liderança do próprio partido. Nos tempos de Câmara Legislativa, onde exerceu dois mandatos e foi líder da bancada petista, a deputada conhecia o caminho até de olhos fechados.

Participação feminina na política Érika Kokay (PT-DF) está mais preocupada é com a reforma política. Na comissão especial sobre o assunto na Câmara, apresentou proposta que deixou os marmanjos de cabelo em pé: defendeu que na eleição por lista fechada homens e mulheres tenham o mesmo espaço, meio a meio. Um Leonardo Prado dos resultados imediatos da medida seria ampliar a participação feminina na política. Hoje, 30% das candidaturas dos partidos têm que ser preenchidas por mulheres. Mas o número de eleitas é muito menor. Na Câmara, não chega a 10% do total. São 47 deputadas em um universo de 513 parlamentares.

Financiamento público de campanha Senadores aprovaram, na Comissão de Reforma Política da Casa, a proposta de extinguir o financiamento de campanhas eleitorais por empresas ou pessoas físicas. Por 12 votos a cinco, os parlamentares entenderam que o uso dos nossos


Elza Fiuza

Frente 1... Foi lançada no último dia seis, no Congresso Nacional, a Frente Parlamentar Mista da Cultura. Sob a presidência da deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ), coordenadores estaduais e do Distrito Federal vão levantar as principais demandas regionais para serem apreciadas pelos parlamentares. Entre os assuntos que devem ser prioridade da frente, está a revisão da Lei de Direitos Autorais e da Lei Rouanet. Polêmica à vista.

... Frente 2... No mesmo dia, na Câmara Legislativa, foi instalada a recém-criada Frente Parlamentar do Esporte. Estão previstos simpósios, audiências públicas, conferências, seminários e workshops, com a presença da sociedade e de referências do setor, para discutir o desenvolvimento do esporte no DF em todos os níveis: amador, educacional, de alto rendimento e profissional. O presidente da Frente, deputado Evandro Garla (PRB), já enfrenta uma primeira missão duríssima: identificar os entraves que tornam as políticas públicas para o setor praticamente nulas.

Carlos Gandra

Frente 3! Também foi lançada na semana passada a Frente Parlamentar Ambientalista do Distrito Federal. O idealizador da frente é o deputado Cláudio Abrantes (PPS). Além da discussão óbvia sobre a preservação ambiental, o parlamentar quer discutir soluções para o descarte de resíduos sólidos e a adoção da coleta seletiva do lixo.

E por falar em meio ambiente O presidente do Instituto do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos do DF (Ibram), Moacir Bueno, anunciou que suspendeu licença ambiental que permitia a construção de edifícios na mais nova quadra do Sudoeste, a 500. Bueno foi aplaudido por moradores do bairro e ambientalistas que participavam de audiência pública sobre o assunto na Câmara Legislativa. A atitude demonstra uma virada de 180 graus na filosofia adotada até o governo passado. Mas o efeito colateral da medida ainda é desconhecido. Muitas pressões estão por vir, já que o setor imobiliário mantém forte influência dentro do GDF. É bom lembrar: a criação da nova quadra foi aprovada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN-DF).

Orçamento participativo no Lago Sul A comunidade do Lago Sul pode contribuir com sugestões para o orçamento participativo da região administrativa. O projeto, da Coordenadoria das Cidades, quer incentivar a participação popular nas políticas públicas do GDF. O evento será realizado no dia 14 de abril, quinta-feira, a partir das 19h30, no auditório da Administração. Vão ser eleitos representantes da comunidade que terão voz e voto na definição dos investimentos e das políticas públicas da região. Todas as propostas serão entregues ao governador, Agnelo Queiroz.

Cultura da paz nas escolas A deputada Rejane Pitanga (PT) apresentou projeto de lei na Câmara Legislativa para instituir o Programa de Promoção da Cultura da Paz nas escolas públicas do DF. A parlamentar, que é professora da rede pública, considera que os mais variados tipos de violência nas escolas – espancamentos, bullying, ameaças, depredação, furtos e tráfico de drogas – são, muitas vezes, cometidos por estudantes ou ex-alunos, membros da comunidade. O projeto pretende estimular um ambiente de paz com ações educativas, culturais, esportivas e de valorização da vida, com o fortalecimento da relação entre a comunidade e a escola. O desafio é grande. Divulgação

impostos para patrocinar a corrida eleitoral deixaria a disputa mais igualitária. A expectativa é de que a proposta seja votada em plenário ainda no primeiro semestre. Para a ideia dar certo, faltou combinar a extinção do caixa dois.

PLANO BRASÍLIA 12 DE ABRIL DE 2011

21


Dinheiro

mauro castro

ALGUÉM VAI P

PRESO?

ode parecer incrível, mas ainda tem pessoas que acreditam que sonegar impostos no Brasil não há problema. Uma lista de desculpas ou crenças ainda leva pessoas a acreditar que sonegar é o melhor negócio. Histórias peculiares como empresas que dão dois orçamentos para um negócio, um com nota e outro sem nota fiscal é uma ação recorrente. Por essas e por outras que tudo fica na base do acordo entre as partes. Uma ilegalidade que só é sentida quando a Receita bate à porta do sonegador. Em um caso recente um cidadão chegou à Receita Federal portando uma notificação e reclamando que nada devia. Ao ser atendido e após apresentadas as devidas provas do quanto esse cidadão devia, restou apenas ao sonegador declarar: quanto devo e como posso parcelar? Para quem trabalha no atendimento da Receita Federal não faltam histórias que beiram a comédia. Desde situações ingênuas até complexas armações bem planejadas para sonegar. O pior é perceber que muitos destes sonegadores não se percebem dessa forma. São honestos em tudo que fazem, talvez nem tenham multa de trânsito, só que sonegam. Estão ilegais. Previsto na Lei 8.137/90, o crime de sonegação fiscal, além de multa, pode render até cinco anos de reclusão. Quando se deixa de pagar impostos, uma história começa a ser registrada nos órgãos de controle do Estado. No início é uma loteria. Cair em malha fina ou ser denunciado por terceiros é bem raro quando as sonegações são iniciadas em pequenos valores – ilícitos de qualquer forma. Tudo vai ficando pior quando a confiança de que ninguém vai incomodar aumenta. Tornando a exceção de sonegar em regra. O pagamento dos impostos em qualquer fase do processo elimina punição. Com as quantias em débitos quitadas, com juros, correção monetária e multa, o sonegador

22

PLANO BRASÍLIA 12 DE ABRIL DE 2011

não sofre nenhuma outra penalidade. Difícil é saber para quem vem sonegando, o quanto deve. Ou ainda, o quanto que a Receita já sabe. Para um caso ou para outro, fica uma sugestão para quem acredita que ninguém vai preso, pare agora de sonegar. Afinal, qual argumento justificaria esse incomodo com a Receita Federal?

Curtas Com o preço do álcool nas alturas, os proprietários de veículos de Brasília estão à procura de culpados. Pode ser que a busca tenha acabado. A Embraer exibirá a aeronave Ipanema movida a etanol durante a décima edição da Tecnoshow Comigo, feira que acontece entre os dias 12 e 16 de abril no município de Rio Verde, em Goiás. Definitivamente o preço vai para as maiores alturas O relatório “Envelhecendo em um Brasil Mais Velho”, divulgado pelo BIRD – Banco Mundial – apresenta que o envelhecimento da população brasileira deve pressionar o sistema previdenciário. De acordo com os números do documento, em 2005, os gastos do governo com previdência equivaliam a 10% do PIB (Produto Interno Bruto), percentual que deve chegar a 22,4% do PIB em 2050. Fica a questão: cresceremos o suficiente para suportar esta realidade? Os serviços têm sido os grandes responsáveis pela inflação neste ano, conforme relatório do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos). Eles apresentaram uma inflação de 3% no primeiro trimestre, enquanto a média geral foi de 2,62%. Os bens, por sua vez, tiveram aumento de 2,3%. Alimentação fora de casa e mensalidades escolares são os que mais pressionam os preços, já que apresentaram alta de 3,7% de janeiro a março.


PLANO BRASÍLIA 12 DE ABRIL DE 2011

23


Louc Capa

Por: Michel Aleixo | Fotos: Victor Hugo Bomfim e Gustavo Lima

Estigmatizada, a palavra é forte demais para caracterizar todas as doenças mentais. Mas como compreender e ajudar quem sofre desses males?

“M

inha filha está mal. Ela está mal...” dizia aos prantos uma senhora que preferiu não se identificar e que acabara de sair do horário de visitas da unidade de internação do Hospital São Vicente de Paula em Taguatinga, na semana passada. Seu esposo e o filho mais velho lhe ofereciam apoio. Uma enfermeira tentava confortá-la, mas a mãe mantinha um olhar fixo para o chão e uma expressão de incredulidade. “Ela não falou comigo direito. Eu não consigo entender”. O drama da família já durava seis dias. Começou quando a filha, de apenas 21 anos, começou a não falar “coisa com coisa”, como explicou o irmão. “Trouxemos ela para cá dois dias depois e está internada desde então. Acho que ela está sendo bem cuidada. Infelizmente, o médico ainda não soube dizer o diagnóstico”. Ele garante que a garota nunca tinha apresentado nenhum sinal de transtorno. Sinal de transtorno. Surtou. Pirou. Ficou doido. Os termos são vários. Mas os sinais em diversas situações se entrelaçam e aí, muita gente fica sem entender direito. Mas, o que é a loucura? Tentar definir permanece um desafio para os especialistas desde o século XVI, quando os transtornos mentais começaram a ser associados a problemas cerebrais. O próprio termo já é carregado de discriminação. Para evitar isso, as autoridades médicas procuram não mais utilizar a palavra “loucura” para caracterizar quem sofre de distúrbios mentais. Tais distúrbios são tantos que, na mais recente revisão do manual de Classificação Estatística Internacional de Doenças (CID-10) da Organização Mundial de Saúde estão catalogados mais de

24

PLANO BRASÍLIA 12 DE ABRIL DE 2011

200 problemas relacionados à saúde mental. Os mais comuns são a depressão, o transtorno obsessivo-compulsivo (TOC), o transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH), os transtornos bipolares e os esquizofrênicos, os doentes comumente taxados de “loucos” (Veja o quadro). Para o psiquiatra Ricardo Lins, diretor do Hospital São Vicente de Paula (HSVP) de Taguatinga – o único da rede pública que atende pacientes com transtornos mentais – a loucura começa quando o indivíduo perde o senso crítico da realidade, a ponto de afetar severamente sua relação com a sociedade. “São tantas variáveis que é quase impossível ter uma definição”, assegura. “Mas é possível dizer que os loucos são os esquizofrênicos, os que criam sua própria noção do real”. Afinal, o que leva uma pessoa a desenvolver transtornos mentais? Também são muitas as variáveis. De acordo com o Manual de Diretrizes para um Modelo de Assistência Integral em Saúde Mental no Brasil, a diferença entre a saúde e a enfermidade psíquica é antes de tudo, uma questão da qualidade das manifestações mentais e comportamentais apresentadas pelos indivíduos e pelos seres humanos grupalmente. O que significa dizer que a diferença entre o normal e o patológico não é necessariamente uma questão de grau, em escala de maior ou menor de atributos mentais ou comportamentais apresentados pelas pessoas. Mas sim, saber diagnosticá-los e tratá-los a ponto do indivíduo ser capaz de viver em sociedade normalmente. Muitas pessoas possuem transtornos psíquicos e nem sabem.


cura Hoje, a medicina costuma classificar as causas dos transtornos mentais em três fatores: os Biológicos, como a predisposição genética e os processos de mutação que determinam o desenvolvimento corporal em geral, o funcionamento do organismo e o metabolismo; Psicológicos, como preferências, expectativas e medos, reações emocionais, processos cognitivos e interpretação das percepções; e Socioculturais, como a presença de outras pessoas, expectativas da sociedade e do meio cultural, influência do círculo familiar, de amigos, modelos de papéis sociais. Geralmente, as doenças se desenvolvem com um conjunto desses fatores. O Dr. Antonio Geraldo da Silva, presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) explica que qualquer pessoa pode adoecer mentalmente. “Ninguém está livre, independente de nível intelectual ou financeiro”, diz. Para o psiquiatra, o estigma em relação às doenças mentais é o causador da falta de tratamento adequado para os que

apresentam sintomas ainda precoces de distúrbios. “Quando você nega a doença mental você tira a responsabilidade de cuidar, tratar e resolver. O que salva o indivíduo de atingir níveis mais graves de patologia é o diagnóstico rápido. Como acontece com qualquer outra doença”, esclarece. O médico ressalta que isso não significa dizer que a maioria das pessoas podem ficar loucas repentinamente. Mas é importante acabar com o estigma de que quem consulta um psiquiatra é um louco. “A psiquiatria tem que ser a porta de entrada das doenças mentais, não a UTI. Nós médicos não podemos ser a última instância e sim a primeira. Quando se trata uma doença no início ela não se torna crônica”. Voltando ao dia de visita do Hospital São Vicente de Paula. Enquanto a família da jovem de 21 anos saia desolada do Centro de Internação, uma ambulância do SAMU parou em frente ao ambulatório. Três bombeiros retiraram dela um homem de cerca de 1,80 metros de

é possível dizer que os loucos são os esquizofrênicos, os que criam sua própria noção do real

PLANO BRASÍLIA 12 DE ABRIL DE 2011

25


altura, que se debatia amarrado à maca. Uma cena, classificada por funcionários da instituição como de rotina. No HSVP, comumente conhecido como HPAP (Hospital Psiquiátrico), a demanda é grande. No centro de internação, cerca de 120 pacientes que apresentam casos mais delicados são vigiados 24 horas por dia. Por ocupar a maior área do hospital, uma cerca de arame com dois metros de altura serve para separar “o mundo real do mundo que existe na cabeça de cada internado”, sob os olhares atentos de vigilantes, posicionados em posições estratégicas e ostensivas a fim de evitar fugas. Embora o clima no local seja de euforia e agitação, os momentos de súbita e momentânea lucidez são frequentes. Quando da visita de nossa reportagem, um interno indagava sobre a visita de um parente e outro, em momento intimista, tocava gaita e, em perfeito compasso e afinação, soltava a voz. Um senhor moreno, alto, magro e com pose de pastor, citava trechos da bíblia num púlpito imaginário, enquanto muitos, sem qualquer reação, permaneciam deitados em camas, em estado catatônico, indiferentes a tudo ao redor. Embora não pareça e muitos achem que os “moradores” do São Vicente de Paula, uma vez excluídos, são totalmente esquecidos, enganam-se. As visitas são frequentes. Naquele dia, Juliette Souza, 21 anos foi visitar o tio, internado há duas semanas. “Ele ficou doido e de uma hora para outra, tentou matar a esposa”, contou. A jovem afirma que não se sente segura durante o horário de visitas. “Fico lá dentro do cercado com os outros internos e tenho medo de ser atacada subitamente. Meu tio está misturado com gente mais grave”. Ela afirma que se pudesse cuidaria dele em casa. Durante a conversa com Juliette, o tio da jovem, que a observava atentamente com um olhar hostil gritou para que a mesma não esquecesse os seus cigarros quando voltar. Todos esses casos retratam crises ou pacientes que atingiram níveis graves de transtornos psíquicos e não apresentam melhoras. No ambulatório do HSVP, existem salas onde pacientes estão totalmente amarrados a macas. O diretor da instituição explica que durante as crises, infelizmente, esse procedimento é necessário. “Esses são casos de pessoas que não tiveram

tratamento adequado. Existem, ainda, muitos pacientes que chegaram a esse estado por causa do consumo excessivo de drogas”, justifica. Já o Dr. Antonio, em seu consultório particular garante que atende diariamente pacientes com vários tipos de distúrbios psíquicos nada diferentes dos internos do HSVP. A diferença, segundo ele, é que eles são tratados em comunhão com as famílias. Visitam o médico mais vezes e o mais importante: são medicados com remédios mais eficazes. “Posso te garantir: todos os quadros têm possibilidade de recuperação. Meus pacientes entram aqui, são consultados, recebem a prescrição de medicação e voltam para sua rotina. O serviço público não tem facilidade de marcar consulta, de atender brevemente e dar medicamento de qualidade”. Com o avanço da medicina, especialmente dos medicamentos destinados ao tratamento dos distúrbios mentais, como os psicotrópicos, a Organização Mundial de Saúde passou a recomendar o fechamento dos manicômios. A alegação era de que pacientes eram tratados de forma desumana, sem a limpeza e alimentação necessárias. No Brasil, a Lei Federal nº 10.216, de 06 de abril de 2001 determinou que sejam assegurados os direitos e a proteção das pessoas portadoras de transtornos mentais. Entre eles, a responsabilidade do Estado em promover ações no sentido de garantir aos doentes, reabilitação psicossocial assistida. Para o Ministério da Saúde, o modelo ideal de tratamento deve seguir três níveis: O primário, que seria a prevenção, com campanhas e orientação educacional; o Secundário, onde entram os centros médicos e ambulatórios; e o Terciário: os centros de atendimento em horário integral, mas que devem ter como premissa, um trabalho de ressocialização dos pacientes. O Dr. Antonio Geraldo é veemente ao afirmar que o sistema de saúde público é totalmente despreparado para lidar com tais pessoas. “Com o fechamento dos manicômios – o que na teoria é uma atitude correta – os doentes mentais estão nas ruas. E o pior, 12% da população carcerária é doente mental. E estou falando de casos graves”, garante. O Presidente da ABP apresenta alguns números que reforçam suas conclusões: “O Brasil tem 500 mil presos. Sessenta mil deles são doentes mentais sem tratamento adequado. Atualmente, existem nos hospitais apenas 35 mil leitos ainda ativos. Ou seja, as cadeias são os novos manicômios e os loucos estão nas ruas”. O HSVP oferece programas em arranjo com tais determinações.

O Brasil tem 500 mil presos. Sessenta mil deles são doentes mentais sem tratamento adequado

26

PLANO BRASÍLIA 12 DE ABRIL DE 2011


Dr. Antonio Geraldo da Silva, Presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria

A psicóloga Maria Rúbia Dias integra a equipe do Programa Vida em Casa (PVC), um serviço de saúde metal domiciliar que atende pessoas com transtornos mentais graves resistentes ao tratamento, e com um índice de internações prolongadas. Uma equipe composta por psiquiatras, psicólogos e assistentes sociais visita periodicamente os pacientes e suas famílias. Ela afirma que para que o doente tenha uma vida normal, tudo depende do empenho dos familiares. “O paciente é só a ponta do iceberg. Quando a doença é diagnosticada em um indivíduo, significa dizer que existe um transtorno naquela família”, explica. A psicóloga conta que com a implementação do PVC, os pacientes mais graves tiveram uma queda no número de internações. “Estamos tendo um ótimo retorno. Eu prefiro trabalhar no serviço público porque o contato com as famílias é mais humano. Realmente ajudamos pessoas sem condições de buscar tratamento adequado”, assegura. O cabeleireiro Pedro Mariano, 54 anos, sentiu na pele o rigor dos tratamentos aos doentes mentais no período anterior à Lei 10.216. Aos 20 anos, começou a apresentar crises convulsivas e ataques epilépticos. Foi internado no HSVP e em uma crise de fúria, atacou um médico que queria lhe aplicar uma injeção. Foi então internado em um manicômio em Anápolis. “Minha família percebeu que eu estava piorando com os remédios que me davam lá. Doses fortíssimas que não pareciam adequadas ao meu problema”, conta. Foi então que a família transferiu Pedro para uma clínica particular onde o tratamento envolveu medicações mais adequadas em menor dosagem. “Posso te garantir que hoje estou curado. O

Maria Rúbia Dias, psicóloga do Programa Vida em Casa

único remédio que ainda tomo é meia pílula para dormir”, celebra. Em relação à psiquiatria, o abismo entre os sistemas privado e público de saúde não é diferente das demais especialidades médicas. Medicamentos defasados, o grande volume de pacientes e a precariedade de instalações acabam por tornar o atendimento em hospitais como o HSVP inferior aos das clínicas particulares. Exatamente como ocorre com quem precisa de um oftalmologista, ortopedista ou cirurgião. A diferença é que no ramo das doenças mentais, a cerca de arames do HSVP é uma cortina aberta para que qualquer um possa ver de perto as complexidades da mente humana quando em estado deficiente. É importante lembrar que nem todos os distúrbios mentais são intensos o bastante para taxar um indivíduo como “louco”. Segundo dados da ABP, entre as maiores causas de afastamento do trabalho estão a esquizofrenia, o TOC, o alcoolismo, o transtorno bipolar e a depressão. Ou seja, é preciso estar atento para a manifestação de sintomas como mudanças de comportamento e apetite em pessoas de seu convívio. Outro alerta comum entre os especialistas entrevistados, é que raramente quem sofre de distúrbios mentais reconhece sua condição. A família precisa estar atenta e procurar ajuda psiquiátrica. Não deve existir preconceito. Passar um dia no Centro de Internação do HSVP é como estar em um manicômio no rigor da palavra. Um desafio para entender o limiar entre a razão e a loucura. Um paciente, internado por problemas com drogas, afirma ser um mago. Suas dissertações sobre filosofia, religião e como ele compreendeu a existência de Deus

Dr. Ricardo Lins, diretor do Hospital São Vicente de Paula

impressionam pela segurança e firmeza quando expressas. “Eu não sei de tudo. Mas tem coisas que eu já sei que são verdades. Tanto que eu tenho minhas experiências sobrenaturais”, garantiu. Sobre esse caso, o Dr. Ricardo explica que é comum, pacientes desenvolverem explicações paranóicas porque fatores externos como o uso de entorpecentes, são capazes de criar uma instabilidade na adaptação de sua personalidade com o mundo real.

Alguns dos transtornos mentais mais comuns Depressão Uma doença do corpo como um todo. Afeta o sono, o apetite, a disposição física e diversos aspectos psicológicos, como a autoestima e a autoconfiança. TDAH O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade é muito comum nas crianças em idade escolar. Pode ocasionar baixa produtividade no trabalho ou repetências na escola. TOC O Transtorno Obssessivo-compulsivo é uma doença em que o indivíduo apresenta obsessões e compulsões, sofrendo de ideias ou comportamentos que podem parecer absurdos ou ridículos para a própria pessoa e para os outros. Mesmo assim eles são incontroláveis, repetitivos e persistentes. Transtorno Bipolar O distúrbio bipolar é uma forma de transtorno de humor caracterizado pela variação extrema do humor entre uma fase maníaca ou hipomaníaca, hiperatividade e grande imaginação, e uma fase de depressão, inibição, lentidão para conceber e realizar ideias, além de ansiedade ou tristeza. Um mal comum a pessoa de extrema criatividade e inteligência.

PLANO BRASÍLIA 12 DE ABRIL DE 2011

27


Cidadania

B Garotos aprendem

Por: Larissa Galvão | Fotos: Gustavo Lima

futebol F

A condição é ter boas notas

S

onhar em ser jogador de futebol todos podem. No país do futebol não é raro encontrar crianças, adolescentes e até adultos curtindo uma “peladinha”. E é, justamente desses “embates” que o desejo de ser um craque reconhecido muitas vezes é despertado. Foi com a intenção de ocupar, educar e realizar o sonho de meninos e jovens jogadores com idades entre 10 e 20 anos que os funcionários públicos Joaquim Miguel de Faria e Constante Caetano Turchiello criaram, em 1997, na cidade de Sobradinho (DF), o projeto “Craque na bola, craque na escola”. O objetivo principal da ação é desenvolver a atividade esportiva conciliada à educação e ao convívio social. O projeto tem saldo positivo. O atacante Washington, jogador recentemente aposentado do Fluminense do Rio de Janeiro e o zagueiro

28

PLANO BRASÍLIA 12 DE ABRIL DE 2011

Lúcio, titular da Seleção Brasileira, foram descobertos pelo projeto, graças a olheiros. Segundo a Associação Serrana de Futebol Infantil (ASFI), houve um declínio por falta de apoio. Porém, mesmo com as dificuldades, o “Craque na bola, craque na escola” continua a cumprir um importante papel social. “Ter exemplos de grandes craques é incentivador para a garotada de agora”, afirma Faria. Segundo ele, apesar das dificuldades, o trabalho está sendo revisto. Atualmente, dez equipes, divididas por idade, disputam o campeonato interno. A exigência de um boletim escolar exemplar, com boas notas é um dos principais critérios para estar na disputa. “Quem tem nota vermelha, pode até continuar nos treinos, mas não participa dos campeonatos”, explica Joaquim Miguel. Turchiello reforça que educar os garotos é a prioridade. “O futebol, além de sua popularidade no país e no mundo, tem um custo relativamente baixo e possibilita que um grande número de pessoas participem. Não exclui ninguém por ser baixo, alto, magro ou forte”, esclarece. Cleide Gomes, mãe de Juliano Gomes de 13 anos, celebra as notas altas do filho desde que começou


Y a frequentar o projeto. “Não preciso mais mandá-lo estudar. O projeto sozinho estimula muito ele”, conta. Rafael Santos, 14 anos, conta que seu sonho, assim como o de muitos outros meninos do projeto é se tornar jogador profissional e vê que com o apoio que recebe dos treinadores seu sonho pode ser alcançado. “Só depende de mim. Aqui sempre vem algum olheiro e eu preciso me dedicar a ser o melhor”, afirma. O amigo, Diego Soares, 15 anos, brinca que seus amigos ainda vão vê-lo na TV depois de fazer três belos gols. “Eu quero é pedir música no Fantástico”, fala. Os treinos do projeto acontecem todos os sábados. São aulas que visam aperfeiçoar o passe, domínio de bola, marcação, tática, preparação física e conduta esportiva

Matemática do Futebol Atualmente, devido ao espírito mercadológico do futebol, a fama e os altos salários de estrelas como Kaká ou um Cristiano Ronaldo, muitos garotos sonham em jogar nos grandes times. Muitos pais também vêem tal potencial nos filhos e acreditam que eles vão ser a “salvação da lavoura” ou o “bilhete premiado” que vai resolver todos os problemas financeiros da família. No Brasil, existem quase 800 times de futebol profissionais. Uma média de 25 atletas por equipe. São cerca de 20 mil atletas profissionais, fora os que atuam no exterior. Os treinos do projeto acontecem todos os sábados. São aulas que visam aperfeiçoar o passe, domínio de bola, marcação, tática, preparação física e conduta esportiva

Se você pretende se tornar um bom jogador, as dicas que o craque Raí dá em seu livro, “Para ser jogador de futebol, Dicas de um campeão para você se tornar um jogador profissional de sucesso”, podem o ajudar. As dicas são: Treinar, treinar e treinar. Lealdade: quem é leal no futebol tem respeito permanente. Não se achar melhor do que os outros, mesmo que você seja. Sempre respeitar o adversário e a torcida adversária. Não temer situações adversas. Jogos duros e decisivos fazem parte da profissão. E aí que está a diferença entre um bom jogador e um jogador fora de série. Não revidar. Nunca. Focar 100% no jogo. Nunca, em nenhuma circunstância, achar que ganhou o jogo antes do apito final. Respeitar a hierarquia do clube, do qual o jogador é apenas um funcionário. Saber lidar com as críticas que certamente virão. Entender a torcida e que o futebol mexe com paixões, ou seja, não é, para a torcida, uma coisa racional.

PLANO BRASÍLIA 12 DE ABRIL DE 2011

29


Gente

Por: Edson Crisóstomo

Agnelo Queiróz e a esposa Ilza

Ricardo Alagemovits, Rafaela Sturket, Andrea Zayit, Liana Alagemovits e Mauro Carvalho

Rosan Francischinelli, Francisco Duarte e Bruno von Sperling

O secretário de estado Abimael Nunes e a Jornalista Liana Alagemovits

Política Alto Nível Com a leitura de apresentação profissional e feitos realizados pelo novo secretário de Desenvolvimento, o petista Jacques Pena, ficou claro a imensa capacidade de gestão à disposição do governo do Distrito Federal.

30

PLANO BRASÍLIA 12 DE ABRIL DE 2011

Estrelas cadente É senso comum entre estrelas de primeira grandeza na constelação petista, que alguns outros nomes serão trocados para azeitar a máquina governamental, e naturalmente acelerar o ritmo de trabalho.

Apareceu a Margarida Depois dos escândalos e de ficar mais de um mês sem comparecer ao trabalho na Câmara dos Deputados, a deputada federal Jaqueline Roriz (PMN) resolveu mostrar a cara na última semana. Em sua primeira aparição pública, ela aparentou mais magra, falou com a imprensa, mas, quando o assunto foi o vídeo comprometedor, preferiu ficar calada.


Maurício Neves e Rafael Lopes

Senador Rodrigo Rolemberg

Caixa Rápido Volatilidade O movimento foi sentido, com saques superiores aos depósitos na ordem de R$ 162 milhões, a velha e boa caderneta de poupança é a primeira a sentir a reação do investido. Principalmente no primeiro trimestre, quando o pequeno investidor realiza saques para pagamento dos famigerados IPTU, IPVA e compra material escolar.

Liana Alagemovits, Ministro Paulo Bernardo, Elany Leão e o Vice-Governador Tadeu Filipelli

Elany Leão

Geleia Geral Leitura obrigatória o escritor Paulo Fayad homenageia a cidade com o Livro Brasília 50 anos “Uma ideia, uma nação”. A obra, além de trazer relatos dobre a história de Brasília, descreve os principais pontos turísticos e mostra como foi cobertura jornalística da festa dos 50 anos da capital.

PLANO BRASÍLIA 12 DE ABRIL DE 2011

31


Cidade

Por: Ana Paula Resende | Ilustração: Eward Bonasser Jr.

Coleta

Seletiva

A

Assunto antigo, problema persistente

coleta seletiva já é conhecida por todos. Os cidadãos parecem saber dos benefícios da reutilização e da reciclagem, afinal elas são a solução mais sustentável para as toneladas de resíduos sólidos produzidos diariamente no Brasil. Entretanto, a maior parte da população não faz a separação do lixo da forma correta. Pelos

32

PLANO BRASÍLIA 12 DE ABRIL DE 2011

menos, é o que apontam as pesquisas. Um recente estudo mostrou que, dos mais de 5,5 mil municípios brasileiros, apenas 443 operam com os programas de coleta seletiva. Em Brasília, a situação não poderia ser diferente. Para acabar com o problema e dar um destino sustentável para o lixo produzido na capital federal,

recentemente, o Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT) determinou que o Serviço de Limpeza Urbana (SLU) teria até o próximo dia 26 de maio para aperfeiçoar o serviço de coleta no DF. O gerente de coleta seletiva do SLU, Paulo Cézar de Araújo explica que, para atender a determinação do Tribunal de


Coleta Seletiva - Padrão de Cores Ex.: jornais Papel/papelão Ex.: copos descartáveis Plástico Ex.: frascos de remédio Vidro Ex.: latas de refrigerante Metal Ex.: restos de lápis Madeira Ex.: pilhas, baterias Resíduos perigosos Ex.: agulhas de injeção Resíduos ambulatoriais e de serviço de saúde Materiais expostos à radiação Resíduos radioativos Ex.: cascas de frutas Resíduos orgânicos Resíduo geral não reciclável, misturado ou contaminado, Ex.: papel higiênico usado não passível de separação Justiça, o órgão já está elaborando um plano evoluído do serviço. Para orientar a população quanto ao serviço, o SLU pretende lançar uma cartilha que explica, passo a passo, o funcionamento da coleta, os dias de recolhimento de cada material e tira as dúvidas dos cidadãos. Apesar de parecer uma boa ideia, o gerente não deu garantia de quando o livreto chegará às mãos dos brasilienses. “Só não sabemos quando ficará pronta, nem quando o plano entrará em ação”, revela. “O prazo estabelecido é muito curto. Desde 2006 se estuda a possibilidade de colocar o plano de coleta seletiva em prática. Mas nos quatro anos da gestão anterior, ele não foi concretizado. Agora, o nosso plano vai sair. Só não posso precisar a data”, revelou Paulo. Mesmo sem saber a data de quando o lixo produzido na capital terá uma destinação sustentável adequada, algumas medidas simples já podem ser observadas. Para facilitar o procedimento de separação do lixo, foram instalados pelas diversas regiões administrativas do DF, coletores coloridos. Ou seja, lixeiras nas quais os resíduos sólidos devem ser depositados de acordo com a cor de cada uma delas. As cores mais usadas na separação do lixo são azul, vermelho, verde, amarelo e marrom, que recebem, respectivamente, papel, plástico, vidro, metal e resíduos orgânicos. Cada material é reciclado de maneira diferente. Mesmo com as informações, muitas pessoas ainda temem em fazer dife-

rente. Muita gente confunde as cores e outras nem ao menos sabem a diferença entre elas. “Ainda estando escrito o material adequado no coletor, não dão atenção e acabam jogando o lixo no recipiente errado. Tem quem jogue até no chão”, observou Paulo Cézar. Esse tipo de atitude acaba atrapalhando o trabalho dos responsáveis pelo recolhimento e separação de resíduos sólidos. (ver quadro)

O serviço começa em casa Mas se engana quem pensa que o trabalho de coleta seletiva é feito apenas nas ruas. Muita gente já aderiu a uma nova postura e fazem a separação seletiva do lixo doméstico em casa mesmo. Diferente do que é percebido nas ruas, nas residências são separados apenas os materiais recicláveis dos não-recicláveis. O caminhão de lixo recolhe todo o material considerado orgânico e o seco em dias alternados. Para isso, é preciso que em cada casa, os moradores façam corretamente a separação do lixo e se atentem aos dias e horários de recolhimento do tipo do lixo. Com a separação adequada, o lixo pode ajudar milhares de pessoas que sobrevivem da reciclagem de resíduos. Em Brasília, ele é encaminhado às cooperativas conveniadas ao SLU, onde são separados e comercializados. “A renda obtida é dividida entre os cooperativistas. Significando que a coleta seletiva também gera novos empregos, pois tira os catadores de lixo das ruas”, enfatiza o gerente. Mas quem ganha mais nisso

tudo é o meio ambiente, com a redução dos impactos ambientais. De acordo com o gerente da coleta seletiva do SLU, “com a reutilização e a reciclagem, gasta-se menos petróleo, desmata-se menos árvores”, finaliza.

Conscientização

Existe um projeto de lei em tramitação na Câmara dos Deputados que prevê a criação da Semana da Reciclagem e Meio Ambiente nas escolas públicas, além de outras providências correlacionadas. Segundo o autor do projeto, deputado Enio Bacci (PDT-RS), “o objetivo é trazer a responsabilidade e a conscientização da importância de cuidar melhor do meio ambiente”. A Semana da Reciclagem e do Meio Ambiente, seria uma semana só com atividades voltadas para este tema, em datas determinadas pelas Secretarias Estaduais de Educação. Ela envolveria não só os alunos e professores, mas também os pais e membros da comunidade. Conforme Bacci, as escolas da rede pública seriam as precursoras do projeto, que poderá ser implantado por outras instituições de ensino. “Nós só conseguiremos destruir problemas externos se mudarmos nossa mente, nossas atitudes”, disse o deputado. A ideia é que os estudantes levem o conhecimento adquirido por meio da Semana da Reciclagem e Meio Ambiente ao seu dia a dia e para outras pessoas. O autor do projeto acredita que as atividades podem levar à população mais jovem, embasamento e estímulo para participar de todo esse processo de reorganização conceitual. “Eles terão discernimento dos efeitos nocivos do mau trato dos resíduos sólidos. Penso e creio que através de pequenas atitudes, como é o caso do teor deste projeto, nossa população trará para si o peso da responsabilidade sustentável”, opinou. Serviço Departamento de Coleta Seletiva do SLU (61) 3213.0198

PLANO BRASÍLIA 12 DE ABRIL DE 2011

33


Carreira

Por: Larissa Galvão | Fotos: Divulgação

Por onde

começar?

O

Programas e estágios dão oportunidade para jovens entrar no mercado de trabalho

primeiro emprego sempre foi considerado pelos jovens como o mais difícil de conseguir. Se por um lado os empregadores exigem experiência, os pretendentes aos cargos alegam que se alguém não der chance de trabalho, como a experiência vai constar no currículo e registro na Carteira?. O fato é que, diariamente, o mercado de trabalho está mais exigente e, pra variar, quem sofre as conseqüências são os jovens que ainda não adquiriram experiência e com isso, têm dificuldade de se encaixarem no tão concorrido mercado de trabalho. Segundo pesquisa feita pela Fundação Perseu Abramo (FPA), em 2007, apenas 36% dos jovens entre 15 e 24 anos têm emprego, outros 22% já trabalharam, mas estão desempregados atualmente. Mesmo possuindo um diploma de curso superior em mãos, a dificuldade para ingressar no mercado de trabalho ainda é grande, principalmente com a quantidade de faculdades consideradas medianas. O resultado disso tudo é que a maioria dos jovens não tem a mínima idéia de como se preparar para ingressar no mundo do trabalho. Entre os jovens é unânime a vontade de trabalhar. De preferência com carteira assinada, para garantia de todos os direitos trabalhistas. Entretanto, afirmam encontrar uma contradição no mercado, que é a cobrança por experiência, entre aqueles que estão buscando a primeira inserção. Na luta por conquistar um trabalho remunerado, os jovens sentem-se

34

PLANO BRASÍLIA 12 DE ABRIL DE 2011

prejudicados por não terem experiência para competir com quem tem. É o caso de Luna Maia, 19 anos. “Com o currículo, as empresas já sabem que é o meu primeiro emprego. Mas logo na entrevista eles já perguntam que experiência que tenho. Como posso ter experiência sem ter oportunidade?”, indaga. Para essa garotada que busca oportunidades no mercado, existem instituições que auxiliam a encontrar um local para estágio ou primeiro emprego. A mestre em psicologia e sócia-diretora da Rhaiz Soluções em RH, Rita Brum, afirma que apostar em estágios e no programa Jovem Aprendiz é uma boa forma de entrar

no mercado de trabalho e, de quebra, ganhar experiência. “A gente orienta sempre o jovem a fazer um trabalho voluntariado. Um estágio. Porque, além dele adquirir uma experiência profissional, ele cria uma rede de relacionamentos que facilita depois a inserção dele no emprego, pois tudo que é contato é porta de abertura de possibilidades para um emprego”, garante. Conforme a especialista em Recursos Humanos, os estágios também são portas abertas para um bom emprego no futuro, pois há possibilidades de contratação. Com vontade de crescer, a publicitária Natalia Beserra, 24 anos, foi

Rita diz que Jovem Aprendiz é ferramenta para entrar no mercado de trabalho


pró-ativa e dedicada. Hoje, é contratada na empresa em que fez seu único estágio. “Sempre me dediquei e me esforcei muito. Era pontual. Entregava tudo no tempo certo e tinha uma boa relação com todos”, conta. O Programa Jovem Aprendiz do Governo Federal, lançado no ano de 2000, amplia as chances de emprego, facilitando o ingresso das pessoas no mercado de trabalho. Para que a concessão de vagas aconteça, o programa estabelece parceria com empresas e escolas profissionalizantes. A Lei do Aprendiz obriga as empresas, exceto micro e pequenas, a contratar jovens na proporção de cinco a 15% do total de trabalhadores do estabelecimento. Eles devem ter entre 14 e 24 anos de idade, freqüentar a escola, caso não tenham terminado o ensino fundamental, ou estar inscritos em programas desenvolvidos por instituições de aprendizagem. A história de Izabella Macedo no mercado de trabalho começou aos 15 anos quando entrou no programa jovem aprendiz. Ela começou a trabalhar na recepção da Academia CJ Fitness, empresa que abraçou o programa. Hoje, dois anos depois, ganhou reconhecimento e

Izabella Macedo, jovem aprendiz

já tem um salário melhor. Izabella é a responsável pela recepção na parte da noite. É contratada como estagiaria por não ser maior de idade. “Tudo isso me fez crescer, amadurecer e criar responsabilidades”, afirma. E ela não é a única a ter esta oportunidade. Segundo dados do Ministério do Trabalho e Emprego entre 2005 e setembro de 2010, mais de 665 mil jovens aprendizes passaram pelo Programa. A afirmação é com base na Relação Anual de Informações Sociais (Rais) e o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). Em setembro de 2010, cerca de 207 mil aprendizes se encontravam no mercado de trabalho. A Lei da Aprendizagem também permite que pessoas com deficiência sejam beneficiadas como aprendizes sem que haja limite de idade para a contratação. Nesse período, pelo menos 25% das atividades devem ser de aulas teóricas, aplicadas por uma instituição formadora, e 75% prática, realizada na empresa. O jovem ainda tem todos os direitos trabalhistas e previdenciários garantidos, inclusive contando o tempo como aprendiz para a aposentadoria. A principal recomendação de Rita Brum quando da entrevista de emprego é que o entrevistado seja seguro, que reforce suas qualidades e demonstre ao entrevistador o que estudou e leu sobre sua profissão.

Conheça programas do governo para o primeiro emprego: Programa Nacional de Estímulo ao Primeiro Emprego (PNPE) - O programa incentiva as empresas a contratarem jovens entre 16 e 24 anos, faixa etária que concentra grande parte dos desempregados. Centro Brasileiro de Cursos (Cebrac), Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) e Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac). O Cebrac oferece cursos direcionados para quem, justamente, busca o primeiro emprego. O Senai trabalha com o programa de Aprendizagem Industrial, que foi criado para qualificar jovens aprendizes que buscam oportunidade no segmento.

PLANO BRASÍLIA 12 DE ABRIL DE 2011

35


Tecnologia

Da Redação | Fotos: Divulgação

Foto vintage Aplicativo que dá toque retrô em imagens feitas em celular vira febre

P

ara os nostálgicos e loucos por efeitos em fotogra- fotógrafos amadores possam receber comentários de fias, o Instagram é uma ótima pedida. Trata-se de renomados profissionais ou vice-versa. Em Brasília, a febre não só “pegou”, como ganhou um “sentimentalizador” de fotos digitais que já é um dos aplicativos mais usados em todo o mundo. Misto até convenção. O primeiro encontro, realizado no começo de filtros “envelhecedores” de imagens e rede social, o do ano, contou com aproximadamente 22 pessoas, mas a aplicativo da Apple mal nasceu e já bombou em todo o expectativa é de que o número dobre na próxima edição. mundo. Desde outubro de 2010, quando foi lançado, a no- A publicitária Marina Crossara, 28 anos, participou do encontro e aprovou a ideia. Ela vidade conseguiu reunir cerca que faz experimentações fotode dois milhões de usuários gráficas onde quer que esteja, no mundo inteiro. Essa rápinão deixa de usar o aplicativo da popularização se tornou um dia sequer. “Sou viciada possível graças a uma de suas em fotografia e o Instagram funções – o compartilhamento dá personalidade a qualquer das fotos via Twitter, Facebook imagem. Simplesmente amo”, e Tumblr, principalmente. revela. O diferencial do aplicaPara os iniciados no tivo pode ser resumido à máxiassunto, a palavra Instagram ma: uma imagem vale mais do (o verbo já é ‘instagrar’) pode que mil palavras. Para Marina, soar como novo vício de quem o que mais a atrai a usar o usa iPhone. O programa, que Instagram é a possibilidade de pode ser baixado gratuitainteragir com pessoas com os mente pela Apple Store, é mesmos interesses. uma espécie de rede social A interação social é o maior fotográfica que edita, em trunfo da novidade também segundos, filtros profissionais Um mundo de possibilidades fotográficas é possível no Instagram para o assessor de imprensa e em fotos tiradas pelo celular. Funciona como o aplicativo Twitpic, mas com um charme fotógrafo Saulo Viana, 25 anos, que é viciado em redes sociais a mais, já que simula as lentes de câmeras analógicas como e chega a postar 15 fotos diariamente. “Assim que você posta a Lomo e Polaroid, além de trazer a localização de onde a a foto, os seguidores se manifestam sobre o que acham do clique. Tudo de forma rápida”, explica. Saulo, que usa tamfoto foi tirada. O paulistano Mike Krieger e o americano Kevin bém o Twitter com frequência, compara as duas redes. “Além Systrom foram os responsáveis pela novidade, que está de estimular a criatividade e o olhar, o Instagram revela um disponível em nove idiomas e já foi baixado por mais pouco de quem eu sou. Nele me mostro muito mais do que de dois milhões de usuários em todo o mundo. O Bra- se eu apenas digitasse algumas palavras”, comenta. Outro sil é o quarto país que mais tem usuários cadastrados. fator interessante que uma câmera na mão 24 horas por dia Outro atrativo é a oportunidade de seguir pessoas e ser traz é afinar o senso estético de quem fotografa. “Além de seguido, além de comentar e “curtir” as fotos favoritas. estimular a criatividade e o olhar, quem usa o Instagram tem O processo é simples e rápido. Clicou, aplicou o filtro e uma gama de possibilidades de ‘casar’ o enquadramento publicou. Entretanto, a diversão é reservada apenas para com o filtro que deseja usar”, completa Saulo. proprietários de iPhone ou iPod Touch. O aplicativo, que possui 11 opções para transformar o momento captado Serviço pelo celular em obra de arte, também disponibiliza um O aplicativo – exclusivo para iPhone – pode ser baixado no site canal com as fotos mais populares, o que facilita que www.instagr.am

36

PLANO BRASÍLIA 22 DE MARÇO DE 2011



Cotidiano

Por: Fernanda Azevedo | Ilustração: Eward Bonasser Jr.

Medo de

dentista?

Cuidar da saúde bucal é tarefa cotidiana e indispensável, mas para muitos é uma tortura

S

ó de imaginar o consultório do dentista muitas pessoas já estremecem. Ficam tontas. A pressão arterial abaixa. Há até aquelas que têm pesadelos com o teto branco e o bisturi. Muitas adiam tratamentos por medo e alguns chegam a entrar em pânico. Porém cuidar da saúde bucal é preciso. E agora? O universitário Felipe Furtado Teixeira, 22 anos, é daqueles que morre de medo de dentista. Ele tem

38

PLANO BRASÍLIA 12 DE ABRIL DE 2011

um grande receio na hora de procurar o profissional, devido a diversas experiências ruins. “Tenho medo e raiva na hora de ir ao dentista, pois já passei muita dor”, conta. O trauma do universitário vem desde a infância, quando o dentista que o atendia, arrancava os seus dentes de leite sem nenhuma anestesia. Como adulto, as suas experiências também não foram boas. Na ultima vez em que se sentou na cadeira do especialista, para retirar a gengiva

que atrapalhava o nascimento do siso, último molar que ocupa cada lado do maxilar e último dente a nascer, o profissional esqueceu de aplicar a anestesia. “Na hora eu não sabia o que fazer. Fiquei chocado e percebi que o dentista também teve a mesma reação”, lembra. Conforme Teixeira, ele adia o quanto pode a visita ao profissional. Se assusta só de pensar na possibilidade. “Evito ao máximo ir ao dentista”, confessa.


Para o dentista Rodrigo Soares Miranda, o medo de ir ao dentista é uma ocorrência que observa com mais freqüência em seus pacientes homens. “Muitos são lutadores. Atuam em profissões de risco. Mas na hora de ir ao dentista morrem de medo”, revela. Conforme ele, há pacientes que passam mal, desmaiam, a pressão abaixa. Existem também aqueles que fogem, marcam a consulta uma vez e nunca mais voltam. Miranda lembra a vez em que um paciente durante uma cirurgia, segurou em sua mão tão firme que o deixou totalmente desconcertado. Para o dentista, há dois tipos de pacientes medrosos: aqueles que já tiveram experiências traumáticas e, os que têm a fobia sem nenhum motivo aparente. Para tentar deixar seu pacientes relaxados e sem maiores temores, o dentista Miranda transformou o espaço em um ambiente menos

estressante. Disponibilizou jogos para as crianças e cadeira de massagem para os adultos que, segundo ele, ajudam a aliviar tensões. Em casos mais graves, o dentista recorre a anestésicos locais e os pacientes nem percebem o procedimento. Outro método utilizado pelo especialista em caso de extrema aversão ao dentista, é uma boa conversa para fazer com que o paciente medroso se sinta à vontade e adquira confiança no médico. “A relação de confiança com a pessoa é fundamental. Muitas vezes agente tem que dar uma de psicólogo”, confessa. Para as crianças, o alerta do especialista é o de que os pais conversem com os filhos sobre a importância de ir ao dentista e fazer a higiene e preservação bucal com freqüência. Os dentistas também podem fazer com que as primeiras

visitas desses pacientes mirins sejam leves, agradáveis e o melhor, indolores, utilizando apenas procedimentos básicos como passar flúor nos dentinhos e ensinar o procedimento correto da escovação. Rodrigo Miranda lembra que, em alguns casos, o medo de ir ao dentista parte de uma técnica antiga, utilizada por pais que, nos casos de traquinagens dos filhos, costumavam ameaçar de que, uma vez desobedientes, eles seriam levados ao dentista ou que tomariam injeção. Para alguns, a visita ao dentista e tomar injeção se tornou fobia na fase adulta.

Serviço Odonto Vitae SRTV - Centro Multiempresarial, Sl. 120 Asa Sul (61) 3202.2202 rodrigomiranda@odontovitae.com.br

PLANO BRASÍLIA 12 DE ABRIL DE 2011

39


Planos e Negócios

alex dias

Cacau Show O Terraço Shopping ganha um super presente de Páscoa: a franquia de chocolates Cacau Show abre suas portas no dia 9 de abril, no 2º Piso, entre as lojas Mr. Cat e AD. O empreendimento vem em um momento mais que propício: a Páscoa! E, literalmente, está recheado de novidades e sabores especiais como ovos de chocolate com zeros lactose, glúten e açúcar. As novidades não param por aí. A Cacau Show venderá o ovo explosivo (que explode na boca), ovos de chocolate branco com pedacinhos de morango que acompanha brilho labial da mesma fruta que será sucesso entre as meninas mais vaidosas e latinhas especiais da linha Luciano Martins com tabletinhos de 5g também com ilustrações do artista plástico. A Cacau Show tem 1.000 lojas espalhadas pelo Brasil e é uma indústria 100% nacional, fundada em 1989, especializada na fabricação de chocolates finos (bombons com licor, trufas, embalagens para presente etc). A loja terá aproximadamente mais de 100 itens. Atualmente, a Cacau é a maior indústria do Brasil nessa categoria de produtos. Os sócios Luciana Santanna e Rogério Soares investiram R$ 230 mil no negócio e estão muito otimistas com a franquia no Terraço.

Serviço Cacau Show Terraço Shopping – Octogonal (61) 7813.5416

Anjos da Casa A Anjos da Casa é uma empresa prestadora de serviços e manutenções residenciais, comerciais e institucionais, com equipes treinadas e qualificadas profissionalmente, estando pronta para levar aos seus clientes o melhor atendimento desde o primeiro contato à execução dos serviços solicitados. Assim como oferecer o suporte necessário após a utilização dos nossos serviços. Uma empresa formatada para levar a prestação de serviços ao cliente de uma forma séria, com qualidade, profissionalidade e honestidade ímpar. A proposta é deixar seu imóvel funcionando e novo de novo, sem a necessidade de acionar vários profissionais e nem se aborrecer com eventuais serviços prestados por pessoas não qualificadas. A empresa prioriza a segurança e oferece profissionais treinados, qualificados, capacitados, e escolhidos através de critérios rigorosos. Oferece um nível de confiabilidade e credibilidade aos clientes, colocando sempre em primeiro lugar a sua satisfação. Com esse novo conceito em serviços, não é mais necessário perder tempo procurando por vários profissionais e nem mesmo ficar supervisionando os serviços. Com um sistema profissional e centralizado proporciona atendimento com presteza, rapidez e segurança em todas as necessidades do cliente.

Serviço Anjos da Casa (61) 4141.4006 www.anjosdacasa.com.br

Espaço Santa Helena Uma das mais importantes marcas no segmento homeware, se consolida em Brasília comemora um ano de funcionamento. O sucesso da loja pode ser notado e a fama de trazer produtos inovadores já se espalhou pela cidade. Instalada em uma das áreas mais nobres do Iguatemi Brasília, a loja traz mais de 20 mil itens nacionais e internacionais entre louça, prata, decoração, acessórios gourmet e eletrodomésticos distribuídos em seus quase 1.000 m². O Grupo também se destaca pela qualidade no atendimento. A equipe é treinada para auxiliar os clientes de acordo com o seu estilo de vida, oferecendo soluções para todas as ocasiões. Há ainda serviços específicos para noivas, como a montagem da lista de casamento, acompanhamento online, sistema anti-duplicidade, entrega de presentes, além de listas para chá-bar, chá de cozinha e open house que podem ser integradas. A loja oferece reserva de exclusividade para os casais que alcançam boas

40

PLANO BRASÍLIA 12 DE ABRIL DE 2011

pontuações com as listas de presentes: uma noite em um dos melhores hotéis de Brasília ou bônus em produtos. Outro diferencial do Espaço Santa Helena é o conceito store in store, onde corners de grifes consagradas como Lalique, Dior, Versace e Christofle apresentam suas sofisticadas linhas de produtos. O Espaço Santa Helena existe há três anos e nasceu da fusão da tradicional Cleusa Presentes, há 30 anos no mercado paulistano, e da moderna e sofisticada Suxxar, com 15 anos de mercado.

Serviço Espaço Santa Helena Iguatemi Brasília - Piso Térreo - ao lado da Praça Central SHIN Qd. CA 4, Lt. A (61) 3468.4888


Verdão Shop

Caenge S.A Fundada na capital em dezembro de 1979, a CAENGE S.A. – Construção, Administração e Engenharia é resultado da idealização do engenheiro civil Cássio Aurélio Branco Gonçalves, que já foi presidente da Fibra e do Sebrae/DF. Partindo da execução de obras de infraestrutura e de edificações públicas e privadas, a empresa expandiu-se e conquistou reconhecimento também como incorporadora imobiliária, tendo ultimamente ampliado a sua presença em São Paulo, Rio de Janeiro e Paraíba. Em 1999, fundou a subsidiária CAENGE Ambiental, que desenvolve e implementa projetos de engenharia ambiental, mais especificamente nos setores de gerenciamento de resíduos sólidos urbanos, recuperação de áreas degradadas e de demolição e construção sustentáveis.

Serviço Caenge www.caenge.com.br

Buscando atender a um público com perfil exigente e que não aceitava dividir espaço com outras torcidas, nasceu a idéia de criar a Verdão Shop. Uma loja especializada na comercialização de produtos licenciados da Sociedade Esportiva Palmeiras. Com localização privilegiada, visual moderno, produtos de primeira linha e atendimento personalizado, a Verdão Shop já cativou os palmeirenses de Brasília. Sua linha de produtos vai dos tradicionais uniformes oficiais a produtos licenciados como bonés, canetas, cadernos, agendas, produtos para bebes, utensílios de cozinha, coleções de copos, canecas, taças, garrafas térmicas e uma infinidade de outros produtos para nenhum torcedor do verdão botar defeito e com direito a encomendas. Vale lembrar que parte da receita advinda das vendas na Verdão Shop é revertida aos cofres da Sociedade Esportiva Palmeiras na forma de Royalties, como forma de combate à famigerada pirataria de produtos oficiais que tanto atrapalha os clubes, como também a arrecadação de impostos. A equipe da Verdão Shop convoca a toda torcida Palmeirense para uma visita e desfrutar de um ambiente sadio, aconchegante e de muito verde, com um atendimento todo especial.

Serviço Verdão Shop CLS 309, Bl. D, lj, 27 – Asa Sul (61) 3244.2886

Cervejaria Devassa - Pontão A Cervejaria carioca Devassa, famosa nacionalmente por seus chopes de fabricação própria e sabor inconfundível, abre as portas no Pontão do Lago Sul no próximo dia 13, consagrando o local como centro gastronômico da cidade. A casa é mais um empreendimento do grupo Premium Engenharia SA, comandada pelo diretor Eduardo Borges.

6,10), como o próprio nome diz, possui coloração escura, é extremamente cremoso e com aroma de mate torrado, enquanto o chope Ruiva (premiado com a medalha de bronze na categoria “British Style Lager” do AIBA 2009) é avermelhado, com sabor encorpado e alta fermentação (R$ 6,10). Por fim o chope Sarará (R$ 9,10), de coloração clara e aparência turva, com aromas que lembram banana e cravo.

Com vista privilegiada para o Lago Paranoá, a Devassa do Pontão tem projeto com assinatura de Luana e Mariana Escritório de Arquitetura, de Goiânia, em parceria com o arquiteto carioca, Gustavo Salles. A cervejaria terá dois andares e três ambientes, a maior loja da marca, em espaço, no país. No andar superior, um espaço com 104 lugares divididos em um salão com bar exclusivo e varanda. O térreo, com 196 lugares, abrigará a cozinha, um salão interno e três varandas. O cardápio segue a tradição dos pratos e petiscos da Devassa e como acontece em outras unidades no país, no Pontão o menu oferecerá opções ao gosto do brasiliense, dando espaço para a culinária regional e ênfase nos pratos do almoço e jantar nas já famosas janelinhas de sugestões da casa. Os chopes artesanais e exclusivos da Devassa chegam à capital nas cinco versões, cada qual com seu diferencial, o que faz deles tão únicos. O chope Loura (R$ 5,40) é claro com sabor levemente amargo e refrescante. O chope Índia (R$ 6,10) possui um forte amargo, intenso aroma e elevado teor alcoólico (6%). Já o chope Negra (R$

Serviço Cervejaria Devassa SHIS QL 10 - Pontão do Lago Sul (61) 3365.1690 / 3365.1686 / 3365.1692

PLANO BRASÍLIA 12 DE ABRIL DE 2011

41


Automóvel

Da Redação | Fotos: Divulgação

Hyundai Sonata

Potência, Conforto e exuberância em design

O desenho da nova versão foi alinhado aos modelos mais recentes da marca, que adotaram a chamada “escultura fluida”, que busca tornar o seu visual mais jovem e sofisticado

42

PLANO BRASÍLIA 12 DE ABRIL DE 2011

O

novo Sonata estava em desenvolvimento desde 2005, e exigiu um investimento de US$ 372 milhões. Na Ásia, o modelo será oferecido com um motor a gasolina 2.0 Theta II MPi, com potência de 167 cavalos e torque de 20,59 kgfm. A Hyundai afirma que o Sonata tem o melhor consumo do segmento, 12,8 km/l. Em 2010, o sedã ganhou também um propulsor 2.4 Theta II GDI, que foi padrão para as versões europeias e norte-americanas no ano. Como a gasolina adquirida no Brasil tem uma grande porcentagem de álcool, é feita uma adaptação em seu motor para ser feita a queima do combustível de forma correta que faz o Sonata possuir 182 cavalos de potência. O Sonata possui Suspensão Dianteira independente tipo Mac Pherson e traseira independente multi-link com barra estabilizadora, molas helicoidais, amortecedores pressurizados a gás de dupla ação. A transmissão é HIVEC H- MATIC automática de seis velocidades, controlada eletronicamente com Shiftronic (opção de acionamento manual seqüêncial), com troca de marchas no volante O modelo não vem composto somente de um design inovador. Vem também com muitos itens de segurança, os freios são a disco nas quatro rodas, com ESP (programa eletrônico de estabilidade) que controla os sistemas de


freio ABS, EBD (distribuidor de força eletrônico entre traseira e dianteira). O carro tem, no seu interior, oito airbags, duplo airbag frontal, lateral e de cortina, sistema de trava anti-sequestro no interior do porta-malas, célula de sobrevivência, coluna de direção retrátil, barras de proteção laterais, cintos dianteiros com regulagem de altura, pré-tensionadores e limitadores de força, luzes de advertência para cintos desatados e portas abertas, freio de estacionamento tipo pedal e no exterior faróis de xenon com regulagem de altura, faróis de neblina, alarme anti-furto, brake light, iluminação traseira por leds, espelhos externos com desembaçador, sensor de ré.

Um conforto a dar inveja Bancos em couro com ajustes elétricos lombar e de altura (com memória integrada), volante em couro, detalhes internos em black vinil alumínio, banco traseiro bi-partido com descanso, braços central, vidros, espelhos externos e travas com acionamento elétrico, espelho retrovisor fotocromático, start button, tomadas 12v, relógio, computador de bordo com tela de LCD com sete funções, modo ECO driving, cruise control, teto solar panorâmico duplo, vidros verdes e pára-brisas degradê. O som com leitor para seis CDs, MP3, entradas auxiliares para Ipad e USB, contole de som no volante. O ar-condicionado é digital independente com sensor de temperatura interna e filtro anti-pólen. Sendo assim, confirma-se que a hyundai é o seu melhor caminho.

Serviço Hyundai CAOA SIA Trecho 04, s/n Lote 300 a 340 (61) 3047-4800

PLANO BRASÍLIA 12 DE ABRIL DE 2011

43


Vida Moderna Moderna

Por: Virgínia Larissa Galvão Ciarlini || Fotos: Fotos:Jhenniffer DivulgaçãoCorrêa

Os homens

descobriram a maquiagem Mais vaidosos os homens são responsáveis por 10% da venda de cosméticos no Brasil

N

o teatro, no cinema ou na TV, a maquiagem masculina faz parte da vida de qualquer pessoa. Os gêneros podem até ser diferentes, mas quando falamos de maquiagem, o objetivo é o mesmo: esconder aquelas imperfeições, uniformizar a pele, valorizar os traços e, no final de tudo, parecer mais atraente. É a vaidade que ultrapassa a barreira dos sexos e divide espaço no mundo do make up. Segundo o Instituto Euromonitor, o Brasil é o terceiro maior consumidor de artigos para higiene e beleza do mundo. Conforme a Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (Abihpec), os homens são responsáveis por 10% da fatia de consumo do mercado. Seguindo essa tendência, algumas marcas lançam maquiagens específicas para o público masculino.

44

PLANO BRASÍLIA 12 DE ABRIL DE 2011

E para os homens não tem nada de brilhos, sombras ou gloss. É o básico do básico. Aline Barros, professora de maquiagem, diz que os produtos mais usados pelos homens são corretivo, pó facial e, muitas vezes, tratamento com cremes anti-olheiras. “Os homens não são extravagantes como a maioria das mulheres. O objetivo deles é estar bem apresentados”, assegura. Com um portfólio total de 600 itens, sendo aproximadamente 90 voltados para o sexo masculino, incluindo, ainda, uma linha exclusiva para eles - “O Boticário Men” -, com opções para corpo, rosto, barba e cabelos, a marca apresenta outro dado curioso: apesar de 85% dos itens da marca estar focados nas consumidoras, o produto mais vendido de toda a empresa é o masculino.


Hidratante para o rosto da linha Boticário Men

Linha da Clinique especial para o cuidado da pele masculina

Corretivo próprio para uso masculino

É fato que a maquiagem masculina corrige problemas como olheiras e espinhas. Mas nada de exageros. Apesar da moda metrossexual, muitos homens insistem em ter os dois pés na visão machista e descartam decididamente o universo make dos pós faciais, pinceis, brilhos para os lábios e outros itens de beleza. Mas fora os machistas, dados revelam que a maquiagem masculina deixou de ser coisa de rockstar (estrelas do rock) ou de palhaço. Segundo a revista Forbes, nos Estados Unidos, apenas em itens de maquiagem para homens foram gastos US$ 4.8 milhões em 2007. Um aumento de 42% em relação a 2001. A Abihpec assegura que a indústria brasileira do make up masculino quadriplicou seus ganhos em apenas cinco anos. Nesse universo, o estudante Thales Nery, de 22 anos, sabe viver muito bem obrigado. Ele usa maquiagem por vaidade e, há dois anos, é adepto do uso de base e pó facial. Rímel e lápis para os

olhos ele usa em raras ocasiões. “Geralmente uso base e pó para esconder algumas marcas”. Ele conta que mais de quatro amigos dele também usam maquiagem. “As mulheres gostam de homens bem apresentados. Hoje em dia, há uma necessidade premente de que as pessoas se cuidem cada vez mais”, disse. Thiago Botelho foi o primeiro homem a criar um canal com vídeos exclusivamente destinados a tratamentos e maquiagem para homens, com opiniões sobre produtos e dicas de maquiagem masculina. A clientela de Botelho são homens de 18 a 55 anos, sempre exigentes e que querem esconder uma ou outra imperfeição no rosto. “Unimos a correção bem suave com a valorização dos traços”, diz o especialista. Ele ainda afirma que o preconceito de homens com maquiagem já foi superado há tempos. “Vejo que o tabu foi sim quebrado, porém não podemos parar nunca de inovar”, finaliza.

PLANO BRASÍLIA 12 DE ABRIL DE 2011

45


Esporte

Por: Tássia Navarro | Fotos: Gustavo Lima

Skate: surf no asfalto Esporte volta a ganhar espaço e chama a atenção de jovens do DF

C

onsiderado um esporte radical, que nasceu e se desenvolveu nas ruas, o Skate já foi tema até de álbuns de figurinhas. Teve uma queda e agora está novamente no auge. Devido à popularidade e propagação do esporte, no Distrito Federal já existem cerca de 15 pistas públicas espalhadas pelas cidades satélites. As mais novas são as do Núcleo Bandeirante, Guará, Ceilândia e a de São Sebastião. Pistas de street, com trilhos, corrimãos, caixotes, escadas e rampas retas. Tudo que um skatista gosta e quer para fazer as suas treinadas manobras

46

PLANO BRASÍLIA 12 DE ABRIL DE 2011

radicais e arrancar aplausos. Devido à popularidade e reconhecimento do esporte, o governo local passou a dar mais atenção à modalidade. Depois de 20 anos sem nenhuma ação a favor da prática que sempre foi difundida entre a garotada de forma artesanal e em pracinhas de quadras, áreas próprias para o skate foram erguidas em ginásios, quadras poliesportivas cobertas e descobertas em várias cidades satélites do DF. De acordo com Eduardo Batista, 24 anos, skatista desde os 12, o apoio por parte do governo realmente é visível. “O Skate Park de São Sebastião tem apenas três anos. Já precisou de reforma e em outubro de 2010 fizeram os repa-

ros”, conta. Segundo ele, da solicitação até à reforma só levou seis meses para o atendimento. Um fera do skate no DF é Gabriel Zago, 20 anos. Ele foi um dos campeões do Circuito Skate Brasília 50 anos, realizado em 2010 e que teve a final em dezembro. Dividido em três etapas, o circuito premiou os atletas que tiveram o melhor desempenho nas respectivas fases. As categorias foram: Mirim, Iniciante, Feminino, Amador I e Amador II, em que Gabriel foi o vencedor. Como prêmio, o skatista ganhou tênis, rodas e shapes, entre outros, além de um lap top. Há seis anos andando de skate, Gabriel conta que resolveu praticar o esporte por influencia de um filme que assistiu. “Não lembro o nome. Mas, contava a história e o


estilo de vida de alguns skatistas. Curti muito, porque é isso que o skate é para mim. Um estilo de vida”, afirma. Hoje, Gabriel já participou de várias competições em outros estados do Brasil como São Paulo e Goiás.

Há um ano e meio, ele conseguiu patrocínio e com isso, pretende seguir carreira como profissional. Outro adepto do skate, Rayner Ferreira, 21 anos, morador de São Sebastião, também já competiu em vários estados do país. Participou de uma das mais famosas competições de Goiânia, a “Ambiente Crew Attack”. Crew é o nome utilizado por skatistas para definir os grupos, a “galera” de amigos da rua ou do bairro que sempre se reúnem para a prática do esporte. Devido a isso, a competição leva Crew no nome, pois não é disputada individualmente e sim por equipe. Os membros de cada Crew têm que estar caracterizados com algum ornamento ou acessório para distinguir as diferentes crews.

“Éramos uma equipe de cinco pessoas. Os jurados analisaram as manobras feitas por cada um dos integrantes. Ganhou a crew que somou mais pontos. Foi muito legal”, relembra Rayner. Embora apaixonados pelo esporte, os praticantes do skate são unânimes em dizer que, enquanto a aventura de estar em cima de uma prancha, fazendo manobras radicais que aguçam a adrenalina, a revolta por não terem patrocinadores desanima a todos. “Mas não desistimos”, asseguram. Pagando passagem, arcando com inscrição e todas as demais despesas, Rayner participou e fez bonito no Circuito Maremoto, realizado na cidade de Guaíra em São Paulo. Embora não classificado entre os primeiros, o esportista do DF teve uma colocação considerável para quem não tem patrocinador. “Sem investidor fica muito complicado”, disse. Segundo especialistas esportivos, Rayner está certo, pois o patrocínio faz com que o praticante tenha dedicação exclusiva à modalidade. Outro skatista que comunga da mesma opinião do Rayner é Eduardo. Para ele, mesmo que as coisas tenham melhorado, falta incentivo em Brasília. “É muito difícil viver de skate na capital. Os empresários ainda não notaram a gente e os equipamentos para a prática do esporte são caros”, lembrou. Mas, mesmo com todas estas dificuldades, o skate é, para muitos praticantes mais que diversão. É estilo de vida e o sonho de uma carreira sólida e de sucesso. Vag-

ner Neves 19 anos e Michel Gonçalves, 20, assim como Eduardo, preferem o skate a muitos outros esportes. “Skate é superação. É um desafio novo todos os dias. Quando você consegue acertar uma manobra é sem explicação”, comemora Eduardo. Para Vagner o skate é o esporte que mais se associa à sua maneira de viver a vida. Mesmo com todo radicalismo, com os tombos que leva para conseguir realizar uma manobra, não troca o skate por nenhum outro esporte. “Agora mesmo estou com o pé torcido e mesmo assim não deixo de praticar o skate”, confessa. O esporte, que surgiu da tentativa dos surfistas da Califórnia de adaptar o surf ao asfalto quando as ondas estavam baixas, virou febre na década de 1960. Hoje, existem várias categorias de skate. As mais praticadas são o street style, onde os atletas fazem as manobras usando obstáculos da arquitetura da cidade, como corrimãos, escadas e o calçamento; o vertical que é praticado nas famosas half-pipes, pistas em formato de “u”, com mais de três metros de altura. Outra modalidade do skate é o downhill-slide, que tem como finalidade descer ladeiras fazendo manobras. As manobras mais populares são o Ollie, o Shove-It e o Flip. Com o advento da tecnologia o skate foi se aperfeiçoando cada vez mais. Para um bom funcionamento o skate tem que ter shape, que é a tábua de madeira onde o skatista pisa, trucks ou eixos, amortecedores, rodas, rolamentos, parafusos e lixa. Considerado esporte radical pela dificuldade das manobras e pelos obstáculos ousados e perigosos que necessita enfrentar para maior segurança do skatista são necessários acessórios como capacete, cotoveleira e joelheira.

PLANO BRASÍLIA 12 DE ABRIL DE 2011

47


Personagem

Por: Maíra Tassia Elluké Navarro | Fotos: | Fotos: Victor Gustavo HugoLima Bomfim

Kazuo Okubo Na busca de um enquadramento perfeito, o fotógrafo passeia pelo universo da imagem com maestria e personalidade

D

escolado, sorridente e com muito bom humor. Foi assim que Kazuo Okubo recebeu a Revista Plano Brasília para um bate-papo. Filho de pais que vieram de São Paulo para tentar uma vida melhor em Brasília, o fotógrafo de 51 anos teve seu primeiro contato com a fotografia quando ainda era muito pequeno. Nascido em 28 de agosto de 1959, a história de Kazuo está irremediavelmente entrelaçada à fotografia. Após se casarem, os pais de Kazuo mudaram para o Núcleo Bandeirante. Na época, a mãe cozinhava e lavava roupas para os trabalhadores que chegavam à nova capital. O pai, alfaiate, começou a aprender fotografia quando trabalhava em um laboratório. “Como o dono não gostava que meu pai mexesse nas coisas dele, ele revelava um filme escondido aqui, e

48

PLANO BRASÍLIA 12 DE ABRIL DE 2011

aprendia outra coisa ali”, conta ele. Foi assim que o pai de Kazuo começou a fotografar casamentos, aniversários e até mesmo velórios. Dessa forma, o menino ajudava o pai, com iluminação e equipamentos. Dessa forma, a fotografia entrou de vez na vida de Kazuo Okubo. Na época, ele jamais imaginou que seu destino estaria na fotografia. Quem vê Kazuo hoje com seu olhar apaixonado pelo que faz não imagina que quando criança, não gostava do ofício. “Eu odiava fotografia. Desde muito pequeno eu já fazia muitas coisas. Com dez, onze anos, enquanto meus amigos jogavam futebol eu secava mil fotografias por dia e cortava inúmeras outras”, relembra. Pouco tempo depois, com a mudança para Taguatinga, montou seu próprio negócio: o Cine Foto Okubo. Adolescente, Kazuo ainda não tinha

se comprometido totalmente com a fotografia. Até que certo dia, um cliente chegou em sua casa pedindo que fizesse umas fotos. Como seu pai estava fora, ele mesmo pegou os equipamentos e atendeu ao pedido. As fotos ganharam a aprovação do pai, que passou a encarregar Kazuo, então com 15 anos, de alguns aniversários, velórios e casamentos. No final da década de 70, então com 19 anos, Kazuo foi para Uberlândia (MG) cursar Engenharia Mecânica. Após seis semestres de curso, ele desistiu da Engenharia e voltou para Brasília decidido a estudar Administração. Nessa época, dividiu seu tempo entre a faculdade e a loja de fotografia, que passou às suas mãos pouco tempo depois, com a morte do pai. “Em meados de 70, a migração nordestina em Brasília era muito


intensa e não existia fotógrafo para registrar os acontecimentos. Foi aí que fiz muitas fotos. Penso até em fazer uma pesquisa para resgatar esse material”, lembra. Kazuo trabalhou intensamente durante anos a fio, fotografando casamentos nos finais de semana. Questionado sobre a quantidade de casamentos que fotografou, Kazuo diz que perdeu as contas. “Tive que mudar, porque trabalhar todo final de semana é coisa de guerreiro. Fora que é muita responsabilidade clicar uma cerimônia desse nível. É um trabalho que exige muita atenção”, comenta. Depois de viver com intensidade o mercado de noivas, aos 28 anos, Kazuo conheceu Sergio Jorge, na PhotoBrazil, um dos maiores eventos de fotografia realizados na América Latina. A partir deste encontro, houve a descoberta pela fotografia publicitária. “Ele é o meu mestre. Até hoje entro em contato com ele para tirar algumas dúvidas, como por exemplo, quando não consigo o efeito desejado em deter-

minada foto”, revela. A carreira na fotografia publicitária começou em 1989 e até hoje rende bons frutos. Durante todo esse tempo, Kazuo colecionou trabalhos reconhecidos e premiados para as principais agências locais e nacionais. A partir de 2004 iniciou uma nova jornada no universo artístico da fotografia, ampliando sua produção para obras autorais onde retratou o nu na mostra “Paisagens”, selecionada no FotoArte Brasília e, mais tarde, em 2007, continuou seu trabalho autoral em uma série que veio a ser patrocinada pela Caixa Cultural, na exposição de sucesso “De Todas as Formas”, onde fotografou pessoas de vários tipos físicos nuas em diversos lugares da capital federal. Em novembro de 2009, inaugurou a primeira galeria de fotografia de arte em Brasília. Batizada de “A Casa da Luz Vermelha” – uma alusão às câmaras escuras onde são revelados os filmes fotográficos – a charmosa galeria abriga um acervo com trabalhos de fotógrafos de renome local e

nacional. Além disso, a Casa oferece inúmeros cursos e workshops para interessados no assunto. “O digital democratizou a fotografia. Um monte de gente virou fotógrafo. Isso é positivo e negativo. Fotografar não é só apertar um botão, é algo que vai além”, afirma. Casado e pai de três filhos, hoje, Kazuo Okubo se diz realizado com a fotografia. Em breve planeja lançar em breve um livro ousado, onde o órgão sexual feminino será o protagonista. Ele acredita que o esse projeto será um desafio e revela que procura mulheres dispostas a contribuir com a publicação. “A gente tem que trabalhar com o que gosta, com o que conhece, com o que se identifica”, esclarece gargalhando. Sempre disposto a realizar novos trabalhos, para Kazuo Okubo o céu é o limite. “Viver de fotografia não é fácil, mas é prazeroso. Sempre estou inventando coisas. Meu espírito é inquieto”, revela. Para ele, não há limites quando se trata de fotografia e criatividade. Ainda mais quando se faz com paixão.

“O digital democratizou a fotografia”, diz Kazuo Okubo

PLANO BRASÍLIA 12 DE ABRIL DE 2011

49


Saúde

Da Redação | Fotos: Victor Hugo Bomfim

Clareamento

dentário

O odontologista Rodrigo Miranda durante sessão de clareamento a laser

Q

Os prós e contras quando o assunto é a estética dos dentes

uem não sonha em ter dentes saudáveis, bonitos, brancos e reluzentes? Um lindo sorriso abre portas e melhora a autoestima de qualquer pessoa. Mas, com o passar dos anos, os dentes ficam mais escuros e vão envelhecendo. Por fim, resta aquele sorriso amarelo, conquistado graças à ingestão de alimentos com corantes, café e refrigerantes. Além disso, muitos sabem que o cigarro também é um grande vilão de um belo sorriso. O escurecimento dos dentes ocorre naturalmente com o tempo em função de diversos traumas como cárie, bruxismo (ranger os dentes), a mania de roer unhas, entre outros. Os hábitos alimentares também influenciam no processo. Alimentos com pigmentos fortes como chocolate, café, refrigerantes, chás, mostarda, molho de tomate, quando consumidos com muita frequência podem

50

PLANO BRASÍLIA 12 DE ABRIL DE 2011

pigmentar os dentes. “O uso de alguns medicamentos que contem ferro e eritromicina e, ainda, hábitos como o tabagismo, etilismo e mascar fumo também contribuem”, afirma a ortodontista Marisa Ferraz. Ela destaca ainda, que a boa higienização é o primeiro passo para evitar que os dentes fiquem com o aspecto amarelado precocemente. A higiene deve ser feita de maneira cuidadosa. Muitas pessoas aplicam, em casa, bicarbonato nos dentes para o efeito de clareamento, porém o seu uso não pode ser constante, pois leva ao desgaste do esmalte dentário e pode causar a sensibilidade dos dentes, afirma ela. “O uso dele, assim como de outros agentes muito comuns como água oxigenada, pastas de dente muito abrasivas, escovas de dente duras e palito prejudicam a saúde dos dentes e dos tecidos gengivais”, conclui.


Para pôr fim ao amarelado dos dentes, muitos recorrem ao clareamento artificial, que pode chegar a custar R$1.000. Mas afinal, quais são os benefícios do tratamento e o que pode ser prejudicial à saúde dos dentes? Para o odontologista Rodrigo Miranda, da clínica Odonto Vitae, o procedimento não tem contra-indicação, mas requer cuidados antes, durante e depois do tratamento. “A maioria dos pacientes quer um efeito rápido. Mas para um resultado mais eficaz é preciso usar o laser e o tratamento caseiro de forma casada”, afirma. Rodrigo destaca ainda que para todo procedimento estético existe um limite. “O dente funciona como um organismo vivo. Em um determinado momento, a aplicação do produto não clareia ainda mais os dentes. Se insistir em continuar o procedimento, o gel clareador aumentará a porosidade do esmalte dentário”, explica. Esta fragilidade tem como consequência cáries, sensibilidade e, até mesmo, fraturas nos dentes. Por conta disso, o clareamento caseiro é o que necessita de maior cuidado e acompanhamento. No clareamento profissional a laser, onde o procedimento é realizado no consultório odontológico, o dentista tem todo o controle, “portanto é mais rápido e seguro”, explica o dentista. Para o jornalista Allan Costa, 25 anos, o sorriso é um cartão postal do rosto. Ele afirma que o tratamento vale a pena. “Gostei muito do resultado. Não tive nenhuma reação adversa com o clareamento. Muita gente diz que os dentes ficam sensíveis, mas no meu caso não senti nada. Foi hiper tranquilo”, revela. A cada seis meses, Allan faz a manutenção do tratamento em casa. “Como tenho a molde em casa e as bisnagas de clareamento, eu mesmo consigo fazer”, afirma. Antes de iniciar o tratamento, o paciente deve passar por um exame cuidadoso. Os dentes com cáries, com próteses mal adaptadas e problemas como a gengivite, não podem ser submetidos ao processo, explica Rodrigo Miranda. O gel utilizado no clareamento é composto por um ácido forte, à base de oxigênio, e, se aplicado em uma parte já debilitada do dente, pode causar sérias complicações. O clareamento deve ser acompanhado e sempre orientado por um profissional. É válido lembrar que a técnica só deve ser realizada a partir dos 18 anos. Há um ano, a estudante Janaina Vieira, 23 anos, se submeteu ao clareamento dentário. O desejo de ter dentes mais brancos surgiu quando ela ainda tinha 18 anos. Naquela época, quando procurou um especialista, foi alertada que, por ela ser muito nova, o clareamento poderia danificar os esmaltes dos dentes. Mesmo com a informação de que o tratamento poderia lhe trazer problemas futuros, Janaina não desistiu de ter dentes mais brancos e, em 2010, pediu ajuda de outra dentista. Desta vez, a profissional não colocou restrições e a indicou o clareamento caseiro, pois este podia prejudicar menos do que o a laser. Feito os moldes da arcada dentária,

por pouco mais de um mês, Janaina era encarregada de fazer as aplicações à noite quando ia dormir. Apesar da sensibilidade que sentiu quando estava fazendo o tratamento, a estudante não reclama. “Era chato dormir com o molde na boca. Mas, com certeza, valeu o esforço. Depois que fiz o tratamento, com um sorriso mais bonito, ganhei muitos elogios dos amigos”, lembra. Apesar de sempre ouvir dizer que o resultado do clareamento a laser ser mais eficiente do que o caseiro, ela não se arrepende. Além do tratamento caseiro ficar cerca de R$ 400 mais barato do que o outro, ela também queria ficar com os dentes com os aspectos naturais. “Não queria que os meus dentes parecessem que eu tinha passado um corretivo. Ficou igual ao que sempre quis. Com certeza faria tudo de novo”, finaliza. Serviço Odonto Vitae SRTV- Centro Multiempresarial, Sala 120 – Asa Sul (61) 3202.2202 rodrigomiranda@odontovitae.com.br “Dizer que o clareamento enfraquece os dentes é mito”, diz Rodrigo

Serviço Hospital Pacini Dr. Edney de Resende SEP-SUL 715/915 Lt. A e B Brasília - DF (61) 3214.4777

PLANO BRASÍLIA 12 DE ABRIL DE 2011

51


Moda Produção: Camila Penha | Fotos: Divulgação

A elegância

da estação N

o inverno, sempre podemos aproveitar o frio para tirar aquelas peças mais pesadas do armário e nos arrumarmos com toda a elegância própria da estação. Para complementar o look e deixá-lo impecável, invista nos acessórios certeiros e na cor vermelha, uma das grandes apostas nos desfiles e editoriais.

Look Ortiga

Cardigã Dress To

Anel Accessorize Sapato Dress To

Saia Dress To

Bolsa Agiafatto

Óculos Chilli Beans 52

PLANO BRASÍLIA 12 DE ABRIL DE 2011


Blazer Dress To

Anel Accessorize

Saia Dress To

Look Avanzzo

Brinco Accessorize

Bota Agiafatto

Óculos Chilli Beans

Serviço Accessorize Shopping Iguatemi (61) 3577.5101

Bota Agiafatto

Agiafatto Gilberto Salomão (61) 3248.3142

Avanzzo ParkShopping (61) 3361.0331

Chilli Beans ParkShopping (61) 3234.2446

Dress To Brasília Shopping (61) 3326.1890

Ortiga SCLN 309 Bl. D lj. 20 (61) 3326.1890

PLANO BRASÍLIA 12 DE ABRIL DE 2011

53


Comportamento

Por: Veronica Soares | Fotos: Divulgação

Bruxaria nos tempos atuais

Adeptos das religiões pagãs vêm desmitificar a teoria das bruxas más

A

bruxa está solta. Até hoje, a frase pode causar espanto em muitas pessoas. Mas engana-se quem pensa que as bruxas estão ligadas ao mal. Mesmo por milhares de anos, em filmes e histórias de princesas, a figura das bruxas está sempre relacionada a um evento negativo. Em Brasília, grupos adeptos das religiões pagãs vêm contradizer essa teoria. Cultos aos deuses, rituais de agradecimento à lua e a chegada das estações do ano são comuns nas rotinas dos integrantes da religião wicca, que está ganhando cada vez mais adeptos na capital federal. Para os que não conhecem a Wicca, os seus seguidores esclarecem: é uma religião pagã que se baseia no culto à natureza e aos deuses de diversas épocas. É, por meio de festivais sazonais conhecidos como Sabás, relacionados aos ciclos solares, que os adeptos dessa religião celebram a vida e a morte. Em suas reuniões, eles meditam, dançam, agradecem, aproveitam para encontrar amigos e prestar suas homenagens às deusas. Já nos cultos dos ciclos lunares, os wiccanos se reúnem para agradecerem, conectarem com as divindades, fazer consagração e purificação do corpo e da mente. No imaginário das pessoas, as bruxas sempre foram representadas por

54

PLANO BRASÍLIA 12 DE ABRIL DE 2011

A bruxa wicca Willyane


uma velhinha de cabelos brancos, com um chapéu pontudo e roupas pretas. Têm vassouras para se transportarem e uma inconfundível verruga na ponta do nariz. Mas, segundo o publicitário Sandro Junqueira, 27 anos, seguidor da wicca, as bruxas e bruxos são bem diferentes da imagem propagada. Elas não têm nada de vassoura voadora, gato preto ou caldeirão. Atualmente, elas levam uma vida moderna e estão Rituais de agradecimentos e de estudos das mais próximas das pessoas do que bruxas modernas se imagina. Bem diferente das figunovo rumo. Por falta de espaço, são em ras que povoaram o imaginário das crianças, nos tempos atuais elas recor- apartamentos, casas e até em kitnetes rem até mesmo à internet, usando redes que os wiccanos se encontram. “Como sociais para marcar encontros, trocar vivemos na selva urbana, a burocracia saberes e receitas de bruxarias. “Se antes acaba complicando os rituais”, lembrou os ensinamentos eram passados de pais Sandro, que reclama das complicações para filho, hoje, até mesmo ingredientes para realizar os rituais nos Parques de das magias podem sem comprados Águas Claras e da Cidade. Outra bruxa moderna é a emprecom um clic de computador”, relata o sária Willyane Pessoa, 28 anos, mais publicitário que pode ser considerado conhecida como Diana Tala, dentro da um autêntico bruxo. Ele é sacerdote religião. Ainda na adolescência, aos 16 de terceiro grau, o mais avançado da anos, ela teve o primeiro contato com linhagem dos adeptos da Wicca. a Wicca. As primeiras informações E se Sandro soa um nome comum sobre a religião foram obtidas em sites para bruxo, dentro da religião ele atenda internet e blogs. Além disso, foi nos de por Roden Maellchwn Conall, uma livros de magias que encontrou resposhomenagem a deuses de outras épocas. Foi em 2002 que Sandro “Roden”, ta para a sua nova crença. “Depois da o caçula de uma família católica, teve primeira etapa dessa busca por inforo primeiro contato com a Wicca. Ele mações sobre a wicca, passei da parte conta que conheceu a religião pagã virtual para a parte social que foi fazer ainda quando morava em São Paulo, o contato com pessoas que gostavam por intermédio de uma prima. “A de magia”, relembra. primeira reação da minha família foi pedir para eu tomar cuidado O sacerdote Sandro (Roden) com esse tipo de “coisa”, lembra. Mesmo em Brasília, a bruxaria não foi deixada de lado. Na capital federal, ele é um dos lideres de grupo da religião e se reúne com outros seguidores para estudar os conhecimentos e praticar os rituais de culto aos deuses. Para os seguidores, o ideal é que todo ritual fosse feito direto na natureza. Se na antiguidade, os cultos aos deuses e deusas eram praticados em meio à floresta, em Brasília essas práticas também tomaram um

Segundo ela, sofreu preconceito por participar de uma religião pagã. Hoje, Willyane participa de um grupo familiar que promove estudos de Wicca e aprende sobre bruxaria. Toda lua cheia, o grupo sai para fazer suas magias e reverências às deusas em parques da cidade. Em 10 anos de caminhada, ela ainda é considerada uma aprendiz dentro da religião. Para os novos jovens que querem aderir a wicca, Willyane dá a dica. “Não é tão fácil quanto parece. É uma religião de busca de conhecimento, de estudos sérios que exige muita dedicação dos seus seguidores”, ressalta. Além da busca de conhecimento, ela dá o alerta principalmente aos pais de adolescentes. Pois, assim como ela, o apoio da família é fundamental na vida de estudos sobre a wicca.

Saiba mais Não se sabe ao certo quantos adeptos da wicca existem na capital federal. Para o grupo, a bruxaria é um assunto que tem que ser levado mais a sério do que imagina.Todos os cultos são voltados para a saudação à natureza e à celebração das mudanças climáticas. A bruxaria pode ter começado com as primeiras mulheres que observavam a natureza e descobriram a arte de plantar, colher e de olhar os céus para melhor fazê-lo e com os primeiros homens caçadores. A Wicca é uma religião neopagã, mística, iniciática e sacerdotal que tem seu culto destinado a um casal divino cósmico, criador e imanente. Tornou-se conhecida por meio de Gerald Brusseau Gardner (1884-1964) que, com os conhecimentos obtidos em diferentes sistemas ocultistas e ramificações de bruxaria, desenvolveu e compilou aquilo que viria a se tornar as bases da religião que se conhece hoje. Serviço www.antigoscaminhos.com.br contato@antigoscaminhos.com.br

PLANO BRASÍLIA 12 DE ABRIL DE 2011

55


Artes Plásticas

Por: Fernanda Azevedo | Fotos: Gustavo Lima

Beleza feminina

em telas

Curvas e nuances da mulher retratadas por artista plástico em Brasília

“U

ma mulher que é feita de música, luar e sentimento, e que a vida não quer, de tão perfeita. Uma mulher que é como a própria lua: Tão linda que só espalha sofrimento, tão cheia de pudor que vive nua”. Trecho do soneto de Orfeu, do consagrado poeta Vinicius de Morais. Se houvesse uma poesia que falasse das mulheres do artista plástico Antonio Mello, seria esse soneto. Elas são pintadas em tamanho real. Todas formosas, delicadas e nuas. São curvas, rostos, gestos e, principalmente, a beleza feminina harmonizada com a natureza. Talvez o retrato de Eva contemplando o Jardim do Éden em uma noite idílica. O artista plástico, pintor, escultor e restaurador Antonio Mello, sempre admirou a beleza feminina. Desde Recife, a capital pernambucana onde o artista nasceu, ele já retratava as mulheres. Conforme Mello, da paixão pela beleza feminina vem à inspiração para suas obras. “Embora retratadas nuas, não existe nenhuma falta de respeito”, assegura. “A mulher para mim representa muita coisa. Eu me sinto vivendo os dramas das muitas mulheres do Brasil

56

PLANO BRASÍLIA 12 DE ABRIL DE 2011

a fora, que me faz passar para tela a esperança de que possa existir algo melhor para elas”, revela. Mello começou a pintar aos 19 anos, sem nenhum curso sobre arte, apenas munido de talento e dos poucos conhecimentos sobre o assunto que tanto o atraía e que se tornou a sua principal profissão. “Sempre me considerei um autodidata ”, assegura. Antonio Mello é especialista na arte barroca, um estilo artístico que floresceu entre o final do século XVI e meados do século XVII. No Brasil, a arte barroca ganhou maior expressividade pelas mãos do mestre Aleijadinho, pelo luxo, esplendor e grandiosidade das obras sacras. E as peças de Mello têm o esplendor exuberante da arte barroca. São quadros, esculturas e painéis de tirar o fôlego de muitos apreciadores. Todas elas inspiradas no grande e famoso pintor italiano barroco, Caravaggio. Os trabalhos do artista pernambucano são sempre impactantes. Muitas vezes é um olhar chamativo que prende a atenção ou a suave beleza perolada da pele feminina acompanhada da natureza; um retrato como-


Passei a dar luz em fundos escuros até que surgiram as mulheres

vente de mulher que envolve o espectador da obra com a bela protagonista. Apesar de impactantes, Mello descarta o elemento vulgaridade. “Minhas obras não são agressivas. Eu desenho as curvas femininas, mas sempre cubro as partes intimas”, ressalta. Com veia artística sempre aflorada, além de pintor, o pernambucano também já foi bailarino. “O balé fez aflorar a minha sensibilidade. Tanto que decidi virar pintor”, conta. Conforme ele, no começo enfrentou muitas críticas e sofreu muitos preconceitos, principalmente da família, mas por amor à arte superou tudo. No começo de sua carreira, Mello costumava pintar cavalos em fundo branco com tinta a óleo. As telas, que segundo o artista pareciam vivas, tiveram boa aceitação e todas foram vendidas. Mas, em pouco tempo, a tinta a óleo foi trocada pela acrílica devido a uma intoxicação. Com a mudança e até a adaptação, Melo informa que várias telas foram rasgadas para que ele acertasse a mão e descobrisse seu estilo certo. “Passei a dar luz em fundos escuros até que surgiram as mulheres”, relata. Visceral no que faz, o artista costuma se entregar com intensidade e sentimento a todos os seus trabalhos.

Segundo ele, até quando vai restaurar uma obra, se sente muito ligado à mesma e aos donos dela. “Eu sempre procuro ver a data, a época e o estilo da obra para poder realizar os reparos”, assegura. As obras de Antonio Mello estão espalhadas pelo mundo. “Meus quadros já foram parar até na Inglaterra”, conta. Em Recife, Antonio é bastante conhecido. Quando saiu de lá, deixou sua tão amada galeria para tentar a sorte em Brasília. Há um ano e seis meses na cidade, Antonio já restaurou várias obras e tem muitas encomendas de quadros. No momento, planeja se dedicar a dar classes de pintura. “Meu objetivo é ajudar pessoas a aprimorar suas artes”, revela. Serviço Restaurador geral de obras de artes - Antonio Mello restauradormello@gmail.com Tel.: 61.8206.5317 | 81121311*

PLANO BRASÍLIA 12 DE ABRIL DE 2011

57


Música

Por: Fernanda Azevedo | Fotos: Gustavo Lima

58

PLANO BRASÍLIA 12 DE ABRIL DE 2011

O


sambadeCacá

A mistura perfeita do novo e do velho da MPB

E

le chega boêmio, senhor boa praça, cheio de conversa sobre o choro e o samba. Um autentico amante da Música Popular Brasileira, com o samba no pé e viola no coração. “Um estilo mais clássico”, explica ele. “Uma mistura da velha e boa musica de Noel Rosa, Paulinho da Viola - seus ídolos -, com o seu próprio, contemporâneo. Ele toca de tudo, blues, samba, choro, forro e frevo. Não descrimina nenhum estilo musical, embora sua preferência esteja no samba. O seu samba é apelidado de pós- antigo. Um samba de raiz com estrutura dos arranjos musicais mais modernos. Carlos José Pereira da Silva mais conhecido como Cacá Pereira, era publicitário. Cantava nas reuniões de família e em confraternizações como hobby. A atividade se tornou séria quando Cacá fez um show no Feitiço Mineiro, tradicional bar de Brasília. “Por incentivo de uns amigos fiz um show lá e fiquei fascinado com a reação das pessoas”, conta. Então, aos 40 anos, Cacá resolveu se dedicar inteiramente à música, sua paixão. E o que antes era brincadeira de viola em roda de amigos deu tão certo, que em 2006, Cacá lançou o seu primeiro CD, independente e totalmente autoral, intitulado: “E o mundo era o céu”. Atualmente, Pereira está estudando música na Escola de Choro de Brasília. Ele considera que aprender choro é a base da musica brasileira. “A musicalidade do nosso país está permeada de choro. A raiz harmônica, a herança é do choro”, conta. Ele acredita que a musica brasileira é a melhor do mundo e estudar choro, que é a base, é um privilegio. “O brasileiro é musico alma, e eu tenho a oportunidade de me aperfeiçoar”, assegura. Cacá já participou de vários eventos e festivais, e com um sorriso no rosto, conta como ganhou o 1° lugar no

Pereira

Fast CUT 2007, o primeiro Festival de Música Popular da Central Única dos Trabalhadores. O musico ganhou o festival com o samba inquietação, que posteriormente foi muito tocado nas rádios de Brasília. E foi a composição da vitoria que inspirou o 2º CD, que ainda não está no mercado. O novo disco se chamará Inquieto. Mas as aventuras de Cacá não param por ai. Futuramente, ele vai apresentar o programa “Talentos” na TV Câmara. Como ele mesmo diz, se sente inquieto. Sempre quer estar fazendo novas músicas e se apresentar em novos palcos. Para Cacá, Brasília é um celeiro de bons artistas e que neste momento, abre as suas portas para o samba. “Esta cidade é um terreno fértil. Lugar de música maravilhosa. A qualquer lugar que você vá tem um músico bom”, observa. Para o cantor, quem quer fazer carreira na cidade tem que ser eclético. Não pode ter preconceito com nenhum estilo musical. “Eu sou um compositor de muitas vertentes. Tenho as minhas preferências, mas eu percebo que quanto mais universal for a música, as chances de sucesso em um terreno como Brasília são maiores”, diz. Cacá assegura que o samba está em ascensão em Brasília. “O samba e o choro estão em um bom momento na cidade. Aqui tem várias rodas de samba. Existem compositores muitos bons na capital”, conta. Para ele, o samba esta acontecendo em Brasília, uma cidade que antes não era auto-suficiente para algumas vertentes culturais. “Nós estamos percebendo uma efervescência em direção ao samba. E eu faço parte dessa mudança”, acredita.

O samba e o choro estão em um bom momento na cidade. Aqui tem várias rodas de samba. Existem compositores muitos bons na capital

Serviço Cacapereira.compositor@gmail.com (61) 8415.4801

PLANO BRASÍLIA 12 DE ABRIL DE 2011

59


Gastronomia Por: Veronica Soares | Fotos: Gustavo Lima Berg Silva

tradicional espetinho de frango ganhou nome e um toque especial: o “Espeta a franga”, feito com queijo coalho, pimentões coloridos, servido com exclusivo molho de chope Devassa Negra e cebolas empanadas. O petisco “Aí tem truta” pode dar uma leve ideia do que seja o aperitivo: uma truta gralhada ao molho de camarão com arroz de brócolis e batatas empanadas com casca. Os clientes ainda podem saborear o Carnuda, uma fumegante frigideira de filé ao molho roti com cubos de cebola, salsa, queijo derretido e aipim crocante; o Salmão boba, peixe grelhado com manteiga de alho poró à parte, arroz sete cereais à primavera e creme de espinafre e o surpreendente Porteña, picanha fatiada na chapa servida com batata Devassa, farofa de bacon e molho à campanha.

60

PLANO BRASÍLIA 12 DE ABRIL DE 2011

PH Photo Studio PH Photo Studio

O

s amantes de uma cerveja gelada acompanhada de saborosos petiscos agora vão poder contar com mais uma opção em Brasília. A capital federal ganhou no último mês de março, a sua primeira unidade da Cervejaria Devassa, marca carioca e forte nome do segmento de bares no país. A Cervejaria, que figura hoje como um dos mais descolados points do Rio de Janeiro, foi instalada na 409 Sul pelas mãos do empresário Bruno von Sperling. Localizada em área nobre da cidade, o espaço tem tudo para tornar-se uma sensação entre os amantes de uma boa cerveja. Desde os chopes e petiscos, passando por um serviço diferenciado e ambiente confortável, configura a qualidade do empreendimento. O ambiente, decorado como uma cervejaria estilizada, aconchegante e sofisticada, oferece cerca de 220 lugares para bem acomodar os clientes. O chope da Devassa, de fabricação própria, tem cinco versões exclusivas: Sarará, à base de malte de trigo; Ruiva, fabricado com uma mistura de maltes especiais e lúpulos importados e de coloração avermelhada; Loura, Pilsen clara com sabor levemente amargo e refrescante; Negra, extremamente cremosa e com sabor e aroma de malte torrado; e o Índia, de elevado teor alcoólico de 6%. As cervejas, que também deram fama à casa, estão disponíveis nas versões Loura, Ruiva e Negra. A Cervejaria também comercializa as long necks Loura, Ruiva e Negra. Além do cardápio de bebidas exclusivas da Devassa, o bar oferece outras bebidas como a caipirinha e coquetéis variados. Mas como diz o ditado, toda cerveja merece um bom petisco, o cardápio de guloseimas do bar não podia deixar a desejar. Uma das atrações é o Primerão: costela premium, tenra e dourada por fora, finalizada na chapa e servida com manteiga de alecrim. No local, até mesmo o

PH Photo Studio

Cervejaria Devassa

Serviço Cervejaria Devassa 409 Sul, Bloco C, Loja 6 (61) 3442-1169. De terça a domingo, a partir das 17h.


são ao molho de pimentas verdes e queijo roquefort. Se os pratos citados já deram água na boca, o cliente ainda pode pedir o Gamberoni: feito com camarões ao molho de briè, mel e amêndoas. Com um toque agridoce – graças ao efeito crocante das amêndoas – saborear este prato pode levar o cliente a uma experiência indescritível. Além da boa comida, o espaço oferece um cardápio de bebidas de primeira linha. Para fechar o almoço ou o jantar, o cliente pode saborear uma bebida de qualidade. A adega climatizada oferece mais de 150 rótulos especiais. Tudo isso regado ao prazeroso som de jazz. O restaurante é aberto de terça a sábado das 12h às 15h para o almoço e das e19h a 00h para o jantar. Já aos domingos, das 12h às 16h.

La Benedicta Bistrô

O

restaurante La Benedicta Bistrô renasce em Brasília com renome de cozinha internacional. Com dois anos de existência, o restaurante que estava fechado para reforma desde dezembro do ano passado, reabriu no último dia 29 de março para levar aos seus clientes uma rica culinária baseada na cozinha mediterrânea com influência italiana. Com receitas próprias, todas assinadas pela chef de cozinha e sócia do espaço, Ana Stellato. Ana tem o verdadeiro dom de transformar receitas simples em pratos sofisticados com sabores únicos. Ela fundou o restaurante há dois anos e hoje conta com a parceria do chef de cozinha Leonardo Martins. Com um novo visual, o restaurante ganhou uma varanda coberta e um bar, onde são servidos drinques e coquetéis especiais. Além disso, o ambiente interno dá um verdadeiro show de bom gosto: a decoração do espaço foi escolhida a dedo pelos proprietários. O charme do restaurante fica por conta das cadeiras exclusivas assinadas e pelas taças diferentes e coloridas que ficam expostas sobre as mesas. Além do requintado espaço, como não poderia deixar de ser, o principal atrativo do restaurante é a gastronomia única. Entre as criações da chef, o cliente pode fazer uma viagem gastronômica pelo saboroso Espaguete Negro. O prato é feito com o legítimo macarrão tingido com tinta de lula, ao molho de frutos do mar e açafrão espanhol. Uma sensacional revolução de sabor. Já para os que preferem carnes vermelhas, podem se deliciar com o apetitoso Filé Alto. O prato preparado com o filé mignom de 300 gramas, vem acompanhado do delicioso risoto de parme-

Serviço La Benedicta Bistrô SQN 413 Bloco C (61) 3033.8500

PLANO BRASÍLIA 12 DE ABRIL DE 2011

61


Teatro

Por: Tássia Navarro | Fotos: André Katopodis

O Bosque Obra da década de 70 antecipa questões e dilemas contemporâneos

O

Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) apresenta, de 14 de abril a 8 de maio, a peça “O Bosque”. A estréia nacional do texto teatral, inédito no Brasil,é de autoria do norte-americano David Mamet, um dos mais importantes dramaturgos contemporâneos vivos. Autor de obras como “Edmond”, "Perversidade Sexual em Chicago" e “Oleanna”. Escrita em 1979, a peça gira em torno do relacionamento de Ruth e Nick, um jovem casal, de 25 e 30 anos, que passa um fim de semana em uma casa no campo, em frente a um lago. A relação do casal se põe à prova longe da cidade, diante da evidente incapacidade de comunicação entre eles e deles para com o mundo. O texto, apesar de escrito décadas atrás, se mostra bastante atual e se refere a temas que caberiam perfeitamente aos jovens adultos de hoje, a chamada “geração Y”, a primeira que já nasceu se comunicando por meios eletrônicos. Boa parte do público que assistirá e até mesmo os protagonistas da peça ainda não haviam nascido quando o texto foi publicado. Porém, problemáticas enfrentadas por eles como se afirmar, se identificar e agir, a paixão e a energia que nunca se traduzem na real capacidade de se entender e a procura vã de um sentido para existência são retratados na obra. “O Bosque” é avaliado pela crítica como um dos resultados mais altos da obra de Mamet, enquadrado dentro do estilo “new realist” americano. A linguagem naturalista, contexto e diálogos, são construídos pelo autor sobre uma intrigante rede de símbolos e metáforas escondidas atrás de ações e palavras minimalistas, frases interrompidas e inquietações. A equipe reunida no projeto é formada por jovens profissionais que se destacam no cenário nacional das artes cênicas, pela dedicação à pesquisa e realizações

62

PLANO BRASÍLIA 12 DE ABRIL DE 2011

de projetos que exploram o diálogo entre linguagens artísticas e a dramaturgia contemporânea, desde o início dos anos 2000. A direção de “O Bosque” é de Alvise Camozzi (indicado em 2009 ao prêmio Bravo!) e o elenco é composto por Bruno Kott e Cristine Perón, jovens atores com experiências relevantes em teatro, cinema e televisão. A equipe artística se completa com profissionais premiados no campo das artes: o cenógrafo William Zarella Jr. (prêmio Cannes - publicidade), o iluminador Guilherme Bonfanti (prêmios Shell e APCA) e a figurinista Marina Reis (prêmios FEMSA e Avon Colors). A produção é de Rachel Brumana, produtora e curadora responsável por espetáculos e exposições que receberam oito indicações aos mais importantes prêmios nacionais nos últimos três anos. Mamet é um cultuado artista poliédrico (além de dramaturgo e roteirista é também ator, diretor, romancista, ensaísta e blogger) e um dos autores mais prolíficos e ecléticos da atualidade, celebrado e discutido pelo público e crítica dentro e fora dos Estados Unidos. No teatro, Mamet se distingue por um estilo peculiar em que a construção dos diálogos é o ponto mais forte. “O Bosque” estará em cartaz no Teatro II do CCBB de quinta a domingo. Serão realizadas 17 apresentações em Brasília. A peça também será apresentada, posteriormente, no CCBB de São Paulo e Rio de Janeiro. Serviço Centro Cultural Banco do Brasil SCES, Trecho 2, Cj. 22, Teatro II (61) 3310.7087


Música Erudita

Bohumil Med*

O Hino Nacional Brasileiro “E mbeyba Ypiranga sui, pitúua, / Ocendu kirimbáua sacemossú.” Calma, cara pálida! O que você acabou de ler são os primeiros versos do Hino Nacional Brasileiro na língua tupi. Segundo os dicionários, hino é um cântico, poesia ou poema em honra de divindades, heróis ou glórias nacionais. Classificam-se também como hino obras musicais de concerto de caráter sublime, como é o caso da Missa Solene de Beethoven. Na liturgia da igreja, são cânticos de louvor a Deus e fazem parte do ofício divino desde o século IV. Os hinos nacionais são inspirados em feitos patrióticos e, como a Bandeira Nacional, fazem parte dos símbolos de uma nação. Os hinos mais conhecidos são “God save the King”, da Inglaterra; “The Star-Spangled Banner”, dos Estados Unidos; “Deutschland über alles, da Alemanha; “A Marselhesa”, da França ou “A Internacional”, do Movimento Socialista, posteriormente adotado na versão russa pela antiga União Soviética.

O NOSSO HINO Conhecido originalmente como Hino Sete de Abril, nosso hino tinha letra alusiva ao Império. Muitas são as controvérsias sobre sua história. Diz o historiador brasileiro Guilherme de Melo: “Foi composto por Francisco Manuel da Silva em abril de 1831 por ocasião da abdicação, e executado

entre girândolas de foguetes e vivas entusiásticos no dia 13 de abril de 1831, na ocasião em que suspendia a âncora a fragata que deveria transportar, para Paris, Dom Pedro, Dona Amélia e toda a família real.” Em 1841, quando da coroação de D. Pedro II, Francisco Manuel compôs outro hino que chegou a ser confundido com o nacional. Anos depois, com o advento da Proclamação da República, em 1889, instituiu-se concurso para um hino republicano, vencido por Leopoldo Miguez. Esse hino, entretanto, não encontrou apelo popular. A disputa terminou com um decreto de 20 de janeiro de 1890 que proclamou o primeiro hino de Francisco Manuel da Silva como o Hino Nacional Brasileiro. Durante muitos anos, foi executado apenas por bandas e orquestras como música instrumental. A letra, de autoria de Joaquim Osório Duque Estrada, só foi oficializada em 6 de setembro de 1922. O hino composto por Leopoldo Miguez é o que conhecemos como o Hino da Proclamação da República. Tem o seguinte estribilho: “Liberdade! Liberdade! /Abre as asas sobre nós /Das lutas, na tempestade / Dá que ouçamos tua voz”. A letra é de Medeiros e Albuquerque. A lei que rege o Hino Nacional determina a tonalidade, a velocidade, a ocasião para execução e a postura dos ouvintes. Ao mesmo tempo proíbe

outros arranjos como, por exemplo, o cantado por Fafá de Belém no comício das Diretas Já! Ainda assim, freqüentemente surgem movimentos tentando modificar ou criar outro hino. Houve até um concurso vencido pelo compositor brasiliense Jorge Antunes, com letra de Reynaldo Jardim, poeta brasiliense falecido recentemente, que não ganhou força.

OUTROS HINOS O Brasil é rico em hinos oficiais. Além do nacional e o da República, executam-se freqüentemente o Hino à Bandeira Nacional, de Francisco Braga e Olavo Bilac e o Hino da Independência, composto por Dom Pedro I com letra de Evaristo da Veiga. Apesar das dificuldades ao cantar, o Hino Nacional, forte, contagiante e incisivo com a incomparável melodia, tem o poder de fascinar, comover e entusiasmar os brasileiros (e até estrangeiros) onde quer que estejam. Considerado um dos mais bonitos e alegres do mundo, dificilmente encontrará paralelo na história da música pátria. Neste 13 de abril, data em que se comemora o seu dia, nosso hino completa 180 anos. Merece, pois, muito respeito e aplausos. *Bohumil Med Professor emérito da Universidade de Brasília. Com a colaboração de Regina Ivete Lopes

PLANO BRASÍLIA 12 DE ABRIL DE 2011

63


Mundo Animal

Por: Larissa Galvão | Fotos: Victor Hugo Bonfim

Um amigo que custa

caro para

o bolso

64

PLANO BRASÍLIA 12 DE ABRIL DE 2011

Despesas podem chegar a R$ 300 mensais

A

paixão do brasileiro por animais de estimação já faz do Brasil o segundo maior mercado do mundo no número de cães e gatos. A companhia gratificante e o afeto desinteressado são apenas alguns dos fatores que levam as pessoas a buscarem por um bichinho. Ter um cãozinho é a garantia de uma companhia e fidelidade. Já diz o ditado que o cão é o melhor amigo do homem, por isso, geralmente, as famílias incluem o animal como membro. Os donos de cães gostam de exibir os animais impecáveis e não medem valor para isto. Os preferidos são os cachorros de raças. Alguns com um valor mais elevado do que outros. E existem vários motivos que levam algumas raças de cães serem tão caras. O maior deles é o fato da raça não ser tão popular em determinado estado ou país. Um animal adquirido com maior dificuldade e preço será supervalorizado e seus filhotes serão caros. O veterinário Eder Rodrigo, 31 anos, indica procurar saber em qual estado existem mais canis da raça que procura. “Onde há maior competitividade, há melhores preços”, salienta. O especialista explica, ainda, que um cão criado com mais atenção e seriedade também costuma ser mais caro, pois o dono se preocupa com o bem-estar do animal. “O cão tem toda assistência necessária à sua saúde, ração de boa qualidade, vermífugo e vacina. Além de oferecer certificado de pureza da raça que é o pedigree CBKC”, lembra. Conforme o veterinário, existe raças que possuem um processo de


procriação complicado e que a matriz dá poucos filhotes, como exemplo as de raças minúsculas. E tem aquelas que precisam de cuidados especiais como cesárea e inseminação artificial. É o caso do Bulldog Inglês, que sempre necessitará de cesariana para o nascimento dos filhotes. Contudo, Eder alerta que “nem sempre o caro é sinônimo de perfeição. Por isso é tão importante que se conheça as proporções corretas da raça para ter a satisfação de adquirir um legítimo exemplar da espécie com o melhor preço possível”. A cadelinha Judie tem quatro anos e é o xodó das irmãs Andressa, 23, e Roberta Fontana, 25 anos. Elas gastam em média R$ 120 por mês com banhos, ração e mimos com o animal. “Ela é o nosso bebezinho”, garante dengosa Andressa. Dados da Associação Nacional dos Fabricantes de Alimentos para Animais de Estimação (Anfal Pet), mostra que os gastos com um cãozinho de estimação podem chegar a cerca de R$ 300 mensais, incluindo despesas com banho, tosa, alimentação, medicamentos, veterinários e acessórios. “As despesas variam conforme o perfil do dono. Tem pessoas que gastam muito com acessórios como camas, roupas e enfeites. Já outras, só gastam com o básico como veterinário e alimentação, o que pode reduzir um pouco os gastos. Além disso, no caso de cães, ainda há o tamanho, a idade e o peso que fazem com que o animal coma mais ou menos, o que também pode influenciar nos gastos”, garante o veterinário.

Cão mais caro do mundo vale mais de R$ 2 milhões Hong Dong não é para qualquer um. O belo mastife-tibetano se tornou o cachorro mais caro do mundo ao ser comprado por R$ 2.531.000,00 (cerca de 10 milhões de iuanes, a moeda chinesa) por um barão do carvão do norte da China. O alto valor pago pela mascote é um sinal de que mastifes-tibetanos se tornaram sinônimo de status entre os super-ricos da China. Além de a cor vermelho ser associada à sorte, no país, animais dessa raça são conhecidos como sagrados, capazes de abençoar seus donos com saúde e segurança.

PLANO BRASÍLIA 12 DE ABRIL DE 2011

65


Jornalista Aprendiz Por: Bibiana Rockstroh

Basquete A

e Superação

lgumas pessoas que adquirem deficiência quando criança, ou mesmo quando adultas, se entregam à depressão. Por não terem, na maioria das vezes, apoio de familiares e amigos, acabam entrando no mundo das drogas, pois é um meio que encontraram para amenizar a solidão, os problemas e esquecer dos preconceitos. Antônio de Oliveira Rodrigues é exemplo disso. Ao completar um ano e três meses de idade ele contraiu a poliomielite porque a mãe não o levou para tomar a vacina Sabin. Por conta disso, “Boi”, como é chamado pelos amigos, ficou paralítico. E, após cirurgia e sessões de fisioterapia no Hospital Sarah Kubistchek, recuperou parte dos movimentos das pernas. Mesmo com os tratamentos e o nascimento da filha, que hoje tem quatro anos, Antônio não con-

seguiu sair das drogas. Todo dinheiro que ganhava em seu trabalho, na Associação dos Deficientes de Planaltina-DF consertando e fazendo manutenção das cadeiras de rodas, gastava com os vícios e nada sobrava para comprar comida e roupa para a menina, e nem mesmo para si. Todavia, a vida de Boi mudou. Há mais de três anos, Enílson da Silva, técnico do time Comissão Jovem Gente como a Gente, o ajudou a sair de um mundo que acreditava não ter volta. Antônio se diz completamente livre das drogas. Hoje, além de jogar basquete, ele pratica tênis de quadra, corrida e natação. O atleta transformou a vida e deu nova chance para si. Ao contrário de dois amigos, que morreram por envolverem-se com drogas e gangues. Para Boi, se não fosse o basquete ele estaria preso ou morto. . Emerson da Silva Rosa, outro integrante do grupo, diz que foi uma bênção ter ficado paralitico, pois descobriu outras formas de viver e que sempre enxergou a vida como se não fosse deficiente. Assegura que a deficiência torna-o anormal, mas que faz coisas que pessoas “normais” não fazem. Como por exemplo, jogar basquete em cadeira de rodas. “Poucos tem a habilidade que nós temos em quicar a bola. Tocar a cadeira e fazer o arremesso”, garante. Mas para que pessoas como o Antonio e o Emerson continuem fazendo progresso e se superando cada vez mais, falta incentivo. As dificuldades são inúmeras, tanto por parte do governo quanto pela falta de patrocínio da equipe. Exemplo dessa ausência de subsídio é a dificuldade de locomoção dos jogadores, já que não há condução para transportá-los. E por não possuírem, acaba por depender de ônibus. A demora do coletivo e a falta de acessibilidade nos mesmos prejudica em muito o ir e vir de toda a equipe.


GENTE COMO A GENTE Os atletas que praticam bas¬quete sobre cadeira de rodas têm histórias de luta e superação, e quem se junta ao time, tem sede de viver. Procuram no esporte uma forma de se reapresentar à sociedade como pessoas capazes de vencer e quebrar preconceitos através de títulos, troféus e medalhas. Além disso, exibem condicionamento físico de dar inveja a qualquer atleta dito “normal”. Acompanhada dessa visão, a Comissão Jovem Gente como a Gente é uma das instituições que se organiza para mostrar as pessoas, consideradas “normais”, que os deficientes têm capacidade de ter vida independente. E, aliado às suas ações, tem o basquete como carro chefe, visto que o esporte é o mais difundido entre os esportes adaptados. A Comissão Jovem Gente como a Gente é uma

equipe com jogadores campeões em potencial e que sobrevivem sem patrocínios e nenhum deles tem remuneração para a prática do esporte. Os ganhos que eles têm são por outras atividades. O ICEPBRASIL, diferente do time da Comissão Jovem, tem patrocínio da Volkswagen Caminhões e Ônibus e do Ministério dos Esportes e praticam o esporte por profissão, ganhando salários e contando com toda a infraestrutura necessária para se tornar um time campeão, como ocorreu no último Campeonato Regional do Centro-Oeste realizado de 18 a 21 de abril, do ano passado. Os dois times, apesar das diferenças que apresentam no que se refere a infraestrutura e ganhos salariais, buscam a integração de deficientes na sociedade e o combate ao preconceito, fazendo dos lesionados “gente como a gente”.

Serviço Bibiana Rockstroh é estudante do 8° semestre de Jornalismo do UniCeub

PLANO BRASÍLIA 12 DE ABRIL DE 2011

67


Propaganda e Marketing

Carlos Grillo*

PROCURA-SE T

oda vez que encontro estudantes de comunicação uma mesma pergunta sempre aparece: “Como faço para conseguir um estágio?”. Aproveito a chance e desando a falar sobre o tipo de profissional que procuro e do qual o mercado carece. Meus interlocutores ouvem com aparente atenção, mas a ficha cai para poucos. Se me permite arriscar uma estatística, diria que um em cada mil percebe o caminho. Com efeito, busco aquele profissional que, ao entrar na agência, comporte-se como o dono e não como um empregado. Se por um lado a oferta de mão-de-obra (e de vagas) nunca esteve tão farta, por outro, as empresas padecem com a falta de líderes. Compartilho aqui, cinco lições que contribuíram para a minha formação. Espero que sejam úteis também para você:

1 – Aproveite a faculdade para aprender a pensar É muito comum encontrar quem defenda a inclusão de disciplinas mais técnicas nos cursos de comunicação e marketing. Aulas de Photoshop, Excel, Corel Draw, Word, Ilustrator e Indesign, por exemplo. Seria uma forma de aproximar a academia da realidade do mercado, dizem. Eu discordo. Não precisamos de usuários avançados de softwares. Precisamos de pessoas com capacidade de analisar problemas, propor soluções e conduzir projetos. Profissionais com visão de mundo e senso crítico. O conhecimento instrumental tem sua importância, é claro, mas o que fazer com ele sem uma ideia? Aproveite sua faculdade para estudar filosofia, sociologia, história, psicologia, administração, antropologia e outras áreas de conhecimento capazes de prepará-lo para a vida e não para um emprego.

68

PLANO BRASÍLIA 12 DE ABRIL DE 2011

2 – Dedique-se à gestão do seu tempo Hoje, mais do que nunca, um profissional precisa executar inúmeras tarefas dentro de prazos cada vez mais curtos. Para isso, é fundamental estudar, buscar referências e atualizar-se sempre. Você ainda precisa cuidar da sua vida social – sim, é necessário ter uma – e dedicar-se à família e aos amigos. Como é possível fazer tudo isso em exíguas 24h? A resposta é simples: disciplina. Planeje seu dia e mantenha o foco. Crie sua agenda e seja rígido com seus compromissos. A oferta de tentações para lhe tirar do rumo é enorme. Tem uma música muito divertida do Zeca Pagodinho que diz: “nessa vida, o que não falta é tatu disposto a levar você para o buraco”. A escolha é sua.

3 – Pense de forma multidisciplinar e multiplataforma A internet, as redes sociais, os smartphones, os tablets, a TV Digital e outras tantas tecnologias reinventaram, de modo abrupto, as relações humanas. Tanto as afetivas, quanto as comerciais. A comunicação e o marketing, mais sensíveis a esse movimento, acusaram o golpe. Os modelos tradicionais de negócios dobraram o joelho e foram ao chão. Os profissionais que não acompanharam as mudanças caíram juntos. Vive-se agora um momento ímpar de oportunidades para quem deseja entrar no mercado. Desde que você esqueça essa história de online, off line, bellow the line, across the line e outras linhas. As portas estão abertas para quem pensa de modo multidisciplinar e executa em multiplataformas.

4 – Seja propositivo sempre Empresas são organismos vivos. Às vezes, elas adoecem e precisam de cui-

dados. Depois, voltam a ficar saudáveis e crescem. Novos problemas surgem. E assim, elas seguem, cada uma com seu ciclo de vida todo particular. Ao contratar um profissional, o empreendedor espera que essa pessoa entenda o ecossistema em que a agência está inserida e contribua para melhorá-lo. Para isso, é imperativo conhecer as fraquezas da empresa e, sobretudo, propor soluções para superá-las. Aquele profissional que, dedo em riste e cara amarrada, só aponta os problemas, acaba por tornar-se um.

5 – Seja o primeiro a chegar e o último a sair Essa é uma hipérbole muito ouvida nas agências de alto nível, onde a concorrência por uma simples vaga de estágio chega a níveis insalubres. Desconte o exagero e reflita sobre o conceito. Quer um lugar nas principais agências do país? Trabalhe duro. Mas, faça isso por você. Pela sua carreira. E não pela empresa. Fecho com uma história do vasto folclore publicitário. Certa vez, um empregado não muito afeito à labuta, reagiu à bronca do patrão workaholic: “Você trabalha assim porque você é o dono”. O preguiçoso foi demitido na hora e levou para casa a seguinte resposta de troco: “Eu não trabalho assim porque sou o dono. Eu sou o dono porque eu trabalho assim”. O patrão desse caso, segundo consta, era o baiano Nizan Guanaes.

Até semana que vem. *Carlos Grillo Sócio Diretor da Monumenta Comunicação e Estratégias Sociais Email: grillo@monumenta.com.br Twitter: @carlosgrillo


PLANO BRASÍLIA 12 DE ABRIL DE 2011

69


Vinho

A

Antônio Duarte*

Chile um destino cobiçado

pós o grande terremoto que devastou parte do Chile houve uma expressiva perda de vinhos que, segundo a Wines of Chile, atingiu a casa dos 125 milhões de litros, o equivalente a uns US$ 250 milhões, principalmente, nas regiões de Maule, Colchagua Casablanca e Maipo. O país vem se recuperando. No carnaval fui ao Chile. Visitei algumas vinícolas e pude comprovar esse retorno à normalidade. Em San Antonio, perto de Casablanca, ao chegar encontrei Dona Maria Luz Marin, a proprietária da Vinícola Marin trabalhando no campo. Nem parecia que estava diante de uma das maiores enólogas do Chile. Fizemos uma degustação dos melhores vinhos e conforme ia falando dos vinhedos e produtos, e do desafio que estava enfrentando, parecia que aquela pequena mulher, crescia e os olhos brilhavam cada vez mais. Pioneira no Vale de San Antonio, que tem um clima especial para as chamadas uvas de clima frio como Sauvignon Blanc e Pinot Noir, Maria Marin já ganhou um prêmio com seu Pinot Noir “Lo Abarca 2004”, considerado o “Melhor Pinot Noir do Mundo” no concurso de Pinot Noir na Suíça em 2007. Maria Marin é uma visionária. Apesar de todos os conselhos contrários dos grandes especialistas chilenos, apostou na terroir da pequena cidade de Lo Abarca, a apenas 4 km do mar, no Valle de San Antonio. Foi a primeira mulher a trabalhar na produção de vinhos em seu país e atualmente, a única mulher fundadora e proprietária de um vinhedo no Chile. Seus vinhos, como não podiam deixar de ser, são femininos e estão entre os melhores de todo o Chile. Aclamados pela crítica chilena e internacional. Lá tivemos a oportunidade de degustar os melhores vinhos, que segundo Patrício Tapia, autor do Guia Descorchados de 2008, declara: “você experimenta uma vez os vinhos da Casa Marin e não esquece nunca mais”. É a pura verdade. Os vinhos, mesmo os mais simples, são maravilhosos e inesquecíveis. Nossa visita foi Dia Internacional da Mulher (08.03) e essa foi a nossa homenagem. De lá, seguimos para a Viña Montes onde degustamos todos os vinhos, por eles elaborados e fomos brindados por um espetacular almoço. Uma gentileza da vinícola. Fomos recebidos pelo filho do saudoso amigo Douglas Murray, um dos proprietários e fundador da vinícola, que junto com Aurélio Montes foram os criadores dos vinhos chilenos de qualidade com o pioneiro Montes Alpha. Uma oportunidade para constatar a recuperação da indústria vinícola chilena.

70

PLANO BRASÍLIA 12 DE ABRIL DE 2011

A Viña Montes é um produtor de imenso prestígio que, segundo Hugh Jonson, é “The Best in Chile” e celebrado pela excelente e fantástica relação custo/benefício. Excluindo os topos de gama como Montes Folly Syrah, o melhor Syrah do Chile, de minúscula produção e o Montes Alpha “M”, que Robert Park atribuiu nota 92. Ambos rondam a casa dos 200 dólares no Brasil. O seu celebrado e excelente Purple Angel, um super Carménère está por 100 dólares. Os demais vinhos da linha Montes, Montes Alpha e Villa Montes são bastante acessíveis. No dia seguinte fomos à Haras de Pirque, espetacular bodega, uma das melhores do Chile, fundada pela família Matte em 2000, situada no Valle do Maipo, sub-região Pirque. Lá se encontra a Pirque, no Maipo Alto que é reconhecidamente uma das melhores do Chile para a produção de tintos e em especial a casta Cabernet Sauvignon. A vinícola moderna é operada por um elaborado sistema de gravidade, desde o recebimento das uvas até o engarrafamento na parte inferior. A sala de degustação, no interior da sala de barricas e o prédio da vinícola, foram construídos em forma de ferradura, demonstrando a paixão de Eduardo Matte por seus cavalos. Aliás, que cavalos! A sala de barricas é monumental. São 98 colunas que dão sustentação à parte central externa da vinícola, onde se encontra o chafariz que, de tão monumental, parece que estamos num Palácio Imperial. Atualmente, é considerada uma das melhores do Vale do Maipo e do Chile. Um corte de Cabernet Sauvignon com Carménère foi considerado, pelo “Guia Descorchados”, como o melhor do Chile. Degustamos o EQUUS, Sauvignon Blanc 2010 e o Carménère 09 da linha básica, o Haras Character intermediária e os Top’s Haras Elegance 2007 e o Albis 2005 (80% Cabernet Sauvignon + 20% Carménère) ambos de top de linha. À tarde, visitamos a Matetic, uma das mais inovadoras do Chile. Segue mostrando solidez e experimentando um estilo de vinho potente como o Sauvignon Blanc, ou alegres e frescos como o Corralillo, uma bela combinação de Merlot e Malbec. À noite, fomos jantar no Coco Loco em Providencia. Ficamos hospedados no Hotel Rugendas, Callao 3123, Las Condes, muito bem localizado em uma das melhores zonas de Santiago. *Antônio Duarte Presidente da filial brasiliense da Associação Brasileira de Sommeliers


PLANO BRASÍLIA 12 DE ABRIL DE 2011

71


Boa leitura com um bom café

Tá lendo o quê?

Locação, venda e assistência técnica de máquinas para café espresso Brasília: 106 Norte Bl.C Lj. 52 | Tel: 61.3033-1010 Goiânia: Rua 17 nº 64 - St Oeste | Tel: 62.3942 4588

Fotos: Divulgação

www.qualycream.com.br

Alyne Gomes

Eldo Gomes

Maria de Fátima Ferreira de Moraes Empresária

Marchand da Galeria Referência

Livro Gestão por competências e gestão por conhecimentos Autor Pedro Paulo Carbone, Hugo P. Brandão, João Batista D. Leite e Rosa Maria de Paula Vilhena Editora FGV

Livro Ministerio do Silêncio

Livro A Cabana

Livro Sete dias no Mundo da Arte

Autor Lucas Figueiredo

Autor William P. Young

Autor Sarah Thornton

Editora Record

Editora Sextante

Editora Agir

Este livro procura enfrentar tratando de forma didática seus conceitos, modelos, experiências em outros países e temas como aprendizagem organizacional, capital intelectual e perspectivas para a área. “Estou achando o livro muito interessante, pois lido diariamente com funcionários e essa obra está ajudando muito no meu dia a dia. Um dos obstáculos que vejo no mercado do varejo é encontrar profissionais comprometidos e com pretensão de um plano de carreira dentro da empresa. Por isso, busco informações que possam me orientar na busca por profissionais”, diz Alyne Gomes.

O livro é uma excelente obra para formadores de opinião e profissionais ligados a área política. Ele aborda bem quem são os “inimigos” do estado, e, o que os vários presidentes brasileiros estiveram investigando ao longo da história política do país. Além disso, fala sobre as agências de investigação brasileira, e, coloca o ex-presidente Lula, como “o inimigo”, assim, a obra revela segredos que ninguém jamais quis comentar. “Vale a pena a leitura, e, com certeza abre os olhos em relação a nossa ‘democracia’”, diz.

A filha mais nova de Mackenzie Allen Philip foi raptada durante as férias em família e há evidências de que ela foi brutalmente assassinada e abandonada numa cabana. Quatro anos mais tarde, Mack recebe uma nota suspeita,aparentemente vinda de Deus, convidando-o para voltar a cabana. O que encontra lá muda sua vida para sempre.Num mundo em que religião parece tornar-se irrelevante,“A Cabana” invoca a pergunta:“Se Deus é tão poderoso e tão cheio de amor, por que não faz nada para amenizar a dor e o sofrimento do mundo?”As respostas encontradas por Mack surpreenderão você e, provavelmente, o transformarão tanto quanto ele.

É uma obra muito interessante, especialmente para quem trabalha ou se interessa pelo universo das artes plásticas.A autora é uma respeitada crítica na Inglaterra, neste caso, ela fez uma pesquisa profunda em sete segmentos do mundo da arte: bienais, feiras de arte, leilão, crítica de arte, visita ao ateliê, revista e publicações especializadas e premiações. Muito crítica em determinados pontos, a autora não foge do debate e aprofunda bastante cada assunto abordado por ela. Quando ela fala de feiras de arte, comenta o aspecto teatral que existe no relacionamento entre colecionadores, artistas e marchands, em que todos querem demonstrar conhecimentos e se valorizar.

Proprietária da Dress To

72

PLANO BRASÍLIA 12 DE ABRIL DE 2011

Blogueiro

Onice de Oliveira


PLANO BRASÍLIA 12 DE ABRIL DE 2011

73


Frases Ama teus inimigos porque revelam-te teus erros e defeitos.

A ironia é uma forma elegante de ser mau... Berilo Neves

Benjamin Franklin

A infelicidade tem isto de bom: faz-nos conhecer os verdadeiros amigos.

A leitura de um bom livro é um diálogo incessante: o livro fala e a alma responde.

Honoré de Belzac

André Maurois

Coitado do ser humano em quem não ficou nada da criança.

A limitação é a prova mais sincera de elogiar. Colton

Anton Graff

A ingratidão é a mais imperdoável das fraquezas humanas.

A maior força consiste em reconhecer a própria fraqueza.

Edison

J.C.Barreau

74

PLANO BRASÍLIA 12 DE ABRIL DE 2011


Justiça

A

Mônica Ponte*

Consumidor x fornecedor

prática diária da advocacia mostra que diversos conflitos poderiam ser evitados simplesmente com o melhor esclarecimento de algumas questões. Não se pretendendo esgotar o tema, mas simplesmente contribuir para as soluções amigáveis, seguem as perguntas e respostas mais comuns:

Empresa pode ser consumidora? Sim. Consumidor é toda pessoa física ou jurídica ou até coletividade de pessoas, que adquire produto com intenção de uso.

O que é produto? É todo bem ou serviço que se adquire mediante pagamento de preço.

Quem é fornecedor? É qualquer pessoa, física ou jurídica, que pratica vendas habitualmente ou que fabrica, importa, cria etc. Banco também é considerado fornecedor.

As lojas (fornecedoras) são obrigadas a trocar mercadorias? Não. Exceto se o produto estiver com defeito e dentro do período de garantia. Mesmo assim antes o fornecedor tem o direito de tentar consertar no prazo de trinta dias. Não há lei que obrigue o fornecedor a desfazer a compra por simples vontade do consumidor.

O que é considerado DEFEITO? O produto é defeituoso quando oferece risco ou não atende ao fim que se destina. Nestes casos, a substituição será do bem ou, quando for possível, da parte que apresentou problemas.

Posso exigir o dinheiro de volta porque me arrependi da compra?

Não. Somente se o produto tiver sido adquirido fora do estabelecimento comercial, caso em que terá 07 dias para devolver, após o recebimento da mercadoria. São os casos de compras pela internet, ou por catálogo etc. No Brasil, quando o consumidor tem a oportunidade de ver o bem, em regra, não pode desistir da compra.

alguém que habitualmente comercialize carros, sim, tem no mínimo a garantia de 90 dias.

Se eu comprar um bem de um particular e este bem tiver defeito, posso reclamar? Sim, mas não será uma relação de consumo e portanto, o pedido terá por base as regras dos Código Civil e não do Código de Defesa do Consumidor. Os prazos para reclamação são diferentes.

Quando o produto está no prazo de garantia e com defeito, posso Quando a propaganda promete alguma coisa e o contrato diz pedir o dinheiro de volta? Sim. Se o fornecedor não consertou outra, qual vale mais? no prazo de 30 dias, o consumidor pode optar pela devolução do preço pago ou pela troca do produto por outro nas mesmas condições de uso ou pelo abatimento do preço.

Qual o prazo de garantia?

A propaganda é considerada um pré-contrato, é ela que convence, então suas condições serão mantidas se mais favoráveis ao consumidor.

Posso reclamar a troca de um bem nos Juizados Especiais?

O prazo legal de garantia para os produtos duráveis é de 90 dias e de produtos não duráveis é de 30 dias. Quando o problema é dificilmente verificado, o prazo para reclamação é contado do dia em que foi verificado o problema. O fornecedor pode oferecer garantia por prazo superior aos 90 dias, mas quando for este caso, ele define as regras para consertar ou trocar gratuitamente. Somente dentro dos primeiros 3 meses a garantia é total.

Sim, se o valor do produto for inferior a 40 salários mínimos e não necessitar de perícia para comprovação do defeito. Caso contrário o pedido deve ser efetuado na “Justiça Comum”. Dica: Consulte um advogado antes de ajuizar um processo contra um fornecedor, pois este provavelmente contratará um profissional para defendê-lo. Às vezes, uma simples orientação evita perda de tempo, dinheiro e frustrações.

Carro usado tem garantia?

*Dra. Mônica Ponte Pós graduada em Processo Civil, especialista em Direito do Consumidor. Sócia majoritária do escritório PONTE SOARES & FERRAZ - Advocacia Empresarial

Depende. Se for adquirido de um particular, ou seja, de uma pessoa que está vendendo seu próprio carro, não. Se for adquirido de uma loja ou de

PLANO BRASÍLIA 12 DE ABRIL DE 2011

75


Diz Aí, Mané

Fibromialgia é a disciplina que agente tem no terceiro ano junto com geometria e tricotometria

Osteoporose, é uma doença que começa nos pés e termina nos poros

Pra fazer uma divisão basta multiplicar subtraindo

76

PLANO BRASÍLIA 12 DE ABRIL DE 2011

Fibromialgia é a disciplina que agente tem no terceiro ano junto com geometria e tricotometria

Nosso sangue divide-se em glóbulos brancos, glóbulos vermelhos e até verdes!

O meio de transporte mais utilizado no deserto da Arábia é o tapete

Os burgueses, depois que descobriram Fernandes de Noronha, assinaram o Tratado de Tortas Ilhas

O brasileiro é um ser fundamental para a nação brasileira

Eles fazem conlunhos e conxavos enganjados em roubar


UM COMPROMISSO QUE LEVA O NOSSO NOME Compromissos da Justiça com você em 2011

Após as sessões de julgamento, publicar os acórdãos em até dez dias. Acabar com o estoque de processos que entraram na Justiça até o fim de 2006 e, quanto aos processos trabalhistas, eleitorais, militares e de competência do tribunal do júri até o final de 2007.

Julgar mais processos do que a quantidade que entrou na Justiça este ano. Publicar mensalmente a produtividade dos magistrados no portal do tribunal Para maiores informações consulte o portal do seu tribunal.

Compromisso com a Justiça do Brasil. www.cnj.jus.br

PLANO BRASÍLIA 12 DE ABRIL DE 2011

77


Cresça e Apareça

Adriana Marques*

Relações interpessoais

Os diversos pares

É

comum, no mundo de hoje, as relações profissionais extrapolarem o universo organizacional. Tão comum quanto isso, é o inverso; relações pessoais passarem a ser, também profissionais. Vivemos a era da escassez de mão-de-obra qualificada. Muitas vagas, muitas oportunidades e pouca gente realmente interessada em trabalhar e não apenas ter um emprego fixo. Por isso, nada mais razoável que usar contatos pessoais, amigos e indicações para ocupar vagas difíceis de serem preenchidas no nosso time. Mas quais são os cuidados a serem tomados para que uma relação promissora não vire motivo de desgaste? Antes de mais nada, é preciso deixar claro quais são os papeis desta relação. Quem é subordinado a quem? O que isso significa? Quais são as implicações desta nova relação? Exemplifique, seja o mais claro que puder – tanto se for você o contratante, quanto se for o contratado. O que mudará? Qual a postura a ser adotada? Qual a influência que um contato pessoal pode ter na relação profissional? O ideal é que esta conversa e estes pontos sejam explorados antes da contratação, mas, nunca é tarde para um realinhamento. Mesmo que a situação já esteja estabelecida, uma conversa franca vale a pena.

78

PLANO BRASÍLIA 12 DE ABRIL DE 2011

Um outro ponto é entender a expectativa de ambos os lados. O que se espera quando se indica um conhecido para ocupar uma vaga como seu parceiro de trabalho? Alguma das partes está esperando além do que deveria? Tem esperança de ser salvo? De ter regalias e tratamento especial por conta do contato pessoal? Se isso acontecer, provavelmente, alguém sairá decepcionado desta história. A solução, neste caso, também passa pela conversa sincera. O que a outra parte poderia estar esperando de você? O que você está esperando do outro? Quais as barreiras para que a relação continue sadia? O que muda na postura dos dois quando se trata de trabalho e não de diversão e intimidade? Quando o mal estar acontece, o melhor é não permitir que ele cresça. E quando as pessoas do seu convívio profissional passam a pertencer ao seu círculo de amizades? Este caso, na minha opinião, é mais fácil de se tratar. Uma vez que as pessoas tenham, como referência principal, a empresa, o alinhamento flui de forma mais tranqüila. Se alguém está usando informações do final de semana na reunião de segunda-feira, é hora de deixar claro o quanto a privacidade é valiosa. Um bom exemplo disso, é o churrasco de domingo. Ninguém precisa saber quais eram os assuntos, quem estava presente e, muito menos, quais as opiniões pessoais verbalizadas.

O feedback, meio pelo qual as pessoas se posicionam e contribuem com o crescimento do outro, deve ser dado de forma sincera. Para isso, não faça julgamentos sobre a pessoa. Nunca diga que ela está errada. Discorra, apenas, sobre como você se sente e como as atitudes impactam as outras pessoas. Não coloque “rótulos”. Ninguém é só “atrasado”, “desorganizado”, “descomprometido”. As pessoas podem ter estes comportamentos, mas não quer dizer que são isso. Fale sobre o atraso, o momento de descaso ou a eventual falta de tato. Por último, não se deixe influenciar por impressões de terceiros. Seja factual. Vá atrás de evidências. Não se contamine por opiniões de outros envolvidos. Leve em consideração apenas o que realmente acontece. O sucesso das relações está no acompanhamento que nos propomos dar a elas. Quando o incômodo acontece, não deixe que ele aumente. Aqueles com quem convivemos são os que mais nos ensinam. Uma conversa, por mais desgastante, é a chave para solucionar qualquer mal entendido. Boa semana e viva nossos relacionamentos! *Adriana Marques é Business Coaching pela Sociedade Brasileira de Coaching master Coach pelo Behavioral Coaching Institute e presidente do CoachingClub.



Ponto de Vista

Eliana Pedrosa*

CATETINHO A ameaça fantasma

V

ivemos tempos difíceis. Rios saltam margens e engolem cidades, pedras enlouquecidas se projetam sobre casas, sobre comércios. Sobre seres humanos. Ásperos tempos de terremotos e de tsunamis supliciando populações na Ásia, na América do Sul e na África. Rude quadra esta, em que reatores nucleares expõem suas medonhas entranhas, irradiando pavor e aflição. Rude quadra em que rios da Amazônia quase secam e em que o Pantanal se afoga em suas próprias águas. “É sazonal”, “Sempre houve”, dirão os céticos, os cínicos, os idiotas da objetividade como tão bem os apelidou o gênio de Nelson Rodrigues. Eu lhes digo que sim. Sempre houve catástrofes naturais. Que sim, que águas eventualmente saltam margens, que pedras rolam, que terremotos existem. Mas atentem os cínicos e os céticos, atentem para um dado novo. Atentem para a freqüência com que a natureza sofre em espasmos. Atentem para a magnitude de tais catástrofes naturais. Duzentos mil haitianos mortos! Mil brasileiros sufocados por água e lama nas serras fluminenses! Dez mil – estima-se – dez mil japoneses tragados por ondas imensas, dantescas, negras de resíduos... Muito fácil culpar a mãe terra. Muito fácil, mas é atitude leviana, inconseqüente, atitude de cego. Nós somos os filhos pródigos que estamos dilapidando a generosidade e a grandeza do que nos concedeu o Senhor. Nós estamos infligindo à mãe natureza dores profundas. Filhos cruéis é o que temos sido. Mais ainda, temos sido pais e mães crueis para com nossos filhos; temos sidos avos e avós cruéis para com nossos netos. Que herança lhes será legada? “A criação geme em dores do parto” não é uma campanha que nos vise a nós, católicos, apenas. Não: é muito, muito mais. É um grito de alerta, é um pedido de socorro, é uma séria advertência. Em síntese, o que devemos é refletir sobre a grande pergunta. A pergunta que não nos fazemos quando cegos pela ganância, pelo consumismo, pela cultura do supérfluo e do desperdício. A grande pergunta é:

80

PLANO BRASÍLIA 12 DE ABRIL DE 2011

E NÓS, AONDE VAMOS? O “novo caminho” anunciado pelo PT e pelo governador Agnelo Queiroz ainda não está claro. Cem dias, admitamos, são prazo exíguo, tempo escasso para julgar rumo e rota. No entanto, há sinais de fumaça no horizonte, e não são os índios ameaçando caravanas, cenário de “bang-bang”. Não: são sinais de fumaça antecipando ameaça maior, perigo real e iminente. O Buriti quer uma “atualização” do PDOT – Plano Diretor de Ordenamento Territorial. Dentro dessa revisão, um item que já dávamos por sepultado: o “bairro” Catetinho. Ou “cidade” Catetinho. O nome não tem a menor importância. A tal “cidade” é uma estúpida agressão ao meio ambiente. É uma ameaça ao futuro de Brasília. Assentar 30 mil pessoas sobre as poucas nascentes limpas que nos restaram é mais do que tolice, é suicídio. Tal assentamento foi rejeitado pela Caesb, pelo Ibram, pela UnB, pelo Ibama. Foi execrado pelos moradores do Park Way, do Gama, do Lago Sul e do Lago Norte, do Núcleo Bandeirante e da Candangolândia. A repulsa ao Catetinho é quase unânime. O Ministério Público derrubou a tentativa de se criar, no governo passado, tal maluquice. Agora, o Catetinho é vendido como sendo o “novo caminho”. Não é não, leitor. É apenas uma forma simplista, irresponsável de aplicar recursos abundantes do Governo Federal, do PAC – Programa de Aceleração do Crescimento, do Programa Minha Casa, Minha Vida. Não haverá casa ou vida sem água boa, água de beber. Haverá licitações, haverá empreiteiras, haverá concreto e tijolos. Mas vida, essa não haverá. As águas do Catetinho, que um dia inspiraram Tom Jobim e Vinícius de Morais a comporem a lindíssima “Água de Beber”, serão águas de se temer, poluídas pela estupidez e pela ganância. Isso não é o caminho novo. É rota para o desastre.

*Eliana Pedrosa Deputada distrital pelo DEM - DF


PLANO BRASÍLIA 12 DE ABRIL DE 2011

81


Charge

Eixo Monumental

82

PLANO BRASÍLIA 12 DE ABRIL DE 2011




Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.