Trabalho Colaborativo

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II.3.2.2. Aprendizagem, participação e identidade No presente capítulo pode-se constatar uma ênfase na visão relacional entre as pessoas, as suas acções e o mundo, típico de uma teoria de prática social, onde se concebe a aprendizagem em termos de participação social, com foco na pessoa-nomundo, como membro de uma comunidade sociocultural. Lave e Wenger (1991) afirmam que, ao contrário da aprendizagem como ‘internalização’, a “aprendizagem como uma participação crescente em comunidades de prática concerne à pessoa na sua globalidade, actuando no mundo” (p. 49), o que implica não só uma relação com actividades específicas, mas também uma relação com comunidades sociais, tornandose participante (full), um tipo de pessoa (identidade), membro. Assim, a aprendizagem implica tornar-se numa ‘pessoa diferente’, pelo que envolve a construção de identidades – centrais para as ‘carreiras’ dos newcomers nas comunidades de prática e fundamentais para o conceito de participação legítima periférica – as quais são concebidas como relações, a longo termo, entre pessoas e o seu lugar e como participação em comunidades de prática. No seu livro, em 1998, Wenger utiliza o termo de participação para descrever a experiência social de viver no mundo em termos de se tornar membro em comunidades sociais e o envolvimento activo em empreendimentos sociais. A participação é tanto social como pessoal, sendo reconhecida como um processo activo e complexo que combina fazer, falar, pensar, sentir e pertencer. Envolve a pessoa no seu global, incluindo corpo, mente, emoções e relações sociais (p. 55). Neste sentido, é caracterizada pela possibilidade de mútuo reconhecimento, associado à capacidade dos participantes para negociar o significado. Nesta experiência de mutualidade, a participação é a base da nossa identidade, sendo uma sua característica a possibilidade de desenvolver uma “identidade de participação”, isto é, uma identidade constituída através de relações de participação. (p. 56). No entanto, a construção das nossas identidades não depende só das práticas em que engajamos mas também naquelas em que isso não se verifica. As nossas identidades são constituídas não apenas por aquilo que somos, mas também pelo que não somos. Neste âmbito surge o termo da não-participação11, que também é identificado por Wenger (1998) como a base da identidade, tal como a participação. Consequentemente, 11

Tradução do termo non-participation usado por Wenger no seu livro, em 1998.

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