Trabalho Colaborativo

Page 39

interpretar o que nos rodeia com um sentido matemático, dando-se assim, uma importância fundamental à natureza cultural do saber matemático. Admite-se assim, que a aprendizagem da Matemática não se resume a uma interacção individual com o mundo físico, mas sim num mundo social, pelo que a construção do conhecimento resulta da apropriação de saberes, mediante a sua recontextualização do espaço interpessoal para o intrapessoal. De acordo com Vygotsky, é na troca com outros indivíduos (pares competentes) e consigo próprio, que se verifica a internalização de saberes, papéis e funções sociais, permitindo o desenvolvimento dos conhecimentos matemáticos e a aquisição de competências. Assim, a aprendizagem matemática é vista como produto da acção do par competente (podendo este ser o professor e/ou os seus colegas com maior experiência), responsável pela mediação no processo de aprendizagem dos indivíduos. No processo de mediação propicia-se o uso de ferramentas culturais, tais como a linguagem, em particular a linguagem matemática – entendida como um sistema articulado de signos ou símbolos, responsável pelo desenvolvimento e transmissão de significados, e consequentemente um instrumento essencial na estruturação do pensamento - bem como de outros meios, pelo que mais do que ser um processo de assimilação e acomodação, como defendia Piaget, é um processo de internalização, na qual o indivíduo assimila e se apropria dos instrumentos culturais (Vygotsky). Nesta perspectiva, a sala de aula de matemática é mais do que um ambiente físico, é um lugar potenciador da construção do processo de ensino/aprendizagem do aluno, onde a intervenção do professor assume um papel explícito, como mediador da aprendizagem deste, facilitando-lhe a apropriação dos diferentes instrumentos culturais, tais como os conceitos, as ideias, a linguagem, as competências e todas as outras possíveis aprendizagens. No entanto, segundo Vygotsky, esta acção docente, como mediador no processo de aprendizagem dos alunos, só terá sentido se for realizada no plano da zona de desenvolvimento proximal (ZDP), a qual é definida pelo autor como a distância que medeia o desenvolvimento real – adquirido ou formado, que determina o que o aluno já é capaz de fazer por si próprio - e o potencial – capacidade de aprender com outra pessoa. Deste modo, o professor constitui-se na pessoa mais competente, cuja função é ajudar o aluno na resolução de problemas matemáticos que se encontram fora do seu alcance, desenvolvendo estratégias para que gradualmente, este seja capaz de resolver por si mesmo, proporcionando a transformação do desenvolvimento potencial em desenvolvimento real. 23


Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.