Trabalho Colaborativo

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Ao analisar esta definição pode-se constatar que a essência deste conceito reside numa perspectiva diferenciada que se adquire ao contrastar a performance das crianças (alunos), quando se encontram na resolução independente de problemas, com a sua performance quando se encontram numa actividade conjunta, onde colaboram com um par mais competente (professor ou outro aluno). Neste sentido, a ZDP permite percepcionar o potencial de aprendizagem de um indivíduo, sendo nesta que ocorre o desenvolvimento cognitivo. Importa ainda, salientar que por as pessoas estarem sempre em desenvolvimento, a ZDP encontra-se sempre em mudança, o que levou Vygotsky a percepcioná-la como uma actividade dinâmica que se constrói ao longo do tempo, e portanto histórica. De todos os conceitos abordados por Vygotsky no seu trabalho, o da zona de desenvolvimento proximal é o que apresentou mais aplicações na área da educação, sendo reconhecida pelo autor como uma ‘região’ de sensibilidade à instrução, assumindo esta última um papel fundamental no cerne da aprendizagem, bem como no desenvolvimento. Segundo o autor, a instrução precede e conduz o desenvolvimento, sugerindo que a “única ‘boa aprendizagem’ é aquela que está à frente do desenvolvimento” (Vygotsky, 1978, p.89) e que “a instrução só é útil quando ultrapassa o desenvolvimento. Quando isso acontece, impele ou desperta uma série completa de funções que estão adormecidas, em estado de maturação, na zona de desenvolvimento proximal” (Vygotsky, 1987, p. 212). Beneficiar da instrução, bem como da capacidade para ensinar era para Vygotsky um atributo fundamental dos seres humanos, pelo que considerava a educação como central ao desenvolvimento e consequentemente, “as escolas (assim como outras situações educacionais, de carácter informal) como o melhor “laboratório cultural” disponível para o estudo do pensamento: são cenários sociais especialmente desenhados para modificar o pensamento” (Moll, 1990, p.3, aspas no original). A escola assume assim, um papel fundamental na “ (…) organização social da instrução” (Moll, 1990, p.3, itálico no original), oferecendo ao aluno oportunidades significativas de construção de conhecimentos e valores sociais, diversificando e potencializando as relações inter e intrapessoais através de uma “forma distintiva de cooperação entre a criança e o adulto que constitui o elemento central do processo educacional” (Vygotsky, 1987, p.169). Nesta perspectiva, não faz sentido retratar-se um aluno como apenas um “recipiente” onde se armazena a informação a ser transmitida pelo professor e a qual 14


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