mm jornal 12

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Diretor – Mark Deputter \ quadrimestral

distribuição gratuita

Jornal 12

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abr jul 2013 Maria Matos Teatro Municipal


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Peter Tom Jones • The transition to a low-carbon, circular economy

Teresa Prima & Joclécio Azevedo • Pequenos Mundos

Teresa Prima & Joclécio Azevedo • Pequenos Mundos

maio 3 22h00

Cass McCombs

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International Institute of Political Murder • Hate Radio

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International Institute of Political Murder • Hate Radio

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International Institute of Political Murder • Hate Radio

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Dina Lopes • Oficina Faz de conta 2

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Francesca Bertozzi • Oficina Metamorfose 2

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Dina Lopes • Oficina Faz de conta 1

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Francesca Bertozzi • Oficina Metamorfose 1

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Dina Lopes • Oficina Faz de conta 1

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MYRNINEREST • “Jhonn,” Uttered Babylon

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Francesca Bertozzi • Oficina Metamorfose 1

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Aldara Bizarro • Uma Nova Bailarina

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Christiane Jatahy • Julia

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Aldara Bizarro • Uma Nova Bailarina

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Christiane Jatahy • Julia

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Dina Lopes • Oficina Faz de conta 2

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Francesca Bertozzi • Oficina Metamorfose 2

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Cie P.P. Dream & Gilbert Peyre • Cupidon, Propriétaire de l’Immeuble situé sur l’Enfer et le Paradis

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Cie P.P. Dream & Gilbert Peyre • Cupidon, Propriétaire de l’Immeuble situé sur l’Enfer et le Paradis

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Carolyn Steel • Sitopia – The Transformative Power of Food

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Aldara Bizarro • Uma Nova Bailarina

William Basinski • Nocturnes

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Aldara Bizarro • Uma Nova Bailarina

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Anselm Jappe • Après la fin du travail: vers une humanité superflue?

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Cie Cendres la Rouge • Vestiges, spectacle primitif

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Aldara Bizarro • Uma Nova Bailarina

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Cie Cendres la Rouge • Vestiges, spectacle primitif

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Os Músicos do Tejo, Orquestra e Coro Gulbenkian • Dido e Eneias uu Fundação Calouste Gulbenkian

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Cie Cendres la Rouge • Vestiges, spectacle primitif

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Os Músicos do Tejo, Orquestra e Coro Gulbenkian • Dido e Eneias uu Fundação Calouste Gulbenkian

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Catarina Requeijo • Amarelo

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Aldara Bizarro • Uma Nova Bailarina

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Catarina Requeijo • Amarelo

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Leonor Barata • Azul

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Aldara Bizarro • Uma Nova Bailarina

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Stefan Kaegi/Rimini Protokoll • Remote Lisboa uu Cemitério dos Olivais

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Leonor Barata • Azul

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Lisbeth Gruwez|Voetvolk • It’s going to get worse and worse and worse, my friend

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Stefan Kaegi/Rimini Protokoll • Remote Lisboa uu Cemitério dos Olivais

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teatro

crianças e jovens

música

teatro|música

dança

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Dia Mundial da Dança

debate e pensamento

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Catarina Requeijo • Amarelo

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Stefan Kaegi/Rimini Protokoll • Remote Lisboa uu Cemitério dos Olivais

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Leonor Barata • Azul

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Marta Bernardes • Rubro

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Catarina Requeijo • Amarelo

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Stefan Kaegi/Rimini Protokoll • Remote Lisboa uu Cemitério dos Olivais

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Marta Bernardes • Rubro

Dia Mundial da Criança

Marta Bernardes • Rubro Stefan Kaegi/Rimini Protokoll • Remote Lisboa Cemitério dos Olivais

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Marta Bernardes • Rubro

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Stefan Kaegi/Rimini Protokoll • Remote Lisboa uu Cemitério dos Olivais

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Paulo Magalhães • O desafio de nos organizarmos como vizinhos globais

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Stefan Kaegi/Rimini Protokoll • Remote Lisboa Cemitério dos Olivais

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Stefan Kaegi/Rimini Protokoll • Remote Lisboa uu Cemitério dos Olivais LOD|musiektheatre / Josse De Pauw & Jan Kuijken • Les Pendus

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Cia das Inutilezas • nãotemnemnome uuRua da Boavista

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Cia das Inutilezas • nãotemnemnome uuRua da Boavista

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Cia das Inutilezas • nãotemnemnome uuRua da Boavista

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Peixe

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Cia das Inutilezas • nãotemnemnome uuRua da Boavista

Cia das Inutilezas • nãotemnemnome uuRua da Boavista

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Cia das Inutilezas • nãotemnemnome uuRua da Boavista

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Cia das Inutilezas • nãotemnemnome uuRua da Boavista

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Victor Hugo Pontes • ZOO

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Victor Hugo Pontes • ZOO

Mónica Calle, Paula Diogo & Sofia Dinger • noites brancas Mónica Calle, Paula Diogo & Sofia Dinger • noites brancas Mónica Calle, Paula Diogo & Sofia Dinger • noites brancas

Dias da Transição 16 terça

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Viriato Soromenho-Marques • Riscos e Oportunidades numa era de transição para a sustentabilidade – O caso português

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Emma Goude • In Transition 2.0

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De Warme Winkel • San Francisco uuespaço alkantara

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De Warme Winkel • San Francisco uuespaço alkantara

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Teatro do Vestido • Labor #1

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Passeios de bicicleta aoarlivre

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Banquete sem Desperdício

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Davis Freeman • 7 Promises

Co m pr a line On

Cia das Inutilezas • nãotemnemnome uuRua da Boavista

Mónica Calle, Paula Diogo & Sofia Dinger • noites brancas

www.teatromariamatos.pt O

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Mónica Calle, Paula Diogo & Sofia Dinger • noites brancas

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sábado Tim Jackson • Prosperity and Sustainability in a Green Economy

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Mónica Calle, Paula Diogo & Sofia Dinger • noites brancas

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Entre abril e julho, o Teatro Maria Matos dedica-se ao movimento da Transição e às ideias que o sustentam. Numa série de seis palestras espalhadas ao longo de cinco meses, visitamos alguns dos temas centrais do pensamento de Transição. No início de abril, Peter Tom Jones (Bélgica) apresenta a sua visão sobre a necessária transição para sistemas sustentáveis, com especial incidência no uso mais racional dos

recursos naturais, como o ar e a água, mas também os

minerais que precisamos para produzir equipamento tecnológico (inclusive o equipamento sofisticado que sustenta a geração de energias renováveis). Anselm Jappe (Alemanha) prevê o fim do

trabalho como elemento estruturante da economia e da sociedade e aponta

possíveis caminhos para acompanhar uma mudança sistémica que julga inevitável. No mês de maio, Carolyn Steel (Reino Unido) partilha connosco as conclusões de um estudo aprofundado sobre os sistemas de produção de

comida e o abastecimento dos grandes centros

urbanos elaborado no seu livro Hungry City: How food shapes our lives. No Dia Mundial do Ambiente, Paulo Magalhães (Portugal) apresenta o projeto Condomínio da Terra, que propõe uma estrutura legal para uma gestão partilhada do

ambiente ao nível global. Tim

Jackson (Reino Unido) vem ao Teatro Maria Matos para o lançamento da tradução portuguesa do seu livro Prosperity without Growth: Economics for a Finite Planet. No livro, investiga os pressupostos da transição para uma um novo

economia sustentável e da introdução de

estilo de vida. Para encerrar o ciclo, Viriato Soromenho-Marques (Portugal) resume os desafios e as oportunidades

desta era de transição que vivemos, com particular atenção à situação no nosso país.


Mas a Transição não pertence apenas ao mundo dos analistas e académicos, é antes uma resposta real e concreta de comunidades, grupos locais e indivíduos aos desafios existentes: uma economia de mercado em declínio, um consumismo generalizado que não traz felicidade, a delapidação dos recursos naturais e energéticos, as alterações climáticas. Se a Sustentabilidade é o objetivo, a Transição é o caminho a percorrer. Para dar expressão a estas iniciativas individuais ou locais, organizamos cinco

Dias da Transição, entre 16 e 20 de julho. O

programa abre com a palestra de Viriato Soromenho-Marques e a apresentação do documentário In Transition 2.0 da realizadora Emma Goude (Reino Unido), que conta histórias inspiradoras de iniciativas de transição em sete países no mundo, entre os quais Portugal. Damos também a palavra aos artistas: a companhia holandesa De Warme Winkel criou a peça San Francisco para falar de dinheiro e da economia, mas também do ofício do artista em tempos adversos; o Teatro do Vestido apresenta a primeira fase da sua pesquisa sobre o trabalho, Labor #1; e o norte-americano Davis Freeman encarna a personagem de um pregador ecológico que não descansa até obter do público uma série de promessas. Mas o ponto alto será, sem dúvida, o aoarlivre com a sua já tradicional oferta variada de espetáculos e oficinas para toda a familia nos jardins ao lado do teatro que encerra a nossa temporada. Neste ano, o aoarlivre está ainda mais diversificado, já que convidamos dezenas de organizações e indivíduos que se dedicam a questões de sustentabilidade para organizar o dia connosco. Além disto, haverá passeios de bicicleta e o já habitual Banquete sem Desperdício.

um mapa de afinidades

Transição


conferência ciclo transição

Peter Tom Jones

The transition to a low-carbon, circular economy Sala Principal qua 3 abril 18h30 Entrada livre (sujeita à lotação da sala) mediante levantamento prévio de bilhete no próprio dia a partir das 15h00 | Em inglês

Com a população mundial a aumentar e os níveis de consumo a crescer, o mundo enfrenta preços de energia instáveis e a subir, escassez crítica de recursos e desafios ambientais sem precedentes. Todavia, o respeito pelos limites ecológicos do Ecossistema Terra é a base inegociável do nosso desenvolvimento social e económico. De modo a aumentar a sustentabilidade do sistema socioecológico, é necessário reduzir o uso de recursos naturais e as emissões de gases de efeito de estufa dos países industrializados em 90% nas próximas décadas. Nesta conferência, Peter Tom Jones delineará a visão da gestão da transição, concentrando-se na evolução para uma economia hipocarbónica circular. Isto implica liderança por parte de uma série de agentes da sociedade civil que terão de criar inovações revolucionárias ao nível do sistema. É possível atingir o objetivo combinando três vias: (1) tornar a produção e os produtos ecológicos, (2) deslocar a procura para categorias de consumo de baixo impacto e (3) diminuir a procura de matérias-primas. A transição para a sustentabilidade será difícil, uma vez que é preciso ultrapassar muitas barreiras socioculturais e estruturais e estabelecer políticas a longo prazo. 6

Jornal

Peter Tom Jones, presidente da organização sem fins lucrativos I-Cleantech Vlaanderen, é gestor do Fundo de Investigação Industrial da Universidade de KU Leuven no campo da ecologia industrial e da gestão sustentável de materiais inorgânicos. Jones foi um dos pioneiros da Rede de Transição na Flandres e está envolvido em numerosos projetos da Flandres e da União Europeia de recuperação melhorada de aterros, valorização de resíduos, processos eficientes a altas temperaturas, reciclagem de terras raras, tecnologia limpa e gestão de transição. É autor de vários livros, ensaios, relatórios e conferências relacionados com a gestão de transição para diferentes públicos.

e Engineer and teacher Peter Tom Jones defines himself as a “politically engaged scientist”, and makes use of the NGOs of which he is a founding member to advocate the transition to a fairer and ecologically sustainable society. He is the author of several articles and lectures, and has written the books Terra Incognita and Terra Reversa, among others. um projeto House on Fire com o apoio do Programa Cultura da União Europeia


teatro e oficina dança 6 aos 18 meses

Teresa Prima & Joclécio Azevedo Pequenos Mundos Palco da Sala Principal sáb 6 e dom 7 abril 11h00 e 16h30 Criança 3€ | Adulto 7€ | Duração 35 min

Dentro dos pequenos mundos de Teresa Prima e Joclécio Azevedo, há espaço para adultos e crianças descobrirem como os corpos podem aparecer e desaparecer, estar próximos ou distantes, demonstrarem leveza ou peso. Criando diversas imagens animadas pelo movimento dos corpos em cena, os intérpretes tornam-se exploradores de um território de estímulos sensoriais que joga com a curiosidade das crianças. Sons da natureza, cores e imagens com contraste e relevo habitam mundos em transformação constante apelando ao reconhecimento e à apreensão de formas, volumes e ambiências sonoras.

e Within Teresa Prima and Joclécio Azevedo’s little worlds, there is space for adults and children to discover how bodies may appear or disappear, be near or distant, light or heavy. By creating various animated images with the movement of the bodies on stage, the performers become explorers of a territory of sensory stimuli, which plays upon children’s curiosity. conceção, interpretação, espaço cénico Joclécio Azevedo e Teresa Prima desenho de luz, montagem e operação luz e som Igor Pittella produção executiva (itinerância) Circular Associação Cultural uma encomenda Câmara Municipal do Porto através da Fundação Ciência e Desenvolvimento (Serviço Educativo)

Jornal

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oficina teatro | produção 3 aos 5 anos

oficina dança | produção 3 aos 5 anos

Dina Lopes Faz de conta 1

Francesca Bertozzi Metamorfose 1

Sala de Ensaios qui 11 e sáb 13 abril

Sala de Ensaios sex 12 e dom 14 abril

semana 10h00 sáb 16h30

semana 10h00 dom 16h30

Criança 3€ | Adulto 3€ (Criança acompanhada de adulto) | Duração 60 min

Criança 3€ | Adulto 3€ (Criança acompanhada de adulto) | Duração 60 min

Propomos uma viagem pelo mundo do faz de conta que é um lugar onde tudo é possível. Imaginar como seria se as histórias de que gostamos muito e as de que não gostamos nada fossem reais. Vamos fazer uma pequena dramatização e comprovar que às vezes tudo é possível de transformar e de olhar de forma diferente, basta acreditarmos e querermos muito.

Nesta oficina, uma bailarina começa por demonstrar uma coreografia simples, recombinando de seguida cada movimento para explorar os opostos como o longe e o perto, o leve e o pesado, o rápido e o lento. Com cada movimento, as crianças poderão entender como o corpo pode recontar uma história.

e We propose a journey through the world of make-believe, a place where anything is possible. Imagine how it would be if not only the stories we’re so fond of, but also those we really don’t like were real. We will do a short role-play and prove that sometimes everything can be changed and looked at differently. All it takes is to believe and to want it badly.

e In this workshop, a dancer begins by demonstrating a simple choreography, and then recombines each movement in order to explore opposites, such as distant and near, light and heavy, fast and slow. With each movement, the children will be able to understand how the body is able to retell a story.

Dina Lopes estudou Teatro na Escola Superior de Teatro e Cinema. Enquanto atriz, destaca-se o trabalho com os encenadores Luís Miguel Cintra, João Mota, João Grosso. Começou a desenvolver oficinas de expressão dramática no Teatro O Bando em 1990, desde aí tem estado ligada ao ensino desta disciplina em diferentes contextos.

Francesca Bertozzi formou-se na Escola Superior de Dança de Lisboa e tem vindo a trabalhar como intérprete e criadora na área da dança. Paralelamente aos projetos artísticos, tem vindo a desenvolver atividades pedagógicas lecionando aulas e workshops de dança contemporânea, criativa, composição coreográfica e consciência corporal em Itália, França e Portugal.

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© Giulio di Mauro

música

MYRNINEREST

“Jhonn,” Uttered Babylon Sala Principal sáb 13 abril 22h00 15€ / Com desconto 7,50€

Apesar de os Coil terem existido por mais de duas décadas, a sua vida acabou por ser encurtada pela morte acidental, em 2004, de Jhonn Balance, com quem Peter Christopherson partilhava o projeto desde o início dos anos 80. A ampla rede de colaborações que Balance tinha com parte da cena experimental inglesa, como Nurse With Wound ou Marc Almond, explica o modo como seria chorado após a sua morte. David Tibet acabaria por forjar uma amizade intensa e inquebrantável com Balance, seu cúmplice regular nos Current 93, que se manifesta com particular emotividade em “Jhonn,” Uttered

Babylon, o primeiro trabalho do novo projeto de David Tibet, MYRNINEREST. Nesta viagem poética sobre a vida e morte de Jhonn Balance, vista através dos olhos, coração e palavras de Tibet, a música é inteiramente composta e tocada por James Blackshaw em harmónio e viola de 6 e 12 cordas – que assim regressa à nossa sala depois de um concerto duplo com Nancy Elizabeth. Ao vivo, MYRNINEREST transfigura-se e ganha novos músicos, instrumentos e imagens, ampliando composições, emoções e força nesta sentida homenagem a alguém de quem ainda se sente uma presença muito próxima.

e MYRNINEREST’s first work is a Hallucinatory Narration about the life and death of Jhonn Balance as seen through the eyes, heart and words of his close friend David Tibet, and with music entirely composed by James Blackshaw. Presented live, the project is performed by David Tibet, James Blackshaw, Aloma Ruiz Boada, Reinier van Houdt, Andrew Liles and Davide Pepe, channelling a passionate and heartbreaking requiem to the visionary co-founder of Coil. voz David Tibet guitarra, harmónio James Blackshaw piano Reinier van Houdt guitarra elétrica Andrew Liles violino Aloma Ruiz Boada vídeo Davide Pepe Jornal

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© Samuel Sequeira

dança a partir dos 8 anos

Aldara Bizarro Uma Nova Bailarina Sala de Ensaios sex 19 a dom 28 abril (exceto dias 22, 25 e 26) semana 10h00 sáb 16h30 dom 11h00 Criança 3€ | Adulto 7€ | Duração 60 min

Aldara Bizarro declarou a intenção política da sua obra artística e discutiu a vulnerabilidade da democracia com um público infanto-juvenil. Criteriosamente articulados, o movimento dançado, os objetos manipulados e as palavras cantadas formam um discurso interativo com grande valor estético e crítico.

Público

Com uma abordagem não convencional à dança e recorrendo a muito humor, Uma Nova Bailarina propõe discutir o papel de cada um na sociedade. Uma bailarina introduz perguntas às crianças sobre questões éticas e sociais, procurando gerar posições de cidadania no público e promovendo o exercício da democracia entre elas. As crianças são convidadas a pensar, a escolher e a decidir como agir num espetáculo no qual a palavra serve de ligação entre o pensamento e a dança, tentando potenciar uma nova forma de viver o lugar do corpo na sociedade. Uma Nova Bailarina foi considerado pelo jornal Público um dos melhores espetáculos de dança de 2012.

e In this performance, the dancer confronts the children with questions concerning ethical and social issues, aiming at fostering citizenship and the practice of democracy. Children are invited to think, choose and decide how to act in a performance in which the word acts as a link between thought and dance, in an effort to strengthen a new way of experiencing the body’s place in society. 10

Jornal

conceção, direção e coreografia Aldara Bizarro interpretação Costanza Givone (interpretação original) e Yola Pinto música Fernando Mota apoio na área da filosofia Dina Mendonça apoio à criação e vídeo promocional Catarina Santos coprodução Cinema Teatro Joaquim d’ Almeida, TEMPO, Teatro Municipal de Faro, Cineteatro João Mota, CCB/Fábrica das Artes, CDCE, Centro Cultural do Cartaxo patrocínio Tricot’s Brancal, Pollux, Yunit apoios Câmara Municipal de Cascais, Centro em Movimento Jangada de Pedra é uma estrutura financiada pelo Secretário de Estado da Cultura/ DG Artes parcerias Liga dos Combatentes, REDE – Associação de Estruturas para a Dança Contemporânea (membro fundador da associação)


© Gui Maia

teatro

Christiane Jatahy Julia

(Rio de Janeiro)

adaptação de Menina Júlia de August Strindberg

Sala Principal sex 19 e sáb 20 abril 21h30 14€ / Com desconto 7€ | Duração 85 min | M/16

Quando alguma coisa é entrecortada por outra, eu acredito que crio um novo tipo de relação com o espectador. É uma possibilidade de renovação do olhar do público, que fica novamente ativo, colaborador, mais interessante e interessado. Christiane Jatahy

Adaptação da peça Menina Julia que August Strindberg escreveu em 1888, o novo espetáculo da encenadora brasileira Christiane Jatahy dá seguimento ao seu trabalho anterior, marcado pela exploração de novos territórios cénicos e pela busca de novas formas de interagir com o público, integrando teatro e cinema em cena e expondo o dispositivo cinematográfico. Em Julia, Christiane Jatahy leva a cabo um trabalho de atualização de um texto clássico, abordando questões sociais e políticas do Brasil contemporâneo. A relação entre as duas personagens centrais é pautada por um jogo de poder que reflete a realidade do país, exposta habilmente através da presença permanente da câmara e da tensão que esta cria. Com cenas pré-

-filmadas e cenas filmadas ao vivo, o filme é construído na presença do público em cada dia, criando uma fricção permanente entre teatro e cinema, entre o que pode ser visto pela presença real dos atores e o que só pode ser entrevisto no enquadramento dos planos cinematográficos.

e Christiane Jatahy was awarded the 2012 Shell Award for Best Staging for Julia. In the piece, Jatahy takes one of Strindberg’s classical plays in order to address some of the social and political issues of contemporary Brazil. Assembling theatre and cinema on stage, this performance generates a constant friction between what can be seen from the actor’s presence and what can only be seen on film.

Prémio Shell 2012 para Melhor Encenação

direção e adaptação Christiane Jatahy com Julia Bernat e Rodrigo dos Santos participação no filme Tatiana Tiburcio conceção cenário Christiane Jatahy e Marcelo Lipiani direção de arte e cenário Marcelo Lipiani fotografia e câmara ao vivo David Pacheco desenho de luz Renato Machado e David Pacheco figurinos Angele Fróes música Rodrigo Marçal operador de vídeo Felipe Norkus montagem e operação de luz Paulo Correia contrarregra Thiago Katona produção local Portugal Daniela Rosado produção viagens internacionais João Braune – Fomenta Produções um projeto Cia Vértice

Jornal

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teatro ciclo transição conferência

Anselm Jappe

Après la fin du travail: vers une humanité superflue? Sala Principal ter 23 abril 18h30 Entrada livre (sujeita à lotação da sala) mediante levantamento prévio de bilhete no próprio dia a partir das 15h00 | Em francês com tradução simultânea

Curadoria e moderação António Guerreiro A conferência de Anselm Jappe, seguida de debate, tratará da questão do trabalho, tal como ela se apresenta hoje, na época em que o conhecimento, o “general intellect”, se tornou o principal fator de produção e a mercadoria incorpora cada vez menos trabalho humano. À medida que as tecnologias foram substituindo os trabalhadores, o trabalho foi-se tornando mais escasso e o desemprego um grande problema social. Repensar o conceito de trabalho e retirá-lo do lugar central que detém na organização da sociedade é a grande tarefa do nosso tempo. A situação com que estamos confrontados tornou-se um dos aspetos fundamentais da crise do capitalismo, que tem de responder a um número crescente de excluídos e supranumerários, e está na base do anúncio do fim da sociedade de trabalho.

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Jornal

Anselm Jappe, filósofo, nasceu em 1962 na Alemanha e estudou em Paris e Roma. Fez parte do grupo alemão Krisis, cuja releitura da teoria crítica de Marx foi muito importante para a libertar das interpretações cristalizadas numa vulgata. Assim, a crítica do valor, do trabalho e da mercadoria constitui o eixo das elaborações teóricas de Anselm Jappe. Três livros seus estão traduzidos em português (todos na editora Antígona), As Aventuras da Mercadoria, Guy Debord e Sobre a Balsa de Medusa.

e Philosopher Anselm Jappe was part of the German group Krisis, whose rereading of Marx’s Critical Theory was decisive to free it from the interpretations fixed in a vulgate. The criticism of value, work and commodity is the axis of Jappe’s theoretical work. He is the author of Adventures of the Commodity: for a new criticism of value and Guy Debord, among other books and articles.

um projeto House on Fire com o apoio do Programa Cultura da União Europeia


teatro | música teatro

Os Músicos do Tejo, Orquestra e Coro Gulbenkian

Dido e Eneias Into the Little Hill de Henry Purcell

de George Benjamin

Grande Auditório da Fundação Calouste Gulbenkian qui 25 abril 21h00 e sex 26 abril 19h00

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Plateia A 27€ / Plateia B 22€ / Plateia C 19€ / Balcão 14€ / Descontos ciclo teatro|música (ver pág. 47) Em inglês com legendagem | Duração 2h00

O compositor inglês Henry Purcell inspirou-se na história trágica do amor entre Dido, rainha de Cartago, e o troiano Eneias para criar uma das óperas mais interpretadas de sempre. Por isso mesmo, Os Músicos do Tejo escolheram centrar a sua versão “no gosto pelo grotesco e num certo distanciamento irónico face aos deuses e mitos europeus”, caraterísticas marcadamente inglesas que se identificam na obra. A mais de trezentos anos de distância de Purcell, George Benjamin escreveu Into the Little Hill, uma ópera perturbadora que se tornou numa pedra angular do repertório britânico contemporâneo.

e The tragic love story between Dido, Queen of Carthage, and the Trojan Aeneas inspired English composer Henry Purcell to create one of the most performed operas ever. More than 300 years later, George Benjamin wrote Into the Little Hill, a disturbing opera, which became a cornerstone of contemporary British repertoire.

maestro Marcos Magalhães maestro Pedro Neves encenação Luca Aprea desenho de luz Daniel Worm d’Assumpção direção artística António Lagarto Dido e Eneias soprano Céline Scheen barítono Job Arantes Tomé contralto Hilary Summers soprano Joana Seara soprano Ana Maria Pinto Into the Little Hill soprano Anu Komsi contralto Hilary Summers Jornal

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© Luc Depreitere

Dia Mundial da Dança

Lisbeth Gruwez|Voetvolk

It’s going to get worse and worse and worse, my friend (Antuérpia)

Sala Principal seg 29 abril 21h30 Preço único 7€ | Duração 50 min

É muito raro a imagem, o movimento, a luz e o som conjugarem-se de uma forma tão poderosa. A relação entre estes elementos transforma It’s going to get worse and worse and worse, my friend numa obra-prima que conseguiu induzir o júri num estado quase mágico.

Lisbeth Gruwez, bailarina e coreógrafa belga, celebrizou-se como intérprete em criações de Jan Fabre, como As Long As the World Needs a Warrior’s Soul, Je Suis Sang e Quando l’uomo principale è una donna. Em 2006, criou com o músico Maarten Van Cauwenberghe a companhia Voetvolk, no âmbito da qual se iniciou como coreógrafa.

As palavras podem ser uma arma poderosa. Através dos séculos, discursos entusiasmaram e galvanizaram massas, desencadearam revoluções e sustentaram guerras. Mas não são apenas os ouvintes que são movidos pelas palavras, um discurso pode também levar um orador a um estado de transe e esta dimensão extática muitas vezes só confere mais poder à sua mensagem. Em It’s going to get worse and worse and worse, my friend, Lisbeth Gruwez constrói uma coreografia a partir desta dimensão obsessiva das palavras, acompanhada por fragmentos de um discurso do “televangelista” ultraconservador Jimmy Swaggart, que, na década de 1980, era um sucesso da televisão e rádio norte-americanas. Inicialmente calmo e apaziguador, o discurso inflama-se e expõe, enfim, a sua natureza violenta e manipuladora.

e Words can be a powerful weapon. Throughout the centuries, speeches have galvanised

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Júri do Theaterfestival 2012

Jornal

the masses, triggered revolutions and sustained wars. Belgian ballerina and choreographer Lisbeth Gruwez sets up a choreography that explores the power and ecstatic dimension of words, exposing their violent and manipulative potential. conceito, coreografia e interpretação Lisbeth Gruwez composição, sonoplastia e assistência Maarten Van Cauwenberghe estilismo Veronique Branquinho aconselhamento artístico Bart Meuleman desenho de luz Harry Cole assistência de desenho de luz Caroline Mathieu produção Voetvolk vzw coprodução Grand Theater Groningen, Troubleyn/Jan Fabre, Theater Im Pumpenhaus e AndWhatBeside(s)Death difusão Key Performance apoios Provincie West-Vlaanderen, Vlaamse Gemeenschap e Provincie Antwerpen


© Sandy Kim

música

Cass McCombs Sala Principal sex 3 maio 22h00 18€ / Com desconto 9€

Seis álbuns editados em dez anos de carreira confirmam Cass McCombs como um dos grandes escritores de canções da atualidade. Na verdade, logo desde o terceiro álbum – o fulminante Dropping The Writ, de 2007 – que soubemos que, daquele ponto em diante, salvo precipitações normais de quem está na indústria, iríamos aproveitar sempre um punhado de canções perfeitas, feitas com aquele aprumo irrepreensível de quem cresceu com a história musical da Califórnia a banhar-lhe os ouvidos. Melancolia urbana, harmonia vintage, um pendor irresistível para o épico, refrães como arpões e um humor na escrita que tanto contagia como baralha são algumas das caraterísticas recorrentes dos álbuns de McCombs. Ou seja, predicados que os clássicos costumam exigir com relativa frequência, mesmo quando, e é este o caso, os autores pareçam ignorar tamanhos epítetos.

Em 2011, McCombs editou dois álbuns, numa simbólica urgência do estado de graça que atualmente o favorece. Ainda assim, tudo continua como dantes, com canções a nascerem com o seu ritmo certo e próprio, com espaço livre para uma fruição exemplar, como se escutássemos os segredos de uma obra-prima a ser construída em câmara lenta. Por isso mesmo, quisemos desafiar Cass McCombs a desvendar-nos alguma dessa intimidade em formato acústico. Ele aceitou.

e Cass McCombs is one of today’s great songwriters, having published six albums in a ten year long career. Urban melancholy, vintage harmony, an irresistible leaning towards the epic, even with scarce resources, harpoon-like refrains and a humorous writing, both contagious and confusing, are some of McCombs albums’ recurrent traits, which he brings to Teatro Maria Matos in acoustic format.

guitarra e voz Cass McCombs guitarra Jon Shaw baixo Dan Lead Jornal

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© Daniel Seiffert

teatro

International Institute of Political Murder Hate Radio

(Berlim)

Palco da Sala Principal ter 7 a qui 9 maio 21h30 14€ / Com desconto 7€ | Duração 1h50 | Em francês e ruandês com legendagem Em abril de 1994, o avião do presidente hutu Habyaruman foi abatido durante a aterragem em Kigali, Ruanda, fazendo deflagrar um conflito étnico latente entre a maioria hutu e a minoria tutsi e espoletando um sangrento genocídio. Em apenas três meses, estimase que tenham sido assassinados cerca de um milhão de indivíduos da etnia tutsi e ainda milhares de hutus moderados. “Se se pensasse em formas simples de prevenir o genocídio no Ruanda”, testemunhou o jornalista norte-americano Philip Gourevitch mais tarde, “a estação de rádio Radio-Télévision Libre des Milles Collines teria sido um bom ponto de partida”. Hate Radio, do coletivo IIPM – International Institute of Political Murder, é uma reconstituição fiel de uma emissão da popular estação de rádio ruandesa. Entre os êxitos de música pop e a cobertura de eventos desportivos, a programação da RLTM integrava 16

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comunicados políticos e apelos ao ódio racial. Hate Radio mostra como o racismo funciona e como a linguagem tem o poder de criar e exacerbar ódios irracionais. Fundado em 2007, o IIPM recorre ao teatro, às artes plásticas, ao cinema e à pesquisa minuciosa para reconstituir acontecimentos históricos que considera relevantes. The Last Hours of Elena and Nicolae Ceausescu (2009/10) e The Moscow Processes (2012/13) são outros projetos aclamados deste coletivo.

e Hate Radio is a faithful reconstitution of a broadcast by the popular Rwandan radio station Radio-Télévision Libre des Milles Collines, which in 1994 broadcasted political announcements and vehement appeals to racial hatred, therefore acting as an efficient propaganda tool in the massacre of the Tutsi minority.

texto e direção Milo Rau dramaturgia e assistência conceptual Jens Dietrich cenário e figurinos Anton Lukas intérpretes Afazali Dewaele, Sébastien Foucault, Estelle Marion, Nancy Nkusi, Diogène Ntarindwa (Atome) vídeo e desenho de som Marcel Bächtiger direção de produção Milena Kipfmüller assessoria de imprensa Yven Augustin colaboração científica Eva-Maria Bertschy assistência vídeo Jens Baudisch colaboração desenho de som Peter Göhler documentário Lennart Laberenz & Daniel Seiffert aconselhamento académico Marie-Soleil Frère, Assumpta Muginareza & Simone Schlindwein produção The International Institute of Murder - IIPM com o apoio do Programa Cultura da União Europeia e do Goethe-Institut


oficina teatro | produção 6 aos 8 anos

oficina dança | produção 6 aos 8 anos

Dina Lopes Faz de conta 2

Francesca Bertozzi Metamorfose 2

Sala de Ensaios sex 10 e dom 12 maio

Sala de Ensaios sáb 11 e ter 14 maio

semana 10h00 dom 16h30

semana 10h00 sáb 16h30

Criança 3€ | Duração 90 min

Criança 3€ | Duração 90 min

Há histórias que parecem reais e outras que só podiam ser inventadas. Nesta oficina, propomos entrar no mundo da imaginação, no qual nos é permitido tornar possível tudo o que desejamos. Seremos livres de criar qualquer objeto, lugar, figurino ou ação, sem que seja importante definir se é verdadeiro ou não. Tudo se move através da nossa vontade.

Uma bailarina conta a história da metamorfose da lagarta através de movimentos que, passo a passo, são revelados e ensinados às crianças até comporem uma pequena coreografia. Ao longo da oficina, as crianças poderão perceber o que é possível fazer com a dança e o movimento dos corpos para reconhecer, criar e recontar histórias.

e In this workshop, we’ll travel to the world of imagination, where everything is possible. We will be able to create whatever object, place, costume or action we wish, without bothering if they are true or not. Everything that we’ll create will exist because we want it to exist. No more no less!

e A dancer tells the story of the caterpillar’s metamorphosis with movements that are shown and instructed to the children, step by step, until they make up a small choreography. Throughout the workshop, the children will be able to understand what dance and body movement can do in order to recognize, create and retell stories.

Dina Lopes estudou Teatro na Escola Superior de Teatro e Cinema. Enquanto atriz, destaca-se o trabalho com os encenadores Luís Miguel Cintra, João Mota, João Grosso. Começou a desenvolver oficinas de expressão dramática no Teatro O Bando em 1990, desde aí tem estado ligada ao ensino desta disciplina em diferentes contextos.

Francesca Bertozzi formou-se na Escola Superior de Dança de Lisboa e tem vindo a trabalhar como intérprete e criadora na área da dança. Paralelamente aos projetos artísticos, tem vindo a desenvolver atividades pedagógicas, lecionando aulas e workshops de dança contemporânea, criativa, composição coreográfica e consciência corporal em Itália, França e Portugal. Jornal

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© Peter J. Kierzkowski

música

William Basinski Nocturnes Sala Principal sáb 11 maio 22h00 15€ / Com desconto 7,50€

Durante a década de 80, William Basinski foi criando um acervo de incontáveis gravações experimentais, feitas sobretudo do aproveitamento de sons perdidos nas ondas-curtas ou capturados pela manipulação exemplar de fitas sonoras em loop. Após um período de algum trabalho em projetos coletivos e com figuras icónicas da cena nova-iorquina – Antony ou Diamanda Galás, por exemplo –, Basinski regressou, no virar do milénio, aos seus arquivos e começou um trabalho de paciente reconversão sonora assente numa exploração sensorial de composições ambientais, geralmente estruturadas em múltiplas camadas de loops minimais. Mas é apenas recentemente que o seu nome parece ter ganho um amplo respeito e admiração. Num primeiro momento, graças à sua participação no documentário The Life And Death Of Marina Abramovic de Bob Wilson, em 2011; depois, no ano passado, pela reedição do seu opus The Disintegration Loops (2002-2003) numa caixa faraónica e imponente, que poucos possuem, mas muitos desejam. Esta obra-prima absoluta, feita em quatro volumes, foi elaborada exclusivamente pela manipulação de fitas áudio em degradação contínua – e quis o destino que o seu ocaso tivesse sido registado no fatídico dia do ataque às torres de Nova Iorque, ficando até aos 18

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dias de hoje como uma das mais emocionantes elegias da tragédia. Embora este seja um marco irrepetível na sua discografia, a restante obra do músico norte-americano alude com frequência a esse modo de perceção do tempo, convocando emoções e transpondo fronteiras que raramente são ultrapassadas na audição musical. Nocturnes é o primeiro álbum a solo de Basinski em 4 anos e o motivo perfeito para recebermos um dos estetas sonoros mais cativantes deste século num momento de feérica descoberta e reconhecimento.

e Nocturnes is the first solo work by William Basinski in four years, at a time when he’s being more recognised than ever, following the rerelease of his masterpiece The Disintegration Loops in 2012. More than enough reason to welcome one of this century’s most captivating sound aesthetes, at a time of wonder, discovery and recognition. leitor de fitas áudio analógicas, computador William Basinski Porto, Culturgest, 13 maio 2013


Cie P.P. Dream & Gilbert Peyre

© Krzysztof Wojcik

teatro

(Paris)

Cupidon, Propriétaire de l’Immeuble situé sur l’Enfer et le Paradis Sala Principal sex 17 e sáb 18 maio 21h30

12€ / Com desconto 6€ | Duração 60 min | Em francês com tradução em português

Gilbert Lascault, crítico francês

No coração desta música, com o som de coisas a ranger e de palavras sussurradas, passam perante nós um coelho mecânico, uma noiva vestida como uma princesa, um armário cheio de convulsões, lançadores de facas, um porco com uma coroa de fogo e muitos outros. Lírica, cheia de humor, caótica, esta instalação-espetáculo leva-nos a questionar o que pode ser o amor: o Inferno e, ao mesmo tempo, o Paraíso.

Alegoria surrealista sobre o amor, este espetáculo de Gilbert Peyre mistura ópera, artes plásticas e tecnologia. Nesta comédia trágica e delirante, esculturas eletromecânicas coabitam com figuras vivas e o público é introduzido no universo peculiar de Cupidon, personagem metade homem, metade mulher, que vive rodeado de bonecas angelicais e diabólicas.

e A surreal allegory on Love, this performance by Gilbert Peyre blends opera, plastic arts and technology. In this tragic and delirious comedy, electromechanical sculptures stand side by side with live figures, and the audience is introduced into the peculiar universe of Cupid, half man half woman, who lives surrounded by both angelic and diabolic dolls.

O universo de Gilbert Peyre é, em simultâneo, um museu de artes e ofícios, uma sala de máquinas, um parque de diversões, uma sala de música, uma ópera, um espetáculo de magia, uma fantasmagoria, uma cerimónia, uma liturgia, uma cavalgada, uma procissão, um jardim zoológico, um circo, uma orgia, uma comédia mecânica, um apocalipse cómico.

conceção, encenação, esculturas e cenografia Gilbert Peyre textos Yves Garnier e extratos de Cântico dos Cânticos música Gérard Pesson, Enrico Caruso, Raphaël Beau, extratos de hinos religiosos intérpretes Jean-Yves Tual, Marie De Oliveira, Gaëlle Fiaschi soprano Lydie Morales vozes Achille Orsoni, Corinne Martin, Gwénola de Luze, Olga Nikolaeva manipuladores da consola eletrónica Bachir Sam, Juliette Zanon direção de cena Loïc Guyon assistente de direção de cena Antoine Mary desenho de luz Flore Marvaud desenho de som Fabien Caron camareira Gaëlle Fiaschi engenheiro eletrónico Robert Breton figurinos Morgane Olivier aconselhamento técnico e assistente de cenografia Vikonte de Bartholin guião Elsa Bahia participaram na construção Anne Pinguet, Virginie Chevrier, Claude Orsoni, Claude Cottet produção Cie P.P.Dream – Laurence Alfieri coprodução Achille Orsoni, LE CENTQUATRE apoios Loupi Electronique e Robert Breton, Le Théâtre de la Marionnette à Paris, Théâtre de la Commune-CDN d’Aubervilliers, Ville de Pantin técnica esculturas eletromecânicas pneumáticas eletrónicas Jornal

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teatro ciclo transição conferência

Carolyn Steel

Sitopia – The Transformative Power of Food Sala Principal ter 21 maio 18h30 Entrada livre (sujeita à lotação da sala) mediante levantamento prévio de bilhete no próprio dia a partir das 15h00 | Em inglês

Vivemos num mundo moldado pela comida. Ela influencia as nossas rotinas diárias, a nossa política e a nossa economia e determina a nossa sobrevivência, o nosso sentido de identidade e a nossa pegada ecológica. Sendo assim, porque é que consideramos a comida uma mercadoria como outra qualquer? O nosso profundo desapego à comida, que é a nossa necessidade mais básica, é um legado curioso da industrialização. É igualmente sintoma de um modo de vida que já não é sustentável. A comida não é apenas um poderoso modelador das nossas vidas, pode também ser aproveitada como ferramenta. O termo sitopia (lugar da comida) descreve esta abordagem. O objetivo da sitopia, como o da utopia, é questionar o que seria uma boa vida e uma boa sociedade. Mas, ao contrário da utopia, a sitopia já está presente, ainda que em grande parte de forma negativa. De modo a melhorá-la, temos de reconhecer a influência que a comida tem nas nossas vidas e direcioná-la positivamente. A sitopia é uma ferramenta para lidar com questões como sejam: como e onde construir cidades, como nos alimentarmos e vivermos nelas e como adaptar as existentes de modo a torná-las mais sustentáveis. A comida é o grande elo de ligação: ao pensar não apenas em comida, mas através dela, podemos obter uma compreensão fundamental das estruturas escondidas das nossas vidas e mudá-las para melhor. 20

Jornal

Carolyn Steel é uma pensadora de vanguarda no que toca a comida e cidades. Arquiteta, conferencista e escritora sediada em Londres, obteve aclamação internacional com o livro Hungry City: How Food Shapes Our Lives, publicado em 2008. Carolyn é conferencista convidada de Arquitetura na Universidade de Cambridge, professora convidada de Comida e Urbanismo na Universidade de Lincoln e professora e investigadora convidada de Sociologia Rural na Universidade de Wageningen. Investigadora na Escola Britânica de Roma em 1995-1996, Carolyn escreve regularmente sobre comida, arquitetura e urbanismo e recebe convites de todo o mundo na qualidade de oradora e para integrar grupos de reflexão e debates.

e Architect, lecturer, teacher and writer Carolyn Steel has been focusing her work and thinking on cities’ routines, more exactly on the way they are and have always been dependent on food. She coined the concept of sitopia (food place), which she developed in her award-winning book Hungry City: How Food Shapes Our Lives (2008).

um projeto House on Fire com o apoio do Programa Cultura da União Europeia e do British Council


© Éric Le Brun

teatro

Cie Cendres la Rouge (Lille)

Vestiges, spectacle primitif Palco da Sala Principal qui 23 a sáb 25 maio 21h30 12€ / Com desconto 6€ | Duração 55 min

Num laboratório de paleontologia, Martha está ocupada a analisar pequenos esqueletos descobertos recentemente. Como eles escapam a qualquer nomenclatura conhecida, tenta desvendar o mistério da sua origem; simultaneamente, começam a acontecer coisas estranhas no laboratório. Guiada por um pequeno esqueleto, assustado e surpreso, Martha entra num mundo fantasmagórico, onde aquilo que imagina ganha forma. Durante a sua aventura, descobre uma parte de si mesma que não conhecia… As criações da companhia Cendres la Rouge, reunidas sob o título genérico de Ossuaire dégindandé (Ossário desarticulado), colocam em cena autómatos e marionetas criados por Alain Terlutte a partir de ossos. Desde a sua formação, em 1998, a companhia faz experiências com a reconstrução de esqueletos de animais, nem sempre de acordo com a sua natureza, e confere-lhes vida e movimento a partir de diversos materiais, como fios de pesca, molas, engrenagens ou motores recuperados.

e Vestiges, spectacle primitif takes us to the extraordinary universe of Cie Cendres la Rouge, with its odd puppets and robots made from reassembled animal skeletons, which are animated using various materials such as fishing line, springs, gears and recovered engines.

conceção Sandrine Châtelain, Alain Terlutte, Didier Cousin e Julien Aillet encenação Didier Cousin construção de autómatos e marionetas Alain Terlutte e Julien Aillet atores-manipuladores Sandrine Châtelain, Julien Aillet e Alain Terlutte ambiente sonoro Ivann Cruz interpretação musical Jean-Luc Landsweerdt, Jérémie Ternoy, Maud Kauffman, Christophe Motury, Ivann Cruz, com a participação do Choeur du Conservatoire de Roubaix captura e mistura de som Olivier Lautem desenho de luz Claire Lorthioir produção Métalu A Chahuter coprodução Le Grand Bleu, Etablissement National de Production et de Diffusion (Lille), Maison Folie Wazemmes (Lille), Le Boulon – Pôle Régional des Arts de la Rue (Vieux-Condé), La Condition Publique (Roubaix) apoios DRAC Nord – Pas de Calais, de la Région Nord – Pas de Calais, Centre André Malraux (Hazebrouck), Phénix – Scène Nationale de Valenciennes, Manège – Scène Nationale de Maubeuge, Piscine/Atelier Culture (Dunkerque), Culture Commune – Scène Nationale du Bassin Minier du Pas-de-Calais, Ville de Sallaumines e Maison de l’Art et de la Communication técnica autómatos – manipulação à vista Jornal

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Dia Mundial da Criança 3 aos 5 anos

Neste ano, comemoramos o Dia Mundial da Criança com a apresentação da trilogia da cor. Amarelo, Azul e Rubro regressam aos nossos palcos em versões mais intimistas aproximando as três cores primárias quase como quem as mistura para ver o que acontece. Enquanto nas salas decorrem os espetáculos, no foyer as cores em forma de tinta são a matéria para diferentes criações. Neste dia, o Teatro Maria Matos vai ser das crianças.

instalação

Maria João Carvalho e Andreia Dias Sorriso! Click

Foyer sáb 1 junho 10h00 às 17h30 Entrada livre Durante todo o dia, as crianças são convidadas a serem fotografadas no foyer do Teatro Maria Matos. Ora a sorrir, ora sentadas ou até mesmo a saltar, vamos criar fragmentos de memórias impressos a preto e branco. Entre espetáculos, inspirados pelo amarelo, azul e vermelho, desafiamos os participantes a tornarem-se retratistas e a colorir, a colar ou a recortar produzindo a memória deste dia.

teatro | coprodução

Catarina Requeijo Amarelo Sala de Ensaios ter 28 maio a dom 2 junho

(exceto dias 30 e 31 maio)

semana 10h00 sáb 10h00 e 17h30 dom 17h30 Criança 3€ | Adulto 7€ | Duração 40 min Amarelo-canário, amarelo-gema, amarelo-claro, amarelo-torrado, amarelo-vivo – existem muitos amarelos ou apenas um que se transforma, qual camaleão? Neste espetáculo, vamos tentar conhecer o amarelo com todos os nossos sentidos – como cheira, a que soa, a que sabe, que forma tem e que histórias nos pode contar. Certamente, depois de ver o espetáculo, haverá quem continue a preferir o verde ou o rosa, mas… O que seria do mundo se todos gostássemos só do amarelo?

e How can we get to know this chameleonic colour which slips between the fingers like sand when we try to catch it? Sometimes it is bitter like lemons, and sometimes it is sweet like honey. Let’s experience yellow with all our senses and try to unveil the many stories it contains. criação Catarina Requeijo ideia original Francisco Moreira conceção plástica Maria João Castelo desenho de luz José Álvaro Correia assistente de encenação Inês Barahona produção executiva Francisca Rodrigues coprodução Truta, Maria Matos Teatro Municipal e Centro Cultural Vila Flor

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Jornal

no âmbito da rede


ter 28 maio a qua 5 jun (exceto dia 3)

© Carlos Gomes

dança | coprodução

Leonor Barata Azul Palco da Sala Principal qui 30 maio a dom 2 junho semana 10h00 sáb 12h00 e 16h30 dom 11h00

no âmbito da rede

Criança 3€ | Adulto 7€ | Duração 45 min Há o azul do céu e o azul do mar — dizem que um é espelho do outro. Há quem sinta através da cor e quem navegue por ela. Existem muitas formas de ser azul e muitos mergulhos possíveis nesta cor. É esta a proposta deste espetáculo: um mergulho. Um longo e hipnótico mergulho em tudo o que o azul esconde, nos mistérios, nas histórias e danças que nele estão encerrados. Uma dança em tons de azul que mostra o que estava escondido, dentro de uma azulada caixa de Pandora ou de um painel de azulejos antigos.

e Azul (Blue) by Leonor Barata is a show that offers insights into the many shades of blue. This is exactly what the show is about: a long, hypnotic dive into everything involving the colour blue and its mysteries, stories and dances. criação Leonor Barata interpretação Leonor Barata e Adriana Campos conceção plástica Maria João Castelo desenho de luz Alexandre Mestre uma encomenda Maria Matos Teatro Municipal coprodução Maria Matos Teatro Municipal, Projeto D e Centro Cultural Vila Flor

teatro | coprodução

Marta Bernardes Rubro sáb 1 e dom 2 junho Palco da Sala Principal ter 4 e qua 5 junho Sala de Ensaios semana 10h00 sáb 11h00 e 15h30 dom 16h00 Criança 3€ | Adulto 7€ | Duração 40 min

© Marta Bernardes

Rubro conta a história da cor vermelha utilizando a manipulação ilusionística de objetos, de canções e de pequenas histórias baseadas na história real do mundo, quer seja a história política (as bandeiras, os exércitos, as revoluções, os heróis), a narrativa (as personagens arquétipos de contos, as figuras infantis, a simbologia, a pintura) ou a técnica (o fabrico dos pigmentos, a dimensão ótica). Este é um espetáculo multimédia concebido com o intuito de estimular a sensibilização à dimensão plástica, sensitiva e significante da realidade.

e Ruby-red tells the story of the colour red by means of an illusionist manipulation of objects, songs and short stories based on the world’s actual history, may it be political (the flags, armies, revolutions, heroes) narrative (the archetypal fairy tale characters, the childlike figures, symbology, painting) or technical (the making of the pigments, the optical dimension). criação original Marta Bernardes composição e interpretação da música original Marta Bernardes e Nuno de Sousa letras originas Marta Bernardes conceção vídeo Marta Bernardes e Ignácio Martinez de Salazar realização vídeo Bolos Quentes Design, Marta Bernardes e Ignácio Martinez de Salazar cenografia Ignácio Martinez de Salazar desenho de figurinos Marta Bernardes execução de figurinos Isa Letra desenho de luz e som Marta Bernardes e Ignácio Martinez de Salazar uma encomenda Maria Matos Teatro Municipal coprodução Magma e Maria Matos Teatro Municipal apoio em residência Maus Hábitos, Associação Cultural

Jornal

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teatro | coprodução

Stefan Kaegi/ Rimini Protokoll Remote Lisboa

(Berlim)

Cemitério dos Olivais qui 30 maio a sex 7 junho (exceto dia 2 junho) 18h30 uu

12€ / Com desconto 6€ | Duração 2h00 IMPORTANTE! Lotação limitada. Compra prévia obrigatória até 24 horas antes da sessão pretendida na bilheteira central e online do Teatro Maria Matos e Teatro São Luiz. Sessões em inglês disponíveis mediante agendamento prévio em bilheteira.teatromariamatos@egeac.pt. Caução de 10€ no ato do levantamento dos auscultadores indispensáveis ao espetáculo. Pessoas que não se conhecem na vida real formam verdadeiras comunidades quando vivem aventuras virtuais em jogos online. Remote Lisboa situa-se entre o real e o virtual, levando 50 pessoas a constituir um grupo que invade a cidade, guiado por uma voz artificial, como as que conhecemos de aparelhos eletrónicos como o GPS. Remote Lisboa traça um percurso pela cidade. Através de auscultadores, os participantes recebem instruções e escutam uma nova banda sonora para as ruas, os parques de estacionamento ou as igrejas. O espectador torna-se num ator de um filme com outros 49 atores no elenco. Impulsionados pela partitura e pelos sons sincronizados, chegam a sítios na cidade que não imaginavam existir. A voz que os guia vai-se tornando cada vez mais familiar, mas, aos olhos dos transeuntes, este grupo orientado remotamente começa a parecer-se com uma entidade alienígena. Estarão todos a ouvir as mesmas palavras? Poderá isto ser o começo de um movimento? Stefan Kaegi parte das especificidades do ambiente urbano para as suas criações. Com Helgard Haug e Daniel Wetzel, criou o coletivo Rimini Protokoll, no âmbito do qual trabalham várias perspetivas com que podemos encarar o presente e a realidade. Algumas das suas obras inesquecíveis já foram apresentadas em Lisboa: Chácara Paraíso (com Lola Árias) e Rádio Muezzin no alkantara festival e Mnemopark na Culturgest. 24

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Como chegar ao Cemitério dos Olivais Avenida de Pádua Cemitério (Estrada de S. Cornélio) Autocarros 708, 781, 750,794 e 782 | Metro Cabo Ruivo O fim do percurso será no centro histórico da cidade junto a uma estação de metro e outros transportes públicos

e Groups of people who have never met in real life create true communities while living virtual adventures in online games. Remote Lisboa brings 50 people together to form an actual group, and invade the city guided by an artificial voice, as the ones we’re familiar with from electronic devices such as GPS. conceito, guião e direção artística Stefan Kaegi (Rimini Protokoll) desenho de som Nikolas Neecke cocriador Jörg Karrenbauer dramaturgia Juliane Männel, Aljoscha Begrich direção de produção Juliane Männel produção Rimini Apparat coprodução HAU Hebbel am Ufer Berlin, Maria Matos Teatro Municipal e Goethe-Institut Portugal, Festival Theaterformen Hannover/ Braunschweig, Festival d’Avignon, Zürcher Theater Spektakel e Kaserne Basel financiado por Capital Cultural Fund Berlin e Swiss Arts Council Pro Helvetia uma coprodução House on Fire com o apoio do Programa Cultura da União Europeia e do Goethe-Institut


conferência ciclo transição

Paulo Magalhães

O desafio de nos organizarmos como vizinhos globais Sala Principal qua 5 junho 18h30 Entrada livre (sujeita à lotação da sala) mediante levantamento prévio de bilhete no próprio dia a partir das 15h00 A experiência tem demonstrado que o uso partilhado de um mesmo bem, ou de um mesmo sistema, por um grupo alargado de indivíduos, resulta numa inevitável “tragédia dos comuns”. O problema que se coloca é que, num grupo alargado, qualquer indivíduo pode usar os sistemas de uso comum, sem que necessariamente tenha contribuído para a sua manutenção. Aceitar voluntariamente regras pressupõe construir previamente alicerces organizativos necessários para que a confiança possa começar a surgir. O projeto Condomínio da Terra propõe a aplicação dos princípios organizativos de conciliação de duas formas de propriedade sobre um mesmo bem indivisível operada pelo instituto jurídico do condomínio, organizando as relações humanas que agora se alargaram à escala global. Ao reconhecer a existência de um sistema natural global que existe para além dos espaços geograficamente delimitados pelos Estados, é possível determinar

as diferentes responsabilidades e competências de gestão, harmonizando a interdependência entre os interesses individuais e coletivos. Recorrendo a vários instrumentos que já existem, o Condomínio da Terra pode servir como modelo conceptual para explorar mecanismos e instituições que estruturem uma ação coletiva global. Paulo Magalhães é jurista e investigador na Universidade Nova de Lisboa, onde também é doutorando em Ecologia Humana. Foi um dos membros fundadores da QUERCUS, onde atualmente coordena os projetos Condomínio da Terra, Ecosaldo, Floresta Comum e GreenCork. Em 2007, publicou O Condomínio da Terra: das Alterações Climáticas a uma Nova Concepção Jurídica do Planeta no qual propõe uma gestão da Casa Comum da Humanidade baseada na experiência jurídica da propriedade condominial.

e Paulo Magalhães is a founding member of QUERCUS, where he coordinates the Earth Condominium Project. This project advocates the global acceptance of the existence of goods and services of common interest, and of the need to implicate everyone in their management. In 2007 he published the book The Earth Condominium – From Climate Change to a New Legal Concept of the Planet.

um projeto House on Fire com o apoio do Programa Cultura da União Europeia Jornal

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teatro | música

© Kurt van der Elst

teatro

LOD|muziektheatre Josse De Pauw & Jan Kuijken

Les Pendus

(Ghent)

Sala Principal sex 7 junho 21h30

20€ / Descontos ciclo teatro|música (Ver pág. 47) | Em latim e neerlandês com legendagem

A beleza deste espetáculo advém também da contribuição brilhante da Orchestre Royal de Chambre de Wallonie, conduzida por Etienne Sieben. São raras as óperas em que a encenação, o canto e a música são tão equilibrados. Knack Les Pendus (Os Enforcados) relembra aqueles que, ao longo dos séculos, se recusaram a aceitar cegamente o que é geralmente aceite ou imposto pelas autoridades, que não tiveram medo de questionar o statu quo e assumiram publicamente as suas convicções. A curiosidade e a liberdade que reivindicaram tiveram muitas vezes um preço alto, muitos morreram por elas. O escritor Josse De Pauw e o compositor Jan Kuijken

voltam a trabalhar juntos nesta obra de homenagem ao pensamento crítico e à liberdade de expressão em que as tensões nascem da interação entre a orquestra e os atores e cantores, suspensos sobre os músicos. Ao longo da narrativa, orações em latim marcadas pela angústia e pela compaixão oferecem contexto, enquanto atores expõem as ideias e os sentimentos dos pensadores e visionários que estão no centro da obra em neerlandês.

e Les Pendus (The hanged men) talks about those who, throughout the centuries, refused to blindly accept what is generally accepted or imposed by the authorities, who were not afraid to question the status quo and assume their convictions publicly. This collaboration between writer Josse De Pauw and composer Jan Kuijken is a tribute to critical thinking and freedom of expression.

música Jan Kuijken conceito Josse De Pauw & Jan Kuijken desenho de luz Enrico Bagnoli figurinos Greta Goiris intérpretes Han Kerckhoffs, Christel Domen cantores VocaalLAB Nederland – Janneke Daalderop (soprano), Ekaterina Levental (meio-soprano), Steven van Gils (tenor), Lidewei Loot (voz de criança) música Orchestre Royal de Chambre de Wallonie & Jan Kuijken direção musical Etienne Siebens violoncelo Jan Kuijken pesquisa Geerdt Magiels ensaiador Henry Kelder tradução do latim Dirk Sacré, Bart Claes copiador Wim Hoogewerf legendagem Bart Boone figurino Christine Piqueray Orchestre Royal de Chambre de Wallonie Edith Baugnies, Roman Borkovski, Manuel Camacho, Jean-François Chamberlan, Kela Canka, Pascal Crismer, Charlotte Danhier, Alain Denis, Persida Dharda, Red Gjeci, Jean-Frederic Molard, Pascal Schmidt, Isabelle Scoubeau, Marie-Carmen Suarez, Michael Scorieels, Marc Tillema, Hans Vandaele, Christian Vanderborgt coordenação geral Valerie Martino coordenação técnica Nic Roseeuw técnicos Chris Vanneste, Marc Combas e Wim Piqueur produtora executiva Kristel Deweerdt comunicação Marianne Cattoir produção LOD|muziektheatre coprodução KVS, Théâtre National Bruxelles, Grand Théâtre de Luxembourg, Le Maillon Strasbourg, Orchestre Royal de Chambre de Wallonie, KunstFestSpiele Herrenhausen e VocaalLAB Nederland apoio Governo da Wallonia, Lotterie Nationale e Ville de Mons, CEC 2015

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Jornal


© Renato Manolim

teatro

Cia das Inutilezas nãotemnemnome

(Rio de Janeiro)

Rua da Boavista, 50 ter 18 a qua 26 junho (exceto dia 24) 21h30 uu

14€ / Com desconto 7€ | Lotação limitada | Duração 2h00

nãotemnemnome é um espetáculo inclassificável. Situado algures entre um encontro de amigos e uma maravilhosa caixa de histórias, trata da vida quotidiana, com as suas memórias, angústias e pequenos encontros e desencontros. O ambiente relaxado e íntimo do espetáculo não é um opção dramatúrgica, mas faz parte do seu próprio ADN, porque nãotemnemnome incorpora as histórias dos espectadores. Num primeiro encontro, todos os espectadores são convidados a partilhar uma conversa a sós com um dos atores: contam-se histórias, trocam-se perguntas e respostas, partilham-se confidências que integrarão o texto do espetáculo. Num apartamento, dá-se o segundo encontro, agora

O primeiro encontro individual entre cada espectador e um intérprete pode ser agendado para qualquer dia, a partir de 12 de junho, entre as 14h00 e as 18h00. Marcação através do número 922297694 ou inutilezascia@gmail.com. O encontro dura 60 minutos e não é obrigatório para quem quer assistir ao espetáculo.

entre todos os intérpretes e espectadores. Cada apresentação de nãotemnemnome é diferente. Tudo o que foi dito durante as conversas individuais pode estar presente. Histórias sem dono são agora território comum, partilhadas por todos. É impossível reconhecer o sujeito de cada narrativa e, no entanto, cada um pode encontrar um pouco de si em cena.

e Brazilian Cia das Inutilezas focuses its work on bringing theatre closer to people and to everyday life. In nãotemnemnome (notevenaname), each performance is built on previous encounters with the public. The actors borrow the gathered narratives and share these anonymous stories during the performance, alongside their own observations about the small things of life.

Sob a direção do ator, encenador e dramaturgo Emanuel Aragão, a Cia das Inutilezas surgiu em 2007 e, desde então, procura aproximar o teatro das pessoas e do mundo, trabalhando sobre as pequenas coisas da vida quotidiana, com personagens que poderiam retratar qualquer um de nós.

encenação Emanuel Aragão dramaturgia Emanuel Aragão em colaboração com os intérpretes interpretação Emanuel Aragão, Fernanda Félix, Liliane Rovaris e Rossini Viana Jr. produção executiva Thiare Maia direção de produção e realização Cia das Inutilezas Jornal

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© Paulo Cunha Martins

música

Peixe Sala Principal sex 21 junho 22h00 12€ / Com desconto 6€

O ano de 2012 será lembrado como particularmente generoso para Pedro Cardoso. Foi um ano marcado pelo regresso apoteótico aos palcos dos Ornatos Violeta – que incluiu seis coliseus esgotados, divididos entre Lisboa e Porto –, obrigando a rever o verdadeiro peso da banda na história da música portuguesa, mas também pela estreia a solo de Pedro com o seu nome de combate de sempre. Como Peixe assinou Apneia, um álbum luminoso, de melodias sinuosas, cheio de otimismo apesar dos seus tingimentos melancólicos, que inseriu o seu autor num pequeno panteão de jovens músicos que professam solitários a sua arte na guitarra e viola acústica. E, tal como alguns dos seus pares mais ilustres, como Tó Trips ou Filho da Mãe, também Peixe carrega consigo a energia vital da eletricidade para descarnar as suas composições instrumentais. Do mesmo modo, parece ter com Norberto Lobo uma simpatia pela improvisação, apesar de abraçar os blues e o jazz com

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Jornal

mais à-vontade do que qualquer um dos citados. Com Apneia solidamente ancorado num 2012 ainda demasiado recente, Peixe abordou o desafio do Teatro Maria Matos apresentando uma ponte para um novo álbum, dividindo o palco com a companhia de convidados especiais e de arranjos inesperados.

e In 2012, when he experienced public apotheosis with Ornatos Violeta, Peixe made his solo debut with Apneia, a luminous album that allowed him to enter the small pantheon of young musicians solitarily dedicating themselves to the acoustic guitar. On the stage of Teatro Maria Matos, Peixe presents a possible bridge to a new album with very special guests.

viola acústica, guitarra elétrica Peixe


conferência ciclo transição

Tim Jackson

Prosperity and Sustainability in a Green Economy Sala Principal seg 24 junho 18h30 Entrada livre (sujeita à lotação da sala) mediante levantamento prévio de bilhete no próprio dia a partir das 15h00

Um dos temas centrais do trabalho desenvolvido pelo RESOLVE, grupo de investigação em estilo de vida e ambiente, é precisamente a tensão latente entre as preocupações com a sustentabilidade e a demanda pela prosperidade. Esta tensão é notória quando o conceito de prosperidade é baseado na acumulação materialista. Mas até mesmo quando a prosperidade é enquadrada de forma diferente, por exemplo no que diz respeito à qualidade de vida ou às nossas capacidades de desenvolvimento, as estruturas do crescimento económico e os valores do consumismo tendem a levar a sociedade a consequências insustentáveis. Este dilema é uma das bases do livro Prosperity without Growth – economics for a finite planet. O livro denuncia as dinâmicas do problema, mas também aponta possíveis soluções estruturais. A conferência incluiu o lançamento da edição portuguesa do livro Prosperity withouth Growth – economics for a finite planet pela Tinta da China, com o apoio do Teatro Maria Matos.

Tim Jackson é professor na Universidade do Surrey, onde dirige o RESOLVE, organização que estuda as relações entre o estilo de vida, os valores sociais e o ambiente. É autor e coautor de várias publicações sobre a energia, o consumo e o bem-estar, entre elas, o livro Prosperity without Growth – economics for a finite planet, considerado uma marca no pensamento sobre o desenvolvimento sustentável.

e Tim Jackson teaches at the University of Surrey, where he runs RESOLVE, a research group studying the links between lifestyle, societal values and the environment. He is the author and co-author of numerous publications on energy, consumption and well-being, among which the book Prosperity without Growth – economics for a finite planet, considered to be a cornerstone of sustainable development thinking. um projeto House on Fire com o apoio do Programa Cultura da União Europeia e do British Council Jornal

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© Victor Hugo Pontes

dança | coprodução

Victor Hugo Pontes ZOO Sala Principal qui 27 e sex 28 junho 21h30 12€ / Com desconto 6€ | Duração 60 min

A partir do livro Why Look at Animals? de John Berger, surgiram os pares, ora dicotómicos, ora complementares, sobre os quais se estrutura ZOO, nova criação de Victor Hugo Pontes: homem e animal, observador e observado, público e cena. Berger classifica a relação ancestral entre humanos e animais como um “companheirismo silencioso”, ainda que as criaturas enjauladas em zoológicos tenham acabado por se tornar “monumentos vivos ao seu próprio desaparecimento cultural”. Da natureza para as sociedades humanas e para o teatro: é este o fio condutor de ZOO. Quais as questões associadas a um zoológico e replicadas num espetáculo? Há um espaço de observação, um ambiente artificial/cenográfico, uma encenação, um foco de atenção e vários agentes. Exibir um produto – cultural ou animal, a diferença importa – tem como ponto de partida a pertinência desse mesmo produto. As pessoas interessam-se pela observação de outras pessoas, de animais, de espetáculos, do mundo a partir da sua janela ou de um palco. ZOO reflete sobre esse processo enquanto experiência estética. Berger diz que “o momento estético representa esperança”, uma espécie de chave para a ordem do mundo. O paradoxo, em ZOO, é a necessária artificialidade do mundo em questão. 30

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e ZOO is a new creation by Victor Hugo Pontes based on John Berger’s book, Why Look at Animals?. People like to look at other people, animals, shows, the world from their window or from a stage. From nature and into human societies and the theatre: such is ZOO’s thread. direção Victor Hugo Pontes cenografia F. Ribeiro desenho de luz Wilma Moutinho música original Rui Lima e Sérgio Martins apoio dramatúrgico Madalena Alfaia interpretação Marco Ferreira, Valter Fernandes, entre outros a selecionar em audição produção executiva Joana Ventura produção Nome Próprio coprodução Teatro Nacional São João, Maria Matos Teatro Municipal, Centro Cultural Vila Flor apoio Companhia Instável financiado pelo Secretário de Estado da Cultura/DGArtes


©João Ferro Martins

teatro | coprodução

Mónica Calle / Paula Diogo / Sofia Dinger

noites brancas Inserido no 30.º Festival Internacional de Teatro de Almada

Sala Principal ter 9 a dom 14 julho sessão contínua com livre circulação 19h00 às 24h00 12€ / Com desconto 6€

A convite do Teatro Maria Matos, três criadoras de gerações diferentes, Mónica Calle, Paula Diogo e Sofia Dinger refletem sobre as temáticas Povo, Poder e Revolução, numa época de forte agitação social e política. Colocando três gerações com diferentes abordagens artísticas em diálogo, noites brancas propõe uma discussão sobre formas de posicionamento em relação à política e à arte.

e Three female creators from different generations reflect on the themes of The People, Power and Revolution in an age of strong social and political unrest. By placing them in dialogue with each other with their distinct artistic approaches, noites brancas (white nights) proposes to discuss ways to face politics and art.

1. este amontoado de corpos pardacentos são eles. não passam, na noite, de uma massa única, silenciosos, só a custo visíveis, agarrando-se talvez uns aos outros. estão distantes da baía, ninguém rema, os remos mergulham nas águas ao abandono. a noite está semeada de absurdos. absurdos brilhos, as estrelas, os faróis, as névoas, as luzes de terra, e na montanha os clarões débeis da giesta a arder. quero eu dizer nunca mais nem luzes luzes quero eu dizer não tocará nunca mais aí esta nunca mais aí está aí está mais nada Samuel Beckett

2. Poder e violência são opostos; onde um domina absolutamente, o outro está ausente. A violência aparece onde o poder está em risco, mas, deixada a seu próprio curso, ela conduz à desaparição do poder. Hannah Arendt

3. As asas Se lhe tivesse cortado as asas Ele ainda estaria comigo Não teria partido Mas assim Não seria mais um pássaro Mas assim Não seria mais um pássaro E eu, é o pássaro que eu amava.

Joxean Artze

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Dia da Tr Articlus truncatum TUBULACEAE

Estudo de botânica ficcional de Catarina Leitão em Systema Naturæ de Catarina Leitão e José Roseira, Orbis Tertius Edições, Lisboa, 2012


as ransição ter 16 a sáb 20 julho

Encerramos a temporada 2012/2013 com os Dias da Transição. Depois do ciclo de palestras sobre as várias facetas da Transição, vamos tentar descobrir o que uma mudança para a sustentabilidade pode significar na vida de cada um. O programa abre com a última das palestras sobre Transição, em que Viriato Soromenho-Marques olha para a situação em Portugal: quais os riscos do nosso estilo de vida atual e quais as oportunidades de mudança? O filme In Transition 2.0, que é exibido na mesma noite, dá uma resposta possível e comovente ao apresentar pequenas iniciativas de Transição em todo o mundo. Também damos a palavra aos artistas: os holandeses De Warme Winkel falam sobre a crise e perguntam-se se a economia está ao serviço da comunidade ou o contrário; o Teatro do Vestido questiona o lugar do trabalho na nossa sociedade; no Teatro Mais Pequeno do Mundo ouviremos histórias recicladas, enquanto Los Piñones nos fazem dançar ao som de discos de vinil; o norte-americano Davis Freeman encerra o programa, lançando um apelo bem-humorado para mudarmos a nossa vida, arrancando promessas da audiência em troca de… shots de vodka. Ponto alto do programa é o aoarlivre. Desde 2009 um momento de convívio estival para adultos e crianças, o aoarlivre deste ano vai juntar dezenas de organizações e indivíduos que se dedicam a questões de sustentabilidade. O dia inclui ainda percursos de bicicleta e o tradicional banquete sem desperdício.

e The 2012-2013 season comes to an end with Transition Days, a subject we’ve been dealing with since January. The programme begins with the last lecture on Transition, in which Viriato SoromenhoMarques looks at the present situation in Portugal, and the film In Transition 2.0, which presents small transition initiatives all over the world. Then, Dutch theatre group De Warme Winkel will talk to us about the crisis and Teatro do Vestido will question the role of work in our society. The programme’s highlight is aoarlivre, which this year brings together tens of organisations and individuals dedicating themselves to issues of sustainability. The day includes bicycle rides, the transition fair, workshops, the traditional no-waste banquet and other performances: at Teatro Mais Pequeno do Mundo we shall listen to recycled stories, while Los Piñones makes us dance to the sound of vinyl records. American Davis Freeman closes the programme good-humouredly calling upon us to change our lives.

ter 16 julho 18h30 conferência Viriato Soromenho-Marques • Riscos e Oportunidades numa era de transição para a sustentabilidade – O caso português 20h30 filme Emma Goude • In Transition 2.0

qua 17 e qui 18 julho 21h30 teatro De Warme Winkel • San Francisco

sex 19 julho 21h30 teatro Teatro do Vestido • Labor #1

sáb 20 julho Dias de Transição faz parte do projeto The Politics of Economy da rede House on Fire e é apoiado pelo Programa Cultura da União Europeia

10h30 às 13h00 Passeios de bicicleta 15h00 às 19h30 aoarlivre 19h30 Banquete sem Desperdício 21h00 teatro Davis Freeman • 7 Promises

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Dias da Transição

} conferência

Viriato Soromenho-Marques Riscos e Oportunidades numa era de transição para a sustentabilidade Sala Principal ter 16 julho 18h30

O caso português

Entrada livre (sujeita à lotação da sala) mediante levantamento prévio de bilhete no próprio dia a partir das 15h00

As transições são períodos nos quais a vulnerabilidade se acentua. Isso tanto é válido para os indivíduos, as organizações, como para as próprias sociedades no seu conjunto. A humanidade encontra-se hoje pressionada pelo choque de duas tendências, simultâneas e contraditórias. Por um lado, pelas forças motoras de um crescimento insustentável que se planetarizou, com a transferência dos centros económicos do Ocidente para o mundo antes colonizado e dependente. Por outro lado, a compreensão de que a primeira tendência tem no colapso ambiental e climático o seu desfecho inevitável, com todas as consequências e sofrimento humano daí advenientes. O primeiro caminho conduz à intensificação do crescimento e da entropia. O segundo aponta para a via difícil, mas necessária se quisermos sobreviver, da inovação, da cooperação e dos compromissos estratégicos que podem conduzir a um novo modelo – com variantes a partir de um núcleo fundamentalmente idêntico – de organização económica e política propriamente sustentáveis. Nesta conferência, serão explicitadas as forças e tendências em confronto, bem como o caso português.

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Jornal

Viriato Soromenho-Marques é professor catedrático na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, onde introduziu, em 1995, a linha de investigação no domínio da Filosofia do Ambiente. Exerceu as funções de Vice-Presidente da Rede Europeia de Conselhos do Ambiente e do Desenvolvimento Sustentável, entre 2001 e 2006, foi coordenador científico do Programa Gulbenkian Ambiente, entre 2007 e 2011, e é membro do Conselho Nacional do Ambiente e Desenvolvimento Sustentável. Tem investigado ao longo das últimas duas décadas os contributos norte-americanos e europeus para os modelos de governação mundial na era da crise global do ambiente. É autor de diversas obras conferências, seminários e cursos nacionais e internacionais sobre temas filosóficos, ambientais e estratégicos.

e Viriato Soromenho-Marques teaches at Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, where he coordinates a master’s degree on Philosophy of Nature and Environment. He is a member of several national and international scientific societies and organisations linked to the environment and sustainable development. Among others, he is the author of the books Environment and the Future – The Portuguese Case Study and Metamorphoses. Between Breakdown and Sustainable Development.


filme

{

Dias da Transição

Emma Goude In Transition 2.0 Sala Principal ter 16 julho 20h30 Entrada livre (sujeita à lotação da sala) mediante levantamento prévio de bilhete no próprio dia a partir das 15h00 | Duração 66 min In Transition 2.0 é o novo filme da Rede de Transição: um documentário que reúne testemunhos de pessoas comuns que se propõem a fazer coisas extraordinárias. Desde comunidades que fabricam a sua própria moeda ao cultivo de alimentos em espaços inusitados utilizando técnicas de permacultura, estas pessoas estão a reinventar as suas economias e hábitos. Inspiradas pelas ideias do movimento da Transição, vão construindo uma rede pelo mundo fora de experiências sociais que propõem ser respostas ativas e otimistas aos tempos incertos que se vivem. Entre os projetos apresentados encontra-se também a Aldeia das Amoreiras em Portugal. Financiado a partir de uma iniciativa de crowdfunding e gravado sem recurso a uma única viagem de avião, convocando ao invés colaboradores em cada cidade para gravar os seus depoimentos, In Transition 2.0 é um dos primeiros filmes hipocarbónicos produzidos internacionalmente.

e In Transition 2.0 is a documentary film on the work of ordinary people trying to transform their communities by adopting some of the Transition movement’s ideas. From communities issuing their own currency to the growing of food in unusual spaces using permaculture techniques, these people are reinventing their economies and their habits.

realização, produção e edição Emma Goude pesquisa e câmara Beccy Strong animações e extras DVD Emilio Mula Jornal

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} teatro

© Sanne Peper

Dias da Transição

De Warme Winkel San Francisco

(Amesterdão)

espaço alkantara Calçada Marquês de Abrantes, n.º 99 (Santos) qua 17 e qui 18 julho 21h30 12€ / Com desconto 6€ | Duração 2h10 | Em inglês sem legendagem

Haverá muitas formas de levar a palco a crise financeira, mas os holandeses De Warme Winkel escolheram fazê-lo com um aguçado espírito crítico. Começam com um palco vazio. O projeto que tinham em mente não pôde ser concretizado, porque o subsídio chegou ao fim. Partem precisamente de tudo aquilo que projetaram e não conseguiram materializar, descrevem as suas ideias poéticas e as cenas desta produção impossível e põem os espectadores a imaginar. E, se a culpa é da crise, Vincent Rietveld e Mara van Vlijmen decidem falar-nos sobre ela. Exprimem a sua simpatia pelos banqueiros de topo, explicam o essencial da economia financeira recorrendo ao exemplo de uma aldeia medieval e atacam a crise em geral com uma atitude saudável e despreocupada. Criado em 2002, o coletivo de teatro De Warme Winkel assume-se apaixonado pela história e pela literatura e fascinado pela época plural e desordenada em que vivemos. As suas criações jogam com diversos estilos e influências, com as formas, os clichés e as expetativas do público, conduzindo-o numa viagem inteligente e divertida. 36

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e There’s a crisis going on and Dutch theatre company De Warme Winkel decided to place it at the centre of their performance San Francisco. On a budget-imposed empty stage, they express their sympathy towards top bankers, explain the basics of financial economics, taking a medieval village as an example, and attack the crisis in general with a healthy, laid-back attitude.

conceito e interpretação Mara van Vlijmen e Vincent Rietveld encenação Jeroen De Man desenho de luz e cenografia Prem Scholte Albers design Rikus Brederveld (estagiário) consultadoria Ward Weemhoff


{

Dias da Transição

© Catarina Vasconcelos

teatro

Teatro do Vestido Labor #1 Palco da Sala Principal sex 19 julho 21h30 Entrada livre (sujeita à lotação da sala) mediante levantamento prévio de bilhete no próprio dia a partir das 15h00

Labor #1 é a primeira de três partes de um projeto teatral sobre a história, função e contradições do trabalho. O trabalho “edifica,” “liberta,” “confere dignidade, identidade” – estas são expressões que nos são familiares, sendo que algumas moldaram o nosso percurso, em que desde cedo começámos a pensar no que “queríamos ser”, ou “aquilo em que queríamos trabalhar”. A sociedade moderna, como a conhecemos, organizou-se e organiza-se em função do trabalho. Mas mudanças subtis tomaram conta desta realidade na qual crescemos e têm vindo a operar uma transformação no lugar central que o trabalho ocupava até agora. As questões hoje em debate sobre a contratação coletiva, o esvaziamento da importância dos sindicatos, a preponderância das tecnologias sobre o trabalho manual humano, o desemprego galopante resultado também destes aspetos (e doutros que bem conhecemos) – tudo isto motivou a construção deste espetáculo. A este propósito, António Guerreiro escreve “A tendência irreversível é para uma ordem social em que temos de um lado uma elite do trabalho, e do outro, uma massa crescente de trabalhadores pobres, de precários e intermitentes, de desempregados.”

e Labor #1 (Labour #1) is part of a theatrical project in three parts on the history, role and contradictions of work. Teatro do Vestido’s new creation reflects on modern society and work’s main role organising it, and on the way subtle changes have been transforming this reality.

criação Teatro do Vestido direção Joana Craveiro consultadoria Associação de Combate à Precariedade – Precários Inflexíveis, Fernando Rosas, Irene Pimentel e Marta Lança Jornal

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Dias da Transição

} sáb 20 julho 10h30 às 21h00 Entrada livre

Manhatae incisa AERIACEAE


Passeios de bicicleta

{ Dias Transição da

Organum tubulosum TUBULACEAE

10h30 às 13h00 Ponto de encontro: Teatro Maria Matos Inscrição prévia obrigatória até 18 julho Contacto: 218 438 801 | bilheteira.teatromariamatos@egeac.pt Desenhámos três percursos de bicicleta para realizar durante a manhã. Uma visita guiada a uma série de iniciativas e lugares que nos darão a descobrir o que se faz em Lisboa que contribui para tornar a nossa cidade mais sustentável. Os percursos acabam num piquenique conjunto.

· · · ·

Percurso Arquitetura

Prédios, escritórios ou lojas construídos, pensando na economia de recursos e no aproveitamento de energias e elementos da natureza. Uma arquitetura bioclimática e sustentável.

Percurso Hortas Urbanas

Comunitárias ou individuais ou ainda incluídas em programas pedagógicos, as hortas urbanas ganharam uma nova vida no contexto atual. Visitamos algumas das muitas hortas espalhadas pela cidade.

Percurso das Pequenas e Grandes Invenções

*

Uma aventura à descoberta do trabalho feito por pessoas individuais ou organizações independentes dentro das suas casas ou locais de trabalho.

Piquenique

No fim dos percursos, juntamos os grupos num grande piquenique no Jardim das Estacas perto do Teatro Maria Matos e partilhamos a comida trazida por todos. Basta que deixem as vossas cestas connosco antes do passeio e nós fazemo-las chegar ao local.

*OPEN CALL para percurso das Pequenas e Grandes Invenções

Procuramos ideias sustentáveis Desafiamos todos os que inventaram formas, ideias e engenhocas para ser mais sustentável em casa a partilhá-las connosco. Gostávamos de visitar num dos nossos passeios de bicicleta casas ou locais de trabalho que reaproveitem a água da chuva, alberguem hortas em locais inusitados, poupem energia de forma engenhosa e outro tipo de iniciativas surpreendentes.

Enviem as vossas ideias e experiências até 12 maio para

teatromariamatos@egeac.pt Jornal

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Dias da Transição

} aoarlivre

aoarlivre

15h00 às 19h30

Neste ano, o aoarlivre, que mais uma vez encerra a temporada do Teatro Maria Matos, vai estar cheio de propostas e ideias para ajudar a construir um mundo melhor. Além das habituais oficinas e espetáculos para toda a família, convidámos várias associações e grupos informais para nos mostrarem que é possível fazer muito com menos. Descobrimos que há muita gente na nossa cidade preocupada com as questões da sustentabilidade e que de formas muito diversas contribuem ativamente

para transformar as suas e as nossas vidas. Queremos dar a conhecer o seu trabalho e as suas motivações. Na rua e no Jardim das Estacas, haverá apresentações de diversas iniciativas e oportunidades para crianças e adultos colocarem em prática algumas ideias da Transição, construir brinquedos e fantoches a partir de cartão e de caricas, descobrir na Natureza cores para pintar, aprender a semear, plantar e transplantar na horta ou na varanda. O programa detalhado será divulgado posteriormente.

teatro

Teatro Mais Pequeno do Mundo

Microfénix

contos reciclados com um pé no passado e um olho no futuro 15h00 às 19h30 Lotação limitada Para assistir a esta trilogia de microespetáculos, o público é convidado a entrar na barriga da Caravana Penélope, também conhecida como o Teatro Mais Pequeno do Mundo. No interior da caravana, atores, músicos e escritores de palavras caras e baratas brindam-nos com obras insólitas criadas com a precisão e delicadeza que só as miniaturas conseguem ter: narrativas do passado, com vida no presente e mensagens para o futuro.

coordenação Graeme Pulleyn cocriação e interpretação Ana Bento, Fernando Giestas, Graeme Pulleyn e Sónia Barbosa

música

Los Piñones

Serenatas para todos 16h30

Recuperando os vinis e os gira-discos Los Piñones trazem para o jardim um DJ set com uma seleção criteriosa de serenatas que, aqui, são para todos. O desenrolar do alinhamento é imprevisível por isso Los Piñones não se responsabilizam por pés doridos de tanto dançar. criação e interpretação David Leitão e Tiago Gandra 40

Jornal


{

Dias da Transição

Banquete Sem Desperdício 19h30 Na rua ao lado do Teatro, improvisamos uma vez mais uma cozinha ao ar livre para preparar um banquete sem desperdício. Com ingredientes respigados e o engenho dos chefs, propomo-nos a preparar uma refeição para partilhar com todos.

teatro

Davis Freeman 7 Promises 21h00 Todos sabemos que, se nada fizermos, o nosso planeta se encaminha para um desastre ecológico, mas o que fazemos no nosso dia-a-dia para o evitar? Com um enorme sentido de urgência e muito humor, 7 Promises propõe ao público que se comprometa a mudar efetivamente os seus comportamentos. Dois apóstolos muito pouco ortodoxos da ecologia apelam ao público para que passe das palavras aos atos e propõem sete passos que cada um pode dar para um mundo mais sustentável. Cada passo é celebrado com um shot de vodka.

© Silvano Magnone

e We all know that if we don’t do anything our planet is heading for an ecolgical disaster, but what do we do in our daily life to prevent it? With tremendous sense of urgency and lots of humour, 7 Promises proposes to the spectators to commit to effectively change their behaviours, and each promise is celebrated with a shot of vodka. encenação Davis Freeman interpretação Jerry Killick e Davis Freeman Jornal

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DOSSIER A

lém de ser a denominação genérica de um conceito ou de uma visão para o futuro, Transição também é o nome de um movimento concreto com iniciativas espalhadas pelo mundo inteiro. Iniciada em 2006, a Transition Network junta atualmente 435 projetos registados em 34 países nos cinco continentes. Inspirados pelo exemplo da Transition Town Totnes, fundado por Rob Hopkins e Naresh Giangrande, milhares de pessoas têm-se juntado em iniciativas locais com o objetivo de por em prática e divulgar as ideias da Transição.

www.transitionnetwork.org

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O que é

uma Iniciativa

de Transição? É um local onde há um processo liderado pela comunidade que ajuda essa vila/aldeia/cidade/ /bairro a tornar-se mais forte e mais feliz.

Está a acontecer em bem mais de mil comunidades muito diferentes em todo o mundo – de vilas australianas a bairros portugueses, de cidades brasileiras a comunidades rurais eslovenas, de áreas urbanas britânicas a ilhas ao largo da costa do Canadá. Estas comunidades lançaram projetos em áreas como a alimentação, transporte, energia, educação, habitação, resíduos e artes como respostas locais em pequena escala aos desafios globais das alterações climáticas, dificuldades económicas e diminuição das provisões de energia barata. Juntas, estas respostas em pequena escala constituem algo de muito maior e ajudam a indicar o caminho a seguir pelos governos, pelo mundo empresarial e por todos nós. Na realidade, é o oposto de estarmos sentados nas nossas poltronas a queixarmo-nos do que está mal, é antes uma questão de nos levantarmos e fazermos alguma coisa construtiva a esse respeito, lado a lado com os nossos vizinhos e os outros habitantes da localidade onde vivemos. E as pessoas dizem-nos que, em resultado de estarem envolvidas na sua “iniciativa de transição” local, estão mais felizes, sentem que a sua comunidade está mais robusta e fizeram muitos amigos novos.

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De que é

que

estamos

a Transitar?

Todos os países industrializados parecem agir com base na assunção de que os nossos elevados níveis de consumo energético, as nossas elevadas emissões de carbono e o nosso enorme impacto ambiental podem continuar indefinidamente.

económicas, dos nossos níveis de bem-estar em decréscimo, das nossas crises ecológicas e do caos climatérico que atinge já milhões de pessoas diz-nos que isto não pode continuar por muito mais tempo.

E a maior parte dos países em desenvolvimento parece também aspirar a este modo de vida. No entanto, qualquer análise racional das nossas provisões energéticas, das nossas desigualdades

Nós afirmamos que o melhor local para começar a transitar desta forma de vida inviável são as nossas próprias comunidades e que a melhor altura é já.

que Para que é

estamos

a Transitar?

Quer se goste, quer não, na próxima década ou duas, transitaremos para um futuro com menos energia – o que é essencial, por causa das alterações climáticas, e inevitável, por causa da diminuição das provisões de combustíveis fósseis (em particular de petróleo). Há muitas consequências possíveis, dependendo de enfiarmos a cabeça na areia ou começarmos a trabalhar para um futuro que queremos. 44

Jornal

As Iniciativas de Transição, comunidade a comunidade, estão a criar, de forma ativa e cooperativa, comunidades mais felizes, mais justas e mais fortes, locais que trabalham em prol das pessoas que neles vivem e que são muito mais adequados para lidar com os choques que acompanharão os nossos desafios económicos e energéticos e com um clima caótico. Eis como o estão a fazer.


Eis como

tudo parece estar

a evoluir? Começa quando se junta um pequeno grupo que partilha uma preocupação com a diminuição das provisões de energia barata (pico do petróleo), com as alterações climáticas e, cada vez mais, com a recessão económica. Este grupo reconhece que: • As alterações climáticas e o pico do petróleo exigem medidas urgentes. • É inevitável viver com menos energia. É melhor prepararmo-nos para isso do que sermos surpreendidos. • A sociedade industrial perdeu a capacidade de superar choques energéticos. • Temos de atuar em conjunto e já. • É impossível um crescimento infinito num sistema finito (como o planeta Terra). • Demonstrámos grande engenho e inteligência ao acelerar a curva energética nos últimos 150 anos. Não há razão para não empregar essas qualidades, e outras, ao negociarmos a nossa saída das profundezas, de volta ao Sol e ao ar. • Se planearmos e agirmos suficientemente cedo, e usarmos a nossa criatividade e cooperação para libertar o génio nas nossas comunidades locais, podemos construir um futuro muito mais satisfatório e enriquecedor, mais ligado e mais meigo com a Terra do que a vida que temos hoje. Este pequeno grupo iniciador começa a aprender mais acerca do Modelo de Transição, adaptando-o às suas próprias circunstâncias locais, de modo a implicar uma parte significativa das pessoas da sua comunidade. Uns podem fazer cursos de formação, outros compram livros, uns vêem o filme In Transition 2.0, muitos procuram no site na Internet informação sobre como funciona a Transição, ou informação sobre outras pessoas/ /iniciativas/projetos perto de si.

Então, eles: • lançam ações de sensibilização em torno das questões do pico do petróleo, das alterações climáticas e da necessidade de levar a cabo um processo justo e equitativo, liderado pela comunidade, para reconstruir a resiliência e reduzir as emissões de carbono; • associam-se a grupos existentes, incluindo a administração local; • realizam eventos orientados que ajudam à formação de grupos que atentem em todas as áreas-chave da vida (alimentação, energia, transporte, saúde, psicologia da mudança, economia e subsistência, etc.). Depois, cada um destes grupos lança projetos práticos, tais como agricultura suportada pela comunidade, transporte partilhado, moedas locais, troca de sementes, bibliotecas de ferramentas, clubes de poupança energética, pomares urbanos, aulas de requalificação ou projetos para isolar as casas. Ao levarem a cabo este trabalho, atraem outras pessoas. À medida que a iniciativa ganha experiência, é frequente empenharem-se num processo de desenvolvimento de uma visão que engloba toda a comunidade e que reconhece o quão decisivo é nós 1) diminuirmos urgentemente o uso de combustíveis fósseis e as emissões de dióxido de carbono e 2) deslindar de forma pró-ativa o tipo de futuro que nos serve a todos, em vez de esperar que outro qualquer crie um futuro que sirva apenas a alguns. Estes grupos estão a começar a criar planos formais de Descida Energética e a reconstruir as suas economias locais, lançando, por exemplo, companhias energéticas locais, empreendimentos sociais e cooperativas alimentares. Esta resposta local coordenada procura reconstruir a resiliência que perdemos em resultado do petróleo barato, responder a questões de desigualdade em termos de acesso a recursos-chave e também reduzir drasticamente as emissões de carbono da comunidade. E a propósito, em geral, estas iniciativas não pedem autorização para começar este trabalho – avançam simplesmente, partilhando os seus êxitos e fracassos, as suas esperanças e receios. Jornal

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E quanto aos

governos e empresas

locais e nacionais? Quanto colocamos a ênfase no impacto fundamental que as comunidades podem ter neste processo, não estamos a dizer que os governos nacionais são irrelevantes ou que instituições como as empresas não são importantes – sabemos que são todos fundamentais. O que nós afirmamos é que,

para a maior parte das pessoas, é na sua própria comunidade local que podem ter um impacto mais rápido e maior. O nosso palpite é que, quando os governos virem o que as comunidades conseguem fazer em termos desta transição, será mais fácil tomarem decisões que apoiem este trabalho.

As diferentes

formas

de Transição O modelo de Transição desenvolveu-se no Reino Unido, deslocando-se rapidamente para outros países de língua inglesa, como a Austrália, a Nova Zelândia e os EUA. Perguntámo-nos frequentemente se o modelo seria suficientemente flexível para outras culturas que enfrentam desafios diferentes. Estamos a trabalhar arduamente, para

assegurar que o leque muito vasto de grupos que está a testar o modelo de Transição, em todo o mundo, possa partilhar êxitos e fracassos, fortalecendo e dando ímpeto ao movimento no seu todo. Até agora, foram lançadas iniciativas em mais de 35 países em todo o mundo. É um começo e há um longo caminho a percorrer.

Exoneração de

responsabilidade Só no caso de ter ficado com a impressão de que a Transição é um processo definido por pessoas em posse de todas as respostas, é preciso que tenha consciência de um dado essencial: nós não sabemos verdadeiramente se isto vai funcionar. A Transição é uma experiência social a uma escala enorme. 46

Jornal

Aquilo de que estamos convencidos é o seguinte: • se esperarmos pelos governos, será insuficiente e demasiado tarde; • se agirmos individualmente, será insuficiente; • mas, se agirmos enquanto comunidades, pode ser que seja suficiente e a tempo.


Teatro Maria Matos Bilheteira terça a domingo das 15h00 às 20h00 em dias de espetáculo das 15h00 até 30 minutos após o início do mesmo 218 438 801 | bilheteira.teatromariamatos@egeac.pt bilheteira online: www.teatromariamatos.pt Outros locais de venda ABEP | Agência de bilhetes Alvalade | CTT | Fnac | São Luiz Teatro Municipal

Descontos* desconto 50% menores de 30 anos, estudantes, maiores de 65 anos, pessoas com deficiência e acompanhante, desempregados, profissionais do espetáculo, funcionários da CML e empresas municipais (extensível a acompanhante) desconto 30% grupos com dez ou mais pessoas (com reserva e levantamento antecipado) Assinatura X/X0 abril a julho de 2 a 20 de abril, usufrua de desconto de 20% na compra de 2 bilhetes inteiros, 30% na compra de 3 bilhetes inteiros, 40% na compra de 4 bilhetes inteiros, 50% na compra de 5 bilhetes inteiros ou mais para diferentes espetáculos deste quadrimestre no Maria Matos Teatro Municipal e no São Luiz Teatro Municipal. Não acumulável com outros descontos. Não extensível a bilhetes de preço único e aos espetáculos na Fundação Calouste Gulbenkian. Apenas disponível nas bilheteiras centrais de ambos os Teatros. Assinatura não aplicável a todos os espetáculos do Teatro São Luiz, ver condições em www.teatrosaoluiz.pt e www.teatromariamatos.pt

descontos aplicáveis aos espetáculos do ciclo teatro|música 50% <30 anos e >65 anos | 30% Grupos de 10 ou mais pessoas (com reserva e levantamento antecipado) e profissionais do espetáculo *descontos não acumuláveis

Coproduções em digressão abril a julho 2013 mala voadora e Third Angel What I heard about the world

estreia: novembro 2010

França, Paris, Théâtre de la Ville, 4 e 5 junho 2013 Brasil, Rio de Janeiro, Cena Brasil Internacional, junho 2013

Ana Borralho & João Galante Atlas estreia: outubro 2011 Suíça, Basileia, Wildwuchs – Das KulturFestival, 25 maio 2013

Leonor Barata Azul estreia: janeiro 2012 Estarreja, Cine-Teatro de Estarreja, 14 e 15 abril 2013

Joana Providência, Gémeo Luís & Eugénio Roda catabrisa estreia: fevereiro 2012 Estarreja, Cine-Teatro de Estarreja, maio 2013 França, Paris, Théâtre de la Ville, 5, 6 e 7 junho 2013 Guimarães, Centro Cultural Vila Flor, 20 a 23 junho 2013

Inês Barahona A Verdadeira História do Teatro estreia: abril 2012 Ílhavo, Centro Cultural de Ílhavo, 24 abril 2013 Torres Novas, Teatro Virgínia, 22 e 23 maio 2013

Patrícia Portela Hortus estreia: junho 2012 Coimbra, Teatro Académico Gil Vicente e Jardim Botânico de Coimbra, maio 2013

Reservas Levantamento prévio obrigatório até 30 minutos antes do espetáculo.

Reino Unido, Londres, ICA – Festival Lift, 2013

tg STAN Nora estreia: julho 2012

Programa para crianças e jovens espetáculos 7€ preço único adultos 3€ preço único menores de 13 anos

Países Baixos, Amesterdão, Frascati, 24 e 25 maio 2013 Bélgica, Bruxelas, Kaaitheater, 7 e 8 junho 2013

Reservas Programa Crianças e Jovens Escolas

Polónia, Poznan, Maltafestival, 25 e 26 junho 2013

Mundo Perfeito & Foguetes Maravilha Mundo Maravilha estreia: novembro 2012

terça a domingo das 15h00 às 20h00 bilheteira.teatromariamatos@egeac.pt | 218 438 801 Pagamento parcial obrigatório nas 48h após a reserva.

Brasil, Rio de Janeiro, Espaço Sérgio Porto, 12, 13 e 14 abril 2013

Famílias

Marlene Monteiro Freitas Paraíso – Coleção Privada estreia: setembro 2012

Levantamento prévio obrigatório até 2 dias antes do espetáculo.

França, Uzès Danse Festival, 19 junho 2013

Classificação Os concertos, os espetáculos de dança e os espetáculos para crianças e jovens têm classificação “maiores de 3 anos”. Os restantes espetáculos incluídos neste programa têm classificação a definir, exceto quando mencionada.

Alemanha, Berlim, HAU Hebbel am Ufer, 24 abril a 11 maio 2013 França, Festival d’Avignon, 8 a 19 julho 2013

Como chegar Maria Matos Teatro Municipal Avenida Frei Miguel Contreiras, 52 1700-213 Lisboa

Stefan Kaegi/Rimini Protokoll Remote Control estreia: maio 2013

comboio Roma-Areeiro metro Roma autocarros 7, 35, 727, 737, 767

Receber informação do Teatro Maria Matos Para receber a nossa informação consulte o nosso site www.teatromariamatos.pt

Suíça, Zurique, Zürcher Theater Spektakel, 17 a 31 agosto 2013 Suíça, Basileia, 20 a 28 setembro 2013

Victor Hugo Pontes ZOO estreia: junho 2013 Porto, Teatro Nacional São João, 19, 20 e 21 junho 2013


O X X a r u t a n Assi 3 1 0 2 o h l u j abril a De 2 a 20 abril, escolha até 5 espetáculos diferentes do Teatro Maria Matos e do Teatro São Luiz e receba descontos* até 50%.

Teatro

* Consultar condições em www.teatromariamatos.pt e www.teatrosaoluiz.pt.

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Av. Frei Miguel Contreiras, 52 1700-213 Lisboa

Escritórios Rua Bulhão Pato, 1B 1700-081 Lisboa

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mm jornal proprietário EGEAC, EEM diretor Mark Deputter editora Catarina Medina design e fotografia da capa Luciana Fina e Moritz Elbert morada Calçada Marquês de Tancos, 2, 1100-340 Lisboa sede de redação Rua Bulhão Pato, 1B, 1700-081 Lisboa tiragem 37 950 exemplares periodicidade trimestral tipografia Lisgráfica Este jornal foi escrito ao abrigo do Acordo Ortográfico de 1990 Foi impresso em papel reciclado de produção nacional

diretor artístico Mark Deputter programador música Pedro Santos programadora crianças e jovens Susana Menezes assistente de programação Laura Lopes gestora Andreia Cunha adjunta de gestão Glória Silva diretor de produção Joaquim René adjunta direção de produção Mafalda Santos produtora executiva Catarina Ferreira produtora crianças e jovens Rafaela Gonçalves diretora de comunicação Catarina Medina gabinete de comunicação Rita Tomás textos e conteúdos Maria Ana Freitas imagem e design gráfico Luciana Fina e Moritz Elbert diretora de cena Rita Monteiro adjunta direção de cena Sílvia Lé, Francisca Rodrigues camareira Rita Talina diretor técnico Zé Rui técnicos de audiovisual André Pires, Félix Magalhães, Miguel Mendes e Rui Monteiro técnicos de iluminação/palco Anaísa Guerreiro, Luís Balola, Manuel Martins e Paulo Lopes bilheteira/recepção Diana Bento, Rosa Ramos e Vasco Correia frente de sala Letras & Partituras – Isabel Clímaco (chefe de equipa), Afonso Matos, Ana Paula Santos, Ivo Malta e Ana Rita Carvalho (estagiária)

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