FomeDeBola_LuizZaninOricchio

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bola. Mário Filho, em O Negro no Futebol Brasileiro, descrevia os dribles de meio milímetro de Domingos, a eternidade que se demorava no interior da área, depois de tirar a bola do adversário com toda a elegância, com delicadeza, até. Para desespero (mas também deleite) da torcida, não mostrava pressa, demorava-se, saía tranqüilo e escolhia o colega mais bem posicionado para passar. Fazia-o com certo fastio, como se tivesse pena de desvencilhar-se da bola.

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Ademir da Guia herdou essa serenidade e aplicou-a ao meio-campo do Palmeiras. Jogou 901 partidas pelo time. Foi o jogador que mais vezes envergou a camisa do Palmeiras em toda a história do clube. Um mito, que ganhou estátua no Parque Antártica. Porém, um mito humilde, calmo, acessível e afável. Um adepto militante do antiestrelismo. Em tempo de badalação e oba­oba em torno de celebridades instantâneas, esse filme (com todas as limitações que possa ter, a começar pela insuficiente coleta de imagens) chega como um bálsamo em meio à publicitarização acelerada do futebol. Ademir é um ídolo dos velhos tempos. Passou a vida inteira no mesmo clube, distribuindo generosamente sua arte à torcida do seu time. É referência maior dos palmeirenses. E de todos os que amam o futebol. Zico Com o documentário Zico (2002), Eliseu Ewald procura refazer a trajetória do maior ídolo do Flamengo. Usa um recurso semelhante ao de A Estre­


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