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RICARDO MANUEL MARTINS CORREIA BATISTA

Digitally signed by RICARDO MANUEL MARTINS CORREIA BATISTA DN: c=PT, o=Cartão de Cidadão, ou=Assinatura Qualificada do Cidadão, ou=Cidadão Português, sn=MARTINS CORREIA BATISTA, givenName=RICARDO MANUEL, serialNumber=BI105205907, cn=RICARDO MANUEL MARTINS CORREIA BATISTA Date: 2013.01.09 12:18:55 Z

Distribuição Gratuita | Publicação Trimestral | Nº38

Abril Maio Junho 2012

RENASCER b o l e t i m

www.scmsines.org

i n f o r m a t i v o

Santa Casa da Misericórdia de Sines

PRATS SÉNIOR: OBRAS JÁ COMEÇARAM

O mês de Junho ficou marcado de lançamento da primeira pedra ciclo, que já não reúnem as condipela demolição das antigas instala- deste

importante

equipamento ções adequadas para os utentes

ções do Infantário “Capuchinho para a Instituição e população de nem as exigências da nova legislaVermelho”, para dar início às obras Sines.

ção aprovada para este tipo de

de construção do novo lar de ido- O Lar Prats Sénior é uma aposta da equipamentos. sos da Misericórdia de Sines, pre- Mesa Administrativa para dar res- Resultante de uma candidatura (Continua na página 3) vendo-se para breve a cerimónia posta aos equipamentos em fim de

DESTAQUES

Projecto “Liga-te ao Âncora”

pág. 4

Bailes Populares

pág. 6

À Conversa com… Isabel Meco

pág. 8


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Meus Caros amigos e ami- energias, para aqueles que têm o privilégio de ter gas férias neste período, e os que têm de assegurar a Chegou finalmente o verão continuidade dos serviços, para alegria da maioria da que o façam com um espíripopulação portuguesa, e to mais generoso e radiandigo maioria porque este te, tal como o sol que nos ano o desemprego alcan- comtempla nesta altura do çou excepcionalmente um ano, e assim acho que grande número de famílias, ganhamos todos. que infelizmente estarão a E quando digo que ganhasentir os seus nefastos efeimos todos, estou a referirtos de uma forma angusme muito em particular aos tiante, limitando-os às resnossos utentes, pois além trições compreensivas a da bênção de poderem que a situação os condiciosaborear o maravilhoso clina. ma ameno de Sines, têm Existem ainda aqueles, mais oportunidades de parcomo a grande maioria dos ticipar em actividades ao ar nossos utentes, que ao livre e desfrutar a harmonia serem portadores de malei- da natureza. tas de vária ordem, princiNão nos esqueçamos que a palmente articulações, reugrande maioria destes matismo e tudo com elas utentes faz parte das gerarelacionado, e outras mais, ções que, para manter ou desejam o verão não como ajudar a família, vivia na férias, mas como um períosua altura uma verdadeira do mais amigo, como um austeridade bem mais dura grande analgésico, com que a da actual Troika, pois menos dores e como mais logo na infância tinham um marco e esperança de uma vida árdua, trabalhanprolongamento das suas do-se de sol a sol, muitas vidas. vezes debaixo das intempéTambém convido todos os ries, não sobrando para, colaboradores a utilizar muitos deles, tempo ou este período do ano mais condições para frequentar dedicado ao lazer, como um a escola. tempo de retempero de Nessa altura não se falava

em mão-de-obra infantil; o lema era que a sustentabilidade da família começa logo de criança, pois quantos mais braços de trabalho houvesse, mais condições de sobrevivência existiam. Apesar das parcas posses, verificava-se uma enorme solidariedade para com os vizinhos e famílias, como se de uma irmandade se tratasse, suavizando de certa forma as agruras da vida. Sabemos que em termos de carências, esses tempos não deixam muitas saudades, embora, curiosamente, muita gente relembre esse tempo, como havendo mais respeito pelo próximo, laços afectivos e familiares mais fortes e maior saudosismo pelas pessoas e lugares onde viviam, comparado com os dias de hoje.

EDITORIAL

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Luís Maria Venturinha de Vilhena Provedor da Misericórdia de Sines

E não falo só em bens materiais; quantas vezes, um gesto, um sorriso, uma carícia, um afago, uma palavra, um simples e humilde abraço, são uma compensação tão terna e amiga, atingindo para quem a recebe uma riqueza inestimável.

Não respeitemos a austeridade nestes gestos! Pelo contrário, proponho uma grande inflação, pois este tipo de credores não nos reclama dinheiro, somente Por isso vos digo, que este que nos lembremos deles, pode ser um tempo para que lidemos com eles com valorizar o que é importan- dignidade e solidariedade. te e positivo, contrariando Faço votos para que saibao alarmismo e negativismo mos encontrar com equilímediático. Tempo para ser- brio o nosso caminho, a mos mais humanos, apoiar nossa sustentabilidade e a quem mais necessita, expe- fé num melhor futuro rimentarmos ser mais soli- comum. dários; sentirmos que o pouco que se dá, muitas vezes, é de uma riqueza Um Bem-haja. preciosa para quem recebe.

Ficha Técnica

RENASCER boletim informativo

SANTA CASA DA MISERICÓRDIA DE SINES

Director Luís Maria Venturinha de Vilhena

Grafismo | Montagem | Paginação Ricardo Batista, Rita Camacho

Periodicidade Trimestral

Redacção Rita Camacho

Tiragem 300 exemplares

Número 38

Revisão de Texto José Mouro, Rita Camacho

Depósito legal 325965/11

Edição Abril | Maio | Junho 2012

Fotografia Ricardo Batista, Rita Camacho

Distribuição Gratuita

Propriedade, Edição e Impressão

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PRATS SÉNIOR: OBRAS JÁ COMEÇARAM através do QREN/INALENTEJO aos fundos de apoio europeus, esta obra tem um financiamento de 70% do seu valor global a fundo perdido. O Lar “Prats Sénior” terá uma área coberta de 3300m2, capacidade para 60 utentes e disponibilizará quartos individuais e duplos distribuídos por 3 pisos. 

Projecto do novo edifício

Demolição do Infantário “Capuchinho Vermelho”

MANHÃ DE JOGOS TRADICIONAIS Dominó, derrube de garrafas, jogo da Misericórdia, realizou-se uma de cartas, peão, jogo do burro, actividade denominada “Manhã de petanca, derrube de latas e cabra Jogos Tradicionais” proposta e cega, foram os jogos tradicionais organizada pelo Banco de Voluntaque marcaram a manhã do dia 18 riado da Instituição. Cerca de 50 de Maio. Nesse dia, no Salão Social utentes idosos aderiram à iniciativa, passaram uma manhã divertida e puderam recordar os tempos de

Jogos ao ar livre

infância. Esta actividade foi organi- O Banco de Voluntariado da SCMS zada com o objectivo de proporcio- organiza outras “Manhãs de Jogos nar uma manhã diferente aos ido- Tradicionais” nos dias 18 de Julho, sos e simultaneamente contribuir 01, 13 e 29 de Agosto e 12 de para o seu envelhecimento activo. Jogos de salão

Setembro, entre as 09h30 e as 12h00.  3


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PROJECTO “LIGA-TE AO ÂNCORA” No âmbito da área de Misericórdia de Sines. Em Formação Cívica e tendo concreto este projecto em conta o desenvolvi- possibilitou a recuperamento de competências ção e pintura das paredes ligadas “educação

ao

tema da sala de estar, da sala para

empreendedorismo”

o de estudo e dos quartos a e a aquisição de mobiliá-

turma B do 9º ano da rio, de um fogão com forEscola Secundária Poeta no eléctrico, uma máquiAl Berto em Sines partici- na de lavar roupa e uma pou com um projecto no televisão LCD. concurso

Sala de estar depois de remodelada

“Liga-te

aos Alguns dos rapazes que Outros”, promovido pela vivem no Lar “A Âncora” numa acção concreta que te no passado dia 29 de AMI (Assistência Médica estudam na Escola conciliou teoria e prática Maio provocando sorriInternacional). “Liga-te Secundária Poeta Al Ber- e que exigiu dedicação e sos não só nos rapazes ao Âncora” foi o nome to e essa foi uma das solidariedade por parte que vivem no Lar “A escolhido para o referido motivações para a este de todos os alunos. Âncora” mas também em projecto, que acabou por projecto, que envolveu Financiado em 90% pela todos os que se envolveser um dos vencedores, e alunos, pais e professores AMI e apoiado pela ram neste projecto de que teve como objectivo nas obras realizadas no empresa Móveis Fernan- solidariedade social.  principal a renovação das Lar. Em termos práticos o des, o “Liga-te ao Âncoinstalações do Lar de projecto “Liga-te ao ra” já está concluído e foi Rapazes ”A Âncora”, da Âncora”

traduziu-se apresentado publicamen-

O grupo de intervenientes envolvidos no projecto 4


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UM ANO DE VOLUNTARIADO O Banco de Voluntariado na, apoio à infância, servida SCMS comemorou um ços de manutenção e limano de existência no pas- peza e distribuição alisado dia 1 de Junho. mentar. Actualmente 25 voluntá- Os interessados em fazer rios, que vêm à Institui- voluntariado na Miserição de Segunda-feira a córdia de Sines podem Domingo, entre as 09h00 inscrever-se junto da e as 20h00, desempe- equipa de coordenação nham funções na Institui- do Banco de Voluntariações em diferentes áreas do, na Secretaria da InstiGraça Teixeira, uma das voluntárias da SCMS tais como apoio à terceira tuição ou através da idade, animação sociocul- Internet, bastando para tal o preenchimento de tural, motricidade huma-

uma ficha de inscrição. 

FORMANDAS DO IEFP ORGANIZAM ACTIVIDADE DE ANIMAÇÃO SOCIOCULTURAL No dia 4 de Maio, um Salão Social e viajaram rio. Na parte da tarde foi actividades de expressão grupo de 14 formandas por um passeio imaginá- a vez de desenvolverem plástica, nomeadamente de um curso de animação

a pintura de uma tela e a

sociocultural do Centro

decoração de frascos de

de Formação de Santiago

vidro com as técnicas do

do Cacém, do Instituto de

guardanapo e do alumí-

Emprego

Formação

nio. Esteve prevista uma

Profissional (IEFP), esteve

ida à praia, mas as condi-

na Santa Casa a desenvol-

ções meteorológicas não

ver um conjunto de acti-

permitiram que tal acon-

vidade com um grupo de

tecesse. 

e

32 idosos. Durante a manhã os idosos fizeram exercícios de ginástica no

Actividade de expressão plástica

Espaço Informativo da Santa Casa da Misericórdia de Sines na Rádio Sines QUINTAS-FEIRAS ÀS 10:40 | SEXTAS-FEIRAS ÀS 16:35 5


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BAILES POPULARES Como acontece todos os anos, por ocasião dos Santos Populares, houve música e muita animação na Misericórdia de Sines. No dia 16 de Junho, a partir das 17h00, realizouse um baile popular aberto à comunidade, com entradas gratuitas, animado pela acordeonista Gina Reis. Além da música e dos tradicionais comes e bebes, houve quermesse, uma barraquinha com o jogo das latas, dinamizada pelo Banco de Voluntariado da Instituição, e venda de artesanato feito pelos utentes e de doces confeccionados pelas funcionárias. Este baile teve uma forte adesão por parte da comunidade em geral e dos utentes, colaboradores, órgãos sociais, voluntários e amigos da Misericórdia, deixando nos elementos da organização vontade de realizar outras iniciativas do género.

No dia 20 de Junho, durante a tarde, realizou-se um outro baile popular, desta vez só para os utentes da Instituição, com a presença do acordeonista da região Nuno Silva. Além de muita animação e divertimento, este baile popular incluiu um lanche especial, onde não faltaram os tradicionais caracóis. Antes do baile ter inicio um

grupo de idosos da Santa Casa fez uma pequena apresentação teatral como resultado do trabalho desenvolvido no âmbito da Oficina de Teatro que, juntamente com as Oficinas de Dança e Música, têm vindo a ser dinamizadas na Instituição desde o início do ano, em parceria com a Escola de Artes de Sines. 

Agradecimento A SCMS agradece a todos os que colaboraram na organização dos bailes em especial à Câmara Municipal de Sines, Junta de Freguesia de Sines/ATL “A Gaivota” e às empresas Sodisines, Talho Romão, Padaria Lino da Silva, Aviludo, Ricardo António Almeida Silva, J. Duarte Ferreira & Filhos, Armadores da Docapesca, José Barata Fernandes e Pastelaria Vela D’Ouro.

Baile dos Santos Populares

Informações Úteis SANTA CASA DA MISERICÓRDIA DE SINES

Acção Social (Lares, Centro de Dia, Apoio Domiciliário)

Avenida 25 de Abril, n.º 2 Apartado 333 7520-107 SINES Site: www.scmsines.org Email: scmsines@mail.telepac.pt

Tel. 269630460 | Fax. 269630469 Email: social.scmsines@mail.telepac.pt Horário de Atendimento: 9h00-13h00 | 14h00-17h00

Provedoria Tel. 269630462 | Fax. 269630469 Email: provedoria.scmsines@mail.telepac.pt Horário de Atendimento: 09h00-13h00 | 14h00-16h00

Secretaria Tel. 269630460 | Fax. 269630469 Email: secretaria.scmsines@mail.telepac.pt Horário de Atendimento: 09h00-13h00 | 14h00-16h00

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Infantário “Capuchinho Vermelho” Tel. 269630466 | Telem. 967825287 Email: infantario.scmsines@mail.telepac.pt Horário de Funcionamento: 07h45-19h45

Outros Contactos: Animação: animacao.scmsines@mail.telepac.pt Gabinete de Informação: gab-info.scmsines@mail.telepac.pt Gabinete de Psicologia: gab-psico.scmsines@mail.telepac.pt Recursos Humanos: rh.scmsines@mail.telepac.pt


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BREVES

PARTICIPAÇÃO NO “PREÇO CERTO” No dia 18 de Junho um grupo de 14 utentes da Misericórdia participou nas gravações do programa de televisão “Preço Certo”, apresentado pelo actor Fernando Mendes. Uma das colaboradoras que acompanhou os utentes participou no concurso e ganhou dois prémios para a Instituição, um conjunto de 3 peças em pirex e um frigorífico combinado.

UTENTES PROMOVEM ESCOLA DE ARTES DE SINES Os utentes da Misericórdia, Isabel estação dos caminhos-de-ferro. O Meco e Domingos Casa Branca, objectivo é promover a Escola de deram a cara num outdoor promo- Artes de Sines e mostrar à comunicional da Escola de Artes de Sines, dade que esta abrange alunos de que está instalado junto à antiga diferentes gerações. 

INFANTÁRIO MUDA DE INSTALAÇÕES O Infantário “Capuchinho Vermelho” mudou para umas instalações provisórias no passado dia 11 de Junho, devido à construção do novo lar de idosos da Misericórdia de Sines. Este novo lar será construído no terreno onde até aqui funcionava o Infantário “Capuchinho Vermelho”, que agora está instalado na Avenida General Humberto Delgado, no edifício Ancorope. 

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Á CONVERSA COM... Isabel Meco

Em 1910, ano que ficou lho em Sines. Veio toda a mulher que recorda como com outras famílias, onde marcado pela implanta- minha família num navio. muito

trabalhadora. as divisões eram feitas

ção da República em Por- Lembro-me bem dessa «Apanhava e juntava as com lençóis. «Eram temtugal, nasceu no dia 13 de viagem, ao todo vínha- latas de conserva para pos difíceis, não tínhamos Junho no Carvoeiro, con- mos umas vinte famílias a depois serem embaladas grande vagar para brincelho de Lagoa, Isabel da bordo, e vínhamos todas e já nessa altura tinha cadeiras.

Começávamos

Encarnação

trabalhar

Santana para trabalhar na mesma uma preocupação: fazer o logo

a

de

Meco. Como era hábito fábrica.» A mãe de Isabel trabalho bem feito para pequeninos para podernaquela

época,

Isabel trabalhava na produção me darem sempre empre- mos ajudar a família e as

Meco nasceu no seio de de conservas e o pai nas go na fábrica e ganhar casas não tinham o conuma família numerosa e armações, fundamentais bom dinheiro. Eu queria forto a que hoje estamos apesar de ter poucas para a apanha da sardi- aprender tudo o que me habituados. A primeira recordações do seu tem- nha usada como matéria- quisessem ensinar para casa para onde fui viver, po de menina, relembra prima na fábrica. Pouco fazer um bom trabalho.» com os meus pais e com saudade a mudança tempo depois de ter vin- Antes de ir viver para o irmãos, não tinha água para Sines, tinha então 9 do anos.

«Os

meus

para

Sines, Isabel Bairro

dos

Pescadores canalizada e a luz vinha

pais Meco começou também a (actual Bairro Marítimo), de um candeeiro a petró-

foram contratados para trabalhar na Fábrica Fia- Isabel recorda-se de viver leo.» No que diz respeito trabalhar na Fábrica Fia- lho, ajudando a mãe, uma num 8

grande

armazém à escola, a história de Isa-


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bel Meco não é diferente tadamente para estrear da

viagem…»,

da da maioria dos idosos. nesse dia. Mas chegou o divertida.

refere uma vida de trabalho, mas fui sempre feliz.» O

Isabel Meco não sabe ler dia e não consegui acabar Isabel Meco tornou-se percurso de vida desta nem escrever e revela o vestido porque entre- costureira pouco tempo idosa que já ultrapassou a alguma tristeza por esse tanto tinha tido muito antes de casar, altura em barreira dos 100 anos, facto. «As minhas irmãs, trabalho, faltavam as que deixou de trabalhar centrou-se sempre em mais novas do que eu, mangas… Mas pensei que na Fábrica Fialho, tinha Sines, apesar de nunca foram todas à escola e tinha de estrear o vestido então 17 anos. Ao longo ter perdido a pronúncia e tentaram ensinar-me mas e levei-o mesmo sem da vida casou duas vezes, a ligação ao Algarve, eu nunca aprendi, acho mangas. Vesti um casa- duas vezes enviuvou, e ao região onde voltou alguque não tinha cabeça quinho e ninguém ficou a mas vezes. «Nunca viajei para a escola.» Mas, segundo ela, tinha para outras

artes.

«Aprendi

costura com uma vizinha, vendo-a

trabalhar,

e

modéstia à parte, torneime uma boa costureira. Fazia de tudo um pouco, roupa de homem, de mulher, de criança e até fazia chapéus de oleado e gorros para os pescadores. Trabalho não me faltava, costurava para a família, para pessoas de fora e para algumas lojas de Sines.» As recordações sobre a profissão de cos-

Isabel Meco participa com frequência nos passeios da Instituição

tureira, que só deixou de saber que o meu vestido todo teve 6 filhos, alguns muito, mas fui algumas exercer quando começou não estava acabado. dos quais já falecidos, 7 vezes à minha terra natal, a ver mal há cerca de 5 Lembro-me bem desse netos e 6 bisnetos. Ape- a Lisboa, onde vivi durananos atrás, levam-na até dia, era tanta gente em sar de tudo o que a vida te algum tempo por doenum episódio que a mar- Sines que até parecia lhe reservou, esta mulher ça de um dos meus filhos, cou. «Quando o comboio mentira, foi uma grande de família, não hesita em e viajei de barco até Marchegou a Sines pela pri- festa. As pessoas até leva- afirmar que foi feliz nos rocos. Íamos lá passear, meira vez foi uma doidice ram mantas para limpar seus dois casamentos, mas aquela terra é muito cá na terra e eu estava a o comboio porque tinham assim como ao longo de estranha. As pessoas que fazer um vestido proposi- medo dele chegar suado toda a sua vida. «Tive lá vivem não gostam que 9


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lhes tirem fotografias…é

com a minha mãe.» As dades vivia-se com muita

esquisito. Uma vez até

comidas de antigamente alegria e a minha casa

tivemos de fugir porque

também lhe ficaram na era sempre uma casa

íamos tirar uma fotogra-

memória: «antigamente cheia». Actualmente Isa-

fia a uns homens que

comíamos

estavam a rezar e eles

milho, e tão boas que elas ainda mais cheia, o Lar

não gostaram.» De avião

eram, comíamos feijão, Anexo II da Misericórdia

Isabel

nunca

grão e peixe. Carne comia de Sines, onde está há 5

andou, mas podia tê-lo

-se menos vezes. Era só meses. «Vim para cá por

feito quando um dos seus

em ocasiões especiais. De razões de saúde e porque

Meco

filhos a quis levar a Lon-

Isabel Meco é a utente mais Idosa da SCMS

dres para ver o seu Benfi-

papas

de bel Meco vive numa casa

vez em quando comíamos a minha filha não podia galinha, das que se cria- cuidar de mim, mas sinto-

ca jogar. «Nessa vez não poucos cafés, mas com vam em casa, e só no me aqui bem, todas as fui andar de avião porque muita agitação durante a Natal ou em dias de festa pessoas gostam muito de tive medo. Se não fosse época balnear. «Os habi- é que se comprava um mim e tratam-me com para ir de avião tinha ido tantes de Sines trabalha- pedaço de carne. Mas todos os cuidados.» O ver o Benfica. Sou uma vam na pesca e nas fábri- apesar de todas as dificul- segredo para atingir a grande benfiquista e faço cas da conserva e da cor-

invulgar idade de 102

sempre votos para que a tiça.

podiam

anos, segundo ela, foi tra-

equipa do meu coração divertiam-se nos bailes do

balhar muito e, quem

ganhe.»

Lusitano, da Caninha e no

sabe, ter bebido leite de

Isabel Meco é muito pro- Centro Recreativo Sinienvavelmente a habitante se. Lembro-me também

burra quando era peque-

mais velha de Sines e de no Verão vir muita uma fonte privilegiada gente de fora para Sines

bel Meco deseja que a

para nos falar sobre como por causa da nossa praia. era Sines antigamente. Mas eu nunca fui muito à

que Deus entender e que

Quando

na. Quando ao futuro Isasua vida tenha a duração a saúde não lhe falte, a

ela, e a todos quantos a Puxando por essas recor- praia. Preferia tomar Isabel Meco com o marido e banho no “Balhão” quandações Isabel relembra um dos filhos por volta dos rodeiam.  seus 20 anos uma terra pequena, com do ia lá perto lavar roupa

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AS OBRAS DAS MISERICÓRDIAS “DAR DE COMER A QUEM TEM FOME” - 1ª OBRA CORPORAL Nos primeiros compromissos das Misericórdias já vinham referidas as obras a praticar pelo homem misericordioso. Essas mesmas obras são 14, sete corporais e sete espirituais. Dar de comer a quem tem fome, dar de beber a quem tem sede, vestir os nus, dar pousada aos peregrinos, assistir aos enfermos, visitar os presos e cuidar dos mortos são as Obras Corporais. Dar bom conselho, ensinar os ignorantes, corrigir os que erram, consolar os aflitos, perdoar as injúrias, sofrer com paciência as fraquezas do próximo e rogar a Deus são as Obras Espirituais. “Dar de comer a quem tem fome”, nem sempre foi a primeira obra espiritual mas a partir do momento em que cresceram os aglomerados urbanos e que ocorreu uma “socialização da miséria”, esta tornou-se a

primeira obra espiritual “cortejos de oferendas” das Misericórdias. visando a recolha de bens Apesar disso, desde sem- imediatos de consumo (e pre que as Misericórdias estes cortejos haveriam

Obras de Misericórdia

Autor: Pieter Brueghel, O Moço - (Data: 1601-1625)

se ocuparam da alimentação dos destituídos. «(…) Algumas dispunham de pedintes exclusivos, recrutados entre os frades das Ordens mendicantes, que iam de porta em porta esmolar para a despensa da Misericórdia local. Quase todas tiveram “pedidores de pão” – irmãos leigos que, periodicamente, percorriam as ruas da terra em

As obras de misericórdia, segundo Catecismo de São Pio X 12

de manter-se, embora com características diversas, até aos nossos dias). A progressiva concentração nos grandes aglomerados urbanos e o aumento da densidade populacional foram tornando cada vez mais imperiosa a necessidade de “dar de comer a quem tem fome”. A industrialização, massificando a dependência e castigan-

do os menos protegidos com os seus ciclos de desemprego, agravou ainda mais a necessidade de assistir os “sem-pão”. Até que hoje, na época da cibernética e dos satélites, da agricultura industrializada e do hípercomércio, com as famílias dispersas e desestruturadas pela implacável vida citadina, a pobreza envergonhada representa uma fatia grande na classe dos carenciados – a fatia daqueles que, não se encontrando fora do sistema, acabam por sofrer as mesmas necessidades, materiais ou espirituais, dos excluídos. (…)» E hoje, tal como há mais de 500 anos atrás quando foram criadas, as Misericórdias continuam a ter um papel preponderante no auxílio a estes carenciados.  excerto do livro “As Obras de Misericórdia” de Jorge Morais (Textoprincipal Editores, Junho de 2011)


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102 ANOS… É OBRA! Isabel Meco completou Luís Venturinha. 102 anos de vida no pas- Antes de todos cantarem sado dia 13 de Junho. os “Parabéns a Você” e Para assinalar a data, a de serem sopradas as Misericórdia, em conjun- velas, a festa foi abrilhanto com a família da idosa, tada pelo Grupo Coral da organizou uma Festa de Santa Casa da MisericórAniversário

no

Salão dia de Sines e pela cola-

Social na qual participa- boradora Eva Zambujo, ram utentes, colaborado- que

interpretou

três

res e representantes da fados tradicionais. Mesa

O Provedor a presentear a aniversariante

Administrativa, Isabel Meco, apesar de já

entre eles o Provedor ter passado a barreira dos 100 anos, continua com esta homenagem, bastante activa e lúcida, desejando o melhor a não

hesitando

em todas as pessoas que a

demonstrar uma pers- rodeiam.  pectiva positiva da vida, ao

considerar-se

uma

pessoa feliz e com saúde. No final a aniversariante mostrou-se bem-disposta Isabel Meco rodeada de família e amigos

e bastante emocionada

ACTIVIDADES DE ANIMAÇÃO O serviço de animação sociocultural organizou no segundo trimestre de 2012 várias actividades das quais se destacam um passeio pelas Lagoas de Santo André e

Visita ao Centro de Artes 13

Melides no dia 9 de Maio, uma visita ao Centro de Artes de Sines no dia 10 de Maio e uma visita ao Santuário de Fátima no dia 30 de Maio. Além disso, os utentes da Instituição participaram nos habituais encontros das Misericórdias do Litoral Alentejano. No dia 27 de Abril estiveram na Misericórdia de Odemira, no dia 23 de Maio foram até Santiago do Cacém e no dia 21 de Junho foi a vez de visitarem a Santa Casa da Misericórdia de Grândola. 

Almoço no Rio da Figueira


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A NOSSA HISTÓRIA... Recuperação do Lar Prats

Novo pátio do Lar Prats para lazer dos utentes

Em Março de 1996 tiveram início as obras de ampliação e recuperação do Lar Prats, que só terminaram em Novembro do ano seguinte. Todo o edifício foi alterado, mantendo -se apenas a fachada principal. No interior das instalações foi criado um pátio para usufruto dos utentes. As obras tiveram como objectivo proporcionar melhor bem-estar e qualidade de vida aos utentes da Instituição, que no período em que decorreram as obras ficaram alojados no edifício Ancorope.

Lar Prats antes e depois das obras

CONSTANTINO PEREIRA LANÇA LIVRO DE POESIA O utente do Lar Prats vários apreciadores de Cacém, viveu grande par- «(…) Constantino Pereira lan- poesia popular. Constanti- te da sua vida em Santo Sou um homem respeitaçou no passado dia 23 de no Pereira de 88 anos André e vive na Miseri- dor Junho o livro “Santiago e nasceu na Abela, conce- córdia de Sines há cerca Trago isto na lembrança as suas freguesias”, onde lho

de

Santiago

do de 6 meses. 

Respeito seja quem for

se podem ler poesias de sua autoria sobre as 11

© Suzete Mesuras

Isto assim tem mais valor Diz toda a gente educada

freguesias do concelho de

A viagem está acabada

Santiago do Cacém. A

Mas não sei quando é que

cerimónia decorreu na Biblioteca

Respeito velho e criança

vou

Municipal

A promessa está cumprida

“Manuel do Tojal” em Vila

Para mim tudo acabou.

Nova de Santo André e

(…)»

contou com a presença

excerto do poema “Quem eu

de familiares e amigos do

fui e quem eu sou” de Cons-

autor,

bem 14

como

de

Constantino Pereira no dia do lançamento do livro

tantino Pereira


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ÚLTIMAS

PASSAGEM DE MODELOS NA SANTA CASA animação sociocultural. A pisar a passerelle estiveram utentes da Misericórdia de Sines que desfilaram com fatos de gala e Delmira Ferreira, utente do Cenreo de Dia

com os inevitáveis vestidos de noiva. A tarde foi

No dia 4 de Julho realizou bastante animada, com -se uma Passagem de muito público a assistir a Modelos no Salão Social este evento. No final do da Misericórdia, organi- desfile houve lugar a um zada

pelo

Banco

de pequeno momento musi-

O grupo de modelos no final do desfile

Voluntariado em colabo- cal proporcionado pelo ração com o serviço de músico Jorge Ganhão. 

LOJA SOCIAL “SINERGIA SOLIDÁRIA” JÁ ABRIU A Loja Social da Miseri- tituição. O objectivo des- se essencialmente a famícórdia de Sines, denomi- ta Loja Social passa por lias carenciadas, mas está nada “Sinergia Solidária”, ajudar quem mais neces- também aberta ao públiestá a funcionar desde o sita através da disponibili- co em geral que pode passado dia 5 de Julho zação de diversos artigos, contribuir com os seus nas instalações da antiga entre eles roupas e calça- donativos. A Loja Social Agência Funerária da Ins- do. A Loja Social destina- “Sinergia Solidária” funciona

às

terças-feiras,

entre as 14h00 e as 19h00 e às quintas-feiras entre as 14h00 e as

Interior da Loja

17h00. PUB

MATERIAL MÉDICO-HOSPITALAR, LDA. Rossio da Estação, nº 11 7940-196 Cuba Telf.: 284 41 41 39 Fax: 284 41 41 67 Contribuinte nº 503 841 455

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RENASCER boletim informativo PUB

CEMETRA Centro de Medicina do Trabalho da Área de Sines Rua Júlio Gomes da Silva, n.º 15  7520-219 SINES Tel.: 269633014  Fax: 269633015 E-mail: cemetra@netvisao.pt Site: www.cemetra.pt

AGRADECIMENTOS O “Renascer” agradece a todos os patrocinadores e amigos que contribuíram para que este meio de comunicação da nossa Instituição se tornasse uma realidade. Uma vez que é nosso objectivo melhorar gradualmente a forma e os conteúdos deste boletim informativo, assim como aumentar a sua tiragem e, consequentemente, divulgá-lo junto de um público cada vez mais vasto, revela-se de grande importância o apoio destes e de outros patrocinadores. Obrigada por nos ajudarem a sermos melhores! 16


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