Em Órbita 126 - Julho de 2012

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Em Órbita

Cronologia Astronáutica (LXXIX) Por Manuel Montes -21 de Outubro de 1950: É lançado desde Kapustin Yar o primeiro míssil soviético R-2 (8Zh38) completo. O seu alcance duplica o do R-1, até aos 590 km. Também chamado SS-2 Sibling no Ocidente e Pobeda (Vitória) na URSS, o R-2 será o principal míssil deste país durante os próximos anos, sendo operacional em 1951. Com as suas 20,3 toneladas e a sua tecnologia de tanques de propolentes avançados, motor RD-101, ogiva separável, etc., á algo mais do que uma V-2 prolongada uns 3 metros. -26 de Outubro de 1950: A V-2 número 61 despega desde White Sands no marco de um programa especial para a investigação ionosférica e dos micrometeoritos. Produz-se uma explosão aos 50 segundos e o míssil só alcança os 8 km de altitude. -26 de Outubro de 1950: O primeiro míssil R-2 que percorre a distância esperada voa desde Kapustin Yar. Porém, não alcança o objectivo seleccionado devido a problemas de orientação. -Novembro de 1950: A US Air Force autoriza a RAND a reiniciar os seus estudos sobre satélites. -Novembro de 1950: O escritor Arthur C. Clarke propõe explorar os recursos da Lua. O material mineiro extraído seria enviado para a Terra com a ajuda de canhões ou catapultas electromagnéticas. -2 de Novembro de 1950: O míssil Corporal-E6 tem problemas eléctricos durante o seu voo desde White Sands, alcançando só 65 km de altitude. -6 de Novembro de 1950: É formalmente aprovado o desenvolvimento de um programa de reconhecimento mediante balões. O seu nome de código será "Projecto Gopher". Depois da URSS fazer explodir a sua primeira bomba atómica a 29 de Agosto de 1949, os EUA necessitam de mais informações sobre o que se está a fazer no seu rival. Os balões Gopher serão lançados desde a Europa ocidental para aproveitar as correntes invernais que os farão sobrevoar a União Soviética. As câmaras, predecessoras das que se utilizarão nos satélites espiões, serão recuperadas quando os balões cheguem ao Japão e sejam automaticamente desprendidas. Porém, a tarefa do projecto Gopher não será fácil devido ao nível tecnológico da época. Será necessário, por exemplo, maior informação sobre como fazer com que um balão permaneça um longo período na estratosfera (pelo menos 10 dias). -9 de Novembro de 1950: Despega desde White Sands a V-2 B-1 número 2A, pertencente ao programa Hermes. Desconhecem-se detalhes deste teste ram-jet, apesar de ter sido bem sucedido. -21 de Novembro de 1950: O foguetão-sonda Viking número 5 é lançado desde White Sands. Apesar de que o seu impulso é só 90% do esperado, alcança 175 km de altitude. Após um período de funcionamento de 79 segundos, realizará investigações da ionosfera e da radiação cósmica. -28 de Novembro de 1950: O governo soviético declara o míssil R-1 como arma operacional do Exército. Durante o próximo mês, será criado um novo esquadrão de soldados especializado na manipulação, uso e manutenção dos primeiros R-1 que permanecerão em alerta. -Dezembro de 1950: A RAND informa a US Air Force que já é tecnicamente possível construir mísseis de longo alcance. Tanto em matéria de motores como de sistemas de orientação, os avanços realizados durante os últimos anos reduzem as possibilidades de fracasso de um destes programas. A partir deste sinal, a US Air Force tomará a decisão de reabrir o estudo de um míssil com estas características, que culminará dentro de umas semanas com um contrato com a Convair, o construtor do MX-774. A Guerra da Coreia implica um aumento dos gastos militares, e por tanto há mais dinheiro disponível para desenhos de mísseis. O novo programa se chamará MX-1593 e será a base do futuro ICBM Atlas. -Dezembro de 1950: Forma-se em Kapustin Yar uma brigada soviética de engenheiros que se responsabilizará pelo controlo operacional do míssil R-1 (SS-1a Scunner). Este grupo será o predecessor das futuras Forças de Mísseis Estratégicos. -Dezembro de 1950: Decide-se que é mais conveniente lançar cães do que macacos a bordo de mísseis R-1. Estes deverão ser pequenos, devido ao facto de terem de viajar numa cápsula de apenas 0,28 metros cúbicos. -4 de Dezembro de 1950: Na União Soviética, o centro NII-88 decide iniciar dois projectos de investigação sobre mísseis avançados. Os programas chamar-se-ão N-2 e N-3 (o N-1 corresponderá a outro míssil semelhante ao R-3). O primeiro será dedicado ao desenvolvimento de mísseis de longo alcance que utilizem oxidantes não criogénicos e por tanto armazenáveis (o R-11 será fruto destes trabalhos). O segundo ocupar-se-á de questões mais gerais sobre a tecnologia dos mísseis de longo alcance (ICBM). O futuro R-7 será um descendente destes estudos. De facto, o centro OKB de Korolev começa a investigar as características que deve ter um míssil intercontinental, e enumera como possíveis diversas opções balísticas e aladas. Para a opção balística fala-se de um foguetão multi-etapas capaz de transportar entre 3 e 5 toneladas a uma distância de 7.000 km (um rendimento muito perto à da velocidade orbital). A base conceptual para este veículo será os estudos de Tikhonravov no NII-4. -11 de Dezembro de 1950: É lançado desde White Sands o foguetão-sonda Viking-6. O seu objectivo deveria ser operar conjuntamente com quatro foguetões-sonda Aerobee meteorológicos (Meteor-1 a 4, ou SC-14, 15 e 16 e USAF-9) na busca de sinais de micrometeoritos. Porém, uma das aletas foi danificada e o Viking, que devia alcançar os 200 km de altitude devido à sua carga ligeira, só chega a 64 km depois de fazer várias piruetas no céu. Em relação aos Aerobee lançados entre 11 e 12 de

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