Revista Rock Meeting #24

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Nesta Edição:

05 - Conversa de Luluzinha Black Label Society 06 - Darth Jeder

28 - 2 anos da RM

08 - Varial

31 - Conheça - Gullveig

09 - World Metal

33 - Biquini | Plebe Rude

11 - Capa: Raiser

35 - Perfil RM

21 - O que estou ouvindo?

37 - Eu Estava Lá

24 - Diário de bordo -

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Pei Fon

Expediente Direção Geral Pei Fon Diagramação Lucas Marques Pei Fon Yzza Albuquerque Revisão Pei Fon Yzza Albuquerque Capa Lucas Marques Pei Fon Equipe Daniel Lima Jonas Sutareli Lucas Marques Pei Fon Yzza Albuquerque Colaboradores João Marcelo Agradecimentos Charlie Curcio João Goulart Jonathas Canuto

Contato

Email: contato@rockmeeting.net Orkut: Revista Rock Meeting Twitter: @rockmeeting Veja os nossos outros links: www.meadiciona.com/rockmeeting As matérias são de responsabilidade de quem as assina e não necessariamente refletem a opinião da Revista.


Editorial

Olhando para trás

Aos que ainda resistem na mesma luta, uma salva da palmas! É pouco, diante de tantas dificuldades que se percorre na tentativa de fazer algo bom o suficiente para se manter por tanto tempo. É pouco para tantas palavras ofensivas e descrença com o seu trabalho. É pouco, perante a contribuição que tem realizado. É pouco! É por causa de pouco reconhecimento e gratidão que muitos projetos acabam ainda no início. É pouco para pensar em desistir. Desistir, por quê? O que tens feito? O que pretendes fazer? Sabe aquele ditado de “pouco é muito”? Pois bem: aos resistentes, a nossa saudação. Não somos uma banda, não somos promotores de eventos; somos transmissores de informação, e o nosso dever é divulgar o que nesta terra há. Não entenda mal. Não queremos de vocês congratulações pelo que a Rock Meeting tem se submetido a fazer, mas entendemos que vocês (sim, vocês) e nós devemos lutar pelo mesmo objetivo: resistir. Estamos conseguindo sobreviver durante estes dois anos à frente deste trabalho. A todas as bandas que já estiveram em destaque, as personalidades, as mensagens dos nossos leitores, aos nossos parceiros mais fiéis, o nosso desejo: continuem! É pouco para se dizer, mas a nossa gratidão não pode ser escrita.



Por Vitória Alcântara (@prafazerbonito1 | Pra Fazer Bonito)

Cuide bem de seus cabelos Não importa se forem, cacheados, lisos, cheios de onda ou de tinta: cabelos merecem muito carinho e atenção. Sua avó já dizia, e eu não vou deixar você esquecer: “Os cabelos são a moldura do rosto”. Então, muito cuidado com quem pode deixá-la linda, ou muito, muito estranha (ou feia mesmo). Para começar, nada de dormir com o cabelo preso ou molhado. A raiz fica ressecada, e os fios, coitados, não respiram. Se lavar a cabeça à noite for inevitável, seque com uma toalha ou secador, para tirar a umidade. Por falar nisso, lembre-se de que a escova deve ser feita com os fios úmidos, e nunca molhados. Ah! E nada de secador pelando a sua cabeleira. Temperaturas muito altas estragam e tiram o brilho das madeixas. A distância aconselhável é de 20 cm entre a cabeça e o secador. Lembre-se: muita escova resseca os fios. Faça, no máximo, três vezes por semana. Fique esperta com rabo-de-cavalo muito apertado e por muito tempo. O penteado pode levar os fios a arrebentarem. Evite prendedores que machucam o couro cabeludo ou arrancam mechas quando são retirados da cabeça. Se for usar um creme reparador, preste atenção na sequência: xampu, creme e condicionador. Os especialistas afirmam que, quando usamos o condicionador antes do creme, fechamos as escamas do cabelo, e os princípios ativos do creme não penetram nos fios. Se seus cabelos quebram facilmente e caem com mais facilidade ainda, use 05 Rock Meeting

sempre pentes de dentes largos. Aliás, é uma boa desembaraçar os cachos após passar o condicionador, deixar o produto agir dois ou três minutos e, só aí, enxaguar. O pente de madeira e dentes largos é a melhor opção, também, para quem tem cabelos volumosos. Invista! Na hora de lavar, não esfregue o couro cabeludo com as unhas, isso pode provocar caspa e até ferir sua cabeça. Quando for secar com a toalha, evite torcer os fios, porque eles podem ficar sem brilho e balanço. E fique atenta ao seu tipo de cabelo: geralmente, achamos que ele é oleoso, quando é normal. Ou que é normal, quando é seco. Na dúvida, pergunte ao seu cabeleireiro ou dermato, e use produtos específicos para ele.


Jeder Janotti Jr.

Headbanger e professor UFAL-UFPE

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e t Au Uma das reivindicações mais tradicionais do mundo do Rock é a exigência de “autenticidade” nas atitudes e nas canções que marcam esse gênero musical. Parece simples, parece óbvio, parece que todo roqueiro sabe o que é essa tal de “autenticidade”. O problema é que, afora comportamentos fora dos padrões do “bom-mocismo” e discos independentes, poucos parecem saber o que é ser autêntico no mundo do Rock. A leitora ou o leitor mais desavisado pode estar pensando que ser autêntico é ser original. Ledo engano. Muitas das boas bandas do Rock constroem suas carreiras através da reciclagem de músicas antigas. Os Beatles possuíam, no início, um repertório que mesclava músicas próprias com estandartes do Rock. Bob Dylan vive na corda bamba entre citações e “plágios”. Iron Maiden forjou sua sonoridade mesclando Thin Lizzy com bandas menos conhecidas, como Néktar. Isso sem contar bandas como Krokus, que emulava os australianos do AC/DC, ou o próprio Legião Urbana,

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que, em muitos momentos, parecia a versão tupiniquim do The Smiths. Aliás, a abundância de regravações e versões no mundo do Rock parece mostrar que, em muitos casos, ser autêntico é uma questão de reverenciar a genealogia do Rock, e não propriamente “inovar”. Poder-se-ia argumentar que uma boa versão é uma questão de atitude. Nesse caso, seria mais fácil entender os motivos pelos quais a versão de “Back in Black”, dos Detonautas, carece de autenticidade, já que, pelo menos em minha opinião, a banda brasileira parece sempre estar “forjando”, nas entrevistas e videoclipes, uma tentativa de “parecer” Rock and Roll. Isso nos levaria a uma diferenciação entre soar Rock’n’Roll e ser rocker, uma divisão entre a emulação do mundo Pop comercial e uma atitude “naturalizada”, não-forçada, dos próprios músicos de Rock. Mas aí eu me pergunto: e uma banda teatral como o Kiss seria então autêntica? “Rock and Roll All Nite” seria um hino rocker, ou uma afirmação juvenil estereotipada? Por que não os dois?


Muitas vezes, as paixões que envolvem nossas relações com o Rock fazem-nos esquecer que, ao mesmo tempo em que o gênero se firmou como uma das mais importantes formas de expressão cultural da juventude ao longo do século XX, o Rock também continua a ser um dos carros-chefes da indústria da música. Ao mesmo tempo em que vivo uma experiência única em um show do Metallica, que faz parte do universo de minhas paixões singulares, essa mesma experiência é utilizada, através de esmerada produção, como geradora de um negócio milionário: o mercado mundial de música ao vivo. Talvez por isso seja tão difícil enxergar pureza nessa suposta autenticidade do Rock. Parece que ser autêntico nesse negócio é saber negociar com o fato de o Rock and Roll ser um negócio musical, que ao mesmo tempo em que negocia lucros e dividendos, também aciona afetos e sentimentos de milhões de músicos e fãs. Mesmo uma banda cultuada, como o Motörhead, sabe bem disso. Afinal, quando eles estiverem fazendo milhares de fãs vivenciarem sensações que dificilmente podem ser reduzidas a números comerciais, no próximo dia 25 de setembro, no Rock in Rio, eles também estarão enchendo os bolsos e potencializando a marca “Rock in Rio”. Ou seja, estamos diante do velho dilema dos biscoitos Tostines (“vende mais porque é mais fresquinho, ou é mais fresquinho porque vende mais?”), que no mundo do Rock pode ser traduzido da seguinte forma: sobrevivem de Rock and Roll porque são autênticos, ou são autênticos porque sobrevivem de Rock and Roll?

"May the force be with you!"


Vibe Hardcore marcando presença Em mais uma ponte entre Alagoas e Pernambuco, o Hardcore dá o tom da noite no Banga

Por Jonas Sutareli

(@Sutareli | jonas@rockmeeting.net) Pei Fon

No dia 13 de agosto, aconteceu no Banga Bar um evento organizado pelo selo Naipe de produções, que teve como foco principal o show da banda Varial. Além das bandas, o local também contou com um segundo ambiente, esse voltado para a música eletrônica. O evento teve início por volta das 16h, já com a apresentação dos DJs, que foram seguindo junto com os shows das bandas. Os DJs que se apresentaram foram KK, Sau e C@arlost. Lá pelas 18h, as bandas começaram a se apresentar. A primeira a subir aos palcos foi a Fixeen, tocando um Hardcore melódico, bem executado, cadenciado e entrosado. Uma ótima pedida para quem curte o som. Logo após a apresentação da Fixeen, sem muita demora, os pernambucanos da The Haze assumiram o palco e mandaram seu som para alagoano ver. Fizeram também um bom show, já com bastante público, como no show da Fixeen, mas ainda os presentes estavam meio divididos entre os dois ambientes do evento. Seguindo com a programação, a Not My Problem, uma banda que já vem há bastante tempo adicionando 08 Rock Meeting

ao cenário do Hardcore alagoano, subiu ao palco para apresentar suas músicas autorais, como de costume. Agitou bastante a galera, o que gerou até algumas “rodinhas”. Em todos os shows, o público esteve sempre presente: mesmo dividido entre os dois ambientes, a maioria dos presentes foi prestigiar e curtir os shows das bandas. Mas foi no show da Varial que o público se juntou ainda mais. Como ponto alto da noite, a Varial tocando apenas suas músicas, como é o hábito, e o público quase que por inteiro cantando todas as músicas da banda, que tem dois discos lançados e muitos fãs. Os caras anunciaram no show que estarão, em breve, lançando mais um EP e divulgando mais shows, depois de terem ficado algum tempo parados e terem voltado somente alguns meses atrás. É muito banca de se ver os eventos locais e com bandas locais valorizados dessa maneira, principalmente quando o público conhece e canta as músicas autorais das bandas locais. Isso só faz fortalecer a cena

Keep rocking!


Elvenking: guitarrista diz que novo álbum sairá ano que vem

De acordo com uma nota postada no Facebook do guitarrista da banda Elvenking, Aydan, o novo álbum do grupo, sairá ano que vem. Segundo a nota, o guitarrista diz que em um ensaio realizado no dia 23 de agosto, o grupo tocou a primeira nova canção para o novo álbum. O último trabalho lançado pelo grupo foi o Red Silent Tides, de 2010.

Motörhead: banda planeja gravar disco de covers

O frontman do Motörhead, Ian ‘Lemmy’ Kilmister deixou escapar que o grupo está planejando um disco de covers, mas ele brinca sobre quais bandas eles de fato escolheram para homenagear. De acordo com Lemmy, o baterista Mikkey Dee tem sugerido músicas que Lemmy não sente que conseguiria cantar. Mastodon: grupo lança mais uma música inédita

O grupo Mastodon lançou mais uma música inédita, que fará parte do próximo album da banda, intitulado “The Hunter”. A faixa se chama “Curl of the Burl” e pode ser ouvida AQUI

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Cradle of Filth: lançando mini-álbum especial em outubro

A banda inglesa Cradle of Filth lançará no próximo dia 10 de outubro um mini-álbum especial intitulado “Evermore Darkly...”, via Peaceville Records. “Evermore Darkly...”, sucessor do álbum “Darkly, Darkly, Venus Aversa”, lançado ano passado, que chegará às lojas como um pacote de CD / DVD, incluindo também novas faixas, um documentário e dez músicas filmadas ao vivo e também o vídeo da ‘Lilith Imaculada”

Falando nos bastidores do Wacken Open Air Festival na Alemanha, Lemmy disse que Dee é fã de bandas nas quais o vocalista canta em tons mais altos do que ele o faz. “Não temos certeza, mas estamos pensando em fazer um disco de covers. O problema é que Mikkey gosta de bandas como Journey e eu não posso cantar coisas desse tipo. Então teremos que fazê-lo comprometer-se com isso.” Esta matéria pode ser lida na íntegra no site do LoKaos Rock Show AQUI Sepultura, Exodus e Destruction: tocando álbuns clássicos O Sepultura foi confirmado como “headliner” no festival “Thrash Fest Classics 2011”, ao lado das, também lendárias, bandas Exodus e Destruction. O intuito do festival, que acontecerá entre novembro e dezembro deste ano e ja tem 24 datas confirmadas em vários países da Europa, é fazer uma verdadeira festa em homenagem aos clássicos do estilo, sendo que as bandas tocarão músicas de seus álbuns mais lendários.


Visions Of Atlantis: guitarrista anunciado e EP a caminho O Visions of Atlantis divulgou em seu MySpace oficial uma atualização sobre o novo guitarrista e o próximo EP da banda: Novo EP: EM 21 de outubro lançaremos um novo material para o mundo ouvir, será o EP chamado “Maria Magdalena”! Confira abaixo o video com o novo guitarrista, Cris Tían AQUI

Eluveitie: novo website, documentário e álbum a caminho O Eluveitie divulgou através do Facebook da banda novidades para os próximos meses: “Após algumas semanas de silêncio, temos o prazer em anunciar a primeira das grandes novidades para um futuro próximo. No início de setembro, lançaremos o “EluTV” (ao lado de um novo site): Um documentário completo sobre a nossa turnê e as atividades de gravação, proporcionando cenas de bastidores exclusivas, disponíveis, é claro, gratuitamente”. Veja o trailer AQUI

Tumba Recs: Dark Funeral, Gama Bomb e The Acussed no Brasil

o palco desse show destruidor. Confira abaixo todas as datas da turnê e o flyer de divulgação.

A Tumba Records acaba de anunciar as datas para a Satanic War Tour - The Return no Brasil. Entre os dias 07 e 12 de dezembro, 6 cidades recebem as bandas Dark Funeral, Gama Bomb e The Acussed, além de outras bandas locais que poderão abrir os shows. Belo Horizonte também receberá essa devastação. Segundo a agenda, no dia 09 de dezembro, depois do feriado, o Music Hall será

DARK FUNERAL Satanic War Tour - The Return Turnê Latino Americana 2011 07.12 Recife/PE - TBA 08.12 Rio de Janeiro/RJ - Teatro Odisséia 09.12 Belo Horizonte/MG - @ Music Hall 10.12 São Paulo/SP - Carioca Clube 11.12 Rio Negrinho/SC - Zoombie Ritual Festival 12.12 Porto Alegre/RS - Bar Opinião

Blaze Bayley: gravando novo DVD na Bélgica Blaze Bayley anunciou a gravação de um novo DVD. Ele será gravado dia 23 de setembro no De Rots, em Antuérpia, Bélgica. Escolhi esse lugar, pois é um dos menores na turnê européia, as pessoas são loucas e sempre que toquei por lá foi um grande evento. Meus dois DVDs anteriores foram ótimos, mas registrados em shows grandes. Dessa vez quero capturar uma vibração mais intimista com os fãs. Vou apresentar uma música nova.

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Alice Cooper: ouça trechos de duas novas músicas

Amostras das músicas “I’ll Bite Your Face Off” e “Caffeine”, as duas faixas principais do primeiro single do tão aguardado álbum de Alice Cooper, “Welcome 2 My Nightmare” “Welcome 2 My Nightmare” será lançado no dia 13 de setembro via Universal Music Enterprises. Com a contribuição do produtor Bob Ezrin, que produziu o álbum original “Welcome To My Nightmare” de 1975, o disco continua o legado de onde parou, com Alice preso em sua própria mente distorcida.




Dando continuidade ao que vem se destacando em Alagoas, a Rock Meeting traz uma das bandas que tem crescido tanto como grupo, como musicalmente. A Raiser é a banda do mês. Eles têm conquistado o seu espaço e cativando os headbangers através de suas músicas. Se vocês ainda não os conhecem, aproveite o momento: desarme-se e leia atentamente. Enjoy! Texto e Foto: Pei Fon (@poifang | peifang@rockmeeting.net)

Primeiro de tudo, apresentem-se para os nossos leitores. Bem, nós somos a banda Raiser, que é formada por Victor Silva (vocal), Marlus Martins (guitarra), João Goulart Filho (guitarra), Jonathan Canuto (baixo) e Tiago Simplício (bateria). Qual o motivo de se unirem para montar um grupo? Contem um pouco para nós. Como a maior parte dos grupos que se formam, o intuito inicial foi reunir os amigos e tocar as músicas preferidas de cada um. Por isso, no começo ficou como uma banda que tocava um apanhado geral do que seus integrantes curtiam. Até mesmo o estilo não estava bem definido, porque os gostos musicais dos caras eram muito diferentes. Então, a banda tocava desde Metallica até Primal Fear. Depois que surgiram as composições próprias, a coisa toda começou a tomar forma. O estilo musical foi de escolha da banda ou já estava pré-definido? Não tinha nada definido. Com o passar do tempo, com as influências da banda sendo mais bem consolidadas, com a mudança de integrantes, é que o estilo foi estabelecido. Hoje, a Raiser tem um lado mais pesado, está mais para um Death Metal Melódico do que aquela “misturada” que era no início. Como foi a concepção do nome e qual o seu significado? Esta, na realidade, é uma história engraçada. O nome da banda surgiu por conta de um “erro” de tradução. O nome original, sugerido pelo primeiro vocalista, era “Raiser Angel”, onde o mesmo pensou significar algo do tipo “anjo empalado”, o que, obviamente, estava errado. Depois de um tempo, a banda decidiu, por uma questão de “correção” e mesmo pela sonoridade do nome, abreviar para apenas “Raiser”, que, ao pé da letra, significaria “aquele que levanta”. Enfim a sonoridade do nome ficou melhor, e bem menos gay. (risos) Houve algumas mudanças, ao longo destes cinco anos que a Raiser existe, entre elas de formação. Somente Tiago e Marlus estão desde o começo. Qual a razão do afastamento dos primeiros membros? O nosso primeiro baixista, o Daniel, não conseguiu conciliar os estudos e o trabalho com a banda. O outro guitarrista, Júnior, virou evangélico e não quis prosseguir no projeto, devido a divergências com a nova filosofia de vida dele. E o Henrique, primeiro vocalista, mudou-se pra São Paulo, onde alguns anos depois, infelizmente, foi covardemente assassinado.

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“No cenário local, podemos destacar a banda Morcegos, pela batalha dos caras ao longo dos anos e por nunca perderem a fé naquilo que fazem”

Com a atual formação, que não tem tanto tempo assim, vocês já possuem cinco músicas próprias. Como é o processo de criação? Quem escreve, quem faz a melodia? O processo geralmente começa com a composição de alguns riffs, ideias que o guitarrista Marlus grava em casa, no seu computador, e passa para os demais integrantes. A seguir, o resto da banda coloca seus arranjos, dá sugestões, elabora os solos e melodias, pensa nas linhas de baixo e bateria. As letras ficam por conta do Victor. Qual a música que não pode falta no setlist de show da banda? Por quê? Acho que a música que não pode faltar é a “World of Sins”, que foi a primeira própria feita pela banda. Essa música, inclusive, ganhou um modesto videoclipe, que facilitou o pessoal a conhecer o trabalho da banda e reconhecer a música nos shows. Além disso, tem um riff muito marcante, e todos gostamos muito dessa faixa. Cinco músicas prontas, que já estão sendo executadas nos shows. Quando é que elas vão tomar formato físico? Quando teremos um lançamento de EP/Demo da Raiser? Já teria um título para este possível projeto? A banda, há tempos, já pensa em gravar as músicas, mas infelizmente ainda não conseguiu isso, por conta dos custos financeiros. A verdade é que Alagoas ainda não tem um incentivo decente para os artistas locais, especialmente para o Metal, que acaba ficando marginalizado, como sempre. Mas temos a intenção de até o final de 2011 gravar pelo menos uma demo, para poder divulgar melhor nosso trabalho. Continuando sobre as músicas, por que escrevê-las em inglês? Alguma razão em especial? Em português nem sempre é possível casar as melodias com a fonética do nosso idioma. Além do mais, o Metal, de uma forma geral, ficou tão consolidado cantado em inglês que esta acabou sendo uma escolha natural para todos da banda. Além de tudo, é uma língua falada em praticamente todo o mundo, e de quebra, nosso vocalista é professor de inglês. Então ficou tudo mais fácil.

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Shows. São as mais variadas situações, mas qual aquela mais engraçada que já passaram e a que mais irritou o grupo? A mais engraçada foi em um show que a banda foi fazer em um festival em Coqueiro Seco, onde a maior parte das bandas tocava Pop Rock e Forró. Isso já seria engraçado. A estrutura do palco e do som era bem legal para os padrões a que estamos acostumados aqui em Alagoas, mas a verdade é que havia apenas um, isso mesmo, um único espectador na plateia. Diga-se de passagem, o indivíduo se encontrava num estado alcoólico bem deprimente e, aparentemente, não gozava de suas plenas faculdades mentais. (risos) Pelo menos era um cara bem animado e dançou todas as músicas. Situações que irritaram o grupo há muitas, mas nada que valha a pena mencionar em específico. Basta dizer que shows onde a qualidade do som prejudica muito a qualidade da apresentação, e também a falta de apoio ao trabalho das bandas locais são coisas que irritam qualquer um que tenta fazer música, especialmente num estilo onde as pessoas que estão envolvidas fazem o show apenas porque gostam, já que neste estado é muito difícil viver de música e ganhar dinheiro fora de estilos que não sejam o Pop Rock ou o Forró. Temos gastos com instrumentos, horas de estúdio, com deslocamento, e tudo isso sai do nosso bolso. Talvez se ganhássemos alguma grana com os shows, o CD da Raiser já estaria gravado. Qual foi o show que ficou na memória de vocês? A banda já teve a oportunidade de tocar em Garanhuns (no festival Fúria Metal) e, inclusive, já abriu para o Torture Squad em Maceió, mas um show que ficou na memória de todos foi um que tocamos no K-Fofo, onde, extraordinariamente, o som estava cooperando com a banda, a casa estava cheia e, o que nos deixou mais satisfeitos e chamou a atenção, havia um garoto bem em frente ao palco cantando a música “World of Sins”. Tendo em vista que não temos CD gravado e essa música tem apenas um vídeo no YouTube, você consegue imaginar quantas vezes esse rapaz ficou curtindo a música na Internet para aprender a letra? Isso é realmente gratificante. E falando do “Fúria Metal”, como foi a receptividade do público? Eles são tão insanos quanto os maceioenses? A receptividade não poderia ter sido melhor. Todos os envolvidos na organização e produção do evento nos trataram com muita consideração e profissionalismo. Garanhuns é uma cidade onde se valoriza muito a cultura, e eles têm incentivo da prefeitura e do governo do estado pra isso. O público foi insano, agitaram o show todo, e muitos ainda foram para o lado do palco depois do show pra nos cumprimentar e tirar fotos com a banda. Foi muito bacana mesmo, memorável. A Raiser possui dois guitarristas. Em termos sonoros, o que cada um contribui para o som? As músicas da Raiser têm muito daquela mistura característica do Death Metal Melódico, agressividade aliada à melodia. Em termos de composição, os guitarristas contribuem com boa parte das ideias, sendo o Marlus o principal compositor da banda. Sendo mais específico nas linhas de guitarra, o Marlus explora bastante os trechos melódicos e mais técnicos das músicas, enquanto o João contribui mais com as partes agressivas e viscerais das composições. 17 Rock Meeting


Momento crítico: elaborem um Top 5 das bandas que são as inspirações da banda. Em poucas palavras, o que cada uma delas representa na sonoridade da Raiser? 1) Slayer - É uma unanimidade entre os integrantes da banda, pois traz muita inspiração pra gente pela agressividade, riffs poderosos. Aquele bom e velho Thrash Metal. 2) Testament - Essa é uma banda que foi muito injustiçada no mundo do Thrash, pois conseguiu agregar um componente técnico e melódico muito peculiar que a Raiser sempre tenta explorar. 3) Arch Enemy - É uma influência notória da banda, pois mistura muito bem riffs vigorosos, solos melódicos e aquelas mudanças de andamento que dão uma quebrada no clima da música. 4) In Flames – Basicamente, nos traz riffs bastante diretos, sempre com alguma linha de guitarra, um tema bem marcante. Daqueles que a gente escuta e fica cantarolando na cabeça. 5) Megadeth - Além de peso é técnica, o Megadeth nos chama a atenção pela sua atitude, que a gente percebe tanto quando escuta o CD, quanto ao vivo. Eles são muito aplicados em repetir ao vivo aquilo que fazem em estúdio. Como músicos, devem acompanhar o cenário local, nacional e mundial. Nesta sequência, quais bandas vocês podem destacar e o que elas têm feito que tenha chamado atenção? No cenário local, podemos destacar a banda Morcegos, pela batalha dos caras ao longo dos anos e por nunca perderem a fé naquilo que fazem. tNo cenário nacional, o Korzus é uma banda que sempre se manteve fiel ao seu estilo e, inclusive, nos chamou a atenção pelo seu último CD, pela excelente produção e qualidade das músicas, obviamente. No cenário mundial, o Arch Enemy é uma banda que destacamos pela sua técnica e peso, lançando álbuns sempre muito bons sem nunca perder a sua essência.

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Para vocês, o Metal está estagnado ou continua crescendo? Há, no Brasil, muitas bandas excelentes, que lançam trabalhos que não deixam em nada a desejar, se compararmos com bandas de outros países. Entretanto, o apoio para essas bandas ainda é muito pouco. E para piorar, muitas vezes a própria galera que curte o som deixa de incentivar. Fazem isso quando deixam de comparecer aos eventos, quando não procuram conhecer melhor o trabalho das bandas locais. Em outros países, temos festivais fantásticos, como o Wacken e o Hellfest. Mas em contrapartida, no Brasil, vemos shows iradíssimos de bandas tanto nacionais, quanto “da gringa”, com plateia muito aquém do que poderia comparecer, já que não são poucas as pessoas que curtem Metal, de uma forma geral. Então parte da estagnação é culpa da própria galera que diz curtir o som. Nesta segunda metade de 2011, o que podemos esperar da Raiser? Esperamos poder lançar nossa demo e desenvolver mais músicas, que já estão sendo trabalhadas em estúdio. Também pretendemos tocar em shows e estamos aceitando convites (risos), pois adoramos tocar ao vivo. Este é o seu espaço. Deixem o seu recado. Sucesso! Que procurem conhecer e apoiar as bandas do cenário local, que compareçam aos shows, porque só assim o Metal vai crescer no nosso estado. E que estas bandas locais não se desanimem com a cena e continuem acreditando no seu trabalho e tocando seus projetos para a frente. No mais, agradecemos a todos da revista Rock Meeting pela oportunidade. Um grande abraço a todos que tiveram a paciência para ler esta entrevista! (risos)

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Nightwish

Por Pei Fon (@poifang | peifang@rockmeeting.net)

Enquanto eu escrevia um e-mail para equipe da RM, cobrando os textos para esta coluna, eu nem havia escrito a minha parte ainda. Pensei em tudo o que estava ouvindo e não cheguei a um consenso. Eu estava ouvindo Ellie Goulding, Regina Spektor, a trilha sonora de “As Crônicas de Nárnia”, músicas que me fizeram acalmar... Tenho estado muito calma, no sentido sonoro. Não tenho escutado, com frequência, bandas que tenham uma pegada mais rápida e agressiva. Mas, desta vez, serei mais previsível. Quem me conhece, sabe qual é a banda que mais gosto, a banda que me deixa desnorteada e que me fez ser a pessoa mais realizada. Nightwish, para mim, é como Iron Maiden para o Daniel, Evergrey para a Yzza, Megadeth para Jonas e Lucas: é algo inexplicável! Eu poderia escrever um artigo somente falando desta banda, o que ela representa para mim e todas as fases por que passei ao escutá-la. Por mais que estivesse buscando uma “calmaria sonora”, sempre que quero inspiração recorro à banda finlandesa. É do lado mais frio dos países do hemisfério norte que preencho algumas lacunas, com a mais cálida das vozes líricas de Tarja Turunen e com as letras profundas de Tuomas Holopainen. A banda foi iniciada em 1996, às altas horas da madrugada, ao redor de uma fogueira na cidade de Kitee, Finlândia. Possui seis álbuns de estúdio, 18 lançamentos, entre EPs, singles e MCDs, cinco DVDs, três livros. Eu destacaria o CD “Century Child” como referência para conhecer os principais hits, entre eles “Ever Dream” e “Dead to the World”, além da versão para “Phantom of the Opera”, de Andrew Lloyd Webber; o DVD “End of an Era”, para ver o último show com a vocalista Tarja Turunen; e o CD “Dark Passion Play”, para ouvir a substituta da finlandesa, a sueca Anette Olzon.

Eu realmente só tenho boas lembranças com o Nightwish. Foi a primeira banda com vocal feminino que escutei, e foi na antiga loja “World Rock” que tive o primeiro contato, enquanto estava passando o DVD “From Wishes to Eternity”. Por causa da banda, conheci bons amigos, vivi momentos inesquecíveis, e fiquei tão louca e apaixonada por um cara de banda! (risos) Quem me conhece, sabe do que estou falando. Sim, sou extremamente paranoica pela banda, podem falar mal, o que for, não me preocupo com isso. O que realmente importa, para mim, é o que eu acredito. E no hall dos fãs que conhecem seus ícones, estou eu nesta lista: já conheci os integrantes e tenho fotos para comprovar o que falo, além de fazer inveja às minhas amigas com a foto que tenho com o Tuomas. Acho que já entenderam o que quero dizer. Vou ficando por aqui.

Hellyeah

Por Jonas Sutareli (@sutareli | jonas@rockmeeting.net)

Hellyeah é uma all-star band americana, formada por Chad Gray (Mudvayne) nos vocais, Greg Tribbet (Mudvayne) em uma das guitarras, Tom Maxwell (Nothingface) na outra guitarra, Bob Zilla (Damageplan) no contrabaixo, e Vinnie Paul (Pantera, Damageplan) na bateria. Essa formação pode não ser conhecida por muitos, mas o nome de Vinnie dispensa comentários, pois todos conhecem a história do Pantera. A banda foi fundada em 2006, e o primeiro disco, “Hellyeah”, saiu em 2007. Em 2010, lançaram um segundo álbum, intitulado “Stampede”. O primeiro disco tem excelentes faixas, pesadas, num groove bastante intenso, com os vocais inconfundíveis do Chad Gray. Deste disco, destaco as faixas “You Wouldn’t Know”, “Alcohaulin’ Ass” e “Goddamn” - não desmerecendo o resto do disco, mas essas foram as que mais me chamaram atenção. Já no “Stampede”... Ah, o “Stampede”! Eles conseguiram ser ainda melhores! Excelente álbum, ainda mais pesado, cadenciado, consistente e linear. O disco inteiro é destaque! Se você ficou curioso, confere aí: http://www.hellyeahband.com

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Iration Por Yzza Albuquerque (@yzzie | yzza@rockmeeting.net) A minha banda da vez é a Iration, um quinteto de Rock/Reggae havaiano (embora a banda mesmo tenha surgido na Califórnia) que está na ativa desde 2004. Os caras têm cinco lançamentos, sendo dois deles álbuns completos, e os outros três, EPs. “Time Bomb”, o disco mais recente (2010), não para de tocar no meu MP4 há algumas semanas, e é ele que eu indico no “O que estou ouvindo?” desta edição. Recomendo para aqueles que não têm muitas restrições musicais e, principalmente, que acreditam na versatilidade do Rock, que aparece ligado ao Reggae de maneira completa

e inseparável no som da minha banda recomendada do mês. Sonoramente um pouco parecido com o 311, o Iration consegue fazer música leve, repleta de vibrações positivas, com cheirinho de mar (sou brega!), sem soar “raiz”, clichê, forçado ou “Jack Johnson”. É um daqueles casos em que dois estilos enriquecem um ao outro e acabam trabalhando muito bem juntos. Para quem tem a mente e o coração mais

ecléticos (embora eu odeie essa palavra, não vejo como dispensá-la neste caso), é uma boa. Minhas canções favoritas do “Time Bomb”: “Let Me Inside”, “Dream”, “Wait and See” e “Falling”.

Sepultura

Por Daniel Lima (@daniellimarm | daniel@rockmeeting.net)

Recentemente, têm sido lançados bons álbuns, mas um se destacou, na minha opinião: “Kairos”, décimo-segundo álbum do Sepultura. Gravado no estúdio da Trama em São Paulo com o auxílio do produtor e guitarrista do Rob Halford, Roy Z., este teve uma peculiaridade, que foi o fato de poder ser visto ao vivo pela Internet por todos os fãs ao redor do globo terrestre, ou não. (risos) A primeira música, “Spectrum”, vem com uma atmosfera sombria, sem deixar de lado as guitarras gritantes do Andreas Kisser, para que, em seguida, venha a música-título

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do álbum. “Kairos” é bastante agressiva, e tem um refrão bem simples e marcante, com o vocal de Derick Green, que é muito agressivo. Depois vem “Relentless”, “Just One Fix”, “Dialog”, “Seether”, “Born Strong”, “Embrace The Storm”, e muito mais peso na sequência. Há quatro vinhetas, as quais se chamam “2011”, “1433”, “5772” e “4648”. A música que mais chamou a minha atenção foi “No One Will Stand”, me lembrou bastante das músicas dos anos 1980, e em vários momentos desse CD, tive essa mesma impressão. “Structure Violence (Azzes)”

teve a participação do grupo Les Tambours du Bronx, que farão uma participação no Rock in Rio com o Sepultura, no palco Sunset, dia 25 de setembro. Ainda há duas faixas bônus, chamadas “Firestarter”, que é um cover da banda Prodigy, e “Point of No Return”. Resumindo tudo o que escrevi: o álbum é uma obra-prima, e mostra que o Sepultura continua fazendo o melhor. Por ser o segundo álbum com o Jean Dolabella na bateria, os fãs podem esperar, que mais porrada na orelha vem por aí, já que ele é um excelente músico.


McRad

Por João Marcelo (@jota_m | jomarcelo_@hotmail.com

McRad é a banda do skatista profissional norte-americano Chuck Treece, que, além de mandar bem sobre as quatro rodas, também é músico de mão cheia (toca guitarra, baixo e bateria). Chuck, além de ter estampado capas de revistas especializadas e participado de

inúmeros vídeos de skate desde meados dos anos 1980, também já tocou com nomes consagrados, como Pearl Jam e Bad Brains. Conheci o McRad somente este ano, quando o músico/skatista veio ao Brasil para realizar alguns shows. Como só havia restado o próprio

Chuck da formação original, foi com Juninho (RDP e Discarga) e Maurício Takara (Hurtmold) que McRad tocou pelo Brasil e, recentemente, pela Europa. A música feita por ele traduz perfeitamente o espírito skate/punk. A energia, o feeling, a pegada... Está tudo lá. O McRad, que existe desde os anos 1980, tem apenas dois discos gravados, “Dominant Force” (1983) e “Absence of Sanity” (1987), e, depois de um hiato de mais de 20 anos, um novo disco está a caminho. Apesar de ter o Hardcore como principal pano de fundo, a banda flerta com vários outros estilos, e isso, para mim, é o que diferencia o McRad de outras bandas de sua geração. É possível escutar solos dignos de Heavy Metal, pegadas de Reggae/Dub, Soul, Jazz, e até o Rap está presente. Vale muito a pena conhecer o som do cara. Não consigo escutar o som sem ficar louco para dar uma volta de “carrinho”. Escute a clássica “Weakness” e tente não ficar com vontade de sair “pogando”!

Chuva Negra

Por Lucas Marques (@lucalemarques | lucas@rockmeeting.net)

Bom, esse mês eu colei muito na vibe de uma banda paulista de Punk Rock chamada Chuva Negra. O grupo, que tem influência de bandas como Lifetime, Hot Water Music, Descendents e NoFX, é composta por 5 camaradas que realmente sacam como fazer um som decente em meio a esse conturbado cenário musical em que vivemos. Chinho, Thiago, Mateus, Gabriel e Marcelo são músicos com certa bagagem, oriundos de outras bandas da cena Hardcore underground tupiniquim, como Fullheart, Substar, Catamaran, Middlename e Falante. A banda possui um álbum gravado, o “Terapia”, que dialoga com as passagens melódicas suaves e a real agressividade do Punk Rock, proferindo ideias que nos remetem

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desde as questões sociais ao discurso sentimentalista, voltados aos conflitos de relacionamentos em geral. Me fez pensar um pouco em Emo old school , aquele que não foi consumido pelo mainstream e virou sinônimo de música voltada para o comercial.

O que eu tenho a dizer sobre a Chuva Negra é que eles têm uma sonoridade bastante peculiar, que realmente me faz pensar na vida. Faz-me entrar numa vibe muito bacana. Certamente, é uma banda que sempre estará presente na minha playlist .


Black LabelemSociety Porto Alegre

É

difícil descrever a emoção de ver um grande ídolo assim, ao vivo. O Black Label Society, liderado por Zakk Wylde (ex-guitarrista de Ozzy Osbourne), tinha passagem pela capital gaúcha prevista para maio deste ano, mas acabou adiando a turnê do álbum “The Order of the Black” para agosto, o que, de certa forma, deu mais tempo para os fãs se planejarem e adquirirem os cerca de 2.000 ingressos disponíveis para o espetáculo, que ocorreu no Bar Opinião (conhecida casa de shows de Porto Alegre que, frequentemente, serve de palco para eventos de Rock ’n’ Roll e Metal). Como grande fã que sou, comprei meu ingresso antecipadamente, no final de maio, aproveitando a oportunidade em que fui ao show de Ozzy Osbourne, que, diga-se de passagem, foi memorável.

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Por João Goulart

Então, embarquei para Porto Alegre sozinho, na madrugada de sábado para domingo, e acabei chegando a Porto Alegre por volta das 13h30. Como sou natural desta cidade, não poderia deixar de me reunir com meus familiares para comer aquele bom e velho churrasco, onde encontrei meu irmão Pedro Goulart, outro grande fã do Black Label, que também havia viajado para prestigiar o show. Chegamos ao Opinião por volta das 19h, e a fila até que nem era tão grande. Neste momento, fazia aproximadamente 13 graus e começou uma forte chuva, que pegou de surpresa a todos os que estavam na fila (e fez a festa de ambulantes que vestiam capas de chuvas “descartáveis”, que mais pareciam sacos de lixo com mangas). Mas, quando não se tem guarda-chuva, qualquer coisa serve . Na fila, headbangers de todos os


estilos - muito embora boa parte vestisse camisetas e até mesmo coletes lotados de patches, que se tornaram marca característica da banda de Zakk Wylde e sua trupe, com direito até mesmo a um “sósia” que enganaria àqueles fãs mais desatentos. Realmente hilário. Os portões da casa abriram um pouco antes das 20h. Pontualmente às 21h, a banda Draco subiu ao palco. Apesar da energia de seus integrantes e Rock bastante agressivo, pouco animou a plateia. A banda gaúcha, liderada por Leo James, tocou por aproximadamente 30 minutos. Pouco menos de meia hora depois, precisamente às 22h, o grupo norte-americano toma conta do palco do Opinião. A introdução do show foi a parte instrumental da música “New Religion”. Em meio à escuridão do palco, os fãs que estavam mais à frente notaram logo a presença de Zakk Wylde, idealizador e maior estrela da banda, e começaram a gritar o nome

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do ídolo, mundialmente revelado pelo madman Ozzy Osbourne. Usando um cocar característico das tribos indígenas norte-americanas, o Black Label Society colocou a casa abaixo, com a música “Crazy Horse”, um dos destaques do álbum “The Order of the Black”. Logo em seguida, a banda, que também conta com os excelentes e extremamente carismáticos Nick Catanese (guitarra), John DeServio (baixo) e Johnny Kelly (bateria), emendou com os grande sucessos “Funeral Bell” e “Demise of Sanity” (que ainda teve um pequeno trecho de “Superterrorizer” em seu final), não dando trégua para a plateia gaúcha, que agitava e cantava em uníssono cada faixa com Zakk. Um fato inusitado foi o pequeno número de pausas entre as músicas, dando um ritmo agressivo e alucinante ao show. Nas pequenas e raras pausas para descanso, Zakk Wylde e seus companheiros de banda se “refrescavam” com os inúmeros copos de cerveja,

estrategicamente posicionados atrás do frontman. O show prosseguiu com as faixas “Overlord” e “Parade of the Dead”, também pertencentes ao “The Order of the Black”, seguidas da pesadíssima “Born to Lose”. O clima não se abrandou nem mesmo quando Zakk ficou ao piano e tocou a belíssima balada “Darkest Days”, que contou com o solo de Nick Catanese. Não nego que, neste momento, as lágrimas vieram aos olhos deste humilde narrador que vos escreve, pois, particularmente, considerei esse um dos pontos altos e mais emocionantes da apresentação do quarteto norte-americano. Após a execução dessa música, Zakk Wylde fez a única pausa mais longa para conversar com a plateia, que vibrava com os numerosos “motherfuckers” que o vocalista desferia. Dando sequência ao show, a banda seguiu tocando “Fire It Up”, que foi cantada em alto e bom pelos fãs. Foi então que Zakk fez a alegria dos fãs, em especial daqueles


que, como eu, também tocam guitarra, com sua esperada performance solo, onde mostrou com seu estilo inconfundível e licks altamente velozes, furiosos e precisos (com muita influência de Blues e Country), porque é conhecido como um dos guitarristas de maior prestígio e identidade entre os guitarristas de Rock de sua geração. Depois de quase dez minutos de solos alucinantes, os outros integrantes retornaram ao palco e mandaram ver com “Godspeed Hellbound”, do álbum mais recente. Logo depois, foi a vez de Zakk Wylde e Nick Catanese lançarem mão de suas guitarras de dois braços, no melhor estilo Jimmy Page, e embalarem a galera com uma versão mais pesada da ótima “Blessed Hellride”. Em seguida, o Black Label Society mandou uma sequência alucinante de clássico de tirar o fôlego, com as pesadíssimas “Suicide Messiah”, “Concrete Jungle” e, fechando o show com chave de ouro, “Stillborn”. Ao final da apresentação, Zakk Wylde saudou a plateia, ergueu seu colete, socou o chão, bateu no peito feito gorila e, para fechar, o grupo levantou uma bandeira do Brasil com o conhecido logotipo da banda no centro. Foi um show perfeito e emocionante, que, sem dúvida alguma, deixou satisfeitos todos os que compareceram, com uma performance marcada

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pela mistura de atitude tipo “brutamontes Rockstar”, de Zakk Wylde, e todo o carisma e simpatia dos outros integrantes da banda. Acho que esqueci de mencionar, mas não poderia deixar de dizer que consegui pegar uma palheta do Zakk! Bem, então fomos para a casa do nosso primo passar a noite, pensando que nada poderia ser sido melhor. Eis então que, no dia seguinte, no aeroporto, à espera do voo de volta para casa, eu e meu irmão encontramos Zakk Wylde e toda a equipe do Black Label Society. Fomos até lá e falamos com os caras, que foram extremamente receptivos e simpáticos. Conversamos, tiramos foto e até ganhamos palhetas do Zakk Wylde. É emocionante encontrar um cara que consideramos uma espécie de herói, um personagem que só conhecemos através de DVDs e CDs, e apertar a mão dessa pessoa, conversar, tirar uma foto, ganhar um presente. Definitivamente, foi o melhor show de toda a minha vida. Agradeço à revista Rock Meeting pela oportunidade de compartilhar essa experiência com todos que, assim como eu e meu irmão, apreciam o som do Black Label Society, e em especial o trabalho desse guitarrista lendário e espetacular que é Zakk Wylde.



O que temos para mostrar em 2 anos? Por Jonas Sutareli (@sutareli | jonas@rockmeeting.net) Artwork of Canuto (@_canuto)

Esta edição de número 24 tem um sabor em especial. São dois anos completos dentro do cenário alagoano, tentando fortalecer e somar, cada vez mais, com o movimento do Rock, e dois anos mantendo o ritmo e trazendo para você, leitor, as melhores notícias sobre a cena local. Por esse motivo que lhes mostraremos uma breve retrospectiva de mais um ano que se passou de publicações da revista Rock Meeting. Edição #13: A edição número 13 teve como foco principal o show de um ano da Rock Meeting e o que rolou neste evento, que teve em seu line-up as bandas alagoanas Powerslave, Goreslave, Forloxcia e Mia Dolce Vendetta, e as pernambucanas Pandemmy e Cangaço. A edição 13 ainda contou com a coluna World Metal, matéria sobre o show com Dominus Praelii e Apokalyptic Raids, o 1º JRock Festival, Ação Social – Rock Meeting, RM Entrevista: Caravellus, Perfil RM com Messias Júnior (Goreslave), e Eu estava lá do show de Dominus Praelii e Apokalyptic Raids. Edição #14: O 14º exemplar da RM traz uma banda nova, que faz um som novo: Mia Dolce Vendetta é o destaque. Com 27 páginas, a 14ª edição teve também a estreia da coluna “Darth Jeder”. Além disso, esta edição teve a coluna World Metal, RM Entrevista: Cruor, Perfil RM com Jéssica (vencedora do sorteio da RM, no show de um ano), e Eu estava lá com The 69 Eyes. Edição #15: A capa desta edição foi estampada por uma das maiores bandas de Thrash Metal que surgiram em Alagoas nos últimos anos: Penitência. Um dos grandes destaques desta edição foi, também, o review sobre o show do Europe. A edição 15 também teve a coluna Darth Jeder, Perfil RM, World Metal, entrevista com a lendária banda Harppia, Palhaço Paranoide e o show de lançamento do EP da banda, Conexão PE - Terra Prima, Diário de bordo de Diego Brauna (Sonata Arctica), Eu estava lá com Maceió Jazz Festival. 28 Rock Meeting


Edição #16: A edição de número 16 ficou marcada pela retrospectiva do ano de 2010, com os principais shows que ocorreram em solo alagoano, como Blaze Bayley, Master e Predator e muitos outros. Esta edição ainda teve Darth Jeder, Perfil RM, World Metal, lançamento do selo Casa Blanca, B.R.U.T.AL., Road to Hell, Eu estava lá com B.R.U.T.AL., e DarkTale no Tributo a Dionísio.

Edição #17: Uma pitada de Hardcore na revista. A banda Reverter vem como destaque nesta edição, representando o movimento, que é forte no estado. A edição 17 conta, também, com a coluna Darth Jeder, Perfil RM com Any (DarkTale), World Metal, 2º JRock Festival, 1º Alagoas Hardcore Fest, RM Entrevista: Shadowside, e entrevista exclusiva com a banda Eluveitie.

Edição #18: O 18º exemplar tem como destaque um show que aconteceu em Maceió, organizado pela Revista Rock Meeting, e teve no line-up as bandas pernambucanas Cruor e Caravellus, ainda contando com as alagoanas Code e DarkTale, completando o casting do evento. A edição de número 18 teve, também, matéria sobre o evento Colônia de Férias, Tributo ao Sepultura feito por pernambucanos, Darth Jeder, e matéria especial sobre o show da Tarja Turunen em Brasília.

Edição #19: Esta vem com a Never Say Die Juliet (NSDJ) na capa, banda alagoana de um estilo que tem se propagado bastante nos últimos tempos, o Metalcore. Para completar a edição, tivemos uma entrevista exclusiva com a banda Violator, review de show da Tarja Turunen em Brasília, Metal é a Lei, e Oficina G3 em Maceió.

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Edição #20: Esta vem com o peso da banda paulista Torture Squad na capa! Torture Squad é destaque na edição 20, com uma entrevista exclusiva cedida à Rock Meeting. A edição de número 20 também é marcada pela estreia de duas colunas: “Conversa de Luluzinha” e “O que estou ouvindo?”. Além disso, há uma matéria especial sobre o show do Iron Maiden em Recife. Completando a edição, temos Especial Chuck Schuldiner, Death Tribute, novo CD da banda alagoana Autopse, Perfil RM com Eduardo Moraes (DarkTale), Eu estava lá com Abril Pro Rock.

Edição #21: O retorno da banda Varial aos palcos é o destaque e a capa desta edição. Depois de vários meses parada, Varial volta com música e formação novas. Um review do show do Dead Fish em Maceió também é destaque nesta edição, que fica completa com a coluna Perfil RM com Jefferson (Imdy Project/ Powerslave), matéria sobre o 2º dia do Festival Maionese, Memorial ao Dio, Show Beneficente e Eu estava lá.

Edição #21: O retorno da banda Varial aos palcos é o destaque e a capa desta edição. Depois de vários meses parada, Varial volta com música e formação novas. Um review do show do Dead Fish em Maceió também é destaque nesta edição, que fica completa com a coluna Perfil RM com Jefferson (Imdy Project/Powerslave), matéria sobre o 2º dia do Festival Maionese, Memorial ao Dio, Show Beneficente e Eu estava lá.

Edição #23: A edição 23 vem com a já consagrada e poderosa banda de Thrash Metal Korzus estampando a capa da Rock Meeting, trazendo uma entrevista exclusiva. No mais, há o Perfil RM com Diego Brauna, O que estou ouvindo?, Darth Jeder, Conversa de Luluzinha, entrevista com a banda Cangaço, O Castelo do Galo, Dia Mundial do Rock, matéria sobre a vinda da banda cover oficial do Queen a Maceió e um review do show da Tópaz completam esta edição.

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Conheça

Gullveig Tarter Por Charlie Curcio - Especial para a RM (http://charliecurcio.blogspot.com) Nota-se que Itajubá não tem uma grande cultura de bandas na região do Sul de Minas Gerais. Você acha que isso prejudica os trabalhos com a Gullveig Tartter? Tatiane Gonçalves - Não, na verdade isso nos impulsiona a desenvolver nosso trabalho. É algo que gostamos de fazer e, independente das dificuldades com relação ao lugar, que de fato possui uma diversidade de estilos, nós não desanimamos e não deixamos que isso interfira nos projetos da banda, pois a intenção é realmente ir para a frente e mostrar nosso trabalho e o que gostamos de fazer. Como chegaram ao estilo que a banda assume? Pode citar algumas bandas que os influenciaram e influenciam na composição da banda, seja musical, lírica, e no visual da Gullveig Tarter? Tatiane Gonçalves - A banda tem uma formação bem diversificada com relação aos estilos, pois cada integrante coloca um pouco do que gosta. Apesar das influências, cada um faz o possível para ser autêntico na hora de compor. Temos como influência as bandas After Forever, Tristania, Dream Theater, Turisas e Symphony X. Fale um pouco sobre o nome da banda. Quem ou o que é, ou foi, Gullveig Tarter? Por que esse nome para a banda? Tatiane Gonçalves - Gullveig Tarter é uma deusa nórdica, um exemplo de Deusa Tríplice, que vivia entres os deuses, gigantes e os homens, muito conhecida pelo nome de Heid (“a que brilha”). Era filha de Hrimnir, um gigante. É claramente uma deusa poderosa, que sofreu em virtudes de seus poderes xamânicos e mágicos. É uma bruxa de visão profética, muito poderosa em feitiçaria. A guerra de todos os tempos foi provocada por sua causa, que teve rivalidade entre as hierarquias dos Deuses dos Ases e Vanes. Gullveig Tarter foi queimada três vezes, e três vezes renasceu. Ela conheceu o fim do mundo, com todos os seus horrores. Esse nome foi escolhido por mim, pois sempre gostei da história dela, então decidi colocar como nome da banda.

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Como é a maneira de compor de vocês? Tatiane Gonçalves - Compomos de acordo com nossos estudos sobre cultura pagã e outras ideias e pensamentos que temos em comum, relacionadas ao paganismo. Na parte instrumental, primeiro o guitarrista Will chega com umas bases, que são trabalhadas em conjunto com os arranjos de Paulo Vieira e do baixista. Os encaixes de bateria são após termos uma ideia do que será cada som, mas são naturais as mudanças de acordo com as necessidades das nuances de cada canção. A parte de vocal é a última, mas também chega a interferir no instrumental. Em nosso estilo, o processo é demorado, e fazemos cada música de maneira lenta. Só a encerramos quando realmente as ideias para ela estão postas ali. Há um vídeo de vocês no YouTube, com bom número de visitas. Vocês pretendem lançar mais vídeos de outras músicas? Tatiane Gonçalves – Pretendemos, sim! Começaremos a gravar mais uma música este mês, e em breve ela estará no YouTube. A formação na gravação de “The Arrival of the Goddess” foi uma que não é a atual. Como você encara essa parte da banda? Tatiane Gonçalves - Na gravação de “The Arrival of the Goddess”, apenas Paulo Vieira e eu éramos integrantes da banda. Com a entrada dos outros integrantes, ficou bem mais fácil compor as músicas, pois todos temos ideias e pensamentos que combinam com a temática da banda. Você tem a Gullveig Tarter como uma banda, ou apenas um projeto esporádico, para gravações e eventuais 32 Rock Meeting

apresentações ao vivo? Tatiane Gonçalves - Tenho como uma banda, pois temos planos futuros. Constantemente estamos compondo músicas para gravações futuras. Estamos empolgados com a banda, e isso faz com que nossos planos e objetivos se mantenham de pé. Você é cantora lírica em um grupo de coral chamado Madrigal, certo? Como você incorpora elementos desse seu trabalho no coral nas músicas de sua banda? Tatiane Gonçalves - Uso algumas técnicas vocais que podem ser usadas tanto no vocal da banda, quanto no canto coral, mas, na verdade, são coisas bem distintas. O canto coral, geralmente, é de músicas sacras ou óperas, que usam técnicas bem mais rígidas e arranjos bem diferentes dos que usamos na banda. Sei que vocês não utilizam o termo Gothic Metal para definir o estilo da banda. Como você poderia nos orientar quanto a isso? Tatiane Gonçalves - Bom, na realidade, nós não nos rotulamos ainda, até porque cada um na banda tem um estilo diferente, e não nos preocupamos tanto com isso. A nossa intenção é de realmente fazer música e expor nossas ideias, independente do estilo que identificarem quando ouvirem nosso som. Obrigado por esta entrevista. Sucesso! Tatiane Gonçalves - Nós que ficamos agradecidos. E para as pessoas que estiverem interessadas em nos contatar, confiram os links relacionados à Gullveig Tarter: Facebook | MySpace.


Biquini e Plebe Rude marcam presença em Maceió Por Daniel Lima (@daniellimarm | daniel@rockmeeting.net)

Poucas vezes Maceió sediou um encontro de bandas que podemos chamar de histórico. O encontro da vez aconteceu no último dia 19 de agosto, no clube Fênix, em Jaraguá, com bandas que carregam na bagagem mais de trinta anos de estrada: Biquini Cavadão e Plebe Rude, duas lendas do Rock brasileiro dos anos de 1980, fizeram uma noite comum se tornar memorável. Com pouco mais de duas horas e meia de atraso (já que estava marcado para as 21h), a banda Isca Up, de Campina Grande (PB), subiu ao palco para iniciar um show bastante eclético para um público Rock, com um repertório que variava de Strokes a The Animals, passando por Tom Zé, Rock dos anos 1960 e músicas próprias. A Isca Up surpreendeu com uma variedade que ninguém esperava, já que, normalmente, as bandas seguem apenas uma linha musical. Foram bastante aplaudidos ao terminar da apresentação, e já se ouvia os gritos pedindo as bandas principais. Depois de alguns anos sem passar por Alagoas, o Biquini Cavadão começa o show com a música que alavancou a carreira da banda. “Tédio” foi a primeira música que a banda tocou, para livrar o público do tédio que foi o hiato em Alagoas. A segunda foi “Dani”, para os casais apaixonados, para depois vir “Carta aos Missionários”, “Múmias”, “Timidez”, “Janaina”, “Impossível”, “Vento Ventania” e regravações, como “Inútil” e “Astronauta de Mármore”. O repertório variou entre os DVDs “Ao Vivo” (gravado no Ceará Music) e o “Anos 80 Vol. 2”, além de duas músicas que serão lançadas no álbum que está sendo gravado.

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Na música “Mundo da Lua”, Bruno (vocalista do Biquini Cavadão) convidou uma garota para cantar com ele, e a menina demonstrava estar muito feliz com a oportunidade de estar ao lado da banda. Bruno ainda deu mosh, cantou no meio da plateia, tocou baixo, guitarra e subiu na sustentação da iluminação. Ele falou que está com uma campanha, onde, em cada cidade que a banda passa, ele (Bruno) doa brinquedos para as crianças carentes, e aqui em Maceió, havia destinado ao fã-clube, para que eles doassem para crianças carentes no dia das crianças. Além disso, rapidamente citou o acidente que ceifou a vida do filho dele. O show acabou com a música “Zé Ninguém” e, bastante aplaudidos, eles encerraram a apresentação. Lá pelas 3 horas da manhã, subiu ao palco a banda que estava em Maceió pela primeira vez em 30 anos de história: Plebe Rude, que estava apresentando o DVD ao vivo gravado em Brasília, com a formação atual de Philippe Seabra (guitarra e voz), Clemente (guitarra e voz), André X (baixo) e Txotxa (Bateria). O público estava bastante reduzido, mas continuava empolgado, e dessa maneira mais “underground”, eles (Clemente e Philippe) se entiram muito à vontate para descer do palco e cantar junto a todos, que estavam com discos de vinil, DVD e CDs da banda, demonstrando o carinho e que eram fãs da banda. “Proteção”, “Johnny Vai à Guerra”, “O Que Se Faz” e outros clássicos foram apresentados pelo Plebe Rude. O show terminou com a música “Até Quando Esperar”, que o Biquini Cavadão gravou no DVD “Anos 80 Vol. 2”. A capital alagoana vem mostrando que o Rock não está morto e que existe, sim, pessoas que acreditam nele. Falta de incentivo ou descredibilidade do próprio público são fatos que vêm caindo aos poucos. A popularização do estilo, que está se mesclando ou, às vezes, sendo confundido com o Pop, pode ser uma barreira ou um aditivo para os fãs, cabe a cada um ter sua opinião. Biquini Cavadão mistura Rock e Pop de uma forma única, e Plebe Rude, indiscutivelmente, mostrou que o Rock não morreu: ele apenas se adaptou ao mundo conteporâneo, sem perder a sua essência. 34 Rock Meeting


PERFIL RM

A edição que marca o final do ANO 2 da Rock Meeting traz, para o conhecimento dos headbangers alagoanos, a pessoa de Alcides Burn: músico, designer artist, headbanger, produtor e casado. Ainda ouvirão falar muito dele.

Apresente-se Olá, meu nome é Alcides, tenho 34 anos e sou um cara apaixonado por Heavy Metal e arte. Sou diretor de arte de uma agência de publicidade, e trabalho como artista gráfico freelancer e também como produtor de eventos. Também sou colecionador de Digipack e edições especiais de filmes e bandas. Você, como produtor, músico, art designer, colecionador e esposo. Dá para conciliar todas as suas paixões em 24h? Tem que dar! 24 horas é pouco, como fala um amigo meu: “Dormir é para os fracos”. (risos) Também não chega a tanto, mas já virei muitas noites trabalhando. Minha esposa é tranquila, ela aguenta minhas doideiras. Recentemente, tens feito um trabalho gráfico para a banda norueguesa, Blood Red Throne. Como foi esse contato? Conte um pouco para nós. O Blood Red Throne é uma banda bastante conhecida no meio Death Metal, eles são relativamente grandes. Eu havia feito um trabalho para a outra banda de um dos guitarristas da banda, o Daniel. Ele tem um projeto chamado “Zerozonic”, e eu havia feito o Myspace deles. O contato foi através de uma outra pessoa. Depois desse trabalho, eu sempre conversava com ele no MSN. Um dia,

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ele chegou pra mim e disse que o Blood Red Throne estava terminando de gravar o novo álbum, e perguntou se eu não tinha alguma arte pra mostrar a ele. Mandei o link do meu blog e ele curtiu muito umas das artes que estavam à venda, pediu que eu fizesse algumas modificações, eu dei outras ideias e pronto, surgiu a capa de “Brutalitarian Regime”, o novo álbum da banda que sai este mês pela Seavred Records, um selo americano. Além do seu trabalho gráfico, você é vocalista da Inner Demons Rise. Há quanto tempo existe a banda, qual o estilo, quem faz parte...? A Inner Demons Rise surgiu há uns 3 anos, os outros membros da banda são músicos antigos daqui. O Paulo André já passou por bandas como “Os Cachorros”, “Oddium”, “The Ax”; o Miguel, outro guitarra, já tocou no “As the Shadows Fall”, “Darkness Emperor”; o Osvaldo (baterista) tocou na primeira formação do “Decomposed God”, também tocou no “Darkness Emperor” com Miguel; e o baixista, Magno, toca no “Cangaço”. E o nosso som é o Death Metal. Neste segundo semestre, a IDR disponibilizou um EP e um web single. Qual a razão de divulgar online? Já havíamos lançado há tempo, em 2008, não havia razão para estar comercializando, ainda, esse material. Quanto ao single, é pra mostrar à galera o que estar por vir no novo CD.


“Você nunca imaginaria um Iron Maiden tocando no quintal da sua casa. Megadeth tocou a 100 metros da minha, e no lugar que eu vou almoçar quase todo dia”.

Uma das coisas interessantes sobre você é sua paixão por digipacks. Como colecionador, deve ter alguns exemplares raros e difíceis de achar. Como surgiu seu interesse por CDs e, em especial, por formato diferenciado? Quais álbuns você destacaria? Por quê? Como designer, eu sempre fui de comprar CD pra “viajar” nas artes, e o Digipack tem isso de forma diferente. Às vezes, eles vêm com outra arte, mais detalhes e outras coisas. Recentemente, comprei o novo CD do Amom Amarth, “Surtur Rising”, que simplesmente vem com um boneco do guerreiro que está na capa do CD. Além disso, vem um DVD com 3 horas de show, muito bom! Tenho outras coisas limitadas, que se tem 2000 cópias, tem muita coisa rara. Eu dei uma parada agora, porque senão meu salário vai todo embora. (risos) Tem coisas muito caras. Algumas comprei barato, pois tenho parentes que moram na Europa, então quando eles retornam para Recife trazem pra mim, e é muito barato isso lá. Sendo você nosso vizinho, o que destacaria para nós de o que está acontecendo em Pernambuco? Acho que Pernambuco ter entrado na rota dos shows internacionais é um grande destaque. Você nunca imaginaria um Iron Maiden tocando no quintal da sua casa. Megadeth tocou a 100 metros da minha, e no lugar que eu vou almoçar quase todo dia. Acho que o público de “Hellcife” é forte. Ainda tem umas figuras que reclamam e querem avacalhar, mas isso é o mínimo. A galera fala muito de São Paulo, lá tem show direto, mas o público de lá vai aos shows, pagam e apóiam, não ficam na frente do local bebendo do lado de fora e reclamando de um ingresso de R$ 15. Se o público apoiar, não importa o lugar, com certeza vai rolar coisa boa. Top 5. Liste suas cinco bandas que influenciam o seu gosto musical. 36 Rock Meeting

Therion – Curto muito a mistura de música clássica com Heavy Metal! Cannibal Corpse – Foi uma das primeiras bandas que eu escutei no estilo e é uma das minhas influências no vocal. Rotting Christ – Para mim, a melhor banda de Black Metal que existe. Paradise Lost – Quando escutei o “Gothic”, viciei no som dos caras, uma grande influência no som do Inner Demons Rise. Deicide – Pelas composições doentias da banda, é impressionante o que eles fazem a cada CD. O Brasil possui um bom celeiro de bandas das mais variadas vertentes e experimentações. Qual a sua visão da atual cena do Metal brasileiro? É muito bom que o Heavy Metal hoje tenha um excelente espaço na mídia, e isso fez com que surgissem muitas bandas. Hoje, há excelentes músicos e excelentes bandas, eu escuto muita coisa nacional, procuro sempre conhecer as bandas. Uma que eu destacaria pelo ótimo trabalho é o Dynahead, acho essa banda incrível desde o primeiro CD. Tem outras (muitas) aqui em Pernambuco! Uma banda que está se destacando muito é o Pandemmy. Tem também o Antropophagia. São muitas. Acho que a cena está forte. Para finalizar, o que podemos esperar ainda para este ano de suas produções? Vai levar alguma banda para Recife? Muito obrigado! Sucesso! Eu que agradeço a Rock Meeting pela oportunidade. Quanto às produções, estamos vendo. Eu digo “estamos”, pois tenho um sócio nos shows, o Marco, guitarrista do Decomposed God. Ele tem a Hate Music, e sempre faço os shows com eles, mas, assim que tivermos novidades, nós avisaremos. Valeu, pessoal, e visitem meus blogs para ficar sabendo das novidades: www.theburnproductions. blogspot.com | www.theburnart.blogspot.com


EU ESTAVA LÁ O Eu Estava Lá desta edição traz as fotos do show do Black Label Society em Porto Alegre (RS), que aconteceu no dia 14 de agosto. Confira as fotos exclusivas de João Goulart.


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