Almanautica 24

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ALMANÁUTICA

PRA QUEM TEM O MAR NA ALMA E QUER MAIS CONTEÚDO!

Informativo Brasileiro de Náutica e Esportes do Mar – Ano IV – nº 24 – maio/junho 2016

www.almanautica.com.br ISSN: 23577800 24

Leia nesta edição:

Barco estrangeiro não deu entrada na Receita? Como resolver? Guarapiranga brilha com as estrelas do HPE e da Star Cruzeiro: A volta ao mundo do Guga Buy Nossos colunistas falam sobre Mergulho, Isaf, Meteorologia Um delivery para esquecer... ! Crônicas e Causos da náutica, o mais t i u m E Regatas pelo Brasil além da opinião de que faz um Jornalismo sério e de conteúdo!


ALMANÁUTICA

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Murillo NOVAES

EDITORIAL

Bola de cristal

Q

uando o maior evento esportivo mundial se aproxima de nossas águas poluídas, ainda com a sombra dos superfaturamentos e falcatruas da Copa do Mundo nos assombrando, é tempo de reflexão. Enquanto o Brasil e o mundo assistem a uma conturbada fase na política, nossa vela – como sempre – continua sendo reflexo dessa sociedade. Entra governo, sai governo, assistimos crianças na Europa indo para acampamentos escolares de vela (Holanda, por exemplo). Mas nas terras tupiniquins as escolinhas de vela dependem de doações e vivem de favores. Projetos pessoais que dependem de algum iluminado, projetos municipais com verba ínfima (afinal há tantas necessidades que o esporte acaba sendo luxo...), ou projetos que não saem do papel. Quem tenta subir ao pódio sabe que se não forem ações individuais e muito dinheiro enterrado em equipamentos, treinos, técnicos, viagens, preparação física e alimentação, não se chega a lugar algum. (Vide entrevista com André Bochecha no site do Alma). Importação de equipamentos com impostos absurdos e sem subsídios, inexistência de incentivos e de uma política nacional são as nossas boas sementes sendo jogadas nas pedras quentes do caminho. Nossas conquistas sempre foram e continuarão a ser por muito, conquistas individuais com investimentos familiares que acabam após (ou antes!) a necessidade de uma viagem ao exterior. O guri se classifica para competir de Optimist na Europa. E? Bora fazer vaquinha. Ah, mas se conquista um título o político recebe pra fazer foto, promessas e dar tapinha nas costas. E assim, para prever o futuro basta fazer uma continha simples: Se o moleque começar no Opti com 7 anos e atingir seu auge olímpico com muita ralação aos 25, esse ciclo levaria 18 anos. Se começasse hoje. Como não começou... Portanto se você quiser ver a vela brasileira no pódio com mais frequência, trate de colocar uma foto no descanso de tela. Ou reze. E muito...

Pedaladas Cariocas

Querido amigo e mais que querida amiga de alma náutica. Hoje peço a devida vênia para mudar um pouco o tom ameno e vélico das minhas humildes missivas a vocês. Juro que tentei evitar ao máximo abordar temas alheios ao mundo dos veleiros, mas não dá. De certa forma ainda estamos falando do mar. No entanto, de uma outra maneira, certamente mais triste e consternadora. Deus é brasileiro. Quem duvida? E, assim como todos os outros brasileiros, mesmo em sua onisciência, deve estar estupefato diante da realidade do país, tenho certeza. O recente episódio do desabamento da neonata ciclovia Tim Maia é apenas mais um exemplo. Mas é um episódio rico para analisar o enredo que este nosso Deus brasileiro escolheu para o princípio de milênio nas originais terras de Pindorama. O Rio de Janeiro, cidade de notoriedade mundial por sua proximidade e suposta integração com a exuberante natureza que a cerca, foi vítima de um dito acidente perpetrado, segundo alguns, pelas forças desta mesma natureza circundante. Bem, não é preciso ser navegador do Torben Grael para saber que as marés de sizígia, ou marés de lua, são mais fortes e têm mais amplitude que as marés de quarto. E que estas marés combinadas ao marulho (ou swell, para os anglófilos) aumentado por fortes e contínuos ventos de tempestade em alto mar que impulsionam enormes vagas na direção do litoral, o fenômeno da “ressaca”, produzem um espetáculo tanto belo quanto pavoroso no costão de São Conrado. Nada disto é novidade. Tampouco é preciso ser assessor da Aspásia Camargo para saber que a insustentabilidade de nossa civilização vem produzindo, neste tão nosso antropoceno, um aquecimento da atmosfera que influi diretamente na circulação termoalina dos oceanos, mecanismo de regulação climática planetária, e gerando fenômenos meteorológicos mais intensos e severos. Voltemos ao hodierno enredo que nos envolve. Pois bem, partindo do pressuposto que nosso alcaide, seus asseclas, comissários e que tais não habitam realidades paralelas ou são alienígenas, nem que os engenheiros Ricardo Amatucci - Editor que planejam as inúmeras obras da cidade

Crônicas Flutuantes

Ao vencedor, as batatas*

O que se coma por aqui, se pague ou se pesque, é peixes... ademais farinha, sendo vários os tipos, um para cada função gastronômica - até do próprio peixe as há, Piracuí. Sustento, por excelência, dos mais saudáveis, antes, claro, das mineradoras e seus efluentes pegajosos e deletérios. Pois seja! A biodiversidade ictiológica por estas águas, imensas, é imbatível, possivelmente maior que a de mares e oceanos reunidos, todavia com desvantagem significante para estes: boa parte do pescado tem espinhos. Se passa então, constantemente, estarmos preocupados em afastá-los de nossas mucosas bucais, glotes e epiglotes, laringes, faringes, traqueias e etc. Caso ali se instalem, podem proporcionar incômodos vários com probabilidades a desfechos trágicos. Todavia, rápido se inicia em técnicas desenvolvidas há gerações para a eliminação de tão indesejáveis estruturas oblongas, pontiagudas e irritantes. Devo confessar que não sou um chef especializado em porra nenhuma, sendo, no entanto, que, vez ou outra, me agrada a obra na cozinha, notadamente em se tratando de um bom pescado. Porém, vem acontecendo

ultimamente, talvez pelo passar do tempo cada vez mais célere, coisa esquisita; ando confuso sobre uma série de assuntos fundamentais a uma existência serena, sendo que um destes assuntos versa sobre o melhor acompanhamento para um bom peixe assado... arroz soltinho ou batatas cozidas e douradas ao forno? Aqui começa então a história. Descíamos, embarcados num veleiro, o grande rio em direção à sua foz. Partíramos da pequena e aprazível cidade de Alter do Chão, próxima poucos quilômetros de Santarém (PA). Por primeira parada?, Porto de Santana, ao ladinho de Macapá (AP), cidade de aspectos perigoso e decadente; cidade onde Peter Blake deixou sua vida arrebatada por mãos de criaturas cronicamente miseráveis bastante comuns por ali. Pois, passados três dias em últimos preparativos, o zarpe decisivo para o embate com o delta sem dimensões definidas. A bordo um tripulante extra, seu Diamantino, senhor de 76 anos, prático conhecedor, dito por ele mesmo, de todos os meandros e segredos do rio imenso, não havendo igarapé que escapasse de sua geografia empírica. Noite anterior à partida nos

também o sejam, fica claro que é justamente no aspecto mais telúrico, humano e pessoal que suas responsabilidades devem ser percebidas. O Globo já questionou, no dia seguinte ao desabamento, dois fatos basilares da tragédia. O primeiro, por que não se levou em conta as ondas no planejamento da ciclovia? O segundo, por que não se fechou a via diante da já instalada ressaca? As respostas, apesar de óbvias, não são simples como parecem. Fazem parte de um ardil mais complexo do destino. E este estratagema da fortuna, ou do infortúnio, como preferirem, é emblemático do momento complexo pelo qual passa hoje o Homo Sapiens no seu desafio de sobrevivência. Bem, temos no episódio tudo que de mais odioso pode haver em termos de (mau) comportamento humano. A começar pela autoridade máxima da cidade, o prefeito Eduardo Paes, estrela do PMDB local, com aspirações a candidatura à presidência em 2018. O fato de Paes ter sido flagrado em diálogo de teor absolutamente desprezível, em linguagem pra lá de chula, com o ex-presidente Lula e de defender fervorosamente para suceder-lhe um agressor de mulher, minimizando o fato, como se fosse pouca coisa (“quem não dá umas porradas na patroa de vez em quando?”), já mostra seu caráter e sua estreita visão de mundo. A trajetória política de Paes é também alegórica de nossa elite dirigente. Estrela do PSDB, onde foi líder e brilhou intensamente, achincalhando Lula e o PT, na CPI dos Correios, evento-mãe do mensalão, deu um cavalo de pau ideológico e pousou no PMDB fluminense para, sob as bênçãos justamente de Lula e do PT, ser eleito prefeito duas vezes. E, óbvio, agora que as possíveis luzes de um governo Temer já despontam na aurora, onde está o PMDB fluminense? Na oposição ao PT, claro. Sintomático. E onde estava Eduardo Paes no momento da queda da ciclovia? Quis o destino (Deus?) que nosso prefeito estivesse a caminho da Grécia para promover, em cerimônia tradicional da tocha olímpica, os jogos do Rio e, obviamente, sua própria figura e o suposto legado que sua administração deixaria para a cidade. Não deu. O legado começou a desabar antes mesmo de ficar inteiramente pronto. A marketagem eterna que virou o planeta, onde até mesmo os enge-

surpreendemos com um povaréu a bordo; filhos, filhas, genros, noras e netos de Diamantino chegaram de supetão para conhecer o veleiro, barco raro naquelas plagas amazônicas. O velho senhor exultava de orgulho com a retomada em embarcação tão inusitada! Partimos. O Amazonas tem ondas, ventos, marés incríveis, rebojos... muitas vezes duros, às vezes complacentes. Seu Diamantino não se redescobriu a bordo, possivelmente os anos pesaram e apressaram seus desconfortos. Desembarcou à primeira chance. Açaituba, localidade esquecida em igarapé sem nome certo nos mapas; poucos viventes humanos, porcos, cachorros e igrejas desigualmente espalhados pelas beiradas da floresta ainda exuberante com sua sinfônica ornitológica. Ao derredor do veleiro, botos. A ocasião pedia um jantar de despedida ao velho prático. Contudo, nesse dia não lográramos captura de peixe comestível que fosse; apenas abocanhavam as carnadas uns seres medonhos, como que saídos de filmes de terror, ditos Candirus, para mim, até aquela data, peixinhos minúsculos que se metem em orifícios do corpo humano improváveis de serem galgados, sendo o caminho só de ida. Não os imaginava – os Candirus – da-

nheiros alemães da Volkswagen dissimulam e enganam deliberadamente, não dá mais conta da realidade. Os cadáveres de inocentes se sobrepõem ao belo design de formas e palavras com que se cercam os donos do nosso mundo de hoje. A crueza dos números reais depõe também contra o governo. O consórcio Cocremat, que por coincidência, ou não, é da família do secretario de turismo Antonio Pedro, tesoureiro das duas campanhas do prefeito, aumentou em nada menos que 2.132% seus ganhos advindos do erário carioca desde que assumiu a cidade. Mais. Descobrimos estarrecidos que os próprios empreiteiros deveriam gerenciar e fiscalizar os contratos de suas obras. O síndico Tim Maia, que a piada já diz que, ele sim, era imune a qualquer ressaca, foi sempre um intransigente e genial questionador de tudo. E certamente não merecia ser homenageado com obra de tão baixa qualidade. E aí entram também os engenheiros que (não) planejaram a obra, cujos nomes ainda não sabemos, mas que espera-se sejam punidos exemplarmente pelo CREA e pela justiça. E a eles se junte ainda o (ir)responsável gestor (ou gestores) do centro de controle da prefeitura que não interditou a ciclovia diante da óbvia adversidade meteorológica. Em tempos de notícias cada vez piores e circulação de informação literalmente na velocidade da luz, provavelmente este lamentável episódio só será lembrado em poucos segundos na retrospectiva 2016, bem editadinho para vir logo em seguida uma notícia de sucesso para entreter o distinto público. Mas que, em memória das vítimas, verdadeiros mártires do “legado olímpico”, e do povo enganado do Rio de Janeiro, a mão nojenta da impunidade não toque os responsáveis. Vamos seguir nossas vidas. Não há outro caminho. No entanto, quem de bom senso poderá andar tranquilo nas inúmeras obras feitas às pressas em esquemas duvidosos por irresponsáveis? Mais que a queda de um trecho de uma ciclovia, a bela e imensa onda que explodiu nas pedras de São Conrado expôs, para nossa sorte(?) e estupefação, a maneira triste, pobre e podre como vem sendo gerida a cidade olímpica. Que Deus nos ajude! Murillo Novaes é jornalista especializado em náutica. Mantém o blog www.murillonovaes.com

Coluna do escritor José Paulo de Paula quele tamanho, quase palmo. Sendo assim infrutífera, a pesca, socorri-me exclusivamente do saco de batatas que habitava por debaixo dos paineiros. Descascar batatas, tirar-lhes os brotos e prepará-las ao murro com molho de alho e salsinha frito no azeite afora uma calabresa mofada moída por cima de um resto de requeijão já às beiras do ranço. Seu Diamantino, em breve colóquio antes das despedidas, achou-as deliciosas, reclamando timidamente – cachaça pouca talvez – da ausência de farinha e estranhando – supus um certo sarcasmo na observação mas, até hoje, tenho lá meus senões a respeito – a inexistência total de espinhos. Por via das dúvidas, momentos antes do velho homem desembarcar, cumprimentei-o efusivamente com a promessa para um improvável futuro encontro: “O próximo jantar terá guarnição generosa de farinha, própria para guarnição de batatas ao murro e... com espinhos, claro!”. * Frase de Quincas Borba no romance de mesmo nome de Machado de Assis José Paulo é biólogo, artista plástico, capitão amador, violeiro, cervejeiro artesanal e autor dos livros “É proibido morar em barco” e “Divã Náutico” que podem ser encomendados em zepearte@gmail.com


Umas e Outras

Histórias de um navegante im pre ciso

a lio Vian Por Hé

Faca de dois legumes

O trawler Ferrara é um barco histórico. Construído em 1963 na Escócia, pelo estaleiro Herd & McKenzie para o grupo The Who – sim, os dinossauros do rock inglês, além de muito rock’n’roll, gostavam bastante do mar. O casco de 65 pés é em pinho de Riga, tem 7cm abaixo da linha d’água e para evitar os gusanos leva uma tela colada de alguma forma (naquela época não existia epóxi); o hidráulico do leme é da Rolls Royce; o piloto automático é um Robertson AP35 (hoje Simrad), fabricado em Egersund, na costa sudoeste da Noruega, que desde 1953 equipa a frota pesqueira do Mar do Norte; os rádios VHF e SSB são peças de museu T121E da Sailor, de Aalborg na Dinamarca; o par de motores são Gardner 6LX, de seis cilindros em linha e 127 HP a 1100 giros, iguais aos que equipavam os ônibus de dois andares de Londres; as velas dos dois mastros são gaff rig, com carangueja, e as outras três em enroladores Facnor – sim, motor e velas, ao mesmo tempo! Como os barcos de pesca que inspiraram suas linhas, para ajudar na estabilidade e diminuir o consumo de diesel. O Ferrara ficou tinindo de novo depois de uma reforma geral no estaleiro Kalmar, de Itajaí. No delivery de volta para sua casa na Espanha, junto com uma tripulação porreta (Mara, minha mulher, Vilmar Braz, do veleiro Jornal, e nosso capitão Jordí Mestres, um catalão bom de barco e de fogão), como íamos passar na porta do Atol das Rocas, conseguimos autorização com a bióloga Zélia Brito, que nas últimas duas décadas é a ferrenha defensora e chefe do pedaço, para conhecer a estação de pesquisa. Foi uma visita bem rápida. Em duas horas, ciceroneados pelo Jarian, arrodeamos a Ilha do Farol e fomos embora. Umas quarenta milhas depois o piloto automático deu chabú, um dos motores pifou e tivemos que retornar ao porto. Essa história de sair por aí navegando todo conectado, tuitando e blogando e com o Spot, um rastreador por satélite, que avisa a todo mundo a posição do barco em tempo real, é, como diria aquele ex-presidente do Corinthians, “uma faca de dois legumes”. Basta um dos links furar para deixar o pessoal em pânico. Chegando perto da costa, Natal Rádio nos chamava insistentemente no VHF e já havia leitores do meu blog querendo acionar o resgate da Marinha! O Spot não dava a posição desde as 20h23 do dia anterior. É o que dá falta de notícias nos tempos de hoje. E tudo por causa de uma pilha que me esqueci de substituir. Com o novo aparelhinho Spot Trace que cabe no bolso de qualquer velejador (literalmente), isto não acontece mais: ele pode ser alimentado por um cabo micro USB, que serve também para recarregar as pilhas. Hélio Viana é cruzeirista de carteirinha, mora a bordo do MaraCatu, leva a vida ao sabor dos ventos e mantém o maracatublog.com

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Eduardo Sylvestre Qual o Barco ideal para ensino? Muitos me perguntam qual o barco ideal? Qual barco devemos comprar para nossos clube, ou escola de vela? Não é uma resposta muito simples, principalmente se o clube ou escola for no Brasil, onde existem poucas fábricas de veleiros e nossa taxa importação é abusiva. A primeira pergunta que faço é, qual o seu objetivo? O que você quer alcançar? O ideal é uma escola de vela ter 2 ou 3 programas distinto como: Crianças, Adolescentes e Adultos. Os objetivos podem ser variados, como programa social; programa voltado para regatas, programa voltado para vela aventura, ou simplesmente aprender a velejar. Para crianças o barco mais usado é sem dúvida o Optimist, com boas opções brasileiras e excelentes preços em usados. O problema é que o Op é o inicio de uma longa jornada. Não sou adepto do Optmist para adolescente! Desculpe minha honestidade, mas é um veleiro que já tem 50 anos. É lento e caso tenha crianças de 11 a 15 anos que cresceram e ou encorparam um pouco, já não será tão competitivo e confortável. Temos algumas opções: o Open bic (foto), o RS feva, o 29er entre outros barcos mais modernos, velozes e que estão vindo pra ficar. Você não pode esquecer que hoje veleiros estão competindo direto com vídeo games e para esta competição ser justa você precisa de um veleiro moderno com recursos e velocidade (não sou eu que digo, são pesquisas nos USA e Europa...). Nos Estados Unidos por exemplo, 70% dos pré-adolescente deixam o Op antes dos 12 anos, por estarem cansados do barco e por que não acham o barco mais divertido. Não tenho dados, mas creio que no Brasil esta estatística deve ser ainda maior. Em relação à pré-adolescência e jovens para onde ir? Qual o barco ideal? Temos poucas opções no Brasil, alguns optam por laser 4.7 ou Radial, que é sem dúvida uma excelente opção se quiser velejar sozinho, pois o barco é bom, moderno e competitivo. Outros optam por barcos do tipo Snipe, que possui 2 velas, serve para velejar com 2 pessoas, porém não é mui-

Almanáutica no rádio

to veloz, mas é um veleiro técnico que ensina muito de leme e faz bons proeiros. Temos também o 420,também para 2 tripulantes, que já foi bastante forte no Brasil, porém está cada vez mais perdendo força e não temos estaleiros no Brasil. O 420 é um veleiro rápido, tem vela balão e trapézio o que é muito bom, pois os jovens curtem muito, além de ser um veleiro pré-olímpico usado no Mundial da Juventude. O problema é que no máximo

e trapézio, quem veleja neste barco pode facilmente passar para o 49er ou catamarã, pois se veleja da mesma forma. A propensão em poucos anos é que o 29er seja foil, isso é verdade!! Já existem testes para foils com o 49er e o Nacra 17 já terá foil para as Olimpíadas de 2020. É o que dizem alguns amigos da comissão olímpica e o 49 será logo depois. Temos também catamarãs, o Hobie 14 e o 16 que já são vovôs, mas tem seu charme e seu público. São divertivos e rápidos. Hoje a tendência são catamarãs modernos com bolinas curvas, como é o Nacra 15 que este ano entrará no Mundial da Juventude. Existe as escolas de Windsuf, que são um sucesso!! Temos vários tipos e vários preços. Sou fã de Wind!! Para os adultos existem muitas opções de veleiros pequenos no Brasil, o Boto 16, o Marreco 16, Boto 21, os Flash, Fast 23, Day Sailer e outros. Você precisa saber se vai querer um barco que não vire, por ser quilhado, ou com bolina que eventualmente possa virar, porém você tem o conforto de ter uma carreta baixa. O importante é escolher o veleiro que possa te dar mais prazer, caber no seu bolso e te fazer feliz. Pois o importante é não parar de velejar. Lembre-se se você dá aula de vela não esqueça que sua aula tem que ter: Segurança, aprendizado e Divertimento. Abraço!

em 8 anos e no mínimo em 4 ele deve sair do campeonato da Juventude. Todos os veleiros do Mundial da Juventude têm seus companheiros nas Olimpíadas, o 420 faz parte do Mundial da Juventude por que o 470 é Olímpico. Mas já é sabido que o 470 deve sair em 2020 ou no máximo em 2024, com isso o 420 sairá do mundial da juventude. Qual então é a tendência hoje, sem dúvida a vez é dos skiffs, o 29er é o veleiro da vez. É a classe que mais cresce no mundo, só no Brasil cresceu 450% em um ano!!! A exatamente um ano atrás tínhamos dois 29ers hoje temos dezoito, e a tendência é Eduardo Sylvestre é Diretor do Programa crescer mais e mais. As vantagens deste de Desenvolvimento da CBVela, Expert barco são várias, é um barco bastante ve- da ISAF, técnico nível 3 da USSailing e loz que tem uma terceira vela assimétrica ISAF World Youth Sailing Lead Coach.

Bruno Prada é Tetra na Star

Todos os domingos, das 10 às 11 horas da manhã vai ao ar o Programa A Bordo. Nele você pode ouvir o resumo das principais notícias da vela e da náutica em Spots do Almanáutica. O programa vai ao ar pela rádio Metrópole de Salvador, e pode ser sintonizado pela internet em diversos sites que reproduzem os links de rádios. No site do Almanáutica você encontra alguns desses links. Experimente! Basta ir até o almanautica.com.br e na aba superior, clicar em Spots de rádio. Lá você encontra os links para ouvir ao vivo ou os spots que já foram ao ar.

O Campeonato Mundial da classe Star foi disputado na cidade norte-americana de Miami. Bruno Prada conquistou o torneio pela quarta vez em sua carreira, como proeiro do americano Augie Diaz. Lars e Samuel Gonçalves terminaram na quarta colocação, enquanto Torben e Guilherme de Almeida na 12º posição. Antes do mundial de Miami, Bruno Prada, venceu em Cascais 2007, Perth 2011 e Hyeres 2012, sempre ao lado de Robert Scheidt, com quem também ganhou a medalha de prata nos Jogos Olímpicos de Pequim 2008 e o bronze em Londres 2012.

Almanáutica: Jornalista Responsável: Paulo Gorab Editor: Jornalista Ricardo Amatucci MTB 79742/SP ISSN: 23577800/24 Jornal bimestral, com distribuição nacional

Ano 04, número 24 maio/junho de 2016 Depto. Jurídico: Dra. Diana Melchheier Contato: falecom@almanautica.com.br Almanáutica é uma marca registrada. Proibida a reprodução total ou parcial. Visite nosso site: www.almanautica.com.br

Dos Leitores

“O Almanáutica é uma publicação extremamente qualificada, de conteúdo, feito por pessoas que resolveram democratizar o conhecimento do que está acontecendo na vela. Na vela de cruzeiro, de regata, em regiões do Brasil onde muitas vezes o conhecimento não chega nem pelas mídias eletrônicas. Vocês estão de parabéns porque criaram um instrumento democrático e de fácil acesso onde eu mesmo consigo me atualizar sobre o que está acontecendo no Brasil em termos de vela”. Lars Grael

(Durante entrevista por ocasião do Campeonato Paulista de Star ) Foto da capa:

A foto de Luhan Grolla mostra o HPE Pajero durante a disputa do Campeonato Paulista da Classe HPE-25. Para contatar o fotógrafo: luhan.navala@gmail.com


ALMANÁUTICA

4 A Bordo

regata

Parque Marinho Municipal A orla da Barra em Salvador deve receber primeiro Parque Marinho Municipal. A proposta visa transformar a região em um lugar de preservação ambiental e biodiversidade aquática. A área total deverá ter quase 702 mil m² de praia, e se localiza entre o Farol da Barra e o Forte São Diogo. Segundo o projeto, haverá a implementação de regras para trânsito de embarcações motorizadas na área, controle da pesca e atividades que causem impactos Parque. Entre as atrações do local estão três naufrágios. Atividades surf, Stand Up Paddle, natação, e vela serão mantidas, assim como o acesso às praias e ao mar. O projeto está em discussão na Câmara de Vereadores e pode ser aprovado ainda em maio.

Dubeux doa sua vela aos novatos: “Meu pai me incumbiu”...

Itaipu - PR Hobie Cat com emoção

O Iate Clube Lago de Itaipu (ICLI) sediou em março o 42º SulCat, Campeonato Sul Brasileiro de Hobie Cat. Foi a primeira vez que o município de Foz do Iguaçu recebeu a competição que concentra principalmente participantes do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Na categoria Hobie Cat 16 a disputa foi bastante acirrada tendo o pódio sido composto por (1º) Ricardo Halla e Marcela Mendes/SC; (2º) Mario Dubeux e Karol Bauermann/RS e (3º) Guilherme Borges e Jaqueline Jardim/RS. Ao final da premiação, o diretor da ABHC, Mario Dubeux, presenteou sua vela de competição para a dupla de jovens velejadores do ICLI, Renan Amaral e Guilherme Miyaki, melhor classificada entre os integrantes do Projeto Velejar é Preciso. Mario Roberto Arantes Dubeux, um pernambucano radicado em Porto Alegre há mais de 20 anos e entusiasta do HC é filho de Mario José Dubeux

Junior, pioneiro da classe no Brasil. Associado do Jangadeiros, começou a velejar em 1977, na proa do barco do pai: “A minha história na classe é muito singular. O meu pai foi o precursor do Hobie Cat no Brasil e faleceu muito cedo, com 38 anos. Eu tinha 14 anos e era o proeiro dele na época. Aquilo ficou na minha cabeça, como se eu não pudesse deixar a classe acabar. Foi algo que me motivou durante todos esses anos”, revelou. “Foi um momento de grande emoção e cheio de significado para mim e provavelmente para a vela de Hobie Cat. Estou prestes a completar 52 anos. Como pioneiro, meu pai me incumbiu pessoalmente da nobre e muitas vezes árdua missão de não deixar “nosso brinquedo” se acabar. E para não se acabar é preciso renovar”, explicou emocionado.

Paulista de Star e HPE-25 no YCP

Guarapiranga SP

o final de semana viu os competidores em mais de 20 barcos brigando pelo título nas 6 regatas válidas. E não deu outra: Lars Grael e Samuel Gonçalves – a dupla favorita – conquistaram o campeonato, com Robert Rittscher e Marcelo Jordão em segundo, e Fabio Bruggioni e Marcelo Sansone em terceiro. Durante a competição, conversamos com Samuel Gonçalves e Lars Grael sobre a Classe Star, a poluição da Baía da Guanabara, as Olimpíadas, e muiAs águas da represa paulista estiveram tos outros assuntos. Ouça no site do Alma! 2014 e 2015. O evento de 2012 foi vencido agitadas e estreladas nos últimos meses, pelo Avanto (Dario Galvão). O brasileiro da HPE com as competições dos campeonatos categoria, será disputado em novembro, no paulista de Star e HPE. As presenças de Na HPE o barco Ginga foi o campeão. Bre- Rio de Janeiro. O Ginga ganhou o nacional Lars Grael, Samuel Gonçalves, Eduar- no Chvaicer, José Vicente Melo Monteiro, de HPE em 2011 e 2013. “Conseguimos do Souza Ramos, Andé Bochecha, entre Ronion Silva e Gabriel Silva faturaram seu colocar em prática nove regatas e acredito outros campeões, emprestaram um brilho quinto título estadual - o quarto na se- que a experiência deu certo’’, disse Cuca sem precedentes às competições organiza- quência. O Ginga terminou a competição Sodré, representante da comissão de redas pelo Yacht Club Paulista. Ambas com com sete pontos de vantagem para o vice- gatas. apoio do Jornal Almanáutica. No feriadão -campeão, o Pajero - barco comandado O terceiro lugar ficou com o Atrevido (Fábio de páscoa, rolou o Campeonato Paulista por Eduardo Souza Ramos e tripulado por Bocciarelli), e na sequencia: L200 Triton da Classe Star 2016 com organização do André Fonseca, o Bochecha. Além do título (Maurício Bueno) e Takeasuauer (MauríYacht Club Paulista, da FEVESP e Arno- de 2016, o Ginga conquistou o Campeona- cio Ashauer). O campeonato contou com a va Design Thinkers. Após um primeiro dia to Paulista de HPE nos anos de 2011, 2013, participação de 17 barcos. de competições com muito pouco vento, O Circuito Marreco tem surpreendido não só pela quantidade de participantes, O Circuito Marreco está em plena atividade na Represa de Guarapiranga (SP). Serão mas pela qualidade do evento sete etapas, sendo que a primeira e a segunda já foram realizadas (Clube Castelo e

Foto: Luhan Grolla

Em abril o evento Bahia III ECO SUP foi realizado para retirar sujeiras do fundo do mar em uma ação de conscientização, apoiando a criação do Parque Marinho da Barra. A programação da terceira edição do Eco Sup contou com palestras no salão de eventos do Yacht Clube da Bahia, a apresentação do Parque Marinho – Bernardo Mussi, a palestra “O patrimônio cultural do Parque Marinho da Barra” com Rodrigo Torres, Dr. em Arqueologia Subaquática, e Bernardo Mussi, idealizador do Parque Marinho da Barra e Voluntário do Projeto Fundo da Folia, além de um emocionante “abraço” no Parque Marinho, realizado na água pelos presentes, em particular, os Supistas – praticantes do SUP. A Bordo vai ao ar todos os domingos das 10h às 11h pela Metrópole FM de Salvador: metro1.com.br Baixe o app e ouça em qualquer lugar!

Circuito Marreco

ASBAC). A média de participantes surpreendeu este ano: 17 inscritos, dos quais 13 em cada etapa, com alguns veleiros que não participaram das duas etapas, ou seja, na verdade há mais de 13 disputando os troféus. A competição reúne veleiros mini oceano cabinados de 16 pés. A regata, com duas voltas em barla-sota na raia 3 foi montada e supervisionada pelo juiz Alberto Henrique. Dos 17 inscritos, apenas quatro não largaram e a disputa entre os 13 participantes foi até o final. As cerimônias de premiação acontecem sempre com um churrasco, e os cinco primeiros colocados (proeiro e timoneiro) recebem os troféus, além do clássico “Troféu Tartaruga”. O Troféu Tartaruga é oferecido como incentivo ao penúltimo colocado, incentivando a disputa até entre os últimos lugares. As próximas etapas devem acontecer no Clube Castelo (4/6), Sailing Center e no Clube Itaupu.


Aracaju - SE

Salvador - BA

38º NORCAT

N-Ne de Dingue O título da quarta edição do Campeonato Norte-Nordeste de Dingue ficou com o Cabanga Iate Clube. A competição, realizada em Salvador/BA foi vencida pela dupla Hans Hutzler e Marina Hutzler, que conquistou o quarto título para Pernambuco. Atual tricampeão regional, Leonardo Almeida, que fez dupla com Suzana Ferreira, terminou na segunda colocação, seguidos de outra dupla do Cabanga, Renê Hutzler e Tiago. Na disputa geral, envolvendo velejadores de todo Brasil, Hans e Marina Hutzler ficaram em primeiro, Luiz José Júnior e Maria Clara, do Rio de Janeiro, ficou em segundo, Leonardo Almeida e Suzana Ferreira em terceiro. Na categoria Master também deu dobradinha Pernambucana com Amadeu Palha / Renata Palha (Cabanga) levando o título, e Clóvis Holanda / Cleide Holanda (Iate Clube de Itamaracá) como vice. Foto: Cristiane Urmenly

Ilhabela - SP

O Norte/Nordeste da Hobie Cat em Aracaju O Iate Clube de Aracaju - ICAJU realizou no período de 25 a 27 de março a 38ª edição do Campeonato Norte/Nordeste de Hobie Cat 16, na raia do Viral, localizada na foz do rio Vaza Barris, região do Mosqueiro em Aracaju. Durante os três dias do evento aconteceram nove regatas, que foram acompanhadas e julgadas por Ra-

Homenagem

fael Chiara Carli, árbitro da Confederação Brasileira de Vela – CBVela (escalado para participar das Olimpíadas Rio 2016), com suporte da equipe do ICAJU. Quinze barcos da Classe Hobie Cat 16 competiram neste campeonato, sendo cinco da Bahia, quatro da Paraíba, três do Ceará, dois de Sergipe e um de Pernambuco. Na categoria geral os campeões foram André Montenegro e Gabriela Monteiro (PB) seguidos por Daniel Nottingham e Wesley Souza (CE), em terceiro Paulo Sérgio e Ícaro Carneiro (PB), e em quarto Robert Bezerra e Gilberto Félix (CE). A organização do evento foi do gerente geral do clube, Otacílio Melo. “É objetivo do ICAJU resgatar a vela no Estado com a retomada da Escolinha de Vela, que será coordenada por Wilson Alves Neto, diretor de Vela do Clube, com a realização de campeonatos em Aracaju”, explicou Comodoro Eugênio Sobral.

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Durante a Copa Suzuki do XVI Circuito Ilhabela de Vela Oceânica aconteceu a inauguração da Escola de Vela de Ilhabela e que contou com a presença de Lars Grael: “Ser homenageado em um espaço esportivo de potencial como esse é a realização de um sonho. Ilhabela, a Capital da Vela, um pedacinho do paraíso na Terra, merece esse grande feito por toda vocação náutica que possui. Essa democratização do esporte, inserido em todas as classes, deve existir. Precisamos, primeiramente, formar cidadãos. Ilhabela está um passo à frente neste quesito”, disse Lars.

Rio de Janeiro - RJ

Brasília - DF XXI Regata do Conselho Deliberativo Aconteceu em março a abertura da temporada de vela 2016 do Iate Clube de Brasília, com a XXI Regata do Conselho Deliberativo. No primeiro dia 33 embarcações distribuídas nas classes Finn, Laser e Snipe, com destaque para a Classe Dingue, representada por um número expressivo de 15 embarcações, além da classe Optimist com 15 velejadores. No dia seguinte foi a vez da classe Oceano, com a participação de 34 embarcações divididas entre as categorias SMP2, RGS e Flotilhas. Destaque para a flotilha de Microtonner 19. A regata foi prestigiada pelo Presidente do Conselho Deliberativo, Rudi Finger, do Comodoro Edison Garcia, da Diretora Interina de Esportes Náuticos, Celina Mariano, e diversos Conselheiros. Na classe Oceano, o Veleiro Maitói III foi o grande vencedor, conquistando a Fita Azul (primeiro barco a cruzar a linha de chegada), além de figurar seu nome no Troféu Transitório.

Paralímpico no Cota Mil

Antônio Nuno Santa Rosa, representante brasileiro paralímpico iniciou seus treinos no Cota Mil Iate Clube em março, visando se aperfeiçoar para o mundial que será sediado na Holanda em maio. Nuno, atual campeão brasileiro, disputará na classe 2.4 m na qual possui a melhor pontuação no ranking brasileiro. (Veja mais na pág. 7)

Salinas - EC

Sul-americano de Optimist O Campeonato Sul-americano da classe Optimist terminou em março (25) em Salinas, Equador. O melhor resultado entre os 13 representantes brasileiros foi do velejador Lucas Stolf, do Veleiros do Sul, que ficou 23º lugar, integrante da flotilha Minuano. Lucas faz parte do Projeto de Formação de Atletas do convênio entre o Veleiros do Sul e Confederação Brasileira de Clubes. A delegação brasileira foi acompanhada do técnico Átila Pellin e pelo experiente team líder Cássio Lutz do Canto.

Foi inaugurado o novo espaço da Marina da Glória. Reformada pela BR Marinas, que investiu R$ 70 milhões em infraestrutura e equipamentos, houve ampliação no número de vagas secas de 70 para 240, e molhadas, de 140 para 415. Apesar da reforma não contar com nenhuma participação de dinheiro público, a polêmica em torno da administração continua. A BR Marinas obteve a concessão após a compra da MGX de Eike Batista. Este por sua vez, vencera a licitação para gerenciar a marina. A decisão está na justiça em segunda instância após alegação de irregularidades na licitação. Prefeitura e BR Marinas recorreram, e o processo agora vai para o Superior Tribunal de Justiça.

Nova Marina da Glória: 70 milhões, 655 vagas e muita polêmica... Enquanto isso a Marina da Glória teve reforma na rede de esgoto, parte elétrica e hidráulica, nova cobertura no Pavilhão (com proteção termoacústica e captação de água da chuva). O espaço também contempla um novo polo gastronômico: São quatro restaurantes e uma delicatessen. A CBVela (Confederação Brasileira de Vela) e a Federação de Vela do Rio de Janeiro poderão usufruir de salas na nova estrutura e em julho, a marina será entregue para o Comitê Organizador do Jogos Olímpicos para controle do local até o final das Olimpíadas.


ALMANÁUTICA

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Porto Alegre - RS É Tetra: Soling no VDS

Ilhabela - SP Os Clubes fizeram bonito e classificaram seus atletas para as competições internacionais

Festa do Optimist no Brasil-Centro O Campeonato Brasil-Centro e Seletiva de Oprtimist 2016 foi realizado em Ilhabela na Escola Municipal de Vela de Ilhabela. A competição, considerada como uma das mais importantes do calendário da Classe, definiu as vagas para o Mundial (5 primeiras vagas) Europeu (6º ao 10º) e Norte-Americano (11º ao 15º). Para definir os representantes do Brasil nessas competições, a Associação Brasileira da Classe de Optimist (ABCO) somou os pontos do Brasileiro e do Brasil-Centro.

A equipe de Hartmann fatura e leva o Sul-Americano pela quarta vez A equipe do barco Don’t Let Me Down, com Cícero Hartmann, Flávio Quevedo e André Renard, do Veleiros do Sul, venceu o Campeonato Sul-americano de Soling realizado no final de abril em Porto Alegre. Pela diferença de apenas um ponto, o El Demolidor, de Kadu Bergenthal, Eduardo Cavalli e Renan Oliveira terminou em segundo lugar. Na terceira posição ficou a Equilibrium, de Nelson Ilha, Gustavo Ilha e Felipe Ilha. O campeonato teve apenas quatro regatas das nove previstas. A equipe de Cícero Hartmann conquistou o tetracampeonato (2010, 2014, 2015 e 2016). O Sul-americano de Soling foi realizado pelo Clube Veleiros do Sul e teve a participação de 11 barcos do Brasil, Argentina e Estados Unidos. Após as regatas o quarto lugar ficou com o Coringa (Lucas Ostergren, Carlos Trein e Roger Lamb - VDS), e na quinta posição a equipe de Gustavo Thiesen, Alexandre Mueller e Carlo De Leo, também do Veleiros do Sul.

Clubes

O Cabanga Iate Clube de Pernambuco classificou Tiago Monteiro no Mundial; Roberto Cardoso e Marina da Fonte, no Europeu; e Vinicius Oliveira, Julia Ollivier, Ludmila Lira e Letícia Lira no Norte Americano. O Iate Clube de Santa Catarina classificou quatro atletas para as competições internacionais: José Irineu e Guilherme Durieux para o Europeu, Samer Kayali e Guilherme Berenhauser para o Norte-Americano. O treinador Bernardo Luz, do ICSC, acompanhará a delegação nacional como técnico de equipe no Norte-Americano. Na flotilha Minuano do Veleiros do Sul, Erick Carpes ficou com título mirim. O VDS garantiu as vagas na equipe brasileira para o Norte-americano com Lucas Stolf e Germano Becker. O Clube dos Jangadeiros manda para o Mundial, Gabriel Kern, Giovanne Pistorello e Guilherme Plentz, e para o Norte-americano Vitor Paim, Vinicius Craidy Koeche, Luiza More e Joana Vilas Boas Ribas. O YCSA (SP) classificou Nicolas Bernal para o mundial, Lars Kunath e Rafael de Moricz para o Norte-Americano.

De olho no Opt Campeonato Mundial de Optimist - Vilamoura (Portugal) De 25 de junho a 04 de julho de 2016 Cinco representantes (do 1º ao 5º no Ranking 2016) Campeonato Europeu de Optimist - Crotone (Itália) De 15 a 22 de julho de 2016 Quatro representantes (três meninos e uma menina) Campeonato Norte-Americano de Optimist - Antigua (Caribe) De 10 a 18 de julho de 2016 20 representantes - (14 meninos e seis meninas) Tiago Monteiro na foto de Marcos Pastich


Brasília - DF

Guarapiranga SP

Adaptada BSB Com a presença do Governador Rodrigo Rollemberg, o Cota Mil Iate Clube realizou regatas da Vela Adaptada

Classe Flash 165 realiza Campeonato Paulista

Aconteceu em abril o primeiro Campeonato Paulista da Classe Flash 165, sediado pelo Yacht Club Santo Amaro (YCSA) com a participação de velejadores e entusiastas. A FEVESP abriu as portas do calendário para a entrada da nova Classe, que já no primeiro fim de semana (dos dois totais) cumpriu o quórum exigido. O juiz da competição foi Cláudio Buckup. O Campeonato Brasileiro da classe deve acontecer em agosto, nos dias 6 e 7. Aberto para participação de embarcações e proprietários de todos os clubes e marinas do país, a angaragem será gratuita no YCSA durante as semanas da competição. Na ocasião, Claudio Buckup também será o juiz oficial para as regatas. Segundo Walter Adoglio, Capitão da Flotilha, “atingido o número de barcos estabelecidos pela Fevesp nas duas etapas, o Flash 165 poderá requisitar o título de Classe, um orgulho para o fabricante e todos nós proprietários, com a criação de uma classe 100% Os 56 anos de Brasília tupiniquim”, comentou. foram comemorados Quem quiser conhecer a nova classe, poderá agendar um test drive gracom regatas da tuito na Guarapiranga. Contate: falecom@almanautica.com.br Vela Adaptada

Para homenagear os 56 anos da cidade de Brasília, o Cota Mil Iate Clube, em parceria com a IADES, Banco de Brasília e Sanduíches Caiçara, realizou a 2ª Taça Brasília de Vela Adaptada. O evento contou com a presença do Governador Rodrigo Rollemberg. Participaram 18 paratletas disputando em três classes: A Hansa 2.3, a Hansa 303 e a 2.4 MR. A disputa contou ainda com a presença de paratletas de São Paulo: Luiz Gouveia e Elaine Francotti, do Clube Paradesportivo Superação. A 2ª Taça Brasília de Vela Adaptada integrou o 2º Torneio Rudolf Pohl de Vela Adaptada. Veja no site do Almanáutica um vídeo do evento! Foto: Toninho Tavares

Troféu Princesa Sofia

Prata para Fernanda Oliveira, Ana Barbachan e Robert Scheidt Em mais uma etapa da preparação para os Jogos Olímpicos Rio 2016, a Equipe Brasileira de Vela disputou o tradicional Troféu Princesa Sofia, na cidade de Palma de Mallorca, na Espanha. A 47ª edição da competição contou com a participação de cerca de mil velejadores. As regatas foram realizadas no Club Nàutic S’Arenal e no Club Marítimo San Antonio de la Playa, na Baía de Palma. Fernanda Oliveira e Ana Barbachan, da classe 470, e Robert Scheidt, na Classe Laser, conquistaram a medalha de prata. Na 470 Henrique Haddad e Bruno Bethlem ficaram em 27°; na 49er Marco Grael e Gabriel Borges em 9°; na 49er fem. Martine Grael e Kahena Kunze em 25°; na Finn, Jorge Zarif em 9°, na Laser Radial Fernanda Decnop em 24°, na Nacra 17, 14° para Samuel Albrecht e Isabel Swan; Nas classes RS:X masculina e RS:X feminina, Ricardo Winicki, o Bimba, e Patricia Freitas, ambos classificados para os Jogos Olímpicos, optaram por não participar. Os dois ficaram no Brasil a fim de focar nos treinamentos para as próximas competições. O país, no entanto, foi representado por Bruna Martinelli, que terminou em 32°.

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O Almanáutica esteve presente apoiando o 1º Paulista da Classe Flash 165 com brindes e bebidas refrescantes

Morrem mais velejadores do que esquiadores de downhill

Em um novo estudo de pesquisadores do Hospital Rhode Island, com base em dados da Guarda Costeira dos EUA, descobriu-se que a vela tem uma taxa de mortalidade mais alta do que o futebol e o esqui modalidade downhill (montaA taxa de nha a baixo). Apesar de uma imagem mortalidade de passeios despreocupados em águas na vela num dia ensolarado, velejadores morrem também é em maior número do que a do esporte mais alta que conhecido por velocidades relâmpago, a do futebol quedas e colisões. americano Quedas no mar, ventos fortes e falta de atenção do velejador são os motivos das altas taxas de mortalidade na vela americana, com o álcool aparecendo em 15 por cento de todas as mortes. “Afogamento foi a causa mais comum de morte e, infelizmente, 82% das vítimas de afogamento não estavam usando um colete salva-vidas”, disse Andrew Nathanson, médico da medicina de emergência no Rhode Island Hospital. “Morte e lesão corporal podem ser prevenidas quando Comandantes e tripulantes usam coletes salva-vidas, se abstém de álcool enquanto estão no barco, e mantém uma vigilância adequada.” A grande maioria das mortes relacionadas com a vela ao longo de 2000 e 2011 ocorreu quando os velejadores caíram na água. Intoxicação alcoólica foi o principal fator evitável contribuindo para a morte, seguido por inexperiência e desatenção. Juntos, os fatores preveníveis foram associados com 37% de todas as mortes. Tempo ruim ou mar revolto foram listados como fatores contribuintes primários em 28% das mortes. “Nem novatos nem experientes foram poupados de lesões e de morte”, disse Nathanson. “Os relatórios de acidentes de barco narram percalços de um dia de velejada em um pequeno barco em um lago, ou simplesmente ao cruzar um catamarã ao longo da costa, ou ainda correndo uma regata. Para os oito milhões de pessoas que vão velejar pelo menos uma vez por ano nos Estados Unidos, os riscos devem ser compreendidos”, comentou. Por lei, nos EUA, todas as mortes em barcos, desaparecimentos, lesões significativas e danos maiores em embarcações devem ser comunicados às autoridades. A Guarda Costeira mantém um banco de dados dos relatórios, e os pesquisadores analisaram os 4.180 relatórios detalhando 271 mortos e 841 feridos. Eles estimaram a taxa de mortalidade da vela em 1,19 mortes por milhão de pessoas. Comparativamente, as taxas de mortalidade para esqui alpino e snowboard são 1,06 por milhão. Durante o período de estudo de 11 anos, 271 mortes foram relacionadas à vela contra os 197 incidentes de jogadores de futebol americano que morreram durante o jogo ou treinos.


ALMANÁUTICA

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técnica &

Meteorologia Oceanografia

vou fazer de conta que as águas que banham a Cidade Maravilhosa são limpas e vou considerar que a festa de medalhas ocorrerá aos pés do Cristo Redentor. As olimpíadas irão ocorrer na cidade do Rio de Janeiro entre os dias 5 e 21 de agosto, um mês conhecidamente seco neste local, onde as médias históricas de chuva são

Por: Luciano Guerra

Prognósticos da climatologia para a vela olímpica

Apesar de subir a bordo das suas mesas de leitura com artigos que falam sobre meteorologia e oceanografia, não é raro encontrar em parte da nossa coluna, parágrafos que contemplem um assunto chamado climatologia. Mas afinal! O que é climatologia, e qual a sua relação com a vela olímpica? A climatologia e a meteorologia são áreas afins e estudam os mesmos fenômenos atmosféricos, sendo que a partir de uma ótica distinta. A ótica do espaço de tempo. Tendo o cuidado de separar o clima do tempo, o raciocínio é simples. Enquanto o tempo explica um estado atmosférico atual, o clima trata de valores medianos que ocorrem em espaço de tempo maior (muito maior), algo em torno de trinta anos. Vou exemplificar com a seguinte frase: “O clima em Brasília é seco, mas hoje está chovendo”. Repare que na primeira parte da frase há uma referência ao clima geral, já na segunda parte há uma referência ao tempo. Agora que já sabemos um pouco mais sobre climatologia, vamos ao que interessa.

Estrangeiro ilegal? O que fazer? Recebemos uma consulta da leitora Tatiana, sobre dúvidas a respeito de veleiros estrangeiros irregulares no Brasil: Quais procedimentos a serem adotados para uma embarcação estrangeira que não deu entrada na Receita Federal? Outra situação: Se deu entrada na Receita Federal e seu prazo de 90 dias já expirou há 6 meses, o que fazer? Qual seria o valor da multa, se houver? Anaximandro Orleans Calle de Paula da Inspetoria da Receita Federal do Brasil de Recife/PE responde: Se embarcação de recreio (veleiro/iate) cuja entrada no Brasil não foi registrada na Receita, o comandante deve, imediatamente, comparecer à unidade adu-

Após 6 anos e alguns perrengues, pai e filho completaram a volta ao mundo no Guga Buy, um Bruce Farr 40

O que os estudos climatológicos falam sobre as possibilidades de vento para a raia do Rio de Janeiro durante as olimpíadas? O que os nossos atletas e nautas que estarão no entorno da raia poderão encontrar? Enquanto os tomadores de decisão discutem a realização das competições de vela entre Búzios e Baía da Guanabara,

quase sempre as mais baixas do ano. Entre 2001 e 2015 a média para o mês de agosto foi de 41,11mm – e com o enfraquecimento do El Niño esta característica deve se manter. As competições de vela irão ocorrer entre os dias 8 e 18 de agosto, com previsão de início das competições sempre as 13 horas (dados do COI - Comitê Olímpico Interna-

cional). A temperatura na Cidade do Rio de Janeiro para este mês deverá ficar entre 18ºC e 24ºC. Bem agradável para todos. Em relação ao vento, durante as competições, podemos considerar uma grande probabilidade de termos no início das provas, ventos na casa dos 7 nós, chegando aos 9 nós, no quadrante S e SE; algo em torno de 150º a 180º, podendo chegar aos 12 nós ao final da tarde. Estas condições não se refletirão caso tenhamos uma entrada de frente fria. É claro amigo leitor que estou descrevendo uma condição média, onde no gráfico de distribuição normal de 0 a 20 nós, estes valores descritos receberam os maiores percentuais de ocorrência. A melhor e maior surpresa fica para o último dia de competição, onde teremos uma lua cheia que trará para a Baía da Guanabara uma maré de sizígia de 0.0. Então amigos esperem fortes emoções, porque teremos as condições perfeitas para os nossos atletas, que são exímios conhecedores das águas da Cidade Maravilhosas. Mas não esperem que os gringos irão nos deixar passar com facilidade, porque eles estão aqui desde 2014 estudando as nossas águas de posse de drones, mini catamarãs computadorizados, estações meteorológicas digitais e seus atletas de ponta treinando diuturnamente. Agora é guardar este artigo na gaveta, fazer os comparativos e torcer para que tenhamos uma chuva de medalhas no peito dos brasileiros. Até o próximo Alma!

Luciano Guerra, é especialista em meteorologia pela UFF/RJ e trabalha com modelos meteorológicos no Operador Nacional do Sistema Elétrico ONS.

aneira da RFB mais próxima da embarcação (Inspetoria ou Alfândega), com a finalidade de regularizar a entrada do barco no Brasil. Se for o caso, comparecer ANTES à Polícia Federal (DPF), para registrar a entrada do comandante no País (visto de turista). O comandante deve se apresentar na RFB, portando os seguintes documentos: Passaporte (com carimbo do visto/ prazo concedido), Registro da embarcação, e se for o caso, procuração, se o proprietário do barco é diferente do comandante. E é possível o comandante registrar a entrada do veleiro/iate pela Internet, antes de levar a documentação acima indicada para a RFB. O endereço é https://www.edbv. receita.fazenda.gov.br/edbv-viajante/pages/selecionarAcao/selecionarAcao.jsf Já para a embarcação com prazo de admissão temporária vencido, o interessado deve comparecer à RFB (unidade aduaneira mais próxima do barco) para a

regularização da embarcação. A legislação aplicável é a Instrução Normativa/RFB nº 1.600/2015 que diz: “Confirmado o descumprimento do regime, o beneficiário será intimado a, no prazo de 30 (trinta) dias, promover a sua extinção (do regime de admissão temporária), além de efetuar o pagamento da multa pelo descumprimento (IN/ RFB nº 1.600/2015, art. 51, §§ 1º e 2º).” A multa aplicável é a prevista no Art. 72, I, da Lei nº 10.833/2003: “Aplica-se a multa de 10% (dez por cento) do valor aduaneiro da mercadoria submetida ao regime aduaneiro especial de admissão temporária, ou de admissão temporária para aperfeiçoamento ativo, pelo descumprimento de condições, requisitos ou prazos estabelecidos para aplicação do regime”... Em ambos casos, recomendamos a regularização do barco na RFB, para evitar a pena de aplicação de perdimento do bem, numa situação extrema, porém, possível.

cruzeiro A volta ao mundo do Guga Buy Com a colaboração de Luiz Fernando Beltrão

Após percorrer 15.000 milhas em seis anos, o veleiro Guga Buy, do Comandante José André Zanella e seu filho Eduardo Zanella chegou no final de março ao porto inicial, o Iate Clube de Santa Catarina – Veleiros da Ilha. “Voltar para nosso clube e sermos recepcionados, em mar e em terra, pelos amigos, não tem preço. Agradecemos a todos que lá estiveram. Vocês deram um sentido maior à nossa viagem”, comemorou Zanella. O pai. Eram 11 horas quando o Farr 40 pés atracou. A volta pela América do Sul foi no sentido anti-horário, não só passando o Cabo Horn como parando para assinar o livro e tirar fotos. Pai e filho agora são Cape Horners, título dado apenas aos que realizam tal proeza. Durante as várias etapas dessa viagem, eles tiveram a companhia de alguns amigos, além de algumas viagens ao Brasil para matar as saudades da família e esperar a temporada de furacões passar. O Guga Buy chegou de volta a Floripa depois de 53 horas desde sua saída de Rio Grande (RS), para sua última perna, escoltado por algumas embarcações de amigos do ICSC - Veleiros da Ilha. Essa jornada iniciou-se com o Cruzeiro Costa Leste de 2010 e seguiu com a travessia Fortaleza-Tobago-Trinidad no final do mesmo ano. Antes, participaram da Regata Aratu-Maragojipe, da REFENO, e então partiram para o Caribe e América Central, por onde vagaram por três anos... Em 2014 atravessaram o Canal do Panamá e até a cidade de Valdívia, no Chile, onde o Guga hibernou. Depois veio um perna até Ushuaia pelos canais chilenos e nova hibernada. Em maio de 2015 iniciou a subida da América do Sul. Ainda no Estreito de Magalhães, próximo a Punta Arenas, uma tempestade arrancou o veleiro de sua ancoragem e ele encalhou na praia (foto ao lado). Mas o Guga Buy resistiu e André mesmo com algumas avarias subiu a costa até Buenos Aires, onde foi (esquerda) e consertado. Finalmente neste inicio de 2016 zarpou de Buenos Aires, Eduardo passou pelo Uruguai, Lagoa dos Patos Porto Alegre, Rio Grande e na passagem Santa Catarina, terminando essa épica aventura. E você pode viajar a pelo bordo do Guga Buy pelo site da dupla que fica em temido

gugabuy.blogspot.com.br

Cabo Horn


cruzeiro As desventuras de um Delivery

Texto e fotos: Antonio Carpes

Era para ser uma viagem sem muitas novidades... Na tripulação éramos o Jorge, um português dono do barco, e eu. O barco, um veleiro modelo clássico de 28 pés, construído na Inglaterra, chamado Oliver. A viagem seria no sentido contrário ao costumeiro, de Natal (RN) para Cabo Verde, e por consequencia com correntes e vento na cara. Esperávamos um bímini, que demorou duas semanas para ficar pronto, atrasando a viagem. Saímos e no terceiro dia o vento desapareceu. Durante doze dias só ouvimos o barulho de motor e assistimos nosso diesel ir embora. Acreditávamos que depois disso o vento viria com tudo e velejaríamos confortavelmente para Mindelo. Nossa surpresa foi grande quando o vento apareceu fraquinho, com ondas enormes e com curtos espaços entre elas. Assim foram muitos dias, com alternância de ondas, sem vento e com vento de 18 nós com rajadas de 23. Junte a tudo isso uma corrente de 2 a 3 nós - contra obviamente. Não conseguíamos avançar. Nos assombrava a ideia das provisões acabarem. Em quatro dias navegamos apenas três milhas. Num domingo velejamos muito o dia todo e na segunda-feira descobrimos que estávamos algumas milhas para trás. Havia dias que velejávamos muito bem durante o dia e à noite o vento parava e a corrente nos levava de volta... Depois de 16 dias nosso combustível estava quase no fim e nossos suprimentos não estavam lá essas coisas. Cruzamos um pesqueiro japonês chamado Shinryu Maru resolvemos pedir 50 litros de diesel. Dissemos que nossos mantimentos estavam ficando escassos e precisávamos do combustível para chegar a Cabo Verde. Nos deram 80 litros e um monte de comida e água, o que viria a ser de vital importância dias depois, pois consumimos todos os alimentos, todo combustível e não conseguíamos chegar. Nos últimos 11 dias só o que tínhamos para comer era o arroz que os japoneses haviam doado. Quando estávamos perto da ilha do Fogo, com um mar virado, cruzamos com o ferryboat, que nos indicou o Vale dos Cavaleiros, um porto ainda em construção para descansar e esperar o mau tempo passar. É um Porto para navios de cabotagem sem estrutura para veleiros ou barcos de pequeno porte. Assim que ancoramos e nos preparamos para descansar, fomos avisados que deveríamos sair, pois estavam chegando dois navios. Na pressa de sair, com os navios muito próximos, ao soltar a amarra, prendi dois dedos num passa cabo e fraturei um dedo, e fiz um corte em outro. Antes de irmos ao hospital fomos dar entrada junto às autoridades. Como Vale dos Cavaleiros não é um Porto turístico, as autoridades não sabiam o que fazer e resolveram reter nossos passaportes e enviá-los para Praia, a capital do País, na ilha de São Tiago. Lá seria dada a entrada e depois os passaportes seriam enviados para Mindelo, na ilha de São Vicente, nosso próximo Porto. Depois de esperarmos alguns dias, para evitar o risco de infecção nos ferimentos,

abastecemos com diesel - de sobra - para irmos até Mindelo só no motor. Fizemos essa travessia em 34 horas. Depois de cinco dias já estava na hora de voltar ao Brasil, pois tinha feito reserva num voo. Mas na véspera da saída, nossos passaportes ainda não tinham chegado. Todos os dias íamos à Polícia Marítima e eles sempre dizendo que estavam a caminho. Como era véspera da viagem e os passaportes não chegavam, o chefe de polícia entrou em contato com Praia e me deu uma autorização para viajar

Nosso combustível estava quase no fim ...”

e pegar o meu passaporte com o chefe de polícia de lá. Assim, embarquei. Num dia de feriado... Lá chegando, perguntei como encontrar o chefe de polícia e informaram que por ser feriado somente seria possível no dia seguinte. Como meu voo sairia às 14h do dia seguinte, não vi problema em esperar. Dormi no aeroporto e no dia seguinte bem cedo fui até o Porto, onde fui atendido por um sujeito que me pareceu ter levantado com o pé esquerdo. De cara foi dizendo que eu tinha entrado ilegal no país dele, que estava errado e blá blá blá. Disse que o sujeito encarregado do meu passaporte estava num curso e sairia depois das 14h30 e aí então ele iria procurar meus documentos. Eu disse que meu voo sairia às 14h20 e eu tinha que estar duas horas antes para o check in. Foi aí que ele se alterou: Disse novamente que eu estava ilegal no país dele e que eu não iria sair naquele dia de

jeito nenhum. Sai dali meio no desespero e fui direto para a Embaixada, onde o Vice-Cônsul, Sr. Romel Costa, me atendeu e já saiu telefonando e agitando contatos. Logo ficamos sabendo que eu havia ido ao lugar errado, pois meu passaporte estava no escritório do chefe da Polícia Marítima, que nos atendeu pessoalmente (o Vice-Cônsul, a secretária e eu) e pediu desculpas pelo mal entendido, mandando um de seus policiais nos acompanhar para carimbar minha entrada, que ainda não tinha sido feita. Quando chegamos, surpresa: O responsável pelo carimbo era exatamente aquele simpático Senhor da parte da manhã! Para piorar, tinha ido almoçar. Em casa... O Sr. Romel foi buscá-lo, no meio do almoço, para que carimbasse e assinasse o passaporte. O camarada fez o serviço pedindo desculpas pelo mal entendido. Ele escrevia os dados nas fichas quase desenhando as letras de tão devagar. Saímos dali e ainda tivemos que levar o sujeito para terminar seu almoço. Quando chegamos no aeroporto, Vice-Cônsul, secretária, policial e eu, fizemos o check in furando a fila e nos despedimos no portão de embarque. Ufa. Fim do pesadelo... Só que não! No embarque um rapaz ao meu lado falou: “Antonio Carpes?”. Achei que fosse algum conhecido e respondi: Oi, eu mesmo. Tudo bem? Ele então me pediu que lhe entregasse o passaporte e se identificou como oficial da Polícia Judiciária. Fui levado para a sede da Polícia e colocado em uma sala onde por várias vezes tive

que contar a história da minha viagem para vários agentes diferentes. Me levaram à presença do Comandante daquela unidade que também queria ouvir minha história e anotou tudo o que falei, repassando alguns pontos para ter certeza. Depois fui levado para outra sala, onde pediram licença para revistar minha bagagem (o policial era melhor em arrumar mala do que eu, pois no final, tudo ficou mais organizado e com mais espaço que antes...).

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Enquanto isso, em Mindelo, estavam com o Jorge, meu companheiro de viagem. As autoridades tiraram o barco fora da água, cortaram o casco em cima da quilha e por baixo da linha d’água, além de terem feito furos para ver se não tinha um casco duplo. Lá pelas 21h o Comandante reapareceu e me levou para jantar e encontrar uma

pousada, pedindo que eu me apresentasse no dia seguinte. Acordei cedo e me mandei pra Embaixada. Quando cheguei o Vice-Cônsul deu um pulo: “Que faz aqui? Te coloquei no avião ontem?!”. “É, mas eles me tiraram!”, e contei a historia toda. Ele pegou o telefone cobrando explicações das autoridades. A partir dai não me restou outra opção, a não ser esperar mais uma semana pelo outro voo para o Brasil. Como a máxima: Me deram um limão. Fiz uma limonada. Aproveitei para fazer novos amigos e conhecer Praia, que eu havia passado direto sem tempo de visitar. O Sr. Romel me cedeu um apartamento e fui convidado para conhecer o interior da ilha, com paisagens lindas, e uma infinidade de lugares onde se come cachupa (um prato local, tipo feijoada, com dois tipos de feijão, milho e carne de porco). Porco assado e frito, torresmo em pedaços enormes, uma cervejinha e um grogue, que é a cachaça local. Quando chegou o dia de vir embora, o Vice-Cônsul ainda fez questão de me presentear no almoço com um coelho limpo e temperado por ele. Quero deixar aqui minha ótima impressão de Cabo Verde e de seu povo. Por onde passei fui muito bem recebido. Deixar também um agradecimento especial aos amigos que fiz em Praia, pois foi o momento mais difícil e onde recebi um apoio fraternal de todos. E se alguém tiver um barco em Natal e queira levar para Cabo Verde, lembre-se de mim! Mas nem pense em me convidar...

20 ANOS

DE INOVAÇÃO


ALMANÁUTICA

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MERGULHO

Caça Palavras

CURTAS

Campeonato Brasileiro de Fotografia Subaquática

f Rio 2016: Aviação comercial vai operar das 6h à meia noite e a aviação executiva e táxis-aéreos das 22h30 às 6 da Saiu o resultado do Concurso Namanhã. A medida permitirá fluxo extra de cional de Fotos Subaquáticas (FotoSub). 70 mil passageiros durante os jogos. Organizado pela Associação Brasileira de Imagens Subaquáticas (ABISUB), o cam- f Em março o ICRJ comemorou seus peonato foi realizado em Cabo Frio, com 96 anos com a tradicional regata comefotos feitas na Ilha dos Papagaios, na re- morativa. Parabéns ao Clube, sua Diretoria e associados. gião do Peró, limite do Parque Estadual da Costa do Sol e que neste mês está com- f A atual administração do Cabanga Iate Clube de Pernambuco concluiu as tratatipletando cinco anos de criação. O evento teve como base a pou- vas para liquidação das dívidas de IPTU sada Porto Canal, sede da operadora de dos anos anteriores a 2015 (mais de 216 mergulho Litoral Sub, de onde partiram as mil reais), para regularizar a subsede de Maria Farinha. embarcações para mergulhos, com o apoio das operadores de mergulho DeepTrip e f Faleceu na Dinamarca em abril e com Over Sea. 102 anos, o fundador da International Optimist Dinghy Association (IODA) Viggo Jacobsen.

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Papo de Cozinha

Macarrão à nossa moda... Na abertura do concurso, o biólogo marinho Vinicius Padula fez uma palestra sobre as pesquisas na parte marinha das ilhas de Cabo Frio e mostrou novas descobertas realizadas na região. O concurso reuniu os principais fotógrafos subaquáticos do Brasil, que passaram por uma seleção prévia através de fotos para a escolha dos competidores. Os fotógrafos foram divididos então em dois grupos: Iniciante e Master. Para o grupo Iniciante, foram quatro categorias de fotos e para o grupo Master, cinco categorias. A ABISUB, formada em 2015 por um grupo de fotógrafos subaquáticos, é Se você gosta de massa com vôngoles vai adorar a nossa dica culinária. uma associação sem fins lucrativos. Seu Vôngole é um dos nomes comumente usados no Brasil para os moluscos objetivo é o desenvolvimento das atividades (animais de corpo mole) bivalves, de cor branca ou amarelada, concha com manchas de padrões variados, encontrados em todas as águas arenosas ou lodosas do nosso litoral, cuja carne é muito apreciada. Alguns dos outros nomes são: Berbigão, Chumbinho, Conchinha, Maçunim e Marisco. E um prato é muito fácil de fazer. No último verão catamos em uma foz de rio os vôngoles, substuimos o espaguete pelo penne grano duro integral e preparamos em frigideira de ferro. Claro, você pode preparar com o macarrão que quiser, inclusive o espaguete. O que você vai precisar:

de fotografia e videografia subaquática no Brasil. O presidente da ABISUB, o Dentista Fábio Freitas, também competiu e apresentou as melhores fotos em duas categorias na classe Master: Temática e Criativa, sagrando-se campeão geral. Na classe Iniciante, os três primeiros colocados foram: 1º Fernanda Saldanha; 2º Pedro Guerbas Neto e 3º Eduardo Maris. Na classe Master foram 1º Fábio Freitas, 2º Jorge Louzada e 3º Marcelo Fabricio Prim. Já nas categorias da classe Master foram premiados: Grande Angular – Álvaro Veloso; Close-up – Jorge Louzada; Peixe – Jorge Louzada; Temática – Fábio Freitas Silva; Criativa – Fábio Freitas Silva. Os resultados completos estão disponíveis no site www.abisub.com.br. Flávio Júlio Gomes é 2º Ten IM RM2 da Marinha do Brasil e Instrutor NAUI / PADI

250gr de macarrão 300gr de vôngole vinho branco tomates e cebolas cortados em pedaços 3 dentes de alho em fatias finas azeite manteiga extra sem sal pimenta dedo de moça cortada salsinha picada Como preparar: Comece lavando bem os vôngoles, retirando bem a a areia deixando. Coloque-os em uma panela grande com bastante água, ligeiramente salgada por 30 minutos. Retire e reserve os vôngoles e use a água para cozinhar a massa. Em outra panela coloque manteiga e o alho para refogar. Quando o alho começar a cheirar, vá juntando a cebola, tomate, e a pimenta. Acrescente o vôngole, misture, refogue mais 1 minuto e adicione o vinho. Tampe e cozinhe até que os vôngoles abram. Retire, descarte os que não abrirem e reserve. Assim que a massa estiver “al dente” sirva em um prato, finalizando com azeite, os vôngoles por cima e por fim a salsinha. Bom apetite! Maurício Rosa é velejador, amante de gastronomia e autor do livro “Gastronomia em veleiros”

Bavaria - Catalina - Dufour - Hanse - Hunter - Hylas

Túnel do Tempo No dia 10 de setembro de 1973, o Jornal do Brasil trazia a notícia do encerramento do 1º Campeonato Brasileiro de Optimist, vencido pelo paulista Eduardo Melchert.


Paralímpicos e surdocegos no mesmo convés

Belas marinas e clubes, altas taxas anuais para os associados, brilhantes veleiros e iates – parece que não só os deficientes mais também os brasileiros ordinários podem apenas sonhar com isso. Existe um caminho para esse esporte dinâmico, sentir a enorme felicidade de velas preenchidas e do vento no seu cabelo? Desde 2007 Miguel Ólio, instrutor de vela, dedica-se intensamente à organização de palestras e eventos esportivos dos quais participam navegadores profissionais e pessoas com deficiência através do seu projeto Sailing Sense, cujo foco é integrar os surdocegos com o esporte. Quando perguntei quantos eventos desse tipo ele já organizaou, ele me respondeu que mais de 30 e acrescentou que em 2014 cerca de 100 pessoas haviam participado. “Meu objetivo é dar uma chance às pessoas com deficiência para que elas possam experimentar este esporte maravilhoso que é a vela”, conta o Miguel com paixão e sinceridade. Domingo. De manhã, Everton, Renato,

MB

Honório Rocha, Luiz Gouveia e João Maranhão apresentam a vela Paralímpica aos surdocegos eu e Miguel saímos rumo ao clube náutico ASBAC, às margens da represa de Guarapiranga, subúrbio da metrópole. Chegamos numa marina pequena, onde os preparativos para o evento esportivo estão sendo finalizados. Três navegadores paralímpicos vieram promover este evento beneficente com suas experiências: Luiz Gouveia, Honório Rocha e João Maranhão, todos do Clube Paradesportivo Superação. Juntamente com Miguel, eles preparam os três barcos: Gaia, Pescador e Caçador. São veleiros Poli 19, especialmente adaptados e projetados na USP em São Paulo, oferecendo segurança e controle mais fáceis para os navegadores e tripulantes com deficiência. Sopra do sudoeste um vento fresco que levanta ondas pequenas balançando levemente o píer de madeira. Os navegadores, cadeirantes ou tem prótese de perna, habilmente sobem no convés do barco, içam

Marinha do Brasil DPEM No dia 1º de abril a Marinha do Brasil (MB) através de sua Diretoria de Portos e Costas emitiu circular (4/2016), sobre o Seguro de Danos Pessoais Causados por Embarcações ou por sua Carga, o conhecido DPEM. A nota esclarece que a Superintendência de Seguros Privados (SUSEP), informou sobre a atual inexistência de sociedade seguradora que comercialize o referido seguro após a Medida Provisória nº 719 (30 de março). A Susep trabalha junto ao mercado supervisionado e ao Conselho Nacional de Seguros Privados (CNSP) na tentativa de retomar com a maior brevidade possível a oferta do DPEM. A previsão é que o valor suba dos atuais 18 reais para algo em torno de R$140 e que a oferta das seguradoras aconteça em 30 a 40 dias. O objetivo da mudança é viabilizar a comercialização do seguro com um valor condizente ao mercado. Em decorrência, a MB, por meio de suas Capitanias dos Portos, Delegacias e Agências, encontra-se desobrigada da cobrança do mesmo, por ocasião da inscrição, registro e ações de fiscalização nas embarcações, enquanto perdurar essa situação. Para efeito de indenizações o DPEM vigente, é válido. Para vítimas de embarcações não identificadas, ou que não possuam o DPEM, não há indenização nesse momento.

“Bahia”

O Navio Doca Multipropósito (NDM) “Bahia” foi adquirido pelo governo brasileiro em dezembro de 2015 na França, e agora está no Brasil. Em abril houve a entrega oficial com autoridades do governo do Brasil, do Embaixador da França e do Comandante da Marinha, Alte. de Esquadra Eduardo Bacellar L. Ferreira. O navio entrou em operação em 1998 na França. Tem capacidade para embarque e desembarque de tropas, materiais, blindados e helicópteros, dotado de complexo hospitalar de 500m² e 49 leitos. Pode ser disponibilizado em operações humanitárias. Trata-se de um navio recente, em excelente estado e completamente operacional, oferecendo ao Brasil uma nova capacidade de projeção e de transporte de tropas, de defesa de interesses econômicos brasileiros na Amazônia Azul.

as velas, que batem ruidosamente sob o vento, e colocam as alquilas nas suas posições. Sem respirar observo João, na cadeira de rodas, no píer, apertando com a sua mão a proa de um veleiro. “Parece que está tudo pronto para nosso evento e os tripulantes podem chegar”, fala alegremente Miguel. Por volta das 14h começam a chegar os 10 adolescentes com seus acompanhantes. Moças e moços, entre eles surdocegos e alguns com deficiência física e mental. Um pouco mais tarde numa sala do clube o Miguel, organizador, explica o programa do evento. Depois de cada sentença ele espera para que a intérprete possa traduzir para linguagem de sinais. No final presenteia os participantes com camisetas. Até esse momento poucos sabem ou entendem o que vai acontecer em breve. Eu também não consigo imaginar como vai tudo prosseguir... Navegadores bem humorados convidam os primeiros três tripulantes para subir no convés dos seus barcos. Nós prontamente os ajudamos a embarcá-los da maneira mais segura possível, o que não é um papel fácil por causa das ondas e do vento. Entro no veleiro Pescador como navegante-assistente e fotógrafo. O Luiz está atrás do leme, na minha frente está sentado o outro velejador, Honório. Ao seu lado Juliano, que começa a aventura com tensão. Solto o último cabo e zarpamos. Assim que o vento enche as velas o timoneiro Luiz distribui os comandos. Juliano tem que caçar ou soltar o cabo da buja. Para minha surpresa ele faz isso muito bem, apesar da cãibra na mão. “Aee, olha para ele, que marinheiro”, fala sorridente o Honório. No rosto dele observo uma grande felicidade, tão honesta e tão contagiosa! De repente toda a tripulação está sorrindo. A boreste passa o Caçador, onde está o

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Miguel com seus tripulantes. Inesperadas rajadas de vento inclinam significativamente o lado do barco e os respingos de água molham todo mundo. “Essas rajadas são típicas na Guarapiranga, quase como no mar”, explica Luiz. Assim que passamos por uma boia amarela, o timoneiro grita “Bordo!” e nós mudamos a vela principal e logo depois

No final, a galera comemora um dia intenso e feliz a buja para o bombordo. Depois de várias voltas nosso veleiro retorna ao píer para substituirmos os tripulantes. Começa a chover levemente, mas parece que ninguém se importa. Toda a tripulação é trocada e nos rostos de todos se vê felicidade e gratidão. Por volta das 5 da tarde chega o último veleiro ao píer. Os timoneiros habilmente baixam as velas e saem do barco. Este pequeno evento deixa em nós sensações profundas verdadeiras. À primeira vista parece bem difícil organizar um evento como esse, o que é em grande medida verdade, porém, boa vontade em se dedicar por uma boa causa combate com facilidade os obstáculos. Aproveitando o contexto dos próximos Jogos Olímpicos e Paralímpicos no Rio de Janeiro exatamente este tipo de projeto pode e deveria inspirar outros clubes olímpicos ou paralímpicos. Onde há vontade, há um caminho! (Texto e fotos: Roman Nemec)


INFORMATIVO

ABVC

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE VELEJADORES DE CRUZEIRO

Palavra de

PRESIDENTE

Prezado Associado da ABVC, Encontro Nacional No feriado de Corpus Christi (26 a 28 de maio), no Bracuhy, será realizado o tradicional Encontro Nacional da ABVC, uma oportunidade de encontrar os amigos e participar de palestras, oficinas e eventos de confraternização. Não perca esta oportunidade, as inscrições já estão abertas. Mais informações no site da ABVC (www. abvc.com.br). Cultura histórica das fortificações A ABVC apóia as iniciativas de educação patrimonial das fortificações através da divulgação e na promoção de eventos náuticos. Foi assim no ano passado com o Cruzeiro Forte São João, que partiu do Forte São João em Bertioga rumo à Fortaleza de São João no Rio de Janeiro, reconstituindo a navegação de Estácio de Sá para a retomada da Baía da Guanabara e posterior fundação da Cidade do Rio de Janeiro. No feriado de 21 de abril ocorreu a Velejada dos Fortes: um passeio à vela rumo ao Forte dos Andradas (Guarujá), última grande estrutura defensiva fixa erguida no país, formando sistema com o Forte de Itaipu, na defesa do acesso à barra do porto de Santos. O passeio faz parte de um esforço da ABVC em realizar passeios à vela com a união da cultura e confraternização. Em terra, foi realizada a visitação do sítio histórico do Forte dos Andradas. Participaram do passeio 9 veleiros com um total de 50 participantes. Bons ventos,

Cultura Náutica

Encontro

É triste constatar que o esporte a vela, seja de competição ou de recreio, é pouco praticado e conhecido no Brasil. Um dos motivos pode ser a perda da cultura náutica. Outro talvez seja a falta de divulgação. Na maioria dos clubes náuticos existe uma escola ou um instrutor de vela, geralmente voltado a adolescentes e adultos. Mas existem também as escolas de vela voltadas às crianças. Um bom curso de vela para criança dura em torno de um a dois anos. Lá, a arte de velejar é associada com atividades lúdicas, em clima de brincadeira. “Vamos ver quem pega mais bolinhas!” Esta é uma das atividades: para se chegar às bolinhas que estão boiando, a criança tem que saber orçar, arribar e parar o veleirinho. Está praticando a vela antes até de saber estes significados. Geralmente, estes cursos são oferecidos pelos clubes que possuem equipe de vela jovem (de competição) como o primeiro passo da formação do atleta. Ao término, as crianças que gostam de regatas e competição continuam e entram para a equipe de vela jovem do clube. As outras guardam o conhecimento e amizade para sempre. Este foi o caso de meus filhos. O mais velho optou por não continuar, mas sabe velejar com monotipo sozinho e me ajuda na navegação com veleiro de oceano. O outro optou em continuar e ingressou na equipe de vela e está entusiasmado com as competições. A classe Optimist, concebida exclusivamente para criança, é a principal classe para esta finalidade, sendo utilizada tanto em cursos quanto em competições. Existem regularmente competições locais, estaduais, nacionais e internacionais da classe Optimist. Você já pensou em colocar seu filho ou neto para aprender a velejar? Se você tiver interesse, no Brasil, as flotilhas ativas de Optimist que possuem escola de vela podem ser consultadas no site da classe “optibra.wordpress.com” na aba “flotilhas”.

Volnys Bernal

Velejada dos Fortes

A ABVC – Associação Brasileira de Velejadores de Cruzeiro realizou em abril a “Velejada dos Fortes”, em comemoração à Semana do Exército. O evento teve apoio Presidente da ABVC da 1º Brigada de Artilharia Antiaérea do Forte dos Andradas, e do 2º Grupo de Artilharia Antiaérea do Forte do Itaipú. No total sessenta pessoas participaram do evento, a bordo de dez veleiros: Malagô, Gaudério, Easygoing, Ventania/Baiuka, Maestro, Goludo, Anarquia, Pelayo, Fratelli e Grandpa. O percurso partiu de Santos (Ponta da Praia) e São Vicente (Praia dos Milionários) em direção ao Forte dos Andradas, que atualmente abriga a 1ª Brigada de Artilharia Antiaérea. Após o desembarque, os velejadores foram recebidos pelo General Challela, Comandante do Forte dos Andradas. Na oportunidade o presidente de ABVC, Volnys Bernal, ofertou uma placa de agradecimento ao General. Os participantes puderam visitar o sítio histórico do Forte, construção da década de 1940, escavada na rocha do morro do Monduba, a 240 metros do nível do mar. O Andradas foi o último forte construído no Brasil. Após a visita ao sítio histórico houve uma confraternização entre os participantes e as autoridades convidadas. Pouco antes do sol se por, os veleiros retornaram para Foi realizado na ilha do Cedro, em Paraty, suas marinas. Fotos de Edson Leguth o 9º Encontro de Páscoa da ABVC-Paraty, no qual compareceram, entre adultos e Depois da visita crianças, mais de 100 pessoas. Além de todos participaram de um excelente churrasco, onde vários couma confraternização legas se revezaram na churrasqueira, as crianças tiveram um brincadeira para receber seus ovos, e os adultos tiveram que procurar a “cenoura oculta”, numeradas, para fazer a entrega dos ovos de Páscoa. O evento foi organizado pelo Vice-Presidente da ABVC em Paraty, Eduardo Schwery, que contou com a colaboração de todos, com destaque para as diretoras Re- Após a chegada os participantes gina D’ Elia Collell e Leonor Ferre Esteves, fizeram uma visita ao Forte dos Andradas, da década de 40 da área social da ABVC.

Volnys Bernal

Páscoa

O 14º Encontro Nacional da ABVC acontece de 26 a 28 de maio (feriado de Corpus Christi) no Bracuhy - Angra dos Reis. O primeiro Encontro Nacional foi realizado na Marina Porto Paraty em 2005. A partir de então, todos os anos a associação reúne os velejadores para uma confraternização com palestras, oficinas e, claro, muita festa. A programação inclui palestras, oficinas, exposição de produtos, brechó náutico, atividades recreativas para crianças além de eventos sociais como festa e jantar.

Palestra em SP

Foi realizada no dia 9 de maio em São Paulo, a palestra “A viagem segura é aquela que você sabe que vai chegar”, por Beto Pandiani. A palestra foi uma realização conjunta entre a ABVC e a Sociedade Amigos da Marinha Soamar SP, nas dependências do Centro Cultural da Marinha. O santista Roberto Pandiani, há 17 anos realiza expedições de alto desempenho pelos mais temidos mares do mundo a bordo de catamarãs sem cabine. No final dos anos 90 assumiu a vela como profissão e negócio, passando a trabalhar exclusivamente com o esporte. As expedições de Roberto Pandiani originaram livros e DVD’s que podem ser achados no mercado, contando suas aventuras pelo mundo.

Convênios Iate Clubes Aratu Iate Clube, Cabanga Iate Clube, Iate Clube Guaíba, Iate Clube de Rio das Ostras, Iate Clube do Espírito Santo, Marina Porto Bracuhy, Iate Clube Brasileiro, Jurujuba Iate Clube Descontos Brancante Seguros, Botes Remar, CSL Marinharia, Geladeiras Elber: Valor promocional; Azimuth: Desconto nos cursos; JetSail: (prestadora de serviços do ICS): Desconto em vistoria/survei, serviços e manutenções, estadias em seco e molhado e valores diferenciados para a lingada das embarcações.

O Boletim Oficial da ABVC é uma publicação independente. As opiniões e notícias do jornal Almanáutica não representam necessariamente a opinião da entidade, e vice-versa.


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