Revista Ragga #66

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hammurabi/roque viana

Hammurabi: um dos mais competentes representantes da nova geração do heavy metal mineiro

dora para distribuir seus discos”, explica. O Hammurabi começou assim, em 2006, lançando de forma independente a demo Submersos e, dois anos depois, o disco de estreia Shelter of Blames. O trânsito fácil no ambiente on-line e a determinação dos músicos levaram a banda a se destacar como uma das principais novidades do metal mineiro contemporâneo, classificada pelo baixista do Sepultura, Paulo Jr., como a revelação da música pesada brasileira em 2010. O esforço resultou no competente The extinction root, lançado em 2012 pela Cogumelo Records. Apesar de reconhecer que os avanços tecnológicos facilitaram os processos de gravação e divulgação, o vocalista, guitarrista e fundador da banda, Daniel Lucas, pontua que o metal exige seriedade e compromisso, como qualquer outro trabalho. “Sempre prezamos pela qualidade em tudo que fazemos. Acredito que isso abriu um precedente para que outras bandas também buscassem a excelência. Talvez seja esse o nosso papel nesse contexto”, defende. Porém, nem tudo são flores. Em relação à quantidade de espaços e casas de shows dedicados ao gênero, João Eduardo considera que BH retrocedeu. “Não existe, hoje, um espaço aberto para atender ao público

Não existe, hoje, um espaço aberto para atender o público de heavy metal em BH. Com o fechamento do Lapa Multshow, ficamos sem opção para fazer eventos de médio porte diz João Eduardo, fundador da Cogumelo Records

de heavy metal em BH. Com o fechamento do Lapa Multshow, ficamos sem opção para fazer eventos de médio porte. Pelo menos, conseguimos realizar shows no Music Hall e no Stonehenge, que abriram espaço para o metal este ano”, afirma. Sobre a dúvida se BH ainda sustenta o título de capital do metal, João rechaça: “Essa história é conversa fiada”. Daniel Lucas concorda em partes, mas pondera. “BH sempre vai ser o berço do metal, onde tudo começou, mas não é ‘a capital’. Faltam incentivo, estrutura e público. Temos grandes bandas, uma ótima qualidade nos trabalhos e a chancela da Cogumelo, mas a cidade está fora do circuito, tanto underground quanto mainstream.” Polêmicas à parte, todos concordam em um aspecto: o heavy metal das Gerais sobrevive e sustenta bem mais que um gênero musical, mas um sólido alicerce da contracultura que segue conquistando devotos cabeludos e maltrapilhos. Quase como um grito dos excluídos — ou um berro, como preferir. “É difícil de explicar. Esse som é viciante. É um escape, uma paixão eterna. Em essência, é um estilo de vida”, conclui Daniel Lucas.

Show de lançamento do livro Cogumelo 30 Anos 21 de outubro, às 15h, no Stonehenge Rua Tupis, 1448 – Barro Preto

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