Revista Ragga #66

Page 17

EDITORAL

Bi biiiiiiiiiiiiii porque não pensar em algumas soluções mais permanentes e equilibradas como, por exemplo: só permitir a venda de automóveis com mais de 25 anos de uso para centros de reciclagem a preços tabelados; criar um limite de compras de automóveis por CPF para pessoas físicas, ou a criação de um órgão regulador da união responsável por definir a quantidade autorizada de veículos vendidos por estado baseado na sua capacidade urbana, pressionando, assim, os governos estaduais a investirem adequadamente seus recursos, a fim de melhorarem seus “índices de mobilidade”. Essas ideias pensadas enquanto eu procurava uma vaga podem ser absolutamente inviáveis e lunáticas, afinal, meu trabalho é fazer revista. O que é que eu entendo de soluções urbanas? Só sei que concordo cada vez mais com Newton na suas um dia também consideradas loucas teorias.

bruno senna

Até a data de hoje, o número de automóveis vendidos no Brasil em 2012 foi superior a três milhões de unidades e a previsão é que esse número nas vendas anuais dobre até 2025. Belo Horizonte, particularmente, teve nos últimos 10 anos o maior crescimento com percentual de vendas superior a média nacional. Motivo de muito orgulho para uma economia burra. Afinal de contas, o investimento em infraestrutura para tal crescimento ainda é muito baixo se comparado aos belos números da indústria automobilística. O que quero dizer é: se continuarmos acreditando nesse “belo crescimento da economia” e nos próximos 10 anos continuarmos vendendo carros na mesma proporção, a conta não vai fechar e vamos pagar caro. Basta deixar a matemática um pouco de lado e pensar na física. Um tal de Isaac Newton já dizia: “Dois corpos não ocupam o mesmo espaço”. Ficamos cegos, com as altas cifras e esquecemos que o veículo que foi substituído por um novo não é perecível e muito menos se amassa com o pé e se joga na lixeira de recicláveis. Ele continua ali, ocupando seus preciosos e exclusivos metros quadrados. A química também dá a sua participação quando seus O2 começam a disputar espaço com os tóxicos CO e NO2. Se a biologia entrar na conversa, aí é que a coisa vai ficar feia. Não sou contra a venda de automóveis, e nem discuto a sua importância no cotidiano humano, assim como é indiscutível a necessidade de uma providência emergencial e uma mudança no cenário da mobilidade urbana. Investir em alternativas coletivas e estruturadas de transporte público é algo tão óbvio que não sai da pauta de nenhum candidato em suas propostas de governo, mas

Lucas Fonda — diretor geral lucasfonda.mg@diariosasassociados.com.br


Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.