Revista Linhas 18

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percursos

antigos alunos

Um curso onde ainda hoje a presença feminina é bastante reduzida foi a escolha de Cátia Estima para o percurso e formação académica. A área da Engenharia, Indústrias Transformadoras e Construção e mais especificamente o curso de Engenharia Mecânica, mantém-se como preferência e referência de um território “deles”, mas a engenheira mecânica diplomada pela Universidade de Aveiro, em 2010, ajuda a desmistificar o preconceito.

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cátia estima engenharia mecânica no feminino

Engenheira mecânica recém-diplomada pela Universidade de Aveiro, Cátia Estima, 25 anos, fala entusiasticamente da atividade que desenvolve numa empresa de Águeda, numa profissão cuja matriz é ainda hoje masculina.

Quis ser, como todas as meninas, “professora e cabeleireira”, quando o futuro ainda não constituia preocupação e o universo feminino das brincadeiras dava cor à imaginação. A escolha de um caminho profissional futuro é enviesado e definido à medida que cresce. No secundário percebe que “tem mais interesse nas coisas mais práticas” e que prefere a matemática e a física a outras áreas do conhecimento. A convicção, organização e a persistência são, nas suas próprias palavras, os maiores traços da sua personalidade. Mas é o pragmatismo o que lhe marca a ação e a decisão. A escolha do curso de engenharia mecânica foi feita por ser o que mais se adequa à sua personalidade. E a Universidade de Aveiro, constituiu a referência imediata, pela formação oferecida e que estava mais “próxima da área de residência”. Termina o percurso académico, no ano de 2010, em plena retração da economia nacional e internacional. Mas a recém-graduada Cátia Estima não perde tempo nem ânimo. Decidida a entrar no mercado de trabalho, envia o curriculum vitae para várias empresas e em poucos meses está a contribuir para a economia do país, com a sua formação, juventude e criatividade. Entre as empresas que a convidam para integrar o quadro técnico escolhe um grupo implantado no tecido empresarial da região de Aveiro. É o único rosto feminino na equipa de engenheiros de uma empresa de Águeda, que se mantêm orgulhosamente no

mercado desde 1976 – a Avedol. Numa escala e contexto regional, exerce a profissão para a qual obteve formação superior. Sobre as funções que preenchem o dia‑a‑dia descreve: “No gabinete técnico, faço investigação e desenvolvimento de produtos como resposta a um pedido inicial. Depois, com ajuda de programas de computador esboço o projeto e os cálculos até atingir um resultado que corresponda à ideia. Na fase final faço o acompanhamento do processo de produção relativo aos produtos desenvolvidos”. Fala entusiasticamente do que faz e do espaço conquistado, pelo trabalho, junto dos colegas. O espírito de equipa faz apelo à dedicação e a engenheira mecânica não vira costas aos desafios. Quando lhe é colocado um problema que exige superação, investiga os produtos oferecidos na concorrência e “tenta sempre fazer melhor”. A sua “prova de fogo” na empresa, onde a pressão é enorme na captação e satisfação do cliente, e onde não há margem para erro, relaciona-se com um equipamento de grande aceitação no mercado desenvolvido para uma cadeia alimentar francesa. O desafio inicial que constitui o problema, o projeto e os cálculos que se traduzem depois na “produção da solução final”, constituem a essência da Engenharia Mecânica, confirma. Estas noções são a base do conhecimento que a frequência da Universidade de Aveiro lhe vincou na mente. Um curso superior é sempre um “abrir de horizontes”, uma amostra de possibilidades existentes. Depois no mundo profissional “temos que ser nós os responsáveis pela superação, porque a pressão é grande”, refere. Do seu passado como estudante fica a doce memória: “Foram cinco anos fantásticos que nunca vou esquecer. Os amigos que fiz na altura ficaram para a vida. Ainda hoje mantemos contacto”. Em discurso direto revisita o ano de 2005: “Fiquei encantada com o Campus da Universidade”. Para além do lado prático do ensino estar

facilitado pela concentração dos edifícios num único espaço, salienta também as boas condições dos anfiteatros, os laboratórios e equipamentos do Departamento de Engenharia Mecânica que favoreciam o ensino. O Campus proporciona ainda o convívio entre estudantes com várias formações, o que a antiga aluna considera também uma “mais-valia” para a formação. Os conteúdos aprendidos nas aulas suscitam-lhe interesse mas são sobretudo as matérias de que mais gosta aquelas onde brilha inscrevendo nas pautas notas muito acima da média. Na altura questionou a existência de determinadas disciplinas no plano do curso, mas com a distância entre o mundo universitário e o mundo empresarial, revela: “lembro-me que em relação à disciplina de desenho, comentava não ser necessário por existir computador. Hoje considero-a imprescindível: se não souber desenhar como transmito, em produção, as ideias”. Assume que a ligação entre a universidade e o mundo empresarial é fundamental e deve ser estimulada através de estágios realizados nas empresas. O curso de Engenharia Mecânica tem uma abrangência enorme e uma grande procura por empresas da área da metalomecânica, moldes, automação e robótica. Em relação ao desenvolvimento da sua carreira profissional futura revela que “não exclui nenhum desafio”. A profissão que abraçou tem imensa procura e ofertas de trabalho no país ou estrangeiro. Recentemente diversificou as suas competências profissionais ao receber formação pedagógica de forma a assegurar a qualificação e competências de futuros empregados da empresa, ajudando-a a crescer.

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