Revista Geração Bookaholic Edição #4

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CONTEÚDO 06

LEITOR DIGITAL

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ESTANTES

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CONTRACAPA PÁGINAS AO VENTO

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LETRAS FANTÁSTICAS

19

REDESCOBRINDO O BRASIL

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LOUCOS POR QUOTES Amanda Reznor

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LETRAS IMORTAIS Irmãos Grimm

24

RESENHAS

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MANUSCRITOS

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ESPECIAL: Bem-Vindo às Releituras dos Contos de Fadas!

36

CLASSIC BOOKS

38

Gonçalo Martins: Nossa Missão é a Cultura Global!

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CAPÍTULO BÔNUS

42

CAFÉ LITERÁRIO

Simon Rich

44 46

42

Clube de Leitura Cia das Letras

42

X Feira do Livro Jaraguá do Sul

42

Feira Literária de Divinópolis

42

XXIV Bienal do Livro de São Paulo

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Lançamento de “Alfarrábios”, de Carolina Sobral na Praça do Sebo

Releituras de Contos de Fadas nos Livros Atuais INSPIRAÇÃO LITERÁRIA

CARTA DO EDITOR AS FADAS INVADIRAM A REVISTA! Não é de hoje que os contos de fadas fazem sucesso, e também não é de hoje que as releituras modernas desses contos têm vendido “a rodo” nas livrarias. Mas desta vez, a revista Geração Bookaholic se rendeu à Cinderela, Branca de Neve, Chapeuzinho Vermelho, A Bela Adormecida, A Bela e A Fera e tantos outros contos, e as fadas acabaram invadindo nossa redação, transformando-a numa floresta encantada! É por isso que trazemos para você, leitor, toda sorte de contos de fadas e suas releituras para seu deleite! Começando pela nossa queridíssima Paula Pimenta, uma escritora super talentosa e que tem conquistado adolescentes e adultos por todo o Brasil – e fora dele – e que nos concedeu uma entrevista exclusiva sobre seus livros, seus recontos de fadas, e sua carreira como escritora. Vale à pena conferir!

Temos também fadas por toda a parte. Cada vez que você vir o símbolo da “fadinha” (no título desta carta), você terá um conto de fada ou releitura na reportagem. Estaremos tratando do assunto em quase todas as seções, então, aproveite! Se ainda não leu contos e suas releituras, esta é a sua oportunidade para conhecer novas histórias. E que as fadas renovem seu dia, trazendo magia e muita alegria! Débora Falcão Editora-Chefe

GERAÇÃO BOOKAHOLIC Edição #3

Junho/2016

EDITORES Débora Falcão... deboratriz@gmail.com

Ano 01 COLABORADORES Helena Souza, Maria Lygia, Juliana Cury

DIRETORIA ADMINISTRATIVA Débora Falcão

A Gata Borralheira

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ÚLTIMA PRATELEIRA

REDATOR-CHEFE (Redação) Débora Falcão... deboratriz@gmail.com

COLABORARAM NESTA EDIÇÃO Emerson Coimbra

Pentamerone – Gianbattista Basile

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LIVROS DE CABECEIRA Larissa Siriani

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A Magia Através do Espelho BAÚ LITERÁRIO Lewis Caroll

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ESTANTE NERD

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SALÃO COSPLAY

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LEITURA EM SÉRIE Dragões de Éter – Raphael Draccon

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LITERAVÍDEO

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LEITURA PUNCH!

64

Contos de Fadas: Importância no Desenvolvimento Infantil

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BOOKAHOLIKIDS

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HORA DA POESIA

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Isie Fernandes: Sucesso nas Plataformas Independentes

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HORA DO CONTO

Série Once Upon a Time

Prata Fosca – 25 Anos Após o Felizes Para Sempre

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PERFIL Paula Pimenta

REDATORES Claudia Marini Leonardi, Renata Vasconcelos, Roberta Costa Renata Frade, Suelane Passavante

EMAILS PARA CONTATO redacaobookaholic@gmail.com comercialbookaholic@gmail.com

DIAGRAMAÇÃO E ARTE Débora Falcão... deboratriz@gmail.com FOTOS/CAPA Autor: Divulgação

PUBLICIDADE Depto Comercial: comercialbookaholic@gmail.com GERAÇÃO BOOKAHOLIC é uma publicação independente de Débora Falcão, escritora e viciada em livros. Email: redacaobookaholic@gmail.com Blog: www.geracaobookaholic.blogspot.com ISSN Proibida a reprodução total ou parcial sem autorização expressa dos editores. Todos os artigos aqui publicados são de responsabilidade dos autores, não representando necessariamente a opinião da revista.



LEITORES DIGITAIS E OS CONTOS DE FADAS

LEITOR DIGITAL

Por Cláudia Marini Leonardi Esta edição da nossa revista traz um especial super bacana sobre contos de fadas. Assim que recebi a pauta, comecei a pesquisar o tema e também a refletir sobre ele. Por que será que é tão difícil ver leitores comprando (e lendo) e-books de livros infantis, de contos de fadas? Fiz uma pesquisa informal, desta vez com meus amigos, e comprovei o que eu já imaginava: pouquíssimas pessoas leem contos de fadas em formato digital. De onde vem esta resistência? Na minha opinião, é algo cultural. Os adultos já se renderam à praticidade do livro digital, à facilidade de transporte e de armazenamento. Agora, na hora de ler para a criança, ainda procuram o livro físico. Aquele momento mágico, de ler junto, folheando o livro, parece que o ebook ainda não conquistou. Convidei a Camila Cabete, que é responsável pelo atendimento da Kobo (Senior Publisher Relations Menager, Brazil), para responder algumas quêstões sobre nosso tema. Agradeço à Camila, que é sempre muito gentil, atenciosa e competente.

sado, pois as livrarias físicas têm espaço limitado e fazem sempre as escolhas de forma a priorizar a lista de mais vendidos. Portanto, se o autor é novo, esquece... Isso não acontece no digital. Tanto é que vendemos muito cauda longa (vide artigo Leitor Digital da edição #3) e não nos limitamos à lista de mais vendidos. Você tem algum comentário, dica e opiniões sobre este tema? Camila: Leiam mais! Os valores de ebooks são muitoi mais em conta, e você tem uma livraria dentro do seu smartphone (ou leitor digital, ou tablet) vinte e quatro horas por dia e todos os dias... Não temos mais desculpas para não ler! 

LENDO LIVROS INFANTIS DIGITAIS Podemos imaginar que a leitura de livros físicos para crianças é muito mais interessante. Mas se nunca testarmos, jamais saberemos como será ler para as nossas crianças em um formato digital. Afinal, nossos filhos já nasceram nesta era digital, e é muito mais fácil para eles se identificarem com este formato. Elas se sentem bastante confortáveis com smartphones, tablets, notebooks, entre outros aparelhos, para jogar e se divertir. Geralmente, os pais permitem que os pequenos tenham acesso a esses “monstrinhos” a fim de se distraírem em diversos lugares, como sala de espera em consultórios, no carro no engarrafamento, até mesmo em casa, quando já terminaram de fazer as lições. Por que não experimentar esses mesmos recursos para algo tão bom, igualmente divertido e promotor da cultura quanto a leitura? E se os pequenos pegassem o costume de usarem esses aparelhos digitais para ler? O que você acha disto?

tablet? Não? Me conta! Me escreva! Eu vou adorar saber sua opinião! Para participar da revista Geração Bookaholic é muito fácil. Mande sua opinião sobre qualquer edição da revista, ou um recado para outros leitores, ou mesmo para os nossos editores, através do email redacaobookaholic@gmail.com e coloque no campo assunto “SEÇÃO CARTAS DOS BOOKAHOLICS”. A sua mensagem será encaminhada para o editor ou redator responsável pela seção em que você está comentando, será respondida, e em seguida será publicada, na edição seguinte, na seção Cartas dos Bookaholics. E você poderá acompanhar suas perguntas e respostas, opiniões, comentários, e várias outras informações, além de sugestões para novas matérias. Participe conosco, respondendo também a enquetes lançadas por nossos editores, como a enquete sobre Livros Digitais que lançamos na edição #3. Essas enquetes estão disponíveis tanto em nosso blog GeracaoBookaholic.blogs pot.com ou mesmo em nossa fanpage no Facebook @GeracaoBookaholic. Um grande abraço e até a próxima edição!

É A SUA VEZ! Como você analisa hoje o mercado de livros digitais infantis no Brasil? Camila Cabete: Os pais ainda não descobriram que os tablets são também fonte de literatura infantil. As crianças consomem mais jogos do que e-books. E a gente sabe que isso é questão de curadoria e direcionamento. Precisamos educar os pais, antes de falar que as gerações novas não leem.

E quanto a você, leitor da Geração Bookaholic? Compra e lê livros infantis em formato digital? Ou prefere os livros físicos? Já experimentou alguma vez ler e-book para seu filho dormir ou deixar ele ler algum livro infantil digital em seu aaaaaa

As editoras exploram adequadamente este nicho? Camila: As editoras estão tendo dificuldades em realizar um marketing e merchandising adequado para os livros digitais. Não só em relação ao infantojuvenil. Na sua opinião os autores de livros infantis são resistentes ou vêm com bons olhos os e-books infantis? Camila: Os autores, alguns, ainda são presos ao formato impresso, e ver o livro na livraria... Só que isso é coisa do passa Esta seção vai trazer para você, em todas as edições da Geração Bookaholic, tudo sobre leitores digitais e livros digitais, e o que tiver de informações sobre o mundo digital para a leitura. Sugestões de matérias e reclamações, envie para redacaobookaholic@gmail.com

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Geração Bookaholic – Sua Revista Literária



K. F. ZACHARIAS: ADORMECENDO NA ESCURIDÃO Por Débora Falcão Era uma vez uma princesa. O nome dela era Aurora. Mas, agora, imagine um lugar totalmente diferente do que você pensou inicialmente. Lutas, guerras, autoaceitação, provas específicas, a luta por um reino. Tudo isso parece ser tirado de um conto de fadas. Agora pense em outra época e na magia de forma bem diferentes e crie uma saga sombria. São elementos cheios de mistério que vão te prender do início ao fim das páginas do livro “Adormecendo na Escuridão”, primeiro livro da saga Bela Adormecida, de K. F. Zacharias. Autora super talentosa que nos concedeu entrevista exclusiva, que você confere agora!

minha releitura. Fui mais fundo em alguns pontos, pesquisei muito sobre o poder dos elementos, a tábua de Esmeralda, sobre religião celta e também sobre lendas e contos diversos. Assim, temos magia em Valescia no poder dos eleitos, temos seres criados a partir de rituais mágicos como os protetores e ainda teremos muito a descobrir já que a princesa Aurora precisará de algo muito poderoso para despertar sua mente e seu corpo do estado de dormência que o veneno a coloca.

sa, a Malévola, e qual a razão da escolha deste nome? KFZ: A Radassa, a Rainha Malévola, foi um dos personagens mais difíceis de construir. Pesquisei muito, até consultei um psicólogo para criá-la. Queria fugir ao máximo do maniqueísmo, queria uma personagem complexa, cheia de conflitos internos e com comportamentos nada bons, mas que fizessem todo o sentido para a personagem. Quanto ao nome Radassa, pesquisei por um nome forte, o próprio nome já remete a uma goveraa

A princesa Aurora é bem diferente das princesas retratadas nos contos de fadas, principalmente na Bela Adormecida, que não dorme no início do livro, ao contrário, passa por muitas aventuras e muitas reviravoltas antes que o fatídico momento aconteça, deixando o leitor sem fala. Como foi recriar esta princesa de forma imperfeita, dual e guerreira? KFZ: A princesa Aurora desde o início em minha mente tinha que ser uma personagem ativa em minha história, e não apenas uma vítima dos acontecimentos que a rodeiam. A Aurora poderia sofrer com os acontecimentos dramáticos, mas isso sempre teria que fazê-la amadurecer e deixá-la mais forte. Todos temos muitas dualidades dentro de nós, somos imperfeitos mas temos que lutar por aquilo que acreditamos, e foi isso que me inspirou a criar a princesa. Rainha Malévola. Uma personagem que dá o que falar. Ela é uma personagem maniqueísta ou uma personagem dual? Como foi construir Radasz

nante, uma rainha, e além disso possui uma sonoridade que se assemelha a um sibilar de serpente, que impõe respeito e certo temor. Qual foi sua maior dificuldade no momento da escrita do livro e da trilogia? O que foi mais difícil de adaptar, qual personagem foi mais complicado de colocar neste teu universo? KFZ: Um dos pontos difíceis foi verificar todos os personagens, assegurar de que estavam coerentes, curiosos e humanizados. Todos os personagens são um pouco de mim, e encontrar alguns sentimentos em mim e ir fundo para que eu pudesse retratar cada personagem foi bastante desafiador. A Radassa foi difícil e também os personagens duplos, dissimulados, foram um grande desafio para mim. Você disponibilizou o prólogo e alguns capítulos para leitura gratuita em seu site. Fale-nos sobre esta iniciativa e como os leitores podem adquirir tanto os capítulos gratuitos quanto os exemplares de seus livros – onde estão à venda. KFZ: Os capítulos gratuitos estão disponíveis no SagaBelaAdormecida.com.br e também no site e aplicativo da Amazon. O livro só está disponível para compra no site da Amazon em formato digital.

ESTANTES

Primeiramente, gostaria de agradecer a você, Karen, por nos ter dado esta oportunidade de entrevistá-la para a Revista. Muito obrigada! K.F. Zacharias: Eu que gostaria de agradecer pela oportunidade de estar aqui. Fiquei muito feliz com o convite de vocês! Você vem com uma saga incomum. Saga A Bela Adormecida, tendo como seu primeiro livro “Adormecendo na Escuridão”. Por que usar o conto de fadas “A Bela Adormecida”? O que este conto de fadas significa para você, como leitora, como autora, como pessoa? KFZ: Os contos de fadas fazem parte da nossa infância, eles nos ensinam sobre o bem, sobre o mal, os comportamentos que devemos ter ou não. Eu tive minha infância repleta de histórias e os contos de fada estavam bastante presentes, sempre. A Bela Adormecida, em especial, era um dos meus contos favoritos. Apesar de o conto ser de outra época e de passar uma imagem feminina frágil e sem atitude, o que me chamava a atenção era a magia, a coragem que se sobrepõe a um grande mal e o amor, que pode vencer qualquer batalha. “Uma sucessão de acontecimentos tensos e dramáticos”. Uma frase em seu site oficial que basicamente nos dá uma sensação do que está por vir, antes de ler o seu livro “Adormecendo na Escuridão”, o primeiro da trilogia A Bela Adormecida. Como surgiu, exatamente, a ideia de escrever uma releitura tão diferente e inusitada do conto de fadas? KFZ: A ideia surgiu em um momento que eu precisava extravasar e acabou unindo a minha necessidade de criar à enorme saudade que eu tinha da minha casa. Foi em um momento de fragilidade em que eu buscava conforto nas minhas fotos e lembranças que encontrei meu livro de infância A Bela Adormecida. Ao folheá-lo, comecei a rever os personagens e me desafiei a escrever uma nova versão do conto. Sentei e comecei o roteiro na mesma hora.

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Como a magia está presente neste teu novo conto de fadas? Como se deu a pesquisa para a parte mágica de tua trilogia? KFZ: A magia em meu ponto de vista sempre foi parte essencial do conto e por isso ela tem grande importância na aaa Geração Bookaholic – Sua Revista Literária

Uma mensagem para seus leitores! KFZ: Quero agradecer imensamente a todos que me acompanham desde o início neste projeto e dizer que estamos trabalhando duro e com muito carinho. Minha maior felicidade é receber lindas mensagens de pessoas que entraram neste universo e se apaixonaram por Valescia e seus personagens. É extremamente gratificante saber que algo que estava apenas em minha cabeça hoje já está compartilhado com milhares de pessoas! Muito obrigada a todos! ■


PAULA MASTROBERTI: ENTRE HQs E BIOGRAFIAS DAS PRINCESAS DE UM JEITO DIFERENTE Por Suelane Passavante

Graduada no curso de bacharelado em Artes Plásticas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul e pós-graduada com doutorado em Letras pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, a autora Paula Mastroberti atua como artista plástica, ilustradora, escritora e quadrinista, e também como professora do Instituto de Artes da UFRGS. Ainda assim, arranjou um tempinho para conversar com a Geração Bookaholic sobre suas duas obras: “Adormecida: Cem Anos Para Sempre” e “Cinderela – Uma Biografia Autorizada”, e você confere agora!

Por que você demorou a publicar “Adormecida”? Paula: Pelos seguintes motivos: a) o estilo de quadrinhos de Adormecida era muito europeu e não foi muito compreendido pelos editores, que associavam quadrinhos à leitura infantil; b) não era comum uma mulher fazer quadrinhos no meu tempo, e era muito difícil entrar nesse meio; c) Adormecida exigia uma alta qualidade de impressão, o custo era muito alto, o que inviabilizou sua publicação na época.

eu não trabalhava nela diretamente o tempo todo. Aliás, a recriação desse conto vinha sendo trabalhada por mim anos antes, e eu tenho uma primeira versão dela em quadrinhos, que nunca foi publicada. Qual seu conto de fadas favorito? E qual o livro você gostou mais de escrever? Paula: Não tenho resposta para essas questões. Não sei qual é o meu conto de fadas favorito porque há muitas versões

“Tudo é linguagem, vivemos na linguagem. Se faço arte da linguagem, transformo a vida em arte.” Quando surgiu esse seu amor pela arte e pela escrita? Paula Mastroberti: Sempre fui estimulada, desde criança, nas áreas da arte, incluindo a música. Sempre gostei de escrever, de ler, de desenhar e pintar. Na música, toco violão e fiz canto durante alguns anos. Você sempre gostou de contos de fadas? Como você vê esse interesse atual pelas releituras dos contos de fadas? Paula: Sempre gostei de contos de fantasia e de literatura fantástica, sobretudo quando acompanhada de ilustrações. Acho que o interesse não é atual; na verdade, dou entrevistas sobre o assunto desde que comecei minha carreira como escritora e quadrinista (isso já faz mais de vinte anos) e sempre me fazem essa pergunta. Significa que o interesse é desde sempre, porque o fascínio pelos contos de fadas, na verdade, vem junto com o interesse pelas mitologias, que são as narrativas mais antigas do mundo. Como foi que surgiu a ideia de escrever “Adormecida – Cem anos para sempre” em HQ? Paula: Veio exatamente do meu gosto pelos contos de fadas e pela vontade de me apropriar dessas narrativas de fantasias europeias?

Quando você escreveu “Cinderela – Uma Biografia Autorizada”, você tinha um público específico que queria atingir ou não? Você demorou muito para escrevê-la? Paula: Nunca penso em público leitor, quem pensa isso é a editora. Eu não sei exatamente o que se pensa quando se pergunta sobre o tempo que leva para se escrever e ilustrar uma obra... Cinderela levou dois anos, mais ou menos, para ser escrita e ilustrada, mas eu

ACONTECEU! LANÇAMENTO DO “LIVRO DELAS”

sões de um mesmo conto... Cinderela, por exemplo, tem mais de 400 versões espalhadas pelo mundo, inclusive uma versão no Brasil. Eu não conheço todas, mas conheço as versões da Itália, da França, da China, da Alemanha. Também não tenho livro favorito. Escrevi todos com o mesmo prazer, ou não os teria escrito. Já está pensando numa nova obra literária? Se sim, pode nos contar um pouco? Paula: Não. Tenho escrito muita poesia. Mas perdi o interesse no mercado editorial do nosso país. Tenho participado de algumas produções independentes e produzido livros artesanais. Alguma mensagem para os leitores da Geração Bookaholic? Paula: Só quero agradecer a todos pelo interesse em meu trabalho. Muito obrigada! Paula Mastroberti tem outros livros além de “Adormecida: Cem Anos Para Sempre” e “Cinderela – Uma Biografia Autorizada”. Para encontrá-la é super fácil: basta acessar seu perfil no Facebook. Ela responde às mensagens quando tem tempo, mas nunca as deixa de responder! ■

No dia 28 de agosto, das 10h às 12h na Bienal Internacional do Livro de São Paulo, no estande da Rocco, aconteceu o lançamento oficial de “O Livro Delas”, uma antologia de contos organizada por Renata Frade, uma de nossas redatoras e também sócio-fundadora da empresa Punch! além de Mestre em Literatura. “O Livro Delas” reuniu nove autoras em diversos estilos, desde chick-lit a romances, de aventura, drama e denúncia social. São nove contos escritos por nove autoras do circuito de literatura nacional, e o livro foi publicado pela Editora Rocco. Estiveram presentes para a sessão de autógrafos as autoras: Bianca Carvalho, Chris Melo, Carolina Estrella, Fernanda Belém, Fernanda França, Graciela Mayrink, Leila Rego, Lu Piras e Tammy Luciano, além da organizadora, Renata Frade. “O Livro Delas” é o primeiro projeto multiplataforma de literatura nacional para jovens no país da LitGirlsBr, criado pela empresa Punch! O livro pode ser adquirido nas versões física e digital. A versão digital conterá, além dos contos, entrevistas e artigos exclusivos que abordam a importância da literatura nacional destas autoras na formação de leitores e no crescimento e amadurecimento do mercado editorial nacional: as jornalistas e blogueiras Frini Georgakopoulos e Melissa Marques, além da Doutora em Educação pela USP e professora adjunta da UFSB Gabriela Rodella. Além da obra, um aplicativo inédito de literatura nacional para jovens, com conteúdos exclusivos sobre estas autoras, foi lançado pela Punch! na ocasião. ■

www.geracaobookaholic.blogspot.com

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ESTANTES

CAMILA FERNANDES: REINO DAS NÉVOAS Por Maria Lygia

CINCO MELHORES LIVROS SEGUNDO Jorge Castro Fúria dos Magos Joyland – Stephen King A 5ª Onda – Rick Yancey

A Arma Escarlate – Renata Ventura As Coisas que Perdemos – Denise

Flaiban

Celular – Stephen King

CINCO MELHORES LIVROS SEGUNDO Paula Mastroberti Cinderela: Uma Biografia Autorizada O Idiota – Dostoiévski

O Cavaleiro Inexistente – Ítalo

Calvino

Fausto – Goethe Ulysses – Joyce Terra Sonâmbula – Mia Couto

Aos 35 anos, Camila Fernandes ganha a vida como tradutora, preparadora e revisora de textos. Já foi ilustradora, mas hoje só desenha para si mesma ou para algum projeto que a cative demais. Quando há tempo, escreve. Quando há dinheiro, viaja. Esta é a autora de Reino das Névoas, e dedicou um tempo a uma entrevista para a Geração Bookaholic, que você confere agora! Você já pensou em cursar psicologia. O que te dissuadiu dessa área? O que te levou a trabalhar com literatura? Camila Fernandes: Foi muito simples: percebi que não queria fazer isso... (risos). Demorei para me encontrar. Quando criança quis ser astrônoma, mas logo me apresentaram à matemática e à física e vi que aquilo tudo não era para mim. Na adolescência quis ser guitarrista. Tive a guitarra, fiz aulas. Até hoje não toco nada. Depois veio essa ideia da psicologia, que acabei descartando antes mesmo de tentar um vestibular, pois não era o que eu procurava. O que eu queria era me conhecer melhor. Buscando, experimentando, fui me achar onde sempre estive: nas letras. Sempre gostei de ler e escrever mais do que de qualquer outra coisa. Faz sentido trabalhar com isso. Qual foi a inspiração para escrever um conto aos 11 anos? Nesta mesma época, quais eram seus interesses literários (livros, autores, etc)? Camila: A culpa é do meu pai e das minhas irmãs mais velhas. Quando nasci, a casa já estava tomada pelos livros e HQs dele. Criança vê, criança imita: não dava para não ler. Havia enciclopédias, livros de aventura e clássicos, mas principalmente gibis da DC e da Marvel, A Espada Selvagem de Conan, as pirações do Moebius e outros autores fora do mundo anglófono, como umas HQs europeias que definitivamente não eram para criança. Com as irmãs, eram as brincadeiras não convencionais, nas quais a Barbie nunca era namorada do Ken, mas arqueóloga, astronauta, deusa ou líder aaa

CINCO MELHORES LIVROS SEGUNDO Larissa Siriani Amor Plus Size Eu Sou o Mensageiro – Markus

Zusak

A Sombra do Vento – Carlos

Ruiz Záfon A Menina que Roubava Livros – Markus Zusak Harry Potter – J.K. Rowling Fazendo Meu Filme – Paula

Pimenta

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Geração Bookaholic – Sua Revista Literária

de gangue, e Meu Querido Pônei tinha asinhas de papel coladas às costas para encarnar o Pégaso. Criávamos muitos personagens. Logo começamos a desenhá-los e a criar histórias e universos separados para eles habitarem. Foi nesse ambiente que me descobri leitora e, quase sem perceber, escritora. Esse conto que escrevi a

Camila: Contar boas histórias, é claro! Divertir, encantar e proporcionar subleitura para quem é de subleitura. Os contos de fadas têm um poder simbólico imenso, tanto é que o gênero sobrevive e inspira centenas de releituras e versões cinematográficas. Quis explorar esse poder usando a fantasia para falar da realidade e das aa

aos 11 anos era uma coisa sem nenhum fundamento histórico sobre um garoto que morava numa aldeia viking. Ainda devo ter uma cópia, que não pretendo jamais mostrar a ninguém (risos). Era parte de um dos universos que nós criamos. Nessa época eu não tinha nenhum interesse literário específico, a não ser os livros do Sítio do Pica-Pau Amarelo, que li e reli com o ímpeto com que a geração seguinte devorou Harry Potter (e este eu devorei também, mas já adulta). De resto, lia o que me caísse nas mãos. Na adolescência comecei a selecionar melhor as minhas leituras. O Morro dos Ventos Uivantes e O Retrato de Dorian Gray foram uma forte influência na época, mudaram meu jeito de escrever. Depois, vieram Entrevista com o Vampiro e as HQs do Sandman.

questões que importam para mim. Você pode ler a aventura de uma princesa que se recusa a casar e, no fundo, perceber que aquela é a história de uma mulher que quer ser livre das imposições sociais.

Seu livro “Reino das Névoas” traz contos de fadas para adultos. Em algumas entrevistas você alertou que não são contos repaginados e que a intenção do livro não é ser uma releitura dos clássicos. Qual é o propósito do livro?

Há influências de contos de fadas clássicos, como Chapeuzinho Vermelho e A Bela Adormecida, em elementos secundários da narrativa. O que mais te influenciou na montagem dos personagens? Camila: A influência dos contos de fada tradicionais, desde os mais conhecidos, como os que você citou, até alguns mais obscuros que garimpei por gostar muito do tema, é tanto espontânea quanto proposital. Eu queria a atmosfera dos contos clássicos, mas com meu toque pessoal. A figura da menina de capa vermelha lidando sozinha com os perigos do bosque é icônica, não pude deixá-la de fora; mas meu lobo é mais amigo que inimigo. O mesmo vale para a Branca de Neve, a filha tomando o lugar da mãe, o antigo dando lugar ao novo na marra. E, numa das versões originais de A Bela Adormecida, a bela do título não é resgatada do sono secular, mas sim, estuprada e deixada ali, do jeito que estava, o que leva a outras consequências. Analisando esse tipo de narrativa, imaginei outras, nas quais os personagens tivessem motivações e reações diferentes. Algumas das minhas protagonistas são meninas mimadas para as quais a entrada no mundo real é um choque, mas reagem a isso se fortalecendo. A princesa não pode passar a vida toda nu-ma torre encantada. Que elementos você usou para montar a aparência dos seus personagens? Eles sofrem influência de pessoas ou situações que você conhece ou vivencia? Camila: Em geral, um personagem surge em minha mente com a aparência pronta. Posso aceitar isso como está ou posso quebrar meu padrão e tentar imaginá-lo de forma menos automática e mais criativa. Faz cinco anos


nos que publiquei “Reino das Névoas” e a maior parte dos contos foi escrita em anos anteriores. Acho que fui muito contida e convencional na caracterização dos personagens; me prendi à ideia da princesa fisicamente perfeita para os padrões de beleza. Foi um elemento clássico que não subverti. Hoje me desafiaria mais. E alguns personagens são influenciados por pessoas e situações reais. Em O Lenhador e a Sombra, me inspirei numa pessoa querida e numa gata de minha família. E sabe como é um presente caseiro? A Espera escrevi para o meu marido. Já as situações de violência do livro são bastante comuns, infelizmente, na vida de muitas mulheres. Como foi o processo de ilustrar seu próprio livro? Camila: Cansativo! (risos) Sempre quis ilustrar meus textos, mas sou uma desenhista lerda e essa é a parte que leva mais tempo. Felizmente, pude desenhar o que queria, no estilo que escolhi. Fiz tanto os esboços quanto a arte final usando pincéis do Photoshop, e usei como referência alguns elementos arquitetônicos de lugares que visitei. No processo de criação de um personagem, o que você preza em sua aparência? Seu lado ilustradora fala mais alto? Camila: Nessa hora, os dois lados berram um com o outro! Como já contei, a aparência do personagem tende a surgir completa ou parcialmente formada em minha cabeça, e aí eu me desafio a sair um pouco do meu padrão e dar a ele características mais particulares. Sempre gostei de desenhar os personagens, e na adolescência, quando tinha mais tempo livre, passava a maior parte do dia fazendo isso. Hoje o tempo é escasso, e acabo escrevendo mais do que desenhando. Nem sempre a aparência é o mais importante. Quais elementos você tenta colocar nos personagens que remeta à personalidade deles? Camila: Tento fazer com que o personagem se revele ao leitor sem que ninguém precise dizer “olha aqui, ele é corajoso, mas tem chulé”. A coragem deve se mostrar na história por meio das a

situações que o personagem se vê e das reações que tem, como acontece quando conhecemos alguém na vida real. O mesmo vale para o chulé. Em Reino das Névoas, eu quis que os personagens crescessem como pessoas ao longo da narrativa, mas já tive minha fase de contos de terror, em que a vida de cada um era só ladeira abaixo (risos). Você já havia participado de algumas antologias. Como esperava que os leitores recebessem sua obra? Foi da forma que você imaginou? Camila: Recebi comentários positivos dos leitores sobre minha participação nas coletâneas, e estar nesse universo também me permitiu conhecer outros escritores, trocar ideias e críticas. Tudo isso tornou minha escrita mais consciente e autocrítica. E também me deu confiança para publicar algo só meu. Mas sou enrolada e, se dependesse só de mim, ainda demoraria a lançar. Uma amiga escritora, Cristina Lasaitis, me incentivou a mandar o projeto do livro para o ProAC. Com isso, ganhei uma das bolsas para publicar e um prazo a cumprir. O livro foi lançado no Fantasticon 2011 e foi muito bem recebido. A editora fechou alguns anos atrás, infelizmente; então, hoje os exemplares físicos que restam estão comigo e ainda vendo alguns. Em 2012, a companhia de teatro Alma Ópera Rock estreou a peça Reino das Névoas - Branca de Neve Revisitada, baseada no seu livro. Como você se sentiu a respeito disso? Camila: Chorei baldes! Como escritora foi uma das experiências mais emocionantes que já tive! O Alma Ópera Rock é um grupo de teatro estudantil de Porto Alegre, e todo ano encenam uma nova peça. A Teté Furtado, coreógrafa, e o Lucas de Melo Bonez, roteirista e diretor, haviam tentado falar comigo quando pensaram em fazer a peça, mas por alguma razão o email nunca chegou. Quando a Teté tentou um novo contato, a peça já existia. Imagine a minha surpresa. Ela me mandou links do Youtube para eu ver uma apresentação, já que não poderia ir a Porto Alegre nas datas certas e assistir tudo ao vivo. O grupo fez um trabalho lindo com p

poucos recursos. Depois, tive o privilégio de conhecê-los pessoalmente. Foi demais! A dedicação deles é admirável! Atualmente você está uma temporada na Espanha. Podemos esperar alguns projetos vindo por aí? Camila: No filme A Grande Beleza, de Paolo Sorrentino, um amigo pergunta ao personagem Jep Gambardella, autor de um livro só, por que ele nunca mais escreveu. Jep responde no tom mais casual do mundo: “Roma me distrai”. Madri distrai, e não é pouco. Para completar, estou com muito trabalho. Morro de dó de deixar toda a inspiração deste lugar acumular e pegar pó, mas o que fazer? No momento, é um prazer e um privilégio ter bons clientes pagando pelo meus serviços, para eu poder comer batata e beber sangria. Mas ainda não há quem pague para eu escrever minhas histórias, e, entre trabalho e passeio, não tem sobrado tempo para a escrita. Estou com um romance que venho escrevendo em doses homeopáticas desde 2014. Vamos ver se nos próximos meses consigo uma folga para terminá-lo. De um jeito ou de outro, volto para o Brasil com muito mais referências. Deixe uma mensagem aos leitores da Geração Bookaholic! Camila: Leiam autores nacionais. E não estou falando de mim. Tem uma nova geração (e outra não tão nova assim) cheia de boas histórias, que pode (ainda?) não ser parte do mainstream, mas está passando madrugadas em claro para contar histórias que querem muito ser contadas. Pesquisem, escolham gêneros e sinopses que mais tenham a ver com seu gosto. Vocês não vão amar tudo, mas vão se surpreender. E leiam mulheres! Há todo um mundo de livros escritos por mulheres que não se restringem ao encontro com o tal homem dos sonhos. Tem de tudo! Não precisam largar seus autores estrangeiros favoritos, é claro que não. Mas vale à pena ampliar o olhar e espiar além das prateleiras das grandes livrarias. Pelo que entendi, é essa a proposta da Geração Bookaholic. Se é assim, eu endosso! E agradeço pela leitura até aqui! Abraços!■

NOVIDADES!

A autora Paula Pimenta, dos livros “Fazendo Meu Filme” e “Minha Vida Fora de Série”, ambos publicados pela Editora Record, também está lançando mais um livro da série releituras de contos de fadas, iniciadas com seu conto “Princesa Pop” na antologia organizada pelo selo Galera Record, chamado “O Livro das Princesas”, com a participação de autoras como Meg Cabot, Lauren Kate e Patrícia Barboza. Este conto rendeu a Paula Pimenta o livro “Cinderela Pop”, que foi o início da série que continuou com “Princesa Adormecida” e, agora, dá continuidade com “Princesa das Águas”. Paula Pimenta contou à Geração Bookaholic, de forma exclusiva, como foi seu lançamento: “Acabei de lançar o livro ‘Princesa das Águas’, inspirado no conto da Pequena Sereia. Estive presente na Feira do Livro de Jaraguá do Sul (SC) no dia 18 de agosto, na Feira Literária de Divinópolis (MG) no dia 21 de agosto, e na Bienal do Livro de SP e foi muito legal receber todo o carinho dos fãs. Foram momentos muito corridos, mas é sempre bom ter essa aproximação.” Paula Pimenta é também capa desta edição, e respondeu a perguntas sobre sua série de releituras, e também sobre sua carreira e seus sucessos, bem como figurar nas listas de mais vendidos no Brasil desde 2012. Vale à pena conferir! ■

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ESTANTES

A CHAVE DO SUCESSO POR TRÁS DO ERA UMA VEZ Por Renata Frade

A publicação de contos de fada transcende fenômenos editoriais, tanto os que vieram para ficar quanto os que foram apenas uma chuva de verão. É muito provável que perdurem por muitos anos. Os elementos narrativos clássicos da estrutura deste tipo de romance continuam tocando os corações de leitores de todas as idades. Ainda representam uma das principais bases da formação de leitura. Contudo, novas versões dessas histórias consideradas canônicas têm agradado em cheio jovens e adultos, que se reconhecem e adoram heróis e mocinhas repaginados com elementos urbanos e contemporâneos. Publicar um romance neste gênero literário representa um grande desafio para um editor. Como evitar a retomada do melhor da tradição de histórias consagradas, como as dos Irmãos Grimm, sem cair no “mais do mesmo”? Como encontrar escritores dispostos a encarar leitores exigentes, que cada vez mais esperam ser surpreendidos em um livro e consideram natural o hibridismo do bem e mal em protagonistas, recorrente na produção ficcional contemporânea de entretenimento? Comandada pela editora-executiva do Grupo Editorial Record, Ana Lima, a Galera Record acumula uma série de best sellers de contos de fadas em seus nove anos de existência. Trata-se do primeiro selo nacional voltado apenas ao público jovem, com mais de 200 autores e responsável por 30% do faturamento do Grupo. Paula Pimenta, Patrícia Barboza, Meg Cabot, Lauren Kate e Carina Rissi fazem parte deste elenco que já produziu versões atualizadas dessas fantasias presentes nas listas dos mais vendidos. Em entrevista para a Geração Bookaholic, Ana Lima apresenta detalhes de sua rotina como editora dos contos de fadas que têm encantado os leitores nacionais. Por que os contos de fadas (novas edições de clássicos) e títulos que são releituras estão mais aquecidos do que nunca no mercado editorial nacional? Ana Lima: São histórias imortais. E um bom livro é uma boa história. Parece óbvio que as princesas de hoje –

mos filmes –, mas ainda tem gente que faz essa associação imediata: princesa, frágil, dependente, precisa ser resgatada pelo príncipe. Recriar e trazer para os dias de hoje ajuda a desmistificar essas figuras femininas tão queridas e também odiadas. É importante mostrar esse outro lado para as meninas. E temos paralelos na vida real, existem princesas e rainhas fortes e independentes. E, claro, nada disso impede que a história tenha romance; romance faz parte da vida! Só que isso não é mais o foco principal.

inspirados em grandes histórias de amor da literatura e temos outro projeto similar para o ano que vem. Como você definiria o que é um conto de fadas contemporâneo? Quem mais consome este tipo de literatura hoje? Ana Lima: Quando modernizamos essas histórias não tiramos sua essência. Ainda são histórias populares com heróis e heroínas, vilões e vilãs, bem e mal, conflitos, medos e sonhos, e fadas. Por que não? Mesmo sem magia ainda temos aquela perso

Ana Lima, Editora-executiva do Grupo Editorial Record Poderia falar sobre a evolução destas publicações nos últimos anos em sua experiência na Galera Record, que lançou obras tão voltadas ao leitor aficcionado também por contos de fadas revisitados, clássicos ou novos, como O Livro das Princesas? Ana Lima: Lançamos “O Livro das Princesas” em 2013 e, no ano seguinte, “O Livro dos Vilões”. Ambos foram muito bem-sucedidos, e Paula Pimenta continuou a coleção das princesas com romances e Carina Rissi vai continuar a dos vilões a partir de 2017. Mas recontos ou livros inspirados em clássicos da literatura não são novidade. Temos inúmeros no mercado. Trazer para o contemporâneo é o desafio. No último dia dos namorados lançamos uma antologia, feita por youtubers, com contos i

sonagem que ajuda no momento crucial. Ou que atrapalha e põe quase tudo a perder. Depende da história. Quais seriam nossos principais expoentes de contos de fadas contemporâneos? Ana Lima: A Meg Cabot fez isso magistralmente em “O Diário da Princesa”; apesar de não ter se inspirado em uma única história, a vida da Mia é um conto de fadas – uma menina que descobre que é princesa! Nos Estados Unidos, atualmente, destaco a Sarah J. Maas, que chegou ao topo da lista do New York Times com dois livros de fantasia que são inspirados em contos de fadas: “Trono de Vidro” (Cinderela) e “Corte de Espinhos e Rosas” (A Bela e a Fera); e a Sarah Mlynowsky (Série Era Outra aaa

Vez). Apesar de para públicos totalmente diferentes – Maas é New Adult e a série de Mlynowsky é juvenil – elas têm muito em comum. Protagonistas femininas e inversões nas histórias. As princesas não vão nem querem ser salvas; provavelmente vão salvar o “príncipe” e/ou ficar independentes, às vezes, inclusive, sozinhas. No Brasil, a Paula Pimenta tem feito isso muito bem, acrescentando elementos indispensáveis para identificarmos o conto original sem usar magia ou fantasia, mas também sem abrir mão do final feliz. Uma coisa curiosa, mas não surpreendente, é que todas as autoras citadas são viciadas em contos de fadas e no universo que os rodeia. Quais são os requisitos para um editor publicar um livro de um autor que produz obras como estas? Ana Lima: Não é fácil. Tem que ser diferente, porque já tem muita coisa no mercado, mas também não pode perder totalmente o vínculo com o conto original. Os contos que lançamos nas duas antologias são ótimos exemplos; Carina Rissi fez da madrasta uma vaidosa viciada em um aplicativo do iPad, Patrícia Barboza colocou a Rapunzel para cantar e vender o cabelo para ajudar um amigo, Fábio Yabu fez um Lobo Mau bom, no melhor estilo monstros desconstruídos, como já vimos em Shrek e na Fera, de A Bela e A Fera. Quais são os elementos narrativos fundamentais em contos de fadas que os tornam tão especiais? Ana Lima: Citei anteriormente. Fadas, bem e mal, heróis e heroínas, vilões e vilãs, conflitos. Uma jornada que leva o personagem a se descobrir, a se conhecer – e não tem realização maior do que esta! É importante ressaltar que os contos de fadas foram originalmente escritos para adultos e trazem temas bem fortes, tais como estupro e outros abusos, muita violência etc. Isso foi mudando com o tempo, principalmente depois do Perrault, autor da mais famosa versão de “Cinderela”. ■


“JÁ CONHECEU UM LIVRO NOVO HOJE?” - CONHEÇA “QUERIDO JAIME”, DE EDUARDO LAGES Por Juliana Cury Eduardo Lages é escritor, trabalha na Avenida Paulista e vende seus livros por lá. Mas não pense que o modo de venda de seus livros é um modo convencional. Ao contrário. Sua postura de vendas é totalmente diferente, e ele conta pra gente com exclusividade essa ideia, e também um pouco sobre seu livro. “Já conheceu um livro novo hoje?” Então conheça “Querido Jaime”! Olá, Eduardo! Apresente-nos o seu livro, “Querido Jaime”! Eduardo Lages: O meu primeiro livro, “Querido Jaime”, fala sobre um idoso, morador da periferia de São Paulo, que vive sempre trancado dentro de casa, evita ao máximo sair, mas em um certo dia, acaba se perdendo no centro da cidade, e é aí que começa o drama e a aventura. Quem passa no número 2000 da Avenida Paulista pode encontrar você, em um estande, vendendo seu livro. Como foi que surgiu essa ideia? E.L.: Surgiu da minha necessidade de expor de forma acessível o que eu estava fazendo. Eu queria que as pessoas conhecessem. Na rua, tudo é muito democrático, do ponto de vista do acesso. Eu vendo o livro pra médicos e advogados, mas também vendo pra donas de casa e pro pessoal que trabalha na limpeza de prédios ali da região. Já vendi até pra alguns policiais, embora eu nem vá muito com a cara da “instituição PM” (risos). Como foi o processo de lançar um livro de forma independente? E.L.: No começo foi muito difícil, mas eu estava com muito gás, então superei numa boa. Agora é que as coisas estão pesando um pouco mais, depois de um ano de projeto. Um ano carregando uma bolsa com 20kg dentro pra lá e pra cá não é brincadeira. Aí vem também a necessidade de se renovar e botar coisa nova na praça. Daqui a pouco eu lanço o meu segundo livro, e tenho algumas novidades, algumas mudanças na “cara” do a

projeto de ativismo literário, a fim de deixar a coisa mais confortável pra mim e mais bonita e interessante pra quem está passando na rua. Essa relação de autor-vendedor com o leitor-consumidor funciona como? E.L.: Isso funciona muito bem. E é delicioso ter contato e o retorno rápido de quem passa ali e já comprou meu livro. As pessoas me dão suas opiniões, e eu vou levando tudo isso em conta, na medida do pos

possível. Além disso, as amizades que eu fiz foram incríveis, gente que eu quero levar pra vida toda. Tanto o relacionamento com os leitores quanto com as pessoas que trabalham ali na rua é muito interessante.

de literatura mesmo. Eu só penso que esse não é o meu jogo, é o jogo só das editoras e dos autores que almejam entrar nelas. Eu curto a maneira livre como eu distribuo meus livros, embora não tenha o alcance tão grande das editoras gigantes, ainda é muito maior que 90% dos autores que eu conheço, que vendem 200, 300 exemplares a cada livro que lançam. Eu sozinho já alcancei milhares de leitores, e estou feliz assim. É claro que se uma Companhia das Letras ou Recc

cord quisesse me editar, eu até pensaria sobre, mas coloca-ria umas condições aí, por exemplo, a de poder continuar vendendo e escrevendo os meus livros na rua, e aí se eles quisessem distribuir pra todo o resto do país, maravilha. Mas eu não vou correr atrás de ninVemos que muitos autores iniciguém. antes tentam entrar no mercado editorial mas, com as editoras Você também dedica o seu temprocurando pessoas que já se- po na avenida para escrever o jam conhecidas nas redes so- seu próximo livro, certo? O ciais, não conseguem. Qual é a “caos” diário de São Paulo serve sua opinião sobre essa nova e como inspiração? cobiçada linha editorial? E.L.: Serve sim! É incrível o quanto E.L.: Eu acho que as editoras estão de material que dá pra extrair da fazendo o jogo delas, que tem de rua e das pessoas que circulam por fazer mesmo, editando essa galera ali. Gosto também da sensação do famosa em redes sociais, YouTube, turbilhão de pessoas passando na etc. para com esse faturamento, minha frente, me observando enpoder fazer também os livros bons, quanto eu escrevo. Tem muito pera a

sonagem pronto na rua, mas o negócio é pegar e dar uma incrementada. Muitas pessoas julgam que o livro está “elitizado” e, por isso, a leitura no Brasil não cresce significativamente. Você concorda com isso? Acha que o seu modelo de divulgação e distribuição ajuda a disseminar a leitura para diversos perfis de pessoas? E.L.: Sim, eu concordo. O livro no Brasil tá meio que preso numa gaiola de ouro. A literatura, então, está presa na torre de um castelo de diamante. Precisa ser resgatada. Eu acho que eu estou fazendo, sim, a minha parte, dando a “cara a tapa” ali. Mas eu não quero dar uma de bom moço também, eu estou ali pra ganhar o meu dinheiro, vendendo o que eu faço com dedicação e emoção. Nada mais justo que todo mundo ter acesso e, além disso, eu também não sou burro de entrar num navio que tá afundando. Escrever pra ganhar cem reais de royalties por mês? Tô fora! Tem muita gente que pode se dar ao luxo de ser publicado por uma editora e ganhar esses royalties, porque é professor de universidade, tradutor, jornalista, e tem um bom salário por causa de outra profissão além da escrita. Mas eu não tenho nada disso, e não tenho outro lugar de onde tirar meu sustento. Por isso prefiro ficar parado na esquina, vendendo eu mesmo meus livros e tirando minha grana. Eu sou pobre e quero continuar pobre para o resto da vida, mas o mínimo que eu espero é poder comer arroz com feijão todo dia, fazendo o que eu quero fazer, que é escrever. E isso eu estou fazendo, tô comendo arroz pra caramba, até engordei uns 10kg depois que comecei a trabalhar na rua (risos). Para encerrar, que tal uma prévia do livro que está por vir? E.L.: O livro novo vai se chamar O Inimigo Íntimo, e é sobre um cara que começa a recordar e contar sobre sua infância de garoto tímido. É um livro que pretende abranger bastante coisa, então, fica difícil pensar numa boa sinopse. Espero lançá-lo dentro de uns dois ou três meses. Vocês ficarão sabendo quando acontecer, eu prometo! (risos). ■

Por Estevão Ribeiro Blog dos Passarinhos


Por Débora Falcão

A autora brasileira Paula Pimenta tem encantado leitores e leitoras por todo o país — e também fora dele. Seus livros têm figurado na lista de mais vendidos, e alguns deles têm promessa de pintar nas telas de cinema. Com o tema alvo o mundo adolescente e todas as suas dificuldades e aventuras, a autora tem conquistado seu espaço. Mas, além disso, ela tem trazido também novas ideias para este mesmo universo, com as releituras de contos de fadas. Duvida? Então vamos ler essa matéria super especial que Paula Pimenta concedeu, com exclusividade, à nossa revista! Confira! Paula, que prazer imenso poder conversar com uma autora tão bem conceituada no Brasil. Aliás, como foi saber que você está entre os 100 brasileiros mais influentes no ano de 2012, segundo a Revista Época? Paula Pimenta: Foi surpreendente! Ter recebido esse reconhecimento da Revista Época exatamente em 2012, que foi o ano que eu lancei o livro “Fazendo Meu Filme 4” — a conclusão da série “Fazendo Meu Filme” — me fez ter certeza de que eu estava indo pelo caminho certo, incentivando cada vez mais crianças e adolescentes a gostarem de ler. Em 2014, você emplacou sete livros na lista dos 20 nacionais mais vendidos, e em 2015 ficou em quinto lugar entre os autores nacionais mais vendidos. Como autora reconhecida, como foi receber estas notícias? Sensação de finalmente dever cumprido, realização profissional? Paula: Sempre é muito emocionante! Em dezembro de 2015, na lista dos 20 nacionais mais vendidos, 10 livros eram meus! Imagina a sensação de saber que você escreveu metade dos livros mais vendidos do país? Às vezes parece até um sonho!

Imagino! (risos) Agora, indo para outro assunto. “Princesa Pop” faz parte de uma coletânea de releituras de contos de fadas. “O Livro das Princesas” incluiu autoras como Meg Cabot (Diário da Princesa) e Lauren Kate (Fallen). Como foi participar de um projeto internacional como este? Paula: Foi muito gratificante, especialmente porque a Meg Cabot é a minha autora preferida. Quando me convidaram para fazer parte do mesmo livro que ela, eu nem acreditei, foi mais do que um sonho realizado! Foi lendo “O Diário da Princesa” que eu percebi que os diários que eu escrevia na minha adolescência também tinham muita história para contar... Então a Meg teve muita influência na minha carreira de escritora. “Cinderela Pop” é um livro mais completo do conto “Princesa Pop”, do “Livro das Princesas”. Uma versão estendida, digamos assim. Era uma coisa que você quis fazer quando escreveu “Princesa Pop”, e achou que a ideia merecia muito mais páginas, ou você teve a ideia antes, e reduziu para conto para o “Livro das Princesas”? O que veio primeiro? Paula: “O Livro das Princesas” teve um limite de número de páginas para cada autora, já que era um livro com quatro contos. Mas eu gosto de escrever muito, geralmente meus livros têm mais de 300 páginas... Então, foi muito difícil me conter, acabei cortando grande parte da história para

“Minha ideia original é escrever releituras contemporâneas de contos de fadas clássicos. Mas vem novidade por aí!” Paula Pimenta ra caber. Então, quando veio a ideia de escrever a série das princesas, pude resgatar minha versão original — que era maior que a que entrou em “O Livro das Princesas” — pois aí já não seriam mais contos, e sim, livros mesmo. Você pretende escrever mais livros com essa mesma ideia — releituras de contos de fadas? Qual a sua ideia? Conte pra gente! Paula: Sim, minha ideia original era escrever releituras contemporâneas de Cinderela, A Bela Adormecida, A Pequena Sereia, A Bela e A Fera e Branca de Neve. Esses dois últimos ainda vou escrever, mas agora tem outra princesa que talvez ganhe uma versão minha... Ainda não posso revelar quem é porque ainda não tem nada confirmado, ainda estou pensando nessa possibilidade... Hum... Sinto cheiro de muitas novidades e muita coisa legal! (Risos) Mais uma temporada de “Minha Vida Fora de Série”. A terceira temporada chegou com tudo ano passado, e já conquistou seus leitores, que te acompanham desde “Fazendo Meu Filme — A Estreia de Fani”. Como você se sente vendo que seus personagens amaaa

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Geração Bookaholic – Sua Revista Literária

durecem juntamente com seus leitores? Paula: Adoro quando os leitores bem antigos aparecem nos lançamentos! Uma menina que, por exemplo, tinha 15 anos quando lancei “Fazendo Meu Filme 1”, hoje está com 23! É muito boa a sensação de saber que esses leitores continuam me acompanhando e fico feliz quando me falam que cresceram junto com meus personagens! Muita gente também me conta que os livros de certa forma ajudaram nesse crescimento, pois acabaram passando pelos mesmos dilemas dos personagens. Você prometeu em seu site fazer uma espécie de crossover entre Fani, de “Fazendo Meu Filme”, e Priscilla, de “Minha Vida Fora de Série”. Você pode adiantar para a gente alguma coisa? Paula: Na verdade esse crossover já existe desde a primeira temporada de “Minha Vida Fora de Série”. Esse livro é um spin-off de “Fazendo Meu Filme”. Eu peguei uma das personagens secundárias e iniciei uma nova história contando a vida dela. Por isso, os dois livros se cruzam, os personagens são os mesmos e também a maioria dos cenários. “Fazendo Meu Filme” finalmente vai virar filme. Quando você escreveu, você esperava que fosse alcançar essa marca? Paula: Não só “Fazendo Meu Filme”, vendi os direitos de todos os meus livros para o cinema! Eu não esperava, quando eu escrevi “Fazendo Meu Filme” pensava que apenas as minhas amigas iriam ler! Nem mesmo pensava em publicar... E mesmo quando isso aconteceu, não imaginava que tanta gente iria gostar do livro, foi uma surpresa e tanto! E como foi quando te procuraram para adquirir os direitos de produção do filme? Como você se sentiu? Paula: É um grande reconhecimento, mas ao mes


mudado, já tinha vários adolescentes! E em “Fazendo Meu Filme 3”, a fila continuou até bem depois do horário da livraria fechar. E quando lancei “Fazendo Meu Filme 4”, foi a primeira vez que gritaram quando eu cheguei a um lançamento, foi uma grande surpresa, eu não sabia que gritavam para escritores, pensei que só popstars causassem essa euforia!

mesmo tempo dá um certo ciúme... Eu ainda não estou preparada para ver os meus personagens como “pessoas reais”, pois eles já existem na minha cabeça! (risos) Mas estou me acostumando com a ideia... No caso da adaptação de “Fazendo Meu Filme” para os cinemas, você vai ter direito de opinar em algumas coisas, como seleção de atores, adaptação de roteiros, ou alguma outra coisa? Ou só vai esperar ficar pronto e assistir na pré-estreia? Como será isso? Aliás, como está a sua empolgação para essa nova fase? Paula: Sim, eu vou poder opinar em tudo! O pessoal da produtora é muito legal. Eles querem que eu ajude em todas as fases! Então vou acompanhar tudo muito de perto e isso me deixa um pouco mais tranquila, pois, como eu disse, é difícil imaginar todo aquele mundo que eu criei tomando vida. “Fazendo Meu Filme” também tem HQ! O segundo volume saiu ano passado (2015). Como foi a produção de sua história para o gênero? Como foi escrever e adaptar para HQ? Você conseguiu ajuda, teve um co-autor? Ou escreveu a história e outra pessoa adaptou para HQ? Como foi o processo para escrever desse jeito? Paula: Eu sempre escrevo tudo. Faço primeiro em forma de texto, como se fossem capítulos extras dos livros, e então encaixamos as frases nos balões. E para o desenho dos personagens eu fiz um verdadeiro retrato falado para que os desenhistas os retratassem exatamente como eles são na minha cabeça. Ficou tudo muito fiel à minha imaginação! Falando em “Fazendo Meu Filme”, é verdade que Fani é inspirada em você, e as coisas que ela vive nos seus livros também são inspiradas em suas próprias experiências? Como foi criar as situações de FMF? Paula: Não digo “inspirada”, mas ela se parece um pouquinho comigo sim... Eu também sou introvertida, sonhadora, amo cinema e adoro ficar em casa! O “Fazendo Meu Filme 1” foi um pouco inspirado em acontecimentos da minha adolescência, mas apenas ele. A partir daí, usei muita imaginação e deixou de ser a minha vida para se a

De todos os seus personagens, qual o seu preferido e por quê? Paula: A Fani. Porque ela foi a minha primeira protagonista e, como eu disse, ela tem um pouquinho de mim...

tornar a vida da Fani. Até onde existe Fani, até onde é Paula Pimenta na personagem? Você pensa da mesma maneira que ela, ou vocês são totalmente diferentes? Paula: Acho que a Fani aos poucos foi se distanciando de mim ou eu que fui mudando... Atualmente, por ter que lidar com o público, acabei me tornando bem menos tímida. E eu também corro mais atrás das coisas que eu quero do que ela. Acredito que hoje em dia eu seja um mix de Fani com Priscilla (de Minha Vida Fora de Série). Quando você percebeu que sua profissão de escritora havia ultrapassado suas expectativas, e se tornou famosa, com direito a autógrafos por onde passa? Paula: Foi gradualmente... No lançamento de “Fazendo Meu Filme 1”, só tinha amigos e família. No lançamento do livro 2, o público já havia aa

Você pensa em escrever para outros públicos, que não somente o infanto-juvenil? Ou este é realmente seu público alvo favorito e suas ideias são ilimitadas? Paula: Na verdade, quando eu comecei a escrever, nem tinha ideia de que iria agradar os adolescentes. Eu escrevi um livro que eu gostaria de ler. Imaginei que as minhas amigas é que iriam gostar, ao se lembrarem da nossa adolescência. Foi uma surpresa atingir os adolescentes de hoje, isso me fez perceber que essa fase da vida é a mesma em qualquer geração. Acho que, exatamente por isso, meus livros costumam agradar a qualquer faixa etária. Além disso, meus personagens vão crescendo no decorrer dos livros. A Fani no livro 1 tinha 16 anos e no último livro já tem 24. A Priscilla começou com 13 e no livro 3 ela já tem 19. Então são histórias que narram experiências que qualquer pessoa já passou ou ainda vai passar. Muitas vezes as mães chegam com as filhas nas sessões de autógrafos dizendo que as duas são minhas leitoras! Fico muito feliz com isso! Aliás, hoje mesmo recebi o e-mail de uma dessas mães, que tinha acabado de ler o meu livro novo, e ela concluiu o e-mail dizendo: “Você não é escritora de adolescentes, e sim de quem gosta de um lindo romance!” Uau! Adorei o e-mail, adorei o feedback! Deve ser mesmo muito bacana ter esse tipo de resposta quando a gente faz um trabalho tão dedicado. Parabéns, Paula! Você merece! Paula: Ah! Obrigada! (risos) Você costuma palestrar em escolas. Em quê consistem esses encontros? E como as escoa

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GUIA DO LEITOR PAULA PIMENTA Atenção leitor! Se você não conhece e está interessado em conhecer mais os livros de Paula Pimenta, então se liga, porque a Geração Bookaholic preparou um Guia do Leitor para você começar a ler agora mesmo. Então, o que está esperando? Vamos lá! 1.

Fazendo Meu Filme

Começando com “A Estreia de Fani”, você tem quatro livros para acompanhar, e também HQs. Então, se liga na ordem das capas para não se perder! 2.

Minha Vida Fora de Série

A história é dividida em temporadas, como as séries de TV, onde a autora se inspirou. Já há três temporadas publicadas, então, não deixe passar nenhuma! 3.

Releituras dos Contos de Fadas

las podem entrar em contato com você para entrar em seu roteiro, em sua agenda? Paula: Eu conto como foi a minha trajetória desde a época da escola, os alunos sempre ficam muito interessados, pois muitos também gostariam de se tornar escritores e eu explico como isso foi acontecendo aos poucos na minha vida. Também respondo perguntas, falo dos livros... É sempre muito interessante e divertido! Adoro visitar escolas. Essas visitas devem ser marcadas direto com o pessoal da editora Gutenberg, pois eles que cuidam da minha agenda.

inspirado no conto da Pequena Sereia. No fim de agosto, lancei “Fazendo Meu Filme 3” em quadrinhos. Estou escrevendo “Minha Vida Fora de Série 4” e também o primeiro de uma nova série (ainda sem nome definitivo) sobre uma garota que ama ler. Espero terminar algum deles para lançar no final do ano.

O que seus leitores podem esperar roendo as unhas? Quais seus próximos projetos? Adianta pra nós! Paula: Eu acabei de lançar “Princesa das Águas” a

18/08 – Feira do Livro de Jaraguá do Sul (SC) 21/08 – Feira Literária de Divinópolis (MG) 27, 28 e 30/08 e 03/09 – Bienal do Livro de SP 16/09 – Fliaraxá (MG)

Conta pra gente sua agenda 2016. Onde você vai estar neste segundo semestre? Paula: Meus eventos confirmados para este segundo semestre são:

A autora pretende publicar mais livros, mas, até o momento da publicação desta edição, temos já três publicados: “Cinderela Pop”, que é uma versão estendida do conto “Princesa Pop” publicado em “O Livro das Princesas” (que você também pode ler, mas antes do livro da Cinderela), em seguida vem o “Princesa Adormecida”, e logo depois “Princesa das Águas”. Então, fique atento porque a Paula prometeu novidades desta série muito em breve! 4.

Apaixonada por Palavras

O mais recente livro da Paula até o momento, é um livro sobre uma garota que adora ler. Vale à pena conferir este lançamento que promete ser mais um best seller na lista da autora!

Deixe agora uma mensagem para seus leitores! Paula: Muito obrigada pelas mensagens que vocês sempre me mandam falando sobre os meus livros, vocês nem imaginam como isso é importante! É por saber que vocês gostam tanto das minhas histórias que eu quero escrever cada vez mais! Paula Pimenta está sempre por perto de seus leitores. Ela sempre lê as mensagens que eles mandam através de e-mail, embora não tenha mais tempo como antes de responder. Mas pode ter certeza que ela sabe de tudinho! E seu site está sempre atualizado, com as informações sobre sua agenda, novidades, livros, tudo o que você precisa saber sobre a autora. Dá uma passadinha por lá e confira. Tenho muito orgulho de ter entrevistado esta autora super carismática, alegre e simpática. Sucesso! ■

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Geração Bookaholic – Sua Revista Literária



CONTRACAPA

PÁGINAS AO VENTO

Por Helena Souza

Por Juliana Cury

Os Contos Hoje

Febres Literárias

Coincidentemente, nesses últimos dois meses na faculdade, um professor pediu para que a turma escolhesse um tema para fazer o início de um projeto de TCC. Para isso, entre os artigos que tive que ler, estava um sobre as histórias dos Irmãos Grimm, ele as abordava na visão feminista. Não me entendam errado, eu gosto dessas histórias, mas é que... Bom... Elas são velhas demais e erros considerados “ok, é comum” no passado não são mais vistos dessa maneira. É bonito ver que sonhos podem ser realizados e que coisas impossíveis são possíveis de acontecer. Eles mostram uma história em que o amor é tão idealizado que acaba tocando a pessoa menos romântica. Mas o quanto as mulheres, de maneira consciente, levam dessas histórias para a vida real? Quantas mulheres se forçam a serem delicadas e meigas, quando na realidade são bem diferentes disso, só para ter maiores chances de serem olhadas

por

suas

paixões?

Será

que,

novamente,

inconscientemente, elas pensam que, se não fizerem a linha princesa, as coisas não darão certo em suas vidas? Posso deixar essas perguntas por aqui, deixar que cada um reflita nas possíveis respostas. É necessário isso. Porém, problematizar contos de fadas não significa excluir todos eles de nossa vida. Podemos continuar assistindo A Bela Adormecida e Branca de Neve e os Sete Anões, mas sabendo que o verdadeiro não surge assim, somente de um olhar — ainda

mais

com

beijos

em

pessoas

desconhecidas

e

desacordadas! Podemos continuar assistindo A Bela e A Fera sabendo que prender alguém é errado e que, na verdade, ninguém deve pertencer ao outro, somente a si mesmo. Podemos assistir Frozen e saber que ali mostra que não há amor maior do que daqueles a quem chamamos de família. Ano que vem poderemos assistir Moana e saber que não precisa ser nosso foco encontrar um amor antes dos 20, e que isso não tem problema algum.

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Em 2014 tivemos os livros eróticos, em 2015 foram os livros de colorir, e em 2016 são os livros de youtubers. Faz alguns anos que a grande parte do faturamento do mercado editorial é movida por alguma febre ou onda literária: chega com muita força, dura por alguns meses e depois se dissolve. Junto com elas chegam algumas questões sobre o assunto: “Qual será o próximo sucesso?”, “Esse tipo de leitura vale à pena?”, “Que tipo de leitor estamos formando?” Principalmente durante a fama dos livros de colorir, muitas pessoas julgavam que eles nem eram livros de verdade. Já com as biografias de youtubers, o comentário principal é de que não é uma leitura que valha à pena. Na minha opinião, temos dois jeitos de encarar, e eu prefiro ver pelo lado positivo. Apesar desses gêneros literários, na maioria das vezes, não conterem uma literatura de peso, eles ainda são livros que estão sendo lidos. Embora eu ache que não podemos nos iludir achando que o número de leitores brasileiros aumentou só por causa do alto número de vendas dos títulos “em alta”, acredito que eles exerçam uma função importante: aproximar o cidadão da livraria. Pode ser que eu esteja sendo positiva demais, mas imaginem alguém que não tenha o hábito de ler e vai até a livraria para comprar um livro de colorir. Seu único intuito é relaxar com a pintura dos desenhos. Ao chegar lá, a pessoa se depara com uma infinidade de livros de milhares de assuntos, ou seja, é quase impossível que nada lá desperte algum interesse. Se isso acontece com todos? Claro que não! Mas se 10% dos que compraram livros de colorir aproveitaram a visita para comprar outro livro, já estamos um passo à frente. Quanto aos livros de youtubers ou os eróticos, eu nunca li nenhum. Mas a minha opinião é a seguinte: se não fizer mal, faz bem. Contanto que o livro não tenha nenhum conteúdo maldoso (preconceituoso, por exemplo), a leitura fará um bem para quem está lendo. Talvez seja a partir de uma biografia de uma web celebridade que o leitor descubra um gosto por leitura, até então oculto. E como podemos contribuir? Para mim, o importante é continuar a incentivar o hábito de ler nessas pessoas. Não podemos deixar que eles gostem somente do gênero que está em alta no momento, mas apresentá-los outros gêneros. Não para excluir o primeiro, mas complementá-lo! Ao invés de encarar as febres literárias como vilãs para o mercado editorial, eu prefiro ver como uma possibilidade de atingir um público totalmente diferente. E vocês, o que acham?


REDESCOBRINDO O BRASIL

LETRAS FANTÁSTICAS Por Roberta Costa

Por Débora Falcão

O Brasil das Fadas

O Mundo Mágico de Monteiro Lobato

“Tudo tem origem nos sonhos. Primeiro sonhamos, depois fazemos” (Monteiro Lobato) Nessa edição, gostaria de lembrar um personagem de grande importância no Ramo Literário Nacional, nosso querido Monteiro Lobato. José Bento Renato Monteiro Lobato, nascido em 18 de abril de 1882 em Taubaté, foi, sem dúvida, um dos mais influentes escritores nacionais, com destaque para suas produções na área da Literatura Infantil, que dentre as mais famosas destacam-se: “Reinações de Narizinho” (1931), “Caçadas de Pedrinho” (1933) e “O Pica-Pau Amarelo” (1939). Contista, ensaísta, tradutor e formado em Direito, chegou a atuar como Promotor. Mais tarde, com uma extrema mudança em seu estilo de vida, passou a publicar seus contos em jornais e revistas e tornou-se editor, promovendo diversas renovações em livros didáticos e infantis, que antes eram editados apenas em Paris e/ou Lisboa.

Quem disse que contos de fadas é só para europeus? Quem disse que do lado de cá do Atlântico e do Equador não tem contos de fadas? Claro que tem! Só precisamos prestar a devida atenção e saber para onde olhar. Mas, para dar uma ajudinha, a coluna Redescobrindo o Brasil está aqui. As fadas não são nossas compatriotas culturais. Nasceram nas religiões antigas europeias, como a Celta, a Nórdica, entre outras. Mesmo assim, é possível encontrar versões desses contos em outras regiões, como na China, na Índia, no Japão e outros lugares. Mas nós podemos fazer nossas próprias versões dos contos de fadas, com toda a fantasia a que temos direito: bruxas, vilões, príncipes e princesas prometidos um ao outro, cavaleiros, mocinhas que precisem ser resgatadas — ou mocinhas que resgatam. Somos um produtor tanto de contos de fadas quanto de releituras desses contos. Duvida? Vou dar apenas algumas sugestões. Algumas delas, você verá aqui, nesta edição, em reportagens, entrevistas e resenhas. Então, vamos lá.

Com um estilo de linguagem bastante simples e direta, unindo realidade e fantasia em um mesmo universo, tornou-se um dos precursores da Literatura Infantil no Brasil. Seus livros tinham influência de fabulistas clássicos, como Esopo e La Fontaine, bem como de desenhos, como Popeye e Sua Turma e o Gato Félix. Personagens do imaginário literário eram colocados lado a lado com figuras folclóricas. O Sítio do PicaPau Amarelo mostrava também a tradição oral de contar histórias, característica bastante comum no ambiente rural, e muito utilizada por Tia Anastácia e Dona Benta. Narizinho, Pedrinho, Emília, Visconde de Sabugosa, Quindim, Mocha, Rabicó e Conselheiro viviam inúmeras aventuras, visitando diversos lugares e outros personagens.

Uma escritora brasileira que está sempre antenada com o mundo das fadas é a Simone O. Marques. Já publicou pelas editoras Tribo das Letras, Madras Teen, Alfabeto. E tem vários livros no tema. Temos a série “Dois Mundos”, com direito a deusas celtas, fadas, cavaleiros, uma mocinha que precisa de cuidado e proteção, mas, que no fim, se mostra uma mulher decidida. Lendas e histórias são contadas através de uma distopia, com uma pegada totalmente atual, e se passa, pasmem, no Brasil! E aliás, esteve entre os 10 mais vendidos da Bienal de São Paulo deste ano! Tem também a trilogia “Filhas de Dana”, que se passa em Portugal e no Brasil há dois séculos, e também o livro “O Enigma da Adormecida”, que é uma releitura bem criativa de A Bela Adormecida. É uma boa pedida, e os livros dela são bem recomendados, uma escrita leve e fácil e super cativante. Vale à pena conferir.

Lobato faleceu em 4 de julho de 1948, aos 66 anos, após um segundo espasmo cerebral. Houve forte comoção nacional e seu corpo foi velado na Biblioteca Municipal de São Paulo, sendo sepultado no Cemitério da Consolação.

Temos o Fábio Yabu, que participou da antologia “O Livro dos Vilões”, promovida pela Galera Record após o sucesso de “O Livro das Princesas”, que teve como estrelas a autora Paula Pimenta (capa desta edição), Meg Cabot, Lauren Kate e Patrícia Barboza. Ele também tem sua própria antologia de contos de terror baseada nos contos de fadas, de nome “Branca dos Mortos e os Sete Zumbis”. É um livro bastante interessante, e tem resenha dele aqui, na edição #3 e nesta edição.

Dentre seus diversos feitos, fica seu empenho na divulgação de obras nacionais voltadas para o público infantil, fazendo com que crianças do Brasil e de outros países pudessem viajar com Emília e seus amigos, atiçando a curiosidade, a criatividade e a vontade crescente de ler e escrever.

“De escrever para marmanjos já estou enjoado. Bichos sem graça. Mas para crianças um livro é todo um mundo.” (Monteiro Lobato)

Temos outros livros nacionais, que você poderá conferir na matéria especial desta edição, entre os vários livros de releituras de contos de fadas. Livros que repetem a fórmula, livros que saem do lugar comum, livros de sucesso de vendas e livros que não são conhecidos, mas valem à pena conhecer. Se você está curtindo essa vibe, então é importante também dar uma chance à literatura nacional. Nossos autores estão mandando “ver” no quesito contos de fadas. Aproveite! ■ www.geracaobookaholic.blogspot.com

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Texto: Suelane Passavante Fotos: Divulgação

“Que importa a vida da gente, se a gente, por mal ou bem, vai vivendo simplesmente a vida que a gente tem?” Anis Murad, em O Homem que Calculava (Malba Tahan).

“O leve tilintar dos talheres se fragmentava em sons de uma pequena luta metálica, gelada!”

LOUCOS POR QUOTES

Lygia Fagundes Telles, em Ciranda de Pedra.

“Que mistério é esse? Onde a chave? A coisa é clara, nunca se venderia por si própria, pelo seu conforto, mesmo para livrar-se da morte. Mas o faz por um outro, vende-se por um ser querido: eis todo o mistério explicado. Por seu irmão, pela sua mãe, está pronta a se vender, inteira.” Fiódor Dostoiévski, em Crime e Castigo Vol. 1.

“A senhora jurou sobre a cruz que ali não havia pessoa alguma.” Honoré de Balzac, em “A Grande Bretéche”, em “100 Melhores Contos de Crime e Mistério, diálogo final.

“Chegamos à sala de fumar e, batendo a porta para confinar o Horror que imperava na cozinha sinistra, afundamos em duas cadeiras, transpirando de pavor.” Margery Lawrence, em “A Caçarola Assombrada”, em “O Grande Livro de Histórias de Fantasmas”

Amanda Reznor e o Vale dos Segredos Amanda Reznor é autora da série “Vale dos Segredos”, com dois livros publicados: “Delenda & O Vale dos Segredos”, e “Castelformia & A Ordem de Omnia”. Os livros podem ser adquiridos com a própria autora através dos seguintes contatos: Amanda Reznor: Facebook: FB/amandareznor e @@writer.amandareznor Twitter: @AmandaReznor Instagram: amandareznor Snapchat: amanda.reznor Blog: amanda-reznor.blogspot.com Série Vale dos Segredos: Facebook: @@delenda e @@casterlformia Twitter: @ValedosSegredos Instagram: @vale.dos.segredos Blog: valedossegredos.blogspot.com

O autor/personalidade escolhe trechos de seus livros preferidos e compartilha com a revista. 20

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para que os contos de fadas conseguissem ser inseridos em comunidades mais sérias, como a inglesa é famosa por ser. Os contos dos Irmãos Grimm estão na infância da maioria das pessoas. Alguns deles são: A Bela Adormecida Branca de Neve Chapeuzinho Vermelho Cinderela O Flautista de Hamelin O Ganso de Ouro O Príncipe Sapo Rapunzel REFERÊNCIAS

LETRAS IMORTAIS

Por Helena Souza

Qual criança não cresceu com as histórias de Chapeuzinho Vermelho e A Bela Adormecida? Apesar de terem sido romantizadas pela Disney, são de criação dos famosos Irmãos Grimm. Famosos? Então sabemos realmente como foi a carreira deles? Para isso, devemos primeiro saber o nome de cada um dos irmãos alemães Grimm. O mais velho, Jacob, nasceu em 1785 e faleceu no ano de 1863. Já o mais novo, Wilhelm, nasceu em 1786 e viveu por mais 73 anos. E nesse meio tempo, criaram muitas histórias.

por “Contos da Criança e do Lar”, que teve sua continuação lançada em 1815, sendo oficializado como os primeiros sucessos deles.

IMPORTÂNCIA NA LITERATURA

O papel dos Irmãos Grimm na literatura é muito importante. São considerados os responsáveis por tornar a fantasia algo tão interessante para crianças; tinham a habilidade de retirar finais trágicos de histórias locais e introduzir algo mais belo. Essa decisão de mudar os finais das histórias resultou como um modelo BREVE BIOGRAFIA que todos os futuros contos de fadas seguiriam. Largaram a advocacia para se Seus estudos e pesquisas tornarem bibliotecários, tamanho era sobre o folclore alemão garantiu a o amor dos irmãos pelas palavras. credibilidade que era necessária Para criar seus contos, os irmãos recorriam muito às histórias orais, pesquisavam e conversavam muito com as pessoas a sua volta. Antigamente, era somente no sistema “de pai para filho” que as histórias eram repassadas. Eles sabiam que essas coisas deveriam ser registradas, mas isso não significa que os irmãos escrevessem todas as histórias que escutavam. Muito objetivos, os Irmãos Grimm sempre procuraram selecionar com cuidado cada uma das histórias que escutavam, e analisavam o potencial que tinham. Mais importante do que isso: os Irmãos Grimm também têm sua parte na contribuição para a língua alemã; eles fizeram um dicionário que acabou contribuindo em seus estudos sobre a cultura de seu país. No ano de 1812, os Irmãos publicaram seu primeiro livro, seguido por

Algumas referências são feitas aos Irmãos Grimm em outras obras. Um exemplo é o filme “Para Sempre Cinderela”, onde a rainha da França manda chamá-los para uma audiência e, quando os Irmãos Grimm chegam, ela lhes mostra o verdadeiro “sapatinho de cristal”, que pertencia à sua tataravó, Danielle de Barbarac. No filme, ela fala que a história que eles contam é real, mas precisa de alguns ajustes. Então, ela passa a contar a verdadeira história de Cinderela, interpretada por Drew Barrimore, que em vez de ser delicada, atira maçãs no príncipe, que rouba um cavalo, e é interpretado por Dogray Scott. O filme também tem a atriz Angelica Houston (Família Adams) no papel da madrasta. Há referências aos Irmãos Grimm também na série Grimm, criada para a NBC. Na série, seus episódios são fundamentados nos contos famosos dos irmãos. No filme “Os Irmãos Grimm” estrelam Matt Damon e Heath Ledger nos papeis principais, e conta ainda com Monica Bellucci. ■

Nesta seção apresentamos imortais da literatura, já falecidos, que deixaram seu legado para a posteridade e serviram de referência para outros escritores.

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RESENHAS

ce é um thriller bem agitado, suspense e dúvidas pairam por todas as páginas. Um diferencial que me agradou muito foi como a narrativa se desenvolve: são três narradores que se alternam em cada capítulo – Eve, Gabe e Colin. Além disso, há também a mistura entre passado e presente, ou seja, capítulos são intercalados entre os dois tempos. Na minha opinião, essa estratégia deixa o leitor muito mais ansioso e desperta a criatividade, já que vamos criando novas teorias do caso até o fim do livro. Os capítulos narrados por Colin foram os melhores para mim. Principalmente por Mia estar com ele, são os que despertam mais sentimentos, perguntas e respostas para o leitor. O final é surpreendente e aquietou minhas possíveis ressalvas ao livro. A produção também é muito bem feita, capa linda, tradução muito boa e revisoras com ótimo trabalho. 8,5 Juliana Cury

O livro “Deusa da Rosa”, de P.C. Cast, faz parte de uma coleção, “O Chamado da Deusa”. Apesar de ser uma história envolvendo a lenda de uma deusa (no caso, Hécate, a deusa da noite, das rosas e das encruzilhadas), o livro tratase de uma releitura do conto “A Bela e A Fera”. Mas temos uma beleza diferente neste conto. Desde o início, a autora diz que gostaria que a fera permanecesse fera, e que a personagem principal se apaixonasse pela fera do jeito que ela é, sem que precisasse se transformar num príncipe no final. O resultado? Uma história de amor comovente, que envolve sacrifício pessoal por um amor que é muito mais importante do que seu próprio bem estar e seus próprios sonhos, ou aquilo que se acha que é o que se quer. Um livro cheio de emoção, romance, sem deixar de lado a aventura e a fantasia, intrigas e muita coisa para resolver. O livro é um dos mais completos da coleção, e o único que apresentou uma releitura de “O Lado Mais Sombrio”, de A. G. conto de fadas. Recomendo a leitura sem medo de errar. 8,5 Howard, conta a história de Alyssa Gardner, vinda de uma geração de muDébora Falcão lheres que compartilhavam de uma insanidade muito particular. Alyssa é a quarta geração de Alice Lidell, e desde pequena ouviu animais e plantas falando à sua volta. Para não ser chamada de louca como suas parentes, resolveu se esconder. Sua tataravó era aquela Alice das histórias de Lewis Caroll. Ele só esqueceu de contar na história sobre a família estar cercada por uma maldição, atingindo assim as linhagens futuras. Muitas delas morreram sem mais nem menos, e por isso, está nas mãos de Alyssa pôr Minhas expectativas para “A Garota um fim nessa loucura. Antes do fim, ela Perfeita”, de Mary Kubica, estavam super vai refazer os passos da sua tataravó, ou altas! Ouvi várias pessoas comentando e seja, ir ao País das Maravilhas, e buscar foi um dos livros mais vendidos nos Esta- por respostas, o que ela deve ou pode dos Unidos. Talvez tenha sido por isso consertar, para poder finalmente ter uma que eu demorei um pouco pra “engatar” vida normal ao lado de seu melhor amina leitura... Até a página 80 eu estava go, Jeb. Mas, antes de uma vida normal, demorando para me entusiasmar com a contará com os palpites de Morfeu para história. Mas, depois desse ponto, li todo solucionar todo este problema. Será o resto o mais rápido que consegui! A mesmo Alice a causadora de uma desorhistória gira em torno de quatro persona- dem no País das Maravilhas? E será gens principais: Mia, professora, 25 a- Alyssa a salvadora de todo o conto de nos, relação complicada com a família e fadas? Para saber mais dessa história só foi sequestrada. Eve, mãe de Mia, britâ- caindo na insanidade dessa releitura de nica que se apaixonou e foi para os EUA Alice no País das Maravilhas. 8,5 construir a família perfeita que o marido Renata Vasconcelos queria. Vive um casamento infeliz com um juiz que vive de aparências sociais. Gabe, detetive do caso, fica totalmente obcecado em encontrar Mia. Colin, sequestrador, com dificuldades financeiras e envolvido em negócios sujos. O romanc

AVALIAÇÃO

10.......................................... INCRÍVEL 9,0 a 9,5........................EXCELENTE 7,0 a 8,5....................................... BOM 4,5 a 6,5........................... REGULAR 2,5 a 4,0..................................... RUIM 0 a 2,0..................................PÉSSIMO 24

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O livro “Criaturas do Submundo” é uma antologia composta de 18 contos de Dark Fantasy. Dentre os contos, destaco “Sob o Deserto e o Sangue”, que bastaram as primeiras linhas para que eu grudasse no texto! O conto narra a corrida cc

contra o tempo de um padre em busca da luz, na tentativa de salvar sua alma. Tal corrida se dá em meio a criaturas do submundo, que tentam a todo o momento impedir o sucesso do padre atormentado. Michelle tem uma forma de escrever que simplesmente me encanta. O enredo foi muito bem elaborado, os detalhes chegam a dar arrepios. É tudo tão intenso que não é difícil você visualizar o cenário e sentir toda a angústia do personagem... Em alguns momentos, me peguei prendendo a respiração! No décorrer da narrativa, percebemos que nem sempre as coisas são exatamente como vemos (ou melhor... lemos). Iniciamos a leitura com um pensamento e vários questionamentos sobre o motivo de o padre estar nessa situação, contudo, percebemos que, como sempre, toda ação tem uma reação. O padre se mostra bem confuso, com lapsos na memória que vão, aos poucos, sendo preenchidos. Isso fez com que o clima tenso e o suspense se fizessem presentes até a última linha. A leitura é extremamente viciante e de qualidade. 10,0 Roberta Costa

O prefácio do livro “Branca dos Mortos e os Sete Zumbis”, de Fábio Yabu, foi escrito pelo best seller Eduardo Spohr, e ele consegue instigar o leitor para iniciar a leitura do livro. O livro é uma antologia de 12 contos, e cada um deles se inicia com uma imagem, todas muito bem elaboradas. O primeiro conto é “Branca dos Mortos e os Sete Zumbis”, o mais denso e rico em detalhes. Além disso, o livro traz contos com Chapeuzinho Vermelho, Pinóquio, João e Maria, mas os contos “Cindehella e o Sapatinho Infernal” e “Samarapunzel” são contos que podem surpreender o leitor, foram muito bem pensados e escritos, pois um complementa o outro, e no fim das contas, todos estão interligados. 9,0 Suelane Passavante

Organizada e apresentada pelo jornalista e crítico literário José Castello, “Contágios” é uma antologia de contos de 25 autores originários de diferentes regiões do país, estilos e temáticas, publicada pela Oito e Meio. Os textos produzidos pelos escritores fizeram parte das edições 2013 e 2015 do Estúdio do Conto, promovidas pela Estação das Letras (RJ), cuja diretora Suzana Vargas assina a orelha da obra. “A literatura – a arte – exige um longo e paciente debruçar-se sobre si. Uma chegada a si – ou nada de realmente particular e criativo se faz. A ficção é o terreno da singularidade e


e do Um. Esta é a busca obsessiva a que cada participante do Estúdio do Conto deve se entregar: a perseguição de si mesmo. De tudo aquilo que sua escrita possa vir a ter de pessoal e de inconfundível. De não domesticável. De não padronizável. De intransferível”, afirma José Castello, em sua Apresentação. A obra tem 160 páginas, e os exemplares físicos serão vendidos na sede da Oito e Meio, na Estação das Letras e nas unidades das livrarias Blooks, por R$ 38. Em breve estará disponível a versão digital na Amazon e na iBookstore. 8,5 Renata Frade

“A Filha da Floresta”, de Julliet Marillier, é o primeiro livro da trilogia Sevenwaters. O livro traz uma história marcante, numa época em que a cultura celta e o cristianismo bretão estava tendo um embate, e nesse meio tempo, uma família com sete irmãos vive num reduto protegido, em Sevenwaters. Em um determinado momento, a madrasta, que se trata de uma bruxa, cria uma armadilha e transforma os seis filhos homens em cisnes. Apenas Sorcha, a sétima filha do sétimo filho, escapa. A Dama da Floresta, Deirdre, dá-lhe uma tarefa para salvar seus irmãos: tecer seis camisas para cada um deles. Mas ela deve fazê-lo com suas próprias mãos, construindo seu próprio tear, e de uma planta específica, que machuca suas mãos. Em todo o trabalho, ela não deve dizer uma única palavra, emitir um único som. E há um tempo determinado para ela concluir a tarefa, ou seus irmãos ficarão na forma de cisne para sempre. Trata-se de uma releitura do conto “Cisnes Selvagens”, e traz também uma bela história de amor, que vai ultrapassar todas as barreiras impostas pela religião, cultura, medo e dor. Um livro recheado de aventura, seres mágicos, drama, romance, que te deixará, com certeza, preso à sua leitura, como me deixou. 8,5 Débora Falcão

“A Caderneta Vermelha”, de Antoine Laurain, foi um presente, e de imediato eu já amei a capa. Lendo a sinopse, logo percebi que a história iria me envolver e... Bingo! Li tudo em um dia! Um assalto que leva sua a

bolsa e a deixa ferida na calçada em frente ao seu apartamento... Um livreiro parisiense que em uma de suas manhãs totalmente rotineiras encontra uma bolsa jogada junto ao lixo que espera a coleta... O livreiro é Laurent, que, estranhando o fato de ser uma bolsa nova, a pega e percebe que está repleta de objetos pessoais. Sem identificação de quem a possa pertencer, Laurent se encanta com as anotações da dona da bolsa em uma caderneta vermelha e decide encontrá-la, mesmo não tendo quase nenhuma pista. Ele ainda não sabia, mas essa simples decisão o leva a uma aventura que foge totalmente dos padrões de comportamento dele e vai mudar a sua vida. A história começa assim, de mansinho, mas vai te conquistando com as aventuras desse homem divorciado e com uma filha adolescente, mas que ainda sonha em encontrar a mulher de sua vida. Não conhecia o autor, Antoine Laurain, aliás esse é o primeiro romance dele publicado no Brasil. Adorei sua narrativa, que tem detalhes na medida certa, nos ambientando pelos lugares onde ele passa, em Paris, sem ser maçante. Uma história adorável, sensível e deliciosa. Foi uma agradável descoberta e, a partir de agora, ficarei de olho em futuras publicações do autor por aqui. 9,0 Juliana Cury

Até onde vai o desejo de vingança? Contratado para mais um trabalho, Justino se vê em meio a uma possível armadilha... Afinal, seu trabalho como pistoleiro fez com que colecionasse desafetos no decorrer dos anos. O que ele não esperava era ter a chance de reencontrar seu grande amor e descobrir um grande segredo, mas teria ele tempo para reconquistar seu amor e consertar erros cometidos no passado? Uma história simples e envolvente, com um toque de suspense na medida certa! Wallery Giscar Desten tem uma forma de escrever que me surpreendeu bastante... Simples, direta e que prende o leitor a cada linha. Por ter poucas páginas, a leitura pode ser feita em um único dia... E acredite... Você vai querer ler até o fim ininterruptamente! A história é ambientada no Nordeste, o que chamou mais ainda minha atenção, uma vez que poucas foram minhas leituras com este cenário. O suspense nos acompanha desde o início e em tom crescente, fazendo o leitor imaginar diversos desfechos, mas dificilmente o correto (risos). Foi além das minhas expectativas. Outro ponto positivo foi a construção dos personagens, todos muito bem definidos. Justino, por mais que fosse um bandido, mostrou também seu lado mais humano, o que fará muitos leitores gostarem dele. 9,0 Roberta Costa

Não sou muito de acompanhar canais do YouTube, mas os vídeos da Jout Jout são os únicos que eu realmente gosto. Por isso, eu estava extremamente ansiosa para ler “Tá Todo Mundo Mal”. Falando primeiro da parte gráfica: tanto a capa quanto o miolo me agradaram bastante. Achei que ambos abordaram uma proposta bem moderna e jovial, perfeita para o público-alvo principal. Quanto ao conteúdo, a youtuber reuniu diversas crises que surgiram ao longo de sua vida e fez um livro de crônicas. Os capítulos são bem curtos e objetivos, que tratam a crise em questão: faculdade, carreira, namoros, amigos, insegurança e muitas outras coisas que certamente todos nós já passamos. Quem conhece a Jout Jout até consegue “ouvir” sua voz enquanto lê. Ler o que ela escreve é como assistir o canal do YouTube e, por esse motivo, imagino que os seguidores do canal tenham se sentido bem íntimos enquanto liam. Eu gostei muito! Me identifiquei em cada crise e achei o livro engraçado e dramático na medida certa... É uma das únicas youtubers que eu fiquei realmente feliz ao ver que tinha conteúdo para ser colocado em páginas impressas. Mas tem algo que me decepcionou um pouco: acho que ela tem muito mais conteúdo do que foi explorado no livro. Todos os capítulos são muito parecidos com algum vídeo que ela já tenha publicado, então o conteúdo ficou um pouco repetitivo. Isso não me incomodou, mas eu gostaria de ler sobre os assuntos mais sérios que ela trata no canal como igualdade social entre gêneros e etnias. Num balanço geral, eu gostei bastante, mas estava esperando uma leitura mais profunda e incorporada. Juliana Cury 8,0

Continuação de “O Lado Mais Sombrio”, o livro “Atrás do Espelho” mostra Alyssa, que ao voltar do País das Maravilhas pensa ter resolvi-do tudo, embora não chegue nem perto disso. Claro, um pouco de normalidade depois de seu retorno ao mundo real. Tudo parecia normal, até sua mãe. Mas ela seria forçada a lutar pelos dois mundos. Com o retorno de sua mãe à casa, tudo parecia normal, pois Al não podia se vestir com roupas esquisitas, menos “intraterrânn

neo". A escola e o namoro estavam indo bem, como o de qualquer adolescente. Mas Morfeu retorna com uma bomba para Alyssa: a Rainha Vermelha quer seu trono de volta, e isso a forçará a lutar por ele e impedir que o País das Maravilhas e suas criaturas incompreensivas invadam o mundo real e sua cidade. Ao retornar ao mundo encantado, Al se envolverá mais com ele, descobrirá coisas de seu passado e de sua família, e verá que está muito mais presente naquele mundo do que no outro. O ataque da Rainha Vermelha virá no dia do baile de sua formatura, e seu tempo está contado para resolver toda essa confusão. 8,0 Renata Vasconcelos

De L. Frank Baum, “O Mágico de Oz” conta a história de Dorothy, uma órfã que vive com seus tios e seu cachorro Totó no Kansas. Certo dia, um ciclone acaba levando a casa, e ela e seu cachorro não conseguem chegar a tempo ao porão que serve de abrigo, sendo arrastados até Oz. Chegando lá, o único objetivo de Dorothy é poder voltar para o Kansas, e a única pessoa que pode tirá-la de lá, segundo os habitantes, seria o Grande Mágico de Oz. E seu percurso até chegar a ele é cheio de aventuras. Nesse meio tempo, ela conhece Espantalho, o Lenhador de Lata e o Leão Covarde, que irão acompanhá-la, cada um desejando pedir algo a Oz: o Espantalho um cérebro, o Lenhador de Lata um coração, e o Leão Covarde coragem. Mesmo sendo um livro infantil, também serve para um adulto ler, e a interpretação é livre de cada um. A moral da história é que somos mais do que imaginamos ser e nos subestimamos. Claro, vai muito além disso. 8,5 Suelane Passavante

“A Garota da Capa Vermelha” conta a história de uma pequena vila assombrada por um lobo, e tudo girando em torno de se proteger dele. Então, uma noite, Valerie, sua irmã Lucie, suas amigas e um grupo de locais partem para um acampamento. Ao perceberem que era lua cheia, já era tarde, pois Lucie aparece morta. No meio do pânico, Valerie descobre que está prometida em c

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Resenhas casamento, embora esteja apaixonada por seu amigo de infância, que tem uma fama de encrenqueiro. Quando a segunda morte pela mesma criatura vem à tona, as pessoas do vilarejo ficam em pânico e chamam um caçador, chamado Father Solomon, conhecido por ser inquisidor e caçador de lobisomens. Ao estudar o caso e a cidade, o caçador declara que a criatura pode ser um dos moradores, e mesmo com essa declaração, Valerie não teme pela criatura, mesmo tendo perdido a irmã. Quais motivos ela tem para não temer? Uma releitura do conto de Chapeuzinho Vermelho. 7,5 Renata Vasconcelos

De Sarah Pinborough, o início de “Veneno” trata da tradicional história da Branca de Neve, amada pelo pai e odiada pela madrasta. Que, ao mesmo tempo, quer se livrar da garota e uma reconciliação. É possível perceber nos primeiros capítulos que a rainha má tem seus motivos para ser assim. No decorrer das páginas aparece Alladin, que nessa história é o gênio da lâmpada e obedece as ordens de Lilith (Madrasta). O caçador, outro personagem, é aprisionado pelos soldados da rainha por estar matando um animal mágico e acaba virando um rato por desobedecer as ordens da rainha, pois não havia matado Branca de Neve. Ela morde a maçã envenenada e só o beijo do amor verdadeiro pode acordá-la, então os anões a escondem na esperança de um dia poder tê-la de volta. No decorrer o príncipe encantado aparece e Branca de Neve acorda. Mas de encantado o príncipe não tem nada, é um boçal, e Branca de Neve não é tão inocente assim. 8,5 Suelane Passavante

Como todos sabem, os contos de fadas não são fatos reais, mas a moral de cada história pode ser aplicada em nossas vidas. O livro “Contos de Fadas”, com Apresentação de Ana Maria Machado, é composto por contos dos Irmãos Grimm, Perrault, Andersen e outros, num compêndio contendo contos famosos como Cinderela, Pele de Asno, Gato de Botas, Pequeno Polegar, Chaa 26

peuzinho Vermelho, Barba Azul, A Bela e A Fera, Bela Adormecida, Branca de Neve, Rapunzel, João e Maria, entre outros. Isso tudo em suas versões sem adaptação! Os contos dos Irmãos Grimm sempre dão o que falar. São bastante envolventes. E essa versão da Editora Zahar contém ilustrações belíssimas e uma breve introdução sobre cada autor. Toda família deveria ter um exemplar em sua estante. 9,0 Suelane Passavante

O livro “O Que Me Disseram as Flores”, da autora Alane Brito, é de uma delicadeza sem tamanho. Eu posso considerá-lo entre as releituras de contos de fadas, apesar de não ser exatamente uma releitura, e a autora não ter tido realmente esta intenção. Em primeiro lugar, a referência que uso aqui não é de um conto de fadas real, mas de um grande clássico de William Shakespeare: “A Megera Domada”. Se você não sabe do que se trata, com certeza já viu o filme “10 Coisas que Odeio em Você”, com Heath Ledger, ou talvez a novela “O Cravo e A Rosa”, com Edu Moscovis e Adriana Esteves. Ambos se tratam de uma comédia baseada na “Megera Domada”. Embora “O Que Me Disseram As Flores” não se trata de uma releitura intencional, é muito semelhante a forma como Alane desenvolveu os personagens. William e Ângela são prometidos em casamento um ao outro desde antes de seu nascimento, mas Ângela se apaixona por um amigo de infância aos quinze, e desiste de William. Seu pai não o conta nada sobre isso e o rapaz vem para a fazenda para oficializar o noivado, o que deixa Ângela completamente louca. Ela então decide fazê-lo desistir, e se torna a verdadeira “Megera” de Shakespeare. Ele, por sua vez, não desiste, e decide usar a linguagem das flores para conquistá-la. Um livro inteligente, emocionante e surpreendente. Vale à pena ser lido com calma, uma xícara de café em uma boa poltrona, num dia frio de inverno. Tem coisa melhor? 8,5 Débora Falcão

Nesse segundo livro da saga “Encantadas”, de Sarah Pinborough, “Feitiço” conta a história de Cinderela, que se sente injustiçada por sua madrasta e irmãs. Esse livro e o primeiro, “Veneno”, mostram mais uma vez que contos

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tos de fadas são para adultos. O melhor amigo de Cinderela é Buttons, um rapaz que trabalha num castelo e rouba alimentos e carvão para ajudar as famílias necessitadas. Mais à frente, descobrem seu verdadeiro nome: Robbin. Ele é quem conta a Cinderela como é a vida no castelo. Ela sonha em casar-se com o príncipe e, assim como nos contos de fadas da Disney, ela tem uma “fada madrinha”. Mas essa “fada madrinha” é Lilith, a madrasta da Branca de Neve, que então realiza o desejo de Cinderela de ir ao baile no castelo. Lá ela conhece o príncipe e... Bem... Ela passa a morar no castelo e começam os preparativos para o casamento. Mas toda a magia tem seu preço, e Lilith pede que quando Cinderela for morar lá, vasculhe cada cômodo à procura de uma “coisa”. Cinderela não sabe o que é. No desenrolar da história, o Caçador reaparece, tanto na forma de homem quanto de rato, e só um beijo de amor verdadeiro quebrará o feitiço. Branca de Neve também reaparece. Muitas coisas acontecem e fiquei realmente surpresa e boquiaberta com o final, que me deixou ansiosa para ler o terceiro livro da saga. 9,0 Suelane Passavante

Nove talentos da literatura nacional, que conquistaram os corações e mentes de leitores, em um livro de contos inesquecível. Deliciosas vivências cotidianas sobre o amor, amizade, experiências familiares felizes e dramáticas, viagens, estão presentes nas histórias de “O Livro Delas”. O projeto foi organizado por Renata Frade, e trata-se do primeiro projeto multiplataforma de literatura nacional para jovens no país, o LitGirlsBr, criado pela empresa Punch!, em que Renata Frade é sócio-fundadora. Do sobrenatural ao chick-lit, passando por romance, aventura, drama, denúncia social, agradando desde os leitores jovens, adultos aos mais velhos. “Nove personalidades da nova e pujante literatura nacional. Nove contos independentes, mas entrelaçados pelo absoluto domínio, das nove, da arte de contar belas histórias. Modernas, profundas, leves, intensas. Um pêndulo entre a doçura e aspereza, entre o romance e o suspense, entre o leitor e as nove. Cada trama daria um bom livro, se assim desejassem. Mas que, condensadas em contos irresistíveis, cumprem à risca o ditado “menos é empre muito mais”. Histórias para serem saboreadas num domingo à tarde, num sábado à noite ou no meio de uma semana qualquer. Sobre mim, sobre você, sobre elas próprias talvez. Sem nove horas: direto ao ponto”, afirma o best seller Maurício Gomyde, em “O Livro Delas”. 9,0 Renata Frade

Quem é fã de contos de fadas vai amar e se encantar com “Branca de Neve – Os Contos Clássicos”, de vários autores, pela editora Generale. O livro é dividido em três partes. Primeiramente, começa trazendo para os leitores os contos publicados por diversos autores em diversas nações, e faz comparações entre eles. Na segunda parte, ele comenta sobre as diversas formas em que Branca de Neve foi publicada, dentre eles, HQs, filmes e teatro. E por fim, e a melhor parte na minha opinião, traz o conto completo “Mundo dos Espelhos: Lobos, Sangue e Neve”, de Alexandre Callari. 9,0 Suelane Passavante

O livro “Pentamerone”, de Gianbattista Basile, é um livro de contos de fadas no estilo clássico italiano. Tem vários contos do autor, mas destaco aqui três deles. Nos três há um rei, e acontecimentos sobrenaturais. Eu poderia dizer “bizarros”, mas quem já teve contato com originais de contos de fadas europeus sabe que os contos são bem bizarros mesmo antes de serem glamurizados e transformados em filmes da Disney e da Barbie. Nos três contos que quero destacar, um deles mostra um rei obcecado com uma pulga, que ele alimenta diariamente até que ela fique imensa, escondido em seu quarto (sério, imensa mesmo, tipo um cachorro dos grandes). Mas aí ela morre, ao mesmo tempo que sua filha quer se casar, e ele resolve fazer um teste com os seus súditos. Mandou esticar a pele da pulga e, se alguém descobrisse de que animal era aquela pele, se casaria com sua filha. O problema é que o único que descobre é um ogro que vive numa caverna nas montanhas. E ele é obrigado a cumprir sua promessa. Outro conto é de um rei libertino que fica obcecado pela voz de uma mulher e a deseja de toda a forma, mesmo sem nunca tê-la visto. Só que ela e a irmã são duas velhas que vivem numa casa. A mulher em questão só aceita passar a noite com o rei se for no escuro sem nenhuma vela. Ele aceita, mas no dia seguinte percebe como ela é e manda seus guardas jogarem-na pela janela. Ela está enrolada num cobertor, e é isso o que a salva da morte, e


pois ela fica pendurada numa árvore como se fosse uma rede. Nesse momento, quem a salva é uma bruxa daquela floresta, e lhe tira toda a velhice, deixando-a uma moça jovem e bela. Quando o rei está caçando por ali naquela manhã, vê a bela jovem nua, e se apaixona, e resolve casar-se com ela, e muitas coisas acontecem depois disso. E o outro conto que quero destacar se trata de uma rainha obcecada por ter um filho, e é capaz de fazer qualquer coisa por isso, inclusive sacrificar a própria vida, desde que sinta um bebê crescendo em seu ventre. Um ser sobrenatural lhe dá as coordenadas do que fazer, e seu marido, o rei, vai em busca de cumprir a tarefa para fazer a vontade da esposa. Mas o rei morre no processo. Ela não se preocupa com isso, pois deseja muito o bebê, e vai em busca de completar a tarefa, que incluía uma serva virgem. A rainha e a serva ficam grávidas instantaneamente e, durante uma única noite, geram e dão à luz a um bebê idêntico – parecem irmãos gêmeos. Eles estão ligados para a vida inteira, mas a rainha não aceita a amizade dos dois, pois um é príncipe e o outro é filho da criada. Isso causará muitos problemas. A rainha terá que pagar um preço alto para levar seus pla-nos adiante. É um livro denso, em que a leitura precisa ser “destravada” no leitor. Quando sua mente se abre e a leitura destrava, se torna um livro encantador. É uma leitura complexa; um leitor comum acharia este um livro difícil de digerir e, portanto, um livro ruim. Mas um leitor acostumado com leituras densas o acharia um bom livro. Trata-se, realmente, de um verdadeiro livro de contos de fadas. 8,0 Débora Falcão

“Poder” se trata de uma mistura de histórias, dando continuidade ao livro “Feitiço”, da Saga “Encantadas” da autora Sarah Pinborough, e é tão empolgante quanto os outros. Conta a história da Bela Adormecida, que é acordada pelo príncipe, mas ele não sabe o que existe por trás da bela princesa. Ao passo que conta a história de Rapunzel, que ficou presa na torre porque seu pai resolveu salvar o reino da Fera existente na Bela. Há também a história da Chapeuzinho Vermelho. Como os outros livros, esse não foi diferente. As histórias são contadas de uma outra forma, mais “adulta”. Particularmente, achei extraordinária a maneira como a autora escreveu a saga, que deixou um gostinho de quero mais. Uma pena ter acabado no terceiro livro, mas faz parte. 8,5 Suelane Passavante

Com sensibilidade e olhar atento às relações humanas e aos detalhes que compõem grandes personagens, Huntley Fitzpatrick vai a fundo em questões sobre amadurecimento, laços de família e amizade, início da sexualidade, escolhas de trabalho e acadêmicas neste romance Young Adult, “Pensei que Fosse Verdade”. Segundo livro da best seller do New York Times publicado pela Valentina, recebeu críticas importantes da Kirkus Reviews, Publishers Weekly, Booklist e VOYA. O romance tem como cenário uma ilha onde alguns jovens curtem o verão e outros aproveitam para fazer uma renda extra. Esse é o caso de Gwen Castle, filha de uma faxineira e o dono de uma lanchonete, onde cumpria expediente. Um dia, a adolescente é convidada para trabalhar como acompanhante, durante a estação, de uma simpática senhora de 90 anos, e passa a esbarrar com um rapaz rico de uma grande cidade, por quem estabelece enorme atração: Cassidy Somers. Enquanto ambos desenvolvem um relacionamento marcado por idas e vindas, a protagonista questiona seus objetivos de vida após a escola, o fim do casamento de seus pais; coloca em xeque as suas amizades e experimenta pela primeira vez a sexualidade. Apesar da seriedade e da carga dramática presentes em conflitos na narrativa, como diferenças entre classes sociais, a autora envolve o leitor em uma trama ensolarada e bem humorada. 8,5 Renata Frade

Cameron Dockey criou uma série de livros baseados nos contos de fadas, e este livro é um deles. Golden é baseado no conto de Rapunzel, e conta a história de uma menina que é careca e sofre preconceito por causa disso. Uma bruxa boa resolve criá-la e a ensina a andar pelos lugares usando um turbante e a usar a magia. Um dia, a moça se apaixona por um aprendiz de caixeiro viajante que de vez em quando visita as duas. Um belo dia, a aldeia se junta para matar as duas, por elas serem bruxas, e elas têm que fugir para longe. Quando elas fogem, a bruxa faz uma revelação: há uma garota de longos cabelos dourados presa numa torre, e esta menina é filha da bruxa, e foi presa por um mago e não posso informar a razão porque ss

seria dar spoiler. No fundo, o livro não tem quase nada da história de Rapunzel. Pois este momento da “revelação” da bruxa sobre a tal moça só acontece no meio do livro, e você fica lendo tudo sem saber onde está menina, torre, tranças etc. No fim das contas, a menina das tranças é Rue, filha da bruxa, e a Rapunzel é a careca. A única forma de salvar Rue é se Rapunzel for até lá e fazer alguma coisa – mas não se explica no livro a razão pela qual Rapunzel iria salvar ou conseguir salvar Rue. Isso parece ficar em segundo plano na narrativa. O pior é que nesse momento Rapunzel fica chateada porque sua mãe adotiva, todo este tempo, nunca havia falado sobre a existência de Rue. O livro, sinceramente, é uma péssima releitura de todas as que eu já li, e infelizmente fez uma linha “criativo demais” pro meu gosto. 6,0 Débora Falcão

Se você for ler a trilogia “Bela Adormecida” de Anne Rice esperando encontrar cenas como em 50 Tons de Cinza, esqueça. O livro 50 Tons é bastante picante, mas um livro de quem não entende nada de BDSM e é bastante clichê no assunto. Então, se o livro 50 Tons fez sucesso na sua estante, provavelmente você não vai gostar de “Bela Adormecida”. Anne Rice vai a fundo na cultura “kinky” e recheia as cenas com o que o BDSM realmente tem a oferecer. E isso pode gerar duas coisas: ficar cansativo para leitores leigos no assunto, ou ficar interessante para leitores aprofundados no assunto. Mas, pode acontecer o que aconteceu comigo: apesar de ser uma leitora que conhece um pouco mais desse universo por ter lido diversos livros como a autora Shaylah Black, os livros se tornaram mais do mesmo e pouca história. Mas, não estou aqui para falar de Shaylah Black e sim da trilogia. A única semelhança com o conto de fadas é o nome da personagem, até o momento em que o “príncipe” adentra a torre onde Bela se mantém enfeitiçada. Após este momento, esqueça o conto. Em vez de um beijo de amor verdadeiro para despertar a Bela Adormecida, ele tira sua espada, rasga as roupas da moça e, bem. Se isso não for um estupro, eu não sei o que é, afinal, ela ainda estava enfeitiçada. Este príncipe é filho da Rainha Má, e ele não é nenhum pouco bonzinho, digamos assim. Ela tem o costume de manter príncipes e princesas como escravos sexuais por um tempo para depois devolvê-los aos seus reinos de origem. Em alguns casos, alguns desses são enviados para ela pelos próprios pais como acordo entre reinos. No caso de Bela, a princesa é exigida pela majestade. Durante a história, aaa

Bela é mantida nua, só pode andar engatinhando e não pode dirigir a palavra a seu senhor a menos que este lhe dê permissão. A autora viaja então, e não conta sobre a forma como Bela chegou ao reino, mas simplesmente fala de outros príncipes que Bela passa a desejar – sim, isso realmente acontece. Ela vira uma obcecada por sexo, não pode ver um príncipe escravo nu, etc. Isso se repete nos outros livros da trilogia o que os torna cansativos, mas no terceiro livro alguns príncipes são raptados por um Sultão e levados para outro país, e entre eles, está Bela. Um dos príncipes escravos descobre-se um bom Senhor quando açoita o chefe da guarda do Sultão numa noite... O pai de Bela fica sabendo do sequestro e exige que a Rainha a recupere. Talvez as garotas que gostem disso achem muito legal. Mas para mim foram só uns livros chatos... 4,0 Débora Falcão

Num mundo dividido entre humanos e ciborgues, Cinder é uma cidadã de segunda classe. Com um passado misterioso, esta princesa criada como gata borralheira vive humilhada pela sua madrasta, que a considera culpada pela doença de sua meia irmã. Mas quando seu caminho se cruza com o do charmoso príncipe Kai, ela acaba se vendo no meio de uma batalha intergaláctica e de um romance proibido, neste misto de conto de fadas e ficção distópica. Primeiro livro das Crônicas Lunares, Cinder une elementos clássicos e ação eletrizante, num universo futurístico primorosamente construído. Falando no geral das Crônicas Lunares, cada um tem uma protagonista de um conto de fadas. O primeiro, Cinder, é Cinderela. Ainda tem Chapeuzinho Vermelho (Scarlet), Rapunzel (Cress) e Branca de Neve (Winter). Cinder é uma ciborgue que foi adotada pela família de um cientista. O problema é que seu pai morreu logo depois e ela é criada por sua madrasta, que a faz trabalhar como mecânica em uma feira local. É tratada como “algo”, não como pessoa – assim é a lei. Bom, os três livros são uma aventura e tanto, e deixará os leitores bastante arrebatados, do começo ao fim, pois além de tudo isso, ainda tem vários problemas políticos, como o príncipe Kai que não se vê preparado para o trono e seu pai estando doente, o que enfraquece o império e deixa a situação bastante propícia para que a Rainha Lunar, que trava uma batalha há anos com o planeta. Com Kai no comando, ela poderia finalmente se tornar Imperatriz. 8,0 Débora Falcão

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MANUSCRITOS 28

O que fazer quando o tempo passa e, mesmo assim, a gente não consegue arrancar aquela pessoa do pensamento? Altair, um rapaz de 21 anos, bate os olhos em Marina, uma garota de 15, e nunca mais a tira da cabeça. Cinco anos e muitos acontecimentos depois, eles se reencontram por acaso, e todo aquele velho sentimento parece retornar. Só que Marina ainda não esqueceu o primeiro namorado, Dan, e agora terá que decidir se vale ou não à pena abandonar as lembranças do passado para curtir uma nova paixão. Narrado em primeira e terceira pessoas, a comédia romântica “Simplesmente Você” promete encantar os leitores com uma história divertida, envolvente e recheada de surpresas. Mergulhe também nesse emaranhado de sentimentos e descubra, com Altair e Marina, se é possível esquecer o primeiro grande amor. A autora é Isie Fernandes, e a história pode ser acompanhada no Wattpad gratuitamente. Roberta Costa

ouvindo música no último volume e tenta a todo custo chamar a atenção dos pais. Até eles se separarem e ela ser enviada para o colégio interno do Convento de Santa Rita. Ali, Eva – como gosta de ser chamada – terá de se adaptar a uma nova rotina, a novas amigas malucas, a um possível pretendente e a uma inimiga implacável. Eron é um demônio que se alimenta da lascívia humana. Preso ao campanário do convento por uma maldição e adormecido há décadas, ele é desperto por um novo cheiro no ar. Uma nova virgem chegou ao colégio e seu odor revela poder. Muito poder. Talvez, a nova garota seja sua garantia de liberdade. A história pode ser lida gratuitamente no Wattpad. Roberta Costa

Entre a fé, a razão e o coração, de Isie Fernandes, conta a história da violinista Christina Fragiolli, que detesta ficar parada em estacionamentos, entrar em elevadores e gente mentirosa, mas é justamente parada num estacionamento e dentro de um elevador que ela conhecerá pessoas que mudarão a sua vida, e que também a colocarão em contato com Caio Gabriel Doisneau, um cantor e chef de cozinha famoso, lindo e, além de tudo, mentiroso... Ou seria apenas astucioso? Mergulhe nessa história e, do palco da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo à cozinha do sofisticado Restaurant Elizabeth Doisneau, viaje com Christina, Ricardo e Caio. O livro pode ser acompanhado e lido gratuitamente no Wattpad. Roberta Costa

“O Reino dos Guardiões – Rosa Negra”, de Diego Rodemberg, é um livro de ficção e aventura publicado de forma independente. “Mas o mal, mesmo sem força, depositou naquela rosa seus poderes, sua última gota de esperança para que triunfe novamente. Só que ela não deve ser temida pelos poderes que possui, e sim, por quem for digno de usá-los a seu favor.” Disponível através do site ClubedeAutores.com.br. Débora Falcão

“Eu não te sequestrei, estou apenas te levando para dar uma voltinha no meu mundo.” O que deveria ser uma carona, para Chris é quase um sequestro, que a leva para uma divertida aventura. De acordo com Koll Gardner, durará apenas 24 horas. Em “Apenas 24 horas Com Você”, de Estefania Cristina, Chris tem a oportunidade de rever seus sonhos e prioridades, além de descobrir em seu raptor um amor antigo. Em apenas 24 horas, Christina e Koll vivem cada momento de forma intensa e memorável, mas será o suficiente para fazê-la querer tomar as rédeas do seu próprio destino? Livro disponível para compra no site ClubedeAu tores.com.br. Débora Falcão

“Querido Jaime”, do autor Eduardo Lages, trata-se de um romance que conta a história de um idoso, morador da periferia de São Paulo, que vive sempre trancado dentro de casa e evita ao máximo sair. Em um certo dia, ele sai e acaba se perdendo no centro da cidade. É neste momento que começa o drama e a aventura. Lançado de maneira independente, a única forma de adquirir os exemplares é diretamente com o autor. Ele vende seus livros em um estande na Avenida Paulista, na altura do número 2000, na rua. É lá também que ele está “Um Pouco Para o Amor”, livro de escrevendo seu segundo romance, e se conteúdo adulto da autora Renata Dias, encontra com leitores de seus livros, que Ninrode é um príncipe da Etiópia e conta a história de Aretha. Ela nasceu lhe passam diretamente um feedback da numa fazenda e, aos dez anos, ela e sua um bravo guerreiro que em breve se torhistória. Juliana Cury mãe mudaram-se para a capital. Foram nará o homem mais poderoso do mundo. muitas as tentativas até ela descobrir o Ao se casar com a maligna rainha Semíque realmente queria fazer da vida e, ramis, ele toma conhecimento da exisnesse meio tempo, ela teve a oportunida- tência de certas relíquias que haviam de de arriscar-se em profissões e relacio- pertencido a Adão, as quais concedem namentos, dentro e fora do Brasil. Estava poderes quase ilimitados àquele que as acostumada a jogar com seus parceiros possuir. Instigado por sua jovem esposa, e aventurar-se nas mais diversas fanta- ele ambiciona se apoderar destes tesousias, até decidir-se mergulhar de cabeça ros e, em consequência disso, invade a num jogo de sedução e mistério, colo- cidade de Acade, a então habitação origicando suas convicções em dúvida e a fa- nal da linhagem sagrada de Sem. Ele zendo perceber que, no final de tudo, o destrói a cidade e mata todos os seus “O Demônio no Campanário”, de Mi- que ela queria mesmo era um pouso pa- habitantes, mas das cinzas ressurge um chelle Pereira, conta a história de Evan- ra o amor. Será que ela vai encontrá-lo? menino que está destinado a escrever ugeline Lions, uma garota como outra O livro pode ser acompanhado e lido de ma nova história para o mundo: o último qualquer. Estuda em um colégio de boa forma gratuita na plataforma do Wattpad. descendente de Sem. Disponível físico e reputação, diverte-se com seus amigos Roberta Costa digital no Clube de Autores. Débora Falcão ou Envie o link para compra do seu livro, acompanhado de uma foto em alta resolução (em arquivo JPG e 300dpi – legendada e com créditos do fotógrafo), a capa do livro (alta resolução) e sinopse (em arquivo de texto), para o endereço de email manuscritosbookaholic@gmail.com

Geração Bookaholic – Sua Revista Literária



Por Débora Falcão

Contos de Fadas. Um estilo que encanta gerações desde a Idade Média, quando os primeiros contos foram catalogados. Autores que se consagraram no estilo, como os Irmãos Grimm, Hans Christian Andersen, Charles Perrault, Gianbatista Basile, entre outros, trouxeram mais encanto e fantasia para as histórias infantis contadas no leito de dormir. E ainda hoje essas histórias nos fascinam. Tanto, que temos a febre contemporânea das releituras de contos de fadas. Por isso, a Geração Bookaholic separou para seus leitores uma seleção de releituras modernas de contos de fadas para você, não só releituras escritas – na literatura – como releituras em filmes e séries. Aproveite e curta bastante esta reportagem especial, pois as fadas acabam de invadir a edição #4 da Revista Literária mais completa do Brasil!

CRÔNICAS LUNARES – MARISSA MEYER

UM PERFEITO CAVALHEIRO – JULIA QUINN

Um Perfeito Cavalheiro, de Julia Quinn, conta uma releitura de Cinderela em um romance histórico. Para quem curte romances históricos, este é, com certeza, um belo livro para se perder e se encantar! Traz uma linda história de amor, onde o conto da Cinderela é a base para a construção, e podemos identificar diversos pontos entre um e outro.

PRINCESAS MODERNAS – PAULA PIMENTA

Tudo começou com um conto no “Livro das Princesas”, publicado pela Galera Record e com a participação das autoras Paula Pimenta, Meg Cabot, Lauren Kate e Patrícia Barboza. A partir daí, Paula resolveu aumentar esse conto, Princesa Pop, e nasceu o livro “Cinderela Pop”, o primeiro de uma série de princesas modernas. Então, veio “Princesa Adormecida” e “Princesa das Águas”, mas a autora promete que não parou por aí. Confira os livros! SÉRIE TRONO DE VIDRO – SARAH J. MAAS

TRILOGIA O LADO MAIS SOMBRIO A. G. HOWARD

As crônicas lunares tratam-se de uma série de quatro livros: Cinder, Scarlet, Cress e Winter, cada um com foco em uma personagem de contos de fadas mas num contexto completamente diferente. Misturando ficção científica e as histórias que já conhecemos, Crônicas Lunares trazem bastante aventura aos leitores. Há também o livro Stars Above, um livro de contos, contando com cinco contos dentro do universo das Crônicas. Há ainda a promessa de um livro, Hartless, cuja história fala sobre a Rainha de Copas, e há um trecho dessa história em Stars Above. A autora confirmou também em seu site oficial que vendeu os direitos de Cinder, o primeiro livro, para um estúdio – não disse qual. Talvez tenhamos adaptação cinematográfica da série vindo por aí. É só esperar!

A trilogia conta com os livros: “O Lado Mais Sombrio”, “Atrás do Espelho” e o terceiro ainda não tem data de lançamento no Brasil. Ainda conta com um conto, “Mariposas no Espelho”, que aconselhamos que seja lido entre o primeiro e segundo livros, nessa ordem. Trata-se de uma releitura da história de Alice no País das Maravilhas, de um jeito contemporâneo e com muita aventura.

SÉRIE ONCE UPON A TIME

SÉRIE GRIMM

FILME CONTO DOS CONTOS

Uma série onde todos os personagens dos contos de fadas mais conhecidos estão juntos, numa única cidade, sob a maldição da Rainha Má: sem memória num mundo onde não há magia nem finais felizes. O nosso mundo. O personagem central, Emma Swan, é filha de Branca de Neve e do Príncipe Encantado, e deve ajudálos a quebrar a maldição para que voltem a se lembrar. O problema é que Emma Swan não acredita ser a salvadora, nem em nada do que Henry, seu filho perdido adotado pela prefeita da cidade, diz. Aonde essa história vai parar? Até o momento, Once Upon A Time tem seis temporadas e é produzida pela ABC.

Uma série onde todos os episódios são baseados nos contos dos Irmãos Grimm. Conta a história de Nick Burkhardt, um detetive de homicídios que tem sua vida transformada ao descobrir que é descendente de uma sociedade secreta de caçadores, conhecida como Grimm. Sua missão, assim Como a de seus antepassados, é manter o equilíbrio entre o mundo real e o sobrenatural. Essa ligação com o mundo das fábulas oferece alguns perigos ao detetive e seus entes mais próximos. Porém, quanto mais tenta se afastar, mais se aproxima de suas raízes e de seus inimigos do passado. Produzida e exibida pela NBC.

Tendo como base três contos do livro Pentamerone, do clássico contista italiano Gianbattista Basile, o filme Conto dos Contos retrata os três contos de modo simultâneo e interligado, onde três personagens se deixam levar por suas obcessões. Uma rainha obcecada por ter um filho a qualquer preço acaba engravidando de forma mágica, e o preço é a morte de seu marido. Um rei obcecado por uma mulher que nunca vira o rosto, acaba passando a noite com uma velha odiosa. Esta mesma velha, obcecada por juventude, acaba preterindo sua irmã que, obcecada por ser mais jovem, pede a um homem que esfole sua pele. E assim, as histórias se entrelaçam. Com Salma Hayek e Vincent Cassel.

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Geração Bookaholic – Sua Revista Literária

Uma forma bastante inusitada do conto da Cinderela, a série Trono de Vidro traz bastante aventura, ação e suspense para esta releitura. Os livros são: Trono de Vidro, A Lâmina Assassina (Spin-off), Coroa da Meia-Noite, Herdeira de Fogo. Ainda em andamento no Brasil. COLETÂNEAS GALERA RECORD LIVRO DAS PRINCESAS E LIVRO DOS VILÕES Duas coletâneas organizadas pelo selo Galera do Grupo Editorial Record, trazem contos com releituras modernas dos contos de fadas. O prime


SÉRIE ERA UMA VEZ – CAMERON DOKEY

meiro deles é o “Livro das Princesas”, e conta com as autoras Meg Cabot, Lauren Kate, Paula Pimenta e Patrícia Barboza, com quatro contos contemporâneos tendo como personagens principais as princesas dos contos de fadas. Já a segunda coletânea, o “Livro dos Vilões”, trazem os autores Carina Rissi, Cecily Von Ziegesar, Diana Peterfreund e Fábio Yabu, e seus contos focam nos personagens vilões desses contos de fadas. Vale à pena conferir!

Até o momento, conta com oito livros de releituras dos contos de fadas mais conhecidos. São eles, “A Filha da Contadora de Histórias” (Mil e Uma Noites), “A Bela Adormecida”, “Golden” (Rapunzel), “Antes da Meia-Noite” (Cinderela), “Belle” (A Bela e a Fera), “Luz e Sombra” (A Flauta Mágica), “Filha do Inverno” (Rainha do Gelo) e “O Mundo de Cima” (João e o Pé de Feijão). SAGA ENCANTADAS – SARAH PINBOROUGH

Desta vez, a história da Bela Adormecida terá uma trilogia bem diferente, uma saga trazendo diversos temas bem atuais, mas com muita ação, aventura e magia. A saga acaba com o maniqueísmo dos personagens, e vem com uma nova princesa, uma guerreira. Para saber mais sobre a saga, basta acessar o site da autora, ou mesmo ler a entrevista que Karen Zacharias deu para a Revista, nesta edição, na seção Estantes. THE GOOSE GIRL – SHANNON HALE

SÉRIE A SELEÇÃO – KIERA CASS

Os livros dessa série são bem ao estilo Cinderela, apesar de não serem claramente uma releitura moderna desse conto, mas vale muito à pena conferir.

SAGA BELA ADORMECIDA – K.F. ZACHARIAS

Cada livro focaliza uma personagem, mas existem outros personagens coadjuvantes que estão na história. Eles também estão interligados. “Veneno”, “Feitiço” e “Poder” encantaram vários leitores, e você confere a resenha deles aqui, nesta edição, na seção “Resenhas”. DRAGÕES DE ÉTER - RAPHAEL DRACCON

Trata-se de uma releitura que a autora fez do conto “A Pastorinha dos Gansos”. Não conheço muito do conto original, mas o livro de Shannon Hale agradou bastante e se tornou best-seller.

FILHA DA FLORESTA – JULIET MARILLIER A FADA MADRINHA – MERCEDES LACKEY

Faz parte da Trilogia Sevenwaters, este livro em particular é uma releitura do conto Cisnes Selvagens, e trazem muitas referências à cultura celta com suas fadas, bruxas, mundo mágico, e também à cultura bretã, que estava invadindo os lugares onde os celtas já viviam. É possível conhecer as fadas, Deirdre a Dama da Floresta, entre outros personagens.

A série traz diversos personagens de contos de fadas de uma maneira bastante inusitada, com doses cavalares de fantasia e aventura, bem ao estilo Senhor dos Anéis e Game Of Thrones. O autor é brasileiro e conquista diariamente leitores novos. Vale à pena conferir os livros. Para saber mais, você pode ler a seção “Leitura Em Série”, desta edição, sobre o autor e suas obras. E você também pode saber mais acessando o site do autor.

Desta vez, uma releitura do conto da Cinderela, com pitadas de outros contos de fadas, presença de diversos personagens interligados ao conto original.

EVER AFTER HIGH

FILME ENCANTADA

FILME PARA SEMPRE CINDERELA

Ever After High é uma franquia de bonecas criada pela empresa Mattel em julho de 2013, que conta a história dos filhos dos famosos personagens de contos de fadas, histórias de fantasias e lendas antigas. Além de bonecas, a linha também compreende websódios lançados periodicamente no Youtube, filmes especiais exclusivos na Netflix e no canal Nickelodeon e duas séries de livros, escritos pela autora Shannon Hale. Ever After High é uma escola localizada no mundo dos contos de fadas frequentada pelos jovens filhos de personagens, que devem seguir o destino de seus pais a fim de manter suas histórias vivas ao longo das gerações.

Baseado nos contos de fadas mais conhecidos, o filme Encantada tem todos os elementos necessários para ser um conto moderno. Um príncipe encantado que se apaixona à primeira vista por uma donzela, uma maçã envenenada, uma rainha má que, através de magia, a manda para um mundo sem final feliz – o nosso mundo. O príncipe vai atrás dela, mas aqui ela se apaixona por um homem comum. Trata-se de uma comédia divertida, onde a princesa deve encontrar em si mesma uma razão para viver, e acaba encontrando seu final feliz onde menos espera. A primeira parte é em desenho, e a segunda conta com as atuações de Patrick Dempsey, Isla Fisher e Juliane Moore.

Uma releitura do conto da Gata Borralheira, a rainha da França conta a história de sua tataravó Danielle de Barbarac, e seu sapatinho de cristal, para os Irmãos Grimm. Nessa história, Cinderela é uma garota forte, que não se intimida por causa de um ladrão de um dos cavalos de seu pai, e o acerta com uma maçã na testa. O que ela não sabe é que este homem é na verdade o Príncipe da França. Ele se apaixona por ela, mas só vem a conhecê-la verdadeiramente quando ela se veste de uma nobre para comprar de volta um escravo de sua fazenda, escondido de sua madrasta. Durante a compra, ela discute com o príncipe, e ele percebe o quanto ela é culta, mas não sabe que é uma criada. www.geracaobookaholic.blogspot.com

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SPINDLE’S END – ROBIN MCKINLEY

Em tradução literal, significa “A Ponta da Roca”. Já dá para entender que se trata de uma releitura da Bela Adormecida, e faz parte de uma série de releituras de contos do autor. BEAUTY – ROBIN MCKINLEY

ENQUANTO BELA DORMIA ELIZABETH BLACKWELL

Scheme”, que traz um reconto de Cinderela com a meia-irmã e seu esquema, digamos assim; “Red Hood’s Revenge”, ou seja, a vingança de Chapeuzinho Vermelho; e “The Snow Queen’s Shadow”, a sombra da Rainha do Gelo. Mas há outros livros, como a vingança da Rainha Má, entre outros. A PRINCESA ENFEITIÇADA E. D. BAKER

PRINCESAS E DAMAS ENCANTADAS

Esta releitura do conto “A Princesa e o Sapo” traz uma forma totalmente diferente do conto original. Desta vez, é a princesa quem é um sapo e precisa do beijo de um príncipe.

Trata-se de uma antologia com doze contos celtas originais, de onde vários contos de fadas se originaram. Como se fosse a versão celta dos contos já conhecidos, como “Justa, Morena e Trêmula” (Cinderela) ou “Árvore de Ouro e Árvore de Prata” (Branca de Neve). Vale à pena conhecer esses contos e conferir essas ligações.

Do mesmo autor de Spindle’s End, trata-se de uma releitura do conto da Bela e a Fera, e foi muito aclamado pelas críticas europeias e americanas. A PRINCESA DO BAILE DA MEIA-NOITE JESSICA DAY GEORGE

Publicado pela Editora Arqueiro no Brasil, “Enquanto Bela Dormia”, de Elizabeth Blackwell, traz um novo olhar sobre a história da Bela Adormecida, conservando os mesmos elementos-chave do conto original, mas com um novo enredo.

MERMAID UMA REVIRAVOLTA NO CONTO ORIGINAL CAROLYN TURGEON

CINDERELA IS EVIL JAMIE CAMPBELL

Este livro da Carolyn Turgeon, como o próprio subtítulo já diz, traz uma reviravolta no conto original da Pequena Sereia. Um novo olhar sobre Ariel e todos os acontecimentos envolvendo seu sacrifício para obter pernas e conhecer o mundo diferente na superfície e poder ter seu final feliz com seu príncipe encantado.

Trata-se de um conto curtinho de Jamie Campbell, uma releitura, história rápida do conto Cinderela. É possível encontrá-lo na internet, rapidamente lê-lo e ter um pouco do mundo criado por Jamie Campbell para este novo olhar sobre o conto original.

Esta releitura do conto da Cinderela, de Jessica Day George, traz um novo olhar para o conto, todo especial, sem deixar os elementos principais do conto original de lado. Temos tudo o que precisamos no conto da Cinderela, mas com uma nova história, um novo olhar, um reconto. SÉRIE DE JIM C. HINES Eu coloco aqui a série do autor com todos os livros juntos pois fica mais fácil compreendê-la. Ele traz os contos de fadas recontados de uma forma mais jovem, para o público infanto-juvenil. Temos destaque para três livros: “The Stepsister a

FILME BRANCA DE NEVE E O CAÇADOR Uma nova abordagem sobre a história de Branca de Neve. A filha do rei consegue fugir, após a rainha matar seu pai e iniciar um reino de terror. Ela persegue a enteada por causa de sua beleza e contrata um caçador para matá-la, em troca de trazer de volta à vida a sua família. Mas ele salva Branca de Neve e a ensina a lutar. Visando um embate final, entre Branca de Neve e a Rainha Má, a princesa se une aos sete anões. Mas um rapaz é enviado, um “príncipe encantado”, e ele engana a princesa, fazendo-a comer uma maçã envenenada pela rainha, e somente um beijo de amor verdadeiro poderá salvá-la. Conta com as atuações de Kristen Stewart, Chris Helmsworth e Charlize Theron.

FILME A BELA E A FERA

MALÉVOLA

Do original francês “La Belle Et La Bete”, o filme traz a história do conto A Bela e a Fera, contando uma nova abordagem sobre a maldição do príncipe que se tornou uma fera. Totalmente em língua francesa, tem uma fotografia poética, traz novos personagens, e nos faz enxergar a beleza mesmo nas atitudes bestiais da Fera. Uma pitada de mitologia grega, uma ninfa da floresta se apaixona pelo príncipe, mas sua obcessão por uma gazela dourada a leva à morte. Seu pai, o deus da floresta, o amaldiçoa a ser fera para sempre, ou até que uma mulher o ame, quebrando a maldição. Após anos nesta condição, finalmente Bela aparece e passa a conviver com a Fera como sua prisioneira, em lugar de seu pai, que lhe furtou o que era mais precioso: uma rosa de seu jardim.

Conhecemos, através dos olhos da decepção da fada Malévola, a história da Bela Adormecida. Malévola, uma fada do mundo dos Mors, se apaixona por Stefan, do mundo dos humanos que tentou roubar um diamante do poço das joias. Ele vem visitá-la sempre, até o dia em que deixa de aparecer. Após alguns anos, o rei dos humanos resolve juntar forças e dominar o reino dos Mors. E é derrotado por Malévola. Então, ele oferece a filha em casamento para quem matasse a fada. Stefan vai até lá, droga a mulher que confiou nele e lhe corta as asas, levando-a para o rei. Quando este morre, ele se torna rei em seu lugar. Malévola se torna uma mulher amarga e amaldiçoa a filha do rei. A partir daí, ela passa a acompanhá-la, e se apega a ela, mas não consegue desfazer a maldição.


ENCANTO MORTAL – SARAH CROSS

ALICE NO PAÍS DAS ARMADILHAS MAINAK DHAR

Com um título bem claro, esta é uma releitura da história de Lewis Caroll, “Alice no País das Maravilhas”, de Mainak Dhar. Este é o primeiro livro de uma série de volumes, e trata-se de uma distopia com vários elementos da história original.

livro com uma história que podemos reconhecer os elementos da história original, mas com um diferencial, trazendo elementos contemporâneos e modernos. VERMELHO COMO SANGUE SALLA SIMUKKA

DOROTHY MUST DIE – DANIELLE PAIGE

Esta releitura de “O Mágico de Oz” traz uma história além da história original, contando o que acontece depois da primeira vez que Dorothy pisou em Oz.

Publicado no Brasil pelo selo Verus, do Grupo Editorial Record, “Encanto Mortal”, de Sarah Cross, traz vários personagens inspirados em contos de fadas, mas a história central gira em torno de “A Bela Adormecida”, numa releitura moderna. O CANTO DO CISNE – BIANCA SOUSA

Publicado no Brasil pela Editora Novo Conceito, o livro “Vermelho Como Sangue”, de Salla Simukka, traz uma releitura do conto da Branca de Neve de uma maneira inusitada.

Mais um nacional por aqui! Desta vez, da autora Bianca Sousa, “O Canto do Cisne” traz uma releitura de “O Lago dos Cisnes”.

OVER THE RAINBOW BELEZA CRUEL – ROSAMUND HODGE

“Beleza Cruel”, de Rosamund Hodge, é publicado no Brasil pela Editora Novo Século, e traz uma releitura diferente do conto “A Bela e A Fera”. Na capa, a seguinte frase: “Sua missão era mudá-lo. Seu destino era amá-lo.”

ADORMECIDA: CEM ANOS PARA SEMPRE PAULA MASTROBERTI

“Over The Rainbow” traz uma coletânea de contos de fadas escritos por youtubers (em sua maioria), e com o tema totalmente LGBT. Autores vlogueiros, como Eduardo Bressanin, Renato Plotegher Jr, Maicon Santini, Lorelay Fox e a jornalista Milly Lacombe trazem releituras gays e lésbicas de histórias como A Bela e A Fera, Branca de Neve, Cinderela, Rapunzel e João e Maria. Para quem curte o ramo ou tem curiosidade, vale à pena conferir pelo inusitado. É possível identificar facilmente os elementos dos contos originais.

Esta autora nacional trouxe para nós uma inovação, com releituras de contos de fadas não só em texto como também em HQ’s. “Adormecida: Cem Anos Para Sempre” não é a única releitura da autora. Também tem publicado “Cinderela: Uma Biografia Autorizada”. Para saber mais sobre as duas releituras, basta dar uma espiada na seção Estantes desta edição, onde a autora deu entrevista exclusiva para a revista e fala das duas obras e de seu trabalho não só como autora, mas também como ilustradora e quadrinista, e seu mundo nas artes visuais no Brasil.

FILME A GAROTA DA CAPA VERMELHA

FILME JOÃO E MARIA

FILME JACK, O CAÇADOR DE GIGANTES

A releitura do conto da Chapeuzinho Vermelho traz uma aldeia atormentada por um lobo que ataca em noites de lua cheia. A aldeia traz um monge, que já passou pelo problema, e tem certeza que se trata de um homem da aldeia que se transforma em lobo. Ninguém acredita, e os homens saem em caçada pela floresta, matam um lobo qualquer e acreditam estarem livres, fazendo uma grande festa. Durante esta festa, o verdadeiro lobo ataca novamente, mas não ataca a garota da capa vermelha. Ele fala com ela em sua mente, atraindo-a. Ela visita sua avó na floresta e lhe conta o ocorrido. O monge acredita que o lobo quer transformar alguém, pois se aproxima a Lua de Sangue, onde a transformação é possível. Com atuações de Amanda Seyfreid e Billy Burke.

Após matarem a bruxa da casa dos doces, João e Maria se tornaram célebres caçadores de bruxas, e são requisitados por uma aldeia, cujas crianças estão desaparecendo aos poucos. Eles acreditam se tratar da atuação de bruxas, por isso contratam os serviços dos irmãos. Eles passam a investigar o caso e descobrem que uma bruxa extremamente poderosa, capaz de fazer o feitiço de alterar sua própria aparência, está por trás dos desaparecimentos e ronda a cidade. Após capturarem uma bruxa no entorno da cidade, ela revela uma parte do plano: estão capturando as crianças para criarem uma poção que irá protegê-las do fogo, portanto, de serem destruídas. O passado dos irmãos vem à tona. Com Jeremy Renner, Gemma Arterton e Famke Janssen.

Há muitos anos o mundo está em paz com o mundo superior e seus gigantes. E a história dos gigantes passou a ser um folclore da cidade. Mas Jack sempre acreditou nas histórias em que o rei forjou, da pele de um gigante, uma coroa que dava ao seu usuário o poder de dominá-los. A única coisa que poderia ligar os dois mundos era um pé de feijões mágicos, que chegaria até às nuvens. Por isso esses feijões eram protegidos. Jack vai até à cidade para vender um cavalo e comprar comida para casa quando um monge, que tenta proteger os feijões, troca-os no cavalo do rapaz. Sem querer, os feijões recebem água e um imenso pé de feijão nasce, dando-lhe acesso ao mundo superior. Os gigantes, então, resolvem atacar, e a trégua está terminada.

BELEZA PERDIDA – AMY HARMON Da autora Amy Harmon, o livro “Beleza Perdida” traz uma releitura do conto da “Bela e A Fera”, novamente aqui um reconto, isto é, uma história nova, um novo olhar sobre a mesma história, um n


REINO DAS NÉVOAS CAMILA FERNANDES

vivos. Uma releitura no mínimo intrigante e diferente. Não sei a opinião dos leitores, mas cada um tire suas próprias conclusões!

ACADEMIA DE PRINCESAS SHANNON HALE

EM BUSCA DA CINDERELA COLLEEN HOOVER

Mais uma autora nacional pintando na nossa lista, Camila Fernandes traz “Reino das Névoas”, que não se trata exatamente de releituras de contos de fadas, mas sim contos de fadas originais para adultos. São sete contos, e para saber mais sobre o livro, passe na seção Estantes dessa edição e confira a entrevista exclusiva que a autora nos concedeu. RELEITURAS DE ALEX FLINN

Mais uma releitura publicada pelo selo Galera, do Grupo Editorial Record, destaque em publicações do tipo no Brasil. Mais um livro também em nossa lista da autora Shannon Hale, “Academia de Princesas” traz diversas personagens de contos de fadas, com destaque da história principal para o conto de Cinderela. Publicado no Brasil pelo selo Galera, do Grupo Editorial Record – o mesmo selo que publicou os livros “Livro das Princesas” e o “Livro dos Vilões”, além das releituras modernas de contos de fadas da autora Paula Pimenta (nossa capa), o livro “Em Busca de Cinderela”, de Colleen Hoover traz uma releitura contemporânea do conto Cinderela, e vale à pena ler este romance, principalmente se curtir romances modernos.

O ENIGMA DA ADORMECIDA CRÔNICAS DO REINO DO PORTAL SIMONE O. MARQUES

SOCIEDADE CINDERELA KAY CASSIDY Alex Flinn traz para nós algumas releituras interessantes, que valem à pena a leitura. A primeira delas, “Beastly”, é uma releitura do conto “A Bela e A Fera”, mas desta vez sob o olhar da Fera. Já “A Kiss In Time” traz o conto da “Bela Adormecida” sob o olhar de Philip. Os dois tratam-se de releituras contemporâneas dos contos de fadas.

Mais um nacional por aqui! Da autora Simone O. Marques, que já esteve conosco na primeira edição (seção Estantes), mostra todo o seu potencial para a fantasia, usando como pano de fundo as nossas próprias paisagens brasileiras. Releitura do conto da Bela Adormecida de um jeito bem diferente, publicado pela Madras Teen.

ALICE IN ZOMBIELAND – GENA SHOWALTER

Mais um livro publicado pelo selo Galera, do Grupo Editorial Record, que vem se destacando na publicação de releituras modernas e contemporâneas de contos de fadas no Brasil. “A Sociedade Cinderela”, de Kay Cassidy, trata-se de uma releitura diferente do conto clássico, envolvendo assuntos do cotidiano e do interesse do público infanto-juvenil, como bullying, colégio, garotas populares e impopulares, o garoto dos sonhos, bailes, anseios do futuro, estudos, entre outros assuntos do universo adolescente.

Esta lista foi a mais completa que pudemos encontrar, mas não é totalmente completa. Temos vários autores nacionais desconhecidos, que não entraram na lista, bem como outros autores internacionais que não foram listados por não terem sido publicados no Brasil ou não atingir uma cota de vendagens significativa, ou mesmo por não serem tão conhecidos. Mas se você conhece um autor que não entrou nessa lista, comente e mande uma mensagem para nós! Envie para redacaobookaholic@gmail.com e participe da revista dando sua contribuição e opinião! E nós publicaremos na próxima edição! ■

ANIMAÇÃO DEU A LOUCA NA CHAPEUZINHO

FILME VIVENDO UM CONTO DE FADAS

SÉRIE BEAUTY AND BEAST

A tranquilidade da vida na floresta é alterada quando um livro de receitas é roubado. Os suspeitos do crime são: Chapeuzinho Vermelho, o Lobo Mau, o Lenhador e a Vovó, mas cada um deles conta uma história diferente sobre o ocorrido. Cabe então ao inspetor Nick Pirueta, o sapo, investigar o caso e descobrir a verdade. “Deu a Louca Na Chapeuzinho” foi lançado em maio de 2006 em DVD. O filme foi o mais vendido na sua semana inicial de lançamento e possui uma continuação, onde a Agência Secreta Final Feliz recruta vários personagens de contos de fadas para descobrir o mistério do sequestro de duas crianças, João e Maria, na casa dos doces, e acabam indo parar no mundo dos gigantes, por um pé de feijão.

Kelly Carter sonha em ser estilista de sapatos, mas que nunca tem sua oportunidade, por ser uma garota feia e sem atrativos. Trabalha para uma empresa que nunca lhe dá oportunidade, pois seu dono é um homem intransigente e que só se importa com a beleza exterior. Um dia, encontra um par de sapatos mágicos, onde, ao calçá-los, ela se torna uma bela mulher. Com estes sapatos, ela vai à festa que a grife promove para encontrar uma nova modelo, e seu dono se apaixona por ela, tornando-a a modelo oficial da marca. Ela aceita, desde que Kelly seja a estilista dos sapatos que irá usar. O problema é que o dono passa a namorar Prudence, a modelo linda, e Kelly precisa ser as duas ao mesmo tempo, com trocas de sapatos, e isso fica cada vez mais complicado.

Catherine Chandler é uma detetive inteligente e focada. Na adolescência, a policial testemunhou o assassinato de sua mãe, vítima de dois homens armados. Ninguém acreditou nela, mas Catherine sabe que não foi um animal que atacou os assassinos, mas sim, um humano. Anos depois, Catherine é uma mulher forte, confiante e capaz de resolver crimes em conjunto com sua parceira de trabalho, Tess. Enquanto investigam uma morte, Catherine descobre uma pista que a leva ao doutor Vincent Keller, dado como morto durante a guerra do Afeganistão, em 2002. Ela descobre que Keller foi quem a salvou no passado. Entretanto, ele esconde um segredo que o fez se afastar da sociedade por 10 anos: quando está com raiva, se torna uma fera assustadora, incapaz de controlar força e sentidos.

Exatamente. A mesma Alice de Lewis Caroll. Mas aqui, em vez de estar no País das Maravilhas, ela é uma guerreira que luta contra mortosa



Por Helena Souza

CLASSIC BOOKS

THE TALE OF MR. JEREMY FISHCER

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BEATRIX POTTER Jeremy Fisher é uma rã que vive numa casa desleixada à beira de um pequeno lago. Num dia chuvoso, ele recolhe vermes para pescar e vai até o meio do lago num barco feito de uma flor de lírio. Jeremy pensa em convidar seus amigos para jantar se conseguir pescar mais de cinco peixes. No entanto, o dia de pesca está cheio de problemas, e consegue mesmo escapar por pouco de uma grande truta que o tenta engolir. Jeremy nada para a terra e, dirigindo-se para sua casa, decide não pescar outra vez.

Roger Ackroyd, um homem considerado um fidalgo rural. Esse grupo de fofoca é liderado por uma senhora inglesa de meia idade, Caroline Sheppard, irmã do prestigiado doutor James Sheppard. Recentemente, o grupo da fofoca especulava sobre o relacionamento da viúva Miss Ferrars e de Mr. Ackroyd. Ackroyd no meio da confusão pede a Sheppard para jantar com ele, e revela que Miss Ferrars matara o marido e era chantageada. Ele recebe uma carta que devia ler mais tarde (onde saberia quem era o chantagista), mas não pôde, pois é assassinado. Por pura coincidência, Poirot está descansando na vila, plantando abobrinhas. Com a ajuda do Dr. Sheppard, Poirot investiga o crime, qualificado de bizarro, visto que Ackroyd foi morto em seu escritório. A investigação é tortuosa e Poirot concebe que cada um tem um segredo. No entanto, no fim Poirot encontra o verdadeiro autor do crime.

O ENCONTRO MARCADO FERNANDO SABINO O livro conta a história do escritor Eduardo Marciano em sua busca existencial, sua vida e as mudanças de perspectivas que sofre ao longo da história. O romance se inicia na cidade de Belo Horizonte. Eduardo começa a narrar sua história a partir das memórias de infância, destacando a grande amizade por Hugo e Mauro. Ligados à arte literária, os garotos discutem questões relacionadas a grandes obras. Com o passar dos anos, Eduardo se casa, porém o casamento não dá sentido à sua vida, e ele continua em uma busca desesperada por respostas.

O MESTRE E MARGARIDA

ANGÚSTIA

MIKHAIL BULGAKOV Bulgakov narra a chegada do Diabo em plena Moscou comunista dos anos 1930. E Satanás não está sozinho; em sua comitiva, há uma feiticeira nua, um homem de roupas apertadas e monóculo rachado e um gato preto de proporções “espantosas”. Tudo começa em uma tarde de primavera, quando Satanás e seu séquito diabólico decidem visitar a cidade, e encontra poetas, editores, burocratas e todo o tipo de pessoa tentando levar a vida em pleno regime comunista. O que todos ali não sabem é que, depois desta visita, nada será como antes – um rastro de destruição e loucura mudará o destino de quem cruzá-lo.

GRACILIANO RAMOS A obra apresenta um narrador em primeira pessoa, Luís da Silva, funcionário público de 35 anos, solitário, desgostoso da vida e que acaba se envolvendo com sua vizinha, Marina. Com traços existencialisEXALTAÇÃO tas, Luís mistura fatos do passado e do ALBERTINA BERTHA presente, narra num ritmo frenético como Romance de estreia da escritora, é bas- um grande monólogo interior. tante ousado pelo teor erótico e pela protagonista Ladice que reconhece a hipocrisia da sociedade e sente-se em desacordo com os preceitos desta e quer ser livre, agir de maneira fiel às suas vontades, superando o amor romântico. Porém a transgressão da protagonista é relativa, pois em muitos momentos ela acaba cedendo à norma dominante. Mas o que mais se destaca em Ladice é o seu discurso de inconformidade, avesso ao que se espera de uma mulher na sociedade e na época em que vive. Ela quer uma sociedade menos preconceituosa, menos SEARA VERMELHA hipócrita, quer abolir os costumes arraiJORGE AMADO UM ESTRANHO NO ESPELHO gados na ignorância, uma sociedade em Na primeira parte, o romance descreve a que a inteligência da mulher possa ser penosa retirada rumo ao sul de uma faSIDNEY SHELDON reconhecida, dando a oportunidade de mília de lavradores pobres, expulsos da Hollywood – a grande fábrica de ilusões. ela interagir ao nível dos homens. roça pelo novo latifundiário da região. Na É na capital mundial do cinema que o jocaminhada pela inóspita caatinga, co- vem comediante Toby Temple faz de tumandados pelo patriarca Jerônimo, vá- do para conseguir colocar seu nome no rios vão ficando pelo caminho. Na segun- lugar mais alto dos letreiros luminosos. da metade do livro, conta-se a história Uma posição que não se alcança apenas dos três filhos de Jerônimo que saíram com talento, mas à custa de muito trabalho sujo, sexo por interesse e intrigas de casa antes mesmo do grande êxodo. nos bastidores. Bem-sucedido, mas solitário, ele se apaixona por Jill Castle, uma candidata a estrela que se submetia aos desejos mais pervertidos dos produtores em troca de pequenos papéis. Porém, ele não pode saber do passado da amaO ASSASSINATO DE da, e ela lutará para se manter como a ROGER ACKROYD esposa do famoso comediante, custe o que custar. Um livro do já então famoso AGATHA CHRISTIE autor, mas que também veio marcar sua Na sossegada vila britânica de King’s trajetória no mundo da literatura internaAbbott, o passatempo é o mexerico. Muicional. to frequentemente, discutem a vida de aaa Nesta seção, apresentamos livros lançados há cem, noventa, oitenta, setenta, sessenta, cinquenta, quarenta, trinta, vinte e dez anos, cujo valor foi posto à prova do tempo, tornando-os clássicos.

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A PAIXÃO DO CONDE DE FRÓIS

COMER, REZAR, AMAR

MÁRIO DE CARVALHO Século XVIII. Reina D. José, governa o Marquês de Pombal. O irrequieto Conde de Fróis é desterrado para a longínqua praça de S. Gens. Declara-se a guerra entre Portugal e os exércitos coligados da Espanha e da França. O jovem conde tudo fará para defender a insignificante fortaleza, indo muito para além do que lhe é exigível. Instala-se uma guerra de cerco feroz e movimentada, com grande aparato e violência. Mas a vontade popular é fátua e inconstante. E até os mais próximos e insuspeitos optam pela sua conveniência pessoal. Em todas as muralhas há uma porta da traição.

ELIZABETH GILBERT Em torno dos 30 anos, Elizabeth Gilbert enfrentou uma crise de meia-idade precoce. Tinha tudo o que uma americana instruída e ambiciosa teoricamente poderia querer – um marido, uma casa, um projeto a dois de ter filhos e uma carreira de sucesso. Mas em vez de sentir-se feliz e realizada, foi tomada pelo pânico, pela tristeza e pela confusão. Enfrentou um divórcio, uma depressão debilitante e outro amor fracassado, até que se viu tomada por um sentimento de liberdade que ainda não conhecia. Foi quando tomou uma decisão radical – livrou-se de todos os bens materiais, demitiu-se do emprego, e partiu para uma viagem de um ano pelo mundo – sozinha.

NA NATUREZA SELVAGEM JON KRAKAUER O corpo em decomposição de um jovem é encontrado no Alasca. A polícia descobre que se trata de um rapaz de família rica do Leste Americano que largou tudo, se internou sozinho na aridez gelada e morreu de inanição. Quem era o garoto? Por que foi para o Alasca? Por que morreu? Para responder a essas e outras perguntas, Jon Krakauer refaz a trajetória de Chris McCandless, revelando a América dos que vivem à margem, pegando carona ou circulando em carros velhos, vivendo em acampamentos e cidades fantasmas. Mergulha no mundo da cidadezinha rural, onde homens rudes bebem e conversam sobre o tempo e a colheita, e compara a história do jovem com a de outros aventureiros solitários que tiveram o fim trágico.


Por Juliana Cury A Chiado nasceu há oito anos, numa época bastante difícil para este mercado, e seria uma grande aventura criar uma nova editora. No entanto, Gonçalo Martins sentiu uma grande necessidade de fazê-lo, precisamente àquela altura! O acesso à publicação era cada vez mais difícil, se não impossível, para um número imenso de autores, e ele sentia claramente essa urgência. E isso despertou, de certa forma, uma curiosidade, pois hoje a Editora Chiado é uma importante editora em Portugal e tem filiais também no Brasil. Por isso, conversamos com ele para saber mais sobre esse risco, sobre a linha editorial de publicação, o seu diferencial e muito mais. Venha curtir essa viagem!

Primeiramente, pode nos contar um pouco sobre a fundação da Editora Chiado? Gonçalo Martins: A Chiado nasceu há oito anos atrás, porventura numa época que poderia desaconselhar uma aventura como a de criar uma nova editora. No entanto, eu sentia claramente a urgência de o fazer, precisamente naquela altura! Era bastante claro para mim que se tornava cada vez mais difícil, se não impossível, para um número imenso de autores, o acesso à publicação. O mercado editorial era, em geral, muito conservador e pouco vocacionado para a aposta em obras de autores que não tivessem já obra publicada, ou que fossem, de alguma forma, midiáticos. Havia um grande contrassenso nessa lógica: como seria então possível publicar uma primeira obra? Publicar “a sério”, com uma editora, com profissionais, assessoria de comunicação, acesso aos grandes canais de distribuição, em suma, com condições... Qual é o diferencial e a missão da Chiado no mercado editorial internacional? Martins: Trabalhamos para ser uma força democratizadora do meio literário mundial e editora voltada para o seu tempo! Todos os dias nos questionamos se estamos realmente a fazê-lo. A inovação e o pioneirismo estão no DNA da Chiado. Existe ainda uma percepção geral de que as editoras são círculos fechados, elitistas, e que os seus processos são pesados e demorados. O nosso foco, em todas as chancelas internacionais da Chiado, está em descomplicar todos os processos de edição e aproximar autores e leitores. 38

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Qual é a linha de publicação editorial da Chiado? Martins: A Chiado aposta na democratização do acesso à publicação e à literatura. Temos um único catálogo, generalista, onde podem ser encontradas obras de todos os gêneros literários, e no qual convivem de forma perfeitamente saudável autores consagrados com autores emergentes. Por que o Brasil foi escolhido para a montagem da filial da Chiado Editora? Martins: Foi uma evolução normal, que surgiu do crescente número de leitores e autores brasileiros que nos procuravam. Sempre tive a visão de uma editora que cruzasse as fronteiras da lusofonia, cujo território fosse a Língua Portuguesa, mais do que esse ou aquele país em particular. Neste contexto, o Brasil foi um passo de expansão natural. Abrimos em 2014 nosso escritório de São Paulo, onde trabalha uma equipe fantástica dedicada por inteiro ao mercado brasileiro. Temos sido muito bem recebidos no Brasil! Tem sido um desafio enorme, mas pleno de recompensas. Publicamos já cerca de quarenta novos títulos por mês de autores brasileiros, e temos construído relações de grande proximidade e confiança com as maiores livrarias, por todo o território nacional.

“Sempre tive a visão de uma editora que cruzasse as fronteiras da lusofonia, cujo território fosse a língua portuguesa. O Brasil foi um passo natural.” Gonçalo Martins Founder & CEO Chiado Editora

Na sua opinião, como e qual deve ser o papel de uma editora na sociedade contemporânea? Martins: Vivemos num tempo em que se discutem muito os hábitos de leitura, mas em que o mundo da edição de livros insiste em não acompanhar o que de melhor tem acontecido com a explosão de acesso à informação e à cultura no plano global. Veja a indústria da música, por exemplo, que embora tarde, se viu obrigada a encontrar novas estratégias e posicionamentos face ao natural aumento da oferta e das novas pontes entre criadores e seu público. Não é possível encarar a edição de livros à luz das mesmas premissas de há dez ou vinte anos. Pelo contrário: cabe às editoras, em primeiro lugar, revolucionar o seu espaço e inovar. E acredito que a Chiado tem trilhado caminhos importantes neste sentido. Publicamos mais de mil títulos por ano e todos eles pensados livro a livro sempre de forma positiva “como é que este livro pode ser publicado e promovido”. Onde não existia espaaa

co para novos autores, nós o criamos. Onde víamos receio face ao livro digital, nós inovamos, disponibilizando praticamente todo o catálogo em ebook e a um preço único. Onde crescia a distância entre autores e leitores, nós os aproximamos. Onde existia receio da partilha de conteúdo editorial em blogs e redes sociais, nós incentivamos essa partilha, pois é um meio de divulgação cultural, e somos seguidos por dois milhões e seiscentos mil leitores em nossa página no Facebook, rede na qual nós somos a marca portuguesa nº 1 e a maior editora à escala mundial. A Chiado possui interesse em se expandir para outros países? Martins: Com certeza! Temos já várias chancelas internacionais em pleno funcionamento, das quais se destaca a Chiado Editorial, em Madrid, que já está a publicar 30 novos títulos por mês em Língua Espanhola, dos quais 40% são já autores da América Latina. A Chiado Editeur, para a Língua Francesa, e a Chiado Publishing, dedicada à publicação em Língua Inglesa, dão sinais de franco crescimento e estamos fortemente apostando no desenvolvimento da Chiado Editore, na Itália! A nossa missão com o livro é a cultura global! Quais são os principais desafios que vocês enfrentaram no mercado? Martins: O verdadeiro desafio foi sempre o preconceito. O mercado editorial tem hábitos antigos, cristalizados há décadas na maior parte dos países. É sempre complicado para o establishment quando assiste ao surgimento e grande crescimento de uma nova editora, ainda para mais quando essa editora se propõe a alterar as regras do jogo e está empenhada numa profunda alteração do status e do modo de funcionamento a que algumas empresas habituaram leitores e autores. Não queremos fazer mais do mesmo. Se a Chiado começou, foi porque existiam situações no mundo da edição que considerávamos que tinham de ser ultrapassadas rapidamente, pois eram totalmente inadequadas ao nosso tempo. O nosso percurso é orientado por uma missão muito clara: inovar, transformar e melhorar este negócio, assumindo claramente uma editora enquanto a plataforma de acesso à publicação e à leitura, como espaço de novas propostas, algumas com menor e outras com maior potencial comercial; numa frase: queremos democratizar o mundo do livro e da publicação. Naturalmente que esta proposta, realizada com a dinâmica e sucesso que obtivemos, gera alguns anticorpos e temos que trabalhar mais e muito melhor que todos os outros para desfazer os mitos e preconceitos que um universo tão conservador e tradicional como este alimentavam. Quais os próximos objetivos da Chiado no Brasil? Martins: Continuar a crescer e afirmar a Chiado enquanto uma das maiores e melhores editoras da nossa Língua! O Brasil é um território muito entusiasmante para nós e temo-nos sentido muito bem recebidos e acarinhados por leitores, autores e livreiros. É um país cheio de talento e uma relação muito apaixonante e fresca com a literatura e a cultura. Estamos a aprender muito trabalhando no Brasil, mas sentimos que podemos também dar contributos importantes e acrescentar ao que existe de momento. ■



Por Juliana Cury

CAPÍTULO BÔNUS

Vou usar este espaço para falar de um dos meus livros favoritos de todos os tempos: “Trabalhar no Paraíso Pode Ser Um Inferno”. Acho que este é um dos livros mais divertidos e arrebatadores que eu já li. SOBRE O AUTOR O americano Simon Rich, além de escrever livros muito inteligentes e engraçados, é redator do programa Saturday Night Live, e escreve para o jornal The New Yorker. Ou seja: de escrita ele entende bem! Além desse título, a Editora Planeta também publicou no Brasil outra obra do autor: “Elliot Allagash”.

SOBRE A OBRA A história deste livro é a seguinte: a CÉU Ltda é uma empresa (muito mal administrada, por sinal) e Deus é seu presidente (mas passa todos os dias jogando golfe), assim como anjos e arcanjos são funcionários Eu sei que pode parecer um enredo meio estranho, mas a cada página o autor consegue conquistar o leitor mais e mais e fazer nascer uma vontade que isso seja real. Vale ressaltar que, embora faça menção ao céu, o livro não tem nenhum apelo religioso, a religião é só o cenário para criar a história. O ponto crítico para toda a trama é quando Deus começa a pensar no planeta em que ele criou, em como está a humanidade e a administração do mundo. Com isso, ele chega à seguinte a

conclusão: deu tudo errado e a única solução é armar o Juízo Final! Apenas dois anjos de toda a empresa vão contra essa decisão, Craig e Eliza, que fazem parte do Departamento de Milagres, um setor que ninguém se importa muito. Totalmente desacreditada em tudo isso, Eliza vai falar com Deus sobre essa loucura toda. Ela foi o anjo responsável por organizar todas as preces que chegavam ao céu antes de serem passadas ao presidente, mas ele nunca leu nem deu valor ao seu trabalho. De modo a dar uma chance para os dois anjos, embora tenha certeza de que o esforço deles será em vão, Deus faz um acordo: Não destruirá o mundo, contanto que eles consigam atender pelo menos uma prece e deixar o dono dela realmente satisfeito. É aí que Craig e Eliza escolhem uma prece dupla: um casal que deseja ficar junto. Fácil, né? Afinal, se eles já se gostam, é um trabalho a menos. Isso é o que todos pensamos até vermos todas as aventuras divertidas, piradas e desesperadas que os dois anjos passam para conseguirem juntar o casal.

MENSAGEM CENTRAL O livro tem diversos pontos extremamente engraçados, como ver Craig interferindo no cotidiano humano, Deus e a sua ideia de montar um restaurante asiático-americano, e o personagem mais hilário, Raoul, o mensageiro de Deus. Além disso, a história também tem uma pegada reconfortante quando se trata de milagres; nos faz refletir se as pequenas coincidências e felicidades de nossa vida podem ser verdadeiros milagres e não somente algo grande, como ganhar na loteria.

O AUTOR NO BRASIL Infelizmente o autor não ficou muito conhecido no Brasil, mas, resumindo, é um livro que desperta todas as emoções para jovens e adultos e indico que todos corram para uma livraria se quiserem ter momentos bem divertidos. Esse é o Capítulo Bônus desta edição! ■ 40

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CAFÉ LITERÁRIO

CLUBE DE LEITURA CIA DAS LETRAS/CIA LIMITADA JULHO/2016 SÃO PAULO - SP No mês de julho, o clube de leitura Cia das Letras/Cia Limitada, que se reúne em São Paulo-SP, escolheu o livro “Essa Menina”, de Tina Correia. Passamos o mês lendo o livro e, em nossa reunião, tivemos uma ótima discussão sobre a história, sobre o livro, que é um lançamento da literatura nacional. Foram ótimos momentos com o grupo que se reúne mensalmente e escolhe livros para lermos em conjunto e depois realizarmos uma discussão sobre os assuntos que o livro envolve, sobre o fluir da leitura, sobre as dificuldades que tivemos ao ler o livro, enfim. E, neste último encontro, recomendamos bastante a leitura deste livro, que provavelmente será um expoente de nossa literatura.

X FEIRA DO LIVRO JARAGUÁ DO SUL DATA: 11 a 21 de Agosto de 2016 LOCAL: Centro Cultural de Jaraguá do Sul-SC Nos dias 11 a 21 de agosto de 2016, em Jaraguá do Sul, Santa Catarina, aconteceu a Feira do Livro da cidade, contando inclusive com participação da escritora que está entre os vinte autores mais vendidos da atualidade: Paula Pimenta (nossa capa), no dia 18. A feira aconteceu no Centro Cultural de Jaraguá do Sul, e o acesso foi gratuito. Outros autores que estiveram presentes foram Milton Hatoum, Samir Yazbek, Fernando Bonassi e Silvio Mansani. Também rolou por lá o 25º Concurso de Declamação, Contação de Histórias (Balaio de Histórias), Debates, Galpão de Leitura, teatros e salas de exposições.

FEIRA LITERÁRIA DE DIVINÓPOLIS DATA: 18 a 21 de Agosto de 2016 LOCAL: Teatro Usina Gravatá, Divinópolis-MG Nos dias 18 a 21 de agosto de 2016, ocorreu a FLID (Feira Literária de Divinópolis), em Minas Gerais. A feira contou com várias participações importantes, entre elas, a nossa capa Paula Pimenta, que atendeu aos leitores e tarde de autógrafos no dia 21. Tivemos também as participações de Fernanda Takai (Pato Fu), Fernanda Mello, Xico Sá, Fabrício Carpinejar, Conceição Evaristo, Daniel Munduruku, Leila Ferreira, Cris Guerra, Carlos Ruas, Jim Anotsu, Angela Leite de Souza, Juarez Nogueira, Márcio Borges, Leida Reis, Rodrigo Feres, José Santos, e uma programação especial para autores iniciantes.

XXIV BIENAL INTERNACIONAL DO LIVRO DE SÃO PAULO DATA: 26 de Agosto a 04 de Setembro de 2016 LOCAL: Pavilhão do Anhembi Com participações de Bel e Fran, Mac Barnett, Eduardo Spohr (Capa Edição #2 da Geração Bookaholic), Gustavo Stockler, Thaíde, Jout Jout, entre outros. O evento foi bastante esperado o ano inteiro, e muita gente compareceu. O evento contou também com alguns espaços como a Ignácio Loyola Brandão, Cozinhando com Palavras, Seção de Ideias, Espaço Infantil BIC Maurício de Souza, Cordel e Repente, Praça de Histórias, Praça da Palavra, Arena Cultural BNDES, além do Congresso Internacional do Livro Digital. O evento não foi gratuito, e foram cobrados ingressos, que poderiam ter sido adquiridos antecipadamente, e variaram de R$ 20 a R$ 25, e havia também opções de meia-entrada e alguns pacotes.

LANÇAMENTO DE “ALFARRÁBIOS” NA PRAÇA DO SEBO DATA: 27 de Agosto de 2016 LOCAL: PRAÇA DO SEBO, Recife-PE No dia 27 de agosto de 2016, aconteceu na Praça do Sebo, em Recife-PE, o lançamento do livro “Alfarrábios” sobre a história da praça, esse local criado especificamente para exaltar a leitura e a literatura na cidade. O livro, escrito por Ana Carolina Sobral – que é uma incentivadora da apropriação desse espaço público e a criadora dos projetos “Movimente Praça do Sebo” e “Abril Pro Livro” – conta tudo sobre a praça e sobre sua importância na cidade do Recife, as histórias das memórias dos sebistas, alguns tendo seu box de vendas no local há mais de vinte anos. Na segunda edição da Geração Bookaholic, fizemos uma matéria especial sobre a Praça e entrevistamos alguns desses sebistas, e também a autora do livro.



Por Emerson Coimbra

são, Branca de Neve é prisioneira da madrasta há mais de dez anos e consegue fugir no mesmo dia em que a rainha decide matá-la. Em uma fuga perigosa pela floresta sombria, Branca de Neve acaba recebendo auxílio do homem que deveria arrancar seu coração. Com o Caçador, Branca de Neve tenta escapar do irmão da rainha e seu exército, mas, em vez de esperar que um príncipe venha salvá-la, a princesa acaba se tornando uma guerreira. Uma leitura leve, rápida, cheia de ação e com um toque de romance. Recomendo!

Certamente meu primeiro contato com a literatura foi através dos tão famosos livros infantis dos contos de fadas. Creio eu que não fui o único. Esses contos trazem histórias famosas, como as de Cinderela, Rapunzel, Pequena Sereia, e Chapeuzinho Vermelho. E mesmo depois de crescidos, temos a oportunidade de reviver, novamente, esses mundos fantásticos, através desses antigos contos que são renovados em adaptações e releituras modernas. E se você curte esse mundo, tenho certeza de que vai amar a seleção que fiz, logo abaixo.

país europeu, que foi levada para o Brasil para ficar distante e protegida de uma mulher invejosa que não aceitava o casamento dos pais da princesa. Hoje, aos 16 anos de idade, Anna Rosa estuda em um colégio interno só para garotas. Anna conhecerá um jovem rapaz chamado Phil, no qual ela se apaixona. Ela acredita que ali pode ser o começo do conto de fadas da sua vida. Um livro super indicado para o público juvenil, com uma leitura rápida, que agrada demais fãs de releituras de contos clássicos. Um Perfeito Cavalheiro – Julia Quinn Este livro é uma releitura do conto Cinderela. Sophie Beckett é filha ilegítima de um conde que, mesmo não sendo carinhoso com ela, sempre atendeu suas necessidades. Contudo, com a morte do pai, Sophie sofre nas mãos da madrasta e de suas meias-irmãs e se torna empregada delas. Um dia, os empregados da casa resolvem bancar as fadas madrinhas e ajudam a garota a realizar seu sonho de ir a um baile de máscaras. Assim que chega ao baile, Sophie chama a atenção de Benedict Bridgerton, e os dois se apaixonam imediatamente. À meianoite, Sophie vai embora de repente, deixando para trás apenas uma luva, uma das pistas que Benedict usa para procurá-la durante os meses seguintes. É uma leitura recomendadíssima se você gosta de romance, uma pitada de humor e outra de conto de fadas! ■ __________________________

Enquanto Bela Dormia – Elizabeth Blackwell Trata-se de uma releitura do conto da Bela Adormecida. O livro traz uma história bem mais realista, mas, ainda assim, com uma pitada de magia. Tudo se passa em um reino medieval. Toda trama é narrada por Elise, uma jovem ingênua e ambiciosa, dama de companhia da rainha Lenore. Após dificuldades para engravidar, a rainha dá à luz a bela princesa Rosa, que é ameaçada pela tia Millicent, que é quem lhe dá a garantia de que lhe ajudaria a engravidar. Amaldiçoada, a princesa cresce cercada de cuidados exagerados e com um desejo imenso por mais liberdade. Uma narrativa sobre a soberania do amor, sobre a ambição e vingança, recheada de intrigas e segredos, luxo e disputas por poder. Nos surpreendemos com o destino de cada um dos personagens e descobrimos que, quando se guia pelo amor, a magia mais poderosa do mundo, qualquer pessoa é capaz de criar o próprio final feliz. Princesa Adormecida – Paula Pimenta Este livro é a versão moderna e nacional do conto da Bela Adormecida. Conta a história de Anna Rosa, uma jovem normal como outras de sua idade, que foi criada por seus tios superprotetores. Quando criança, eles lhe contavam uma história, de que ela era uma princesa perdida de um a 44

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Branca de Neve e o Caçador – Lily Blake A obra é fiel ao original, mas tenta apresentar uma trama mais completa e complexa. Nessa vers

Emerson Coimbra é novo na revista Geração Bookaholic, e está se apresentando aos leitores com este artigo! Esperamos que tenham gostado! Ele tem 19 anos, é estudante de Odontologia, nasceu na cidade do Rio de Janeiro, onde reside até hoje com sua família. Amante de histórias fascinantes, sejam elas cinematográficas ou literárias. Começou escrevendo para seu blog, o Literatura News, e quando menos imaginava, um mundo novo veio até ele. É leitor ávido e escritor desde que se lembra por gente.



INSPIRAÇÃO LITERÁRIA

to, apresenta os Irmãos Grimm, e tem Drew Barrimore no papel principal. Também tem os filmes “Contos da Nova Cinderela”, o primeiro estrelado por Hillary Duff, e o segundo com Selena Gomez. Há uma versão moderna, chamada INSPIRAÇÃO NO CINEMA E TV Ella Encantada, com Anne Hathaway, Ao longo das décadas, centenas bastante divertida. de filmes foram feitos ou adaptações diretas de Cinderela ou enredos vagamente baseados na história. A primeira versão de um filme foi produzida em 1899 em francês por Georges Méliès. A primeira versão da Disney data de 1950 e foi a segunda princesa que a Disney produziu. Walter Lantz também produziu uma animação em 1925. Inspirou ainda os filmes Shrek 2, Xuxa e o Mistério de Feiurinha, as séries de TV “Once Upon a Time” e “Grimm”, o episódio “A Doméstica de Vitória” do seriado “As Brasileiras”, a novela argentina “Floricienta”, cuja adaptação no Brasil ganhou o título de “Floribela”, sendo representada por Juliana Silveira no papel O renomado ator e comediante principal. Jerry Lewis interpretou o personagem A telenovela da Globo “Cheias de principal – primeira vez como persona- Charme” também podem ser vista pelo gem masculino – no filme Cinderfella, de prisma da Gata Borralheira. 1960. Recentemente foi lançado o filme A história também inspirou um epi- “Cinderela”, que faz parte das releituras sódio dos Flintstones, com o nome de modernas de contos de fadas, iniciadas Cinderellastone, primeiramente ao ar em nos filmes “Branca de Neve e o Caça22 de outubro de 1964. dor”, “A Garota da Capa Vermelha” e A primeira adaptação erótica de “Malévola”. comédia foi feita em 1977, dirigido por Michael Pataki. Outra comédia com o personagem principal masculino é CindeOUTRAS INSPIRAÇÕES relo Trapalhão, estrelado pelos Trapa“Assepoester” (1981) de Jan Kal é lhões em 1979. A Gata Borralheira também inspirou Cinderella Monogatari, ani- uma poesia inspirada no conto de Perrault. Também há um show no gelo me japonês com 26 episódios. O filme Para Sempre Cinderella, de chamado “Cinderella”, de Tim Duncan e ■ 1998, além de ser uma releitura do con- Edward Barnell. aa

A Gata Borralheira Por Débora Falcão Trata-se de um dos contos mais populares da humanidade. Também conhecido como “Cinderela”, sua origem tem diferentes versões. A mais conhecida é a do escritor francês Charles Perrault, de 1697, baseada no conto popular italiano “A Gata Borralheira”. A versão mais antiga é da China, por volta de 860 a.C. Existe também a versão dos Irmãos Grimm, semelhante à versão de Perrault. Nesta, porém, não há a figura da fada madrinha, e quem favorece a realização do desejo de ir ao baile são os pombos e a árvore que cresce no túmulo de sua mãe. Neste caso, Cinderela sabe as palavras mágicas, usadas no imperativo, que auxiliam na transformação de seu pedido em realidade. No final, suas irmãs malvadas ficam cegas quando são atacadas pelos pombos. Segundo outras versões, a fada madrinha é na verdade o espírito de sua mãe falecida. INSPIRAÇÃO NA ÓPERA E NO TEATRO Sim, A Gata Borralheira inspirou vários autores de ópera. A versão mais famosa é de Gioachino Rossini, sob o nome La Cenerentola, de 1817, e já foi apresentada no Brasil. Para o Ballet, várias versões foram criadas, como a de Johann Strauss, adaptada e completada por Josef Bayer. Para o teatro, foram feitos musicais e pantomimas. A mais famosa é a de 1957 com participação de Julie Andrews no papel principal.

ÚLTIMA PRATELEIRA

Nesta seção contamos um pouco sobre várias obras inspiradas em um livro.

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Pentamerone Gianbattista Basile

em que cinquenta histórias são relacionadas ao longo de cinco dias, cada um tendo dez contos.

Por Débora Falcão O “Pentamerone” – também chamado de “O Conto dos Contos” ou entretenimento para as crianças – é uma coleção de contos de fadas do século XVII do escritor, poeta e cortesão italiano Giambattista Basile. Três desses contos foram escotutis. Essas mesmas histórias foram, lhidos para serem adaptados no cinemais tarde, adaptadas pelo francês Char- ma, tal qual estão no livro Pentamerone, e surgiu “Conto dos Contos”, estreles Perrault e Irmãos Grimm. Exemplos de contos adaptados dos lado por Salma Hayek (Fridda), Vincent contos de Pentamerone são versões de Cassel (A Bela e a Fera), Toby Jones Cinderela, Rapunzel, Gato de Botas, A (Branca de Neve e o Caçador) e John C. Reilly (Guardiões da Galáxia). As Bela Adormecida e João e Maria. Enquanto outras coleções de histó- imagens dessa matéria são de cenas rias incluíram histórias que seriam, pos- do filme. teriormente, chamadas de contos de fadas, o trabalho de Basile é a primeira coleção em que todas as suas histórias se encaixam nesta categoria. E foi o primeiro escritor moderno a preservar as entonações orais originais. O estilo das histórias é muito barroOs contos foram colhidos e escritos Você pode ler uma resenha sobre por Giambattista e publicados após sua co, com muitos usos metafóricos. O nome Pentamerone vem do gre- os três contos do livro escolhidos para morte em dois volumes, por sua irmã Adriana, em Nápoles, entre 1634 e 1636, go, e significa “cinco dias”, pois é estrutu- este filme aqui mesmo na revista, na ■ sob o pseudônimo de Gian Alesio Abba- rado em torno de uma fantástica história seção Resenhas. a aa Nesta seção, falamos a respeito de um livro que não se teve muita projeção, mas merece ser lido.

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TOP 5 DA AUTORA LARISSA SIRIANI

LIVROS DE CABECEIRA

Por Juliana Cury Larissa Siriani é uma paulistana que nunca fez a menor ideia do que queria fazer da vida – até começar a escrever. Realimentando o sonho de infância, começou a escrever contos e pequenos livros, e então dando lugar a histórias cada vez maiores, até decidir que queria realmente ser escritora. Hoje é formada em Cinema e, além de escrever, é professora de inglês, comanda um vlog literário que leva seu nome e produz uma websérie atualmente em exibição no YouTube inspirada em “Senhora”, um dos seus clássicos preferidos da literatura brasileira. Seu novo livro, “Amor Plus Size”, conta a história de Maitê Passos, uma garota linda de dezessete anos e mais de cem quilos. Ela passou a infância e a adolescência sendo resumida ao peso. Mas, quando é justamente esse o fator que pode mudar completamente a sua vida? Em meio ao turbilhão do Ensino Médio, com uma mãe obcecada por dietas, um “crush” antigo por Alexandre – o cara mais gato da escola – e uma amizade deliciosa com Isaac, fotógrafo amador, Maitê vai descobrir que não precisa ser igual a todas as outras meninas para ser feliz.

cartas anônimas que o levam a ajudar pessoas estranhas. É o tipo de leitura que é basicamente uma lição de vida. Eu comecei a ler uma pessoa, e terminei outra. Faz com que a gente repense a própria vida.”

A SOMBRA DO VENTO Carlos Ruiz Záfon “Nesse romance, conhecemos um jovem obcecado em destrinchar a históaa

ria do misterioso autor do seu livro favorito. Eu amo este livro, tanto pela sua forma poética de narrar, quanto principalmente pela maneira como ele fala sobre a literatura. Ler livros sobre pessoas que amam livros é uma experiência única de identificação com o personagem, e Záfon faz isso muito bem.” Então? Vamos aos livros cabeceira e às opiniões da autora?

da Morte, narradora da história, é no mínimo peculiar. Uma leitura que vale cada segundo.”

HARRY POTTER J.K. Rowling “Claro que precisava ter essa série aqui, né? Harry Potter marcou minha vida por ser o primeiro livro de fantasia com que tive contato, e através dele, um a

novo mundo se abriu pra mim. Acho que toda criança que leu esse livro quis ser um bruxo e ir para Hogwarts, mas, mais do que isso, a série me ensinou lições valiosas sobre amizade, coragem e amor.”

FAZENDO MEU FILME Paula Pimenta

de A MENINA QUE ROUBAVA LIVROS

Markus Zusak EU SOU O MENSAGEIRO Markus Zusak

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“Esse é meu livro preferido da vida por inúmeros motivos. Conta a história de um cara cuja vida está indo pro buraco e que, do nada, começa a receber aaa Geração Bookaholic – Sua Revista Literária

“Essa famosa história sobre uma garotinha durante a Segunda Guerra Mundial é outro exemplo de livros que mudam vidas. Foi o primeiro romance de época que eu li, e me marcou imensamente. Ver a guerra através dos olhos aa

“O livro conta a história de Fani, uma mineira que tem a oportunidade de fazer um intercâmbio na Inglaterra. Tendo eu mesma feito o intercâmbio quando era mais nova, FMF foi a primeira obra que retratou exatamente o impacto dessa experiência na vida da gente. A série foi também uma das minhas primeiras experiências com literatura nacional, e a Paula me serve de exemplo todos os dias.”



Por Renata Vasconcelos

A matéria de hoje atravessará muito mais que um espelho: irá viajar no tempo! Viagens no tempo são perigosas, e Alice tomará conhecimento disso e muito mais na nova produção para o cinema, “Alice Através do Espelho”. O filme contará um pouco da saga de Alice em busca de trazer a família do Chapeleiro Maluco à vida. Para isso, ela usará de muita coragem para desbravar o passado sem mudar o futuro. Esta é mais uma viagem dirigida por James Bobin e todo o precioso elenco do filme anterior. Preparados? Então vamos desvendar esta matéria!

“Alice Através do Espelho” retrata o retorno de Alice ao País das Maravilhas, depois de discu-tir com sua mãe, que tenta privá-la de suas aven-turas. Ao entrar no escritório, ao descobrir algo errado no espelho não consegue acalmar sua curiosidade, e logo vai adentrar em uma viagem através do espelho. Ela descobrirá a

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os reais motivos do mal estar de seu amigo Chapeleiro Maluco, dando o seu jeito de driblar o Senhor Tempo e conseguir realizar a viagem e mudar a atual situação. A história não vai se prender unicamente à busca de Alice pela família do Chapeileiro Maluco. Iremos poder entender o que ocorreu para deixar a relação tão tensa entre as irmãs e rainhas — no caso, nos referimos à Rainha Branca e Rainha Vermelha, que até então não sabíamos o motivo de suas desavenças. Essa nova viagem foi dirigida por James Bobin e foi disponibilizada para os cinemas no dia 26 de maio, fazendo o público correr para as salas de cinema conferir mais esta obra encenada por brilhantes atores, como Mia Wasikowska (Alice), Johnny Depp (Chapeleiro Maluco), Helena Boham Carter (Rainha Vermelha), Sacha Baron Cohen (Senhor Tempo), Anne Hathaway (Rainha Branca), Rhys Ifans (Zanik Hightopp), Matt Lucas (Tweedledee), entre outros.

“Viagens no tempo são perigosas, e Alice tomará conhecimento disso e muito mais nessa nova produção.”

O filme foi muito bem aceito pelo público e rendeu, em seu período de estreia no Brasil e Estados Unidos os valores de R$ 896.928,00 e U$ 26.858.726,00 referentes aos dois países apenas nas datas de 27 a 29 de maio. A franquia conseguiu agradar seus telespectadores com o conteúdo da produção. A título de curiosidade para esta matéria, este será o último filme da franquia por conta da morte do ator Alan Rickman. O mesmo faleceu quatro meses antes da estreia do filme. A franquia é baseada na obra de Lewis Caroll, “Alice no País das Maravilhas”, e traz uma releitura com bastante magia, requinte e produção espetacular. Esta matéria especial faz parte da edição especial contos de fadas da Geração Bookaholic. E com essa obra divertida e cheia de curiosidades, fechamos esta matéria. Espero que tenham gostado. Vale muito à pena assistir a este filme! Até a próxima! ■



Por Débora Falcão Quem não ouviu falar de Alice no País das Maravilhas? Quem nunca soube da pequena menina que segue um coelho branco e acaba caindo em sua toca, indo parar num mundo completamente diferente, mágico e cheio de criaturas encantadoras e aventuras? Esta história atravessa gerações, e ganhou novas releituras em nosso tempo. Releituras para o cinema, para a TV, e também na literatura. Hoje vamos falar dessa obra atemporal e também de seu autor, das curiosidades, releituras e adaptações para outras obras.

BAÚ LITERÁRIO

Lewis Carroll tando de 18 mil palavras para 35 mil, notavelmente acrescentando as cenas do Gato de Cheshire e do Chapeleiro Maluco. A tiragem original foi removida das prateleiras, devido a reclamações do ilustrador John Tenniel sobre a qualidade da impressão. A segunda tiragem esgotouse nas vendas rapidamente, e a obra se tornou um grande sucesso, tendo sido lida por Oscar Wilde e pela Rainha Vitória, e sido traduzida para mais de 50 línguas. Em 1998, a primeira impressão do livro (que foi rejeitada) foi leiloada por 1,5 milhão de dólares americanos. Lewis Carroll

Charles Lutwidge Dodgson, mais conhecido por seu pseudônimo Lewis Carroll, foi um romancista, contista, fabulista, desenhista, fotógrafo, matemático e reverendo anglicano britânico. Lecionava matemática em Oxford, no Christ College. É o autor de Alice no País das Maravilhas, além de outros poemas. Enigmas Desde criança recebeu de seu pai uma educação religiosa, pois este tencionava vê-lo seguir esta carreira. Carroll Ambos os livros infantis de Carroll desviou-se de vez da carreira quando in- contêm inúmeros problemas de matemágressou na Universidade de Oxford. tica e lógica ocultos em seu texto. Em “Alice no País das Maravilhas”, a personagem Alice entra em uma toca atrás de um coelho falante e cai em um mundo Alice fantástico e fantasioso. Muitos enigmas contidos em suas obras são quase que imperceptíveis para os leitores atuais, principalmente os não britânicos, pois continham referências à cultura da época, piadas locais e trocadilhos que só fazem sentido na língua inglesa. Por exemplo, o País das Maravilhas tem uma rainha, festas e chás, jogos de croquê e empregados domésticos, a visão nostálgica de uma sociedade vitoriana idealizada. Alice Liddell

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final, enquanto conversa com uma lagarta que fuma. É uma interpretação da cultura pop, baseada na forma com que as sequências dos livros foram analisadas por gerações mais novas – notavelmente a cultura hippie dos anos 60 e 70. Mas a ideia é popular ainda hoje, como é demonstrada pelas cenas de abertura de Matrix. ■

A história de Alice no País das Maravilhas originou-se em 1862, quando Carroll fazia um passeio de barco no rio Tâmisa com sua amiga Alice Pleasance Liddell (com 10 anos na época) e suas duas irmãs, sendo as três filhas do reitor da Christ College. Ele começou a contar uma história que deu origem à história atual, sobre uma menina chamada Alice que ia parar num mundo fantástico após cair numa toca de coelho. A Alice da vida real gostou tanto da história que pediu que Carroll a escrevesse. Ele a atendeu e a surpreendeu com “As Aventuras de Alice Embaixo da Terra”. Mais tarde, ele resolveu publicar o livro e mudou a versão original, aumena Geração Bookaholic – Sua Revista Literária

Interpretações Diversas Existe uma sugestão de que o livro tem seu lado mais obscuro. Foi sugerido, com frequência, que as comidas mágicas que Alice consome são uma alusão às drogas. Ela come cogumelos mágicos, aa

Coelho Branco tatuado em que Neo segue em Matrix.



X-Men Apocalipse no Ar!

ESTANTE NERD

Por Renata Vasconcelos Na Estante Nerd de hoje, vamos falar sobre “X-Men Apocalipse”, o novo filme da franquia. Um filme que nos conta como procedeu a formação do grupo e o descobrimento de seus poderes, continuando os filmes “X-Men Primeira Classe” e “X-Men Dias de Um Futuro Esquecido”. Além disso, o filme nos mostra que os mutantes existem desde o Egito Antigo, o que nos remete ao vilão da trama. Confira a matéria de hoje para saber mais! SINOPSE No Antigo Egito, os deuses eram considerados maiores e mais importantes que tudo. Pobres mortais não sabiam sobre sua natureza mutante. Nesse contexto, o deus En Sabah Nur planejava tomar o poder de regeneração de um rapaz, transferindo sua consciência de um corpo já envelhecido para um corpo mais jovem, algo que ele costuma fazer para manter-se vivo eternamente e acumular poderes de outros mutantes. Mas, durante a transferência, uma insurreição acontece e ele é aprisionado, para sua própria proteção, no tempo e na história. Nos tempos atuais, o projeto XMen não deu muito certo depois dos eventos ocorridos nos anos 70 apresentados no filme “X-Men Dias de Um Futuro Esquecido”, e os participantes quebraram seu vínculo com o Professor Xavier. O que será mais preocupante é a descoberta de uma cientista a respeito de uma seita com o objetivo de reviver o deus antigo egípcio, En Sabah Nur.

Prestes a acontecer o pior, alguns jovens, aparentemente normais, começam a expressar seus poderes e são integrados à escola do Professor Xavier. Serão eles a possível salvação contra o vilão mais poderoso do mundo? Isso é uma informação sigilosa, mas o potencial de Noturno, Scott Summers, Jean Grey, Mística e Mercúrio é grande. Bom, disso não podemos duvidar. No mais, assistam ao filme para descobrir como se desenrolou esta história.

co do foco necessário, e neste ponto falamos claramente de Jubileu. A personagem teve cenas cortadas na produção, o que acabou desmerecendo a importância da personagem. No mais, é um filme bem feito e que mostra a formação do grupo de mutantes mais poderoso da Marvel, trazendo uma esperança de uma renovação na franquia dos filmes. E é com essa produção, com alCRÍTICA O filme é muito bom, mas, na tos índices de renovação aos X-Men, minha opinião, posso perceber a má uti- que encerro por aqui. Espero que telização de alguns personagens, neste nham gostado da matéria! Até a próxima ■ caso, o vilão, que começa todo forte e, edição! aos poucos, vai se tornando um personagem necessário, porém descartável, e utilizado mais para obter o foco da vilania necessária em todo o filme. Alguns dos heróis receberam pouc

Nesta seção, traremos sempre novidades sobre o mundo geek, com informações sobre quadrinhos, séries, filmes e livros, além de eventos.

SALÃO COSPLAY

Viviane Oliveira Alice no País das Maravilhas Contato: michellemartinuzzo@yahoo.com.br

Ramon Billa/Camilla Silva Príncipe Eric/Ariel Contato: michellemartinuzzo@yahoo.com.br

Camilla Silva/Michelle Martinuzzo Malévola/Princesa Aurora Contato: michellemartinuzzo@yahoo.com.br

Michelle Martinuzzo – Branca de Neve Contato: michellemartinuzzo@yahoo.com.br

Nayla Araújo – Esmeralda Corcunda de Notre Damme Contato: michellemartinuzzo@yahoo.com.br

Participe e envie sua foto no formato JPG 300dpi com dados para contato para salaocosplaygb@gmail.com 54

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LEITURA EM SÉRIE

Por Débora Falcão

das amazonas. Um dia, porém, cansadas das falhas dos seres racionais, algumas delas se voltam contra as antigas raças. E assim nasce a Era Antiga. SOBRE O AUTOR Essa influência e esse temor sobre a humanidade só têm fim quando Primo Raphael Draccon nasceu no Rio de Branford, o filho de um moleiro, reúne o Janeiro em 1981 e começou a sua carreique são hoje os heróis mais conhecidos ra profissional aos 16 anos como digitado mundo e lidera a histórica e violenta dor e redator de dois jornais de bairro. Caçada de Bruxas. Aos 18 anos assumiu como profesPrimo Branford é hoje o Rei Arzalsor de um dojo de artes marciais. Ao 19 lum, e por 20 anos saboreia, satisfeito, a anos ingressou na faculdade de cinema, Paz. Nos últimos anos, entretanto, coisas onde se dedicou na especialização da estranhas começam a acontecer... escrita cinematográfica. Uma menina vê a própria avó ser Aos 20 anos recebeu uma Menção devorada por um lobo marcado com maHonrosa da American Screenwriter Assogia negra. Dois irmãos comem estilhaços ciation (ASA), pelo seu primeiro roteiro de vidro como se fossem passas silvesde longa-metragem, escrito no primeiro tres e bebem água barrenta como se fosperíodo de faculdade, o drama sobrenase suco, envolvidos pela magia escura tural “In Your Hands”. O roteiro foi entrede uma antiga bruxa canibal. O navio do gue por Stuart Manashil, da Creative Armercenário mais sanguinário do mundo, tist Agency (CAA), ao ator Will Smith, e o mesmo que acreditavam já estar morto também ao escritor best-seller e produtor da série para TV “Ghost Whisperer”, James Van Praagh. A partir dos 21 anos se tornou, ao longo desse tempo, roteirista, avaliador de roteiros e script doctor de diversas produtoras, como Intervalo Produções, Aquarela Filmes, Tonice Produções, Cinema Profissional, Ideia Prima, Bravo Studio e O2 Filmes (antigo projeto internacional do diretor Fernando Meirelles, em parceria com a Focus Features e a Universal Pictures). Aos 22, escreveu o primeiro romance da série de literatura fantástica: “Dragões de Éter”, ainda durante os tempos de faculdade, e foi finalista na categoria “Melhor Videoclipe”, com a cantora pop Claudia Leitte, no Prêmio Multishow e Meus Prêmios Nick, dos canais Multishow e Nickelodeon. Aos 25 anos tornou-se o autor mais jovem ao assinar com a editora espanhola Planeta do Brasil, permanecendo por 6 meses entre seus autores mais vendidos. Dois anos depois, tornou-se parte dos planos de entrada da holding editorial portuguesa Leya no Brasil, hoje a maior em língua portuguesa no mundo. Atualmente trabalha com produtores, diretores de cinema e editores literários nacionais e estrangeiros no desenvolvimento de roteiros audiovisuais e séries de literatura, e escreve a coluna “Cavernas & Dragões” no “Sedentário & Hiperativo”, um dos blogs de cultura pop mais relevantes do país, indicado, inclusive, ao VMB da MTV.

SOBRE A OBRA Dragões de Éter possui três livros. 1. Caçadores de Bruxas Nova Ether é um mundo protegido por poderosos avatares em forma de faaa 56

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e esquecido, retorna dos mares com um obscuro e ainda pior sucessor. E duas sociedades criminosas entram em guerra, dando início a uma intriga que irá mexer em profundos e tristes mistérios da família real. 2. Corações de Neve Hoje, Arzallum, o Maior dos Reinos, tem um novo rei, e a esperada Era Nova se inicia. Entretanto, coisas estranhas continuam a acontecer...

Uma adolescente desenvolve uma iniciação mística proibida, despertando dons extraordinários que tocam nos dois lados da vida. Dois irmãos descobrem uma ligação de família com antigos laços de magia negra, que lhe são cobrados.


FORMA DE LEITURA

Duas antigas sociedades secretas que deveriam estar exterminadas renascem como uma única, extremamente furiosa. Após duas décadas preso e prestes a completar 40 anos, um ex-prisioneiro reconhecido mundialmente pelas ideias de rebeldia e divisão justa dos bens roubados de ricos entre pobres é libertado, desenterrando velhas feridas, ressentimentos entre monarcas e canções de guerra perigosas. O último príncipe de Arzallum resgata sombrios segredos familiares e enfrenta o torneio de pugilismo mais famoso do mundo, despertando na jornada poderosas forças malignas e benignas além de seu controle e compreensão. E a tecnologia do Oriente chega de maneira devastadora ao Grande Paço, dando início a um processo que irá unir magia e ciência, modificando todo o conhecimento científico que o Ocidente imaginava possuir.

Existem diferentes formas de se ler uma história. Não existe uma maneira melhor ou pior, apenas diferente. Nós simplesmente nos preparamos de maneiras diferentes para assistir a um filme de suspense ou comédia, por exemplo. Na literatura, o raciocínio é o mesmo: não se lê um “O Senhor dos Anéis” da mesma forma que se lê um “Harry Potter”, por exemplo, embora ambas sejam obras de fantasia. Partindo desse princípio, a melhor forma de se ler “Dragões de Éter” é encará-lo exatamente como se fosse relembrar a sensação de se assistir a um episódio épico de “Caverna do Dragão” ou “Avatar”, ou buscar em uma série literária a atmosfera e poesia de um “Final Fantasy”. Lembre-se: no fim das contas você está lendo um épico conto de fadas sombrio. É uma história composta por uma atmosfera e cenário trevosos, mas suavizados pela ótica de personagens juvenis. No fim das contas, seja autor, narrador ou personagens; todos sabem qual o elemento mais importante de Nova Ether. Você. ■

E mudará o mundo. Mais uma vez.

3. Círculos de Chuva Coisas estranhas nunca param de acontecer... Dois irmãos sobreviventes a uma ligação com antigos laços de magia negra descobrem que laços dessa natureza não se rompem tão facilmente e cobram partes da alma como preço. Uma sociedade secreta renascida com um exército de órfãos resolve seguir em frente em um plano com tudo para dar errado em busca do maior tesouro já enterrado, sem saber o quanto isso pode mudar a humanidade. O último príncipe de Arzallum viaja para um casamento forçado em uma terra em que ele nem mesmo sabe se é possível existir, disposto a

Informações do site do autor. a realizar um feito que ele não sabe se é possível realizar. Uma adolescente desperta em iniciações espirituais descobre-se uma mediadora com forças além do imaginário. E um menino de cinco anos escala uma maldita árvore que o leva aos Reinos Superiores, ferindo tratados políticos e dando início à Primeira Guerra Mundial de Nova Ether. E mostrará que o mundo nunca para de mudar.


LITERAVÍDEO

Por Débora Falcão

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sua casa e vai até Storybrook. E lá ele a apresenta a todos os personagens – que Provavelmente você já ouviu falar há 28 anos estão congelados no tempo, na série de TV “Once Upon a Time”. sem saber quem são, e vivem um dia Uma série de sucesso produzida pela após o outro sem nunca envelhecer, até ABC e que ainda tem sido um sucesso que ela pudesse quebrar essa maldição. Claro que Emma não acredita nesentre leitores de todo o mundo. No Brasil chegou a ser transmitida pelo SBT sob o sa história, e procura a mãe adotiva de Henry. Que, não por acaso, é a prefeita, nome de “Era Uma Vez”. Trata-se de uma releitura moderna Regina, a Rainha Má. Quando Regina põe os olhos em de todos os contos de fadas de que se possa ter notícia. Todos juntos, numa ú- Emma, já sabe que se trata da salvadora, e tenta oferecer-lhe uma maçã de seu nica cidade: Storybrook, no Maine. pomar, o que ela recusa. Ela primeiro precisa entender que realmente é a salvadora e ficar na cidade. E é aí que a SINOPSE história segue, e vamos sabendo, também No dia do casamento de Branca de Neve com o Príncipe Encantado, a Rainha Má jogou uma maldição sobre todos os habitantes da Floresta Encantada. Esta maldição, assim que se completasse, enviaria os habitantes, escolhidos por ela, para um mundo sem magia: o mundo em que nós vivemos. Esta cidade, Storybrook, não existe no mapa, e teoricamente ninguém poderia entrar nela, a menos que fizesse parte dela. Bem, mas antes que a maldição se completasse, ainda se passou um ano, e Branca de Neve teve um bebê, uma menina. No dia do nascimento da criança, a maldição se concretizou. Durante o tem- bem aos poucos, o que aconteceu com po de gestação, Gepetto construiu um Emma durante todos esses 28 anos desarmário para o quarto do bebê, a partir de que saiu da Floresta Encantada, e de um carvalho mágico. A fada azul, jun- como Regina adotou Henry, e também to com todas as fadas, transformaram qual foi o destino de cada personagem. esse armário num portal para proteger o bebê de Branca de Neve da maldição, pois ela seria a única salvadora de todos ADAPTAÇÕES E eles. No momento em que a maldição INTERLIGAÇÕES chega, Branca de Neve e o Príncipe colocam o bebê no armário juntamente com Todos os contos de fadas estão inPinóquio, que jurou protegê-la até que terligados nessa série. A ideia é que, nos ela fosse adulta e pudesse salvá-los. E então, todos vão para Storybrook contos, há uma única floresta, a Floresta e não se lembram de quem são, cada um Encantada, onde moram vários deles. Há desempenhando uma função diferente: o reino onde vive a Rainha Má, Regina, Branca de Neve é professora de crian- que fora casada com o pai de Branca de ças e trabalha como voluntária no hospi- Neve, que já falecera. Branca de Neve tal, onde o Príncipe Encantado se encon- se apaixona por um príncipe, de outro tra em coma há muito tempo – ela não reino, próximo àquele, e que viajava por sabe de quem se trata, mas cuida dele. uma estrada que atravessa a Floresta O Grilo Falante é professor, Cinderela Encantada. É também nessa floresta que trabalha numa lavanderia, a Rainha Má é vive Ruby, a melhor amiga de Branca, que não é ninguém menos que a Chaa prefeita da cidade e assim por diante. No desenrolar dos capítulos vamos peuzinho Vermelho. Ela usa uma capa conhecendo os personagens em Story- vermelha que sua avó lhe deu e a obriga brook e também seu passado através de a usá-la o tempo inteiro – isso tem uma flashbacks. E assim, a história vai se de- razão interessante, que é descoberta com o tempo na série. senrolando. Nesta floresta também vivem as faJá no primeiro capítulo somos apresentados a Emma, filha de Branca de das, lideradas pela Fada Azul, os Sete Neve que é detetive em Nova York, tra- Anões que trabalham numa mina de diabalhando descobrindo casos para uma mantes, Gepetto, que fez um menino de agência. Até o momento que um garoto, madeira, entre outras histórias. Todos se Henry, bate à sua porta, informando que conhecem, e seus passados se interligam. Alguns personagens estão em váé seu filho e precisa de sua ajuda. Então ficamos sabendo que Emma rios outros contos, como a Fera está pretivera um filho no passado e o dera para sente no conto da Bela e a Fera, e ao adoção. Emma resolve levá-lo de volta à mesmo tempo no conto do duende Rump a

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“A escolha de cada um interfere no fim do outro. O que pode ser o ‘felizes para sempre’ para um pode significar tristeza a outro personagem.”

plestiltskin, e ao mesmo tempo também acaba influenciando no País das Maravilhas e na vida do Chapeleiro Maluco, do Gigante (aquele do pé de feijão) e outras histórias.

MENSAGEM PRINCIPAL A maldição da Rainha Má era para não deixar que Branca de Neve tivesse seu final feliz. Mas isso há uma razão muito importante. Na verdade há um lado sobre Regina que só vamos conhecer com o tempo, e mais à frente poderemos realmente chegar à mensagem principal da série: Ninguém é totalmente bom, nem totalmente mal. Ninguém. E toda a magia tem um preço – palavras de Rumplestiltskin. Conhecer o passado dos personagens e perceber como a escolha de cada um deles interfere no fim de outro, também é uma interessante mensagem da série. Como em um momento, que uma escolha tomada por Emma, pensando que estava fazendo o bem a alguém, acaba prejudicando outra pessoa a quem ela, com muito custo, havia acabado de conquistar a confiança. O preço de uma escolha. Outra mensagem interessante, que inclusive vem sendo perpetrada pelas releituras dos contos de fadas contemporâneas, é a ideia de que o amor verdadeiro nem sempre está no amor entre um homem e uma mulher. Pode estar no amor de uma mãe por um filho, no amor entre irmãos, no amor entre duas mulheres por uma mesma criança, no amor de um pai, no amor de amigos, entre tantos outros. E isso também se mostra ao longo de toda a série, em momentos marcantes e cruciais. Inclusive, há um momento importante, em que uma mulher está em perigo, e só o beijo de amor verdadeiro poderá salvá-la. O problema é que seu marido não a ama de verdade, e não há como ele dar esse beijo. E assim corre a trama, em diversos momentos marcantes e aventuras novas a cada capítulo.


BRANCA DE NEVE / MARY MARGARETH

Na Floresta Encantada, ela é Branca de Neve, uma princesa que é perseguida pela madrasta, a Rainha Má Regina, e é exilada. Acaba virando uma ladra e guerreira para sobreviver, roubando sua própria comida. É nesse contexto que ela conhece o príncipe encantado, quando rouba um anel. O problema é que este anel é o anel de noivado que ele dará para sua futura esposa, com quem deverá se casar por sugestão de seu pai. Em Storybrook, ela é Mary Margareth, uma professora infantil, cuja turma para quem dá aulas inclui Henry, o filho de Emma (sua filha), portanto, seu neto, que não sabe de quem se trata, por não se lembrar de sua vida no passado – ninguém se lembra. Henry é filho adotivo da prefeita, Regina. Mary Margareth também trabalha como voluntária no hospital, e cuida especificamente de um homem que está em coma há muito tempo, e é ninguém menos que o príncipe encantado, o amor de sua vida.

HENRY MILLS

de. Ela é quem lança a maldição, que leva todos os personagens dos contos para o mundo sem magia e sem final feliz: o nosso mundo. Apenas Emma Swan consegue escapar, ainda bebê. Em Storybrook, Regina é a prefeita, e adota o filho de Emma Swan, Henry, a quem ela cria como filho. Quando Emma aparece em Storybrook, ela fica com medo que a moça consiga cumprir a profecia e liberte a todos, por isso, faz de tudo para que ela vá embora, e isso inclui maçãs envenenadas também...

Filho adotivo da prefeita Regina Mills, Henry é, na verdade, filho de Emma Swan, neto de Branca de Neve e do Príncipe Encantado. É o único na cidade, depois da própria prefeita, que sabe a verdade. Regina não sabe o que ele sabe, mas ele encontrou a verdade no livro “Once Upon a Time”, ou seja, “Era Uma Vez”. E é através desse livro que conhecemos o passado de cada personagem na trama.

PRÍNCIPE ENCANTADO / DAVID NOLAN

ARCHIE HOPPER / JIMINY CRICKET

EMMA SWAN

Na Floresta Encantada, ele é um príncipe importante, que mata um dragão e conquista o coração de seu pai, o rei. Mas deve se casar com uma moça para firmar um acordo entre reinos. Enquanto viaja pela Floresta, sua carruagem é atacada por Branca de Neve, que lhe rouba o anel de noivado. Ela acaba conquistando-o e lhe põe, pejorativamente, o apelido de “Charming”, ou seja, “Encantado”. Em Storybrook, ele está em coma no hospital, e Mary Margareth, inexplicavelmente, sente uma grande compaixão por ele e vai, todos os dias, cuidar dele como voFilha de Branca de Neve e do Príncipe En- luntária. cantado, Emma é enviada para longe da maldição e é criada longe de sua família. Seu destino é voltar e libertar todos os personagens dos conPINÓQUIO / AUGUST W. BOOTH tos de fada, por isso é a Salvadora. O problema é que ela não acredita nessa história. Quem vem buscá-la é Henry, seu filho de sangue que ela deu para adoção ao nascer. Aos poucos, vai criando laços com ele e com as pessoas em Storybrook, em especial, Mary Margareth, a professora – que ela descobre ser sua mãe, mas que não sabe disso. Aos poucos, ela vai se apegando a todos os personagens, mas precisa realmente acreditar para salvá-los da maldição. RAINHA MÁ / PREFEITA REGINA Na Floresta Encantada, ela é a Rainha Má, uma mulher tomada pela inveja da beleza de Branca de Neve, mas há muito mais sob este pano de fundo do que se possa imaginar. Nada é preto no branco e não há total maniqueísmo. É preciso conhecer a fundo a história de Regina, que vai se desenrolando na trama, para saber seus reais motivos para desenvolver sua maldaaa

August aparece de repente em Storybrook, um forasteiro de moto. Ninguém sabe quem ele é, e se trata de algo inusitado, pois, segundo Henry, nenhum forasteiro consegue encontrar a cidade. Aos poucos, vai-se confirmando que se trata de Pinóquio, filho de Gepeto, e que tem a missão de cuidar de Emma Swan na época em que ela escapa da maldição. Mas algo dá errado, e agora ele está de volta para reparar.

O professor Achie Hopper é, na verdade, o Grilo Falante. Conhecemos, em determinados episódios da primeira temporada, a razão pela qual ele se tornou o Grilo Falante. Em Storybrook, ele é um professor bastante respeitado. CAÇADOR / XERIFE GRAHAM

O caçador que foi contratado por Regina para matar Branca de Neve agora é o xerife da cidade, subordinado à prefeita. Mas ele nutre um sentimento forte pela salvadora recém-chegada, Emma Swan, que vai ser difícil de controlar. Emma não sabe de quem se trata, e é Henry quem lhe conta sobre o caçador. À medida que o tempo passa, conhecemos mais sobre sua história na Floresta Encantada e também em Storybrook. Ele também está em busca de um lobo, que ronda a cidade, e assusta os moradores. www.geracaobookaholic.blogspot.com

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RUMPELSTILTSKIN / MR. GOLD

naram freiras. A líder das fadas, a Fada Azul, se torna a Madre Superiora. Ela é a responsável por encantar o armário de Carvalho, construído por Gepetto para salvar Emma Swan ao nascer e ajudá-la a escapar da maldição. Ela também é a fada que transforma o Pinóquio em um menino de verdade. Está presente em vários outros contos de fadas, e conhecemos mais sobre ela no decorrer das narrativas. Outras fadas aparecem na história, como uma Fada Rosa, que tem total relação com a história de Zangado, um dos Sete Anões; a Fada Verde Sininho e sua história com Peter Pan, entre outras. CAPITÃO GANCHO

Assumindo vários personagens em diversos contos de fadas, Rumpelstiltskin é um duende importante, cujo lema é “Toda Magia Tem um Preço”. É possível fazer acordos com ele em troca de algo, mas é preciso também ter muito cuidado com o que se deseja. Extremamente poderoso, ele está presente nos contos da Dama das Rocas, Cinderela, Branca de Neve, Peter Pan, João e o Pé de Feijão, A Bela e A Fera, entre outros. Basta descobrir, na trama, que personagem ele é. Ele é o Senhor das Trevas, e quem possuir sua adaga pode controlá-lo. Por isso ele a deixa bem escondida e segura. Tem uma relação importante e direta com Emma Swan e sua família, mas isso só será descoberto adiante. Em Storybrook, ele é Mr. Gold, dono de uma casa de penhores, e lá se pode encontrar de tudo, como uma xícara quebrada da casa da Fera, no conto A Bela e a Fera. Objetos de valor inestimável. Mr. Gold é o único em Storybrook que conservou suas memórias da Floresta Encantada, com exceção da própria prefeita, Regina, a Rainha Má. Os dois têm um embate, mas ambos não podem se vencer, pois estão num mundo que não possui magia. Ali, nenhum é mais poderoso que o outro: os dois são humanos como todos nós. Será? CHAPEUZINHO VERMELHO / RUBY

Ele não foi afetado pela maldição e não precisa de um portal para chegar a Storybrook. Simplesmente aparece, e não deixa de ser quem é. Apaixona-se por Emma Swan, mas tem assuntos pendentes com alguns personagens. Ele tem sua própria conduta, seu próprio código e sua própria moral. Talvez isso seja ruim para alguns, e seu pior inimigo é Mr. Gold, ou Rumpelstiltskin; os dois têm uma história por trás da história dos contos de fadas, e isso faz com que sejam inimigos mortais. Ainda assim, em breve, um precisará do outro, o que fará com que deixem, momentaneamente, suas diferenças de lado. Apenas momentaneamente. Uma leve trégua. BELA / LACEY

Um grande segredo se esconde por baixo da capa vermelha que esta garota utiliza. Sua avó a obriga a usar sempre este capuz na Floresta Encantada, até que um dia ela resolve tirá-lo para encontrar-se com um rapaz, enquanto Branca de Neve, sua melhor amiga, a usa em sua casa, fingindo para sua avó que ela é Chapeuzinho Vermelho. E isso causa um grave problema. Em Storybrook, ela é apenas Ruby, a neta da dona da pensão e do restaurante da cidade, o Granny’s, onde todos se encontram para almoçar, tomar o café da manhã etc. Ruby trabalha como garçonete, mas não está muito feliz com esta vida. Deseja sair daquele lugar parado e sem graça, e tem desejo de ser alguém na vida. FADA AZUL / MADRE SUPERIORA

No convento da cidade, todas as fadas do mundo encantado se torn

Em Storybrook, a filha de um vendedor de rosas está desaparecida e sem memória. Quando finalmente lembra-se de quem é, volta para o Bar Toca do Coelho, onde gosta de homens “barra pesada” e vive como garçonete. Mas há algo muito mais importante por trás de sua perda de memória e dessa nova vida, algo que Mr. Gold está prestes a descobrir. Na Floresta Encantada, acaba indo parar na casa do Senhor das Trevas por causa de uma dívida de seu pai com Rumpelstiltskin, afinal, toda magia tem um preço. Conhecendo a história por trás do conto da Bela e a Fera, é possível conhecer melhor Lacey e Bela, e como ela tenta transformar o coração gelado de um homem que há muito tempo não consegue amar. ■



NÃO DESISTA DOS SEUS SONHOS!

LEITURA

Por Renata Frade Olá, querido leitor. Nesta edição decidi compartilhar, de maneira até pessoal, uma experiência única que estou vivendo no mercado editorial. Não por conta de vaidade, necessidade de divulgação, mas porque acredito que você é capaz de realizar seus sonhos, e estudos de caso são uma ferramenta para alimentar o ânimo e conhecimento em sua trajetória. Seja você escritor, editor, revisor, tradutor, livreiro, distribuidor, não importa. Acho que já deu para você perceber que a equipe que criou a Revista Geração Bookaholic e todos os seus colaboradores compartilham de algo comum e ação, existem dificuldades compleespecial: um amor profundo por lixas. Mas não desista! vros. Viver deles e para eles é um Por que eu estou falando is-to? O privilégio! que eu tenho para mostrar, a-final? É com muito orgulho que compartilho com você, querido leitor, que CRISE DE OPORTUNIDADES OU por um capricho de Chronos, deus OPORTUNIDADES EM CRISE? do tempo, dois projetos nos quais me envolvi como empreendedora foEmpreender representa um ram lançados em um intervalo de grande desafio em nosso país, inde- dois meses. pendente do segmento econômico. Vivemos tempos difíceis, de retração O BEM COMUM de vendas de livros, mas, ao mesmo tempo, surgem (e sempre surgirão) Em julho deste ano foi realioportunidades em crise. A criatividade e inovação são a base de um zado o Ciclo Mercado Editorial: Inempreendedor, que deverá estudar serção, Atuação e Análise. Um bastante onde deseja atuar, criar re- projeto criado pelo Selo Editorial Lides relevantes, e evitar ao máximo ma Barreto (SELB), formado por alucopiar, ou se inspirar bastante, em nos talentosos da UERJ. Realizei processos, projetos e conteúdos. meu mestrado em Literatura BrasiTodos nós temos algo único e signi- leira na universidade, defendi uma ficativo a contribuir, e este valor dissertação nela sobre Mercado Edi(uma soma de nossa bagagem cul- torial. A instituição atravessou um tural, acadêmica, familiar e social) é longo período de crise financeira e tão rico que vai tocar corações e greve, e é uma das mais importanmentes de pessoas ávidas pelo que tes do país. Eu e meu sócio Bruno Valente na empresa em que sou covocê tem a dizer. Cada vez mais surgem negó- fundadora, a Punch!, fomos co-orgacios editoriais em periferias, espaços nizadores e também atuamos na públicos alternativos, e novos pontos curadoria de convite dos convidade vendas são criados, assim como dos. Alguns dos melhores profissionichos de conteúdo. Eu acredito que nais na área, de todo o país, particia sorte representa uma parcela pe- param como voluntários cedendo quena no êxito de um empreendi- conhecimento. Mesmo em uma situação premento. O que faz as coisas acontecerem é uma perseverança absurda, cária, tudo foi realizado com esmero estudo sistemático e muito, muito e profissionalismo. Palestrei sobre construção de carreira literária e trabalho. Mesmo. Quando você se depara com transmedia editorial. Tenho certeza alguém que conseguiu vender mui- de que deixamos legados, demos âtos livros, lançar algo incrível no nimo a estudantes desmotivados a mercado, tenha certeza de que essa seguir no curso de Letras. Empreenpessoa abriu mão de muitas coisas der é formar melhores profissionais que a fariam feliz para realizar esta, para que o ecossistema do nicho onque é a razão maior de sua vida, ou de se atua tenha uma qualidade cauma das maiores. Isto serve para da vez melhor. Todos ganham. Em agosto deste ano, tive a qualquer negócio, mas quando se fala de nosso querido campo de atu- grande alegria de ver a chegada às aa

livrarias de O Livro Delas, pela Editora Rocco. Sou organizadora e escrevi a Apresentação. A obra é uma das plataformas do projeto LitGirlsBr lançado ano passado pela Punch!, e se trata de uma linda antologia de contos criados por Bia Carvalho, Carolina Estrella, Chris Melo, Fernanda Belém, Fernanda França, Leila Rego, Lu Piras e Tammy Luciano. Antes disso, participar em mais um empreendimento, um sonho de criança, como escritora: em março e julho tive contos e poesia lançados em “Contágios”, pela editora Oito e Meio, e “Antologia Patuscada”, pela Editora Patuá. Fora isto, continuo tocando Punch! For Writers para autores de todos os perfis. O INÍCIO DE UM SONHO Tudo isto começou em 2002, quando iniciei minha carreira no mundo de livros como assessora de comunica-ção para SNEL, Fundação Biblioteca Nacional e Editora BemTe-Vi. Ainda hoje realizo, pela Punch!, este trabalho, de maneira bem diferente, mais tecnológica, interativa e engajada para clientes. Mas a semente do sonho sempre esteve ali, e outros virão. Acredite nos seus e, se você precisar de alguém para estender a mão, e for possível, conte comigo. Não desista! Empreender é su-perar rótulos e vencer a si mesmo, principalmente. ■

Renata Frade: Fones: (21) 98102-0636 / 3241-7072 renatafrade@punchcomunicacao.com.br facebook.com/punch.comunicacao @Punchcom

Nesta seção, a redatora Renata Frade fala sobre diversos assuntos dentro de sua área de atuação na esfera literária de sua empresa Punch!

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Por Roberta Costa

A leitura não apenas diverte e informa, mas também forma cidadãos. Em vista disso, o incentivo para tal hábito deve ter início desde muito cedo, antes mesmo das crianças aprenderem a ler, e uma boa dica é proporcionar o contato com os Contos de Fadas. Segundo pesquisas, a “infância” surgiu entre os séculos XVII e XVIII. Com a ascensão da família burguesa, a criança passou a ser considerada diferente do adulto, tendo características e necessidades próprias. Nesse período, surgiram também os livros infantis. A criança, ainda com personalidade em formação, passa por várias situações onde precisa lidar com diversos sentimentos, muitas vezes sem saber como proceder diante de suas emoções. Os Contos de Fadas têm sua importância justamente no fato de conseguir trabalhar ludicamente estes sentimentos, sejam eles positivos ou negativos, de forma que a criança possa elaborálos do modo mais saudável possível, e desenvolver seu senso ético e crítico em relação ao mundo, sem contar o grande estímulo à imaginação e à criatividade. Os personagens normalmente são divididos entre bons e maus, e para o desespero de alguns pais e responsáveis, não é incomum os pequenos se identificarem com bruxas e monstros ao invés de príncipes, fadas e princesas. Contudo, deve-se ter em mente que, no imaginário infantil, tudo ainda é muito simbólico, fazendo com que a criança busque personificar seus sentimentos negativos (medo, raiva, inferioridade...) para melhor compreender sua realidade e discernimento entre o certo e o errado. Vamos citar agora alguns exemplos de Contos de Fadas e mostrar como podem auxiliar a criança em seu amadurecimento sócio-afetivo:

CINDERELA

Dentre as várias versões existentes, a mais popular é a do escritor francês Charles Perrault, de 1697, baseada no conto italiano “La Gata Cenerentola” (A Gata Borralheira). Conta a história de uma jovem, órfã de mãe, que passou a ser maltratada e humilhada pela madrasta e suas fiaaa 64

Geração Bookaholic – Sua Revista Literárira

lhas após a morte de seu pai. Ainda assim, não perde a esperança na vida e acaba encontrando auxílio e amizade nas relações com os animais e uma fada; vindo, assim, a conhecer um príncipe e ter seu final feliz. Trata-se claramente sobre Rejeição, situação muitas vezes presente na rotina de uma criança. A história mostra que, mesmo com as adversidades, podemos olhar a situação sob uma perspectiva diferente e encontrar uma solução do conflito. Mostra, ainda, o valor da amizade. Em relação aos sentimentos negativos, é falado sobre a inveja e a maldade.

BRANCA DE NEVE E OS SETE ANÕES

O PATINHO FEIO Escrito por Hans Christian Andersen e publicado pela primeira vez em 11 de novembro de 1843, o conto narra o caminho percorrido por um cisne, chocado por uma pata, até a descoberta de quem realmente é. Questões como conflitos familiares, necessidade de pertencimento e adequação a um grupo social e o respeito pelo diferente são muito bem retratadas aqui. “O Patinho Feio”, até encontrar seus iguais, passa por várias situações de humilhação, rejeição e baixa autoestima. Muitas vezes, a criança não sabe como lidar com situações parecidas, cor de cabelo e de pele, altura, uma deficiência e até mesmo classe social podem ser as causas do infortúnio. Crianças adotadas podem não ser aceitas por aaa

Os contos de fadas auxiliam a criança em seu amadurecimento sócio-afetivo, e devem ser vistos como um aliado.

outros familiares da família que a acolheu. Enfim, o sofrimento causado é grande, e a história pode ajudar a criança a perceber que ser diferente não é algo negativo. Pode-se tratar até mesmo sobre bullying, que vem sendo discutido na atualidade muitas vezes de forma banal, mas que pode causar danos psicológicos que são levados, se não tratados, na vida do futuro adulto.

Originário da tradição oral alemã, foi compilado pelos Irmãos Grimm e publicado em 1812 e 1822. Branca de Neve, a mais bela de seu reino, desperta a inveja de sua madrasta, uma bruxa sedenta por beleza e poder. A princesa tem seu coração colocado a prêmio e recebe ajuda do caçador, de anões e de seres da floresta para manter-se viva e tomar de volta o reino, que é seu por direito. A bruxa usa a bondade e ingenuidade de Branca de Neve para conseguir capturála, se transforma em uma bondosa velhinha e a faz comer uma maçã envenenada. Ao se trabalhar essa história, com as crianças, são inúmeras as colocações a serem feitas: medo, inveja, amizade, trabalho em equipe, noções de perigo (falar com estranhos, comer/beber coisas dadas por estranhos), mentiras, vaidade em excesso etc.

CHAPEUZINHO VERMELHO

Originado na Europa do século XIV, o conto foi publicado pela primeira vez pelo francês Charles Perrault e, mais tarde, pelos Irmãos Grimm. Sofreu diversas adaptações e releituras e é uma das fábulas mais conhecidas de todos os tempos. Uma garotinha de capa vermelha sai para visitar sua avó, que está adoecida. Durante o caminho, acaba conversando com Lobo, desobedecendo sua mãe que pediu para não falar com estranhos. O lobo pega um atalho e chega mais cedo na casa da avó. As duas são salvas por um caçador. Estamos frente a situações que podem trabalhar ética e moral com as crianças: obediência e respeito aos cuidadores e aos mais velhos, mentira, falar com estranhos, entre outros. ■



BOOKAHOLIKIDS

Por Roberta Costa

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Big Bang Boooommm: uma grande explosão e tudo começou... Piros Fera, o fogo, é o primeiro a aparecer. Muito pirado e solitário, cada vez que se sentia sozinho vomitava lavas. Ele achava que se a terra esfriasse um pouquinho, apareceriam novos amigos para brincar e foi o que realmente aconteceu. Quando a Terra esfriou, as lavas que ele vomitava endureceram e formaram a Litos Fera, as rochas. Com isso, chega também a manhosa Hidros Fera, a água, que de tanto chorar, acaba formando rios, lagos, mares, oceanos etc. E com elas vem Atmos Fera, o ar, que solta “pum” e assovia o tempo todo para disfarçar. Mais tarde, surge o Estromatólito, responsável pelo ar que respiramos e a primeira forma de vida, Bios Fera. A Bios passa a se “feratransformar” o tempo todo. E agora, com tanta Fera pra brincar, o planeta está cada vez mais divertido: Bios sempre fazendo novos espetáculos de “feratransformação”, que alegra a todos os Super Feras. Sua obra prima? Nós, Homo Sapiens. Mas o Homo Sapiens traz com ele o maior vilão da história da Terra: o Homo Incorretus, que já chega ameaçando e destruindo nossos super heróis... Agora, chegou a hora de sermos os maiores heróis desta história e ajudar a salvar esses super heróis que construíram este mundo maravilhoso em que nós vivemos. Escrito pela autora, geógrafa, professora, gestora e planejadora ambiental Gisele Ferolla Vasconcelos, e ilustrada por Carlos Esquível, grafiteiro e presidente da Primeira Diretoria do Museu da Favela, e com a colaboração de Kátia Mansour, professora e doutora em Geologia pela UFRJ, a série “Os Super Feras” é bastante divertido, criativo, e vai ensinar os pequenos de uma forma simples tudo sobre a teoria do Big Bang e a formação da terra. Vale à pena conferir a obra, como dica da Geração Bookaholic para os nossos queridos Bookaholikids!

Bastante divertido e criativo, os Super Feras é dividido em três capítulos e conta a história da criação do mundo desde o Big Bang, passando pela criação do Universo, da Biodiversidade, e chegando aos perigos atuais que a vida em nosso Planeta corre. Um livro bastante didático, onde a criança aprende, se diverte e alimenta o seu gosto pela leitura. É possível adquirir o exemplar através do site da All Print Editora ou dos diversos sites de vendas de livros.

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DADOS DA OBRA

Autora: Gisele Ferolla Vasconcelos Ilustrações: Carlos Esquível Colaboração: Kátia Mansour Editora: All Print Gênero: Literatura Infantil



HORA DA POESIA

Por Débora Falcão Um homem polêmico. Um homem, para alguns, louco, palhaço, mas se trata apenas de um palhaço triste, como tantos e tantos outros. Ozzy Osbourne foi rotulado, durante anos, de várias coisas por causa de suas atitudes no palco e fora dele, dentro da banda Black Sabbath e em sua carreira solo. Virou uma celebridade fora do mundo da música quando aceitou estrelar o reality show “The Osbournes”, produzido e transmitido pela MTV. Fora os rótulos das cruzes, caveiras, velas, abuso do preto e do couro, Ozzy Osbourne é um homem que tem senso de humor, não se leva a sério, e ao mesmo tempo é pai de cinco filhos, avô, gosta de ver documentários de guerra e compor. É disléxico, e por causa disso teve problemas na escola, que na época não compreendia esse problema. Por isso, ao escrever sua biografia “Eu Sou Ozzy”, publicada pela Benvirá no Brasil, usou de um coautor, que organizou suas memórias – embotadas pelo alcoolismo e pelas drogas das quais abusou em sua juventude e em boa parte de sua vida adulta. Ozzy Osbourne talvez tenha sido incompreendido – ou será que ele mesmo não compreendeu muitas coisas? Hoje, tem uma família que ama, enfrentou diversos problemas decorrentes de sua vida e suas escolhas, mas vive bem. E hoje, o Hora da Poesia traz uma letra profunda, que transmite esses seus questionamentos internos, e que abre seu primeiro disco em carreira solo, o “Blizzard of Ozz”, nome que faz referência ao clássico “O Mágico de Oz” (originalmente “Wizard of Oz”).

Para início de conversa, o cantor ainda estava na banda Black Sabbath quando teve a ideia do nome do disco. “Blizzard Of Ozz” não saía de sua mente, era algo que combinava com seu próprio nome e com seu próprio estado de espírito naquele momento. Chegou a criar a estampa de uma camiseta e passou a usá-la durante algum tempo, antes mesmo de ter a ideia de um projeto solo. Quando a ideia do projeto veio, conversou com os demais integrantes da banda sobre isso. Mas o guitarrista Tony Iommi lhe disse: “Se você tem alguma ideia, é melhor você compartilhar primeiro com a gente”. Bom, foi o que Ozzy disse ter feito durante muito tempo, mas era

CONFIRA A LETRA: EU NÃO SEI (I Don’t Know)

As pessoas me olham e dizem “O fim está próximo” Quando é o dia final? Qual é o futuro da humanidade? Como poderia eu saber? Eu deixo pra lá... Todo mundo atravessa mudanças Procurando encontrar a verdade Não me procure por respostas! Não me pergunte – Eu não sei. Como eu supostamente Poderia saber? Significados escondidos Que nunca serão mostrados Tolos e profetas do passado Um estágio da vida E nós estamos neste grupo. Você precisa acreditar em alguém Me pergunto quem está certo, Me pergunto a quem seguir Não me pergunte – Eu não sei.

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ra sempre preterido, ninguém nunca gostava do que ele escrevia ou criava. Raramente uma letra sua entrava nos discos do Black Sabbath. A situação com o abuso de drogas chegou no limite, Ozzy chegou a perder alguns shows, e então ele foi demitido da banda. Depois de um período depressivo, e de ter sido praticamente salvo por Sharon, atual esposa e agente, resolveu tirar do papel o projeto solo, gravou seu primeiro disco. O título, ele não tinha dúvidas: “Blizzard of Ozz”. As músicas trazem um misto de questionamentos interiores, um adeus à antiga banda na música “Goodbye to Romance”, entre outras ideias.

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Ninguém nunca me disse Para eu encontrar a mim mesmo Você precisa acreditar Em milagres tolos Não é assim que se joga esse jogo Se você perde ou ganha, Você pode escolher Não confunda perder e ganhar, Está acima de você. Está acima de você. Está acima de você.

DADOS DA OBRA Álbum: Blizzard of Ozz Artista: Ozzy Osbourne Produção Executiva: Sharon Osbourne Prod.: Mark Neuman e Bruce Dickinson Design: Rob Carter Gravadora: Legacy Recordings Distribuição no Brasil: Sony Músicas: 9 faixas e 3 faixas bônus Gênero: Hard Rock Ano de Lançamento: 1980/1981

DADOS DA MÚSICA Título Original: I Don’t Know Faixa: 01 Letra: Ozzy Osbourne Música: Ozzy Osbourne, Bob Daisley e Randy Rhoads Copyright: © 1980 Blizzard Music Ltda/ Kord Music.

MAIORES INFORMAÇÕES

Sites: www.ozzy.com www.epicrecords.com www.legacyrecordings.com



Por Roberta Costa

le. Elos é um livro romântico de ficção científica, narrado por Benjamin, Amélia e um narrador em terceira pessoa. Ele tem uma linha narrativa principal, que apresenta os protagonistas, e outras linhas paralelas, que cercam a história de suspense e mistério.

Ela começou a escrever aos dez anos. Influenciada pelos filmes de Sessão da Tarde, adorava escrever histórias mirabolantes, e acabou tomando gosto pela escrita e não parou mais – e isso já faz 23 anos. Esta é Isie Fernandes, autora de várias histórias de sucesso na plataforma independente do Wattpad, e nos concedeu entrevista exclusiva, contando um pouco sobre suas histórias mais lidas, que você confere agora! gundo livro da série, traz a história de Marina cinco anos após o final de SDan. É um livro com espaço de tempo curto, a história toda se passa em menos de um mês, mas é intenso e poético, devido à narração que muda de primeira pessoa para terceira e segunda pessoas. É um enredo engraçado e romântico, seguindo a linha de SDan. Não posso dizer muita coisa ainda, porém adianto que o personagem que narra em segunda pessoa é mesmo a cerejinha do bolo.

Isie, você escreve desde muito cedo. Como era escrever aos dez anos de idade? Isie Fernandes: Eu tinha uma amiga de escola que também escrevia, e nós passávamos todos os momentos livres, entre as aulas, escrevendo juntas. Ela escrevia muito bem e me incentivou bastante! Sabemos que todo escritor é também um leitor voraz. Qual seu gênero favorito? Sua escrita tem influência de algum outro autor? Isie Fernandes: Adoro romances românticos! Se o livro não tiver uma pontinha de romantismo, não me cativa por completo. Eu também adoro distopias. Sempre digo que devo ter sofrido alguma influência do mestre Harold Robbins, isso lá pela década de 90, quando comecei. Hoje, a cada livro bom que leio, sinto-me encorajada a escrever melhor. Se eu tivesse que citar uma autora de quem tenho uma invejinha boa, seria Lauren Oliver, seu livro “Delírio” é perfeito. Se tivesse que escolher três livros para a cabeceira de sua cama, quais seriam? Isie Fernandes: A Bíblia, por ser um livro riquíssimo e atemporal; Delírio, de Lauren Oliver, porque é uma verdadeira inspiração (Distopia Romântica... Está explicado); Em Busca de Um Final Feliz, de Katherine Boo (não foi à toa que ela ganhou o Prêmio Pulitzer em 2000). Simplesmente Dan tem recebido inúmeras criticas positivas de seus leitores. Por favor, apresente a obra para aqueles que ainda não a conhecem. O que podemos esperar durante a leitura? Isie Fernandes: SDan, como eu o chamo carinhosamente, é o primeiro livro da trilogia “Simplesmente”. Ele conta a história de Marina e Dan, dois melhores amigos que se apaixonam de modo irremediável quando são postos diante de uma possível separação. É um livro engraçado, romântico e dramático, então os leitores podem esperar por risos, uma viagem nostálgica, gostosa, à adolescência e muita emoção. Ainda no ritmo de “Dan”, o que pode nos falar sobre a continuação, “Simplesmente Você”, que está sendo postada no Wattpad? Isie Fernandes: SVocê, apelido que dei ao seaaa

“Asas de Vidro – Elos” foi sua primeira publicação junto a uma editora. Como foi a experiência? Isie Fernandes: Maravilhosa! Eu costumo dizer que dei muita sorte por ter conhecido Lilian Vaccaro e me tornado parte da Editora Coerência. A equipe é sensacional. Os autores são muito unidos, a equipe editorial é muito presente, a própria editora-chefe, Lilian Vaccaro, é super disponível também. Só tenho comentários positivos acerca dessa experiência. Ganhei na loteria. Seu lançamento tem sido muito bem aceito. Conte-nos um pouco sobre a história. Isie Fernandes: Estou muito feliz com a resposta positiva dos meus leitores, sobretudo por Asas de Vidro – Elos ser totalmente diferente de Simplesmente Dan. Elos conta a história de Amélia (Amel), uma garota agitada e sonhadora, que mora num lugar pacato demais para seus sonhos. Um dia, ela vai com seu melhor amigo,

Igor, ao lançamento de um livro e é convidada para trabalhar na livraria. Esse emprego era tudo o que Amel queria, mas o que ela não podia imaginar é que por trás dele estaria Benjamin Brandão (Ben), um jovem misterioso e muito bonito, que na verdade é um mutante. A partir de então, a vida dela nunca mais será a mesma; nem a dea

Concomitantemente a todos estes trabalhos, temos também no Wattpad o “Entre a fé, a razão e o coração”, este ainda pouco conhecido pela maioria. Pode nos falar um pouco a seu respeito? Isie Fernandes: Ah, esse é o livro da minha vida... É o seguinte, todo escritor tem um livro muito difícil de concluir, no qual trabalha anos a fio até chegar ao resultado final. “Entre a Fé, A Razão e O Coração” – originalmente intitulado “As Quatro Faces” – teve sua primeira versão escrita em 1998. Em 2009 resolvi reescrevê-lo e o que era uma duologia terminou se transformando numa série de cinco livros (“Entre a Fé, A Razão e O Coração”; “Perdão Você”; “Pecado de Caio”; “Recomeço” e “Pecado de Cristina”). Acredito que soltarei o primeiro livro por completo na internet, assim que eu tiver tempo para revisá-lo.

Podemos perceber que você trabalha em vários projetos ao mesmo tempo. Parabéns, garota! (risos) Teria algum ainda em segredo? Algo que pudesse nos adiantar? Isie Fernandes: Eu não trabalho em vários projetos ao mesmo tempo. Na verdade, trabalhei caladinha durante algum tempo (desde 2009) nesses livros, por isso tanta coisa aparecendo de uma só vez. Tenho dois em segredo para contar: “Sobre Nós” (romance YA concluído em 2011), que conta a história de duas irmãs separadas na infância, Clara e Maria Elisa, gêmeas idênticas, mas opostas em temperamento e comportamento, que se reencontram 14 anos depois e terminam entrando em disputa pelo coração de Luís, um jovem muito sensível de 22 anos, que ficou cego após sofrer um acidente. O livro se passa na cidade de Lençóis, região da Chapada Diamantina, e é narrado em primeira pessoa pelos três protagonistas. E o outro é “Quimera” (Livro 2 da Série Asas de Vidro), narra a sequência de Elos, e é só o que eu posso contar, ao menos por enquanto. Para finalizarmos, que tal um recadinho para seus leitores e para aqueles que sonham em se tornarem escritores? Agradecemos imensamente sua participação! Isie Fernandes: Aos meus leitores queridos, tenho muito a agradecer pelo carinho, pelas mensagens e feedbacks, pelas fotos, posts nas redes sociais, compartilhamentos. Alguns têm me agradecido por eu ser uma escritora presente, mas, acreditem, quem adora todo esse contato sou eu! E aos que escrevem: leiam muito, escrevam muito, reescrevam, revisem. Acreditem em vocês e se arrisquem. Não é utopia: sonhos se realizam. Muito obrigada a todos da Geração Bookaholic! Beijo Grande! ■



PRATA FOSCA 25 anos após o Felizes Para Sempre

HORA DO CONTO

Por Débora Falcão

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Felizes para sempre. Ao menos, pelos últimos vinte e cinco anos. Isso era em que ela estava pensando. Observando o imenso jardim de rosas vermelhas, cultivado por sua mãe quando ainda era uma jovem princesa, ela olhava as flores que, apesar do inverno rigoroso que deixava tudo à sua volta tingido de branco, teimavam em se manter vivas e viçosas. Vermelhas como sangue. Suspirou. Aquela havia sido a visão que sua mãe tivera anos atrás, quando ainda desejava ter um filho. Ela estava olhando pela mesma janela de umbrais negros de ébano, tão negros quanto os seus cabelos, assim como seus lábios eram tão vermelhos como as rosas e sua pele era tão branca como a neve – aliás, o que lhe rendeu um nome tão peculiar: Branca de Neve. Quantas coisas havia passado! Mas agora, estava ali. Vinte e cinco anos depois, admirando o jardim que dava espaço para os flocos de neve que se avolumavam nos canteiros, e as rosas vermelhas que teimavam florescer. Mas não era isso que captava sua atenção. Era ela. Não se lembrava de tê-la convidado para sua festa de bodas de prata. Convidara todas as suas amigas – mas ela não. Scarlett. Não a suportava. Mas ela viera, e era aquela cabeleira vermelha como as rosas dos jardins de sua mãe que saía naquele momento de uma carruagem, carregando a contragosto uma senhora idosa pela mão. Suspirou. Pelo visto, aquela festa – cujo planejamento era de durar três dias – seria um martírio! — Majestade? Branca de Neve se virou para a criada que estava à porta. — Sim? — Os convidados já chegaram e estão aguardando no salão. — Onde está Joseph? — Sua Majestade está aguardando a senhora para que entrem juntos. — Obrigada, já vou sair. Com uma mesura, a criada se retirou. Branca de Neve olhou novamente para o lado de fora, mas Scarlett já havia entrado no castelo. — Chapeuzinho Vermelho... — resmungou ela o apelido de Scarlett. Saiu dos aposentos, indo encontrar-se com Joseph, a quem carinhosamente chamava de “Encantado”. Ele já não era tão encantado quanto quando o conheceu. Gostava, por muitas vezes, de deixá-la só enquanto se divertia com seus amigos – como o rei Philip, ou mesmo Rudolph, um homem estranho, que já fora um príncipe, mas perdera seu reino muitos anos atrás, e cuja história era um mistério, o qual ele e sua esposa tratavam de manter para si mesmo. Mesmo ela sendo a maior fofoqueira de todos os tempos. Joseph, o Rei Joseph, o mesmo que há vinte e cinco anos a encantou e a acordou com um beijo após ter sido envenenada por sua madrasta, estava ali, à sua frente com uma mão estendida, para c

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conduzi-la ao salão onde se encontravam os convidados para o primeiro dia de festa que ela tão esmeradamente havia se dedicado a planejar. As mãos de seu príncipe encantado eram agora mais roliças, e os alfaiates tiveram de renovar e substituir todas as suas roupas, para que o Rei Joseph pudesse colocar seu atual corpanzil nelas. Os botões dourados da camisa quase pulavam longe, tamanha a pressão que tinham de suportar, e sua calvície estava cada vez mais aparente por baixo da coroa, que agora praticamente não tirava nas comemorações públicas. Branca de Neve segurou sua mão e, inspirando fundo, adentrou ao seu lado no salão. Uma ovação se seguiu, e ela cercou-se de sorrisos e vênias. Ela também sorria, mas estava com a mente bastante ansiosa. Pois, lá no meio de seus convidados, Scarlett sorria com lábios sedutores e avermelhados artificialmente com carmim. Imediatamente seu semblante perdeu o brilho. Como tiraria aquela garota de sua festa sem maculá-la? Pensou nos criados e nos soldados. Joseph saberia e a questionaria. E no fim, permitiria que ela ficasse. Claro. Os homens sempre queriam que Scarlett ficasse. — Vossa majestade está linda como sempre! — disse uma voz feminina ao seu lado, desviando-lhe a atenção da moça, que agora tinha de atender a idosa ao seu lado. Branca de Neve abraçou a amiga. — Finalmente! — sorriu. — Aurora! Que saudade de você! Deveria aparecer mais vezes! — Sabe como é — respondeu Aurora. — Desde que assumimos o reino de meu pai, Philip não tem mais tanto tempo para atender a tudo o que peço. Ele diz que falo demais, que sou rápida demais, intensa demais, que não consigo parar, e tudo isso, mas eu não acho que eu seja assim. Só acho que precisamos aproveitar todo o tempo que temos para fazer todas as coisas que queremos fazer, não é mesmo? Afinal de contas, nunca se sabe se, quando dormirmos, quando iremos acordar... Aurora continuou falando alguma coisa, e Branca de Neve se perdeu n

no que ela estava dizendo. Isso sempre acontecia em companhia de Aurora. Desde que ela acordara após um tempo tão longo dormindo por causa de uma maldição, ela não conseguia mais parar. Não conseguia dormir, e não conseguia passar longos momentos sem fazer alguma coisa. Precisava sempre se ocupar de algo. Isso acabou lhe rendendo o domínio do seu reino, enquanto a Philip, ficou apenas com o “assinar” os documentos e os decretos como rei, e gastar seu tempo livre para caçar com os amigos e dormir. Sozinho. Afinal, Aurora estava sempre ocupada com alguma coisa. De certa forma, Branca de Neve gostava da companhia de Aurora, o que acabou tornando-as grandes amigas. Aurora não precisava que ninguém falasse numa conversa: ela tomava conta de tudo. E Branca de Neve podia pensar. Era sempre assim. Ela gostava de ser reflexiva. Eram uma dupla. — Ora, veja! — disse Aurora, interrompendo alguma coisa que ela mesma estava dizendo para apontar para a recém-chegada. — É Rapunzel! Pensei que ela não viria! — Ora, por que não? — Perguntou Branca de Neve. — Por causa das tranças, claro. O seu marido não deixa que ela as corte, e chegou a comprar uma nova carruagem só para as suas tranças. Uma carruagem que acompanha a de Rapunzel, e vem atrás. Rapunzel entra na carruagem da frente, e os quatro criados das tranças tiram-na pela janelinha e a levam para a carruagem de trás. Eles têm o tempo todo que controlar a velocidade das duas, para que uma não atrase a outra, ou adiante, ou ela pode perder a cabeça! — E Aurora riu de sua própria piada. Branca de Neve nada disse, apenas imaginou a cena de duas carruagens ligadas por uma grossa trança de cabelos loiros. E era verdade. Rapunzel vinha à frente, e quatro servos vinham atrás, apenas para carregar-lhe os cabelos trançados. Quando a viu, veio tão rápido quanto podia em sua direção. — Majestade! Fez um leve movimento de cabeça, que interrompeu no meio. — Desculpe-me pela reverência m


mal executada. É que estou com uma dor terrível no pescoço por causa do peso das tranças e... — sussurrando em confidência — do peso do meu marido... Ele teima em subir pelas minhas tranças às vezes... E, desde a última vez que chequei, ele está bem mais pesado do que costumava ser. Branca de Neve riu. Bem, parecia ser um mal das Bodas de Prata. Todos os príncipes pareciam ter se tornado mais pesados... — Venha — disse Branca de Neve à sua convidada. — Vamos nos sentar e você poderá dispensar seus criados por algum tempo enquanto conversamos. Rapunzel suspirou. — Graças ao Bom Deus! Não aguentava mais ficar com eles por perto o tempo inteiro! Onde está Alice? Você a viu por aí? Branca de Neve olhou em volta, procurando pela garota. — Não, não a vi... Deve estar para chegar... Por quê? — Por nada... — Rapunzel desconversou. As duas chegaram a um grande sofá onde se sentaram. Os criados depositaram a enorme trança por trás do sofá, deixando-a em seguida. Rapunzel massageava o pescoço e a nuca. — Espero que Alice venha... Neste momento, Aurora se juntou às duas. — Por quê? Ficou amiga de Alice? Rapunzel olhou para Aurora com cara de poucos amigos, pois ela estava se intrometendo num assunto pessoal, mas Aurora sequer percebeu e continuou falando alguma coisa sobre o País das Maravilhas ser muito interessante, mas nunca poder visitálo, por não poder deixar seu reino e ainda ter que levar quatro criados só para carregar-lhe os cabelos. Aquele monólogo se estendia, mas Rapunzel apenas passava os olhos pelo salão para procurar Alice, enquanto Branca de Neve tinha os olhos fixos em um único lugar. O lugar onde a ruiva estava. Scarlett discutia com a senhora que a acompanhava de forma acalora

rada. Gesticulava e tinha o semblante carregado, por muitas vezes apontava o dedo para a idosa, que se encolhia. — Ora essa — dizia Scarlett para a mulher, sem se importar se os mais próximos podiam ou não ouvi-la. — Você devia ter ficado em casa. Coisa mais irritante eu ter que ficar de babá de uma velha! Todas as vezes que eu saio você quer vir junto! Eu poderia ter me casado. Mas não. Meu final feliz tinha de ser tomar conta de uma velha caindo aos pedaços! — Já está reclamando de novo? Era Alice, a única pessoa que não se afastava de Scarlett em toda a Floresta Encantada. — Oh! Finalmente você chegou! Eu já estava entediada com esta festa sem graça, só velharia! Finalmente alguém da minha idade para variar! Enquanto dizia essas palavras, Scarlett viu o olhar que a rainha Branca de Neve estava lhe lançando e piscou-lhe um olho atrevidamente. — Acha que ela terá coragem de me expulsar daqui? — perguntou a Alice, que seguiu-lhe o olhar e viu Branca de Neve encarando a amiga. — Acho que não. Ela é muito elegante para fazer algo desse tipo. Coisa que você deveria aprender a ser. — Claro que não! Isso é muito chato! E então? Trouxe o que eu pedi? Alice suspirou. — Trouxe, claro. Pelo visto, não é só você quem quer. — Alice percebeu que, ao lado de Branca de Neve, Rapunzel estava sorridente ao vê-la ali. Scarlett percebeu e acompanhou-lhe o olhar. — O quê? Rapunzel também está gostando do “passeio mágico”? — e caiu na risada. — Ela sente muitas dores — respondeu Alice — e precisa do bolinho para suportá-las. Tudo por causa dessas tranças que carrega por aí. Ela devia era cortar esse caa

belo. — Também acho — disse Scarlett, já se levantando. — Olha aqui, velha, fique quieta sentada aí porque vou dar uma volta com Alice. Vê se não enche a paciência de ninguém. E se levantou, puxando Alice consigo. — Sinceramente, você devia tratar sua avó um pouco melhor, Chapeuzinho. — Ai, para. Não enche você também. E vê se não me chama assim. Você sabe que eu odeio esse apelido. — Tudo bem. Scarlett. Mas ainda acho que deveria tratar sua avó melhor. Scarlett revirou os olhos e levou a amiga dali. Quando estavam no corredor, foram interrompidas no meio do caminho por Aurora, que se afastara das amigas para interceptar Chapeuzinho e Alice. — Olá, meninas. — Olá, Rainha Aurora — disse Alice, enquanto Scarlett sorria. — Vão dar uma volta pelo castelo? — Sim — disse Scarlett. — Precisamos de um passeio só de amigas, se não se importa. Aurora riu. — Ora, claro que não! Só não entrem na Sala Proibida. Algo brilhou nos olhos de Scarlett. — Tem uma sala proibida aqui? — Claro que tem! Não sabia? Scarlett apenas sacudiu a cabeça. Adorava coisas proibidas. Tudo o que lhe diziam para não fazer lhe causava justamente o efeito contrário. Aurora viu o que causara em Scarlett e se arrependeu imediatamente de ter falado. E justo na frente de Alice, a garota mais curiosa de todos os tempos! — Eu e minha boca que funciona mais rápido do que minha cabeça! Eu falo demais! Deixem para lá. Não digam para ninguém que mencionei a Sala Proibida. Esqueçam. Ela não existe. E saiu, deixando Alice e Scarlett extremamente curiosas. — Venha — disse Scarlett. — Precisamos encontrar essa tal Sala Proibida. Alice não ofereceu objeção. Também queria ver a tal sala e o que ela escondia. Sorrindo, as duas passaram a explorar os corredores do palácio de Branca de Neve. Enquanto isso, no salão onde ocorria o baile, a dona da festa dançava com seu esposo, apertado em uma casaca, tentando dançar a valsa com sua amada ao som de uma orquestra especialmente contratada para as Bodas de Prata. E Branca de Neve imaginava que aquela festa não estava indo exatamente como imaginara. Quando a música acabou, recusou mais uma dança e se afastou para perto de Bela, que conversava com Rapunzel, enquanto os demais casais dançavam. — Não irá dançar, Bela? — Não... — ela sorriu. — Meu marido não é muito de danças. Ele guarda esses momentos apenas para nós dois, no nosso castelo. — Mas ele nunca mais...

— Não, não — interrompeu Bela. — Por Deus, ele nunca mais foi aquela Fera que era. Raramente se transforma. Apenas se eu estiver em perigo. — Oh. Aurora chegou neste momento, após dançar com Philip, e a conversa morreu ali. As quatro passaram a conversar sobre vários assuntos, e assistiram Cinderela brilhar com seu esposo no meio do salão. Foi quando Branca de Neve viu o rei Joseph se afastar para um dos corredores do castelo, e lembrou-se de Scarlett. Procurou-a e não a viu. — Aurora? — Sim? — Você estava conversando com Scarlett ainda há pouco, não? — Sim... — Onde ela está? Aurora mordeu o lábio, sem querer contar a ela o que dissera à Chapeuzinho sobre a Sala Proibida. — Ela está com Alice explorando o castelo... Mas Branca de Neve não ouviu mais. Levantou-se e caminhou na direção que seu marido seguira. Aurora chamou-a, mas Branca de Neve não quis ouvir. Ela já havia saído do salão de baile e seguia por um dos corredores. Enquanto isso, Scarlett abria porta por porta, tentando descobrir onde ficava a Sala Proibida. — Acho que ela não deve ser num lugar tão óbvio — comentou Alice. — A entrada para o País das Maravilhas não é nada óbvia. — O que você sugere, então? — perguntou Scarlett, sacudindo os cabelos de fogo, já impaciente por ter aberto tantas portas e todas elas se mostrarem igualmente sem atrativos. — Bom, vamos nos separar. Vou para outra ala, e você fica por este lado. Quem encontrar, grava a entrada e volta para chamar a outra. — Combinado. E as duas se separaram. Scarlett não tinha tanta certeza se voltaria para chamar Alice, mas continuou procurando. Abriu uma das salas, que parecia ser promissora. Estava escura, sem nenhuma vela, e tinha alguns armários fechados, ela podia perceber pela luz da lua que entrava pela janela com cortinas afastadas. Tentou encontrar uma vela, mas não achou. Foi quando a porta se abriu atrás de si. Escondeu-se e fez silêncio. Uma única vela foi acesa. E ela viu que se tratava do Rei Joseph. Ele foi diretamente para uma das portas dos armários e a abriu, silenciosamente. Ela resolveu se mostrar. — Olá, Majestade... Joseph tomou um grande susto e se virou para a mulher que o chamava com voz melosa. Sob a luz daquela única chama, podia ver os cabelos refletindo a sua luz em tons vivos de vermelho, e seus lábios pintados com carmim. — Scarlett! — exclamou surpreso. — O que faz aqui? — Na verdade — disse ela sedutoramente se aproximando do Rei — estava procurando uma sala específica. — Que sala?

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Hora do Conto Não houve tempo para Scarlett responder, pois a porta se abriu de repente, revelando a rainha Branca de Neve com um olhar incrédulo para a cena diante de si. Não havia o que explicar: o Rei Joseph e a rebelde Chapeuzinho Vermelho, bem mais jovem que ela, juntos numa sala às escuras, como um encontro às escondidas. — Eu sabia! Eu sabia! — gritou a rainha. — Como você pôde? — perguntou ao marido. — E você? Foi para isso que veio à minha festa? — jogou as mãos para o ar, desolada, sem dar chance a ninguém para falar. — Minhas bodas de prata! Vinte e cinco anos de Felizes para Sempre! E para quê? — Espere... Mas Branca de Neve, impulsiva, saiu dali. Joseph correu atrás dela e Scarlett deu de ombros, indo atrás só para ver no que aquilo ia dar. No meio do caminho, Alice viu a rainha correr, escondendo lágrimas, e indo em direção ao exterior do castelo por uma porta diferente, sem passar pelo salão do baile. Franziu o cenho quando viu o rei sair do corredor onde deixara Scarlett e o viu procurar pela esposa. Quando ele saiu de seu campo de visão, ela foi atrás da Chapeuzinho, encontrando-a sorrindo. — O que você fez? — Nada. Juro. Mas agora vamos. Preciso ver o que vai dar. — Tudo pra você é uma diversão, não é, Scarlett? — Claro. A vida é muito chata se seguirmos as regras. Vamos. Você viu para onde eles foram? — Para fora. Acho que para o jardim. — Ah, sei. Acho que é o tal jardim de rosas vermelhas da mãe da Branca de Neve. — O que foi que você fez para ela sair daqui tão atordoada? — perguntou Alice segurando a amiga, sem deixá-la escapar. — Eu juro, Alice, que dessa vez eu não fiz nada. Chapeuzinho parecia sincera, e as duas seguiram o rei. Foi quando ouviram um grito vindo do Salão de Baile e correram para lá. A festa havia acabado. Todos estavam aterrorizados. Alice imediatamente paralisou. Não era sem motivo. No centro do salão, estavam as três pessoas mais temidas pelos que estavam presentes naquela sala. A Rainha Má, madrasta de Branca de Neve, Malévola, a bruxa que deixou Aurora dormindo por um século, e a Rainha de Copas. E esta última olhava diretamente para ela, o que a fez engolir em seco. — Parece que você anda traficando algumas coisas do País das Maravilhas, não é, Alice? Sua voz era gélida, e fez Alice tremer dos pés à cabeça. O silêncio era geral. Aurora estava paralisada. Malévola olhava diretamente para ela. Jamais esqueceria o século inteiro em que estava amaldiçoada a dormir. O que aquelas três mulheres faziam ali? — Antes de tudo, gostaria de avisá-los que a rainha de vocês — ela praticamente cuspiu a palavra “rainha” —, a quem chamam Branca de aa

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Neve, está em meu poder. Como que para corroborar o que havia acabado de informar, todos ouviram o grito de Branca de Neve do lado de fora, acompanhado de um uivo, que fez Scarlett se arrepiar. — Ele está lá fora! — sussurrou Scarlett para a amiga, mas Alice estava paralisada olhando para a Rainha de Copas. Todos estavam afetados. Menos Robin Hood, que, como sempre fazia em todas as festas, estava bêbado e sozinho num canto, enchendo os ouvidos de quem chegasse perto com suas lamúrias sobre não conseguir mais entrar em suas malhas ou correr sem se sentir cansado demais pelo peso da idade. O silêncio continuava, e era quebrado apenas pela voz da Rainha Má. — Vejam, eu libertarei a rainha de vocês se vocês me derem algo que eu quero. — E o que seria isso? — perguntou Joseph, o rei. — Simples. Eu quero o que você guarda muito bem nesse palácio e que me pertence. — Não. — Do que ela está falando? — perguntou Bela, sussurrando. — Não faço ideia — disse Rapunzel, também sussurrando. — Ela quer a Maldição do Sono — disse Aurora entredentes. Bela, Cinderela e Rapunzel olharam para ela, num ar de indagação. Aurora respirava sem compasso, sua mente trabalhando tão rápido quanto podia desde que acordara para nunca mais dormir. Olhou pela janela atrás de si, onde o jardim de rosas vermelhas estava, e viu o imenso lobo andando em círculos em volta de onde Branca de Neve estava presa. — Eu tive uma ideia. Mas vou precisar da ajuda de todo mundo. — Como? — disse Rapunzel — Eu não posso sem um bolinho. Estou com uma dor terrível no pescoço! E não posso sair por aí com essa trança imensa. Aurora sorriu. — Todas poderão me ajudar se fizerem como eu disser.

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Do lado de fora, Branca de Neve tentava se soltar, mas não conseguia. Os nós que a amarravam eram muito apertados, pois sua madrasta havia usado magia neles. O lobo também não a deixava, sempre andando à sua volta, sua respiração quente deixando claro que não sairia de perto dela. Bem, ao menos era o que ela pensava. Até que ele uivou e retesou todo o corpo em uma única direção. Ela olhou para onde ele estava dirigindo sua atenção. E viu Scarlett correr, usando uma capa vermelha que se destacava na neve branca. Ela parecia querer se esconder. Na certa, estava com medo do lobo e resolveu abandonar a festa. Mas aquela atitude só fez atrair o lobo, que, com mais um uivo, correu a toda velocidade para ela. Naquele momento, Branca de Neve pensou na cena que vira entre seu marido e aquela mulher, mas não desejou sua morte. E viu, incrédula, quando a garota em vez de correr para longe do lobo, correu em direção a ele. — O que ela está fazendo? Ficou louca? E então, ela deixou cair a capa vermelha, revelando os cabelos. Loiros. — Mas... Não era Scarlett. Era Bela. E o grito que se seguiu foi tão agudo que Branca de Neve queria ter suas mãos livres para tampar seus ouvidos. Naquele momento, uma fera imensa quebrou uma das janelas de seu castelo, caindo em cima do lóbo. Era o esposo de Bela que se transformara para salvá-la do perigo. Imediatamente, viu quando Bela veio em sua direção para ajudá-la a se desamarrar. — Não conseguirá. Minha madrasta usou magia nessas cordas. — Não se preocupe — disse Bela. — Lembre-se, tive muito pouco com o que me ocupar quando fui prisioneira da Fera. Li todos os livros da biblioteca, e a maioria era sobre como quebrar maldições e feitiços. Este aqui é até bem simples. aa

Posso cuidar disso. E Bela não estava mentindo. Imediatamente, Branca de Neve estava solta, e as duas correram para dentro do castelo. Lá, uma guerra havia iniciado. Robin Hood atirava flechas certeiras nas rainhas, mesmo estando bêbado e inseguro. Nunca errava. Os soldados da Rainha de Copas, que vieram para subjugar a todos, foram um a um derrubados por Rapunzel e Cinderela, usando as próprias tranças da primeira, esticadas, enquanto eles eram atraídos pela sua voz, bem longe de onde eles achavam que ela estava. Como suas tranças eram compridas, eles não esperavam ser surpreendidos antes de onde ela os chamava e sempre tropeçavam e viravam alvo fácil para os exímios espadachins Philip e Joseph, que lutavam bravamente contra eles. — Onde está Scarlett? Pensei que era ela lá fora! — disse Branca de Neve para Bela. — Oh, Aurora deu uma tarefa bem simples para ela e para Alice. Branca de Neve franziu o cenho. Enquanto isso, numa ala distante, Alice comia um de seus bolinhos, ficando cada vez menor. — Anda logo! — falou Scarlett gigantesca ao seu lado. — Cuidado para não me pisar! Alice ficou minúscula, ao ponto de poder passar por baixo da porta. Realmente, aquela era a porta certa, como Aurora lhe dissera. A curiosidade lhe corroia para ver tudo, mas Scarlett lhe esperava do outro lado. Comeu outro de seus bolinhos e, ficando maior, abriu a porta por dentro, sendo quase atropelada por Chapeuzinho. — E agora? Você sabe o que procurar? — Não — respondeu a ruiva. — Mas Aurora disse que saberíamos quando víssemos. Vamos. A sala era repleta de vidros de poções com etiquetas. Tinham várias cores diferentes. Precisavam olhar uma por uma. Enquanto isso, a guerra era travada no salão de baile. Branca de Neve, já solta, tentava fazer o que podia para ajudar, mas não sabia por onde começar. Aurora se aproximou. — Acalme-se, majestade — disse ela sorrindo. — Tudo está sob controle. — Como você, justo você, consegue ficar calma sem fazer nada no meio dessa confusão? — E quem disse que não estou fazendo nada? Tudo isso que está acontecendo fui eu quem fiz. Ou você acha que seria possível fazer Bela, Cinderela, Rapunzel, Alice, Scarlett e Robin Hood trabalharem juntos sem uma briga sequer? Branca de Neve olhou à sua volta. Joseph e Phillip venceram cada um dos soldados caídos pelo trabalho de Rapunzel e Cinderela. Agora, Rapunzel jogava sua trança com a ajuda da amiga para desestabilizar a Rainha Má. Foi quando Malévola se transformou num imenso dragão. — Ops — disse Aurora. Branca de Neve olhou para ela. — E agora?


Ela não respondeu. Estava preocupada. Onde estavam Scarlett e Alice? Finalmente, as duas correram para o salão de baile. Aurora viu quando Alice entrou com um vidro na mão, indo em direção às rainhas. — É isso o que querem? Imediatamente as três pararam. — Mas o que elas estão fazendo? — perguntou Branca de Neve. — Entregue isso para mim — disse a Rainha Má, com a mão estendida. Alice abanou a cabeça. — Para você? A Rainha de Copas estendeu a mão. — Passe isso para cá, Alice. Ou terei imenso prazer de lhe cortar a cabeça! Ao mesmo tempo, ouviu-se um uivo vindo do dragão. — Então, tomem! — gritou Alice, jogando o vidro para cima e saindo de perto. — Não! — gritaram a Rainha Má e a Rainha de Copas ao mesmo tempo. Alice se afastou, e viu quando o vidro caiu no chão, espalhando todo o seu conteúdo. — Aquilo era o que eu estou pensando? — Perguntou Branca de Neve. Aurora balançou a cabeça, o cenho franzido e o olhar fixo na cena. Era a primeira vez que Branca de Neve via Aurora monossilábica. Então, foi quando viu que o monstro em que Malévola havia se transformado soltou uma rajada de fogo em direção a Alice. Sem pensar, Branca de Neve correu até a janela e cantou. Bem, cantar era uma maneira de falar, pois ninguém ouviu uma nota sequer de sua boca. Ao menos, ninguém naquela sala. Pois ela soltou uma nota numa frequência captada apenas pelos animais das redondezas do castelo. Ela costumava brincar com isso quando era apenas uma menina. Chamava os animais com sua voz. Isso lhe salvou a vida uma vez, há muitos anos, quando precisou fugir de sua madrasta e de um caçador que ela contratara para matá-la e arrancar-lhe o coração. Os animais a protegeram naquela ocasião, e a protegeriam agora. Então, pássaros de todos os tamanhos, invadiram o castelo, rodeando o dragão e as duas rainhas. Mas não foram só os pássaros que atenderam ao seu chamado. Cervos, alces, todos correram para a área externa do castelo, cercando-o. E a Fera e o Lobo, que lutavam do lado de fora, sentiram o chamado da rainha e, imediatamente, seguiram para o interior do castelo para salvá-la, como se não pudessem evitar. Os pássaros distraíram momentaneamente as rainhas, e Malévola tornou-se humana novamente, incapaz de manter sua concentração. Só então Branca de Neve notou Scarlett na sala, com sua cabeleira ruiva. Enquanto tudo aquilo acontecia, a Chapeuzinho Vermelho levava o vidro certo, com a maldição do sono, para Robin Hood, em posição privilegiada num dos balcões. Ele mergulhou uma flecha na poção e atirou para a Rainha de Copas, que caiu imm

mediatamente. Quando Malévola percebeu o que estava acontecendo, foi tarde. Ela também recebeu uma flechada direto em seu coração, caindo em seguida. Mas a Rainha Má teve tempo suficiente de perceber a manobra, vendo as duas rainhas caírem ao seu lado, enquanto Robin mergulhava mais uma ponta de flecha na poção que estava na mão de Chapeuzinho Vermelho. — Maldição — disse ela entre os dentes. Seus olhos brilharam. Alice viu o olhar da Rainha Má na direção de Scarlett. Olhou para Aurora. Ela também viu. E notou quando a rainha estendeu uma de suas mãos na direção dela, com a intenção de fazê-la cair por alguma magia. Scarlett se desequilibrou, caindo de costas. Um grito se ouviu. Era Alice no meio do salão de baile. E outro grito, mas esse não foi ouvido por ninguem. Ao menos, ninguém em sua forma humana. Um uivo se ouviu em seguida e, ao passo que Scarlett caía, o Lobo Mau saltou, deixando que a moça ruiva caísse sobre seu corpo. Em seguida, o único som daquele salão foi um latido esganiçado, um choro, vindo da garganta do animal embaixo da ruiva, que imediatamente se levantou para acudi-lo. Neste momento de distração, Robin atirou sua última flecha certeira, fazendo com que a Rainha Má sucumbisse ao próprio veneno, a maldição do sono que ela mesma criara e incutira à Branca de Neve por meio de uma maçã. As três rainhas jaziam no chão. O Lobo choramingava, em agonia. — Acho que ele quebrou alguma coisa! — gritou Scarlett. Branca de Neve, Aurora, Cinderela e Bela se aproximaram. — E agora? — disse Bela? Aurora apenas observou a cena, estranhamente calada. — Você salvou a minha vida? — disse Scarlett para Branca de Neve. — Eu sei. Você tem esse negócio de controlar os animais. Foi você, não foi? Que controlou o Lobo a

para que ele me salvasse? Branca de Neve estava atordoada. — Na verdade, eu invoquei, sim, alguém para salvá-la, mas não foi o lobo... — Fui eu — disse uma voz grave atrás deles. Era o esposo de Aurora, que já tinha voltado sua forma de Fera para humana. — Branca de Neve me invocou para salvá-la. Mas não tive tempo. O Lobo saltou antes de mim. Scarlett olhou para o lobo e suspirou. Como aquele lobo, que a ameaçara tantos anos antes, agora saltava para salvá-la? Abraçou-o, sentindo pena dele. Se pudesse ajudá-lo... Uma lágrima escorreu de seus olhos, tocando os olhos do próprio lobo. E então, diante dos olhos de todos, o lobo se transformou num homem. Todos se afastaram. — Mas... O homem, que antes era um lobo, ergueu uma sobrancelha para Scarlett. — Você nunca desconfiou? Ela estava sem fala. Um homem? — Não quero atrapalhar o momento alegre de vocês, mas o que vamos fazer com elas? — disse Robin Hood, coçando a imensa barriga que teimava sair pela malha apertada ridícula que ele achava que ainda podia usar. Todos olharam para as três rainhas no chão. — Levem-nas para a torre no meio da Floresta Encantada — disse Rapunzel. — Acho que farão uma boa companhia uma à outra lá, enquanto dormem e aguardam que um beijo de amor verdadeiro lhes quebre a maldição. — Isso se alguém amá-las — completou Aurora, falando pela primeira vez em muitos minutos, o que para ela era muita coisa. — Afinal, Aurora, você tem que me explicar como você conseguiu tudo isso — disse Branca de Neve. Ela sorriu. — Foi simples. É só dizer a palavra certa à pessoa certa. — Como assim? — Para Cinderela e Rapunzel, que foram servas durante muito tempo, basta dar a palavra de oraaa

dem. Para a Fera, precisava ver sua amada em perigo. Para Bela, por sua vez, bastava atiçar sua curiosidade, assim como Alice. E para Scarlett, bastava dizer que era proibido. Quanto a Robin, bem, ele precisava que alguém massageasse seu ego, há tanto tempo esquecido. E então, você tem uma ótima equipe trabalhando em conjunto. — E quanto a mim? — disse Branca de Neve. — Eu não sabia se você faria o que tinha que fazer, mas sabia que você era responsável demais para deixar tudo isso acontecer debaixo de seu teto sem fazer nada. Eu tinha o palpite certo. Só não contava que o Lobo também era humano. Olharam para Scarlett, que ajudava o ex-Lobo a se sentar numa cadeira. — Bem, parece que alguém terá seu final feliz — disse Branca de Neve. — E quem disse que nós não temos o nosso? — disse Joseph, olhando para a esposa. Pensando que ambos precisavam de um momento a sós, Aurora pediu que a orquestra voltasse a tocar, enquanto Phillip coordenava os criados a depositarem as rainhas na carruagem das tranças de Rapunzel, e logo o salão estava liberado para as danças, e as bebidas foram servidas. Joseph tomou Branca de Neve pelas mãos. — Não sei o que Scarlett estava fazendo naquela sala, meu amor, mas eu sei o que eu estava fazendo lá. — E o que era? — Fui buscar este presente que escondi para que você não encontrasse. E ele tirou do bolso um lindo anel de rubis, que imitavam uma rosa vermelha, cercada de brilhantes em forma de flocos de neve. — Feliz Bodas de Prata. Ela sorriu. Talvez o “felizes para sempre” não fosse feito de felicidade eterna, mas de um conjunto de momentos felizes, que devem ser bem aproveitados e valorizados ao lado de quem se ama, e superar os momentos de dificuldade. Talvez aquelas bodas fossem de uma prata fosca, mas que podia ser polida, até se tornar brilhante. E dançou. ■

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Por Débora Falcão

Primeiro livro que comprou Gibi da Turma da Mônica (não é bem um livro, mas foi a primeira forma de literatura que eu me viciei. Melhor livro que já leu Griffin & Sabine (Nick Bantock) Último livro que comprou Garota Online 2 (Zoe Sugg) Livro que mudou sua vida O Diário da Princesa (Meg Cabot) Livro que mais leu na vida Fazendo Meu Filme (Paula Pimenta) Melhor capa de livro Princesa das Águas (Paula Pimenta)

PERFIL

Livro que gostaria de ter escrito Harry Potter (J.K. Rowling) Quatro autores que gostaria de ter em um evento literário seu Meg Cabot, J.K. Rowling, Kiera Cass e Martha Medeiros Frase que gostaria de ter escrito “Se chorei ou se sorri, o importante é que emoções eu vivi.” Roberto Carlos

Se não fosse escritora, o que gostaria de ser? Cantora

dade para resolver a minha própria vida!” 

Como foi seu encontro mais estranho com um leitor? Não me lembro de nenhum encontro “estranho”... Meus leitores sempre são muito fofos, todos os encontros são muito agradáveis!

É possível encontrar a Paula Pimenta nos seguintes contatos:

Complete a frase: “Eu sou um sucesso quando...” “...resolvo a vida dos meus personagens... Gostaria de ter a mesma habilia

Livro clássico que recomenda Cinco Minutos (José de Alencar) Livro moderno que recomenda A Seleção (Kiera Cass) Além do gênero que escreve, que gênero gostaria de escrever/se aventurar? Suspense 76

Geração Bookaholic – Sua Revista Literária

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