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Edição nº 23

HORA DO CONTO Jeito agradável de formar leitores e escritores críticos e criativos



Perspectiva “Livros não mudam o mundo, quem muda o mundo são as pessoas. Os livros só mudam as pessoas”. Mario Quintana

Alunos do 3º ano do Ensino Fundamental curtindo a leitura das fábulas de Monteiro Lobato

Pense Nisso

Deus cuida de mim! Diariamente recebemos das mãos amorosas do nosso bondoso Deus a oportunidade de realizarmos nossos sonhos e projetos, mas, também, a necessidade de cumprirmos com nossas obrigações e nossos deveres. Às vezes, ficamos apreensivos, preocupados, sem sabermos o que nos espera amanhã. Sentimo-nos inseguros, vulneráveis e despreparados para o novo. Creio que para pessoas que se sentem assim há uma palavra maravilhosa na Bíblia que diz assim: “Entreguem todas as suas preocupações a Deus, pois Ele cuida de vocês” (1 Pedro 5.7). A pergunta é: Você confia em Deus a tal ponto de deixar que Ele cuide de você? A grande verdade é que não temos como evitar que sentimentos, como a ansiedade, instalem-se em nossos corações e apoderem-se de nós. Mas, nós podemos escolher como vamos reagir diante deles. Podemos tentar resolver as coisas sozinhos ou podemos compartilhá-las com alguém. Se formos inteligentes não vamos tentar resolver tudo sozinho, mas compartilhá-las com pessoas queridas e de nossa confiança. E, se além de sermos inteligentes também formos sábios, não iremos compartilhar com qualquer pessoa, mas com aquele que pode nos libertar por completo dela: Jesus Cristo. Sei que isso pode parecer simples demais, infantil demais, ainda mais neste mundo que nos diz

que quanto mais complexo melhor. Até porque somos ensinados que sempre temos que causar uma boa impressão aos outros. Mas, eu pergunto: do que adianta impressionar os outros se isto não resolve nossos problemas? Por isso, meu desafio é que você adote um estilo de vida que seja simples. Um estilo de vida no qual você não precise impressionar as outras pessoas, e possa ter a liberdade e a ousadia de ser você mesmo, de reconhecer que não sabe tudo, que não é uma pessoa perfeita e que tem receio do que pode lhe acontecer ao longo dos seus dias. Quem sabe o primeiro passo seja aceitarmos o conselho bíblico, lançar aos pés de Cristo toda a sua ansiedade. Diga para Ele quais são os seus medos, angústias e inquietações. Coloque-se diante dele e permita que ele cuide de você. Diga que você se sente despreparado para os novos desafios, mas que com a força Dele, a sabedoria que Ele quer lhe transmitir, com o cuidado dele, você conseguirá. Assim, você poderá ter a oportunidade de olhar para frente e tocar a sua vida com otimismo e segurança. Se as coisas parecem difíceis, se os muros dão a impressão de serem intransponíveis, se as metas parecem inatingíveis, não desanime. Lancem tudo aos pés de Cristo. Peça sua ajuda, seus conselhos e coloque-se sob os seus cuidados. Pense nisso!

Luciano Miranda Martins Pastor Escolar do CEAP CEAP em Revista - 03


Da Redação Mais leve, valorizando cada palavra escrita e cada imagem selecionada. Mais limpa, com cuidados especiais em cada página diagramada. Estas as mudanças com o novo projeto gráfico da CEAP em Revista que chega a suas mãos (ou na web, em nosso site). Feitas com a intenção de torná-la mais atrativa para você. Mudam, também, algumas editorias e detalhes na edição final. O que não muda é o compromisso em continuar sendo um espaço de reflexão sobre o que acontece e se produz na nossa escola e um lugar onde estas ações, projetos e trabalhos ficam refletidos. Explorem a revista como se fosse a primeira vez. E curtam a leitura!

EDIÇÃO 23

Sala do Professor

CEAP: uma escola viva, que inova sempre Ensino de Tradição, ensino de inovação. Esta frase, que está acompanhando a logomarca do CEAP desde o início de 2015, expressa a essência do projeto pedagógico do CEAP: inovar sempre, sem esquecer a história, as tradições, as raízes. Um exemplo desta permanente inovação é o Ensino Médio Integral que passamos a oferecer para este ano de 2015. Um conceito totalmente novo de trabalho, que mantém um olho naquilo que sempre foi tradição no CEAP – a qualidade de ensino, e o outro no novo, no diferente, na busca pelo melhor.

e o trabalho segue com suas rotinas diárias, dentro do planejado e com bons indicativos de acertos. E, sem esquecer os compromissos firmados com alunos e familiares destes, seguimos em permanente avaliação e atenção, com o compromisso de mudar aquilo que for necessário, no momento em que as situações se apresentarem. Paralelamente, seguem os permanentes estudos, avaliações e projetos em todos os níveis. A Educação Infantil lançou seu projeto de trabalho para este ano (e que está contemplado nas páginas da revista) que

Iniciar um novo conceito foi um desafio. Primeiro, de estudos internos – que aconteceram por longos anos – a fim de firmar convicções e dar forma às ideias. Depois, apresentar este conceito aos envolvidos, ouvindo deles as impressões, receios, expectativas. E, por fim, começar efetivamente. Este novo Ensino Médio é consequência natural da implantação do Ensino Fundamental de 9 anos. O Fundamental era obrigação legal, mas como fomos além do previsto pela Lei, inovando, estudando a fundo e modificando o programa de estudos dos alunos, era uma obrigação – que impusemos a nós mesmos – um estudo aprofundado do Ensino Médio, que resultou nesta nova proposta. Neste momento, iniciadas as aulas, todos os passos iniciais previstos foram dados

norteia as ações em 2015. As séries iniciais do Ensino Fundamental, que passaram há mais tempo pela mudança, seguem avaliando, planejando e buscando novas motivações e ações. E ainda, Tempos de Criança (em novos espaços), atividades extras – esporte, teatro, coral, conjunto instrumental, formação de professores, simulado... Este conjunto de estudos, de inovações, a permanente possibilidade de mudança e ajustes, fazem do CEAP uma escola viva, que inova sempre, que busca o melhor para oferecer aos seus alunos, com um grande objetivo: oferecer aos jovens possibilidades de aprendizagens que permitam a eles uma vida de alegrias e realizações, com capacidade de seguir aprendendo. Gustavo Malschitzky Diretor do CEAP

PENSE NISSO 03 Deus cuida de mim ENTREVISTA 05 A relação família escola INFÂNCIA 06 Criança quer ser criança As ênfases do projeto do CEAPzinho 2015, lançado em meio à diversão

LITERATURA 08 Escritora na escola CULTURA INDÍGENA 09 Histórias e lendas Crianças criam lendas dos índios do Sul e visitam mostra kaingang VIVÊNCIA 10 A experiência da High School CAPA 11 Hora do Conto As produções e projetos que encantam as crianças

Expediente CEAP em Revista Nº 23 – Maio de 2015 Edição: Assessoria de Comunicação do CEAP Diagramação: Fábio Deicke Jornalista Responsável: André da Rosa Revisão: Débora Schneider Zambonato Colégio Evangélico Augusto Pestana www.ceap.g12.br 04 - CEAP em Revista


Entrevista Escrevendo

Não somente consumidores

De acordo com pesquisas feitas pelo Serviço de Proteção ao Crédito o Brasil, 85% dos consumidores brasileiros afirmam fazer compras por impulso. Dados como esse mostram o grande problema de nossa atualidade: A advogada Cláudia Bressler, da Instituição consumir esquecendo-se do nosso papel como cidadãos. Sinodal de Assistência, Educação e Cultura (ISAEC), Em uma sociedade, os bens que possuímos são como uma manifestação de nosso poder e posição social. Chegamos a um mercado e acabamantenedora do CEAP, aborda temas como a relação mos consumindo muitas coisas que não se fazem realmente necessárias. É família-escola, o comportamento nas redes sociais e o chamado “consumismo”. Com a tecnologia e a rápida produção de esse novos produtos, somos influenciados pela mídia e pelo resto da sociedade o uso do celular na sala de aula. a adquirir essas inovações que mais uma vez não se fazem necessárias. Assim, produtos antes considerados novos se tornam rapidamente obsoletos. As transformações sociais e suas novas demandas geramOutro grande problema que o excesso de consumo causa é o esquepreocupação cada vez maior no ambiente escolar comcimento de nossa cidadania. Um dos principais papéis que devemos ter como cidadãos é o respeito à natureza. Segundo o IBGE, o Brasil produz questões legais. Quais os cuidados importantes para que 88 milhões de toneladas de lixo por ano, isso mostra o acumulo de lixo que o fazer pedagógico seja preservado? geramos a partir de resíduos que passam (logo) a ser considerados inúteis Essas questões passam primeiro pela consciência de que apor nós. Estamos tão acostumados a comprar por impulso que esquecemos das consequências desse ato. escola é lugar de reflexão e de preparo para a vida. Quando repensemos nosso modo de consumir, pensamos nestes novos arranjos, devemos ter a ideia de queÉ preciso queCelular e redes sociais: bom senso e cuidados para acabarmos estamos em um espaço de exercício para uma futura vidacom essa hierarquia errada de valores imposta pela sociedade consumista. para diminuirmos a produção de lixo seria consumir adulta e de que este é um espaço de constante reflexão. Ainda, a solução Há uma tendência os pais se digam somente o necessário. A partirdedeque atitudes como essas “entendidos” começaríamos As novas demandas precisam pelo crivo de entender como sobre como a escola deve agir. Às vezes contribuindo, de que somos NÃO SOMENTE CONSUMIDORES, somos se pode viver melhor em sociedade, como nossas ações a lembraroutras exigindo. Isso gera problemas? CIDADÃOS. impactam no dia-a-dia nossas famílias e colegas.

Em busca do equilíbrio

Que bom quando os pais se envolvem a ponto de entender LaianeQuando Pithan há da uma Silva uma série de demandas e podem contribuir. Aluna da 3ª série do Ensino Médio sobreposição desses espaços de poder, aí é problema. A escola é um espaço de aprendizagem em que o pedagogo é o titular daquele espaço. Tanto é que a família quando escolhe Há muitas experiências de sucesso das escolas na inclusão. uma instituição de ensino leva em conta uma série de razões. Mas o fato é que têm A escola tem essas razões documentadas em surgido situações em que regimentos internos. É um embasamento legal, a escola não consegue mas também pedagógico. As famílias precisam cuidar a contento. Essajá mentiu para os seus filhos. Os meus, por exemplo, Todo pai e toda mãe entender que neste espaço de aprendizagem é minha porque quando eu crítica, tinha nove anosa me contaram que o Papai Noel e o Coelhinho da há um sujeito em formação que precisa de legislação por vezes passanão querendo acreditar na mentira, ela era real. Páscoa não existiam. Mesmo conquistas, de frustrações. Com uma boa conversa por uma imposição. Há fiz a temida pergunta para os meus pais e eles Quando eu finalmente e esclarecimento é possível encontrar os caminhos situações em que escola responderam que, deafato, o Papi Noel não existia, passou pela minha capara que cada um faça seu papel. de fato beça todasnão as consegue vezes que eu acreditei na magia que deixava o Natal e a cuidar. A reação das Páscoa especiais. As tecnologias geram as maiores mudanças No momento, eu me pessoas envolvidas, àssenti idiota por acreditar, mas também achei legal de comportamento hoje. E quase tudo passa saber a verdade, porque assim já seria mocinha. Depois que o tempo pasvezes, é extremamente pelo aparelho de celular. Qual a melhor sou e o primeiro negativa, comoNatal se ae a primeira Páscoa sem a tal magia, desejei que eu maneira de tratar com isso na sala de aula? não soubesse a verdade. escola tivesse a obrigação terapeuta O assunto é polêmico. Mas temos que entender deSegundo receberatodas as cognitivo-comportamental Ana D’arc Moreira Arcanjo, acreditarE no a necessidade de dosar nosso tempo no celular. demandas. issoPapai não éNoel é importante na formação da criança, pois favorece o desenvolvimento Hoje diminuiu a ocupação das pessoas em tempo uma verdade. Quando da criatividade, da imaginação e da capacidade de elaborar histórias. com livros, filmes, situações que permitam reflexão. a escola diz não, está Os pais que não “mentem” para suas crianças, estão deixando de lado uma parte do desenvolvimento do próprio filho. E essa realidade vem para a escola, que se vê sendo suficientemente Quando eu tiver meus filhos, vou “mentir” para eles quanto tempo eu compelida a estabelecer regras. Em sala de aula o amorosa para dizer que puder, porque acho que todos precisam de um pouco de magia. celular distrai, evita a interação humana, objetivo não consegue atender da escola. Pode ser utilizado com bom senso a demanda naquele Letícia Bruna Heck no intervalo, mas durante as aulas precisa ficar momento. Aluna da 1ª série do Ensino Médio desligado. Você pontua que a escola deve ser muito clara com Quais os cuidados que se deve ter nas redes sociais, sua relação ao que se propõe a fazer e na forma como área de atuação, também? pretende tratar de questões, algumas delas nem sempre tão agradáveis... São duas questões principais: uma é a falta de cuidado nas A questão da inclusão é uma dessas demandas sociais. Há um descompasso entre legislação e realidade das escolas neste assunto?

Eu vou mentir para os meus filhos

Nossos sistemas jurídicos estão amparados na boa fé, na transparência, na objetividade e clareza. Isso precisa partir de todos os interessados. A escola quer cuidar bem dos alunos. Precisa de um estatuto que deixe claro como pretende fazer isso. E as famílias também precisam dar as informações importantes ao trabalho da escola. Em alguns casos as famílias não trazem todas as informações ou não se colocam como parte importante no processo de ensino aprendizagem e delegam algumas tarefas para a escola. A escola não é a responsável exclusiva; pelo contrário, é uma parceira importante desse processo.

informações que se colocam ali. Estamos compartilhando dados em um universo de pessoas que não temos condições de definir. Muitas informações pessoais, da rotina da família e viagens se tornam atrativo para pessoas mal intencionadas. Outro ponto é a linguagem que toma tom exagerado na rede. As pessoas ficam mais enfáticas e em algumas discussões fazem com que amizades se esgotem na própria rede. Essa ênfase e paixão não são as mesmas com que as pessoas falam umas com as outras pessoalmente. A rede social é fantástica, mas exige muito mais atenção porque os impactos acontecem em todos os campos da nossa vida.

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Infância

“Brincar é muito importante na infância”. Entre aspas propositadamente, a frase é quase um clichê. Mas numa época em que, cada vez mais, brincar é quase sempre um verbo conjugado no individual e ligado a jogos eletrônicos ou à televisão, é preciso retomar a atenção sobre o tema. “Os brinquedos e brincadeiras estão ficando cada vez mais distantes do universo infantil. Isso mobilizou nossa escolha pela temática, com a ideia de preservar a cultura lúdica”, assi-

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nala a Coordenadora Pedagógica da Educação Infantil no CEAP, professora Deizy Soares. O projeto pedagógico “Criança quer ser criança” vai ser a linha condutora de diversas ações pedagógicas ao longo do ano no CEAPzinho. Foi lançado no Campo do CEAP com envolvimento das famílias, num dia divertidíssimo ao ar livre em que crianças, e também pais, curtiram brincadeiras em diferentes estações, cada uma identificada por um dos dez direitos da criança.


Direitos da Criança

Direito ao ócio. Toda criança tem direito de viver momentos de tempo não programados pelos adultos.

Direito de sujar-se. Toda criança tem o direito de brincar com a terra, com a areia, com a água, com a lama, com as pedras.

Direito ao diálog o. Toda criança tem o di reito de falar sem ser interrom pi levada a sério na da, de ser s suas ideias, de ter explicações suas dúvidas e de para as escutar uma fala mansa, sem gritos.

m Direito a um bo a nç ia cr início. Toda de ito re di o tem comer alimentos sãos desde o nascimento, de e beber água limpa . ro pu ar r respira

Direito ao uso das mãos. Toda criança tem o direito de pregar pregos, de cortar e raspar a madeira, de lixar, colar, modelar o barro, amarrar barbantes de cordas, de acender o fogo.

Direito à natureza selvagem. Toda criança tem o direito de construir uma cabana nos bosques, de ter um arbusto onde se esconder e árvores nas quais subir.

Direito à rua. Toda criança tem o direito de brincar na rua e na praça e de andar livrement e pelos caminhos sem medo de ser atropelada por motoristas que pensam que as vias lhes per tencem.

Direito aos sentidos. Toda criança tem direito de sentir os gostos e os perfumes oferecidos pela natureza. Direito ao silê Toda criança ncio. direito de es tem o cu rumor do ve tar o n canto dos p to, o ássaros, o murmúrio das águas.

Direito à poesia. Toda criança tem o direito de ver o sol nascer e se por e de ver as estrelas e a lua.

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Literatura

Histórias direto da fonte Semanalmente as crianças dos níveis 3, 4 e 5 da Educação Infantil vão até a Biblioteca da escola onde escolhem seus livros para curtir em casa durante a semana. Numa dessas visitas, eles não encontraram apenas os livros. Quem inventa as histórias também estava lá. E disposta a fazer uma contação de história especial! “A Joaninha e a sombrinha” foi a escolhida pela autora Maria Elaine Altoe para fazer as crianças mergulharem no mundo da imaginação por alguns minutos. “Achei espetacular o envolvimento das crianças. Fiquei pasma com as respostas delas. Um nível altíssimo”, disse a escritora, radicada há anos no Rio de Janeiro. Com um jeito especial de envolver as crianças na história, Maria Elaine provocou perguntas, ideias e comentários dos pequenos alunos, num envolvimento intenso entre crianças e escritora. O reconhecimento veio na forma de abraços. Alunos maiores, que perceberam a presença da escritora na escola, aproveitaram intervalos para pedir um autógrafo.

Crianças curtiram contação e interagiram com escritora

O livro como terapia A história da joaninha, contada pela autora, está no quarto livro que está sendo lançado pela Semente Editorial. Maria Elaine Altoe – que foi aluna do CEAP nos anos 60 e 70 - escreve para o público infantil “para ajudar as crianças a fazerem terapia”, afirma. A autora também é arte terapeuta. E foi onde descobriu o jeito para contar histórias e, também, escrevê-las. “Tinha uma matéria em que a gente inventava histórias com bichos. Jogava nossa própria história em um bichinho e contava como se ela tivesse sido vivida por aquele outro personagem”. De um encontro involuntário com uma editora surgiu a oportunidade de publicar as histórias. 08 - CEAP em Revista

Em parceria com a ilustradora Fran Junqueira, Maria Elaine já publicou “Espinafra, a bruxa que virou mosquito”, que trata sobre o bullying, “A lagarta azul”, que fala da transformação de uma criança e das dificuldades de cada etapa e “Mausy, a Ratinha”, sobre a ameaça de uma coruja à mãe rata e, especialmente, a coragem desta para enfrentar o problema. “Os temas são vividos por pessoas de carne e osso, mas colocadas como personagens. O retorno é maravilhoso. Tem outras terapeutas que trabalham essas histórias até com adultos. De uma forma lúdica elas resgatam aquele nó que está acontecendo com o ser humano”, diz a escritora. Maria Elaine autografa “A lagarta Azul” para aluna do CEAP


Cultura Indígena

A lenda do Rio Uruguai

Há muito tempo atrás, quando os portugueses começaram a chegar no Brasil, uma índia chamada Obirici se apaixonou por um português. A índia, com o passar do tempo, conquistou o português e eles começaram a namorar em segredo, pois era contra as leis uma índia namorar um estrangeiro. Certo dia quando estavam namorando, um índio os viu e contou para o pai dela. Ao saber, o índio ficou furioso e naquela mesma hora matou Famílias, se o português. Ao amanhecer, Obirici foi procuraprofessore s o ri á lo e o achou morto. Ela começou a chorar em funcion m a cima dele, que começou a se desmanchar e virar curtir um rio, que hoje conhecemos como Rio Uruguai. no Campo

Em ano de despedida, a galera do Terceirão sempre inventa algum a. Já posaram de nerds , reproduzindo uma raiz quadrada. E até resgataram o espírito hippie de Woodstock .

do CEAP o

to Sarah Ribeiro da Rosa lançamen to je Aluna do 5º ano ro p do

História e lendas dos índios do Sul

uer “Criança q ”. ça n ia Os estudos ser cr sobre as origens do Rio Grande do Sul resultaram em descobertas interessantes

para os alunos do 5º ano do Ensino Fundamental. O professor de Estudos Sociais, Uiliam Michael, apresentou os índios como os primeiros habitantes da terra gaúcha. E a professora de Língua Portuguesa, Débora Zambonato, introduziu a leitura de lendas indígenas, especialmente as ligadas às tribos que habitaram nossode Estado. Depois os alunos se Dunga. aventuraram a produEscolinhas futebol do CEAP na Copa zir suas releituras destas histórias (e fizeram paineis, também). Conheça duas lendas inéditas!

O lago com laço

O grupo yanteru tinha um cacique muito sábio que tinha seis filhas, muito amorosas e gentis. Esse grupo sempre tinha falta d’água e muitas vezes mandavam as filhas ou filhos dos índios mais importantes para acharem água para beberem. Certo dia o cacique mandou sua filha mais nova ir em busca de um lago. Essa sua filha se chamava Mandi e era a mais bonita, a mais carinhosa, gentil e dócil. Mandi decidiu ir para o lado Norte. Um pouco mais longe de sua tribo encontrou um lindo lago, bem cheio e maravilhoso. Com a curiosidade desperta, Mandi se atirou na água. De re-

pente começou a se sentir estranha, com dores e não estava mais disposta. Quando viu seu reflexo na água teve um susto enorme. Ela estava parecendo uma senhora muito velha. Aterrorizada, Mandi fugiu e nunca mais voltou a sua tribo. Os índios mais velhos contam que aquele lago faz as pessoas ficarem mais velhas, pois um senhor e uma criança choraram ali e fizeram um laço da magia. Acredita-se que Mandi ainda anda pela floresta como uma senhora, impedindo pessoas de beberem água ali. Vitória Siminovski Oss e Amanda Machado Dobler Alunas do 5º ano

Os líderes de turmas do turno da manhã de 2015, com a orientadora Enedina Casalini.

Mostra Kaingang: aula no Museu A exposição “KAMÉ E KAIRÚ – traçado da identidade Kaingang” – aberta no “mês do índio” no Museu Antropológico Diretor Pestana, foi visitada pelos alunos do 4º, 5º e 6º ano do CEAP. As turmas relacionaram informações e materiais da mostra com os conteúdos em estudo. Kaingang é um dos três povos indígenas mais numerosos que habita hoje o Rio Grande do Sul. A exposição teve mostra fotográfica sobre o povo Kaingang na contemporaneidade e abordou mitologia, história, cultura material, problemas socioeconômicos e processos identitários deste povo. Os alunos tiveram uma pequena palestra, assistiram a um vídeo e participaram de oficinas de jogos indígenas.

Artesanato kaingang chamou atenção

Crianças brincam com jogo da onça CEAP em Revista - 09 17


Diversão

Aproveitando melhor o melhor tempo!

A proposta está no nome: Tempos de Criança! É uma diversão atrás da outra. Brincadeiras livres – e como as crianças inventam novas formas de brincar! – ou orientadas pelas professoras. No Tempos, cada manhã é diferente da outra. Eles pintam, pulam, correm, visitam espaços legais, inventam coisas, contam histórias, ouvem histórias, assistem filmes, ajudam a fazer o lanche saudável, recebem ajuda para fazer os temas, participam de oficinas... De repente, terminou a manhã! Esse ano o espaço novo, mais amplo, não é só uma novidade, mas a possibilidade de as crianças extrapolarem sua criatividade e curtirem muito mais. São muitas opções e, ao mesmo tempo, o desejo deles de estarem sempre juntos, misturados, ainda que a faixa etária seja dos três aos onze anos. E o serviço oferecido pela escola no turno da manhã está bombando: são trinta crianças participando, sempre orientadas pelas professoras Aline Sfalcin Mai e Simone Sabo. E de tudo o que elas poderiam relatar, o destaque é para o envolvimento das crianças: “elas criam as brincadeiras, exploram cada espaço; um dia as caixas são roupas, no outro viram casas, depois navios, carros...”.

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Júlia fazend

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A galerinha do Tempos de Criança com as professoras em visita à Biblioteca da escola

“Eu gosto por gente brinca que a diz Júlia Be bastante”, rl anos e que esi, de 8 frequenta o 3º ano no C Nas duas m EAP. anhãs que participa, ac ompanhada irmão Danie do l, de 6 anos a atividade , p pintar. Para referida é ela, outras atividades leg idas à praci ais são as nh de Ginástica a e à Sala .

“O mais legal são os amigos”, lio diz Marco Auré anos, Cavinato, de 6 na aluno do 1º ano Escola Soares de Barros. São três manhãs no dos CEAP, onde um idos espaços prefer s. é a sala de jogo “Gosto de montar quebra-cabeças”.

Letícia curtindo a sala de jogos

Marco Aurélio e Aurélio: “o mais legal são os amigos”

“Todo o dia tem uma surpresa. Eu fico pensando o que será, mas nunca adivinho! E a que eu mais gostei foi no dia que tinha pegadas de coelho no chão, porque era Páscoa”. Empolgada com o Tempos de Criança, Letícia Schneider, aluna do 1º ano do CEAP, de 6 anos, participa todas as manhãs .”O que eu mais gosto é de brincar com a Maria”, revela, dizendo, também, que não perde uma manhã, nem para o sono, nem para o frio.

“Antes eu manhã. M ficava em casa d e as é mais pra cá”, divertid diz Auréli o Luís Ga o vir de 7 ano s. rc no Colégio Ele cursa o 2º ia, a de estar Adventista e gos no no T e m p os de Cri ta “porque t a enho muit os amigo nça e amigas s a q ui ”. E nt diversão, re tanta le brincaram mbra do dia em q co que acont m meleca verde. ue eceu com “E o pergunta o braço?”, quebrou o que ele ouve. “Ele é a ca estava na punho quando a g iu e e anuncia um Sala de Ginástic nte a chorei, só a colega. “Mas e ”, u ca não ír a m algumas diz Auréli lágrimas”, o.


Capa

Turma de alunos no tapete literário ouvindo contação de história da professora Rosane

A hora gostosa de convívio com a leitura COMBINADOS Dudu e Leopoldo foram os personagens que visitaram as turminhas do Nível 3 no Campo do CEAP. Na rodinha de bate-papo, os personagens ensinaram atitudes positivas que os colegas devem ter uns com os outros. Os “positivos” e “negativos” são, agora, os combinados das turminhas. PEQUENOS CIENTISTAS Alguns objetos flutuam na água. Outros afundam. Como? E por quê? Estas observações e buscas de respostas para as perguntas envolveram os alunos do Nível 5 em uma experiência na sala de aula. Eles mesmos envolveramse com a prática e observaram tudo atentamente.

AMIGOS DAS LETRAS Uma visita especial, vinda direto da “Alfabetolândia”, trouxe presentes importantes para os alunos do 1º ano, envolvidos no projeto de alfabetização. O Senhor Alfabeto trouxe o Saco das Letras e os Cadernos das Pistas, para cada criança ampliar a amizade com as letras.

FADA AZUL

A Fada Azul “saiu” do livro do Pinóquio para visitar as turminhas do Nível 4. Ela ensinou brincadeiras, interagiu com os pequenos e “O que é a Hora do Conto?”, é a pergunta feita prometeu voltar outras vezes. Ela à professora Rosane Hoffmann, responsável pela é o elemento mágico das ações atividade na escola. A resposta vem rápida: “É um pedagógicas das turmas este ano.

espaço para fazer as crianças gostarem de ler!”. E qualquer um que for conhecer o que acontece nestes momentos irá concordar que a frase da professora Rosane é, também, uma definição muito boa do que é a Hora do Conto. Inserida no currículo AULA DE dos alunos do BRINCAR 1º ao 3º ano do Ensino Fundamental, Quanta diversão em leva as crianças à Biblioteca duas vezes por semana. uma tarde no Campo Uma do delas para a troca de livros. A outra no horário CEAP! Brincar que recebe, especificamente, o nome de Hora do ao ar livre e curtir Conto. as possibilidades do espaço, como E nessa hora... tudo pode acontecer! Os livros pela grama, saemescorregar das prateleiras, as histórias “saem dos livros”, são sujar-se enquanto A imaginação ganha asas e, ao contadas e recontadas. curte mexer na terra e mesmo tempo, se materializa. Isso porque as crianças nas pedrinhas da pista envolvem-se em projetos de atletismo, foi uma ao longo do ano (confira as páginas seguintes) que geram produções literárias experiência e tanto próprias diversos formatos: textuais e estéticos. paraeoem Nível 2. Tudo provocando – e gerando – o gosto de ler!

AULA DE FRALDAS Eles ainda nem tem noção do que é uma aula. Mas as brincadeiras e descobertas das quais participam no Nível 1 são pensadas, planejadas e projetadas para estes bebezões com um universo inteiro pela frente para ser explorado e conhecido.

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Eu conto, tu contas, ele conta... Nós contamos! Quem nunca ouviu falar no Amigo Livro no CEAP? Os alunos que já passaram da idade de ter a Hora do Conto sentem saudades. E guardam boas lembranças dele. Ou “deles”, na verdade, já que são muitos. Este é primeiro de três projetos que envolvem, no ano, os alunos dos Anos Iniciais na Hora do Conto. E é o próprio personagem “Amigo Livro” quem surge para desafiar as crianças a escolherem um livro e, dele, construírem uma propaganda. O texto de cada criança, mais a capa do livro escolhida, vai formar um catálogo anual de propagandas dos Amigos Livros, que acaba sendo um acervo para pesquisas. Quando o trabalho fica pronto acontece a socialização para a turma, momento em que os alunos apresentam o amigo. Estes livros ganham uma prateleira especial na Biblioteca e uma tabela em que os próprios alunos assinam a retirada de um dos Amigos Livros. “Isso incentiva entre as crianças de diferentes anos a leitura das indicações dos outros alunos”, diz a professora Rosane Hofmann.

Aluna confere catálogo de Amigos Livros

Crianças socializam história em “3D”, criação de outras crianças

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A produção literária é um projeto que sempre acontece no segundo trimestre do ano. São histórias, poesias, parlendas, o que é o que é, histórias enigmáticas... Tudo o que a criatividade permite. “A construção destas produções sempre passa pela consciência de que os outros irão ler”, explica a professora Rosane, que sempre faz a provocação aos alunos, normalmente com uma história, sobre o que irão escrever. O resultado é sempre imprevisível. E surpreendente. “São diferentes formas e formatos. Já saiu livro maluco, livro no formato do desenho feito a partir de uma letra, releituras de histórias clássicas... Em uma delas Rapunzel cortou os cabelos e fez luzes, na outra apresentaram a Cinderela na era da Informática”, diverte-se, contando, a professora. As últimas produções foram pufes poéticos, com poesias feitas pelos próprios alunos, um tapete com histórias ligadas ao alfabeto e histórias que viraram filmes “em 3D, digital, dedo e dedão”, conta a professora, referindo-se às histórias produzidas em rolos e passadas manualmente em uma “televisão” de papelão. Todas estas produções literárias foram feitas em panos. Cada produção feita pelos alunos é catalogada como todas as outras obras à disposição na Biblioteca. “E são tão retiradas pelos alunos quanto as outras”. No terceiro trimestre o projeto volta-se para a socialização das produções. “Eles têm a consciência de que são autores. Apresentam o que criaram para os outros colegas, inclusive outras turmas e de outros anos”.


“No mundo dos livros, a aventura está sempre começando.” “A Biblioteca escolar é o lugar, o espaço e o tempo de aproximação da criança e do jovem com o livro e outras publicações”. Quem afirma é a professora de Pedagogia na Unijuí Lídia Inês Allebrandt. Pesquisadora de temas como literatura infantil e contação de histórias, ela reforça que aproximar significa conhecer o acervo, ter contato com obras relevantes por meio da leitura “e despertar o estudante para o ato de ler: por prazer, curiosidade ou desejo de ampliar conhecimentos”. Para ela, cabe ao bibliotecário ou professor responsável planejar ações que gerem experiências de leitura, transformando a biblioteca em elemento imprescindível no processo pedagógico “que de fato almeja a formação de leitores e escritores apaixonados, criativos e críticos”. A professora defende que a criança seja inserida no clube da leitura por meio de práticas significativas e instigadoras “do ler, do saber mais, do conhecer a riqueza da nossa linguagem. Ler exige esforço do leitor, envolve cognição e emoção. Ler aproxima. Ler gera conflitos e/ou consensos. As crianças gostam quando percebem que algo está sendo feito para elas, pois são sensíveis, imaginativas, afetivas e pensantes. Conversar sobre o que leram possibilita conhecê-las e impulsionar seu desenvolvimento integral. Nesse sentido, o trabalho desenvolvido pela professora Rosane Hoffmann é digno de eloO espaço lúdico estimula a leitura indiretamente. É um cantinho que as crianças aproveitam na Biblioteca fora dos horários específicos, como no recreio. Eles desenham, escrevem bilhetes, jogam, leem gibis, fazem atividades de revistas. E os próprios alunos são os responsáveis por deixar tudo arrumado no final. Às vezes algum aluno entra só para brincar e acaba retirando um livro.

gios pela proposta pedagógica que de fato forma leitores e escritores críticos e criativos. Ter liberdade para ler e criar textos literários desenvolve o amor pelos livros e pela escrita. O que mais poderíamos almejar? Esses dois atos contribuem em nossa formação, são educativos, terapêuticos. São básicos para a aprendizagem”. Sobre o estímulo para que as crianças sejam, além de leitoras, autoras, Lídia Allebrandt salienta que “no mundo dos livros, a aventura está sempre começando e ler é uma aventura que nos leva a conhecer mundos sem sair do lugar. O ato de ler nos torna diferentes, nos faz pensar e agir de outras formas. O ato de escrever com autonomia, criatividade e uso da imaginação contribui para desenvolver a autoria. É isso que a Rosane faz, devolve ao leitor a perspectiva de ser autor, de trabalhar a linguagem para dizer algo sobre si, o outro, o mundo, mas na sua ótica”. Carimbo na testa ou na mão na hora da retirada de um livro já virou tradição. A concentração na hora de escolher o livro se transforma em comemoração coletiva depois de concluída a missão.

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Sala de Aula

OLHO DE BOI Galera do Terceirão teve aula prática sobre Óptica. No Laboratório de Biologia, acompanhados das professoras de Física Jorgina Oliveira e de Biologia Márcia Damm, os alunos abriram, em pequenos grupos, olhos bovinos para observar suas partes, como a córnea, cristalino e retina.

HISTÓRIA FAMILIAR A história da família dos alunos do 6º ano foi objeto de pesquisa dos alunos em História. Eles trouxeram as fontes históricas de suas famílias: fotos, documentos e objetos (como a máquina de escrever da foto). A confecção de uma Linha do Tempo individual foi resultado da pesquisa, coordenada pelo professor Uiliam Michael. As linhas estão expostas na sala de aula, como mostra a outra foto, em que também aparecem, pendurados, os “globos terrestres” confeccionados na disciplina de Geografia.

MENSAGEM SECRETA No aprendizado sobre reações químicas, a turma do 9º ano aprendeu com a professora de Ciências, Ângela Gutknecht, a escrever “mensagens secretas” em papel. A experiência, realizada no Laboratório de Química, envolvia suco de limão e calor.

ÁRVORE GENEALÓGICA A família é o foco das atividades do 2º ano. “É bom ter uma família, morar com uma família” é o nome do projeto, que começou com a visita da Fafá Família, personagem que trouxe o livro A Família do Futuro. E como as crianças vão montar uma árvore genealógica, visitaram a Praça da República para aprender a desenhar as árvores como elas realmente são.

POR DENTRO DO CEAP Os alunos do 4º ano estão estudando a história da escola – depois vão estudar a história de Ijuí, também. Entre as primeiras ações estiveram pesquisas sobre alguns locais importantes da escola, além de visitas orientadas, como ao Lago e ao Campo do CEAP, onde além de explorarem o espaço conheceram, também, a Trilha Ecopedagógica.

CHÁS E PLANTAS As turminhas do 3º ano estão de olho nas plantas presentes na alimentação humana. Fizeram até uma degustação de caules, raízes, folhas e flores comestíveis. E na pauta deles também estão as plantas medicinais. Além de estudarem a indicação de uso de cada chá caseiro, as crianças também visitaram a horta de chás feita pelos colegas do ano passado no Campo do CEAP. 14 - CEAP em Revista


COMBINADOS Dudu e Leopoldo foram os personagens que visitaram as turminhas do Nível 3 no Campo do CEAP. Na rodinha de bate-papo, os personagens ensinaram atitudes positivas que os colegas devem ter uns com os outros. Os “positivos” e “negativos” são, agora, os combinados das turminhas. PEQUENOS CIENTISTAS Alguns objetos flutuam na água. Outros afundam. Como? E por quê? Estas observações e buscas de respostas para as perguntas envolveram os alunos do Nível 5 em uma experiência na sala de aula. Eles mesmos envolveramse com a prática e observaram tudo atentamente.

AMIGOS DAS LETRAS Uma visita especial, vinda direto da “Alfabetolândia”, trouxe presentes importantes para os alunos do 1º ano, envolvidos no projeto de alfabetização. O Senhor Alfabeto trouxe o Saco das Letras e os Cadernos das Pistas, para cada criança ampliar a amizade com as letras.

FADA AZUL A Fada Azul “saiu” do livro do Pinóquio para visitar as turminhas do Nível 4. Ela ensinou brincadeiras, interagiu com os pequenos e prometeu voltar outras vezes. Ela é o elemento mágico das ações pedagógicas das turmas este ano.

AULA DE BRINCAR Quanta diversão em uma tarde no Campo do CEAP! Brincar ao ar livre e curtir as possibilidades do espaço, como escorregar pela grama, sujar-se enquanto curte mexer na terra e nas pedrinhas da pista de atletismo, foi uma experiência e tanto para o Nível 2.

AULA DE FRALDAS Eles ainda nem tem noção do que é uma aula. Mas as brincadeiras e descobertas das quais participam no Nível 1 são pensadas, planejadas e projetadas para estes bebezões com um universo inteiro pela frente para ser explorado e conhecido.

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Álbum

Rycheski, Verci Luciano Martins, Sandra no Encontro i Grinke e Enedina Casalin gicas da Rede agó Ped s Nacional de Equipe Sinodal, em Joinvile.

Diretor Gustavo Malschitzky e as sessor de comunicação André da Rosa en tregam arquivos do Jorn al da Manhã de 1973 a 2011 (incluindo clipa gem de notícias do CEAP) ao sócio proprie tário Breno Poch mann e à editora do JM M aristela Martins.

Encontro de Lider anças Estudantis da Rede Sinodal, em Três de Maio, teve participação dos alunos João Pedro Berton Wiss mann e Arthur Weil ler Furlanetto (presidente e vice do GEMLI), além de Andrey Basso e Eduardo Ceretta.

ann e sua A artista e sua obra: professora Rosane Hoffm Páscoa. da do perío no ar inspir para ada mont e árvor

A diretoria do GEMLI - eleita para o ano de 2015 – no dia da posse. Equipe do Hemocentro de Cruz Alta em coleta promovida pela escola para ampliar cadastro nacional de doadores de medula óssea.

Galera do Terceirão 2014 esteve na escola para inaugurar foto na galeria de ex-alunos.

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Grupo de alunas na celebração de Páscoa do 1º ao 6º ano no Centro Evangélico.


Famílias, se professore s o ri á funcion m a curtir no Campo do CEAP o to lançamen to je ro p do uer “Criança q ”. ça n ia ser cr

Em ano de despedida, a galera do Terceirão sempre inventa algum a. Já posaram de nerds , reproduzindo uma raiz quadrada. E até resgataram o espírito hippie de Woodstock .

Escolinhas de futebol do CEAP na Copa Dunga.

Os líderes de turmas do turno da manhã de 2015, com a orientadora Enedina Casalini.

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Vivência

Curtindo a rotina na High School O que seria um passeio na casa de parentes no exterior – no máximo algumas aulas para aprimorar o inglês – acabou se tornando em uma experiência incrível! Logo depois de concluídas as aulas da 2ª série do Ensino Médio no CEAP em dezembro passado, a aluna Amanda Sanches viajou, acompanhada da avó, para uma temporada na Califórnia, EUA. A uma hora e meia de San Francisco, na cidade de Mountainview, iria curtir a família, alguns passeios e viver uma experiência cultural. Mas uma ideia aliada à persistência resultou em algo inesperado. Amanda decidiu procurar uma escola, ligada à igreja frequentada pela madrinha, com a ideia de estudar ali por um mês. “Não tinha visto de estudante. Conversei com o diretor que, depois de eu insistir, permitiu que eu fizesse um teste de nivelamento de inglês. Foi uma prova que envolvia todos os conteúdos do High School, nosso Ensino Médio no Brasil”, conta Amanda. Com apenas alguns erros na prova, Amanda foi aceita na turma do 4º ano, o senior year na Mountainview Academy (MVA), escola adventista com 150 alunos. A adaptação ao inglês foi rápida para Amanda. Ela conta que os horários, lá, são diários e não semanais. “O turno é integral, com aulas das 7h50min às 15h30min. E a gente escolhe as disciplinas. O que é legal é que as classes são mescladas, com alunos de diferentes anos”, conta. Como a região é de imigrantes e a escola tem políticas antibullying e de inclusão, o acolhimento foi muito bom. “O pessoal foi muito aberto. Adorei a experiência. Participei do grupo de teatro. Trabalhamos com esquetes e tive uma oportunidade de fazer apresentações nos períodos de meditação. Ficou mais fácil me inserir”. A aluna do CEAP também participou do coral da escola, que se apresentou no Academy Day, “um dia em que alunos que estão no último ano do Ensino Fundamental visitam escolas do Ensino Médio para decidirem onde querem estudar. Nos apresentamos para os visitantes”. Comparando com o sistema brasileiro, chamou a atenção de Amanda o tratamento entre alunos e professores. “Há um respeito muito grande dos alunos com os professores, que são chamados de ‘senhor’ e mais o sobrenome. Ninguém conversa na sala de aula. Cada professor tem 40 minutos diários e fazem a aula render muito. Intervalo é só para o almoço”. Os conteúdos, segundo ela, são semelhantes e há poucas diferenças na grade curricular. “Mas as disciplinas tem uma separação diferente da nossa. Matemática, por exemplo, tem cinco divisões.”. 18 - CEAP em Revista

Turistando na sede do Google

Pose com um dos teachers

Lake Tahoe

Golden Gate em San Francisco

Sala de aula com classmates

Experiência de imersão foi intensa Além das aulas, Amanda também teve oportunidade de envolver-se com atividades na Igreja frequentada pela madrinha. “Participei do grupo de jovens, que se reunia nos sábados pela manhã. Fizemos ensaios teatrais e nos apresentamos no Youth Day, dia em que o grupo de jovens organizou toda a programação”. Em uma das celebrações Amanda participou do momento de contação de história para o grupo de crianças da igreja. Os passeios também foram curtidos e bem aproveitados no período. Ela conheceu lugares como Lake Tahoe, em Nevada; San Francisco; Carmel, no litoral do Oceano Pacífico; as Universidades de Santa Clara e Stanford e a sede da empresa Google. Ao pensar sobre o significado da experiência no exterior, na forma como aconteceu, Amanda não hesitou em dizer que foi o de “abrir os horizontes e perceber que o mundo não se resume ao Brasil. Existem outras oportunidades lá fora que nem pensava antes”. Para ela, ficou claro que conhecer culturas diferentes “é muito bom; a gente deixa de pensar a partir do nosso próprio ponto de

vista. Além disso, enfrentar novas situações, nova língua – não imaginava que saberia falar tão bem – foram desafios importantes”. Para Amanda, a viagem “foi um divisor de águas. Mudou meu jeito de ver o mundo”. As amizades que construiu estão sendo alimentadas pelos contatos nas redes sociais. “Ter vivido esta experiência em uma cidade pequena foi muito intenso, permitiu uma conexão mais profunda com as pessoas”.

Na Universidade de Stanford


Curta e Compartilhe

CURTINDO

“Curti porque foi a primeira experiência dele (Paulo Afonso) em um workshop, um seminário sobre liderança, já que agora é um dos líderes da turma. Achei interessante a escola tomar essa iniciativa de promover uma palestra sobre o tema com os alunos e envolve-los no debate sobre liderança”.

“Curti porque foi um momento único, da família estar com as crianças na escola, participando, acompanhando os filhos no seu desenvolvimento e interagindo com o que a escola está propondo. E hoje estamos tão envolvidos com o ‘tecnológico’ que buscar o ‘Criança quer ser criança’ é importante. Elas amaram se sujar com a meleca peteca”.

A mãe do aluno Leonardo, do 4º ano, Caroline Copetti Härter, curtiu as fotos das atividades das turmas no Campo do CEAP.

Direitos da Criança Bia Basso, mãe das alunas Raíssa do 6º ano, curtiu o de sujar-se. Toda criança Alícia do 1º ano e Louise do Nível 5Direito álbum tem odedireito de brincar com a fotos terra,docom a areia, com a água, mento com a lama, com as pedras. lança Direito ao o projet do da To ócio. ça “Crian criança Direquer ito ao ser diálogo. Toda tem direito criança tema”o do direito de falar Crianç er viv de sem ser inteinho, rro mpi CEAPz levada a sério na da, de ser momentos de o s suas ideias, Camp no o tempo nã de ter explicações CEAP. do para as os ad m ra og su

pr pelos adultos.

as dúvidas e de es cutar uma fala mansa, sem gritos.

“O Leonardo adora o Campo do CEAP. Ele fica esperando o dia de ir, fica triste quando chove e é cancelado. E mesmo que eles já sejam um pouco maiores, é uma atividade bem importante. Eles gostam de brincar ao ar livre, sentem necessidade de compartilhar estes momentos com os colegas”. das mãos.

Paulo Sausen, pai dos alunos Paulo Afonso Sausen do 8º ano e Bruno do Nível 3, curtiu as fotos do Seminário de Líderes do CEAP. Direito ao uso

Toda criança tem o direito de pregar pregos, de cortar e raspar a madeira, de lixar, colar, modelar o barro, amarrar barbantes de cordas, de acender o fogo.

Direito aos sentidos. Toda criança tem direito de sentir os gostos e m Direito a um bo os perfumes a nç ia cr LIVRO início. Toda oferecidos pela de ito re di o tem A sugestão da Literatus Livraria natureza . alimentos comerMÚSICA é “A Herdeira”, de Kiera Cass, FILME Direito à natureza sãos desde o A banda de da editora Seguinte. O quarto “Adeus Lênin”, selvagem. Toda criança nascimento, de Diredo ito ao silên indie rock e voluma da série traz o “depois pa filme alemão de 2003 dirigido tem o direito de construir beber água lim To da criança cio. Imagine . ro pu felizes para sempre”. Vinte anos ar uma cabana nos bosques, por Wolfgang Becker, é a r respira direito de es tem o Dragons, cu de ter um arbusto antes, onde America Singer participou indicação do professor de rumor do ve tar o formada em nto, se esconder e árvores nas da Seleção e conquistouca on coração do príncipe Geografia e História do CEAP to dos páss o Las Vegas, nos quais subir. aros, Maxon. Agora chegou a vez da princesa Uiliam Michael. Inspirado no o murmúrio Eadlyn, Estados Unidos, é a indicação da aluna das filha do casal. Prestes a conhecer e período da queda do Muro de ágos uatrinta s. Laura Bronzatto, da 2ª série do DirSchmidt eito à rua . Toda cria nça tem cinco pretendentes que irão disputar sua mão Berlim e reunificação das duas Alemanhas, “ele Ensino “Gosto dar música o dirMédio. eito de brinca na ruadeles e na numa nova Seleção, ela não tem esperanças retrata o período da Guerra Fria e o colapso do e daspra letras, quelivr falam sobre ça etambém, de andar Direito à poesia. Toda criança ement e de viver um conto como o deoseus socialismo”, justifica o professor. “É um filme muito pel os cam amizade, fazem à sociedade... Têm inhcrítica os sem temde o fadas direito de ver sol medo de ser pais. Mas assim que a competição começa, opelad bom para entender os sistemas econômicos umaatr batida boa e letras legais”. Pra quem a por motoristas que nascer e se por e de ver asela penconhece sam queouasainda não a cem dica. percebe que encontrar seu príncipe encantado vias não Capitalismo x Socialismo e as divergências entre lhescurtiu, estrelas e a lua. perten

COMPARTILHANDO

eles em uma mesma cidade e país”.

dela é a música “Radioactive”.

talvez não seja tão impossível quanto parecia.

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Escrevendo

A ilusão da redução da maioridade penal A proposta para a redução da maioridade penal de 18 anos para 16 anos, em debate no Congresso Nacional, vem causando pronunciamentos e uma série de discussões agitadas por parte da população. Todavia, é preciso muita cautela, uma vez que a aprovação dessa medida trata de “remediar” o problema, não atentando à sua raiz. Reduzir a maioridade penal traria consequências impactantes e complexas. A mais evidente delas é a chamada “escola do crime”, de onde o jovem sairia sem perspectivas para o futuro. Sempre é importante constatar que muitas das leis pelas quais os cidadãos brasileiros clamam já existem, o que falta é a execução. É indubitável que os índices de violência não diminuirão pela redução da maioridade penal: isso, pelo contrário, se dará a partir de medidas sociais e políticas. O adolescente marginalizado é moldado pelos valores que recebe do meio em que vive, nos quais se espelha. Ações educativas mostram-se positivas principalmente na diminuição dessa vulnerabilidade dos jovens, em contraposição aos métodos coercitivos e punitivos. Segundo pesquisas, os índices de reincidência nas prisões são bem maiores do que os índices de reincidência nas instituições para adolescentes: são 70% contra 25%. Além disso, órgãos de grande importância como UNICEF, CONANDA (Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente), CRP (Conselho Regional de Psicologia), CNBB, OAB e Fundação Abrinq já expressaram sua opinião contrária.

Dignidade, além de ato, é pretensão

Devido aos aspectos mencionados, podemos observar claramente que fixar a maioridade penal em 16 anos seria uma medida ilusória, pois não abrangeria as reais causas da criminalidade entre os jovens. Outro ponto que deve ser frisado é a educação como forma preventiva, com o objetivo de quebrar esse círculo vicioso. Conforme dizem os estudiosos, o que deve ser encarado como problema é a taxa de mortalidade dos jovens, não a autoria de crimes por parte destes. Ingrid Accioly Adrião Aluna da 2ª série do Ensino Médio

“Fazer o bem sem olhar a quem”. Talvez uma citação um tanto clichê e “abarrotada”, contudo, também pode ser entendida como ponto de partida inarredável e princípio orientador das ações quando se busca a construção da dignidade humana. Por um lado, há aqueles que, ditos “voluntários”, praticam ações com o intuito de construir uma prestigiada imagem perante a sociedade. Utilizam-se dessas atitudes de bem para com aqueles que, de fato, necessitam de auxílio. Assim como no período colonial existiam os que trabalhavam sem remuneração, somente para agradar ao rei, hoje temos o exemplo de muitos que mais vangloriam-se por seus atos do que verdadeiramente os praticam. Sobre esses, referiu-se Raimundo Correa, numa crítica àquilo que não é o que parecer ser: [...] Quanta gente que ri, talvez existe\cuja ventura única consiste\em parecer aos outros venturosa! Em contraponto, também há aqueles que, mesmo não havendo espectadores ou recompensas, dedicam grande parte de suas vidas em prol de oferecer melhores condições aos que não as possuem. Podemos contemplar desde pequenos atos como algumas tardes dedicadas a brincadeiras com crianças carentes até a ação de profissionais da saúde, que além de medicar, divertem e levam esperança aos seus pacientes; ou ainda grandes doações financeiras de montantes extraordinários. O fato é que, àqueles que são assistidos pelas ações de caridade, não importa se quem as está praticando assim o faz por bondade ou pela busca de melhor posição social. Entretanto, para que se construa a dignidade dos bem feitores, esses não devem mirar privilégios próprios, mas ter a ambição de melhorar a vida daqueles que beneficiam. Anna Maria Eichenberg Aluna da 3ª série do Ensino Médio

20 - CEAP em Revista


Entrevista Escrevendo

Não somente consumidores

De acordo com pesquisas feitas pelo Serviço de Proteção ao Crédito o Brasil, 85% dos consumidores brasileiros afirmam fazer compras por impulso. Dados como esse mostram o grande problema de nossa atualidade: A advogada Cláudia Bressler, da Instituição consumir esquecendo-se do nosso papel como cidadãos. Sinodal de Assistência, Educação e Cultura (ISAEC), Em uma sociedade, os bens que possuímos são como uma manifestação de nosso poder e posição social. Chegamos a um mercado e acabamantenedora do CEAP, aborda temas como a relação mos consumindo muitas coisas que não se fazem realmente necessárias. É família-escola, o comportamento nas redes sociais e o chamado “consumismo”. Com a tecnologia e a rápida produção de esse novos produtos, somos influenciados pela mídia e pelo resto da sociedade o uso do celular na sala de aula. a adquirir essas inovações que mais uma vez não se fazem necessárias. Assim, produtos antes considerados novos se tornam rapidamente obsoletos. As transformações sociais e suas novas demandas geramOutro grande problema que o excesso de consumo causa é o esquepreocupação cada vez maior no ambiente escolar comcimento de nossa cidadania. Um dos principais papéis que devemos ter como cidadãos é o respeito à natureza. Segundo o IBGE, o Brasil produz questões legais. Quais os cuidados importantes para que 88 milhões de toneladas de lixo por ano, isso mostra o acumulo de lixo que o fazer pedagógico seja preservado? geramos a partir de resíduos que passam (logo) a ser considerados inúteis Essas questões passam primeiro pela consciência de que apor nós. Estamos tão acostumados a comprar por impulso que esquecemos das consequências desse ato. escola é lugar de reflexão e de preparo para a vida. Quando repensemos nosso modo de consumir, pensamos nestes novos arranjos, devemos ter a ideia de queÉ preciso queCelular e redes sociais: bom senso e cuidados para acabarmos estamos em um espaço de exercício para uma futura vidacom essa hierarquia errada de valores imposta pela sociedade consumista. para diminuirmos a produção de lixo seria consumir adulta e de que este é um espaço de constante reflexão. Ainda, a solução Há uma tendência os pais se digam somente o necessário. A partirdedeque atitudes como essas “entendidos” começaríamos As novas demandas precisam pelo crivo de entender como sobre como a escola deve agir. Às vezes contribuindo, de que somos NÃO SOMENTE CONSUMIDORES, somos se pode viver melhor em sociedade, como nossas ações a lembraroutras exigindo. Isso gera problemas? CIDADÃOS. impactam no dia-a-dia nossas famílias e colegas.

Em busca do equilíbrio

Que bom quando os pais se envolvem a ponto de entender LaianeQuando Pithan há da uma Silva uma série de demandas e podem contribuir. Aluna da 3ª série do Ensino Médio sobreposição desses espaços de poder, aí é problema. A escola é um espaço de aprendizagem em que o pedagogo é o titular daquele espaço. Tanto é que a família quando escolhe Há muitas experiências de sucesso das escolas na inclusão. uma instituição de ensino leva em conta uma série de razões. Mas o fato é que têm A escola tem essas razões documentadas em surgido situações em que regimentos internos. É um embasamento legal, a escola não consegue mas também pedagógico. As famílias precisam cuidar a contento. Essajá mentiu para os seus filhos. Os meus, por exemplo, Todo pai e toda mãe entender que neste espaço de aprendizagem é minha porque quando eu crítica, tinha nove anosa me contaram que o Papai Noel e o Coelhinho da há um sujeito em formação que precisa de legislação por vezes passanão querendo acreditar na mentira, ela era real. Páscoa não existiam. Mesmo conquistas, de frustrações. Com uma boa conversa por uma imposição. Há fiz a temida pergunta para os meus pais e eles Quando eu finalmente e esclarecimento é possível encontrar os caminhos situações em que escola responderam que, deafato, o Papi Noel não existia, passou pela minha capara que cada um faça seu papel. de fato beça todasnão as consegue vezes que eu acreditei na magia que deixava o Natal e a cuidar. A reação das Páscoa especiais. As tecnologias geram as maiores mudanças No momento, eu me pessoas envolvidas, àssenti idiota por acreditar, mas também achei legal de comportamento hoje. E quase tudo passa saber a verdade, porque assim já seria mocinha. Depois que o tempo pasvezes, é extremamente pelo aparelho de celular. Qual a melhor sou e o primeiro negativa, comoNatal se ae a primeira Páscoa sem a tal magia, desejei que eu maneira de tratar com isso na sala de aula? não soubesse a verdade. escola tivesse a obrigação terapeuta O assunto é polêmico. Mas temos que entender deSegundo receberatodas as cognitivo-comportamental Ana D’arc Moreira Arcanjo, acreditarE no a necessidade de dosar nosso tempo no celular. demandas. issoPapai não éNoel é importante na formação da criança, pois favorece o desenvolvimento Hoje diminuiu a ocupação das pessoas em tempo uma verdade. Quando da criatividade, da imaginação e da capacidade de elaborar histórias. com livros, filmes, situações que permitam reflexão. a escola diz não, está Os pais que não “mentem” para suas crianças, estão deixando de lado uma parte do desenvolvimento do próprio filho. E essa realidade vem para a escola, que se vê sendo suficientemente Quando eu tiver meus filhos, vou “mentir” para eles quanto tempo eu compelida a estabelecer regras. Em sala de aula o amorosa para dizer que puder, porque acho que todos precisam de um pouco de magia. celular distrai, evita a interação humana, objetivo não consegue atender da escola. Pode ser utilizado com bom senso a demanda naquele Letícia Bruna Heck no intervalo, mas durante as aulas precisa ficar momento. Aluna da 1ª série do Ensino Médio desligado. Você pontua que a escola deve ser muito clara com Quais os cuidados que se deve ter nas redes sociais, sua relação ao que se propõe a fazer e na forma como área de atuação, também? pretende tratar de questões, algumas delas nem sempre tão agradáveis... São duas questões principais: uma é a falta de cuidado nas A questão da inclusão é uma dessas demandas sociais. Há um descompasso entre legislação e realidade das escolas neste assunto?

Eu vou mentir para os meus filhos

Nossos sistemas jurídicos estão amparados na boa fé, na transparência, na objetividade e clareza. Isso precisa partir de todos os interessados. A escola quer cuidar bem dos alunos. Precisa de um estatuto que deixe claro como pretende fazer isso. E as famílias também precisam dar as informações importantes ao trabalho da escola. Em alguns casos as famílias não trazem todas as informações ou não se colocam como parte importante no processo de ensino aprendizagem e delegam algumas tarefas para a escola. A escola não é a responsável exclusiva; pelo contrário, é uma parceira importante desse processo.

informações que se colocam ali. Estamos compartilhando dados em um universo de pessoas que não temos condições de definir. Muitas informações pessoais, da rotina da família e viagens se tornam atrativo para pessoas mal intencionadas. Outro ponto é a linguagem que toma tom exagerado na rede. As pessoas ficam mais enfáticas e em algumas discussões fazem com que amizades se esgotem na própria rede. Essa ênfase e paixão não são as mesmas com que as pessoas falam umas com as outras pessoalmente. A rede social é fantástica, mas exige muito mais atenção porque os impactos acontecem em todos os campos da nossa vida.

CEAP em Revista - 05 21


Onde andam?

Memórias com gratidão O conhecimento adquirido e a “base maravilhosa” para a vida acadêmica são os maiores significados do CEAP na vida da acadêmica de Ciências Biológicas Laura Mensch Pereira. No último ano da graduação, envolvida em pesquisas na Unijuí e preparando-se para fazer o Mestrado em 2016, a ex-aluna da escola demonstra gratidão aos professores e pelo sistema de estudos. “Foi muito importante, praticamente uma ‘pré-universidade’ que ajudou muito a construir minha vida acadêmica”. Mas para Laura o CEAP também significa família. “Lá dentro você faz parte do todo. O acolhimento, o carinho e a atenção são características inigualáveis. A escola me preparou para enfrentar o mundo. Agradeço muito tudo que vivi lá dentro”. Portadora de uma doença chamada “ossos de vidro”, Laura é facilmente suscetível a fraturas, o que exige certos cuidados. Cadeirante por conta da doença, ela lembra os cuidados da escola, atendendo

suas necessidades “e tornando tudo acessível. Lá no CEAP nunca houve distinção; me sentia igual a todos. Sempre fui muito bem acolhida e isto ajudou a me preparar para o que viria depois. Foi uma formação para a vida”. “Várias histórias foram marcantes para mim no CEAP. Entre elas a disposição dos professores a me darem aula nos períodos em que fiquei em casa de cama, auxiliando no que precisei, sempre me incentivando e mostrando meu potencial”. Laura fez a 8º série e o Ensino Médio, concluído em 2010. Foi neste ano que a iniciativa dos colegas reservou uma surpresa e a história “mais marcante do tempo do CEAP: a rifa que fizeram para comprar a cadeira motorizada. O carinho, a preocupação e dedicação que eles tinham comigo era sem igual”, lembra, acrescentando que sua gratidão aos professores é estendida aos colegas.

“A escola me preparou para enfrentar o mundo”

dedicação e o mbranças são a le s ai cip in pr s “Minha E principalmente s e funcionários. re so es mente of pr s do convívio uito unida e real turma, que era m Acordava de manhã da ão aç gr te in a e. a. Tenho saudad r no como uma famíli o porque iria esta to im ót a di um r te ui ia m e i qu fo a la av co ns es A e pe oas que gostava. i convívio das pess inha construção pessoal. Aprend m à r na e ta nt es e rta ão po im r compaix ra o próximo, a te ajudar ”. sempre a olhar pa disposição para

De goleiro em apuros a escritor Da pré-escola ao Ensino Médio foram 13 anos de CEAP (1996 e 2008). “É difícil elencar tudo o que aprendi para a vida (o que aprendemos no CEAP vai muito além do conhecimento usado no vestibular)”, diz o ex-aluno Maurício Brum. “Mas gosto sempre de lembrar três ensinamentos que me marcaram profundamente e influenciaram as decisões que tomei depois. O primeiro veio nas aulas de Português, na repetida afirmação de que saber bem a língua e ter recursos para utilizá-la seria um enorme salto adiante em qualquer área que escolhêssemos para trabalhar. Levei tão a sério que hoje, numa mescla de jornalista e aspirante a historiador, meu trabalho gira 100% em torno da leitura e da escrita constantes”. E ele segue: “o segundo veio de um professor de Geografia e, por coincidência, tinha a ver com sair para ver o mundo que estudávamos em aula: dizia ele que, se tivéssemos condições, a melhor coisa que poderíamos fazer após sairmos do colégio era estudar em uma cidade diferente, longe dos pais e do conforto de casa. Que a distância também nos ensinaria e nos faria crescer. Ele não poderia estar mais certo: fiz exatamente isso 22 - CEAP em Revista

e hoje repassaria a mesma recomendação a qualquer aluno de Ensino Médio. O terceiro era mais geral: dizia para jamais desprezar o conteúdo de sala de aula, por mais abstrato que parecesse. Foi o professor Ireneu, de Química, que avisou: ‘só porque vocês vão fazer vestibular para um curso que não tem nada a ver com essa matéria não quer dizer que esse conhecimento não vai servir depois’. Dito e feito: no segundo ano da faculdade de Jornalismo, caiu no meu colo uma reportagem sobre uma pesquisa extremamente complexa que tinha justamente a ver com aqueles conteúdos cobrados nas várias folhinhas”. Depois da escola Maurício cursou Jornalismo na UFSM até 2013 e desde 2014 é mestrando em História na UFRGS. Escreveu dois livros de reportagens e viajou a trabalho pela América Latina e Europa, “jamais deixando de lado o que aprendi em Ijuí”. Com a experiência de quem ainda não parou de estudar, encontrando professores novos a cada ano, ele afirma que “alguns dos melhores professores que tive na vida encontrei no CEAP. E em nenhum lugar eles estavam tão preocupados com o nosso futuro do que aí”.

Maurício no lançamento de seu livro “Estádio Chile, 1973”

“Cada fase da vida é diferente. O mundo não acaba quando se sai do CEAP, mas um pedaço desse mundo termina sim – e não volta mais. Após o colégio, a vida jamais será igual. E, de alguma forma, tudo acaba dando saudades: até mesmo começar a aula às 7h30min da manhã. Curiosamente, uma das coisas que lembro com mais carinho é justamente algo que na época pareceu terrível: na 3ª série (2000), eu era goleiro do time de futsal e, em meio a uma série de amistosos contra outra escola, ocorreu um desencontro e nossa equipe acabou tendo que enfrentar uma categoria quatro ou cinco anos mais velha do que nós. Quando se tem 8 anos, isso é uma enormidade. É claro que não tivemos nem chance: levamos 15 a 1! E eu no gol, a pior posição possível para se estar em uma situação dessas. Mas todo mundo percebeu o nosso esforço (foi justamente numa parada da aula para ver os jogos) e a diferença de idades, e não pararam de torcer pela equipe e gritar os nossos nomes”.


Memória

UNIFORMES Olhem só os então alunos Elida e Armindo Blödorn (com 9 e 10 anos à época) posando com o uniforme do Curso Ginasial de 1951. A foto foi feita no 7 de setembro daquele ano.

Criança é criança em todas as épocas. Mesm o nos anos 40, como ficarem completamente quietinhas na pose para a foto? Além de “comportamento”, o que esse regis tro (sem data exata) revela é o estilo de corte de cabelo e das roupas da meninada há mais de 70 anos. E o uniforme da nossa escola na época. A professora na foto é Brunhilde Löw.

ARTES

E o túnel do tempo viaja mais longe ainda! Essa foto é de um grupo de teatro da escola em 1937. Reparem no figurino! Qual seria a peça do “Grupo Infantil”, sobre o qual só sabemos a data da foto?

Nos dias de hoje a galera dessa foto faria parte do Conjunto Instrumental do CEAP. Em 1950 eles formavam a Orquestra Escolar da escola. A regência era da professora Trude Jost (à direita). No grupo havia cítaras, violinos, violoncelo, gaita pianada e violão.

BASTIDORES

Em 1933 as alunas Irene Bergel e Anita Bergel posaram vestidas para a apresentação odo Bailado Reigentanzen”.

E aqui um grupo de crianças da escola interpretava a “Dança da Flor”, em 1950. O trabalho era da professora Helga Droste.

Só quem conhece identifica, na foto, esse “cantinho” do auditório. Dali se controlam luzes, cortina e som das apresentações que acontecem no palco. E devem ter sido muitas no ano de 1989, quando o CEAP comemorou 90 anos. E quem é o “operador”? O ex-funcionário Adão Danielli. Lembram dele?

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