Revista ABCZ 64

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Ilustração: Cristiano Souza Lima

Genética

Mercado vs DEP`S A s DEPs já estão no mercado há algum tempo. Hoje elas se tornaram um critério decisivo no momento da aquisição de genética, seja via sêmen, seja via tourinhos, vacas e até bezerros. É o grande filão do mercado. As centrais que antes vendiam 20% de sêmen com origem em rebanhos avaliados, com touros que nunca ganharam nada em pistas de julgamento, hoje comercializa 80% das vendas de sêmen com animais desse perfil. É comum ouvirmos que os valores dos preços dos tourinhos em leilões estão fortemente ligados aos valores de suas avaliações genéticas. É fator fundamental para animais serem selecionados para testes de progênie e terem sua genética comercializada e difundida por centrais de inseminação, e por aí vai! Pois bem, ainda hoje nos encontramos na euforia da popularização das DEPs. E o mercado, com toda sua voracidade, tanto de quem vende quanto de quem compra, foca-se muito no âmbito econômico da questão, esquecendo-se da parte técnica. E no meio técnico já estamos percebendo a necessidade de darmos o próximo passo, que é a interpretação correta e honesta de todas essas informações. São pequenos equívocos que cometemos e que de uma certa forma são negativos para a própria sustentabilidade das avaliações genéticas. O erro na interpretação começa pelo próprio conceito da sigla DEP. Desculpem a redundância mas... DEP é a Diferença Esperada na Progênie. Portanto esperamos, repito, esperamos que o touro transmita a determinada característica ao seu filho. E se não transmitir, ainda assim

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está correto. A DEP não tem obrigação de se confirmar 100%! A régua de DEPs de um tourinho não pode ser vendida como definitiva e absoluta. “Esse animal antecipa a idade ao primeiro parto em 20 dias!!!!!!!!”, não podemos afirmar isto, a proposta não é essa. Por isso, não se assuste ao se deparar com um animal top 0,1% para IQG e sendo também muito ruim de fenótipo, de tipo, um descarte. Esse é um ponto fundamental que o mercado deve se conscientizar. Avaliação genética não é tudo, não deve ser usada como critério único na escolha de um reprodutor, mas deve ser usada em conjunto com todas as outras informações que temos do animal, pedigree, fenótipo (conformação, aprumos, raça, etc.), principalmente filhos. Até porque ao comprarmos um tourinho de 36 meses em uma propriedade ou leilão, esse animal geralmente não tem filhos, ainda não tem progênie avaliada, não podemos afirmar com certeza o desempenho desse animal apenas com suas DEPs. Resumindo, a DEP é uma tendência de que o touro irá transmitir determinada característica à sua progênie. E essa tendência pode ou não se confirmar. É assim, sem choro nem vela.


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