Renergy #14

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ISSN 2178-5732

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ano 3 > # 14 > 2013 > www.renergybrasil.com.br

O futuro da nossa matriz energética

NESTA EDIçãO ::: Os investimentos em novas fontes de geração para evitar o risco de desabastecimento

Novas regras deverão aumentar

a competitividade do setor elétrico

Entrevista com Mathias Becker


10 • 11 • 12 | MAR

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Av. Senador Virgílio Távora, 1701 - sala 808 - Aldeota Fortaleza - CE - Brasil - CEP: 60170-251 Fone: + 55 85 3033.4450 | 3033.4455 - E-mail: info@allaboutenergy.com.br


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 Uma área com mais 7.000m² e 18m de altura para exposições An area over 7,000 m² and 18m in height exhibit

 Capacidade para até 30 mil pessoas num único evento Holds up to 30 thousand people in a single event

 Estacionamento privativo para 3,2 mil vagas Private parking for 3200 vacancies

 Praça de conveniência, espaço para lazer e entretenimentos Square convenience, space for leisure and entertainment


índice Como navegar pelo conteúdo Localize os temas do seu interesse através dos ícones abaixo relacionados:

Eco A relação direta do homem com o meio ambiente

Energia Entrevistas, eficiência energética e energias alternativas e renováveis

Sustentável Ações que colaboram com o desenvolvimento sustentável

“entre vista

MATHIAS BECKER

O diretor-presidente da Renova, fala dos desafios que o Brasil enfrenta no setor energético

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A artista Wenqing Yan aborda nas redes sociais temas como aquecimento global e poluição

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Pesquisadores desenvolveram projeto para reduzir energia no seu próprio laboratório 14 Programa recebe resíduos recicláveis em troca de desconto na conta de eletricidade 20 Cartagena das Índias que aliar sustentabilidade, preservação do patrimônio e geração de renda 24 As ecovilas têm como proposta conciliar a modernidade com respeito à natureza 26

Panorama energético no Brasil: o que o futuro nos reserva

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Buscando poupar dinheiro e recursos naturais, empresas apostam na cogeração de energia 44 Projeto leva painéis solares para comunidades do Amazonas 50 Estádios incluíram a geração de energia solar nos projetos arquitetônicos 66 Atlas global online quer ajudar os países a avaliarem seu potencial de energias renováveis 68

Novas regras e leis querem aumentar a competitividade do setor elétrico

Saiba o melhor destino para o óleo de cozinha 76 Veja as muitas vantagens das lâmpadas de LED 78 Eventos, sites, campanhas ligados a energias renováveis e sustentabilidade 80 Baião Ilustrado inspira-se na seção “O Último Apaga a Luz” 82

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editorial

Desafios para o futuro O crescimento do PIB brasileiro, em 2012, ficou próximo de 1%. Enquanto isso, a demanda por energia no país aumentou três vezes mais que esse índice. Diante disso, não faltam críticas ao modelo de desenvolvimento energético do País. A todas elas, o Governo Federal costuma reagir com veemência descartando qualquer risco de apagões ou de falta de investimento para atender a necessidade de energia no futuro. Nesta edição, abordamos assuntos relativos a essas questões. O esforço do Governo para reduzir o custo da energia, que hoje, é um dos maiores do mundo, os investimentos polêmicos, mas ainda necessários, em novas hidrelétricas e a falta de um plano claro e objetivo de uso da energia solar estão entre os assuntos em pauta. As energias renováveis, aliás, são o tema mais recorrente quando se fala em planejamento energético de um país com dimensões continentais, muita luminosidade e uma linha costeira de aproximadamente 8 mil km pronta para receber torres eólicas. Novas leis de incentivo (com redução da carga tributária) estão em elaboração, os mecanismos de fomento à indústria de equipamentos estão com um marco regulatório que valoriza o conteúdo nacional e Conselhos de Competitividade foram criados para estimular o setor produtivo. O Brasil, que por muitos anos tem sido chamado de país do futuro, está se esforçando para trazer para o presente a concretização do sonho de ter energia abundante, a um custo acessível e vinda de fontes renováveis, não poluentes e que causem poucos impactos ambientais e sociais. O País tem território e recursos para isso. Resta aguardar para que todas as medidas que estão sendo tomadas e planejadas façam com que esse futuro sonhado chegue o quanto antes. Para o diretor-presidente da Renova Energia, Mathias Becker, entrevistado desta edição, é fato que o Brasil enfrenta alguns desafios no setor energético, atualmente, mas ele vê o cenário com otimismo e acredita que, até o fim da década esse futuro chegará: teremos uma matriz mais diversificada e menos dependente de fatores como chuvas, que determinam a capacidade de geração das hidrelétricas, ou de usinas térmicas, que produzem uma eletricidade emergencial com altos custos financeiros e ambientais. Em resumo, dias melhores virão.

O Brasil está se esforçando para ter energia abundante a custo acessível e vinda de fontes renováveis

expediente DIREÇÃO GERAL

Joana Ferreira

joana@renergybrasil.com.br EDIÇÃO

Silvio Mauro Monteiro

editor@renergybrasil.com.br REDAÇÃO

Silvio Mauro Monteiro

redacao@renergybrasil.com.br PROJETO GRÁFICO

Gil Dicelli

EDITORAÇÃO ELETRÔNICA

Gerardo Júnior gerardo.junior@gmail.com REVISÃO

Silvio Mauro Monteiro

CONSULTA TÉCNICA

Gustavo Rodrigues Ivonice Campos

COLABORARAM NESTA EDIÇÃO

Thyago/Assis/Wendel/Sandes e Julião baião Ilustrado (ilustração)

DEPARTAMENTO COMERCIAL Meiry Benevides (85) 3033 4456 comercial@renergybrasil.com.br MARKETING E ESTRATÉGIA Felipe Oliveira midiasocial@renergybrasil.com.br IMPRESSÃO Halley S/A Gráfica e Editora TIRAGEM 10 mil exemplares RENERGY BRASIL EDITORA Ltda. Av. Senador Virgílio Távora, 1701 sala 808 - Aldeota CEP 60170-251 Fortaleza CE Brasil www.renergybrasil.com.br JORNALISTA RESPONSÁVEL

Silvio Mauro Monteiro Mtb 01448JP

CAPA Agência Gás www.agenciagas.com Os artigos assinados são de responsabilidade de seus autores e não refletem, necessariamente, a opinião da revista. É proibida a reprodução total ou parcial de textos, fotos ou ilustrações, por qualquer meio, sem a prévia autorização.


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comprar

Comércio consciente Governo Federal lançou programa para priorizar critérios ambientais na aquisição de produtos. A iniciativa tem beneficiado principalmente micros e pequenas empresas


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© Hin255 | Dreamstime.com

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ma revolução silenciosa e lenta que vem redefinindo o padrão de compras da administração pública brasileira. É assim que a vice-presidente executiva do Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS), Mariana Meirelles, classifica a iniciativa do poder público em buscar bens e serviços que levem em conta critérios ambientais. Segundo dados do Ministério do Planejamento, as compras do Governo Federal classificadas como sustentáveis cresceram 200% de 2010 a 2012. De acordo com as informações do Portal de Compras do Governo Federal (Comprasnet), as negociações sustentáveis da União passaram de R$ 9,8 milhões em 2010 para um total de R$ 29,4 milhões movimentados entre os meses de janeiro e novembro de 2012. Os Ministérios da Justiça, da Educação e da Defesa foram os órgãos de maior destaque no que se refere às contratações com responsabilidade social, econômica e ambiental em 2012. Juntos, responderam por 74% dessas contratações, com gastos da ordem de R$ 11,8 milhões, R$ 6,9 milhões e R$ 3,2 milhões, respectivamente. A opção por produtos e ser-

viços sustentáveis por parte da administração pública federal também tem ajudado a estimular o crescimento de um mercado fornecedor para o setor. Segundo o Ministério do Planejamento, o quantitativo de empresas que participam de licitações sustentáveis vem crescendo. E as micros e pequenas empresas (MPEs) têm se destacado nesse segmento. De modo geral, o crescimento de fornecedores foi da ordem de 8%. Entre as MPEs a evolução foi maior (11%) e, em 2012, esses fornecedores representaram 87% (2.830) do total de 3.239 participantes das licitações econômica, social e ambientalmente responsáveis. A revolução apontada por Mariana Meirelles está no circulo “virtuoso” criado a partir da opção por produtos sustentáveis. Quanto maior o interesse na aquisição de produtos que levem em conta aspectos sociais, econômicos e ambientais, mais aumenta o número de fornecedores. Com isso, também cresce o número de itens sendo oferecidos. O Sistema Federal de Catalogação de Material possui hoje 760 itens cadastrados como sustentáveis. A vice-presidente executiva CEBDS, no entanto, ressalta que

essa revolução ainda se dá de forma extremamente lenta. Pois se do ponto de vista percentual o aumento do número de compras sustentáveis foi bastante expressivo, isso não se dá da mesma forma quando se avaliado o comparativo com todas as aquisições realizadas pelo Governo Federal. Os R$ 29,4 milhões de compras sustentáveis correspondem a apenas 0,1% do total movimentado pelas licitações públicas realizadas pela União entre janeiro e novembro de 2012, que foi de R$ 29,1 bilhões. Só que ao contrário de ser desestimulante, este volume ainda pequeno na verdade pode se configurar numa grande oportunidade para o crescimento para os negócios verdes. As empresas precisam ver nessa área uma opção para o desenvolvimento de produtos e serviços e uma possibilidade de lucrar ao mesmo tempo em que contribuem para a construção de um país melhor.

Para saber mais sobre http://bit.ly/Y5L8vJ http://bit.ly/Wz9Hlb


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despoluir

Por um mundo mais limpo Acordo internacional permitirá ações para banir o uso do mercúrio, produto altamente tóxico, de processos industriais


Divulgação

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epois de um debate que durou cerca de quatro anos, representantes de mais de 140 países chegaram a um primeiro acordo global para tentar banir o uso de mercúrio. O acordo foi celebrado no último dia 19 de janeiro em um fórum das Nações Unidas realizado na cidade suíça de Genebra. O texto da convenção, que recebeu o nome de Minamata em homenagem a cidade no Japão onde a poluição do mercúrio causou sérios danos à saúde em meados do século XX, estabelece o controle e a redução de uma gama de produtos, processos e indústrias onde o mercúrio é utilizado. O texto aprovado será apresentado em uma conferência diplomática em outubro, no Japão, onde estará aberto para assinaturas. Os Estados-Membros da ONU terão um ano para assinar o tratado e depois ratificá-lo. Assim que conseguir a 50ª ratificação, a convenção entrará em vigor. As negociações, comandadas pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), avançaram em pontos como a utilização do mercúrio na indústria, mas deixaram a desejar

no que se refere ao uso na mineração e nas usinas de energia. Pelo acordo, até 2020, devem ser banidos a produção, exportação e importação de produtos que contêm mercúrio, incluindo a maioria das baterias, certos tipos de lâmpadas fluorescentes compactas (LFC), além de alguns sabonetes e cosméticos. Alguns aparelhos não eletrônicos, como termômetros e instrumentos de pressão arterial, também estão incluídos entre aqueles que devem ser eliminados progressivamente até 2020. Os representantes também aprovaram exceções como as vacinas onde o elemento químico é usado como conservante e os produtos utilizados em atividades religiosas ou tradicionais. O Brasil defendia que este prazo para o fim do uso do mercúrio na indústria fosse um pouco maior, ficando a proibição apenas para 2025. O governo brasileiro também foi derrotado em relação à exportação do produto. Brasil e EUA defendiam a continuidade da exportação, mas a proposta foi rejeitada pela maioria dos países. Os países não chegaram a um


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despoluir

acordo em relação à proibição do uso do mercúrio nos garimpos. Enquanto países europeus queriam o fim do uso, países emergentes defendiam a manutenção. O argumento destes governos é de que a proibição não acabaria com o uso em si e resultaria apenas na criação de um comércio ilegal para o produto. O mercúrio é utilizado nas mineradoras artesanais para ajudar a identificar o ouro com mais facilidade. Este procedimento, que ainda é comum na região Norte do Brasil, além de outros países da América Latina, na África, e na Ásia, acaba jogando na atmosfera toneladas de mercúrio que levarão décadas para serem absorvidas. O texto aprovado não prevê um fim para esta prática, apenas estabelece um compromisso das nações de realizar ações voluntárias para tentar reduzir e se

possível acabar com o uso. Pelo acordo, os países terão três anos a partir da data de ratificação do tratado para elaborar uma estratégia para reduzir o mercúrio no garimpo, sem um compromisso legal de eliminá-lo, nem prazos. De acordo com o PNUMA, a concentração de mercúrio nos oceanos quase dobrou nos últimos 100 anos. As emissões do metal geradas pela mineração também dobraram desde 2005. Para a ONU, o mercúrio está entre as dez substâncias químicas mais ameaçadoras para a saúde humana e o ambiente. Alguns dos animais no Ártico teriam quantidade de mercúrio no sangue 12 vezes superior ao do período pré-industrial. Entre os séculos 18 e 19, estima-se que a humanidade jogou 350 mil toneladas de mercúrio nos solos, em busca do ouro, principalmente nos Estados Unidos.

Para saber mais sobre http://bit.ly/15pF8DY http://bit.ly/YTNn9j http://bit.ly/ZVzFpd http://bit.ly/Wza1Aj



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otimizar


Foto: Wikimedia

Ação local

Pesquisadores desenvolveram projeto para reduzir o consumo de energia elétrica no prédio onde funciona seu próprio laboratório

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sar a tecnologia a serviço da sustentabilidade e da redução dos custos. Essa é a inspiração de um projeto de eficiência energética desenvolvido pelo departamento de Engenharia Mecânica Nova da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Por meio de um software de simulações termo-energéticas, os pesquisadores buscaram soluções que poderiam ajudar a diminuir o consumo de energia anual do prédio da escola de engenharia, que fica na cidade de Porto Alegre. Tudo começou com a identificação de possíveis fontes de desperdício de energia. Atualmente, o edifício não possui climatização em todas as salas, como deveria. As do segundo andar que possuem ar condicionado utilizam aparelhos splits convencionais ou de parede, que ainda ajudam a poluir a fachada uma vez que possuem máquinas instaladas na área externa do prédio. Já no quinto andar, funciona há cerca de dois anos um sistema de ar VRF (do inglês “variable refrigerant flow” ou no português volume refrigerante variável). A refrigeração é responsável por 24% do consumo energéti-

co anual da escola de engenharia, que é de 1.200.000 kW/h. A maior parte desse consumo é causada pelos equipamentos internos do prédio, como computadores e aparelhos de laboratório, que são responsáveis por 39% desse valor, seguido pelas luzes internas (29%). Completam o consumo energético o aquecimento respondendo por 5%, e o uso ventiladores (3%). A partir da identificação desse cenário foi possível apontar soluções. Uma delas é a utilização de um sistema de ar VRF. Na simulação desenvolvida pelos pesquisadores todos os pavimentos simulados incluiriam um sistema de VRF próprio que utiliza duas unidades condensadoras para o primeiro pavimento, uma para o quinto, e quatro para os demais pavimentos. A meta é atingir uma área total condicionada de 5740 m². A potência total do sistema de ar condicionado foi calculada em 350 TR, ou 1.229 kW. Para reduzir mais o consumo energético, também foi necessário pensar em outras modificações na estrutura do prédio. Além da climatização, o projeto prevê a implantação de janelas persianas, que ficariam abertas durante o

inverno, Somente essa solução é capaz de reduzir em 6,7% a potência necessária para os condicionadores de ar. Com isso, os gastos na compra do sistema de ar refrigerado diminuiriam R$ 114 mil e ainda gerariam uma economia anual de R$ 7.162,00. No período do verão, a implantação de película nas janelas do prédio ajudaria a diminuir a incidência solar, levando a redução da potência necessária para refrigerar o ambiente. O projeto prevê ainda a substituição das lâmpadas normais por lâmpadas de LED. Seriam necessárias 2.665 lâmpadas de 20W para implantar em todo o prédio. Elas possuem uma eficiência energética 80% maior que as fontes de luz incandescentes e 50% maior que as fluorescentes. Seriam necessárias 2.665 lâmpadas de 20W para todo o edifício. A substituição da iluminação geraria uma economia de R$ 120 mil por ano e redução de 26 Toneladas de Refrigeração na potência de ar condicionado. Com a simulação em mãos e as vantagens já demonstradas, a ideia dos pesquisadores é de que o projeto venha a ser aprovado futuramente e comece de fato a funcionar.


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educar

União pela educação e sustentabilidade O Projeto Agora, iniciativa da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), busca, por meio de ações educativas, conscientizar a opinião pública objetivo é simples: integrar a cadeia produtiva da cana-de-açúcar em torno da divulgação da importância da agroenergia renovável. E no seu quarto ano de atuação, o Projeto Agora, iniciativa da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), já vem colhendo frutos em todo o país, se consolidando como uma boa iniciativa de comunicação institucional do agronegócio brasileiro. Segundo o projeto, associações e empresas do setor sucroenergético se unem na geração de conhecimento, na disseminação de impactos sociais e ambientais positivos e, principalmente, na disponibilização e ampliação de informações com o objetivo de conscientizar a opinião pública sobre as questões da indústria da cana-de-açúcar e a sustentabilidade. A última ação educativa do projeto, o Desafio Energia Mais Limpa, atingiu cerca de um milhão de estudantes da rede pública de ensino de dez estados e do Distrito Federal. Do total, dois mil alunos, depois de quatro meses

Divulgação

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trabalhando em sala de aula com materiais educativos elaborados pelo Projeto Agora, apresentaram suas conclusões em cartas à presidente Dilma Rousseff, abordando o tema “Que tipo de energia o Brasil precisa e de onde ela virá?”. Com palavras simples e argumentos coesos, os alunos demonstram conhecimento sobre a matriz energética brasileira. Foram premiados os 29 melhores trabalhos. O uso da bioeletricidade, gerada tanto pela biomassa da cana como pela energia do sol e da força dos ventos, foram indica-

das por eles, principalmente em época de estiagem, como fontes complementares à energia hídrica, que responde por cerca de 80% da eletricidade utilizada no País. Por iniciativas como esta, o Projeto Agora já recebeu prêmios como “Melhor Campanha de Comunicação da Produção Agropecuária”, pela Associação Brasileira de Marketing Rural e Agronegócio (ABMR&A); e “Destaque em Comunicação e Marketing Sucroenergético” pelo Prêmio CanaInvest.



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certificar

São Paulo parte na frente Divulgação

O edifício comercial JK 1455, na maior cidade brasileira, foi o primeiro do país a receber a certificação Leed Ouro de Operação e Manutenção

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oleta seletiva de lixo, limpeza, controle de pragas, aferições e ajustes na eficiência energética e consumo de água. Ações como estas garantiram a um edifício comercial de São Paulo - isso mesmo, a maior e mais poluída cidade brasileira - o selo Gold do U.S. Green Building Council, organização sem fins lucrativos que realiza ações para estimular a construção de edifícios cujos projetos sejam mais comprometidos com o meio ambiente e a redução de energia. O U.S. Green Building Council promove mundialmente tecnologias, iniciativas e operações sustentáveis na construção civil. A entidade trabalha na divulgação das melhores práticas adotadas, incluindo tecnologias, materiais,

processos e procedimentos operacionais. Foi o U.S. Green Building que criou o sistema de certificação Leed (Leadership in Energy & Environmental Design, ou Liderança em Design de Energia e Ambiental), o selo de maior reconhecimento internacional e o mais utilizado em todo o mundo. Além dos diferentes tipos e necessidades, a certificação também tem níveis de acordo com o desempenho do empreendimento como Silver, Gold e Platinum. Depois de aprimorar técnicas na fase de uso e manutenção, a Otec (consultoria de sustentabilidade e eficiência energética) e a Cyrela Commercial Properties (CCP) agora comemoram a conquista. Isso porque, de acordo com as empresas, é a primeira vez no Brasil que um edifício existente obtem este selo. A certificação foi garantida pelo Edifício JK 1455, um triple A (empreendimento comercial de luxo) localizado na Avenida Juscelino Kubitscheck, área nobre da capital paulista. O resultado aconteceu após um processo de dois anos, que contemplou levantamento de dados, fornecimento de documentos, ajustes para medições e, depois, engajamento de usuários, de equi-

pes e implementação das políticas. Segundo a Cyrela, além de aferições e ajustes na eficiência energética e no consumo de água, foram feitas adequações no serviço de coleta de lixo, limpeza, controle de pragas e nos modelos de compra e de transporte. Para David Douek, diretor da Otec, o edifício é uma prova de que a gestão de facilities (iniciativa que engloba vários conceitos para assegurar a funcionalidade do ambiente por meio da integração de pessoas, locais, processos e tecnologias) de excelência pode agregar valor enorme ao empreendimento. Ele afirma que, mesmo não tendo havido a busca pela certificação durante as fases de projeto e obra, o valor do edifício, no que se refere a preocupação com o meio ambiente e com a sociedade, foi percebido graças às iniciativas para implantar novos métodos na operação e na manutenção. Outros dois edifícios triple A estão em fase de certificação Leed-EB (o “EB” vem de Existing Buildings, ou seja, prédios já construídos. Além dele, existe o Leed-NC, para New Constructions, específico para os imóveis novos) na cidade: o Faria Lima Financial Center e o JK Financial Center.



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responsabilidade ambiental

Lixo é energia

Através de parceria com empresas de reciclagem, programa da Coelce recebe resíduos e oferece desconto na conta de eletricidade

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e acordo com a Ecofor, empresa que tem a concessão da Prefeitura de Fortaleza para recolher o lixo da cidade, em 2012 foi gerado 1,1 milhão de toneladas de dejetos, uma média de

95 mil toneladas por mês. Diante desse quadro e levando em conta que a capital cearense não tem uma usina de reciclagem, qualquer iniciativa de reaproveitamento de parte desse lixo é

louvável. Um exemplo que merece destaque é o Ecoelce, programa que propõe a troca de material reciclável por descontos na fatura de energia. Iniciativa da Coelce,


Divulgação

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distribuidora de energia do Ceará, ela está em funcionamento desde janeiro de 2007, e já atendeu 419.599 clientes, o que resultou no aproveitamento de 13.730 toneladas de resíduos. Pode parecer pouco em um universo de 95 mil toneladas produzidas por mês, mas não deixa de ser digna de reconhecimento. Segundo Odailton Arruda, gestor da área de inovação, P&D e eficiência energética da Coelce, o sistema funciona através da parceria entre a concessionária de energia e empresas especializadas em reciclagem. A negociação funciona de forma simples. Existe uma tabela de preços para cada material e a medição é por kg. No caso do alumínio, por exemplo, o valor médio tem sido de 1,80 a 2 reais. Já para o vidro,

a cotação é 2 centavos por kg. E para o papel, 12 centavos. O consumidor vai ao posto de coleta, recebe a avaliação do que levou e recebe créditos em um cartão com chip, usado para abater o valor da conta de eletricidade. O desconto já vem na próxima fatura que ele irá receber. Caso o valor da bonificação seja superior ao total da conta, o excedente é creditado automaticamente na fatura seguinte. A Coelce informa que, para estimular a adesão e a participação dos clientes, o programa já realizou algumas campanhas concedendo bônus extras. Garrafas PET, óleo de cozinha e outros resíduos, por exemplo, passaram a valer 30% a mais do que o valor de tabela. Com as campanhas, a arrecadação aumentou 25%,

em média. O valor de desconto concedido pela Coelce aos consumidores é igual ao repassado à concessionária pelas empresas de reciclagem pelos resíduos que ele levou ao posto de coleta. Ao todo, são 21 pontos em Fortaleza e região metropolitana, e 43 no interior do estado (veja lista). Em 2012, o programa ganhou uma nova ação: o Ecoelce Itinerante, um caminhão que participa de eventos em Fortaleza para recolher resíduos em troca de descontos ou doações para instituições. Outra iniciativa que merece destaque é a arrecadação de recipientes de vidro com tampa plástica para o Banco de Leite Humano do Hospital Infantil Albert Sabin, para pasteurização, armazenamento e distribuição de leite materno.

Serviço Para doar recipientes de vidro Qualquer pessoa pode se dirigir ao posto de coleta do Ecoelce localizado na avenida Washington Soares, nº 3.340, bairro Edson Queiroz, de segunda a sexta-feira, das 8h às 12h e das 13h às 17h, e aos sábados, das 8h às 12h.

Para participar O titular da fatura deve solicitar o cartão Ecoelce cadastrando-se, com a conta em mãos, nos postos de coleta do programa.

Resíduos aceitos pelo programa Papel e papelão

Garrafas de plástico de refrigerante (garrafas PET) Latas de cerveja e refrigerante Embalagens tipo longa vida Embalagens e garrafas de vidro Ferros em geral, arames e pregos Plásticos (embalagens de detergente, margarina, copos etc) Óleo de cozinha

Mais informações e locais de coleta www.coelce.com.br/coelcesociedade/programas-e-projetos/ecoelce.aspx


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cidade renovável QUALIDADE DE VIDA

Heróica

e sustentável Aliar sustentabilidade, preservação do patrimônio e geração de renda. Esta é a receita da cidade colombiana de Cartagena das Índias para atrair um número cada vez maior de turistas. Um comitê da cidade, formado por representantes do poder público e da sociedade civil, está desenvolvendo um trabalho que tem como meta posiciona-la como destino turístico sustentável em nível mundial


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Imagens: Divulgação

Cartagena das Índias

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a Heroica”, como também é conhecida Cartagena, (o título se deve ao fato dos seus habitantes terem suportado mais de três meses de intenso cerco, durante a luta contra os espanhóis pela independência) fica no mar do Caribe. Sua arquitetura é marcada pela presença de um sistema de fortificação construído pelos espanhóis durante os séculos XVI e XVII para protegê-la dos ataques de piratas. Os muros que outrora serviam de proteção, atualmente, além de serem atrativos turísticos, ainda delimitam uma divisão entre uma Cartagena de construções antigas e igrejas, e uma outra mais moderna. Esta arquitetura também rendeu a cidade a honra de ser a primeira cidade da Colômbia declarada pela Unesco como Patrimônio Mundial da Humanidade, com o título de Porto, Fortalezas e Conjunto Monumental de Cartagena, em 1984. É se aproveitando desta herança que o comitê de sustentabilidade da cidade começou a desenvolver uma série de atividades para fortalecimento do turismo. Um dos pri-


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cidade renovável QUALIDADE DE VIDA

meiros passos foi o desenvolvimento de um programa de capacitação de todos os interessados na importância do turismo e da sustentabilidade, bem como a conscientização para conservação do patrimônio arquitetônico da cidade e os valores tradicionais de sua gente. Os esforços da cidade estão focados em cumprir os princípios de sustentabilidade descritos pela Organização Mundial do Turismo (OMT). O objetivo maior é garantir um desenvolvimento econômico que eleve a qualidade de vida e bem-estar social de seus habitantes, sem esgotar os recursos naturais ou prejudicar o ambiente. E os resultados do trabalho se refletem no aumento do número de turistas estrangeiros que a cidade vem recebendo. De janeiro a novembro do ano passado, Carta-

gena recebeu 184.102 turistas vindo de outros países. Este número foi 14,5% maior do que o registrado pela cidade durante o ano de 2011. Além disso, a cidade histórica foi a segunda da Colômbia que mais recebeu turistas estrangeiros em 2012, perdendo apenas para a capital do país, Bogotá. E o aumento não é apenas a quantitativo, o nível de satisfação dos turistas que visitam “La Heroica” também vem crescendo ano a ano. Mas o maior beneficiado com todo o trabalho do comitê de sustentabilidade é a própria cidade, que vira referência mundial à medida que tem o seu patrimônio arquitetônico e cultural preservado e seus habitantes tendo mais e melhores oportunidades de emprego e geração de renda.

Para saber mais sobre http://bit.ly/13x5lTb http://bit.ly/YTZAuG http://bit.ly/VVr3LD

http://bit.ly/Y5PSkN



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ecovilas

Sociedades alternativas U

ma forma inovadora e ambientalmente correta de morar em comunidade. Essa é a proposta das ecovilas, pequenos agrupamentos de pessoas que procuram fugir da vida nas grandes cidades para tentar viver em harmonia com a natureza. Elas existem em todo o mundo e boa parte delas está organizada através de uma rede chamada Global Ecovillage Network (GEN). Segundo o site da instituição, o número chega a alguma centenas. Entre os princípios básicos das ecovilas estão o cultivo da maior parte dos alimentos dentro da comunidade, apoio à agricultura orgânica, uso de materiais reciclados nas construções, geração de energias através de fontes renováveis, proteção a biodiversidade do entorno e gestão de resíduos. Outro requisito, de acordo com a GEN, é que elas não podem crescer muito. “Elas tem de ser suficientemente pequenas para que todos se sintam seguros e possam ser vistos e ouvidos”, diz a entidade. Uma dessas comunidades é a belíssima Findhorn, na Escócia. Bastante desenvolvida, ela tem

©Licia De Benedictis

As ecovilas têm como principal proposta a vida em comunidades que não desprezam os confortos modernos mas priorizam a harmonia com a natureza e o uso sustentável dos recursos naturais

uma fundação, mantem um parque e até um braço financeiro de projetos sustentáveis para financiar as despesas da ecovila, como uma editora, uma loja online e até uma escola. Também há uma associação que reúne os moradores e tem função administrativa. Ao todo, ela reúne 320 pessoas. Na geração de energia, qua-

tro geradores eólicos fornecem 100% da demanda de energia elétrica do parque que existe no entorno da comunidade e chega a vender o excedente para rede elétrica pública. E para as residências, uma empresa criada pelos próprios membros, a AES Solar Systems, fabrica e instala painéis solares tanto dentro da ecovila


como para clientes externos. A questão financeira, tomando o exemplo de Findhorn, é um dos aspectos essenciais considerados na existência das ecovilas. Entre os objetivos dos participantes está a garantia da vitalidade econômica local através dos seguintes requisitos: manter o dinheiro na comunidade, faze-lo circular pelo maior número possível de moradores, investindo em estabelecimentos comerciais dentro da ecovila, e fazer a poupança em instituições financeiras de economia solidária, se houver essa opção. Segundo a GEN, não há um

padrão para as ecovilas e elas podem assumir diferentes formatos. Podem ser classificadas, por exemplo como urbanas ou rurais, ou de acordo como estágio de evolução (algumas não chegam a ter habitações e mantem apenas áreas e instalações comunitárias. Outra possibilidade é a de comunidades que já existiam e decidiram tentar viver de forma mais sustentável no seu local de residência. No Brasil, existem 24 comunidades cadastradas na rede. A maioria se concentra no Sudeste: são 14, ao todo. O resto se divide entre Centro-Oeste (três),

Nordeste (quatro), Sul (dois) e Norte (uma). Diferentemente de experiências de outros países, nenhum dos projetos brasileiros é classificado como ecovila tradicional, em que há pessoas morando. Elas mantêm projetos como ecoturismo, centros de educação ambiental e agricultura sustentável.

Para saber mais sobre http://gen.ecovillage.org/ http://www.findhorn.org/


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segurança ambiental

De vilãs a salvadoras

Paris e outras cidades francesas ficarão menos iluminadas. O governo do país, em um As empresas, consideradas grandes esforço para poupar energia, iráas proibir o uso emissoras deempresas gases poluentes, o jogo e de luzes nas duranteviram a noite mostram que podem ajudar a reverter esse quadro e ainda garantir o aumento dos lucros

U

ma iniciativa da empresa Ecofrotas pode ajudar a reduzir a emissão de CO² (dióxido de carbono, também conhecido como gás carbônico, apontado como um dos principais gases causadores do aquecimento global) na cidade de Jaú, em São Paulo. A ideia é incentivar o uso de etanol, fazendo com que a população utilize o crédito do “Financiamento Sustentável” apresentado pela empresa para trocar veículos velhos, movidos a gasolina, por novos modelos bicombustíveis, que também podem rodar com etanol. Em janeiro do ano passado, eram quase 84 mil veículos na cidade. Conforme os cálculos da empresa, se 5% da população renovasse sua frota, seria possível evitar a emissão de mais de 42 mil toneladas de CO² em três anos. Além do pensamento sustentável, a linha de crédito visa atrair os empresários pela economia que a mudança na frota pode gerar: cerca de R$ 6 mil por veículo, o que poderia ser revertido para a empresa como investimento em outras áreas do negócio. O fato ganhou relevância ambiental no

estado de São Paulo. Isso porque, segundo dados do 1° Inventário de Emissões Antrópicas de Gases de Efeito Estufa Diretos e Indiretos de São Paulo, os veículos são a principal causa de lançamentos de CO2 para a atmosfera: 40,5%. São cada vez mais frequentes os exemplos de empresas que vêm buscado minimizar a emis-

são de poluentes e, assim, garantir uma segurança ambiental em seus serviços ou produtos oferecidos ao consumidor. Isso porque existe um consenso entre ambientalistas de que os custos para deter o aquecimento global serão significativos. O fato colocou as empresas como a maior esperança para reverter esse quadro, já


SXC.hu

que começaram a despertar para o problema e a buscar soluções. Pelos resultados já obtidos, os empresários descobriram que as boas ações, além de contribuírem para a preservação do planeta, também rendem ótimos lucros. De acordo com um levantamento feito pelo Climate Group, organização internacional que monitora investimentos e dá consultoria na área ambiental, as dez empresas que mais avançaram em prevenção da emissão de gases conseguiram uma economia de custos de US$ 45 bilhões em uma década. O movimento dos empresários verdes começou em 1991. O industrial suíço Stephan Schmidheiny, dono de empresas como o Swatch Group, criou o Conselho Empresarial Mundial para o Desenvolvimento Sustentável e o instituto começou a pesquisar como fazer negócios que comprometam menos os recursos naturais. O movimento atraiu a atenção de lideranças, como o ex-vice-presidente americano Al Gore, uma das maiores estrelas do capitalismo verde. Como as empresas estão preocupadas com o aumen-

to da temperatura, que está associado a fenômenos climáticos de grande poder de destruição, muitas voluntariamente se anteciparam às metas de emissão de gases estabelecidas pelo Protocolo de Kyoto. A DuPont, uma das maiores indústrias químicas do mundo, conseguiu diminuir sua cota em 72%. O efeito colateral foi redução nos custos operacionais. Foram poupados US$ 2 bilhões. A empresa somou os custos de energia em cada etapa da produção. A cada mês, uma equipe mede o consumo por quilo de produto fabricado e propõe ações para diminuir os excessos. Já a empresa americana Alcoa, uma das maiores produtoras de alumínio do mundo, conseguiu cortar US$ 100 milhões anuais em custos graças ao programa de economia de energia. Além da economia, as empresas passaram a explorar novas oportunidades de mercado geradas pela demanda por tecnologias limpas de consumo energético. A DuPont, por exemplo, desenvolveu o Tyvek, isolante térmico que, aplicado no telhado das casas, permite uma economia de 10% em gastos com

energia no aquecimento ou na refrigeração. No Brasil, o panorama também vem melhorando. Conforme o relatório do Programa Brasileiro do Protocolo PGH, divulgado no fim de 2012 pelo Centro de Estudos em Sustentabilidade da Fundação Getulio Vargas (GVces), as empresas brasileiras vêm diminuindo sua emissão de gases do efeito estufa. Em 2011, as 93 empresas brasileiras cadastradas no programa emitiram 111,6 milhões de toneladas de gases do efeito estufa. O número representa uma queda de 1% em relação às 112,8 milhões de toneladas em emissões verificadas no ano anterior. No mesmo período, o número de empresas participantes do programa (ação voluntária) subiu 11%. O impacto total da produção das 93 companhias chegou a quase 800 milhões de toneladas de gases emitidos em 2011, quando somados os 784 milhões de toneladas em emissões mapeadas na cadeia produtiva das companhias e os 3,3 milhões produzidos na geração de energia consumida pelas companhias.


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rg verde PERFIL


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Ativismo virtual Jovem chinesa encontrou na internet uma ferramenta para falar de temas ambientais através de histórias criativas. Sua página de desenhos já acumula mais de oito milhões de acessos

A

jovem artista Wenqing Yan vem formando uma legião de admiradores nas redes sociais tanto por seus trabalhos como também por suas opiniões sobre temas como aquecimento global, poluição e movimentos em defesa dos direitos humanos. A chinesa, que imigrou aos nove anos para os Estados Unidos e se graduou em arte digital pela Universidade de Berkeley, na Califórnia, é mais conhecida pelo codinome Yuumei. O termo, em japonês, está associado a conceitos como “notável” e “célebre”. Sua página no site de compartilhamento de desenhos e ilustrações deviantArt se tornou um fenômeno de público. São mais de 8,5 milhões de visualizações vindas de vários lugares do mundo. Somente do Brasil, são mais de 33 mil. Nela, a jovem Yuumei publica desenhos de personagens com traços que lembram os animes (termo usado para definir os desenhos animados orientais), mas que também são carregados de referências a problemas ambientais e sociais. Como no desenho “Guilty”, onde a

figura de uma mulher se mistura à de uma gaivota e a de um tubarão, todos unidos por restos de redes de pesca. Além de uma tartaruga marinha, que aparece na animação presa a um saco plástico. Outro exemplo é a história “Countdown”, onde o problema do derretimento das calotas polares é representado por uma ampulheta. Na parte de cima da ampulheta fica um urso polar em cima de uma placa de gelo que está quase completamente derretida. A água fruto do degelo está indo para a parte de baixo, onde estão uma cidade inundada e uma pessoa, junto com vários objetos de consumo. Quase sempre acompanhando suas obras, Yuumei publica textos que são verdadeiros manifestos com muitas informações sobre problemas causados por hábitos de consumo da sociedade ao meio ambiente, apologias a hábitos sustentáveis e pedidos de assinaturas para manifestos, abaixo-assinados virtuais, petições ou de doações para causas ambientais. A artista também já escreveu e

ilustrou dois livros, que podem ser vistos na deviantArt. O primeiro, intitulado “1000 Words”, mostra como um jovem pode superar o divórcio de seus pais. A menina nos quadrinhos suplica a um artista para ensiná-la a desenhar para que ela possa fazer algo que vai salvar o casamento de seus pais. O artista ensina a garota e anos mais tarde a reencontra. Ele fica desapontado ao descobrir que seus pais se divorciaram, mas logo encontra a redenção ao descobrir que fez a diferença na vida daquela menina, que resolveu ser artista inspirada nele. No livro, a chinesa traz uma forte mensagem sobre o papel da arte e o que ela significa para cada um de nós. O segundo livro publicado por Yuumei foi “Knite”, onde um grupo de crianças chinesas roubam luzes de natal para colocar nas pipas e empiná-las à noite, dando às pessoas que as veem a esperança de que um dia irão poder ver o céu estrelado de verdade ao invés de coberto de fumaça. De acordo com a autora, a inspiração para a história veio de uma viagem


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rg verde

que fez a China em 2009 para visitar a família. Segundo ela, o ar do país estava sempre poluído e as noites eram sempre cinzas. Um dia, no entanto, ela notou luzes cintilando no céu e resolveu perguntar ao pai o que era. Ele respondeu que era um novo hobby das pessoas do local de empinar pipas com luzes de natal. “Eu duvido que as pessoas tenham empinado as pipas com luzes com o objetivo de colocar estrelas de volta no céu, mas era uma noção romântica que ficou na minha mente”, disse. Ao mesmo tempo em que trata o tema de forma romântica, Yuumei aproveita para criticar a poluição causada pelas fábricas em seu país de origem. Este ativismo digital sutil, mas ao mesmo tempo incisivo, repercute entre seus admiradores, um público formado principalmente por jovens com cerca de 12 anos. Uma admiração que pode se transformar em estímulo para mudanças de hábitos, busca por práticas mais sustentáveis e o envolvimento em discussões de temas importantes para o mundo. Como ela própria diz, “não podemos ficar à espera dos cientistas e do governo, a mudança começa com pequenas coisas que nós próprios fazemos todos os dias”. E o certo é que ela está fazendo a sua parte e incentivando milhões de outras pessoas a fazerem o mesmo.

Para saber mais sobre http://bit.ly/2CA7Vg http://bit.ly/WymHx3 http://bit.ly/yZCLxO http://bit.ly/Z5HYIV

Imagnes: Yuumei

PERFIL

C

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capa

FUT RO

ENERGIA

OQUE O


TUNOS RESERVA

Com a Copa do Mundo se aproximando e o nível dos reservatórios de água em alerta, é inevitável falar-se em risco de apagão. A redução da tarifa de energia pode ter acalmado os ânimos e afastado um pouco o temor, mas será mesmo que o panorama energético do Brasil é de boas notícias para o futuro?

http://jie.itaipu.gov.br

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capa ENERGIA

R

enovação das concessões, redução das tarifas, tensão de um possível racionamento ou apagão por escassez de chuvas. A situação energética do Brasil parece ter se acalmado diante dos acontecimentos de outubro último, quando um apagão atingiu todo o Nordeste do País e levantou as discussões sobre o fornecimento de energia diante do baixo nível dos reservatórios de água. O Governo Federal garante que não há perigo e até anunciou tarifas mais baixas para 2013. Mas um relatório da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), finalizado em dezembro do ano passado, apontou que entre as 12 cidades-sede da Copa do Mundo de 2014, apenas em Fortaleza e Recife não há risco de apagão durante o evento. O fornecimento de energia estaria ameaçado nas outras cidades. A menos

Relatório da ANEEL, finalizado em dezembro do ano passado, apontou que entre as 12 cidades-sede da Copa do Mundo de 2014, apenas em Fortaleza e Recife não há risco de apagão durante o evento

de um ano e meio da abertura dos jogos, mais da metade dos 163 empreendimentos necessários para garantir o fornecimento de energia está atrasada, segundo o documento. Entretanto, um dia após a divulgação do relatório, o diretor-geral da Aneel, Nelson Hübner, negou que o risco fosse mesmo real. Enquanto isso, a presidente Dilma Rousseff sancionou a lei que prorroga as concessões de geração de energia elétrica e reduz encargos setoriais de forma a

oferecer tarifas menores ao consumidor. Segundo a Lei 12.783, de 11 de janeiro de 2013, as concessões de geração de energia elétrica poderão ser prorrogadas uma única vez, pelo prazo de até 30 anos, como forma de assegurar a continuidade, a eficiência da prestação e a tarifa mais baixa. Para terem o contrato renovado, as concessionárias devem atender a requisitos estabelecidos pela Aneel em relação a tarifas e qualidade do serviço. A agência também discipli-

nará o repasse, para a tarifa final paga pelo consumidor, de investimentos necessários para manter a qualidade e continuidade da prestação do serviço pelas usinas hidrelétricas. A lei deixa claro ainda que a prorrogação das concessões de energia elétrica “será feita a título oneroso, sendo o pagamento pelo uso do bem público revertido em favor da modicidade tarifária, conforme regulamento do poder concedente”. A sanção garantiu uma redução da ordem de 18% para o consumo residen-


Marcello Casal Jr/ABr

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preço da energia industrial embutido no preço dos produtos. Uma família que costuma pagar R$ 50 de conta de energia por mês, por exemplo, consome indiretamente outros R$ 100 no seu cotidiano. Mas a boa notícia, conforme a Abrace, é que há expectativa de que a redução média de 20% da tarifa das indústrias possibilitará um crescimento adicional do PIB de 8%, nos próximos sete anos.

Leilão

cial e de até 32% para a indústria, comércio e serviços. Segundo levantamento da Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan), a redução média para a indústria deverá ficar em torno de 20%. Após o anúncio, o Brasil caiu da quarta para a oitava posição entre os países com as mais altas tarifas de energia para a indústria no mundo, mas continua a pagar mais caro do que todos os outros Brics (grupo que inclui Rússia, Índia, China e África do Sul), de acordo com o levantamento da, feito com base em dados da Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês), que inclui 28 países. Ainda conforme a análise da federação, o alto custo da ele-

tricidade, considerado um dos maiores entraves para o crescimento e competitividade da indústria, é um dos principais integrantes do chamado “Custo Brasil”. A baixa competitividade se traduz em produtos mais caros para o consumidor brasileiro e na perda de espaço no mercado internacional. Segundo pesquisa realizada pela Associação Brasileira de Grandes Consumidores Industriais de Energia e de Consumidores Livres (Abrace), o alto custo da tarifa industrial acaba impactando também o bolso das famílias. Assim, o consumidor chega a pagar, indiretamente, um valor equivalente ao dobro de suas contas de luz quando se considera o

Em maio deste ano, conforme publicação no Diário Oficial da União, será realizado o leilão de compra de energia elétrica de empreendimentos de geração. Não há uma data precisa, mas segundo a portaria publicada, o leilão ocorrerá na modalidade “quantidade de energia” (nos leilões de energia são admitidos dois tipos de contrato: “por quantidade” e “por disponibilidade”). O início de suprimento de energia elétrica deve ocorrer 1º de junho deste ano, e o término será em 30 de junho de 2015, para todas as fontes energéticas. No leilão serão negociados Contratos de Comercialização de Energia no Ambiente Regulado (CCEAR), para todas as fontes energéticas, com início de suprimento em 1º de junho de 2013 e término de suprimento em 30 de junho de 2015, celebrados na modalidade por quantidade de energia elétrica. Os agentes de distribuição deverão apresentar até o dia 12 de abril de 2013 as Declarações de Necessidade para o ano de 2013.


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capa ENERGIA

Plano de Expansão de Energia A versão preliminar do Plano de

Expansão Decenal de Energia de 2021, que é atualizado todos os anos e prevê os rumos energéticos do Brasil para os dez anos seguintes, apresenta avanços em relação às edições anteriores, mas mantém alguns retrocessos, conforme análise feita pelo Greenpeace e divulgada em relatório. Um dos pontos destacados pela organização é que o plano superestima o PIB médio para a década, o que pode resultar em uma demanda energética inflada, superior ao que o País realmente necessitará no futuro. De acordo com a avaliação do Greenpeace, a cada ano, o plano tenta redimensionar as projeções energéticas do ano anterior, mas sempre faz previsões econômicas otimistas. O plano atual prevê que a demanda de eletricidade se expandirá em 52% na próxima década, por consequência de um PIB médio de 4,7% no período. A expansão do sistema elétrico para atender a essa demanda projetada deve dividir-se entre grandes hidrelétricas (50,4%), termelétricas fósseis e nucleares (15,6%) e fontes renováveis como eólicas, PCHs e biomassa (34%). Deverão ser construídos 33 mil MW em hidrelétricas, a maior parte na Amazônia. Conforme o Greenpeace, as consequências diretas são o alagamento de uma área de 6.456 km2 (afetando diretamente 62 mil pessoas) e a perda de 3.450 km2 de vegetação nativa, equivalente a cerca de metade do que é desmatado por ano. No entanto, um ponto positivo é que as novas energias renováveis (eólicas,

biomassa e pequenas centrais hidrelétricas) têm sua participação aumentada na matriz elétrica em 2021 para 19,8% (contra 15,9% na edição anterior), com investimentos previstos acompanhando essa expansão – passando de R$ 62,1 bilhões para R$ 82,1 bilhões. As projeções e investimentos do plano não incluem a energia solar, o que, de acordo com a análise da organização é um sinal ruim para um setor que se prepara para se desenvolver no Brasil, com o recente anúncio de uma regulamentação específica pela Aneel. “A fonte conta com um potencial energético dezenas de vezes maior do que qualquer opção, mas a EPE (Empresa de Pesquisa Energética) ainda usa o argumento dos altos custos para sequer considerá-la no horizonte de tempo de médio prazo”, destaca o relatório do Greenpeace. No que diz respeito às termelétricas, a projeção para térmicas a óleo combustível e diesel foi reduzida, por conta de usinas leiloadas que não se concretizaram. A análise lamenta que a principal alternativa à expansão de usinas insustentáveis, a adoção de medidas de eficiência energética, foi novamente minimizada no plano. A ambição da redução do consumo energético como consequência da implementação de ações de eficiência é de 5,9% até 2021. “O número poderia ser mais alto apenas com o aumento da participação de aquecimento solar em residências, sem contar com outras ações de substituição de equipamentos e revisão de hábitos de consumo”, destaca o documento.

As projeções e investimentos do plano não incluem a energia solar, o que, de acordo com a análise da organização é um sinal ruim para um setor que se prepara para se desenvolver no Brasil, com o recente anúncio de uma regulamentação específica pela Aneel


Š Ssuaphoto | Dreamstime.com

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capa ENERGIA

Projeções para a matriz energética brasileira Participação das Fontes de Geração Dezembro/2011

Participação das Fontes de Geração Dezembro/2015

Participação das Fontes de Geração Dezembro/2021

HIDRO 84 GW 72%

NUCLEAR 2 GW 2%

HIDRO 94 GW 65%

NUCLEAR 2 GW 1%

HIDRO 117 GW 64%

NUCLEAR 3 GW 2%

UTE 17 GW 14%

PCH 5 GW 4%

UTE 25 GW 17%

PCH 5 GW 4%

UTE 26 GW 14%

PCH 7 GW 4%

BIO 8 GW 7%

EOL 1 GW 1%

BIO 10 GW 7%

EOL 8 GW 6%

BIO 13 GW 7%

EOL 16 GW 9%

6.000 5.500 5.000

Norte

4.500

Nordeste

4.000

Sul

3.500

Sudeste/CO

3.000 2.500 2.000 1.500 1.000 500

CVU (R$/MWh)

]1000 ; 1050]

]950 ; 1000]

]900 ; 950]

]850 ; 900]

]800 ; 850]

]750 ; 800]

]700 ; 750]

]650 ; 700]

]600 ; 650]

]550 ; 600]

]500 ; 550]

]450 ; 500]

]400 ; 450]

]350 ; 400]

]300 ; 350]

]250 ; 300]

]200 ; 250]

]150 ; 200]

]100 ; 150]

]50 ; 100]

0 [0 ; 50]

Potência Térmica Instalada por Faixa de CVU (MW)

Distribuição do parque de geração térmico por faixa de CVU(R$/MWh) e por subsistema(MW)


Antônio Cruz/ABr

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Risco de apagão O anúncio do Operador Nacional

do Sistema (ONS), de que a quantidade de água armazenada nos principais reservatórios do País atualmente é a menor dos últimos dez anos para a época, levantou muitas questões a respeito do fornecimento de energia no Brasil. Mas para o presidente da Companhia Paulista de Força e Luz (CPFL), Wilson Ferreira Junior, empresa de distribuição de energia do interior de São Paulo, com sede em Campinas, não há risco de apagão, ou racionamento de energia elétrica no País, pelo menos não neste momento. Ele destaca que as térmicas podem ser acionadas quando isso acontece sem que haja problemas. O ministro de Minas e Energia (MME), Edison Lobão, explicou que a geração de energia térmica

no País – necessária por conta do baixo nível dos reservatórios das usinas hidrelétricas -, vai custar cerca de R$ 400 milhões por mês aos brasileiros e levar a um aumento na conta de luz inferior a 1%. Após reunião com a presidente Dilma Rouseff, que voltou um dia antes das férias para discutir a situação energética do País, o secretário-executivo do MME, Márcio Zimmermann, declarou que o sistema está equilibrado e não existe perspectiva nenhuma de racionamento nesse horizonte que se trabalha. “Temos geração suficiente para atender ao mercado”, garantiu. Dilma Rousseff chegou a garantir também, durante inauguração de usina de energia eólica, em Sergipe, que não vai faltar energia para o Brasil continuar crescendo.

Segundo ela, 2013 vai ser o ano em que maior quantidade de energia será agregada ao parque gerador brasileiro. “No Brasil inteiro, em 2013, teremos 8.500 MW, além de mais 7.400 km de linhas de transmissão”, apontou. O ministro Edison Lobão também ressaltou que, diferente do que ocorreu em 2012, o Brasil vive um momento de “absoluta segurança energética”. Uma das medidas para evitar qualquer contratempo foi a criação do Grupo de Trabalho do Setor Elétrico, em janeiro deste ano. O objetivo é identificar e propor ações necessárias à melhoria das condições de segurança e confiabilidade do Sistema Interligado Nacional (SIN). O grupo deverá avaliar as instalações de geração e transmissão com arranjo de barramento nas subestações incompatíveis aos


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capa ENERGIA requisitos técnicos estabelecidos nos procedimentos de rede. Além disso, deve apontar instalações que podem comprometer a operação do SIN ou dificultar a recomposição em caso de eventuais desligamentos. O primeiro relatório técnico do grupo de trabalho será divulgado em cerca de 120 dias. Mas a discussão deve ser bem mais ampla. Conforme o Greenpeace, o Governo não encara a decisão de descentralizar a matriz elétrica, dando mais espaço às fontes renováveis, que poderiam ser utilizadas para diminuir o déficit de energia. Além disso, a organização critica a pouca utilização de luz solar, que poderia render muito ao país. Há uma previsão de aumento nos investimentos em energias renováveis pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), que

pretende ampliar sua área de atuação no Brasil. Mas os números ainda são pouco expressivos. Em 2011, os R$ 8 bilhões destinados ao desenvolvimento de energia limpa garantiram ao Brasil o posto de 10º país que mais investe em fontes de energias renováveis, conforme o relatório “Quem Está Ganhando a Corrida da Energia Limpa”, divulgado em abril do ano passado pelo instituto norte-americano Pew. De acordo com o documento, o valor investido nesse segmento pelo Brasil em 2011 é 15% superior ao de 2010. Mas, conforme o Greenpeace, o Brasil tem potencial para muito mais. Com tantos recursos naturais e sol forte quase o ano inteiro em algumas regiões, é difícil acreditar que os investimentos em energias renováveis sejam ainda tão tímidos.

Em 2011, os R$ 8 bilhões destinados ao desenvolvimento de energia limpa garantiram ao Brasil o posto de 10º país que mais investe em fontes de energias renováveis



{ 44 } renergy. ano 3 > # 14 > 2013

novas soluções

Economia no bolso e no meio ambiente Buscando poupar dinheiro e recursos naturais, empresas apostam na cogeração, unindo diferentes fontes de energia a partir de um único combustível

E

m época de crise, toda economia é bem-vinda. Que o digam as empresas que estão unindo a geração de diferentes fontes de energia a partir de um único combustível. A cogeração de energia é uma oportunidade que foi intensificada com a crise econômica mundial, que dificultou a obtenção de crédito por parte de usineiros de cana de açúcar e acabou multiplicando projetos do tipo em todo o mundo. O processo mais comum de cogeração de energia é a produção de eletricidade e energia térmica (calor ou frio) a partir do uso de gás natural e/ou de biomassa, entre outros. A empresa Areva Koblitz, subsidiária brasileira da francesa Areva, por exemplo, utiliza bagaço de cana-de-açúcar em suas usinas termelétricas a biomassa no Nordeste. O bagaço gera vapor com grande flexibilidade para ser transformado em formas de energia como calor, eletricidade ou tração. A Companhia de Gás de São Paulo (Comgas) também vem favorecendo a cogeração de energia, identificando as necessidades energéticas dos clientes e indicando parceiros habilitados na cogeração de energia por meio do gás natural. Assim, a empresa promete selecio-


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renergy. ano 3 > # 14 > 2013 { 45 }

nar o parceiro mais adequado para formatar a solução de cogeração. Pelo método, o usuário é próprio fornecedor de energia, evitando o risco de oscilações. O produtor pode até mesmo vender a energia excedente a distribuidoras. De acordo com a Associação da Indústria de Cogeração de Energia (Cogen), a cogeração é um processo de produção de energia muito eficiente, em que é utilizada a maior quantidade de energia útil com o mínimo de energia residual. Isso significa maior rendimento global e menor custo de energia. Segundo a Cogen, os sistemas de cogeração tanto de biomassa quanto de gás natural são ambientalmente sustentáveis porque produzem baixos níveis de emissão. No mercado de créditos de carbono, conforme a associação, o Brasil representa 8% do total de atividades de projetos de Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) no mundo. Dentro desse contexto, a energia renovável corresponde a 50% dos projetos MDL no Brasil. Desta forma, como a empresa que gera energia através de cogeração acaba emitindo menos poluentes do que nos casos da energia proveniente do petróleo, receberá

“créditos de carbono”. Eles poderão ser comercializados no mercado com outras empresas, principalmente em outros países que são poluidores e que não adotaram sistemas para redução de poluentes e que, por isso, precisam pagar - uma espécie de indenização - a quem adota projetos ecológicos.

que utilizam calor (vapor ou água quente) para produção de frio (ar condicionado); - Sistemas de ciclo combinado (turbinas a vapor e gás natural) numa mesma central; e, - Equipamentos e sistemas de controle de geração e de uso final de energia.

Entenda Muitos fabricantes oferecem tecnologias competitivas para a implantação dos sistemas de cogeração. Os principais equipamentos que compõem esses sistemas são aqueles que, utilizando um combustível (biomassa e/ou gás natural), produzem energia mecânica, para mover um gerador que produz eletricidade e, complementarmente, outros equipamentos produzem energia térmica (calor e frio), como: - Motores a combustão (ciclo Otto ou diesel); - Caldeiras que produzem vapor para as turbinas; - Turbinas a gás natural; - Caldeiras de recuperação e trocadores de calor; - Geradores elétricos, transformadores e equipamentos elétricos associados; - Sistemas de chillers de absorção,

Como funciona 1-U m sistema de cogeração pode contemplar o uso de turbina a gás ou de motor. A ideia é conectar um gerador na turbina ou no motor para a geração de eletricidade, com aproveitamento dos gases de exaustão para a produção de vapor, através de uma caldeira de recuperação que gera água quente e, a partir desta, água gelada para o sistema de climatização (ar condicionado). 2 - A refrigeração é obtida através de unidades de absorção (chillers), equipamentos de baixíssima manutenção em comparação com as unidades convencionais por compressão. 3 - A operação e manutenção do sistema podem ser terceirizadas, ficando sob a responsabilidade dos fabricantes dos equipamentos.


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especialista ENTREVISTA

IVONICE CAMPOS

Divulgação

Ventos promissores e sol para todos

O

Brasil detem a matriz energética mais limpa do planeta e potencial para ampliar o aproveitamento dos recursos energéticos renováveis com sustentabilidade para a segurança energética do país, em face do caráter de complementariedade diante a sazonalidade dos recursos hídricos,contribuindo inclusive para a redução do custo final da energia gerada onerada pela uso

das termelétricas. Essa é a avaliação de Ivonice Campos, especialista em energias renováveis, que acredita que políticas vigorosas estimulam o desenvolvimento de uma produção de eletricidade mais pulverizada no País, que inclui desde os grandes investidores até os consumidores residenciais. Renergy:: Qual a importância atual das fontes renováveis de

energia no Brasil? Ivonice Campos:: Graças ao seu potencial hidrelétrico, o Brasil já dispõe da matriz elétrica mais limpa do planeta. Os dados da Empresa de Pesquisa Energética (EPE) apontam que o Brasil é dono do terceiro maior potencial hidrelétrico e detém 10% de todo o recurso hídrico mundial, só ficando atrás da China (13%) e da Rússia (12%). De todo esse potencial, segundo a EPE, apenas um terço é utilizado, atualmente, para geração de energia. A participação de fontes renováveis de produção de eletricidade na matriz elétrica do Brasil, aí incluída as hidrelétricas, chegou a 88,8% no ano 2011, enquanto a média mundial é de 19,5% e, entre os países membros da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), de 18,3%. Já na matriz energética, que inclui todos os recursos de energia disponíveis no país, a participação de fontes renováveis em 2012 alcançou o nível de 44,1%, mesmo assim, ainda maior que a média mundial, de 13,3%, de acordo com a Agência Internacional de Energia. R:: Que perspectivas a senhora identifica no planejamento energético no Brasil? IC:: Na visão do governo, o consumo de energia elétrica vai aumentar de 500 TWh, em 2012, para 774 TWh em 2021, com alta de 4,9% ao


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ano, avançando a carga do sistema no mesmo período de 60.729 MW médios para 88.291 MW médios. E o setor terá que limitar suas emissões de gases do efeito estufa a 680 milhões de toneladas de CO² equivalente. O Plano Decenal de Energia 2021 prevê a expansão da capacidade de geração focada nas grandes hidrelétricas e nas outras fontes renováveis, com destaque para a energia eólica. A perspectiva é de investimentos de R$ 213,2 bilhões nas novas usinas, sendo R$ 95,8 bilhões nas já contratadas e autorizadas e R$ 117,4 bilhões nas planejadas. A área de transmissão deve receber outros R$ 55,8 bilhões, sendo R$ 32 bilhões em projetos previstos. Do total, as hidrelétricas devem ficar com 51% dos aportes e as fontes alternativas, com 38%. Com os investimentos, a capacidade instalada no país deve crescer 57%, indo de 117 mil MW, no final de 2011, para 182.408 MW, em 2021. Avalia-se, então, que o país precisará do equivalente a quatro usinas de Itaipu em dez anos, sendo que a maior oferta de energia está prevista a partir de hidrelétricas. No entanto, segundo a EPE, a fonte de maior crescimento percentual será a eólica. Outras alternativas serão priorizadas: gás natural, solar, aproveitamento energético de resíduos, nuclear. R::Qual a sua avaliação da potencialidade, competitividade e complementaridade das alternativas energéticas? IC:: Vale dizer que por aqui a qualidade dos ventos, tanto no Nordeste quanto no Sul, é melhor do que no Hemisfério Norte. São ventos comportados, de baixa turbulência, unidirecionais e de boa veloci-

dade. O potencial eólico do Brasil está estimado em cerca de 300 mil MW, com torres de 100 metros, em usinas on shore. O potencial off shore, muito embora ainda não esteja devidamente dimensionado, apresenta excelentes perspectivas de geração de energia limpa, em que pese o fato de que, no estágio atual da tecnologia disponível, o custo de uma instalação off shore seja superior ao de uma on shore em cerca de 40%. O investimento organizado do setor eólico, a partir dos leilões realizados em 2009, 2010 e 2011, permitiu que o setor eólico investisse em produtividade

A eólica já consolidou sua posição como sendo a segunda mais competitiva, devido ao caráter de complementaridade, importante para a ampliação da reserva hídrica nos reservatórios a partir da geração nas regiões mais pródigas em ventos - Nordeste e Sul e os resultados alcançados já retratam a competitividade na energia eólica, cuja tarifa caiu de R$ 300 para R$ 100 por MWh. Até aqui, a eólica já representa 16% da energia contratada pelos leilões recentes. O debate público tem contribuído para aperfeiçoar as condições de negócio das parcerias empreendedoras, tanto em projetos de inovação tecnológica como na otimiza-

ção dos investimentos para a implantação de usinas com menores efeitos ambientais. Atualmente, a energia eólica contribui com uma potência instalada de 2.500 MW. No entanto, poderia ter uma participação muito mais significativa para resolver o problema dos baixos níveis dos reservatórios caso não tivesse havido atraso no sistema de transmissão e o poder público tivesse sido mais ousado na realização dos leilões de energia nova. Da avaliação mais precisa das alternativas energéticas, fica demonstrado que a eólica já consolidou sua posição como sendo a segunda mais competitiva, devido ao caráter de complementaridade, importante para a ampliação da reserva hídrica nos reservatórios a partir da geração nas regiões mais pródigas em ventos – Nordeste e Sul -, podendo prestar uma inestimável contribuição na redução do impacto do custo da geração termelétrica que ora se observa na energia distribuída pelo SIN (Sistema Interligado Nacional). Sabe-se que a energia das termelétricas é até oito vezes mais cara do que aquela da geração hidrelétrica e eólica. Se por um lado o Ministério de Minas e Energia (MME) planeja acionar permanentemente as usinas térmicas, medida de causar pânico entre ambientalistas, por outro ele admite que o tempo de o Brasil construir hidrelétricas com grandes reservatórios, como fez durante as décadas de 1970 e 1980, já passou. O esvaziamento dos reservatórios atuais fez reacender a discussão sobre a necessidade de se construir grandes represas, com o propósito de ter mais controle sobre a vazão da água e, assim, da geração de energia. Essa polêmica,


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especialista ENTREVISTA

IVONICE CAMPOS

no entanto, já não tem razão de existir, segundo o MME. A próxima fronteira hidrelétrica do Brasil, de acordo com o Ministério, está na região Norte, nos rios da Amazônia, mas esses rios não têm vocação para grandes reservatórios. São rios de planície. Eles não têm, portanto, condições de se fazer reservatório de regularização. Os principais rios da Amazônia voltados para o aproveitamento hidrelétrico - Xingu, Tocantins, Teles Pires, Juruena e Tapajós - não possuem condições topográficas e ambientais que viabilizem a construção de um “reservatório de regularidade”. De acordo com o MME esse tipo de represa de grande porte é construído nos pontos iniciais dos rios para que, ao longo de seu trajeto, uma sequência de usinas aproveite o fluxo da água para a geração de eletricidade. É o que foi feito na década de 70 na Bacia do Rio São Francisco, com a construção da barragem de Sobradinho. A Chesf, do Grupo Eletrobras, ergueu uma sequência de usinas abaixo da barragem, um complexo que hoje responde por cerca de 15% da energia do país. Quando o sertão virou mar em Sobradinho, foram inundados 4,2 mil km quadrados de terra, oito vezes a área que será alagada por Belo Monte, encarado hoje como o mais polêmico projeto hidrelétrico do país, ou do mundo. A bacia do rio Paraná é outra que, além do São Francisco, possui reservatório de regularidade, onde foram instaladas as hidrelétricas de Furnas, Itumbiara e Nova Ponte. Com esse tipo de reservatório é possível fazer uma “gestão plurianual” da água, utilizando o estoque por até três anos, enquanto em usinas a fio d´água trabalha-se com

apenas meses de controle da água. Com ou sem regularidade, o fato é que grandes reservatórios vêm por aí. No rio Tapajós, as usinas de São Luís e Jatobá - ambas a fio d´água - estão projetadas para inundar um total de 1.368 quilômetros quadrados de floresta virgem, uma área quase do tamanho da cidade de São Paulo. Os dados da EPE apontam que o Brasil é dono do terceiro maior potencial hidrelétrico do planeta, sendo que 66% do que ainda não foi explorado está na região Norte. Segundo o Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc),

Entre 15 e 20 anos, todo o potencial hídrico do país já estará aproveitado. O Brasil precisa, pois, buscar outras formas de geração no longo prazo com base na potencialidade local e regional dos recursos energéticos, competitividade e sustentabilidade atualmente há 30 usinas hidrelétricas planejadas ou em fase de construção na Amazônia. O governo estima que, entre 15 e 20 anos, todo o potencial hídrico do país já estará aproveitado. O Brasil precisa, pois, buscar outras formas de geração no longo prazo com base na potencialidade local e regional dos recursos energéticos, competitividade e sustentabilidade. Para ampliar os ganhos pela complementaridade

energética hidrelétrica-eólica, o país precisa aumentar a geração de energia eólica que rapidamente poderá ser viabilizada em melhores condições de competitividade. Principalmente, pelo planejamento antecipado da conexão elétrica para novas usinas de geração de energia, contando com as ICGs (estações coletoras de energia), pela realização de leilões anuais para compra de energia eólica, para orientar com segurança os investimentos da indústria nacional no processo de inovação competitiva (compromisso assumido pela Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos para obter financiamento do BNDES Finame) em relação ao conteúdo nacional. Também é preciso que os leilões A-3 privilegiem as usinas com acesso já definido ao SIN e que os leilões de transmissão sejam realizados antes dos leilões de geração. Além de atrativa para o fornecimento de energia distribuída, o que a levou a conquistar lugar de destaque no SIN, a energia eólica forma com a solar um poderoso par de alternativas energéticas complementares, até mesmo compondo sistemas híbridos, podendo contribuir para a redução das perdas, através da geração localizada nas pontas do sistema, e para a segurança energética, com qualidade ambiental e competitividade. Por seu turno, o potencial solar do Brasil é expressivo em todas as regiões e esta fonte já está competitiva para alguns nichos do mercado consumidor de eletricidade, quer seja o setor residencial e ou de serviços, de muitos estados do país, facilitada pela tendência continuada de queda do preço dos painéis e das células fotovoltaicas ao redor do


mundo e pela importante. regulamentação aprovada pela Aneel, a REN 482/2012, de dezembro de 2013, para possibilitar e incentivar a geração distribuída de solar, eólica ou bioenergia. Nesse contexto, tem sido crescente o interesse demonstrado por fabricantes estrangeiros de sistemas e equipamentos de se instalarem no Brasil, o que deverá ser fortalecido pela recente autorização da Aneel para que o consumidor possa ceder para a rede de distribuição da concessionária o excedente da geração distribuída local, medida que teve amplo sucesso na Alemanha, servindo como mola propulsora do seu mercado solar. Estima-se que se houvesse isenção de PIS COFINS, como em outros setores da economia, somada à possibilidade de descontar do imposto de renda de pessoas físicas e jurídicas parte do custo do investimento em geração distribuída, mais os incentivos de isenção de ICMS e IPI para os equipamentos solares e eólicos, e tendo financiamento do BNDES, CAIXA e Banco do Brasil - nas mesmas condições dos projetos de eficiência energética, inovação tecnológica e mudanças climáticas -, certamente haveria uma aceleração no processo competitivo para os sistemas solares e eólicos para geração distribuída, inclusive com fortalecimento industrial. Entende-se, ainda, que até mesmo a bioenergia e as PCHs (Pequenas Centrais Hidrelétricas), que estão estagnadas nos últimos anos, poderão se beneficiar dessas medidas. R::Como a senhora vê o momento atual do mercado consumidor de energia no Brasil? IC:: As medidas de estímulo à

demanda adotadas pelo governo no último biênio e a retomada do poder aquisitivo da população mudaram o perfil do consumo de energia no país e provocaram um descolamento em relação ao Produto Interno Bruto (PIB). Em 2012, os segmentos de comércio e serviços e as residências puxaram a demanda por energia, que cresceu muito acima do ritmo do PIB. Enquanto a estimativa para o PIB é de crescimento de no máximo 1%, no ano passado, o país consumiu 3,6% mais energia até novembro, em relação aos mesmos meses de

A energia está presente em todos os nichos econômicos, em qualquer relação de consumo e é peça-chave para o desenvolvimento nacional. É ela que faz o País produzir e se desenvolver 2011. Antes de 2010, dizem analistas, a relação entre PIB e energia era menos díspar. A energia está presente em todos os nichos econômicos, em qualquer relação de consumo e é peça-chave para o desenvolvimento nacional. É ela que faz o País produzir e se desenvolver. As famílias brasileiras consomem duas vezes mais eletricidade embutida nos bens e serviços do que em suas residências, por meio das contas de luz. A situação é mais significativa na construção civil: é consumida 47 vezes mais energia

indiretamente do que nas atividades nas obras. O governo acionou uma das alavancas estruturais do desenvolvimento, tendo considerado a energia como instrumento de política industrial, com a extinção de encargos como a Conta de Consumo de Combustíveis, a Conta de Desenvolvimento Energético, a Reserva Global de Reversão, o encargo de Pesquisa, Desenvolvimento e Eficiência Energética e 50% da Taxa de Fiscalização de Serviços de Energia Elétrica. Estudos indicam que a redução na tarifa da ordem de 13%, poderá significar 4,5 milhões de empregos a mais em dez anos. O VII All About Energy – Conferência e Exposição Internacional de Energias Renováveis – a se realizar no novo Centro de Eventos do Ceará, no período 11 a 13 de março - apresentará uma importante contribuição para a avaliação das perspectivas do mercado energético do Brasil. Estão planejados debates sobre energias renováveis - eólica, solar e bioenergia - nas Mesas Redondas de Financiamentos, Fundos e incentivos; Mercado Livre e Leilões; Política de Licenciamento Sócio Ambiental, inovação tecnológica, MRE, certificação, e planejamento da conexão de usinas. Pretende-se, com estes debates, aprofundar o conhecimento desses temas com o objetivo de aperfeiçoar as propostas de políticas públicas, de financiamento e incentivo, para ampliar o conteúdo nacional e a geração de riqueza, a produtividade e a participação de energias renováveis na matriz energética brasileira, tornando os negócios e os produtos brasileiros ainda mais sustentáveis e competitivos em nível mundial.


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Energia do sol Painéis solares podem ser a solução para eletrificar comunidades isoladas no Amazonas. Opção está sendo avaliada em um projeto com 1.300 pessoas de seis municípios do estado

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omunidades do interior do Amazonas podem ter na energia solar a melhor opção para sair do “isolamento” elétrico. De acordo com o engenheiro Áureo Matos, do Processo de Projetos Especiais do Programa Luz para Todos na Eletrobras Amazonas Energia, pelo menos 80% do atendimento elétrico às localidades consideradas isoladas do interior do estado do Amazonas pode ser realizado a partir da geração de energia fotovoltaica ou solar. Durante o evento Amazonas Greenergy – Simpósio Internacional de Energia Sustentável,

realizado em novembro do ano passado em Manaus, o especialista defendeu que, de todas as fontes de energia consideradas renováveis existentes no Amazonas, a energia solar seria a mais recomendada considerando o quesito “economicamente viável” para a região. “Especificamente para aquelas áreas que chamamos de remotas, a alternativa mais adequada ainda é a energia fotovoltaica, já que não há condição de se montar uma rede aérea ou mesmo fazer o lançamento de cabos subaquáticos por serem regiões de difícil acesso”.

Os outros 20% das comunidades isoladas, segundo ele, poderiam ser atendidos pela energia gerada a partir de Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCH), hidrocinética (mecanismo em formato de roda movida a água) ou biomassa, como energia complementar. Desde 2011, 12 comunidades rurais isoladas do Amazonas estão testando um sistema de faturamento de energia pré-pago. O Projeto 12 Miniusinas com Minirredes desenvolvido pela Eletrobras Amazonas Energia leva energia elétrica gerada a partir da luz do sol a cerca de 1.300 pessoas de seis municípios do interior do estado. Além do acesso a energia, o projeto permite o controle dos gastos, uma vez que o consumidor paga antecipadamente pelo que vai utilizar. A iniciativa é pioneira no Brasil e a intenção da empresa é poder expandir o projeto para outras comunidades localizadas em áreas remotas onde não há condições de se instalar redes convencionais de energia elétrica.

Para saber mais sobre http://bit.ly/qgFNbk

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personagem ENTREVISTA

MATHIAS BECKER

Visão Otimista Para o diretor-presidente da Renova Energia, o Brasil está buscando corrigir os problemas de percurso e deverá obter, até o fim da década, uma matriz mais diversificada e menos dependente de fatores como chuvas, que determinam a capacidade de geração das hidrelétricas, ou de usinas térmicas, que produzem uma eletricidade emergencial com altos custos financeiros e ambientais


Imagens: Divulgação

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personagem ENTREVISTA

MATHIAS BECKER

ecentemente, uma reportagem do programa Fantástico, da Rede Globo sobre os problemas de infraestrutura do Brasil, mostrou um parque eólico na Bahia com usinas prontas para gerar energia, mas sem linhas de transmissão para levar essa eletricidade aos consumidores. A Companhia Hidrelétrica do São Francisco (Chesf), não entregou as linhas no prazo combinado. Esses parques prejudicados com o atraso pertencem à Renova Energia, uma das líderes em geração por fontes renováveis do País. A empresa possui o Complexo Alto Sertão I e atualmente constrói outro empreendimento, o Complexo Alto Sertão II. Juntos, serão 29 parques eólicos que irão gerar mais de 700 MW de energia. Apesar desses problemas de infraestrutura da economia brasileira, o diretor-presidente da Renova Energia, Mathias Becker, se mostra otimista e não esconde a disposição para resolver os problemas, ao invés de ficar buscando culpados. “As duas linhas que precisamos são de responsabilidade da Chesf, mas estamos trabalhando lado a lado com ela para tentar acelerar, da melhor maneira possível, a execução das obras para que essas linhas cheguem logo. Até o fim do ano isso deve ser resolvido. Estamos solidários e

participando da solução e eu acho que é o que todas as empresas deveriam fazer”, afirma. Na entrevista a seguir, ele fala deste e de outros temas ligados a energia e sobre a atuação da Renova junto às comunidades onde a empresa mantém seus parques. E diante do quadro atual do Brasil, com muitos falando em risco de apagão e expedientes como o uso de termelétricas para compensar a menor geração das usi-

meçou a ser introduzida em escala na matriz energética brasileira nos leilões de 2009 quando foi vendida em volume significativo, foram 2 mil Megawatts. A partir de 2012 tem início a entrada da produção na matriz energética. E ela ainda está acontecendo. Comercialmente, ela se mostrou ser muito competitiva a partir de 2009 e está se incorporando desde aquele ano de maneira importante. Se a gente pegar o volume

Comercialmente, a eólica mostrou ser muito competitiva a partir de 2009 e está se incorporando desde aquele ano de maneira importante. Se a gente pegar o volume total de energia comprada desde 2009, ela teve uma participação significativa e a gente acredita que isso vai continuar acontecendo no futuro

nas hídricas, que sofreram com a falta de chuvas, ele afirma: em 2020, teremos uma situação bem melhor, com uma matriz mais diversificada e a energia eólica com participação de pelo menos 5% na matriz energética, pronta para contribuir mais para a estabilidade do sistema e o barateamento da energia. Renergy:: Inicialmente, queria que o senhor falasse sobre o mercado de energia eólica no Brasil. Na sua avaliação, essa fonte já está consolidada dentro da matriz energética brasileira? Mathias Becker:: Em termos de mercado para energia eólica do Brasil, eu vou começar com a história dela. A energia eólica co-

total de energia comprada desde 2009, a eólica teve uma participação significativa e a gente acredita que isso vai continuar acontecendo no futuro. Porque quando se analisa a necessidade de energia que o Brasil possui até 2020, o final da década, estamos falando de alguma coisa em torno de 14 a 20 mil MW. O País também tem uma vocação hídrica e há novas hidrelétricas que o governo federal acha importante colocar e isso significa alguma coisa em torno de 5 a 7 mil MW de energia hídrica, colocados para funcionar também até 2020. Também deverá ter alguma coisa de energia térmica, talvez entre 1 mil e 2 mil MW, de maneira que considerando essa diferença de 14 a 20 mil, que é a demanda de energia total


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do país até 2020, sobra alguma coisa em torno de 8 a 10 mil MW a serem supridos por uma outra fonte de energia que não seja hídrica nem térmica a gás. Outras fontes, além da eólica, seriam as PCHs (Pequenas Centrais Hidrelétricas) e biomassa. Dessas três, a eólica tem se consolidado como a energia mais competitiva. A gente acredita que uma boa parte dessa necessidade de energia que o país tem deva ser suprida por

que a matriz tenha diversificação e mais estabilidade, sobretudo na parte de preços. A eólica se mostrou uma maneira viável e barata de fazer essa diversificação da matriz brasileira. Porque a alternativa que tem sido utilizada é a térmica, que é muito cara. Inclusive são essas térmicas que fazem hoje o preço da energia, quando há falta de chuva, subir tanto no País. É um ponto importante que a gente tem que destacar, porque

energia eólica. Nesse volume de energia nova, a eólica pode vir a ter uma participação expressiva e o Brasil passará de fato a ter uma matriz mais diversificada, porque hoje o país vive basicamente de energia hídrica. Cerca de 85% da energia gerada no país é hídrica, e ela tem essa dependência da chuva que pode trazer risco ao país. Haja vista o que a gente passou em 2012, e agora o mesmo risco em 2013. A gente fica esperando a chuva para poder assegurar que está fora de risco de falta de energia ou até, indo para o extremo, a dependência de chuva fazer com que o preço suba. A energia, em 2012, teve um recorde de preço. E começou bastante cara também, agora em 2013. A eólica vai ajudar a segurar isso, garantindo

agora estamos diversificando a matriz energética brasileira com uma fonte muito mais barata que as térmicas e que vai ajudar a dar estabilidade ao sistema, no futuro. A gente deve chegar ao final na década com alguma coisa em torno de 5% a 7% da matriz energética brasileira, já sendo eólica. E vamos começar a sentir os efeitos, como essa estabilidade. R:: E o que precisa ser feito para chegar a esse ponto de aumentar a participação da eólica? MB:: A energia eólica passou agora em 2012 por algumas mudanças muito relevantes em termos de cadeia de suprimentos. A energia como um todo e em particular a eólica é muito dependente de fabricantes. Houve mu-

danças importantes nas regras do Finame (Agência Especial de Financiamento Industrial), em relação ao cálculo do conteúdo nacional para fabricantes de máquinas eólicas e, consequentemente, isso fez com que houvesse uma consolidação importante. Havia muitos fabricantes atuando no mercado brasileiro, mas não necessariamente com fábrica no País. E agora, com essas novas regras do Finame, não tem como atuar no país sem ter uma cadeia de suprimentos importante. Isso deve dar uma reduzida pelo lado dos fabricantes. Pelo lado dos agentes, do mercado propriamente dito, a gente também faz uma constatação importante: a competição cada vez mais elevada que existe no setor de energia eólica, que no Brasil, aliás, é a mais barata do mundo. As empresas menores, que não têm escala, ainda, passam a ter menor competitividade. Quando você tem menos escala, você consegue menos competitividade em termos de preço de energia. E com menos competitividade você não consegue aumentar a escala. De maneira que isso acaba fortalecendo a indústria, em termos de preço. O que falta para a energia eólica? Falta absorver essas mudanças estabelecidas pelo Governo Federal e pelo BNDES ao longo do ano passado, que são mudanças importantes. Outro ponto é que essa consolidação vai dar mais robustez na entrega dos projetos de energia eólica. E por fim, a conclusão das linhas que conectam os parques eólicos ao sistema nacional de transmissão de energia. A gente tem aí um volume bastante significativo de


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MATHIAS BECKER

parques eólicos que não tiveram ainda suas exigências cumpridas em relação à cobertura da rede. Temos aí um desafio para que sejam concluídas todas essas obras. R:: Qual o nível de dependência que a gente tem hoje da tecnologia estrangeira nesse mercado? MB:: Hoje, não temos nenhum fabricante nacional no sentido de uma empresa brasileira, com acionistas brasileiros, que desenvolvam a tecnologia da máquina no Brasil. A empresa que mais se aproxima do desenvolvimento local de fábrica é a Impsa, que na verdade não é exatamente brasileira, é uma empresa argentina, mas ela atua e desenvolve aqui no país. O restante dos fabricantes tende a desenvolver tecnologia fora do país e trazer simplesmente as máquinas. E aí vem um ponto importante, que é inclusive uma demanda da Renova, para que de fato o desenvolvimento tecnológico e a adaptação das máquinas sejam feitos nos nossos parques, que ficam principalmente na Bahia. A gente procura, através dessa demanda, destacar a importância que a Renova e o setor local eólico têm para que a indústria mundial de equipamentos foque o desenvolvimento para os nossos ventos, que têm características particulares, quando comparados com as médias de ventos mundiais. R:: Em relação às linhas de transmissão, nós temos usinas prontas, mas faltam linhas para ligá-las à rede. O que os órgãos públicos precisam fazer para solucionar esse problema?

Hoje, não temos nenhum fabricante nacional no sentido de uma empresa brasileira, com acionistas brasileiros, que desenvolvam a tecnologia da máquina no Brasil

A situação que nós encontramos hoje é que existe um volume de obras considerável dessas subestações que fazem interligação com os parques eólicos e elas estão sendo executadas. Eu acho que o empenho de todos é importante. Tanto os responsáveis pelas linhas de transmissão quanto as próprias empresas geradoras, como é o caso da Renova, temos nas mãos, independentemente do que foi feito no passado para gente estar na situação atual, o poder e o dever de resolver. É o que a Renova tem tentado fazer em conjunto com a Chesf. As duas linhas que precisamos são de responsabilidade da Chesf, mas estamos trabalhando lado a lado com ela para tentar acelerar, da melhor maneira possível, a execução das obras para que essas linhas cheguem logo. Até o fim do ano isso deve ser resolvido. Estamos solidários e participando da solução e eu acho que é o que todas as empresas deveriam fazer. R:: Sobre os investimentos da Renova até 2016, serão construídas linhas de transmissão para um complexo de 15 parques na Bahia. Essa também é a contribuição da Renova nesse processo? MB:: Na verdade, são duas coisas aí. A primeira delas é que para esse complexo de 15 parques que nós já iniciamos a construção no ano passado, que chama Alto Sertão II, essa linha de transmissão já foi leiloada, já tem um dono para execução da obra, que também é a Chesf. E a primeira linha era para o Alto Sertão I. É a Chesf que vai executar e a gente está


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área de técnica e manutenção dos parques que ficarem de pé. No nosso caso, funcionários da empresa têm buscado essa formação e a Renova apoia para que tenhamos técnicos mais avançados trabalhando nos parques. Com relação à logística, no Brasil, em geral, isso é um desafio importante. E no nosso caso, estamos falando de uma região distante da costa, de 600 a 800 km, e precisamos fazer equipamentos grandes e pesados chegarem lá. Tem uma parceria importante com o governo do Estado da Bahia, que tem apoiado e que tem sido um grande parceiro, para a gente vencer esse desafio da logística. Seja reforçando pontes, seja ampliando os diálogos com as prefeituras das cidades que ficam muito próximas das estradas – essas estradas passam bem perto dos centros desses municípios - para que a gente possa ter autorização para transitar e poder reforçar as pontes que têm pelo caminho. Então tem sido uma parceria importante na viabilização do que é preciso fazer para construir e manter os parques.

apoiando para evitar que essa linha tenha atraso. Tem um prazo máximo de execução, que é fevereiro de 2014 e a gente está trabalhando não só para recuperar o atraso da linha que deveria ter sido entregue em junho do ano passado, mas também cobrando proativamente para evitar que a segunda linha também atrase. Temos tido bastante sucesso com essa parceria com a Chesf, tem dado resultado. Além disso, para os novos parques, inclusive de boa parte que a gente vendeu no leilão de dezembro de 2012, a Renova acabou optando por fazer a própria linha de transmissão, entendendo que era mais fácil a empresa, mesmo, assumir a responsabilidade da linha de transmissão. R:: Quais são os principais desafios que as empresas enfrentam com relação à logística e à manutenção na execução de grandes projetos? E como está a capacitação do pessoal para atuar nessa área? MB:: Normalmente, os parques ficam longe dos grandes centros em qualquer lugar, seja no Sul ou no Nordeste. Isso é uma coisa desafiadora e uma coisa boa. É boa, porque não havia mão-de-obra capacitada, então eles estão sendo capacitados não só na área da construção civil, na execução e montagem dos parques, mas também já existe uma capacitação na região onde estamos, através de escolas técnicas. Elas estão procurando treinar mão-de-obra para evoluir, não só funcionários que hoje já aprenderam a fazer montagens de parques, mas para que também possam atuar na

A gente está trabalhando não só para recuperar o atraso da linha que deveria ter sido entregue em junho do ano passado, mas também cobrando proativamente para evitar que a segunda linha também atrase

R:: Quais são os planos de investimento da Renova em relação a outras fontes renováveis? Vocês pretendem também investir em energia fotovoltaica? MB:: A Renova, apesar de ser a líder de energia eólica no Brasil, não é só uma empresa de energia eólica, é uma empresa de energias renováveis e por isso a gente analisa e investe em outras tecnologias. Dentro da energia solar, enxergamos duas frentes de trabalho. A primeira é de larga escala, equivalente ao sistema de


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MATHIAS BECKER

implantação e geração dos parques eólicos. Estamos querendo fazer parques de geração solar. Eles seriam também no Nordeste, em particular nas regiões onde já temos os parques eólicos. E também estudamos a geração distribuída, ou seja, ao invés de ter larga escala, fazer a geração próxima dos centros de consumo. Além de outras tecnologias na área de energias renováveis. Tem algumas que estamos estudando e que podem virar realidade mais a médio e longo prazo. R:: Um assunto em pauta é a questão do risco de racionamento e a falta de energia. Como o senhor avalia essa questão? MB:: O primeiro fator importante é o fato de o Brasil ser muito dependente das usinas hídricas. Isso quer dizer que, quando chove muito ou chove pouco, temos uma variação do fornecimento do “combustível” usado para gerar energia no país. No passado, isso era controlado porque as usinas hídricas tinham grandes reservatórios, que absorviam grandes volumes de água e podiam manter as usinas funcionando por até três anos. Usinas do São Francisco e dentro do complexo de Itaipu, por exemplo, são instalações que têm os reservatórios muito grandes e conseguem manter o fornecimento durante muito tempo. Isso que a gente chama de reserva da energia de um país. No Brasil, a reserva de energia é a água. Isso é bastante único, são raros os países no mundo nessa situação: Brasil, Canadá, Noruega e, de alguma maneira bem menos expressiva,

É muito pouco provável que haja apagão. Nessa gestão atual do Governo, as usinas térmicas hoje, conseguem suprir essa energia que falta

a Rússia. O tamanho dos reservatórios tem sido diminuído de maneira importante para reduzir o impacto ambiental que causam os alagamentos na formação das barragens. Com essa mudança, o volume de energia armazenada, ao longo do tempo, caiu significativamente. Isso fez com que o país ficasse muito mais susceptível a variações da chuva, que foi exatamente o que aconteceu no ano passado. Esse é o cenário que a gente está vivendo. Evidentemente, o Governo Federal, já desde 2001, procurou diversificar as fontes brasileiras colocando mais energia de reserva e interligando, através das linhas de transmissão, a energia do país para poder absorver essas variações e dispor de mais alternativas. Agora em relação ao cenário de 2013, é muito pouco provável que haja apagão. Nessa gestão atual do Governo, as usinas térmicas hoje, conseguem suprir essa energia que falta. No entanto, a utilização das energias térmicas, que é uma energia muito cara, deve fazer com que o preço da energia do país tenda a ser elevado. No ano passado, a média do que custou a energia no mercado foi mais que o dobro do valor que custou a energia em 2011. Isso fez com que tivéssemos uma inflação do preço da energia no mercado acima de 100%. Esse patamar que a gente atingiu em 2012, muito provavelmente se manterá em 2013 e em 2014. Vai haver um período importante onde a energia vai ser muito cara dentro do cenário de suprimento como um todo. Evidentemente, não estou falando, em hipótese nenhuma, de risco grande ou razoável de racionamento, porque


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no País uma super demanda no papel (contratos). Tinha uma perspectiva de que de que as distribuidoras tinham pedido menos energia do que de fato necessitavam ou mais energia do que precisavam. E a gente tinha também uma super oferta de energia no papel. Agora, no fim do ano passado e início desse ano, houve informação do governo de que essa demanda e oferta de papel foi resolvida, de maneira que agora apareceu a demanda real que não foi comprada no passado. O ano de 2012, apesar de ter tido um PIB muito pequeno, de só 1%, teve um crescimento de 3,5% na demanda de energia no País. Esse índice é considerável. Apesar da demanda ter aumentado no País, a compra energética foi zero, ou praticamente zero. Então não se comprou energia, de forma a garantir o suprimento no futuro. Isso, dentro de uma aplicação dos investimentos de energia, tem que ser recuperado. Então em 2013, o Governo vai ter que comprar o que não foi comprado no ano passado mais o que o País vai ter que atingir em 2013. Esse é a perspectiva que a gente vê dessa demanda e onde temos possibilidade de ter oferta e ajudar.

existe suprimento de energia. Só que como é uma energia emergencial, ela custa muito caro para ser operada no país. Nossa visão é que o risco é baixíssimo, no entanto, de forma estrutural o custo de energia no país vai ficar bastante elevado nos anos que vêm pela frente. R:: Então, dentro desse cenário de reservatórios com capacidade cada vez menor e da energia térmica ser mais cara, porque a eólica não aparece com mais ênfase como solução desse problema? Falta capacidade ao país de aumentar os investimentos na energia eólica e suprir essa demanda? MB:: A demanda por energia eólica continua bastante elevada. E a gente enxerga que 2013, quando vão ser retomados os leilões – já que em 2012 praticamente não teve leilão - deve-se continuar comercializando a energia eólica, que é bastante competitiva, de maneira importante para o país. Isso vai continuar acontecendo, a energia eólica vai ter o seu espaço e vamos colocar capacidade de suprir o país, é uma questão de tempo para que isso aconteça. A gente está agora, de certa maneira, colhendo os frutos do que foi plantado no início do anos 2000, quando foram iniciadas as construções dos reservatórios menores, e houve a opção por uma energia térmica muito cara. Ao fazer leilão de compra de energia eólica e uma diversificação da matriz, a gente vai colher os frutos de um sistema mais estável daqui a, provavelmente, cinco ou dez anos. Mas o ano de 2012 teve um ponto importante, tínhamos

A energia eólica vai ter o seu espaço e vamos colocar capacidade de suprir o país, é uma questão de tempo para que isso aconteça

R:: Tem crescido muito a produção na China de energia eólica. Como o senhor vê o potencial das empresas chinesas e a possibilidade de parcerias com as empresas brasileiras? MB:: É sempre importante a gente considerar que a China tem sido uma locomotiva importante para o mundo. No passado, era um país conhecido basicamente por mão-de-obra barata e hoje


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personagem ENTREVISTA

MATHIAS BECKER

tem desenvolvido bastante tecnologia. Tenho um amigo que é chinês e ele sempre diz que os japoneses demoraram 30 a 40 anos para serem competitivos na fabricação de carros, os sul-coreanos conseguiram fazer a mesma coisa em 15 a 20 anos e ele acha que os chineses têm tudo para conseguir fazer em 10 anos. A China tem apresentado uma evolução tecnológica bastante significativa e vão conseguir vencer essa fama de só ter mão-de-obra barata e também essa diferença tecnológica que ainda existe entre os fabricantes chineses e os fabricantes mais estabelecidos e conhecidos de geradores no mundo. Acredito, sim, na possibilidade de parcerias. O mercado brasileiro é um dos mais importantes do mundo - para você ter ideia, a gente, em 2012, deve ter ficado como o terceiro ou quarto maior mercado do mundo em compra de equipamentos eólicos. Não se pode pensar, hoje, em ser um grande fabricante mundial de equipamento eólico sem considerar o mercado brasileiro como um mercado onde se deve atuar. Portanto, eu acredito que os fabricantes chineses que ainda não atuam de maneira expressiva no mercado brasileiro, sem dúvida nenhuma, devem trazer seus produtos. R:: Uma das coisas que é motivo de orgulho para a Renova é o fato de ser 100% brasileira. Qual a relação da empresa com os programas sociais e culturais nas regiões que atua? MB:: Nós nos orgulhamos muito de sermos brasileiros. Gostamos muito não só da nossa brasilidade,

Seguimos uma exigência de predomínio de 70% da mão-de-obra local. E tem de ser da região mesmo, não só do Estado da Bahia, mas da cidade onde a obra está sendo construída

mas também da baianidade, nas regiões em que estamos atuando. Não somos só uma empresa que investe em energias renováveis. A gente é sustentável na essência, não só no tipo de energia que produz, mas também na forma de atuação. Desde o contato inicial com os arrendatários até toda a parte de certificação do meio ambiente para assegurar que o nosso espaço tem o mínimo impacto ambiental. E depois também no relacionamento, onde temos por missão não só ser apenas um bom vizinho, como também um vetor de desenvolvimento sustentável para a região. A gente tem muitas áreas de atuação. Desde dentro do próprio negócio da Renova, onde, em conjunto com os parceiros responsáveis, por exemplo, pela construção dos parques, seguimos uma exigência de predomínio de 70% da mão-de-obra local. E tem de ser da região mesmo, não só do Estado da Bahia, mas da cidade onde a obra está sendo construída. Isso fomenta a educação da mão-de-obra local. A gente também tem um investimento que vai além dos requisitos ambientais para poder ter o licenciamento, que a gente chama de Programa Catavento. Ele foi o primeiro programa social de uma empresa brasileira que teve acesso a uma verba do BNDES. É uma dívida que a Renova assumiu com o BNDES para poder fazer investimentos sociais. Através dele, temos procurado identificar quais são os projetos pelos quais a comunidade da região onde atuamos mais tem interesse, para patrocinar esses projetos. E esse patrocínio não se dá só com a verba. Trazemos para esses investimen-


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falam da história da região não ficariam lá. Porque essas peças ficam de posse do Governo Federal e são levadas para os museus. Nós, então, criamos o Museu do Alto Sertão, validamos em nome da comunidade, que tem a licença. Ele vai contar a história da região da cidade onde a Renova tem seus parques, utilizando as próprias peças encontradas ao longo da execução dos parques. Depois tem uma dimensão de oficinas de esportes. Procuramos atuar de maneira bastante ampla. Ao longo de 2012, também fizemos investimentos de criação de reservatórios, cacimbas para poder reter a água da chuva. Foi um projeto importante e tivemos um resultado muito positivo.

tos socais a mesma estrutura dos investimentos empresariais que a Renova executa. A gente acredita muito não só na nossa atuação de formação de mão-de-obra, mas também que esses projetos são uma forma de deixar um legado da Renova e uma comunidade melhor depois de vários anos de atuação no seu entorno. Vamos estar com os nossos parques pelo menos 20 anos na região. É algo muito importante a ser considerado. R:: A partir da atuação desse programa, quais são os principais impactos nas comunidades? MB:: O programa é dividido em quatro dimensões. Temos um foco de desenvolvimento econômico onde, por exemplo, financiamentos uma cozinha industrial para senhoras de uma comunidade quilombola para que elas possam pegar as receitas de compotas, que são muito gostosas, e possam vender. Algumas delas já estão tentando exportar, como uma alternativa de geração de renda. Temos também uma dimensão cultural, onde criamos um conservatório de música para ensinar crianças e adultos. Tem uma parte de identidade da comunidade com sua própria história. Ao fazer o resgate arqueológico, que é um requisito para construir os parques, encontramos mais de 1.200 peças que datam de até 6 mil anos, que são da região. Essas peças seriam levadas, por exemplo, para o museu de Ilhéus, que fica a uns 800 km, numa região completamente diferente, uma cidade vinculada ao litoral. Ou seja, essas peças que

Criamos o Museu do Alto Sertão. Ele vai contar a história da região da cidade onde a Renova atua, utilizando as próprias peças encontradas ao longo da execução dos parques

R:: Pra encerrar, o senhor pode falar um pouco sobre os investimentos dos governos de estímulo às energias renováveis? O que acha que pode ser feito para incentivar ainda mais esse mercado? MB:: Eu acho que a política energética brasileira é determinada de maneira única pelo Governo Federal. O que a gente entende são os estados atuando para se mostrar regiões viáveis para esses investimentos. Podemos falar um pouco mais do governo da Bahia e de Minas Gerais, que estamos mais próximos. Temos visto o Governo Federal bastante preocupado. Ele fez um esforço, inclusive, que é um case mundial, de introduzir uma nova fonte alternativa no país, que é a energia eólica. Agora a gente vê que poderia ser ampliado fazendo o mesmo com outras fontes, como, por exemplo, a solar.


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engenharia de movimento

Mercado em ascens達o


Imagens:Divulgação

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Com a consolidação das fontes limpas de energia, tem crescido a procura por serviços de logística nos parques, como transporte, montagem e manutenção. Empresas que já atuavam na área estão investindo em equipamentos e qualificação específicos para o setor de renováveis

S

egundo a Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeolica), o Brasil encerrou o ano de 2012 com 2,4 GW de potência instalada e 2% de participação dessa fonte na matriz elétrica brasileira. Foram instalados 38 novos parques eólicos, totalizando 106 empreendimentos. A entidade também destaca que o Plano Decenal de Energia (PDE 2021), documento do governo federal que define metas do setor de energia para o período 2012-2021, projeta que a participação eólica na matriz chegará a 9% em 2021, com 16 GW instalados. O aumento de participação ou o surgimento de novas fontes de energias renováveis no Brasil, como a eólica no primeiro caso e a solar no segundo, estão fazendo surgir um mercado promissor não só para fabricantes de equipamentos, mas para as empresas de serviços e logística. É cada vez maior a demanda por transporte, instalação e manutenção das usinas. E são tarefas altamente especializadas, que exigem pessoal preparado e máquinas que muitas vezes nem existem no Brasil. Empresas que já atuavam na área de logística, em vários setores, estão aproveitando a oportunidade para prestar serviços no mercado de energias renováveis.

E a aposta tem dado bons resultados. A Transpes, por exemplo, faz transporte de cargas especiais há quase 50 anos. Vagões de trens, locomotivas, equipamentos do exército e grandes transformadores estavam entre essas cargas. Há dois anos, aproximadamente, os componentes de torres eólicas passaram a fazer parte desse universo. Segundo Theofanes de Souza, gerente da filial de Fortaleza da Transpes, esse mercado está passando ao largo da crise econômica que foi um dos motivos para o crescimento de apenas 1% do PIB brasileiro em 2012. Ele afirma que grandes investidores da Europa, dos Estados Unidos e até do Japão estão interessados no segmento nacional de eólica. “A Espanha, em particular, está com projetos no Ceará, no Rio Grande do Norte e na Bahia, três estados em que a Transpes atua”, revela. Hoje, o transporte de equipamentos de usinas eólicas, entre torres, pás e naceles (ponto central onde fica o gerador da turbina) representa 20% das movimentações feitas pela Transpes. Segundo Theofanes, a empresa fechou 2012 com 220 milhões de reais de faturamento. Com o aumento esperado da demanda por serviços relacionados à indús-

tria eólica, a expectativa é chegar aos R$ 400 milhões. Foram feitos investimentos de aproximadamente R$ 70 milhões em equipamentos – metade desse valor para máquinas usadas na logística dos parques de geração de energia a partir dos ventos. A Makro Engenharia é outra empresa que começou com movimentação de cargas especiais de outros setores e tem aproveitado bem as oportunidades surgidas no mercado de energias renováveis. De acordo com Jose Otonisio Junior, gerente regional do Segmento de Energia, a empresa atua há mais de 35 anos e foi em 2003, com um projeto piloto da Petrobras em parceria com a fabricante de turbinas eólicas Wobben em Macau, no Rio Grande do Norte que surgiu o novo foco no mercado de fontes limpas. “Hoje, as nossas soluções focam no sistema ‘turnkey’, ou seja, o cliente contrata a entrega total do projeto. Oferecemos para ele transporte, logística, instalação e montagem do parque”, informa Otonisio. Ele acrescenta que para oferecer os serviços e lidar com as particularidades das usinas eólicas (são equipamentos de alta tecnologia, torres gigantescas e todos ficam expostos a condições severas por causa do ar corrosivo


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engenharia de movimento

do litoral) foi preciso montar um centro de treinamento, em parceria com os fabricantes. Um dos investimentos mais importantes que a Makro fez em 2012, de acordo com o gerente comercial, foi a abertura de uma empresa especializada no segmento de transportes especiais. “Essa nova empresa já nos rendeu uma forte carteira para 2013 com contratos de transportes para o segmento eólico, atendendo clientes como a argentina Impsa e a francesa Alstom, ambas com projetos no Ceará e Rio Grande do Norte respectivamente”. Para o futuro a médio prazo, o representante da Makro destaca

“as fontes renováveis de energia serão o grande foco de investimentos no país para as próximas décadas e a região Nordeste desponta como um dos mercados mais promissores para o segmento nos próximos cinco anos”. Em 2013, a empresa tem planos de abrir novas filiais (os possíveis locais não foram informados) e deverá investir 120 milhões de reais em expansão no primeiro semestre. Além dos parques já instalados, também há muito serviço a fazer nos projetos que venceram leilões e ainda não foram implantados. Essa é uma das apostas da Cordeiro Guindastes. “Mesmo

com a crise econômica, a empresa está otimista. Muitos parques vencedores dos leilões, com projetos já aprovados e financiamento garantido, começam agora a ser implantados”, diz Aldelfredo Carneiro Mendes, diretor comercial. A empresa, que atua no Ceará, no Rio Grande do Norte e na Bahia, teve no mercado de energias renováveis um dos principais responsáveis pelo seu crescimento, nos últimos três anos. Hoje, esse setor, apesar de recente nas operações da Cordeiro Guindastes, já representa entre 35% e 40% do faturamento, segundo Aldelfredo.


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copa do mundo

Estádios solares C

om a Copa de 2014 se aproximando, algumas cidades-sede estão agregando soluções sustentáveis às obras de preparação para o evento. Uma destas soluções é a geração de energia solar para atender a demanda das arenas esportivas. Em Pernambuco, a demanda do estádio será atendida por uma usina solar com capacidade de 1MWp de potência instalada, o equivalente ao consumo médio de 6 mil pessoas. De acordo com a Secretaria da Copa de Pernambuco, quando não houver demanda interna, o excedente será injetado na rede da concessionária de distribuição, podendo ser utilizado por outros consumidores. O investimento total da usina é de R$ 12,8 milhões e o projeto básico está sendo desenvolvido pelo Instituto de Energia Solar-Universidade Politécnica de Madrid e o Instituto de Eletrotécnica e Energia da Universidade de São Paulo (USP) além do National Renewable Energy Laboratory – NREL dos Estados Unidos. O projeto, que é uma parceria entre a Odebrecht Energia e a Neoenergia, deverá entrar em operação até o mês de junho de 2013, antes da Copa das Confederações. O estádio Mineirão, em Belo Horizonte também terá a instala-

ção de uma usina solar com placas fotovoltaicas que vão converter a radiação do sol em energia elétrica. A capacidade da usina é de 1,6 megawatt, o suficiente para atender a demanda de cerca de 1.200 residências de médio porte. O Mineirão receberá uma parcela dessa geração e o restante será injetado na rede de distribuição da Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig).O empreendimento está a cargo da empresa portuguesa Martifer Solar S.A., que venceu a concorrência internacional. No Distrito Federal, a geração de energia para atender ao Estádio Nacional de Brasília Mané Garrincha será feita por meio da instalação de placas fotovoltaicas no anel de compressão, grande aro em concreto com 1km de circunferência que sustentará a cobertura do estádio. Serão dispostas 9,6 mil placas, com capacidade para gerar 2,5 megawatts de energia, o que corresponde ao abastecimento de quase duas mil residências por dia. Conhecido por muitos como o principal palco do futebol mundial, o estádio do Maracanã também será alimentado por energia solar. A instalação faz parte de um acordo entre o governo estadual do Rio de Janeiro e as empresas Yingli, Light ESCO, EDF

Divulgação

Aproveitando a preparação para o maior evento mundial de futebol, muitos estádios incluíram a geração de energia solar nos projetos arquitetônicos

Consultoria. O estádio terá mais de 1,5 mil módulos fotovoltaicos instalados em um anel de metal que circundará a parte de cima do estádio. O posicionamento dos painéis irá constituir um elemento visual, ressaltando a importância do meio ambiente na Copa. Outros estádios como o cearense Arena Castelão, primeiro do Brasil a ter suas obras concluídas, e a Arena da Baixada, no Paraná, também podem ter aproveitamento da energia solar. De acordo com a da Secretaria Especial da Copa 2014 do Ceará e com a Companhia Paranaense de Energia, a implantação de usinas de geração de energia ainda está em estudo.

Para saber mais sobre www.copa2014.gov.br


27 a 29 de Agosto de 2013 Transamérica Expo Center São Paulo - Brasil

Medição e Redes Inteligentes

www.meteringlatinamerica.com.br Organização


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informação

Para todo o mundo ver

Com o objetivo de ajudar os países a avaliarem seu potencial de energias renováveis, foi lançado em janeiro o primeiro atlas global online de acesso irrestrito

O

início de 2013 trouxe um grande avanço para o desenvolvimento de políticas públicas na área das energias renováveis. Foi lançado em janeiro último o primeiro atlas global online sobre fontes de energias renováveis de acesso irrestrito no mundo. A iniciativa foi anunciada na assembleia geral anual da Agência Internacional para as Energias Renováveis (Irena), que reuniu representantes de 150 países em Abu Dhabi, nos Emirados Árabes. O atlas foi considerado pelos participantes da assembleia como a maior iniciativa já vista para ajudar os países a avaliarem o seu

potencial de energias renováveis. Além disso, a ferramenta tem como objetivo auxiliar as instituições a reunirem dados e mapas de institutos técnicos de ponta e de empresas privadas em todo o mundo e, assim, poderem tomar decisões de investimentos. O site permite a visualização do potencial das fontes solar e eólica em cada região, assim como a infraestrutura disponível. A intenção nos próximos dois anos é incluir também a bioenergia, a geotérmica e outras fontes alternativas. A plataforma, que pode ser acessada no site www. irena.org/GlobalAtlas, foi projetada com o objetivo de aumentar o conhecimento sobre o potencial de energia renovável do mundo e para ajudar as empresas que buscam investir em novos mercados. Também estão disponíveis no site um vídeo e uma apostila para quem se interessar em saber mais sobre a iniciativa. É possível criar um mapa, baixar mapas já existentes ou apenas consultar as informações disponíveis. Por exemplo, pelo atlas é possível escolher alguns campos como concentração solar, painéis fotovoltaicos pelo mundo, potencial eólico, infraestrutura já

existente, áreas protegidas, entre outras opções. O Brasil tem 65 mapas disponíveis e o Nordeste ganhou destaque como grande potencial para ser fornecedor de energia limpa do país. Conforme a Irena, a ferramenta servirá de apoio tanto para governos quanto para a iniciativa privada na tomada de decisões estratégicas. São informações como dados socioeconômicos, políticas e mecanismos de apoio. No entanto, conforme a agência, o atlas ainda está em construção e pode não estar completamente atualizado para algumas regiões, o que deve mudar de acordo com o aumento da divulgação da ferramenta. Para Martin Lidegaard, ministro dinamarquês de Clima, Energia e Construções e presidente do evento da Irena em Abu Dhabi, o atlas vai ajudar a Dinamarca a tomar decisões corretas. Ele acredita também que nos próximos 10 anos haverá um amplo crescimento nos investimentos em energia renovável. Já Adnan Z. Amin, diretor-geral da Irena, acredita que o atlas global fornece uma poderosa nova ferramenta para os esforços internacionais de dobrar a participação global de energia renovável até 2030.



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destaque legislação

NOVAS REGRAS Com 43,9% da oferta interna de energia proveniente de fontes renováveis, o Brasil conquistou o posto de sexto investidor mundial na área. Os dados são de um estudo da KPMG International e revelam, no entanto, que houve uma queda de 5% em novos investimentos. Mas a expectativa é que dois novos projetos de lei elevem esses números nos próximos anos. O problema é que eles ainda estão à espera de aprovação


Luiz Alves /www.camara.gov.br

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destaque legislação

A

pesar da turbulência na economia global, os investimentos em energias renováveis continuam a crescer em todo o mundo. E o Brasil não está fazendo feio. Entre os 23 países que mais adotam políticas de incentivos à geração de energias renováveis, o Brasil ocupa o sexto lugar, com 43,9% da oferta interna de energia proveniente de fontes renováveis. A avaliação é de um estudo divulgado no fim do ano passado pela KPMG International, intitulado de “Tributos e incentivos para geração de energia renovável 2012”. Atualmente, este número chega a 46%, conforme dados do Governo Federal. Foi observada, entretanto, uma queda de 5% em novos investimentos, valor que chegou a US$ 7 bilhões em 2010, segundo o estudo. Isso ocorreu por causa da atenção dada ao setor de biocombustíveis, onde muitos dos recursos são injetados nas fusões e aquisições, e, desta forma, não são computados como novos investimentos. A KPMG avalia que o Brasil tem uma particularidade positiva, que é o regime fiscal destinado a produtores e importadores de biodiesel: o Programa de Interação Social (PIS) e Contribuição para Financiamento da Seguridade Social (Cofins). Outro ponto abordado pelo relatório é o apoio que quem investe no Brasil recebe do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que desenvolve vários programas de financiamento para estimular a produção de energia renovável. Um dos incentivos é o Finame, linha de crédito (a juros baixos) oferecida pelo BNDES aos fabricantes de equipamentos eólicos, que teve suas regras mudadas no fim do ano passado e gerou uma certa turbulência entre os fabricantes. Isso porque as novas regras só foram divulgadas poucas

horas antes do leilão de energia nova A-5, em dezembro. Apesar do rebuliço, a mudança promete aumentar o conteúdo local dos aerogeradores. Na prática, a nova metodologia flexibilizou alguns pontos a pedido dos fabricantes e estabelece metas físicas, com ampliação progressiva da quantidade de componentes nacionais nos equipamentos, que terão de ser cumpridas de acordo com um cronograma previamente estabelecido. Com as alterações, o objetivo do BNDES é promover a fabricação no País de componentes com alto conteúdo tecnológico e uso intensivo de mão-de-obra. Antes, o banco exigia um índice de nacionalização mínimo de 60%. O valor era calculado considerando a relação entre o custo dos componentes nacionais e o preço de venda do aerogerador, excluindo Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) e Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS). Desta forma, o valor dos componentes nacionais era obtido pela diferença entre o preço de venda do equipamento e o valor dos componentes importados.

Entre os 23 países que mais adotam políticas de incentivos à geração de energias renováveis, o Brasil ocupa o sexto lugar, com 43,9% da oferta interna de energia proveniente de fontes renováveis


Luiz Alves /www.camara.gov.br

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Projetos de lei Duas propostas que buscam números ainda mais elevados estão à espera de aprovação na Câmara dos Deputados. Uma delas está em análise e estabelece uma série de incentivos para a produção e a comercialização de energia renovável. De autoria do deputado Pedro Uczai (PT-SC), o projeto de Lei 3924/12 prevê a diminuição da conta paga pelos consumidores que também produzirem energia elétrica, incentivos fiscais para as pequenas geradoras de energia hidrelétrica que aumentarem sua produção, estímulos à instalação de sistemas de aquecimento solar em casas e edifícios e aplicação de recurso em pesquisas sobre fontes renováveis, entre outras medidas. Pela proposta, o consumidor produtor terá um desconto referente ao que aplicar na rede elétrica. Em termos práticos, a energia excedente será comprada pelas distribuidoras por valores que variam de R$ 168 por MWh para energia eólica a R$ 415 por MWh para energia solar produzida por instalações em coberturas de edifícios. Se a geração de energia for superior ao consumo, será gerado um crédito a ser abatido em novas contas de energia por um prazo de seis meses. O projeto de lei também concede desconto nas tarifas de uso dos sistemas de transmissão e distribuição para as pequenas centrais hidrelétricas que apresentarem melhoras no uso de seu potencial de geração. Além do autor, outros 11 deputados já assinaram a proposta, que também garante que os financiamentos habitacionais que utilizarem recursos do orçamento público, do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) e do Sistema Brasileiro

de Poupança e Empréstimo (SBPE), deverão prever a instalação de sistema de energia solar. Além disso, a chamada Reserva Global de Reversão (RGR), composta uma quota paga periodicamente pelas concessionárias e permissionárias, poderá financiar a aquisição de painéis solares para prédios residenciais. O projeto de lei prevê também a instalação obrigatória de sistema termossolar de aquecimento de água em imóveis construídos pelo programa Minha Casa, Minha Vida. A proposta ainda contempla a pesquisa científica e quer destinar para investigações sobre fontes alternativas renováveis de energia 30% das verbas recolhidas de concessionárias e permissionárias de serviços públicos de distribuição de energia elétrica para pesquisas em geral. Conforme o projeto, serão isentos de pagar IPI os automóveis elétricos e híbrido. De acordo com os autores do projeto, as medidas previstas vão diversificar a matriz energética brasileira, reduzir as emissões de poluentes e aumentar a segurança energética. A proposta, entretanto, está aguardando um parecer da Comissão de Minas e Energia (CME). Situação parecida com o projeto de Lei 2952/11, do deputado Felipe Bornier (PSD-RJ), que institui o Programa de Incentivo ao Aproveitamento da Energia Solar (Prosolar). O projeto autoriza a União a estabelecer metas nacionais de geração de energia solar para 1% do total da matriz elétrica brasileira nos próximos três anos e de 3% em cinco anos. A proposta tramita junto com o PL 5733/09, que tem caráter conclusivo e será analisado pelas comissões de Minas e Energia; de Desenvolvimen-


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destaque legislação to Urbano; de Finanças e Tributação; e de Constituição e Justiça e de Cidadania. Conforme o texto, o Governo deverá diminuir o IPI de conversores, painéis fotovoltaicos e outros equipamentos do sistema de energia solar até 2016. Outra medida é a isenção das tarifas de uso dos sistemas elétricos de transmissão e de distribuição incidentes na produção e no consumo da energia comercializada por empreendimentos com base em fonte solar. As tarifas serão zeradas por um período de dez anos.

O Governo deverá diminuir o IPI de conversores, painéis fotovoltaicos e outros equipamentos do sistema de energia solar até 2016

Segundo a proposta, os leilões de expansão da matriz elétrica por energias renováveis deverão ser anuais e ter discriminado o percentual a ser atendido por fonte solar. Também há exigência de que as concessionárias e permissionárias de energia elétrica adquiram energia solar de centrais com capacidade instalada de até 3 megawatts. Conforme Felipe Bornier, o programa contribuirá para um maior aproveitamento da energia solar e para a diversificação da matriz energética.

www.siemens.com

Novas regras do Finame

Para realizar o credenciamento no marco inicial, os fabricantes deverão atender a pelo menos três dos quatro critérios listados a seguir: - Fabricação das torres no Brasil, com pelo menos 70% das chapas de aço fabricadas no país ou concreto armado de procedência nacional; - Fabricação das pás no Brasil em unidade própria ou de terceiros;

- Montagem da Nacelle (parte principal do aerogerador) no Brasil, em unidade própria. - Montagem do cubo (peça que envolve a Nacelle) no Brasil, com fundido de procedência nacional. Ao aderirem às metas do marco inicial, os fabricantes se comprometerão a ampliar de maneira progressiva os componentes

locais de seu processo produtivo, com cumprimento de todas as etapas até janeiro de 2016. O transcurso de todo o processo será acompanhado por técnicos do BNDES, que farão visitas técnicas periódicas às instalações fabris para verificar o andamento do cronograma. Fonte: BNDES


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Brasil Maior e Conselho de Competitividade Enquanto esses projetos de lei aguardam aprovação, algumas ações já tentam ampliar a geração de energia por meio de fontes renováveis. Além das políticas de incentivo do BNDES, o Governo Federal decidiu instalar 19 Conselhos de Competitividade com o objetivo de estimular o setor produtivo. Uma das áreas contempladas pela medida são as energias renováveis. A ação faz parte do Plano Brasil Maior, que visa o aproveitamento de oportunidades ambientais e de ne-

gócios na área de energia, para que o País ocupe lugar privilegiado entre os maiores fornecedores mundiais de energia e de tecnologias, bens de capital e serviços associados. Os conselhos são formados por representantes do governo, dos empresários e dos trabalhadores e serão um espaço para a discussão de temas setoriais e a construção de agendas estratégicas. O Conselho de Energias Renováveis tratará de assuntos relacionados ao biodiesel, bioetanol,

energias eólica e solar. De acordo com a presidente Dilma Rousseff, os conselheiros poderão fazer um prognóstico adequado para manter o Brasil na rota do desenvolvimento. “O governo tem os instrumentos para fazer os ajustes e os conselheiros nos ajudarão a construí-los”, destacou.

Para saber mais sobre http://bit.ly/YJDcjF


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3r’s

reduzir, reutilizar, reciclar

ILUMINAçãO

Dê o destino correto para o óleo de cozinha Muitos usuários podem não ter idéia, mas o óleo de cozinha, aparentemente tão inofensivo, pode ser causa de graves problemas ambientais. Como ele não se mistura com a água, se for despejado na pia ou descartado inadequadamente, pode causar entupimento das tubulações da própria residência ou das galerias e redes de esgotos. E se o material chegar aos rios, córregos e lagoas, forma-se uma camada sobre a água, dificultando a passagem da luz e evitando a oxigenação. Isso prejudica a fauna e a flora dos recursos hídricos.

REDUZIR Para começar, o ideal é não exagerar no consumo de óleo. Além de contribuir para o meio ambiente, a precaução é benéfica para a saúde. O ideal, para uma família com quatro pessoas, é uma embalagem de 900 ml por mês. Isso significa uma quantidade diária de 7,5 ml (o equivalente a uma colher de sopa) por pessoa. Para preparar uma panela de arroz, basta uma colher de óleo. Para o feijão, vale a mesma regra.

REUTILIZAR Após passar por altas temperaturas, o óleo perde suas características nutrientes e produz substâncias várias substâncias químicas e passa por um processo de degradação. Por isso, sua reutilização no cozimento é desaconselhável. Se isso for feito, ele pode aumentar a quantidade de substâncias tóxicas que podem passar para o alimento e para organismo de quem consumi-lo.

RECICLAR Em nenhuma hipótese, o óleo usado deve ser lançado na rede de esgoto, porque pode prejudicar o funcionamento do sistema de saneamento. O melhor destino para ele é a reciclagem. Ele pode servir, por exemplo, para a fabricação de sabão caseiro. Outro destino possível é seu aproveitamento como biocombustível. Existem, atualmente, empresas especializadas que coletam o material e dão o destino correto para ele.


HĂĄ 50 anos, nossa energia transforma a vida dos brasileiros For 50 years, our energy transforms

Brazilians’ lives


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Como?

guia verde

ILUMINAçãO

LED: muitas vantagens O horário de verão, recurso do Governo Federal para economizar energia, acabou em fevereiro. Mas para quem mora ou não nos estados cobertos pela mudança de horário, sempre é hora de encontrar formas de contribuir para evitar a sobrecarga do sistema elétrico e proteger o bolso. Saiba mais sobre os benefícios das lâmpadas de LED, e como elas podem lhe ajudar nessa tarefa

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Tirar uma lâmpada incandescente e colocar a fluorescente compacta em seu lugar pode representar uma redução no consumo de energia de até cinco vezes, com uma economia mensal na conta de luz de R$ 2,70 por ponto. Já com o LED, a redução anual pode chegar a R$ 50,60 por ponto, uma economia de 90% frente à incandescente e 30% em relação à lâmpada eletrônica A duração do LED pode chegar até 14 anos (submetido a um uso de 6 horas por dia de forma constante e adequada), o que significa uma variação entre 25 e 30 mil horas, dependendo do modelo. Uma durabilidade cerca de três vezes maior que a lâmpada fluorescente compacta, que dura 8 mil horas, e é ainda mais expressiva quando comparada às 750h de vida média da incandescente.

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Durante o tempo de vida mediana do LED, ou seja, ao longo de 14 anos, 42 lâmpadas incandescentes seriam trocadas. No mesmo período, estimase que seria necessário substituir a fluorescentes cerca de 4 ou 5 vezes.

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Ao longo de toda a sua vida mediana, cada fonte de LED consumirá R$ 107,24, enquanto a fluorescente compacta R$ 160,86 e a incandescente R$ 643,86 no mesmo período de 14 anos.

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As lâmpadas incandescentes e fluorescentes geralmente queimam após o fim da sua vida útil, mas com o LED, isso não acontece. Depois das 30.000h de vida, ele somente perde 30% da sua luminosidade (fluxo luminoso).



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DICAS DE LIVROS, SITES, FILMES E MUITO MAIS

Produtos

A empresa Desoltec preparou uma seleção de móveis sustentáveis para exibir na feira 22ª Craft Design, realizada entre os dias 4 e 7 de março, no Centro de Convenções Frei Caneca, em São Paulo

Feira

De 21 a 23 de agosto, em São Paulo, será realizada a 5ª FIBoPS - Feira Internacional para o Intercâmbio de Boas Práticas e Produtos Sustentáveis. O evento reune especialistas, lideranças e gestores em torno das oportunidades e desafios que a demanda socioambiental impõe a países, empresas e pessoas. Mais informações: www.fibops. com.br.

Hora do Planeta 2013

A quinta edição da Hora do Planeta foi lançada mundialmente no dia 27 de fevereiro e o órgão WWF-Brasil, idealizador da ação, convoca os brasileiros a apagarem as luzes por uma hora no dia 23 de março como forma de manifesto ao aquecimento global e aos problemas ambientais que a humanidade enfrenta.

Cursos

Três cursos ministrados pelo Dr. Gustavo M. Buiatti sobre energia solar fotovoltaica acontecerão no Rio de Janeiro. O III Seminário O Mercado no Brasil: Tendências e Oportunidades, em 18 de abril, o Curso para Projetar Sistemas Conectados à Rede + Visita Técnica, de Data: 18 a 20 de abril, e o Curso com Software Pvsyst para Projetar Sistemas Conectados à Rede, em 17 e 18 de maio. Informações e inscrições: queroenergiasolar@gmail.com ou (21) 7950-8444 (Marie) e (21) 8867-4641 (Mauro).


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NÚCLEO DE

CONTEÚDO

Hotel Holiday Inn - Anhembi São Paulo - SP

VOCÊ ESTÁ PREPARADO PARA ENFRENTAR OS ATUAIS DESAFIOS DA CONSTRUÇÃO? O Núcleo de Conteúdo Feicon Batimat, que acontece simultaneamente ao Salão Internacional da Construção, reúne a cada ano os grandes nomes do mercado num ciclo de debates sobre tendências, alternativas e soluções para os desafios enfrentados atualmente pelo setor da construção civil. Nesses 4 dias de apresentações técnicas, palestras, seminários, painéis de debates e estudos de casos, você terá a oportunidade de compartilhar conhecimentos e adquirir informações essenciais para a sua atualização e qualificação profissional.

CONFIRA A PROGRAMAÇÃO COMPLETA E FAÇA JÁ SUA INSCRIÇÃO!

FEICON BATIMAT,

11 3060-4949 | feicon.inscrição@reedalcantara.com.br

referência para quem pensa em construção.

www.feicon.com.br/nucleo-de-conteudo

Apoio Institucional:

Filiada à:

Apoio:

Organização e Promoção:


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o último apaga a luz

Visite projetos dos artistas do Coletivo Base / Baião Ilustrado: www.baiaoilustrado.com.br

E se tudo apagar? Ilustração: Thyago Cabral


O ano de 2012 foi um dos mais marcantes em nossa história. Inauguramos o Alto Sertão I, maior complexo eólico da América Latina. Criamos nossa comercializadora para atuar no Mercado Livre. Implantamos com sucesso nosso modelo de governança corporativa. Consolidamos nossa política de sustentabilidade...

E temos muito mais para comemorar em 2013! Início das obras do Complexo Eólico Alto Sertão II Maior contrato “on shore” do mundo Entrega de nossa primeira venda de energia solar

Líder na geração de energia renovável do Brasil renovaenergia.com.br



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