Construção Operária

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CONSTRUÇÃO

OPERÁRIA Nº 141 – 23 abril 2012 – 2ª-feira

Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção Civil, Montagem e Manutenção Industrial e do Mobiliário de Santos

CAMPANHAS SALARIAIS

Prazo até 8 de maio para as empresas responderem

DOIS MESES

Nova diretoria acumula vitórias Bastou um dia de greve para os 350 operadores de máquinas da empreiteira Terragama TGB, que presta serviços à empresa Vale Fertilizantes, em Cubatão, conquistarem a participação nos lucros ou resultados (plr) de R$ 2 mil. Página 8

Fotos: Vespasiano Rocha

Depois disso, sindicato convocará assembleias, com base na lei de greve, para categoria avaliar negociações e votar contrapropostas

S

omos 60 mil trabalhadores em campanha salarial. No setor predial, 35 mil. Na indústria, dez mil. E outros milhares espalhados em empresas municipais e empreiteiras diversas. Com raras exceções, a maioria tem data-base em 1º de maio. As negociações com as empresas e seus sindicatos patronais começaram em março e se estenderão até o começo de maio. Até agora, não temos nenhuma resposta para apresentar em assembleias. Mas já avisamos à patrãozada que o prazo para definirem suas propostas vai até o próximo dia 8. A diretoria do sindicato acha que, por enquanto, não há motivos para ansiedade, pois temos praticamente um mês para o fechamento da folha de maio. Mas adverte que não vai tolerar enrolação a partir da primeira semana da data-base. Se tiver que paralisar tudo, por um bom acordo, assim será feito. Mais nas páginas 2 e 7

Macaé Marcos, presidente do Sintracomos: ‘Enquanto as empresas não apresentam contrapropostas às reivindicações, sindicato paralisa diversas atividades em ‘gatas’ que não respeitam nem a legislação trabalhista’

Primeira vitória da nova direção do Sintracomos foi na Terragama TGB, em área da Vale Fertilizantes

VICE

Luiz Carlos, pedra no sapato de patrão Na edição passada, ‘Construção Operária’ revelou um pouco da vida profissional, pessoal, sindical e política do novo presidente do sindicato, Macaé Marcos Braz de Oliveira. Neste número, você conhecerá melhor o vice-presidente, Luiz Carlos de Andrade, agora atuando integralmente na subsede de Cubatão. As próximas edições mostrarão os demais diretores. Páginas 4 e 5 Vice-presidente do sindicato, Luiz Carlos é amado por muitos (trabalhadores) e odiado por vários (patrões e prepostos)


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DATA-BASE

Terra treme com luta em Cubatão

OPERÁRIA

Paulo Passos

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CONSTRUÇÃO

Campanhas salariais nas empreiteiras do polo industrial são sempre emocionantes

A

nova diretoria do sindicato não vê a hora de esquentar a campanha salarial mais empolgante de Cubatão, a dos trabalhadores nas empreiteiras do parque industrial. Mais empolgante, sim, pois a chapa, que já é quente, ferve, na hora ‘h’. As assembleias são cheias desde o início da luta, quando a categoria aprova as reivindicações. Do meio da campanha até o final, a Baixada Santista treme com as grandes assembleias ao ar livre.

Não há emissora de tevê que resista às imagens de verdadeiras multidões de operários. Neste ano, não será diferente. O país vive um de seus melhores momentos econômicos e os trabalhadores exigem uma divisão justa do bolo. Afinal, quem produz é o assalariado. A diretoria do sindicato recomenda aos companheiros que se liguem nas convocações das assembleias e participem, levando pelo menos mais um companheiro a tiracolo.

Greves e assembleias no parque industrial de Cubatão costumam repercutir no Brasil inteiro

REIVINDICAÇÕES

PERICULOSIDADE

O que quer a categoria

Pago adicional do ‘Ltq 2’ Usiminas

 Correção salarial, em 1º de maio de 2012, pelo INPC dos últimos 12 meses.  Aumento real de 5%.  Pisos de R$ 1.800 (profissionais da construção civil de pequenas e grandes estruturas). R$ 2.600 (profissionais do setor de montagem e manutenção industrial). R$ 1.200 (servente e ajudante geral de ambos os setores).  Vale-café, matinal e vespertino, de R$ 12 por dia trabalhado, nos escritórios e na manutenção.  Salário do encarregado de R$ 16, mais correção do INPC e aumento real de 5%.  Salário do eletricista de manutenção e montagem igual ao do eletricista ‘fc’.  Alterarão de nomenclatura da função de líder para encarregado.  Além da refeição no trabalho, valealimentação diário R$ 20, inclusive nos afastamento por doença e férias anuais ou coletivas.  Pagamento integral, aos empregados sem carência do auxílio- enfermidade, de salários, inclusive o 13º, durante o afastamento.  ‘Plr’ de R$ 5 mil, em duas parcelas iguais, uma em julho de 2012 e outra na semana anterior ao carnaval. E pagamento, na rescisão, aos demitidos sem justa causa ou a pedido.  Abono de férias igual ao valor das férias normais.  Cursos de qualificação custeados pelas empresas.  Folga, sem prejuízo salarial, no Dia do Trabalhador da Construção, na terceira segunda-feira de outubro. Se houver necessidade de expediente, as horas serão pagas com 100% de acréscimo.  Dispensa do trabalhador na terça-feira de carnaval, sem prejuízo do salário e do ‘dsr’ e sem compensação. Se houver necessidade de expediente, as horas serão pagas com acréscimo de 100%.  Grade salarial das funções.  Pagamento do salário até o último dia útil do mês.  Adiantamento salarial de 40% até o dia 15.  Multa diária de 10% sobre o débito de atraso salarial, incluído o 13º.  Estabilidade de 90 dias no retorno do auxílio-doença.  Na substituição superior a 90 dias, efetivação do substituto no cargo ou função.  Promoção a oficial, em carteira de trabalho, ao meio-oficial na função há mais de 90 dias.  Dispensa do aviso prévio ao trabalhador que conseguir outro emprego ou estiver em vias de obtê-lo.  Plano de saúde hospitalar e bucal integralmente pago pela empresa.  Fim do sistema de trabalho e remuneração por tarefa.  Vale transportes sem custo para o trabalhador.  Convênio com o Sesi.  Garantia das cláusulas vigentes.  Manutenção da data base em 1º de maio.  Exclusão de cláusulas do atual acordo que gerem redução ou supressão de direitos do trabalhador. Entre eles, a jornada de trabalho em turnos ininterruptos de revezamento, com redução do pagamento de 40 horas mensais. Redução do intervalo para alimentação e descanso. Tolerância para marcação do ponto superior a cinco minutos, observado o limite máximo de dez minutos diários. Proporcionalidade no pagamento do adicional de periculosidade. Avisoprévio cumprido em casa. Compensação da jornada de trabalho através do banco de horas.

Em 29 de março, a subsede do sindicato em Cubatão mandou e-mail à diretoria da Usiminas Mecânica, cobrando o retroativo do adicional de periculosidade no ‘Ltq 2’. “A falta de data para pagamento do pessoal ativo está causando grandes transtornos no interior da usina e o sindicato não pode ficar omisso”, dizia o documento. No dia seguinte, de Belo Horizonte (MG), o coordenador de recursos humanos e canteiros, André Soares de Castro, respondeu ao vice-presidente do sindicato, Luiz Carlos. “Em março, tivemos rotina diferente no departamento de pessoal”, disse o representante da empresa, “com recolhimento sindical e pagamento da ‘plr’”. “Por isso, infelizmente, não conseguimos processar o pagamento (do adicional do ‘Ltq’) em 30 de março, junto com o salário. Mas o valor devido será depositado em 4 de abril”.

Expediente

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OPERÁRIA Construção Operária. Publicação do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção Civil, Montagem e Manutenção Industrial e do Mobiliário de Santos, Cubatão, Guarujá, São Vicente, Praia Grande, Mongaguá, Itanhaém, Peruíbe e Bertioga.

Sede : (13) 3878-5050 Subsedes: Cubatão ......... (13) 3361-3557 Guarujá .......... (13) 3341-3027 São Vicente .. (13) 3466-8151 P. Grande ...... (13) 3471-8556 Bertioga.......... (13) 3317-2919 www.sintracomos.org.br

Rua: Júlio Conceição, 102, Vila Mathias, Santos (SP), CEP 11015.906. 20 mil exemplares Presidente: Macaé Marcos Braz de Oliveira. Secretário-geral e diretor de imprensa: Almir Marinho Costa. Redação e edição: Paulo Passos. Diagramação: www.cassiobueno.com.br. Impressão: Diário do Litoral (13) 3226-2051.


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ÓBITO

O

s acidentes fatais no polo industrial de Cubatão, como o da Refinaria Presidente Bernardes (RPBC), em 2 de abril, se devem às péssimas condições de trabalho. A opinião é do presidente e do tesoureiro do sindicato, Macaé Marcos e Geraldino Cruz. A morte do maçariqueiro Hilton Márcio Evo Filho, para eles, não teria acontecido se a segurança fosse tratada com seriedade. “Há muita negligência”, diz Macaé. “O operário caiu, de uma altura de 30 metros, numa estrutura sucatada, sem a presença de técnico de segurança”. Geraldino concorda com o presidente: “O rapaz trabalhava no desmanche de um forno antigo, enferrujado”. Ele diz que o operário, 37 anos, casado, dois filhos, caiu com três toneladas em cima, “sem qualquer chance de sobrevivência.

Levaram duas horas para encontrar o corpo, soterrado”. Macaé e Geraldino colocaram-se à disposição da família para acompanhar a apuração dos fatos. Hilton estava há 18 dias na empresa NM Engenharia, onde já trabalhara anteriormente, e tinha experiência no serviço: “Não foi por falta de conhecimento, mas de condições de trabalho”, aponta Macaé. Geraldino completa: “Era um forno velho, enferrujado, desativado há 11 anos, que exigia uma assessoria de setor de segurança no trabalho da empreiteira e da própria refinaria”. Os dois sindicalistas defendem que a operação de desmonte de uma peça antiga exige mais atenção que a montagem de uma peça nova. E que o operário não poderia estar naquelas condições.

Fotos: Paulo Passos

Morte de maçariqueiro, na RPBC, não teria ocorrido se empresas cumprissem à risca as normas de segurança

Vespasiano Rocha

Condições de trabalho causam acidentes fatais

Presidente e tesoureiro do sindicato, Macaé e Geraldino dizem que morte de maçariqueiro, na RPBC, poderia ter sido evitada

LIMITE

DEMITIDOS

Atraso de ‘plr’ na Usiminas revolta

‘Plr’ na Reframont

Os constantes atrasos de pagamento da participação nos lucros ou resultados (plr) aos demitidos de diversas empreiteiras, na área da Usiminas, passam dos limites. Isso vem causando desgaste para o sindicato, cujo departamento jurídico acionará as empresas na Justiça do Trabalho, cobrando os valores e as multas. Emco Os trabalhadores da ‘gata’ Emco Hitrax paralisaram as atividades, em 16 de abril, segunda-feira, por vários motivos, entre eles o atraso de pagamento da ‘plr’, falta do convênio médico e não recolhimento dos 40% do fundo de garantia nas demissões.

Usiminas terá que responder como responsável pela irresponsabilidade de empreiteiras

Em 10 de abril, a subsede cubatense do sindicato enviou ofício Reframont, perguntando a data de pagamento da ‘plr’ aos demitidos. No dia seguinte, a analista de recursos humanos Luciana Pereira respondeu. Segundo ela, a solicitação foi encaminhada ao Rio de Janeiro, sede da empresa, e “os depósitos ocorrerão o mais rápido possível”.


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PERFIL DO VICE

Até os 22 anos, Luiz Carlos era camponês O

vice-presidente do Sintracomos, Luiz Carlos de Andrade, nascido em Matão (SP), trabalhou em lavouras de café até os 22 anos de idade, principalmente nas cidades de Alvorada do Sul e Porecatu, norte do Paraná. Mas ele se interessou pelo setor elétrico e procurou trabalho nas hidrelétricas paranaenses de Capivara e Curitiba

(Eletrosul), especializando-se em linhas de transmissão. Sua experiência foi maior na área de suprimentos e planejamento de transporte de materiais para as empresas montadoras. Sempre próximo de engenheiros e dos organogramas, passou a ter visão completa das obras. Luiz Carlos chegou à Baixada Santista em junho de 1980, quando o país vivia os momentos finais da ditadura

Ele tem muita história para contar e agora coordena a subsede de Cubatão

iniciada em 1964. Mas havia resquícios do regime de força e a diretoria do sindicato não podia entrar na Cosipa, hoje Usiminas, em Cubatão. Ele recorda de discurso do então deputado federal Del Bosco Amaral (PMDB-SP), a pedido do sindicato, requerendo que o presidente da Siderbras, coordenadora das siderúrgicas estatais, permitisse o ingresso dos sindicalistas na usina.

Crescimento do sindicato Após a greve histórica de 1984, Luiz Carlos trabalhava na Tenenge, hoje Odebrecht, que o colocou, de castigo, em alojamento na Vila Parisi, afastando-o dos demais trabalhadores. Nessa época, havia muitos salários para a mesma função. “Começamos a lutar contra essa realidade e também contra a inadimplência dos sindicalizados. A diretoria fez abaixo assinados pelo desconto da mensalidade em folha de pagamento. O sucesso foi enorme, comprovando a força da categoria”. Na eleição seguinte, quando houve embate com a Convergência Socialista, Luiz Carlos era o terceiro suplente na chapa da situação. Temendo sua atuação, a Tenenge o demitiu. Mas teve de voltar atrás, por decisão de mesa-redonda no Ministério do Trabalho. Com o falecimento do tesoureiro Manoel Cardoso, o segundo diretor de finanças, Nivaldo Florentino, assumiu. E Luiz Carlos foi para a segunda secretaria, ficando responsável pela subsede de Cubatão: “Foi um período muito difícil”. Ele recorda que a subsede era num pequeno apartamento, alugado, com uma sala apertada e sem ventilação: “Tínhamos 18 mil representados nas obras e manutenção da Cosipa, com problemas todo dia, de todo tipo”. Segundo o vice-presidente, “era raro o dia sem duas ou três mesas-redondas na então delegacia regional do Ministério do Trabalho. Estávamos sempre nas páginas da ‘A Tribuna’, ‘Cidade de Santos’ e ‘Notícias Populares’. Isso nos tornou bastante conhecidos”.

Fotos: Vespasiano Rocha

HISTÓRIA

VITÓRIA

A grande greve de 84 A interação com os operários era difícil e a diretoria eleita em 1982 teve problemas para recrutar candidatos na siderúrgica, pois a maioria não tinha tempo de casa para concorrer. Mesmo assim, foi organizada uma grande greve, em 1984. Luiz Carlos lembra que a greve foi vitoriosa pelo reajuste de 11,67%, mas teve um grande problema: ao julgar a paralisação, o Tribunal Regional do Trabalho (TRT-SP) mandou os trabalhadores compensarem os seis dias parados. “Foram seis sábados seguidos, num verão de quase 40 graus, com as chefias falando aos trabalhadores que aquele sacrifício se devia ao sindicato. O objetivo era enfraquecer a diretoria”, pondera Luiz Carlos, que iniciou ali sua carreira sindical. O Sintracomos era muito pequeno em relação aos de-

mais sindicatos que atuavam em Cubatão, entre eles os dos metalúrgicos e petroleiros. Os outros tinham um ótimo setor de imprensa, por exemplo. “Mas, graças às nossas proezas, hoje somos potentes, com cinco prédios e muitas lutas em nossa história”, comemora Luiz Carlos. “Foram muitos anos de sacrifícios, com muita gente torcendo contra, mas valeu a pena”. Ele recorda quando foi a São Bernardo do Campo (SP), para a fundação da Central Única dos Trabalhadores (CUT): “Fomos em oito companheiros, sendo cinco da Convergência Socialista e um da juventude anarquista”. “Apesar de lutadores, eram utópicos e sectários, o que dificultava as nossas campanhas salariais por melhores salários, condições de vida e de trabalho. Mas a vida sindical é assim mesmo. As pessoas acabam amadurecendo”.


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BOLSÃO 9 Estilo de música: Eclético, mas forte no sertanejo, forró e pagode. Lazer: Viajar, ver bons filmes, ir a forrós e alguns shows. Na tevê, atualização em política interna e externa. Partido: Acaba de sair do PDT. Está sem partido. Voto para presidente: Dilma Rousseff (PT). Para governador, Geraldo Alckmin (PSDB). Deputado estadual, Antônio de Souza Ramalho (PSDB). Federal, Luiz Antônio Medeiros (PDT). Senadores, Netinho (PCdoB) e Aluízio Alves (PSDB). O que fará na gestão Junto com a diretoria, jogar peso no social. Criar times de futebol nas principais empresas, entre elas Usiminas, RPBC, Valefertil, Codesavi, Prodesan e Termaq. Comemorar os dias das crianças, das mães, das mulheres e dos pais. Participar dos conselhos municipais, com ênfase na educação. ‘Precisamos escrever um livro sobre a história do sindicato de 1982 em diante. Precisamos de uma federação estadual e uma confederação nacional dos trabalhadores na construção’.

Apurada denúncia do Sintracomos Sindicato voltará ao local para verificar como andam as condições de trabalho

M

ais de 200 trabalhadores das empreiteiras Gomes Lourenço e FM, que prestam serviços à Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano do Estado de São Paulo (CDHU), paralisaram os serviços. Foi em 26 de março, na construção de residência no projeto Serra do Mar, no bairro Bolsão 9, em Cubatão. Motivos da greve: salários atrasados e péssima qualidade da comida servida nos alojamentos. A comida era realmente insuportável, inclusive o café da manhã. Os trabalhadores apresentaram às empreiteiras três opções de restaurantes, nas imediações das obras. Os operários reclamavam de salários atrasados até dois meses e queriam que os pagamentos obedecessem à convenção coletiva da categoria, com adiantamento quinzenal. Os grevistas também queriam dois vales-refeições previstos na convenção para os alojados. A categoria reclamava que cada quarto do alojamento abrigava oito ou mais trabalhadores, quando a norma regulamentadora 24, do Ministério do Trabalho e

Arquivo DL

Time: Palmeiras

Num dos espaços mais pobres da região, ‘gatos’ exploram trabalhadores de todas as formas Emprego (MTE), estabelece quatro pessoas por dependência. Segundo eles, os ventiladores estavam quebrados. Assim que a denúncia do sindicato ganhou página nos jornais impressos

e imagens nas televisões, a CDHU caiu matando na empreiteira, exigindo que resolvesse os problemas. O Sintracomos voltará ao local, nos próximos dias, para verificar.

GREVE

Nova paralisação na Faz da Vale Nesta última semana de abril, o bicho pega na Faz Engenharia, que presta serviços à Vale Fertilizantes. Como no dia 5, os trabalhadores prometem parar tudo de novo. No começo do mês, a greve foi por causa do tíquete-refeição. Agora, por uma série de importantes reivindicações, entre elas um reajuste salarial de 20%. As demais: Pagamentos em horário bancário. Pagamento da ‘plr’, junto com a rescisão, até R$ 2.500. Ajuda de custo, a quem é da região, igual à dos alojados. Reajuste salarial de 20%. Pagamento

do ‘sms’ 1000 a cada trabalhador. Horas extras de 100% de segunda a sextafeira, com 150% nos sábados, domingos e feriados. Seguro de vida familiar mínimo de R$ 50 mil. Convênio médico e odontológico familiar. Reforço no café-da-manhã e lanche da tarde. Mais dois relógios de ponto perto do vestiário. Incorporação dos ganhos dos alojados aos salários. Pagamento do adicional de transferência aos salários dos alojados. Entrega dos holerites e espelhos de ponto antes do dia do paga-

mento. Vale-alimentação no mesmo valor de Paulínia. Vale-transporte a quem não fica no itinerário do ônibus. Fiscal de ônibus com ajuda de custo. Pagamento da greve de 5 de abril. No dia 5, o sindicato enviou e-mail à empreiteira, requerendo a entrega do tíquete-refeição, retroativo “o mais rápido possível” aos trabalhadores. “O pessoal não pode ficar sem o benefício, para o serviço não ser interrompido”, informava o e-mail do vicepresidente Luiz Carlos Andrade.


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CENTRAIS

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rabalhadores, empresários e estudantes participaram de ato público, em 4 de abril, na capital paulista, em defesa da indústria nacional e do emprego. Cerca de 90 mil pessoas foram ao estacionamento da Assembleia Legislativa, chamar atenção do governo e da sociedade sobre o problema da desindustrialização. O presidente do nosso sindicato, Macaé Marcos, estava lá. Para ele, “a crise da indústria vem fechando empresas nacionais e causando desemprego em diversos setores da economia”. “A manifestação serviu para mostrar o rumo que trabalhadores e empresários querem para o País”, disse Paulinho Pereira da Silva, presidente da Força Sindical. Macaé e Paulinho defendem a união do trabalho e do capital para manter as indústrias e garantir os empregos no Brasil. Eles querem que o Senado aprove logo a Resolução 72. Essa medida uniformiza a alíquota do ICMS nos Estados. Para eles, os importados entram quase de graça no Brasil e acabam com os postos de trabalho aqui, criando empregos na China. Macaé pondera que o ato não foi contra o governo, mas a favor do emprego. Ele defende ainda a redução dos juros e a diminuição do custo da energia elétrica, “fatores prejudiciais à indústria e aos trabalhadores”.

Fotos: Vespasiano Rocha

90 mil defenderam indústria e emprego

Mobilização nacional das centrais sindicais se repetirá sempre que necessário, dizem Macaé e Paulinho da Força

Macaé, presidente do nosso sindicato, nos primeiros momentos do grande ato público, na capital paulista, contra a desindustrialização, definido em ampla reunião de centrais sindicais

MP 556

Segunda matéria da página 6. Foto, crédito Vespasiano Rocha e legenda:

Presidentes da Força Sindical e do Sintracomos Santos, Paulinho Pereira da Silva e Macaé Marcos, em São Paulo, dia 12 de março, quando trataram da medida provisória

Centrais contra desconto de IR em ‘plr’, 1/3 de férias e abonos O relator da Medida Provisória 5562011, deputado federal Jerônimo Goergen (PP-RS), prometeu acolher, no relatório final, emendas que isentam de imposto de renda a participação dos trabalhadores nos lucros e resultados (plr), abonos e um terço de férias. O parlamentar recebeu os presidentes da Força Sindical e da CUT, Paulinho Pereira da Silva e Authur Henrique, em 14 de março, na Capital, quando considerou a

reivindicação “justa” e disse que os benefícios “ajudam na distribuição de renda”. As emendas são de autoria dos deputados federais Paulinho da Força (PDT-SP) e Vicentinho (PT-SP). Para Paulinho, a isenção do imposto de renda nos benefícios “contribuem para a justiça social”. O presidente do nosso sindicato, Macaé Marcos, tratou do assunto com Paulinho da Força, em São Paulo, dois dias antes (12). Macaé estranhou a ‘mp’ “ta-

xar os três benefícios com a mordida do leão por parte de um governo que tem se mostrado sensível às necessidades da população mais necessitada, como os assalariados”. O sindicalista lembra que, segundo cálculos de economistas ligados ao movimento sindical, as isenções propostas por Paulinho e Vicentinho injetarão R$ 1,8 bilhão na economia. Macaé elogia a postura do deputado: “Está do nosso lado”.


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DATA-BASE

Sintracomos fez assembleia, em 7 de março, e definiu as reindicações de 35 mil empregados do setor Infelizmente, nem todos participaram da assembleia, mas o número de participantes foi bem razoável, cerca de 200. Eles aprovaram as reivindicações para renovar a convenção coletiva de trabalho na data-base de maio, entre elas o reajuste salarial, aumento real e melhoria das condições de trabalho. A base territorial do Sintracomos vai de Bertioga a Peruíbe e o piso salarial dos trabalhadores é muito baixo, de R$ 1.139 para os profissionais e de R$ 875 para os ajudantes. Mas diante do boom no setor imobiliário, apenas as pequenas empresas pagam esses valores. De 35% a 40% do pessoal ganha entre R$ 1,5 mil e R$ 5 mil. Os companheiros deixam suor e sangue no trabalho para ganhar acima do piso. A produção de cada um equivale a de três ou quatro homens. A fadiga é enorme.

As empresas pagam esses valores ‘por fora’, mantendo o piso na carteira de trabalho. Dessa forma, prejudicam os empregados e o governo, sonegando tributos. Os valores não incidem nas férias, no 13º salário nem no aviso prévio. Muitas vezes, os patrões não cumprem o prometido. As condições de trabalho normalmente são péssimas, sem equipamentos de segurança nem cipas (comissões internas de prevenção de acidentes). A maioria das empresas não paga seguro de vida nem convênio médico. O sindicato lamenta a falta de fiscalização do Ministério do Trabalho e Emprego. Não se trata de falar mal do governo, mas sim da falta de estrutura do Ministério do Trabalho, que tem apenas seis auditores fiscais na região, quando deveria ter 50.

Paulo Passo

Sindicato mobiliza trabalhador predial

Apesar da riqueza do setor, condições de trabalho nas construções prediais brasileiras lembram escravidão

REIVINDICAÇÕES

RECAPEAMENTO

O que quer a categoria

Pessoal da Termaq fez greve em Praia Grande

 Correção salarial, em 1º de maio de 2012, pelo INPC dos últimos 12 meses.  Aumento real de 5%.  Pisos de R$ 1.800 (profissionais da construção civil de pequenas e grandes estruturas). R$ 2.600 (profissionais do setor de montagem e manutenção industrial). R$ 1.200 (servente e ajudante geral de ambos os setores). R$ 3.100 (tarefeiro). R$ 6.500 (encarregado de obra). R$ 11 mil (área administrativa). R$ 12.500 (mestre de obra). R$ 18 mil (engenheiro).  Vale-café, matinal e vespertino, de R$ 12 por dia trabalhado, nos escritórios e na manutenção.  Além da refeição no trabalho, vale-alimentação diário R$ 20, inclusive nos afastamento por doença e férias anuais ou coletivas.  Pagamento integral, aos empregados sem carência do auxílio- enfermidade, de salários, inclusive o 13º, durante o afastamento.  ‘Plr’ de R$ 5 mil, em duas parcelas iguais, uma em julho de 2012 e outra na semana anterior ao carnaval. E pagamento, na rescisão, aos demitidos sem justa causa ou a pedido.  Abono de férias igual ao valor das férias normais.  Cursos de qualificação custeados pelas empresas.  Folga, sem prejuízo salarial, no Dia do Trabalhador da Construção, na terceira segunda-feira de outubro.  Grade salarial das funções.  Pagamento do salário até o último dia útil do mês.  Adiantamento salarial de 40% até o dia 15.  Multa diária de 10% sobre o débito de atraso salarial, incluído o 13º.  Estabilidade de 90 dias no retorno do auxílio-doença.  Na substituição superior a 90 dias, efetivação do substituto no cargo ou função.  Promoção a oficial, em carteira de trabalho, ao meio-oficial na função há mais de 90 dias.  Dispensa do aviso prévio ao trabalhador que conseguir outro emprego ou estiver em vias de obtê-lo.  Plano de saúde hospitalar e bucal integralmente pago pela empresa.  Fim do sistema de trabalho e remuneração por tarefa.  Vale transportes sem custo para o trabalhador.  Convênio com o Sesi.  Garantia das cláusulas vigentes.  Manutenção da data base em 1º de maio.

Cerca de 200 trabalhadores da Termaq paralisaram os serviços de manutenção e recapeamento da Avenida Presidente Kennedy, em Praia Grande, das 7 às 12 horas de 12 de março. Eles voltaram ao trabalho assim que a direção da empresa se comprometeu, com o Sintracomos, a resolver os erros de pagamentos de horas extras, vale-refeição e vale transporte que motivaram a paralisação. Segundo o diretor do sindicato ‘Índio’ José Francisco de Andrade Silva, “os trabalhadores que tiverem dúvidas sobre os pagamentos devem passá-las aos chefes imediatos, pois a empresa assumiu o compromisso de saná-las”.


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‘PLR’ DE R$ 2 MIL

Foi na Terragama Vale Fertilizantes, onde trabalhadores conseguiram finalmente a ‘plr’

B

astou um dia de greve para os 350 operadores de máquinas da empreiteira Terragama TGB, que presta serviços à empresa Vale Fertilizantes, em Cubatão, conquistarem a participação nos lucros ou resultados (plr). Eles paralisaram as atividades às 7 horas de 28 de fevereiro, terça-feira, e fizeram duas assembleias, uma de manhã e outra à tarde, na subsede do Sintracomos. Na assembleia das 17 horas, os trabalhadores aceitaram a contraproposta da empresa, apresentada, às 15 horas, em

negociação com o presidente e o vice do sindicato, Macaé Marcos e Luiz Carlos. Como a empreiteira renovou contrato com a Vale, a partir de 1º de março, os operários receberão a ‘plr’ de R$ 2 mil, em 30 de abril. Se o contrato não fosse renovado, eles ganhariam R$ 1.410 na rescisão. Macaé considerou “uma grande vitória a luta dos companheiros. A reivindicação se arrastava desde o ano passado e foi preciso paralisar as atividades”. Luiz Carlos concorda: “Isso prova que o sindicato é importante instrumento dos trabalhadores”.

Fotos: Vespasiano Rocha

Primeira vitória da nova gestão Grandes assembleias, na subsede cubatense do sindicato, marcaram a primeira campanha vitoriosa da nova diretoria do sindicato, presidida por Macaé Braz

PÉ DA SERRA

Vitoriosa greve na fábrica de cimento Vale-refeição de R$ 13 por dia trabalhado, ‘plr’ de um salário nominal e pagamento dos dois dias de greve. Esses são os principais itens da greve vitoriosa dos 500 operários da empreiteira M Roscoe, que presta serviços In-

tercement. Eles pararam às 7 horas de 6 de março e retornaram ao trabalho na manhã do dia 8, após negociações e assembleias no dia 7. O presidente do sindicato, Macaé Braz,

Presidente e diretoria do sindicato aplaudidos pelos operários da M Roscoe, após greve vitoriosa

ficou “satisfeito” com o resultado: “Conseguimos avanços em pontos como alimentação e ‘plr’. E fizemos a empresa cumprir direitos básicos”. Ele cita o descanso semanal remunerado, normal em qualquer atividade. Conseguiram ainda os holerites antes do quinto dia útil e conta bancária salarial. A instalação de seis sanitários químicos e sete relógios de ponto na área da empresa, também está no acordo. “Chega de andar mais de um quilômetro para ir ao banheiro e fazer fila para bater o ponto”. A empreiteira se comprometeu a resolver, em 30 dias, as péssimas condições da cozinha e refeitório.

que era de R$ 66 por mês, será pago a partir de abril. A primeira parcela da ‘plr’ ficou de ser paga em 10 de abril e, a segunda, em 30 de julho. Para Macaé, “foi uma grande vitória. A empreiteira, contratada pela Camargo Corrêa, instalada no meio da mata, pretendia tratar os trabalhadores como escravos”.

Convênio médico A empresa ficou de implementar convênio médico até 20 de março, para quem tiver quatro meses de casa, e até 1º de maio, para os demais. Os sete trabalhadores da comissão conseguiram 45 dias de estabilidade. O tíquete-alimentação de R$ 13 por dia,

Somag A ‘gata’ Somag, que presta serviços à Intercement, não cumpre o acordo da M Roscoe. Ela é de Minas Gerais, pratica salário de fome e adotou um sindicato fantasma para os trabalhadores. “Vamos acabar com isso”, garante Macaé.

Intercement A InterCement é a nova razão social da Camargo Corrêa Cimentos. Ela reúne a InterCement Brasil SA, a argentina Loma Negra e outras participações internacionais. Quer ser uma das 20 maiores cimenteiras do mundo.


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