Revista Comunidades

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Nº 2/ Jun 2015

NESTA EDIÇÃO

Jovens e os novos formatos da

Comunicação Comunitária

Leia ainda: Bairro Serrinha e a comunicação Virtual/ CUCAs e a formação da comunidade para os meios/ Jovens e a produção de vídeos para a internet / E mais!


EDITORIA

Comunicação comunitária é um tema pertinente. É por esse motivo que, após sete anos, uma nova edição da revista Comunidades foi pensada e se propõe a fazer um passeio entre os principais meios de comunicação que espalham a voz das comunidades por Fortaleza. Desde 2008, quando o primeiro número dessa revista foi lançado, a comunicação comunitária em Fortaleza evoluiu bastante. Os moradores de alguns dos bairros “esquecidos” pela “grande mídia” encontraram espaços democráticos, que lhes permitem mostrar para o mundo o que acontece em seus bairros e que não se torna conhecido. Bons exemplos disso são o “Bairro Serrinha” e o “Portal Messejana”. Duas iniciativas bem sucedidas que surgiram na internet e ajudam a divulgar os bairros homônimos, sendo uma janela dessas localidades. Literalmente. E por que não deixar a internet de lado e abrir as portas das imagens para a comunidade? É o que faz a Fábrica de Imagens, uma Organização Não Governamental (ONG) que apresenta o mundo mágico das imagens para os moradores.

Nas próximas páginas você irá conhecer a Fortaleza das comunidades. Aquela que dá espaço a todos, de norte a sul da cidade. Uma Fortaleza que não repara na simplicidade. Uma Fortaleza que quer apenas se comunicar seja lá de que maneira for. Bom passeio! Expediente: A Revista Comunidades é uma publicação laboratório da disciplina de Comunicação Comunitária do curso de Jornalismo da Fa7. As matérias assinadas não refletem a visão da Fa7 e são de inteira responsabilidade de seus autores. Diretor Geral Ednilton Gomes de Soárez Diretor Acadêmico Ednilo Gomes de Soárez Vice-Diretor Acadêmico Adelmir de Menezes Jucá Coordenador do Curso de Jornalismo Dilson Alexandre Editor responsável: Ismar Capistrano C. Filho (Ce1063JP) Novo Projeto Gráfico Gustavo Freitas Jornalistas: Angela Barroso, Gabriela Neres, Gabriella Maciel, Gustavo Freitas e Rafaella Girão.

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PERSPECTIVAS

COMUNITÁ-

RIAS Pag. 3

A COMUNICAÇÃO EM DEFESA DOS OUTROS OLHARES Pag. 4

SITE LEVA O BAIRRO DE MESSEJANA PARA A INTERNET Pag. 6

VILA DAS ARTES É CONVITE À CULTURA DA CIDADE DE FORTALEZA Pag. 8

SUMÁRIO

Bom mesmo é quando um único lugar oferece à comunidade a possibilidade de conhecer e se comunicar através de vários meios de comunicação. É o que os alunos do Cuca Jangurussu vivenciam todos os dias, quando lhes são apresentados diversas atividades que ensinam a maneira de se comunicar. Na Vila das Artes não é diferente, e lá os jovens realizam atividades ligadas à produção cultural. Um bom caminho para fazer nascer jovens mais interessados por esse meio.

A REDE CUCA E AS NOVAS

BAIRRO SERRINHA É DESTAQUE NAS REDES SOCIAIS Pag. 10


A REDE CUCA E AS NOVAS PERSPECTIVAS COMUNITÁRIAS Por Gustavo Freitas

Os CUCAs, centros de promoção de arte, cultura e lazer, são equipamentos da Prefeitura Municipal de Fortaleza criados para atender jovens e adultos em áreas de vulnerabilidade social. Esses equipamentos estão situados em bairros de maior índice populacional e fácil acesso aos outros bairros de seu entorno, como a Barra do Ceará, o Jangurussu e o Modubim. Esses centros vêm transformando a realidade de muitas pessoas da capital cearense. Os cursos oferecidos, além de formar politicamente jovens e transformá-los em multiplicadores de uma consciência politica nos bairros, forma-os para o uso de equipa“Nosso principal objetivo mentos de copor é acompanhar jovens, municação, exemplo. formando-os, para que Entre todas as se apropriem dos espa- possibilidades oferecidas na ços, dos materiais aqui Rede CUCA, a comudisponíveis e produzam”. revista nidades fez um apanhado sobre o desenvolvimento de atividades voltadas para as questões da comunicação e conferiu a forma como equipamentos como Rádio e TV estão integrando a juventude e gerando interesse nas pessoas. Os CUCAs estão divididos em três diretoria: de Educação, Difusão e Programação Cultural e Promoção de Direitos Humanos. Esta última, é a responsável por formações de promoção da saúde, formação política para participação social juvenil, Comunicação Popular e Economia Criativa. A intenção do equipamento é trazer jovens para seu ambiente e fazer com que eles, através de suas próprias demandas, desenvolvam programações que venham a atender demandas de interesse social, especialmente, que se relacionem com a realidade da comunidade em que vivem. Gecíola Fonseca, Supervisora de Comunicação Popular e Cidadania do CUCA Jangurussu, des-

taca a comunicação como sendo um direito das pessoas e que muitas comunidades, especialmente as mais pobres, não o tem. “Aqui damos voz e vez aos alunos. Nosso principal objetivo é acompanhar jovens, formando-os, para que se apropriem dos espaços, dos materiais aqui disponíveis e produzam. As comunidades dessa região, por exemplo, na maioria das vezes só se veem em programas policiais e as matérias lá transmitidas não descrevem a realidade. O que é produzido aqui sim, o lado bom da rotina comunitária é evidenciado e as temáticas são assuntos de interesse real da população”, disse. Apesar dos CUCAs serem equipamentos de oferecimento de meios e fomento à comunicação, podem se encaixar em características de veículos comunitários trazidas por Beatriz Dornelles no texto Imprensa Local. Através de seus programas de rádio, produzidos pelos jovens da comunidade e das atividades audiovisuais, os CUCAs gera empatia e proximidade com o local no qual está inserido, cria um ambiente de familiaridade através de um resgate de identidades e raízes históricas e culturais e dá margem para a pluralidade e diversidade de expressões. Gecíola Fonseca, entrevista pela Comunidades esclarece ainda que nas formações em rádio, por exemplo, os profissionais não se prendem a roteiros de ensino e notas de aula, pois, preferem deixar o jovem apresentar aquilo que quer aprender e sob qual viés quer trabalhar. Um dos projetos do CUCA Jangurussu é pôr no ar uma rádio com programação fixa. Plano que já está se concretizando. Todas as quartas, os jovens apresentam uma programação de duas horas. As pautas são escolhidas por eles, aplicadas em um contexto comunitário e trabalhadas. Em junho, por exemplo, dois dos temas a serem abordados são: redução da maioridade penal e diversidade, temas que atingem a periferia da cidade com uma forma ainda mais negativa do que é abordada pela grande mídia. 3


A COMUNICAÇÃO EM DEFESA DOS OUTROS OLHARES Por Ângela Barroso

A Organização Não Governamental (ONG), Fábrica de Imagens, com o apoio do Governo do Estado do Ceará e patrocinado pela Petrobrás e Governo Federal, trabalha com ações de promoção da igualdade de gênero e afirmação da diversidade sexual através de formação, produção, difusão na área cultural e de comunicação na fabricação de imagens, vídeos e jogos eletrônicos.

então, pela ação socioeducativa, trabalhar a construção de relações de gênero imparcialmente. Segundo a jornalista Monique Linhares, que colabora na Fábrica de Imagens, a ONG iniciou as atividades com trabalhos e discussão sobre gêneros, nas oficinas realizadas com os pedreiros da construção civil, “ durante as formações eram encaixadas as questões sócio político, gênero, direito da mulher e do combate ao machismo principalmente nesse ambiente tão hostil para as mulheres na construção civil”, disse.

desejamos que aqui seja um espaço comunitário onde os participantes saiam com uma perspectiva maior de emprego na área de comunicação após a conclusão do curso

Tudo começou por uma ação desenvolvida em Fortaleza com o tema “ A face masculina do planejamento familiar”, no período de 1994 a 1997. Esse projeto de pesquisa tinha como objetivo, traçar um perfil do nível de inserção de homens de classes populares (operários da construção civil), na esfera do planejamento familiar e, 4

Após o sucesso desse projeto inicial, a Fábrica de Imagens, viu a possibilidade de trabalhar com a comunicação na realização de cursos de fotografia, audiovisual, jogos eletrônicos e animação3D, nas-


cendo assim o Centro de Arte, Cultura, Comunicação e Novas Tecnologias (CACTO). Essa iniciativa da Fábrica, é patrocinada pelo Programa Desenvolvimento e Cidadania da Petrobras, tendo como objetivo a constituição de um centro de referências em estratégias culturais para promover os direitos humanos com foco nas áreas de gênero, diversidade sexual e juventude. Na Fábrica são realizados quatro cursos por ano, um de cada modelo. As aulas acontecem três vezes por semana, no período de 6 a 8 meses entre jovens de 16 a 19. A preferência é para os alunos de escola ou faculdades públicas não excluindo os particulares, “desejamos que aqui seja um espaço comunitário onde os participantes saiam com uma perspectiva maior de emprego na área de comunicação após a conclusão do curso”, comenta Monique, afirmando que muitos jovens saíram com emprego garantido pois os cursos são constantemente renovados. O diferencial dos cursos realizados na Fábrica, segundo a jornalista, são os módulos sócios políticos realizados antes de chegar na parte prática a mais esperada pelos alunos. Assuntos como direitos humanos, raça, etnia, conflitos geracionais e religião são abordados com os participantes, acontecendo primeiro uma conscientização antes das aulas teóricas e práticas. Além de fornecer gratuitamente todo o material necessário como câmeras, computadores, e toda a parte tecnológica, também são gratuitos as inscrições, transportes e lanche na hora dos intervalos. Para fazer um dos cursos basta preencher um formulário e ao ser selecionado participa de uma entrevista. Outros projetos fazem parte da Fábrica de Imagens. “Outros Olhares” que tem como objetivo formação de futuros educadores, agentes sociais e ativista por meio de eventos, materiais e debates pautados nos direitos humanos, gêneros e diversidade sexual. Já o projeto “Curta O Gênero” se

coloca como uma contribuição para a mudança de mentalidade por meio das produções audiovisuais, documentários e exposição fotográfica mostrados em eventos e simpósios e denunciam neles, as desigualdades e preconceitos contra a mulher, paternidade, classe social e exploração sexual. De forma artística, esses projetos abrem espaços para melhor discutir sobre essas temáticas. São muitos os desafios enfrentados principalmente de estrutura de sustentabilidade e da participação inconstante dos jovens que gera uma grande evasão dos participantes nos cursos, apesar da gratuidade. Porém há sempre uma ideia nova para atraí-los, “usamos da criatividade, da formação humana, acompanhamento nos equipamentos e de bons profissionais para fazermos um diferencial”, garante Marcos Rocha coordenador geral da ONG. Para a estudante Nicole Silva,17 anos e que estuda na rede pública, participar do curso de fotografia está sendo maravilhoso, “em nenhum outro lugar teria uma oportunidade como essa. Já aprendi muito”, diz entusiasmada à espera do primeiro emprego. ------Fábrica de Imagens Rua Odilon Benévolo, 1133, Maraponga – Fortaleza, Ceará. CEP: 60710-715 Telefone(s): 85-34951887 comunicacao@fabricadeimagens.org.br 5


SITE LEVA O BAIRRO DE MESSEJANA PARA A INTERNET PorGabriela Neres Com a expansão da internet o ato de comunicar ficou mais fácil. Qualquer um, em qualquer lugar pode produzir informação e compartilhá-la em segundos. Tudo ficou mais ágil. Essa facilidade também chegou nos meios de comunicação comunitários, que encontraram na web um meio de produção simples, barato e que não exige muitos conhecimentos. Isso simplificou a criação de conteúdos feitos pela comunidade para a comunidade.

O Portal Messejana é um exemplo disso. No ar há mais de oito anos, o site – que é uma iniciativa do Instituto Portal Messejana – é produzido por alguns moradores do bairro de Messejana e tem como objetivo integrar a comunidade dessa região de Fortaleza e produzir um conteúdo direcionado a ela. O instituto, que mantém o site no ar, é uma organização não-governamental e não possui fins lucrativos. O Portal Messejana é considerado, atualmente, o

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maior núcleo de informações sobre o bairro disponibilizado na internet. Com reportagens e artigos que vão desde o histórico do bairro Messejana até pontos turísticos do Ceará, o portal tornou-se conhecido entre os moradores e virou uma ponte entre o poder público e a população. É comum ver na página do Facebook,

O Portal Messejana é considerado, atualmente, o maior núcleo de informações sobre o bairro disponibilizado na internet.”


mantida pelo portal, reclamações sobre ruas esburacadas, esgotos a céu aberto, praças sem manutenção, entre outros assuntos que competem à prefeitura. Uma boa maneira de tornar os problemas do bairro mais visíveis. O Portal Messejana também ajuda a dar destaque ao comércio local com uma aba no site que faz anúncios dos empreendimentos do bairro. “Dentro das propostas do Instituto está a integração da comunidade e o oferecimento de publicidade a baixo custo para o empresariado. Assim, todos são beneficiados. Os empresários e os clientes, que podem consultar os diversos produtos e serviços oferecidos na grande Messejana”, explica a direção do instituto. Outro assunto que ganha destaque no site são os pontos turísticos cearenses. A equipe do portal visita diversos locais e os apresenta através de reportagens no Youtube e fotografias, ajudando a promover o Ceará. O contato com os moradores é constante. O site possui um local para que recados, artigos, reclamações sejam enviados para os administradores. Além disso, o portal está presente nas redes sociais mais comuns como o Facebook e o Twitter, onde a interação se dá por meio dos comentários e bate-papos. Com tantos serviços para a população o Instituto Portal Messejana recebeu reconhecimentos nas esferas federal, estadual e municipal. Em 2012, o instituto foi qualificado, pelo Ministério da Justiça, como Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP). “O reconhecimento do Instituto Portal Messejana como OSCIP significa mais um passo da entidade no sentido de realizar seus projetos de interesse público e de toda a comunidade”, destaca a direção do portal.

Em 2013, a Câmara Municipal de Fortaleza, através do Projeto de Lei n° 0092/2013, reconheceu o instituto como entidade de Utilidade Pública. Já o Governo do Estado do Ceará fez esse reconhecimento em 2014, com a lei n° 15.701. Beleza em destaque O Concurso Garota do Mês Portal Messejana, realizado desde 2012, é um dos pontos fortes do portal. O projeto busca promover a beleza da juventude do bairro e facilitar o acesso profissional das garotas que desejam ingressar na carreira de modelo. A cada mês uma jovem é escolhida como “garota do mês” através de votação na fanpage do portal. A eleita do mês ganha um book fotográfico feito por um parceiro do Portal Messejana e tem suas fotos divulgadas no site. A cada ano, todas as “garotas do mês” participam de um desfile produzido pelo portal onde a Garota Portal Messejana é escolhida. Para Yohanna Furtado, 19, ser escolhida como a Garota Portal Messejana 2014 só trouxe benefícios. “Ganhei brindes, presentes, dia de beleza em alguns salões de Messejana. Ganhei uma viagem pra Guaramiranga, passeios, book com fotos... Reconhecimento também. Digamos que foi uma experiência maravilhosa”, conta a jovem, que passa a faixa para a próxima garota em setembro desse ano. QUADRO SERVIÇO Portal Messejana: www.portalmessejana.com.br Facebook: Portal Messejana E-mail: contato@portalmessejana.com.br

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VILA DAS ARTES É CONVITE À CULTURA DA CIDADE DE FORTALEZA PorGabriella Maciel A Vila das Artes é uma organização pública, que trabalha na área das artes, sendo uma intervenção do espaço urbano de Fortaleza. É um convite às artes, um passeio pela cidade através da cultura. O órgão tem apoio constante da Prefeitura de Fortaleza, vinculado à Secretaria de Cultura, oferecendo à comunidade que participa da Vila “formação, apoio à produção, incentivo a pesquisa e difusão em artes”, como diz Rúbia Mércia, coordenadora da Vila. A Vila das Artes oferta cursos em diferentes formatos e atende diferentes públicos, oferecendo cursos nas áreas de audiovisual, dança, artes visuais e teatro, “sempre na perspectiva de potencializar os processos de criação e abrir espaço para o debate e o pensamento acerca das questões contemporâneas”, explica Rúbia. Rúbia coordena os cursos de audiovisual, e explicou em entrevista que, a Vila das Artes possuí três projetos em audiovisual: Curso de Realização em Audiovisual, Ponto de corte e Núcleo de Produção Digital (NPD).

Os cursos todos são ofertados gratuitamente e para todos os públicos, tendo o curso de Realização de Audiovisual 50% das vagas reservadas para os alunos ou regressos de escolas públicas. O Curso de Realização de Audiovisual tem duração de 2 anos e acontece todos os dias, de 2 às 18 horas. O principal objetivo do curso é formar pessoas capacitadas para realizar projetos audiovisuais, não somente técnicos, mas pessoas capazes de ter um olhar diferenciado para produzir. Os 40 alunos produzem, no final, do que Rúbia chama de cada ciclo, um ateliê com filmes, documentários, apresentações, etc., dependendo do tema do ciclo, e no final do curso, eles apresentam um Trabalho de Conclusão de Curso, um filme feito totalmente por eles, desde o roteiro, passando pelo casting do elenco, produção, filmagem, iluminação, até a edição final. Esses trabalhos podem ser de documentários, ficção científica e expressão contemporânea. O curso trabalha em conjunto com a Universidade Federal de Fortaleza (UFC), e tem seus certificados emitidos pela própria UFC.

O importante é trabalhar em equipe, acolher mais, integrar mais pessoas

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Aberto à toda a comunidade de Fortaleza, o curso lança todo ano um edital público para selecionar seus alunos. Vem de fora do Ceará uma comissão de seleção e o edital se realiza em três fases: Uma prova de português de interpretação de texto, uma prova específica com textos e filmes indicados pela Vila das Artes, e entrevista. Na última seleção, 477 candidatos se inscreveram. Para participar da seleção, basta ter a partir de 16 anos e ter muita vontade de aprender. Já o curso de Ponto de Corte tem duração de 4 meses e forma agentes culturais e exibicionistas independentes de cineclubismo. O principal objetivo do Ponto de Corte é formar coletivos que realizem exibições em comunidades em bairros periféricos e áreas de risco, pensando a cultura de um modo não usual, não comercial, pensar outra forma de cinema, fugindo dos tradicionais filmes blockbusters e apoiando a cultura brasileira.

O público é bastante diverso, precisa ter a partir de 16 anos para fazer o curso, mas tem gente de todo perfil. Tem jovens, adultos e até mesmo professores de escolas públicas, que querem fazer da escola um cineclube. Rúbia conta para a gente o exemplo de Lauro Vieira que entrou no curso logo aos 16 e já tinha seu próprio cineclube desde os 14 anos de idade. O NPD, ou Núcleo de Produção Digital é um programa nacional que tem o apoio da SAV – Secretária de Audiovisual. Ele apresenta cursos de curta-duração, normalmente 20 ou 30horas/aula, e, assim como o curso de Ponto de Corte e o curso de Realização Audiovisual, possui professores locais e nacionais. Com o objetivo de inclusão, o NPD tem cursos para pessoas que estão começando na área, como curso de Iluminação para Cinema, e outros também profissionalizantes. 9


BAIRRO SERRINHA É MODELO DE COMUNICAÇÃO COMUNITÁRIA NAS REDES PorRafaella Girão Em meados dos anos 90, quando se falava em comunicação comunitária, logo vinha à cabeça, os jornais de bairro, as rádios e os folhetins informativos. Hoje, com o advento da internet e um aumento significativo de pessoas com acesso as plataformas digitais, os meios de comunicação utilizados pelas comunidades vão além da TV. Uma pesquisa feita pelo IBOPE em 2014 ,por encomenda do governo,aponta que a internet é o segundo meio de comunicação mais usado,ou seja,o “comunicar local” ou a “voz do povo” pode surgir de uma página no Facebook. E isso é o que vem acontecendo no Bairro Serrinha, a página do Facebook “Bairro Serrinha” vem conquistando os moradores do bairro. Ela surgiu através de uma iniciativa pessoal e hoje, apresenta em suas postagens resultados do cunho econômico, cultural e ideológico da comunidade Serrinha. Elvis Mesquita,30, publicitário e designer em entrevista compartilharam como o Projeto “Bairro Serrinha surgiu, os critérios utilizados nas postagens e o como a população do bairro se beneficia da página. Foi através da disciplina de comunicação comunitária na faculdade, que a página surgiu. Elvis e um grupo de colegas iniciaram um trabalho acadêmico no ano de 2012, que consistia em desenvolver uma forma de comunicação para o seu bairro. No início, foi criado um site e uma página no Face book,como o intuito era só para a obtenção de nota,e a professo-

Uma pesquisa feita pelo IBOPE em 2014 ,por encomenda do governo,aponta que a internet é o segundo meio de comunicação mais usado.

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ra que avaliou a equipe,disse que eles haviam exagerado na produção dos meios de comunicação. Elvis discordou da professora e outros os estudantes não deram muita vazão a página. Seis meses depois,ele faz uma busca rápida e se surpreende com a quantidade de seguidores,eram 300 seguidores disse ele. E foi a partir desse interesse que os moradores do bairro tiveram pela página, que o publicitário, através de um trabalho voluntário, decidiu continuar criando conteúdo informativo para a comunidade da Serrinha. “Não é uma tarefa fácil ter que associar minha vida pessoal ao voluntariado, muitos acontecimentos do bairro podem passar despercebidos, mas geralmente dou sempre um jeito de ir lá cobrir da melhor forma possível.”


Foi através da disciplina de comunicação comunitária na faculdade, que a página surgiu. As postagens se dividem em três categorias, históricas, atualidades e notícias de última hora. “““ “““ “Vai faltar água amanhã tal hora,” Vacinação na principal praça do bairro, tudo isso é noticiado” diz Elvis. Outro ponto importante é a linguagem como o texto das postagens é construído, respondendo as seguintes perguntas: o que, como, quem, quando? para que a informação não deixe dúvidas. A página também se pauta no agendamento cultural do bairro, eventos juninos, intervenções artísticas, cursos promovidos pela associação do Bairro Serrinha, programas sociais, dentre outros. Quando indagado sobre suas principais fontes, Elvis diz não dar credi-

bilidade para fofocas, e burburinhos, e usa informações de jornais locais. “Com “relação ao famoso “achados e perdidos”, não é muito comum,” às vezes alguém perde um cachorro, aí a gente faz uma postagem”. Mas, houve um caso muito interessante, um ex-morador estava residindo em São Paulo e não tinha nenhum contato com a família, que ainda morava no bairro Serrinha. Então, foi feito uma postagem contando a história dele e a página possibilitou esse reencontro, isso foi muito gratificante e é por acontecimentos como esses, que o administrador da página Bairro Serrinha continua com seu trabalho voluntariado. 11



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