Festas Nossa Senhora de Guadalupe-Samora Correia

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foto arquivo O MIRANTE

FESTA. As largadas de toiros levam milhares de pessoas às ruas de Samora Correia

Procissões, espectáculos tauromáquicos e música nas festas de Samora Correia P

rocissões e largadas de toiros são os principais atractivos das festas em honra de Nossa Senhora de Guadalupe em Samora Correia, concelho de Benavente. Os festejos decorrem entre esta quinta-feira, dia 13, e dia 17 e abrem com uma entrada de toiros com campinos e lavradores a cavalo às 19h00. Duas horas e meia depois decorre o cortejo a acompanhar as imagens de Nossa Senhora de Guadalupe e de S. João Baptista, até à Igreja Matriz de Samora Correia a anteceder a procissão do Senhor Jesus da Igreja da Misericórdia. Nos dias em que decorre a festa há ainda as procissões no domingo, dia 16, da Nossa Senhora de Alcamé (16h00) e no mesmo dia um cortejo com todas as imagens (18h00) pelas ruas de Samora

Correia. No dia seguinte realiza-se às 20h30 a procissão do Senhor Jesus da Igreja Matriz para a Igreja da Misericórdia. A população e os visitantes podem também divertir-se com as largadas de toiros, na sexta-feira às 10h00 e na terça-feira, 17 de Agosto, às 2h15. As entradas de toiros são nos dias 13 e 14, às 19h00, e nos dias 15 e 17, respectivamente às 1h30 e 18h30, sempre com a participação de campinos e lavradores a cavalo. As actividades tauromáquicas completam-se com um espectáculo taurino na praça de toiros na sexta-feira às 22h30 e com a passagem de toiros no sábado, às 18h30, pela avenida “O Século” e na segunda-feira, às 9h30, pelo Largo 25 de Abril. Todos os dias há animação musical,

a começar esta quinta-feira com Dário, Miguel e André e um tributo a Tony Carreira (22h00). No dia seguinte há rumbas, sevilhanas e flamenco (22h30). No sábado há um festival de folclore às 21h30, meia hora antes da noite da sardinha assada no Largo 25 de Abril com sardinhas, pão e vinho à descrição. Pela noite dentro há fado amador e um arraial popular com o duo MC. A noite de domingo reserva um espectáculo com Tiago Ribeiro e Lucas & Mateus. No dia 17, a encerrar, há mais um arraial popular às 22h00 com o grupo Hp+

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População de Samora Correia não permite retirada de nenhum andor Padre alerta para o facto de a procissão não poder ser vista como um espectáculo Na procissão participam andores com 17 imagens. O pároco acha um exagero e diz que a mesma não pode ser vista como um espectáculo. A organização conseguiu apoio da Arquidiocese de Évora e este ano ainda saem os santos todos. Para o ano logo se vê.

“T

Nelson Silva Lopes

irar a Nossa Senhora de Fátima da procissão, seria matar esta procissão”, quem o diz é Maria Gomes que há 40 anos participa na procissão integrada no programa das Festas em Honra de Nossa Senhora de Oliveira e de Nossa Senhora de Guadalupe, em Samora Correia. Este ano, a paróquia sugeriu uma redução no número de andores com imagens de santos, alegando “não fazer sentido ter imagens, cujo significado se confunde”. Segundo o padre Joaquim Pinheiro, a ideia era “purificar a procissão porque Nossa Senhora há só uma”. No cortejo participam Nossa Senhora da Oliveira, Nossa Senhora de Guadalupe, Nossa Senhora da Conceição e Nossa Senhora de Fátima, entre outras. Para além delas há andores com São João Baptista, São Pedro, Santo

No Porto Alto a procissão foi reduzida à padroeira Senhora de Guadalupe A população de Samora Correia foi alertada para a possibilidade de ter uma procissão reduzida há alguns meses, mas a polémica ganhou forma quando nas festas de Porto Alto, a 19 de Julho, saiu apenas a imagem de Nossa Senhora de Guadalupe, padroeira da localidade, em vez das cinco imagens habituais. Os contactos entre a comissão de festas de Samora e os responsáveis da paróquia intensificaram-se e depois de várias reuniões nasceu o consenso. “Isto não podia ser de outra forma. Temos direito à nossa procissão”, refere Carlos Costa.

António. São 17, no total. O actor Joaquim Salvador, um dos responsáveis pela ornamentação dos andores e organização do cortejo não aceita a intenção da Igreja e incentiva o povo a não deixar morrer uma tradição. “A nossa procissão é única. Há pessoas que há mais de 50 anos pagam as suas promessas neste momento junto da Nossa Senhora de Fátima e agora de um momento para o outro não podem tirar a imagem”, defende. O padre Joaquim Pinheiro recorda que em Maio há a procissão de Nossa Senhora de Fátima onde os crentes podem pagar as suas promessas e cumprir os seus rituais. O sacerdote considera que a procissão é um momento de encontro com Nossa Senhora e não deve ser encarada como um “espectáculo” que valoriza o programa das festas. “Muitas pessoas vêem a procissão como um desfile de santos e não é este o significado”, insiste. A comissão de festas reuniu várias vezes com os responsáveis pela paróquia e depois de uma exposição feita à arquidiocese de Évora, garantiu na sexta-feira que a procissão vai seguir os moldes habituais. “Chegamos a um entendimento” disse a O MIRANTE Teodora Coutinho, vice-presidente da Associação Recreativa e Cultural

FÉ. Procissão reúne mais de cinco mil fiéis no domingo Amigos de Samora e responsável pelas actividades religiosas na festa. A “cedência” da Arquidiocese foi só para este ano, mas os responsáveis pela festa admitem que se possa prolongar no tempo. “Os responsáveis pela igreja não tinham a noção da importância que a procissão tem. Para além dos andores participam os campinos e cavaleiros em homenagem à Senhora de Alcamé, a banda de música e a fanfarra dos bombeiros de Samora Correia. Muitos crentes ainda vestem o melhor fato para participar num momento de profundo

foto arquivo O MIRANTE

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silêncio que ao longo de quase duas horas percorre algumas ruas da nova cidade. É a fé que nos move”, remata Lurdes Bento


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Tradição dos casamentos em Samora Correia já não é o que era “De Véu e Grinalda” recorda tradições dos anos 30 aos anos 80

No Palácio do Infantado, em Samora Correia, Benavente, estará em exposição até Novembro mais de meio século de histórias de amor. “De Véu e Grinalda” mostra como eram os casamentos desde os anos 30 aos anos 80 e convida a descobrir tradições morais, culturais e sociais que já se perderam.

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TRADIÇÃO. Piedade Salvador recorda como os casamentos eram diferentes do que são hoje

Recordar um casamento dos anos 50 Felismina Machado Pederneira casou com António Pederneira em 1957, a três dias do marido fazer 30 anos. Têm uma diferença de 9 anos e meio. Hoje Felismina tem 74, António já soma 83. São ambos de Samora Correia e conhecem-se “desde sempre”, dos bailaricos da terra e das saídas da banda. “Por causa desta diferença de idade, ele teve de esperar que eu crescesse”, diz Felismina com um sorriso. Os pais só souberam da relação quando o namoro começou. Mas na altura era completamente impensável dar beijinhos em público ou outras demonstrações de afecto. Por isso o casal escapava para uns eucaliptais que existiam ali perto. “Antigamente íamos passear ali para os eucaliptais. Não havia beijinhos na rua. Nunca, nem quando a gente namorava, porque havia muito respeito pelos pais. Hoje quando vejo essas coisas fico parva”, recorda a O MIRANTE. Em 1957 havia em Samora Correia “uma senhora que fazia casamentos, chama-

da Clotilde, que já faleceu”. Clotilde preparava tudo o que tivesse a ver com o “rancho”, sempre melhorado para o dia da boda. “Era a principal refeição da nossa vida e convidavam-se apenas os amigos mais íntimos” conta Felismina Pederneira. Também ela distribuiu pelas vizinhas um prato de arroz doce, numa bandeja, para receber alguns presentes. “Mas eram coisas insignificantes, como um copo ou um prato, porque a vida era muito dura e as pessoas muito pobres. Hoje em dia fazem-se grandes casamentos mas não pagam. Pedem dinheiro ao banco para fazer figura”, lamenta. A mulher não levou grinalda e as flores tiveram de vir de Lisboa porque não havia florista em Samora. Diz que não se lembra de nada que o padre disse. “Estava muito nervosa na altura”. Em 1957 o casal optou por uma lua de mel em Lisboa, na casa de familiares. Nada de hotéis. “Foi muito bom, fomos ver todas as revistas que havia em Lisboa, com o Vasco Santana e outros. Corremos todos os cinemas e teatros”, diz com orgulho. “O ser humano foi sempre igual. As raparigas de hoje não são mais ou menos desavergonhadas que as dos anos 50. O respeito é que é diferente, bem como a educação”, remata.

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Filipe Matias

as décadas de 30 e 40 a boda demorava meses a preparar e envolvia uma vasta comunidade, desde amigos a vizinhos que moravam paredes meias com os noivos. A cama da noiva tinha de ser feita por uma casada e uma viúva, “para dar sorte”. As damas de honor eram fundamentais para iludir Satanás e afastá-lo da verdadeira noiva. A festa durava dois dias e era realizada com afinco. Todos os pormenores eram tidos em conta: as loiças, a comida feita em casa, a carroça enfeitada, o tecido das luvas cozido à mão, os vestidos simples e a preparação da grinalda, muitas vezes emprestada ou alugada. Dias antes do casamento, a noiva distribuía pelos vizinhos uma taça de arroz doce, que depois era devolvida com um presente. Os tempos eram difíceis e de grande sacrifício. Samora Correia era ainda uma zona de grande ruralidade. Porém, no dia da boda, não podia faltar boa comida e vinho. Para muitos, era a festa mais importante de toda uma vida. Recordar mais de meio século de histórias de amor de Samora Correia é a proposta da exposição “De Véu e Grinalda – Casamentos de outrora, momentos de sempre”, inaugurada a 13 de Agosto. Patente ao público estará uma reunião de elementos visuais que permitem descobrir ou recordar momentos que marcaram para sempre a vida de jovens rapazes e raparigas. Para além da réplica

Casamento triste mas com final feliz Casar antigamente era diferente. Mais diferente ainda era namorar. Quem o recorda é Piedade Salvador, natural de Samora Correia, que casou em 1970 com João Casquilho, com quem ainda reside. Hoje com 60 anos, Piedade diz que a vida era diferente e dura naquele tempo numa terra rural de gente humilde. “Havia pouca liberdade e muitas restrições. O meu marido começou logo a procurar-me quando eu tinha 14 anos mas os namoricos eram às escondidas, naquele tempo devíamos muito respeito aos nossos pais”, recorda a O MIRANTE. Apesar de tudo os jovens já eram atrevidos naquele tempo e Piedade garante que “já era rara a moça que ia pura para o casamento” ao contrário do que os pais pensavam. O casamento de Piedade acabou por ficar marcado pela

de um imponente bolo de casamento que estava na moda nos anos 80, “De Véu e Grinalda” mostra ainda 20 vestidos e 80 fotos cedidas pela população da cidade. O espaço, decorado com frases de pensadores e poetas, explica ainda velhos rituais associados ao casamento que hoje já se perderam, como é o caso do enxoval de casamento. “Esta exposição tem a ver com o casamento, que era uma das grandes festas da família aqui da zona. Naquele tempo o casamento tinha uma importância muito maior do que actualmente porque as pessoas iriam partilhar o resto da sua vida com a outra. Queremos fazer um breve historial dos casamentos em Samora. Nos anos 30 e 40 pouco muda, apenas as ementas, e estamos a falar dos pratos mais ricos e nobres de cada zona. A canja era fundamental. Entretanto foram-se mudando os pratos e o mito do casamento. Perdeu-se o ritual”, refere Joaquim Salvador, responsável pelas exposições do espaço do Palácio do Infantado. A exposição é particularmente rica em fotos e elementos dos anos 60 e 70, altura em que se viveu o apogeu dos casamentos católicos. É nesta altura que começam a ser alugados automóveis para transportar os noivos e é quando o copo de água começa a ganhar maior relevância. Até então o casamento era uma festa de família, aberta apenas aos amigos mais íntimos. A grinalda suporta o véu e a sua tradição vem desde a antiguidade. Os gregos usavam-na como sinal de virgindade e pureza. Desde 1938 até 1980 o casamento em Samora Correia é um dos marcos da organização da rede social da comunidade. “Dos velhos álbuns de família até às paredes do Palácio, o desafio é embarcar numa viagem pelo tempo para compreender as diferentes evoluções morais, culturais, sociais, religiosas e até económicas da comunidade”, refere Joaquim Salvador. A exposição pode ser visitada gratuitamente até ao mês de Novembro

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morte do seu pai, três meses antes da cerimónia. O tempo chuvoso não ajudou a vincar um sorriso na noiva, que em quase todas as fotos está triste. “Não houve grande festa, houve só cerimónia religiosa, estava um dia chuvoso e eu ia triste. Não apenas pela morte do meu pai mas porque sabia que ele adoraria levar-me ao altar”, recorda. Foi a sua sogra que preparou um bolo e uns petiscos “mais avantajados” para a época. Olhando para trás diz que o casamento tem corrido muito bem e até defende a forma como os jovens de hoje se relacionam. “As pessoas de hoje conhecem-se melhor e se a coisa não der cada um segue o seu rumo. Há muitos casamentos de pessoas que ficaram agarradas a outras por causa de hábitos antigos e que acabaram por sofrer uma vida inteira a aguentar o casamento, coisa que as moças de hoje não suportam e eu concordo plenamente”, conclui.


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Enrolar quadrados de papel aos serões de Agosto Quermesse da festa de Samora Correia é organizada graças à carolice de voluntários

foto O MIRANTE

PRÉMIOS. Até ao dia da festa os objectos são guardados num armazém

Uma bicicleta e um leitor de dvd. Uma panela e roupa interior. Há de tudo nas rifas premiadas da quermesse da festa de Samora Correia.

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Ana Santiago

durante as reuniões de direcção da ARCAS - a Associação Recreativa e Cultural Amigos de Samora - que são enroladas grande parte das rifas vendidas na quermesse durante os cinco dias da festa em honra de Nossa Senhora de Guadalupe. Foi o que aconteceu na última noite de sexta-feira. “Faz bem para eliminar o stress e ajuda a tomar decisões difíceis”, explica com um sorriso Lucinda Martins, 52 anos, secretária da direcção e uma das responsáveis pela organização da quermesse. À medida que chegam os elementos da direcção da associação, que todos os anos organiza a festa de Samora Correia,

concelho de Benavente, os papelinhos dispersam-se entre dedos – do presidente à secretária. Polegar e dedo médio deslizam sobre o quadrado de papel até enrolar a ponta. O papel ganha contorno de canudo e é dobrado ao meio para não soltar. “Nunca experimentou?”, pergunta Lucinda Martins oferecendo um papelinho. O trabalho quase inconsciente e mecânico de enrolar rifas também é contagioso. “Um comerciante veio pagar um terrado à sede e entreteve-se a enrolar enquanto esperava”, conta com humor a secretária. No total a tarefa envolve mais de dez voluntários. Todos os dias, tal como outros elementos da associação, Lucinda Martins, residente no Porto Alto, educadora de infância reformada desde Maio, senta-se no sofá, à espera que o sonho venha, enrolando rifas brancas. A balança de precisão, na sala de reuniões da associação, serve para contabilizar o volume (por quilos) de rifas já fabricadas.

Os papéis premiados são depois misturados matematicamente para que todos os dias seja possível atribuir uma média de 800 prémios. O trabalho de organização da quermesse começou em meados de Maio com uma primeira abordagem por escrito às empresas. Depois seguiu-se o contacto telefónico a pequenas e grandes firmas. Os particulares são convidados pessoalmente a participar com objectos. Até ao dia da festa os objectos são reunidos num armazém, próximo do recinto onde ficam instaladas as duas barracas de madeira da quermesse, para facilitar o transporte. E há de tudo: bicicletas, leitores de dvd, panelas, fritadeiras, bijutaria, decoração de interior para todos os gostos, tampos de sanita, gravatas, roupa interior e até sapatos que ficaram do ano anterior oferecidos por um comerciante chinês. A secretária da ARCAS está pelo segundo ano consecutivo com a responsabilidade da quermesse. Mas mais do que enrolar papelinhos ao serões de Agosto, vender rifas na quermesse e distribuir prémios - entre as 21h00 e as 2h00 - Lucinda Martins gosta da possibilidade de conhecer pessoas durante a atarefada missão de angariar os prémios para enfeitar as prateleiras do bazar de uma tradicional festa de Verão

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Projecto de recuperação da Igreja de Samora Correia vai custar 27 mil euros A Câmara Municipal de Benavente vai financiar metade do custo do projecto da primeira fase de restauro da Igreja Matriz de Nossa Senhora de Oliveira, Samora Correia, orçado em cerca de 27 mil euros. O presidente da Câmara Municipal de Benavente, António José Ganhão, considera que se justifica avançar com o projecto tridimensional apesar de representar custos mais elevados. “Neste caso o caro poderá ser o mais barato”, referiu o autarca na última reunião do executivo, alertando para a necessidade de corresponder às exigências do IGESPAR – Instituto de Gestão do Património Arquitectónico e para potenciar o aproveitamento de fundos comunitários no âmbito da Sociedade de Reabilitação Urbana da Comunidade Intermunicipal da Lezíria do Tejo. “O facto de se detectarem eventuais fissuras e fragilidades com rigor permite ganhos”, ressalva o autarca. O valor, que corresponde a uma estimativa de custos com base nos dados disponíveis, foi avançado pela Comissão de Obras de restauro da Igreja Matriz de Samora Correia que foi aconselhada a efectuar um levantamento do edifício, que não existe, sobre o qual se possa trabalhar o projecto. O autarca lembra que é necessária a intervenção ao nível do telhado da igreja para depois se pensar na restante intervenção. O projecto para a segunda fase de restauro do monumento, que irá incidir na reabilitação de coberturas e das fachadas, deverá custar 17.100 euros. Metade do valor será igualmente suportado pela Câmara Municipal de Benavente. O edifício da Igreja Matriz de Samora Correia foi um dos monumentos do concelho afectados pelo terramoto de 1909. António José Ganhão lembra que as obras que se efectuaram ao longo do tempo foram muito pobres. O vereador independente José Neves concordou com a proposta de atribuição do apoio à realização do projecto, salientando que dada a especificidade do edifício o assunto deve ser tratado com cuidado.


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População aplaude elevação de Samora Correia a cidade Samora ganhou em ser cidade, mas faltam equipamentos António Chaparro, 24 anos, empresário Natural de Samora Correia, António Chaparro, empresário, 24 anos, teme que a elevação

Os samorenses gostaram de ver a sua terra elevada ao estatuto de cidade. Ainda assim não esquecem as reivindicações próprias de uma metrópole: construção de um hospital, escolas e mais serviços públicos. Há também quem tema um aumento de impostos no curto prazo.

a cidade venha a representar um aumento de impostos para comerciantes e lojistas. O facto de Samora ser já cidade e ainda não ser sede de concelho também merece críticas. “Não percebo como na assembleia estiveram todos de acordo para cidade e anteriormente não tiveram para concelho. Acho que Samora ganhava mais em

As gerações futuras é que vão beneficiar Carlos Crespo, 64 anos, comerciante Carlos Crespo, 64 anos, comerciante de Samora Correia, diz que só o tempo dirá se a elevação da vila a cidade

A mudança ocorreu só no papel Norberto Cruz, 70 anos, comerciante Norberto Cruz, 70 anos, nascido nas Fontainhas, Porto Alto, mesmo às portas de Samora Correira, chegou a

ajudar a recolher assinaturas para fazer do Porto Alto uma freguesia mas não conseguiu. Entretanto Samora Correia foi elevada a cidade. “Para a juventude a elevação de Samora a cidade poderá vir a ser boa, até agora não se notou nada de especial”, lamenta. O negócio vai fraco por causa da crise. Para o comerciante

Uma nova cidade sem câmara municipal

Virgílio Costa, 78 anos, comerciante Virgílio Costa, comerciante, 78 anos, é um assumido bairrista e apaixonado por Samora Correia. O estatuto de

será benéfica “como muitos dizem”. O proprietário de um minimercado garante que a elevação a cidade “até agora trouxe poucos benefícios” ao nível do negócio. “Para as gerações futuras é possível que venha a ser melhor se o clima económico ajudar. Mas o negócio tem de melhorar em vários ramos. Primeiro na crise que

Manuel Fernandes, 64 anos, já vive no Porto Alto há 55 anos. Veio trabalhar cidade é motivo de orgulho, mas o comerciante lamenta que a maior freguesia do concelho de Benavente não seja ainda sede de concelho. “Para mim, ao contrário do que algumas pessoas dizem, ser lugar, bairro, aldeia ou vila não é o mesmo que ser cidade. Apesar de sermos uma das grandes freguesias deste

país e com um grande desenvolvimento ainda temos de ir a Benavente para tratar de vários assuntos”, refere. Para este comerciante a cidade só peca por três ausências: serviço de finanças, registo civil e escola secundária. “Ainda gostava de ver Samora voltar a ser concelho outra vez”, remata.

Cidade precisa de um hospital e escolas equipadas Maria Salvador, 44 anos, comerciante Maria Salvador, 44 anos, comerciante, diz lembrar-se dos tempos em que Samora Correia, onde nasceu e cres-

estamos a passar”, defende. “Com a idade que tenho não me recordo de ver uma crise assim em Samora. Vivi trinta anos em ditadura. Nessa altura viam-se poucos a roubar e segundo me consta Salazar não deixou fortuna aos familiares. Agora estes políticos entram para o Governo pobres e saem ricos...”, lamenta.

“muito mudou nos últimos anos em Samora Correia”, apesar da mudança ter sido feita principalmente “só no papel”. O comerciante confidencia que a elevação a cidade acarreta também um maior número de responsabilidades para todos os que moram nas proximidades.

com outras pessoas para a zona de Samora Correia e há 30 anos que trabalha por conta própria. A elevação de Samora a cidade não traz quaisquer benefícios no imediato. “Não vejo o que vá mudar em Samora. Os políticos até devem ter uma ideia diferente. Não

Manuel Fernandes, 64 anos, comerciante

O velho sonho de ser sede de concelho

ser concelho primeiro e depois cidade. Falta-nos um tribunal, finanças, loja do cidadão e um hospital”, refere. O empresário lamenta “a construção desenfreada” que tem ocorrido na cidade e acredita que se o clima económico melhorar “a elevação de Samora a cidade vai ser bom e todo o comércio vai beneficiar”, conclui.

ceu, era “uma vila pacata” em que não acontecia nada. Para esta comerciante a elevação de Samora a cidade não trouxe consigo grandes diferenças. “Neste curto espaço de tempo não noto nada, continua tudo igual. Como cidade está tudo na mesma”, refere. Apesar de tudo diz que dá gosto viver em Samora, seja como vila

vejo porque passou a cidade. Nem tem aspecto disso”, lamenta. Para ser cidade Samora Correia deveria ter finanças e câmara municipal para evitar que as pessoas se desloquem a Benavente. “Embora existam extensões de vários serviços não é a mesma coisa”, lamenta.

ou cidade. “Samora é sempre Samora”. Ainda assim assegura que o estatuto de cidade poderá ser positivo para as futuras gerações. “Gostava que não tivesse só o nome de cidade, mas também infraestruturas, como um hospital e escolas melhor equipadas. Mas acho que vamos lá com o tempo”, conclui.

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