Relatório Executivo - Hartmann Mapol - Junho de 2002

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de 33 anos que se afastou, os dirigentes sindicais afirmam que há dezenas de outros trabalhadores na mesma situação na Mapol. No que se refere ao trabalho da CIPA na Mapol, a empresa respeita a legislação trabalhista que a regulamenta. No entanto, segundo os cipeiros da empresa: - afirmam não haver manutenção preventiva dos equipamentos, principalmente daqueles que geram os acidentes mais freqüentes (corte nos dedos); - apesar de haver medição periódica de ruídos, a empresa não faz manutenção preventiva nos equipamentos; - todos os trabalhadores demitidos e sindicalistas afirmaram haver problemas de mau cheiro, barulho excessivo, iluminação e temperatura inadequada, elevada umidade e falta de ventilação nas respectivas seções onde trabalham ou trabalharam; desses problemas a CIPA tem conhecimento mas praticamente não encaminha nada que a empresa não aceite ou permita. Os dirigentes e trabalhadores cipeiros relataram que grande parte das sugestões de melhoria não é sequer registrada nas atas por ordem e desconsideração da empresa e de seus representantes na CIPA. Há três exemplos dessa prática apontada pelos depoimentos registrados: Há problemas de longa data com a falta de ventilação na sala utilizada para a pesagem da anilina, um pó químico utilizado na preparação das tintas. Foi encaminhado pedido formal de abertura na sala (janela) para ventilação e o pedido foi desconsiderado pela CIPA. Outro problema é a necessidade de colocar um potenciômetro no painel das máquinas para evitar os constantes choques sofridos pelos operadores no momento de ligá-las/desligá-las. Na expedição, outro problema apontado é o fato de não haver segurança ao se lonar a carreta (colocar uma lona por cima). O trabalhador que faz o lote da produção sobre a carreta é obrigado a subir na carga para cobri-la. Há relatos de acidentes com trabalhadores que caíram de cima do caminhão. Portanto, há o pedido de que seja instalado um cabo de segurança (de aço). Segundo os dirigentes e trabalhadores da Mapol, essa melhoria já foi implantada em Montes Claros (MG) há meses, mas ainda não foi executada em Sorocaba. LER/DORT Da mesma forma que o relatório Mapol 2001, o tema da LER/DORT continua a ser o grande problema relativo aos direitos sindicais e trabalhistas básicos, consagrados internacionalmente pelas Convenções e Recomendações da OIT. Como o primeiro relatório havia apontado, a Mapol é a empresa campeã na produção de trabalhadores doentes por LER. Todas as outras empresas da região de Sorocaba, do setor papeleiro, apresentam um quadro em que a doença está sob controle. Entre 1993 e 2001 (maio), foram 204 trabalhadores que adquiriram a doença profissional. Em sua grande maioria, são mulheres. Esse número tão expressivo de trabalhadores doentes tem uma explicação: máquinas trabalhando em ritmo excessivo, onde trabalhadores (ajudantes, operadores, etc.) são submetidos a processos rígidos de desempenho de tarefas por longos períodos, sempre com o objetivo de cumprir metas e atingir os resultados esperados pela direção da empresa. Nesse contexto, os trabalhadores estão expostos a posturas inadequadas, gestos repetitivos, esforço contínuo com braços e punhos por horas seguidas, esses os fatores causadores de LER na Mapol, segundo depoimento dos entrevistados (dirigentes sindicais e trabalhadores de base demitidos). A empresa demorou a admitir que produzia a doença ocupacional entre os seus empregados. Hoje, há um procedimento padrão para os lesionados que é insuficiente para a resolução e encaminhamento adequado do problema. Observatório Social – Relatório Executivo de Observação

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