Relatório Executivo - Hartmann Mapol - Junho de 2002

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5. ANTECEDENTES DA EMPRESA A empresa dinamarquesa “Hartmann”, proprietária da MAPOL no Brasil, foi fundada em 1917 e é produtora especializada em embalagens em polpa moldada , feita de papel reciclado (na Europa). Seus produtos incluem embalagens para ovos, frutas e alimentos assim como embalagens industriais feitas sob medida. Hartmann opera em nove países, tem 2.100 empregados, vende em 15 países e administra licenças em 36 países. No Brasil a MAPOL opera desde os anos setenta, tem duas plantas, uma na cidade de Sorocaba (um centro industrial de meio milhão de habitantes perto da cidade de São Paulo - SP). A outra unidade está situada em Montes Claros (pequena cidade do estado de Minas Gerais - MG). Ambas unidades têm produtos similares. Embalagens de ovos e frutas são exportadas para outros países do Mercosul. Os trabalhadores da MAPOL são representados pelo Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias de Papel, Papelão, Cortiça e Artefatos de Papel de Sorocaba e Região (STIP – em torno de 10 cidades). São em torno de 18 empresas centradas na produção de polpa e papel na região. Em abril de 1993, o STIP iniciou um projeto para avaliar a saúde dos trabalhadores das empresas na região de Sorocaba. A MAPOL teve as piores condições entre as 18 empresas. Aprofundando o estudo, o STIP identificou que muitos dos trabalhadores sofreram de LER/DORT na unidade da MAPOL. Desde então, o STIP vem desenvolvendo ações que buscam reverter esse quadro. Em 1993/94, o problema foi levado ao conhecimento do ministério do Trabalho e à Procuradoria do Trabalho. Até o consulado dinamarquês foi procurado em São Paulo, mas o sindicato não obteve qualquer resposta. Depois de inúmeras denúncias, a Mapol fez acordo judicial e se comprometeu a baixar o ritmo das máquinas para diminuir a incidência de lesionados. Em 1995, o médico da empresa Mapol, que diagnosticava os sintomas da doença, foi denunciado no Conselho Regional de Medicina (CRM). Esse médico, em resposta às queixas das mulheres com dores, dizia que o motivo era o fato delas “lavarem roupa nos tanques” em suas residências. Em 2000, esse médico foi punido pelo CRM e formalmente demitido pela Mapol. Depois de mais de 2 anos de denúncias e ações do STIP, a Mapol finalmente reconheceu a existência de trabalhadores com LER e propôs um programa de melhoria das condições de trabalho em sua unidade em Sorocaba. Em 1996, o programa não foi implantado e o STIP enviou seu próprio médico à Dinamarca com o objetivo de mobilizar entidades na Europa para pressionarem a Mapol no Brasil a mudar seu comportamento junto aos trabalhadores. No momento em que aconteceu a viagem do médico do sindicato à Europa, o STIP contabilizava 104 portadores de LER (Lesão por Esforço Repetitivo) , de um total de 600 funcionários da empresa, 17,3% dos empregados. Nesse período, o acionista controlador da Mapol, a companhia East Asiatic, vendeu sua participação para a empresa dinamarquesa. Depois de período de dificuldades financeiras, o STIP reiniciou a ação sindical junto à Mapol. Em início de 2001, aumentaram novamente os casos de LER na empresa, são agora 190 trabalhadores, um aumento de quase 100% em comparação a 1996. Em maio de 2001, já eram 204 casos, a maior parte deles afastados, de um total de aproximadamente 300 trabalhadores em atividade na empresa. Os 204 casos são contabilizados pelo STIP, ou seja, são trabalhadores que foram diagnosticados pelo médico do trabalho do sindicato. Há inúmeros outros casos, de trabalhadores da ativa, que são tratados pela própria empresa e a ocorrência ainda não chegou ao conhecimento do sindicato em Sorocaba. Dessa forma, estima-se que o número de lesionados por LER é ainda maior. Observatório Social – Relatório Executivo de Observação

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