The Portuguese Tribune - October 1st 2013

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QUINZENÁRIO INDEPENDENTE AO SERVIÇO DAS COMUNIDADES DE LÍNGUA PORTUGUESA

1ª Quinzena de Outubro de 2013 Ano XXXIV - No. 1164 Modesto, California • $2.00 / $45.00 Anual

Faleceu um bom líder comunitário

Nova CIO e VP de IT do Grupo Specialty Surgery da J & J

Helter Martins

Pág. 10

Lúcia Soares

Pág. 7

Joana Carneiro will be leading Berkeley Symphony in their season opening performance on Thursday, October 3.

Pág. 14 a 18

João de Brito em Exposição

Sugestões

• Fadalistas na California, • Out. 4, 5, 6 • São Martinho na Raymond Burr Winery, Out. 5 • Jantar de Homenagem ao Presidente da PFSA, Out. 4 • Festa em Thornton 18-21 Out • Festa em Hilmar 25-27 Out. • Festa em Tracy 26-27 Out.

Center Street Grill: Presents the works of artist João de Brito during the full month of Oct. 2013. João's most recent series of landscapes paintings are full of color, joy and dialogue. Featured painting: “Horse Country” 48×42 Oil on canvas. Center Street Grill 1001 Center Street Santa Cruz, CA 95060

www.portuguesetribune.com • portuguesetribune@sbcglobal.net


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SEGUNDA PÁGINA

EDITORIAL

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ual é a definição de música? Quando alguém definiu música há muitos séculos, nem sonhava que o seu significado e a sua força se alterasse tão drásticamente durante os séculos que lhe seguiram. Hoje a música além de ser um conjunto de sons, é também um conjunto de amizades. Basta ver o que aconteceu na semana passada em New Bedford onde um grupo musical terceirense constituido há 48 anos, reuniu à sua volta mais de 250 pessoas para não só ouvirem a sua excelente musica mas com um propósito ainda maior ver, rever e fazer novas amizades. E é por isso que a musica está ligada umbilicalmente à amizade. Na nossa edição anterior um dos nossos colaboradores contou a história deste sensacional conjunto de musicos que vivendo em Portugal Continental, Açores, USA e Canadá resolvem quase anualmente encontrarem-se quer aqui quer na Terceira para dar alento à saudade e para juntarem amigos que não se viam há 45 anos. Foi uma experiência enriquecedora para todos e esperemos que esta mesma sensa-

A Música une

1 de Outubro de 2013

ção de regresso ao passado possa ser feita em 2014 na California. Aos Sombras devemos essa noite rica de amizade e de boa música. Não nos esqueceremos jamais. A nossa estadia na Costa Leste durante 9 dias (ver fotos nas pág. centrais) mostrounos a realidade de certas zonas outrora ricas e hoje sofrendo da crise não só económica/financeira mas também causada pelas regras ambientais que para muita gente é considerada demasiada e custosa para milhares de famílias, especialmente a piscatória. Ver milhares de traineiras a enferrujarem encostadas às docas é triste e não sabemos que futuro terão aquelas terras que sempre viveram da pesca e do mar. Pelo contrário, vimos uma Boston e New York ricas, cada vez com mais gente, cada vez mais procuradas pelos turistas de todo o mundo. Impressionante mesmo a transformação de Boston, que realmente merece uma visita mais demorada. Também de referir as zonas marítimas de toda a costa

que continuam a viver numa maneira clássica, com toda a sua beleza natural.

Acabaram há pouco as eleições municipais em Portugal. Como se previa, o povo manifestou-se contra as políticas do partido do Governo, castigando-o muito duramente. Mesmo na Madeira houve mudanças, num território dominado por Alberto João Jardim há mais de trinta anos. Nos Açores a maior novidade aconteceu nas Velas, São Jorge, onde o candidato do CDS ganhou a Câmara. Pela primeira vez candidatos independentes ganharam Câmaras importantes, tais como a do Porto. É uma lição importante para os partidos políticos que muitas das vezes perdem o contacto com o povo e gerem os negócios pensando em si próprios, corrompendo um processo linear com compadrios, com malabarismos e não gerindo a "cousa pública" para que foram eleitos. Nós por cá tudo mal. Os republicanos não perdoam o Obamacare e em todas as leis que propõem torpedeiam o seu financia-

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mento. Uma vergonha num partido que deveria ser popular e compreender as necessidades dos que votam nele. Guerrilhas entre os novos "bonitões" do partido que até conseguem falar durante 21 horas e 18 minutos sem dizerem nada. Pobreza de espírio de gente nova que deveria dar o exemplo aos "velhinhos" que ainda resistem em ficar (sem fazerem nada) no Congresso. Oportunidade perdida nos tempos difíceis que atravessamos. Como poderemos dar exemplos ao mundo se o Congresso trabalha da maneira como trabalha? Como podemos intervir num mundo conturbado como o de hoje se entre nós, não nos compreendemos, não falamos, não ajudamos os que mais precisam? Este Congresso tem o maior numero de mulheres de sempre, mas infelizmente elas ainda não conseguiram dar um murro na mesa. Será que se acobardaram? Será que estão a defender o "tacho" do futuro? Será que têm medo? Sinceramente tínhamos muitas esperanças nelas. jose avila

Year XXXIV, Number 1164, Oct. 1st, 2013 $45.00


PATROCINADORES

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PATROCINADORES

1 de Outubro de 2013


COLABORAÇÃO

Tribuna da Saudade

Ferreira Moreno

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indimas feitas, férias desfeitas... Destarte se cantarolava na minha terra quando de lá parti p’rá Califórnia na década de 50 do século passado. Lembro-me que a esse tempo era um regalo ver chegar a temporada das vindimas, embora em contrapartida tal anunciasse o prenúncio marcando a despedida final das férias escolares. Ainda agora recordo todo o calor e sabor, mais o encanto e animação de entremeio com a doçura e colorido, de que se revestia a vindima anual que os meus familiares levavam a efeito na Quinta, também conhecida por Tapada (visto ter um muro em toda à volta), situada na aprazível área da Mãe d’Água, nome indicando a presença ou proximidade duma nascente ou reservatório d’água. “Trata-se duma represa construída na Longaia.” (1) Ao lado da Quinta, junto ao caminho, corria a ribeira, ao longo da qual pontificavam os moínhos que, nesse recuado período da minha mocidade, faziam parte do brasão da mimosa parcela açórica, que me serviu de berço sempre na minha saudade, a Ribeira Grande. Recordo-me que havia um entusiasmo desusado e apreciável divertimento, não só na apanha

das uvas, bem como no transporte dos cestos d’uvas usando uma carrocinha de mão. A festa culminava com uma jantarada em casa, enquanto as uvas (esmagadas e cheirosas) repousavam em grandes dornas, donde mais tarde ressuscitariam transformadas em vinho doce. Presentemente, toda a alacridade das vindimas d’outrora é apenas uma sombra do passado. Aparentemente, todo esse cenário há-se esvaído nos tempos atuais. Ainda que alguém tenha na lembrança reavivar a alegre e saborosa tradição das vindimas, hoje em dia tal iniciativa distancia-se daquele familiar e solidário colorido dos tempos antigos. Desapareceram os cestos tradicionais e os carros de bois, agora substituídos por baldes plásticos e pelos tratores com atrelados. A este propósito, o padre Manuel Coelho de Sousa (1924-1995) escreveu: “A poesia dos vinhedos finou-se abandonada nos arremedos dum falso riquísmo apalaçado. E as vidimas afogaram-se na corrida estonteante dum prosaísmo cada vez mais consumista, como se o progresso não pudesse ser poético e as vindimas igualmente.” Confesso que sinto mágoa ao verificar que as vivências que ora se manifestam nas nossas ilhas

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Recordando vindima

na Mãe d'Água

divergem daqueloutras por mim vividas antigamente, mas que apesar do rolar dos anos ficaram p’ra sempre pespegadas na retina

cobrindo as arcas do peito e das costas, e a saca de fardo à laia de capuz protegendo o toutiço.” De vez em quando, tal qual uma

A parreira tem mil braços, Cada braço mil enleios; Menina, se há-de ser minha, Não ande com arrodeios. Se a parreira nova dera Beijos, como dá abraços, Todo o tempo gastaria, Amor, a seguir teus passos. Uma vez na adega, as uvas desfazem-se em vinho, o vinho transforma-se em sangue e este em vida e alegria no ânimo de quem o aprecia. Da cepa nasce o ramo, Do ramo nasce o cacho, E deste vinho de cheiro Ás vezes nasce um borracho.

da memória. Complementando este recordando apraz-me transcrever o testemunho transmitido pelo saudoso “Mestre” Carreiro da Costa em setembro 1950”: “Que prazer ver os ranchos da rapaziada nova, dispersos pelas vinhas, cantando, falando e rindo. As raparigas com chapéus de palha p’ra resguardo do sol, blusas de chita apertadas na cintura, saias repuchadas e pernas vermelhas. Os rapazes, ajoujados ao peso dos cestos, com a ceroula de atilho afogando as canelas, o entraçado de espadana ag uentando as calças, a camisola de riscado azul

roqueira de quatro ou cinco respostas em dias de procissão, ouviam-se cantigas de garridice: Os teus olhos são capelas, Ó quem fora capelão; Qu’em vez de dizer missa, Roubava-te o coração. Eu já fui à tua casa, Já vi como por lá é; Vi o penico sem asa, E a cama sem rodapé.

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ntretanto a vindima prossegue. E, como descreveu Carreiro da Costa, lá vai a carripana com as dornas cheias d’uva, canada abaixo, outeiro acima, num bailarico provocado pelas covas do caminho, até que alcança o povoado. Da banda de dentro dos muros, das quintas e tapadas, as cantigas sucedem-se:

Se corresse no chafariz Vinho branco ou de cheiro, Havia muito nariz Que nunca andava inteiro. Ó meu rico regadinho, Que levas no regador? Leve-o cheio de vinho P’ra dar ao meu amor. Amor, cachinho d’uvas, Apanhado na parreira; Não sei se te coma agora, Se te guarde p’rà ceia. (1) Mário Moura, “Memórias dos Moínhos da ribeira Grandes”, 1997.

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COLABORAÇÃO

Rasgos d’Alma

Luciano Cardoso lucianoac@comcast.net

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enho-me por um tipo porreiro, descontraído, despretensioso, que gosta de rir e brincar. Não exijo mundos nem fundos para viver satisfeito comigo mesmo. A vida trata-me bem e eu trato de não a desiludir. Não a incomodo. Contento-me com o que ela me dá. Tento aproveitá-la no máximo e esforço-me por melhorá-la ao meu redor. Mas não me mato em cata do que não possuo. Sei que, mais dia menos dia, vou morrer. Matar-me, para quê? Contudo, confesso que adoro matar saudades. Não é crime nem, que eu saiba, será algum dia pecado. Pelo contrário, dá-me imenso prazer. Às vezes, peco por não matá-las mais amiúde. Não me considero saudosista. Porém, matando-as, sinto-me mais feliz. Considero-me um felizardo. Há trinta e tantos anos deixei a minha terra, em busca duma vida melhor. Isto é, emigrei à procura da felicidade ‘made in America’. Logo após a histórica revolução dos cravos, particularmente nas nossas mimosas ilhas de berço, as coisas não andavam lá muito famosas. Não pareciam nada bem, sobretudo para a malta ansiosa por um futuro risonho. Partir, como bem sabemos, foi a saída oportuna para muitos dos nossos

ilhéus. Tornou-se a solução prática para tantos jovens, como eu, apanhados em contrapé, indecisos, à deriva, quase em pânico. Considero-me feliz porque a California acabou por me proporcionar oportunidades e condições vitais, de que a ilha carecia. Como eu, há para aí tanta gente mais do que feliz por ter emigrado. É uma felicidade que facilmente se revê no rosto alegre dos nossos filhos, encarreirados, com cursos superiores, empregos vantajosos, carreiras destacadas, negócios lucrativos, lares salutares. É saudável vermos os netos crescerem rodeados de tudo aquilo que nos faltou. De facto, em muitos casos, faltou tanto que, cai tão bem dizer-se/ouvir-se dizer: ‘…ainda bem que nada lhes falta.’ Faltava um quarto para as cinco da tarde de mais uma quarta feira de agosto, quando o avião da Sata descolou de Oakland. Olhei à minha volta e não me foi fácil perceber o que estava a faltar a toda aquela boa gente disposta a voar onze horas da imensa terra da abundância para o pequenino torrão atlântico que o mapa mal anota. Faltava-lhes tudo. Tudo o que são – ilhéus de raíz – mora na ilha. Por mais que tenham adquirido na America, a alma ilhoa incita-os a marcar passagem de

Santos-Robinson Mortuary San Leandro Family owned California FD-81

* Servindo

a Comunidade Portuguesa em toda a Área da Baía desde 1929 * Preços baixos - contacte-nos e compare * Serviços tradicionais / Serviços crematórios * Transladações para todo o Mundo * Pré- pagamento de funerais

Madeline Moniz Guerrero Conselheira Portuguesa

Telefone: 510-483-0123 160 Estudillo Ave, San Leandro, CA 94577

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Sorrisos com lágrimas volta às orígens. É o mar. São os ares. Sejam os calhaus, as pastagens, os atalhos, as paisagens, os mariscos, as alcatras, os toiros, as festas – não importa. Seja lá o que for. As razões variam. Motivos não faltam. A ilha está à espera. São, mormente, os pais. Velhinhos – a acabarem-se, quase inválidos – não importa o estado de saúde – são eles que nos puxam lá. Custa, sem dúvida, encarar a crua realidade porque a reta final não é facil. Na maioria dos casos, recuando algumas décadas, embora a vida fosse então mais árdua, as memórias são mimosas, gratificantes.

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embrar-me de minha mãe, como era, em dia de cozer pão, lenço na cabeça, mangas arregaçadas, braços dobrados na massa tendida do alguidar para a mesa, fermentando; panela ao lume, água a ferver, açorda à vista, chicharros na brasa, fome danada; lá fora chove, há que ir à rua, a lenha molha-se, a cozedura atrasa-se, o suor pinga, a molha é certa. A gripe vem depois. Pode esperar. Primeiro, há que recolher a roupa dependurada na corda. Foi lavada, à mão, logo ao amanhecer. Tem que ser passada

a ferro mais tarde, talvez ao anoitecer, depois de esfregado o soalho e ariada a cozinha, antes do serão com agulha, linha e dedal; remendos que não podem esperar porque ninguém vai para o trabalho em cuecas… Que forças eram aquelas das nossas mães, que nunca viravam a cara à luta nem cediam à canseira? Nunca ouvi minha mãe queixar-se de stress. Raramente pedia ajuda. Gabava-se de ser uma espécie de ‘wonder woman’, à sua maneira. Para lidar com o cansaço, cantava. Para mim, cantava que era mesmo um rouxinol. Quando chegou o primeiro rádio a nossa casa, estranhei como haviam artistas que não cantavam tão bem como minha mãe. Que doces são os dóceis ouvidos dum filho enamorado da sua mamã. Fez-me chorar aqui há dias. Sentados à mesa, lá na casa da ilha, depois de saboreada a açorda com chicharro assado na saudade de outros tempos, entoámos a cantiga que me embalava. Vergada às reles tremuras da Parquinson’s, a voz já não chega onde chegava mas a emoção vais mais longe. Os sorrisos trazem-nos lágrimas mais saborosas do que nunca. Sabe tão bem ouvir a nossa mãe cantar, já na casa dos oitenta. Quando lá me criei, nos anos ses-

www.radiolusalandia.com Sábados - das 12 - 4pm Domingos - das 9 - 11am

senta, a música era outra. Meu pai, ainda na casa dos trinta, adorava cantar ao desafio entre amigos e gostava de conversar como ninguém. Volvido que está meio século, porque o vício de fumar lhe roubou a voz, obriga-me também a ir lá carpir com ele, com eles, as mágoas da nostalgia ensopada no tempo que não perdoa. Seria imperdoável, para mim, chegar-se agosto, setembro, sem ter dinheirinho guardado para a passagem. Por mais que nos queixemos dos preços todos os anos, nada paga este consolo imenso de lá voltarmos. Mesmo quando o vôo nos entala tempo demais no Canadá, trazendo-nos os nervos à flor da pele, sabemos que vale a pena o contratempo. Tive sorte este ano. A Sata tratoume bem. O tempo não podia ter sido melhor. Fiz os velhotes chorar mas deixei a ilha a sorrir. Sei que, para o ano, vou voltar. Não me custa admitir: ficaram saudades por matar.


COLABORAÇÃO

Sabor Tropical

Coisas da Vida

Elen de Moraes

Maria das Dores Beirão

elendemoraes_rj@globo.com

winesao@gmail.com

Não se deixem excluir

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ão que eu não quisesse escrever sobre o Papa Francisco e sua vinda ao Brasil, porém a sua viagem já tinha sido tão noticiada e comentada mundo afora que o que eu falasse, além de repetitivo, seria desinteressante. Entretanto, as mensagens que nos deixou, em suas falas e exemplos, são como fogo constantemente alimentado por brasas assopradas pelos cotidianos acontecimentos – que nos aquece a alma – como se estivéssemos atravessando um rigoroso inverno. E estamos! Não pela estação que chega ao fim e anuncia a primavera aqui no hemisfério sul, mas, sobretudo, pelo frio – e o cinzento – que veste a nossa esperança, nos dias que seguem. Tempos difíceis quando a confiança na justiça dos homens sofre abalo devastador, momento em que seis Ministros, dos onze que compõem o Supremo Tribunal Federal, votam a favor de um novo julgamento para políticos corruptos que eles próprios já tinham condenado. Se há brechas na lei para que tais condenados ganhem tempo ou, pior, se livrem da cadeia, cabia aos Ministros rejeitá-las. O povo se sente enganado: um pobre ladrão de galinhas vai logo para a cadeia. Por que o privilégio para os corruptos? Porque têm dinheiro para pagar bons advogados. Dinheiro da nação, isto é, nosso, que trabalhamos 150 dias por ano, só para pagar impostos. Sentimo-nos impotentes diante do que nos aguarda o futuro. Só nos resta manter o foco nas próximas eleições de 2014, para que os eleitores, vítimas dos seus próprios erros anteriores – e aqueles que trocam seus votos por dentaduras, cestas básicas e outras coisas mais – aprendam a escolher políticos melhores. Dizem que somos um país jovem, que estamos engatinhando e aprendendo, que um dia chegaremos “lá”. Desculpas somente, porque conhecemos países bem mais velhos cometendo, ainda, os mesmos erros nossos. Em meio ao surto de raiva e impotência, pelos erros praticados por nossos dirigentes, algumas vezes, também, me pego rindo das trapalhadas por eles cometidas. São tão irritantes que se tornam hilárias! Para não citar todas, falo sobre as que mais causaram polêmica: a contratação dos médicos estrangeiros, dispensando prova de revalidação do diploma e o contrato dos profissionais cubanos, fechado entre Brasil e Cuba, que estabelece que os médicos receberão casa, comida e entre 20 e 40% de remuneração, sendo a diferença repassada para o governo de Fidel Castro. Não entendo de leis e não li os termos do contrato, porém em nosso país

é proibido o trabalho escravo e tal contrato parece caracterizar esse tipo de trabalho. Mesmo contra o clamor dos nossos médicos e do povo, a Presidente Dilma fez questão de manter sua decisão. Fácil dizer que nossos médicos não querem trabalhar no interior do país, o difícil é reconhecer que eles não têm as mínimas condições de trabalho nesses lugares, por falta de infraestrutura e investimentos. Mas, quer saber? Grande parte do povo brasileiro é motivo de orgulho e de exemplo. Quando as obras dos estádios para a copa de futebol de 2014 foram iniciadas, reclamamos do dinheiro que seria gasto (e do superfaturamento), valor que poderia ser investido em educação, saúde, segurança e não nos deram ouvido. Diziam que o povo só se importa com samba, carnaval e futebol – nisso apostaram - e que com o tempo tudo estaria esquecido. Provamos ao mundo que não somos idiotas e nem tão sem noção como julgaram nossos governantes, muitos brasileiros e parte do planeta: na inauguração do primeiro estádio, em Brasília, o Presidente da FIFA e a Presidente do Brasil ganharam uma vaia fenomenal, enquanto o povo nas ruas protestava e nas ruas permaneceu até o final da Copa das confederações, o que deve ter sido a causa de a Presidente Dilma não ter comparecido ao encerramento da Copa, talvez com receio de outras vaias. Essa turbulência coincidiu com a visita do Papa e recearam por seu bem estar, já que ele exigia usar carro aberto em suas andanças pelo Brasil. E a prova de fogo foi seu motorista errar o caminho, quando da sua chegada ao Rio de Janeiro, meter-se pelo centro da cidade, em meio ao engarrafamento, no final do expediente de trabalho. O povo cercou seu carro, queria tocá-lo, mas ao sair do meio da multidão, o Papa não tinha sequer um arranhão nas mãos. Provamos que somos pacíficos, educados e sabemos respeitar quem se dá ao respeito. Ao fechar este artigo, vem-me à lembrança uma das recomendações do Sumo Pontífice, e a compartilho com os leitores do Tribuna Portuguesa: “Os jovens têm de sair para lutar pelos seus valores (...) e os anciãos abram a boca para passar os seus ensinamentos", conclamou. "Saibam que neste momento vocês, jovens, e os anciãos, estão condenados ao mesmo destino. Não se deixem excluir."

As horas evaporam-se...

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empre que leio os textos dos colaboradores da tribuna, olho os títulos das suas colunas e vejo em cada um, ou cada uma, uma personalidade, uma inspiração, um ser unico...um ensinamento, uma partilha de experiências universais. Depois vou através o período hesitante: escrevo... não escrevo, os minutos desaparecem, as horas evaporam-se os dias tornam-se em semanas, estas em meses e eu na zona do conforto de apenas pensar e nada dizer. No entanto hoje apetece-me comunicar com os nossos leitores, dizer-lhes que somos todos uns felizardos por termos ao nosso dispor a sabedoria destes homens e mulheres que partilham as suas experiências, as suas opiniões e nos trazem o pulsar da comunidade. O verão está acabando e confesso que, deixou na memória um quadro bonito, colorido, onde as cores quentes e vibrantes do sol, se confundem com o calor dourado do amor da família e dos amigos, com os verdes da juventude e da esperança e com as pinceladas dos tons macios e calmos do outono, que está ba-

tendo à porta. Por vezes, encontro-me pensando onde está o porquê das coisas...qual a razão que escolho os meus amigos, qual a razão que olhamos alguem nos olhos e sabemos que existe irmandade, que num abraço sentimos o coração fiel de quem abraçamos e chego penso na frase de Blaise Pascal... O coração tem razões que a própria razão desconhece... é apenas isso, daí este meu impulso para estar aqui a comunicar convosco, o coração manda e eu obedeço. Um dos motivos, será mesmo a proximidade do outono, uma forma de lhe dar as boas vindas e de lhe abrir a porta e aceitar a sua serenidade, o seu meio termo. Eu gosto do meio termo das coisas, nunca gostei de extremos, acho que são perigosos, e até há a tendencia de se tocarem nas suas extremidades causando dano aos próprios ideais. Não sei porque estou tendo estes desabafos, mas imagino-me falando com a nossa gente, cuja alma alberga o oceano das suas origens e nele navega as águas calmas ou turbulentas da sua existência, sempre pronta a ser porto de abrigo para qualquer

que perdeu o rumo do destino. Só agora, olhando as palavras que porventura alguem irá ler, me apercebo do carinho e respeito que tenho por esta gente, que me parece mais autentica, mais forte, mais generosa, mais apreciadora da sua cultura, quando se encontra fora de portas, isto é fora da terra, fora da ilha. Será mesmo que estou tambem num extremo do meu idealismo, vendo coisas que não existem? Penso que não. Acredito que estou no meio termo da minha visão, que apenas não quero perder a oportunidade de afirmar a admiração que tenho pelos mais diversos grupos que dão vida às raizes transplantadas ou nascidas nos canteiros da nossa existência. O desejo mais sincero que deposito nos vossos colos, é que as chuvas outonais do amor e do respeito por aquilo que cada um faz em prol do bem comum, continuem a refrescar e dar vida aos ideias mais nobres. Até à volta

Lucia Soares Lúcia Soares que a partir de Março de 2012 servia no cargo de Chief Information Officer (CIO) e Vice Presidente de Tecnologia de Informação da LifeScan e Animas, empresas que compõe a Diabetes Solution Companies da Johnson & Johnson, assume a partir de 1 de Outubro o cargo de CIO e Vice Presidente de IT do grupo Specialty Surgery da Johnson & Johnson. Este grupo de especialidade cirúrgica é composto por cinco empresas -- Acclarent, Biosense Webster, Cordis, Mentor e SterilMed com sedes

no Silicon Valley, Los Angeles, Santa Barbara e Minneapolis, Minnesota. As cinco empresas tem vários milhares de funcionários em várias partes do mundo e tem vendas anuais de vários biliões de dólares. Lúcia Soares exerce funções de gerencia em IT na Johnson & Johnson há 10 anos. Antes de ingressar na J&J, Lúcia era diretora de Project Management Office e User Experience na SBI (anteriormente marchFIRST e USWeb), uma empresa de consultoria de marketing interativo com sede em San Francisco. É li-

cenciada em Línguas Estrangeiras pela San José State University, mestre em Literatura pela University of California, Santa Cruz e mestre em gestão (MBA) pela San José State University. Filha dos nossos assinantes Maria Cidália e José Franklin Soares de San José, Lúcia nasceu em Santa Cruz, California e cresceu em San José onde ainda vive com o marido e duas filhas. Lúcia colabora mensalmente com a Tribuna Portuguesa através da sua coluna, Mais.

Novos empresários na nossa Comunidade Julie Silveira, vai lançar uma linha de T-shirts Portuguesas com o nome Rooster Camisa com a ajuda de seus primos. As camisas são de algodão de alta qualidade e 100 % feitas nos EUA. As camisas terão vários dizeres inscritos como se pode ver na foto abaixo. O lançamento publico ocorrerá na Festa de Nossa Senhora de Fátima em Thornton a 19 de Outubro, com um display mesmo em frente ao Salão. Bom sinal para os nossos jovens que pretendem entrar no mundo dos negócios.


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COLABORAÇÃO

1 de Outubro de 2013

Agua Viva

Uma Vez por Outra

Filomena Rocha

Carlos A. Reis

filomenarocha@sbcglobal.net

Fugir da Rotina

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em sempre é facil fugir do habitual dia-a-dia da vida, dos mesmos lugares, das mesmas pessoas e dos mesmos acontecimentos “Fugir”, não será bem o termo para o caso, pois gosto da minha gente, que habitualmente encontro, à saída da Missa, nas festas da Comunidade, onde creio ser, quase sempre saudável conviver, e participar em dois dedos de conversa. Mas há já alguns anos que eu não visitava a pequena cidade de Fort Bragg, da qual tanto eu como o meu marido nos enamorámos, numa espécie de amor à primeira vista, de há vinte anos, quando pela primeira vez lá fomos, à Festa de Espírito Santo. Nem sabemos bem o porquê desta atracção. Talvez pela admiração por esta remota cidade, onde teimosamente os seus habitantes mantêm o mesmo espírito de antiguidade e princípios genuínos. Um lugar de privilégio, conservado com sabedoria e amor, que fizeram dele um museu vivo histórico e turístico na costa do Pacífico, no Condado de Mendocino. Percorrer as suas estradas serpenteadas, até lá chegar, torna-se porém uma pequena aventura, para quem não se der com muitas voltas, mas o cheiro a eucalipto, o verde viçoso e frondoso dos pinheiros e cedros ladeando a estrada e a encosta, dão um conforto e frescura medicinais.

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e noite, tudo é silêncio, as luzes nas casas pitorescas e antigas, mas bem conservadas, convidam a uma noite de repouso e de leitura. Mas na Irmandade do Espírito Santo, a Festa faz-se! Desde o ano de 1939 os Portugueses, de perto e de longe continuam a manter esta tradição, que só uma vez foi interrompida, a quando da Segunda Guerra. Sempre no terceiro fim-de-se-

mana de Setembro, começando na sexta-feira e culminando no domingo com missa solene, cortejo de raínhas locais e das cidades mais visinhas, que percorrem um longo caminho até à Igreja de Nossa Senhora do Bom Conselho, após a qual, regressa ao salão da Irmandade, terminando com o almoço de sopa própria do dia, a sopa de Espírito Santo, a que ninguém resiste, que conforta o estômago e aquece o corpo naquele lugar fresco, ainda em tempo de Verão. Tudo é realizado dentro da maior simplicidade, mas com agrado para todos os forasteiros. Os conjuntos musicais, a Banda Filarmónica, o Côro para a Missa, e pràticamente todas as ajudas, vêm de fora, para esta Festa que começou com os Açorianos, das Flores, São Jorge, e outras ilhas, incluíndo alguns naturais da Madeira e do Porto. Nesta minha visita, e percorrendo algumas lojas, encontrei um dos netos da família Portuense, que em Fort Bragg fez morada e ainda hoje têm o seu negócio. Uma das pessoas que sempre tenho gosto de encontrar, e que há mais de 40 anos está envolvida com esta Irmandade, é a amiga Maria Leonor Jorge, o elo de simpatia, elegância e apoio a todas as pessoas que visitam esta cidade-museu, que é Fort Bragg. Beach Glass, é sempre a “casa” onde Nancy e Richard nos esperam com o melhor dos confortos de dormida e pequenoalmoço. Deixámos Fort Bragg, após o almoço, mas esperamos regressar e levar todos os nossos amigos de “Saudades da Terra” e o passeio ser mais alegre e complecto como antes.

reis0816@yahoo.com

Reconhecimento esquecido?

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á pessoas que vivem para serem úteis ao próximo, para auxiliarem quem necessite de ajuda, mesmo sem serem familiares ou amigos. É uma virtude que nasce com a pessoa e que continua pela vida fóra, até que a sua vida se acabe. Por vezes a vida destas pessoas é muito curta. Como foi o caso de quem pretendo referirme neste meu apontamento. Ela chamava-se Margie Brasil Silveira, nasceu e faleceu nesta cidade de San José. O seu nascimento verificou-se no dia 11 de Novembro de 1957 e faleceu no dia 15 de Fevereiro de 2011. Frequentou a Escola das Cinco Chagas (a nossa Escola infelizmente encerrada) e completou o Curso Secundário no Linck High School. Trabalhou durante 25 anos em instituições bancárias e foi exatamente no Citibank, localizado em Alum Rock, onde desempenhou com muita honestidade e profissionalismo todas as funções que lhe foram confiadas, que me encontrei com a Margie pela primeira vez na nossa vida. Como tinha acabado de fixar residência em San José, necessitei da sua colaboração para a aplicação dos meus poucos dólares e mais tarde no negócio em que me envolvi profissionalmente. Todos os portugueses procuravam-na no trabalho para serem atendidos por ela, mesmo tendo necessidade de esperar pela sua disponibilidade durante algum tempo. Sentia-se feliz por poder ajudar todos, mesmo em casos não relacionados com o banco. A Margie vivia para a família de quem sentia muito orgulho de todos, marido, filhos e netos. Antes da terrível doença do cancro que acabou por lhe ser fatal, esteve envolvida no Luso American Fraternal Foundation, na Câmara do Comércio Portuguesa da Califórnia, na Escola das Cinco Chagas, às vezes mesmo com prejuízo da sua família e da sua profissão. Estive envolvido com a Margie em muitos casos da Emigração e documentação diversa, por isso, posso testemunhar que ela esteve presente em muitos casos da comunidade portuguesa, auxiliando todas as pessoas sem cobrar

os seus honorários. “As pessoas precisam e algumas nem têm dinheiro para suportar financeiramente a sua família”, dizia-me ela. Sentia-se realizada e feliz por acompanhar as pessoas ao Departamento do Desemprego, ao Seguro Social, às companhias de Seguros, ao Departamento da Imigração, e especialmente aos tribunais em casos muito difíceis e perigosos. Lembro-me que um cliente meu necessitou de um tradutor para estar presente no tribunal e tive que recorrer à Margie (fiquei com uma aversão a tribunais depois de um acidente que sofri) que, apesar de ter falecido poucos dias depois, aceitou e esteve presente no tribunal. Sei que ela falhou alguns tratamentos para combater a sua terrível e fatal doença, para atender as pessoas que dela necessitavam. Não fossem as suas forças moral e anímica e o atroz cancro tinha-lhe roubado a vida mais cedo. Era uma otimista e lutadora. O motivo por que dei a este apontamento o título de “Reconhecimento esquecido”? Porque depois de tudo o que acabei de narrar, estou certo, que o reconhecimento foi feito mas deve estar no fundo de uma gaveta de uma qualquer secretária, e só por falta de justiça e medo nunca foi tornado publico. Não faço ideia como são atribuídos os reconhecimentos públicos, condecorações, medalhas e louvores, pois não foi e não é o meu campo de ação. Não sei quem são os informadores para estas distinções e quem as concede, mas tenho a certeza que se houver necessidade de mais vozes ou escritos do povo para elogiar e confirmar o trabalho feito pela Margie Brasil Silveira, eles soarão e aparecerão. Como já manifestei, por diversas vezes, sou contra os Reconhecimentos, Condecorações, Medalhas e Louvores, a título Póstumo, mas esta é a única maneira de “Dar a César o que é de César” e cumprir uma obrigação devida, mas esquecida. A situação difícil dos reformados – Em todos os países do globo a situação dos reformados é precária e muito difícil de se suportar e viver. Normalmente as pensões

de reforma ficam àquem do custo de vida, que em anos anteriores e anualmente, era calculado na base de uma percentagem minima e adicionado à pensão, que hoje desapareceu. Países há em que as pensões de reforma estão consideradas num escalão inferior ao ordenado mínimo, situação inadmissível e insuportável. Quando tinha o meu escritório aberto ao publico, fui procurado por muitos trabalhadores portugueses que pretendiam habilitar-se a um subídio (irrisório, diga-se), por terem combatido nas nossas ex-províncias ultramarinas, como militares, e tive a oportunidade de constatar situações imorais, desonestas e intoleráveis de muitas entidades patronais para as quais tinham trabalhado. Entre outros incumprimentos e ilegalidades, aponto: os descontos feitos nos salários não eram enviados para as entidades competentes; não eram efetuados quaisquer descontos obrigatórios para benefício da pensão de reforma dos trabalhadores; eram empregados ilegalmente menores na idade da escolaridade obrigatória; na situação de doença o despedimento era uma realidade; na folha de salarios constava uma importância inferior à que era paga ao trabalhador, para deduzir nos descontos a pagar pelo empregador. Felizmente que hoje muita coisa mudou, para melhor e para a proteção do trabalhador. Nos Estados Unidos e em Portugal alguns trabalhadores, por culpa própria, preferem que os seus serviços sejam pagos em dinheiro, sem quaisquer descontos, prejudicando a sua pensão de reforma no fim da sua vida mas, quando se apercebem do erro cometido, já não é possível repará-lo. As pensões atribuídas em Portugal são das mais baixas, se não mesmo a mais baixa, dos países da Europa. Como se pode viver com uma pensão inferior a 300 euros mensais ? Nos Estados Unidos, um país capitalista todo poderoso, conheço milhares de pessoas, incluindo portugueses claro, que auferem uma pensão de reforma entre os 700 e 800 dólares mensais. A mesma pergunta: “como é possível viver-se com um rendimento tão baixo” ? Quando se é novo em idade nunca nos preocupamos com a nossa reforma e com a nossa velhice. Tudo tem o seu tempo poder-se-à dizer, mas atingida a idade da reforma que normalmente coincide com o princípio da velhice, há que fazer contas à vida e pensar que a média da idade da vida atual de uma pessoa é de 80 anos, o que quer dizer que após a reforma ainda poderemos viver mais cerca de 10 a 15 anos. Os reformados, como eu, já têm o seu destino traçado e agora é só suportar a nossa situação, que até poderá não ser a mesma para muitas outras pessoas. Já quanto aos novos, atuais trabalhadores, é bom não voltar as costas à realidade e lutar para que a sua pensão de reforma não seja igual às pensões e rendimentos que hoje condenamos de irrisórios e ultrajantes. Até breve !


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1 de Outubro de 2013

Reflexos do Dia–a–Dia

Diniz Borges d.borges@comcast.net O valor das coisas não está no tempo que elas duram, mas na intensidade com que acontecem. Por isso existem momentos inesquecíveis, coisas inexplicáveis e pessoas incomparáveis. Maria Júlia Paes da Silva A comunidade portuguesa de Tulare está marcada pela presença incomparável de Helter S. Martin. A nossa comunidade não seria a mesma se este homem da Terceira, Angrense de gema, como se diz na gíria popular, não tivesse aqui vivido, aqui trabalhado, aqui amado, não só a sua família, mas também a sua/nossa comunidade. Desde os primeiros tempos da sua emigração para Tulare, na década de 1960, e no principio em colaboração com o seu saudoso tio Manuel Cardoza, que começou a dar a sua colaboração à nossa comunidade, transformando-a em múltiplas formas. Já nesse tempo colaborava na rádio do seu tio, a KGEN, no programa Aurora de Portugal da também saudosa Idalina Melo. Desde os seus primeiros tempos nesta comunidade que foi um dos sócios fundadores e um dos apoiantes do Tulare Angrense Atlético Clube, incluindo convencendo o mesmo tio que deveria, por condições favoráveis ao clube, vender-lhe o edifício que é a atual sede desta organização. Helter Martins marcou o Tulare-Angrense, como também marcou a Filarmónica Portuguesa de Tulare, como um dos seus sócios fundadores e um elemento fulcral na elaboração e concretização dos estatutos, assim como um apoiante constante desta mesma instituição. As suas marcas estão ainda no TDES, no Clube Cabrilho, no Elks Lodge, na Luso-American e de uma forma muito particular, no Centro Português de Evangelização e Cultura, como sócio fundador, vice-presidente da primeira mesa administrativa e elemento im-

prescindível nos tempos primórdios do Centro. Foi um membro da mesa diretiva dedicado e a ele se deve os primeiros contatos e intercâmbios com os Açores. As suas marcas estão ainda no Conselho das Comunidades Portuguesas, fazendo parte, ativamente, do primeiro conselho e o seu cunho está a vários níveis nos intercâmbios culturais, comerciais e industriais entre os dois países que adorava: Portugal e os Estados Unidos, culminando no que para mim, pessoalmente, foi das decisões que mais ternura me trouxe quando o sucedi, muitos anos mais tarde, no Conselho das Comunidades, ou seja: a nomeação de Helter S. Martins para Consul Honorário de Portugal em Tulare. Mas de todas as associações que marcou e onde lá está, para quem queira olhar, a sua presença, a qual lá estará para sempre, e sem menosprezar nenhuma organização, porque a todas dedicou o seu tempo, o seu talento e a sua contribuição financeira, a menina dos seus olhos, era, indubitavelmente, a Tulare-Angra do Heroísmo Sister City Foundation. E l e , mais do que ninguém viveu, sentiu e amou, a geminação destas duas cidades. Adorava a sua cidade. Conheci-a como ninguém. E vivia na plenitude da palavra, e dos sentimentos, a aproximação entre a sua cidade de sempre, a nobre e constante (como me dizia inúmeras vezes) Angra do Heroísmo e a sua cidade adotiva, onde ficará para sempre, Tulare. Se esta geminação deu alguns frutos, se ela foi respeitada e pertinente, quer no lado de lá, quer no lado de cá, devemo-la, em grande parte, ao homem que sempre a teve no peito, que foi o tesoureiro da mesma durante 40 anos, que apoiou financeiramente muitas atividades, que sabia, sempre soube, que esta geminação fazia sentido, porque vinha aproximar quem um dia deixou a sua terra às futuras gerações. Dira mes-

Falecimento Helter S. Martins, 80, of Tulare passed away Friday, September 20, 2013. Helter was born in Terceira, Açores, Portugal on January 8, 1933. He was married to Ercilia Martins of Tulare in 1975. He was an insurance agent. Helter Martins was a community leader and for many years advisor of the Portuguese community. He was Honorary Consul of Portugal. In 2011 he was recognized by the Society of Portuguese-American Students (S.O.P.A.S) as Most Valuable Portuguese-American and awarded SOPAS PortugueseAmerican Hall of Fame. Helter was Founder Member of Tulare Angrense Athletic Club, Sister City Foundation, Centro Portuguese de E. e Cultura, Filarmonica Portguesa de Tulare. He was member of Cabrillo Club Tulare, Elks Club Tulare, LUSO-Ame-

rican and T.D.E.S. He was Immigrant of the year in 2004 and received recognitions from the Portugal government as well as many other organizations. Helter is survived by his wife Ercilia Martins, Tulare, sister Nidia Martins, Acores, brothers in law Helder Gomes, Portugal and Victor Gomes, Acores, sister-in-law Adroalda Gomes, Açores and many nephews, nieces and cousins. Helter is preceded in death by his daughter Christine G. Martins, and his parents Francisco and Libiania Martins. Helter was a loving husband, father and friend to many. He enjoyed spending time with his family very much. Published in Visalia Times-Delta and Tulare Adv-Register on September 25, 2013"

Um HOMEM que marcou a Comunidade de Tulare

mo, que depois da sua dedicada esposa, a Da. Ercilia e a sua querida filha Cristina, a outra amada da sua vida foi, a sempre leal e constante Angra do Heroísmo. Nunca conheci uma pessoa que amasse tanto uma cidade, como o nosso Helter amava Angra e por osmose a cidade de Tulare, e o movimento das cidades irmãs. Helter Martins foi condecorado pelo governo português com um dos galardões mais prestigiantes da Republica, a Comenda do Infante Dom Henrique. Pela Portuguese Heritage Association foi distinguido como Emigrante do Ano. Agraciado com uma alta distinção pela Luso-American Education Foundation e a as-

sociação estudantil Society of Portuguese-American Students colocou-o no SOPAS PortugueseAmerican Hall of Fame. Falhou, infelizmente, o governo dos Açores que, por oportunismos momentâneos, nunca lhe entregou as Insígnias Regionais. Falhou a Câmara Municipal de Angra que nunca soube compreender que ele, como alma e vida do movimento das cidades irmãs, não o fez por qualquer interesse político ou financeiro. Falhou a comissão das Sanjoaninas, da sua terra natal, que nunca se lembra que antes da comissão atual há uma história e houve quem já as tinha recebido e de forma oficial. Falhou também a chamada Causa Portuguesa que

andou por aí perdida, particularmente nos últimos anos, e nunca o encontrou. Mas estou aqui não só para falar do muito que Helter S. Martins fez, criou e apoiou na nossa comunidade, mas também e acima de tudo, para, em nome da comunidade, agradecer-lhe, ainda mais uma vez, a sua forma de estar com a nossa comunidade. Agradecer-lhe, e por extensão também à sua dedicada esposa, a Da. Ercilia, todo o trabalho, porque foram horas infindas; o seu carinho, porque até por vezes incompreendido, sempre, mas mesmo sempre defendeu, com respeito e afeto a nossa comunidade. Fui, felizmente para mim, testemunha, das muitas batalhas que travou por esta comunidade, muitas, ou mesmo quase todas no anonimato. Defendia a nossa comunidade portuguesa e lusodescendente com unhas e dentes. Daí acreditar, que que tal como nos dizem os salmos: quem é correto (e Helter Martins foi corretíssimo) nunca fracassará e será lembrado para sempre. Agradecer-lhe sobretudo os sacrifícios que fez em nome da mesma comunidade. As horas que gastou preenchendo documentos, escrevendo estatutos, ofícios e pedidos de subsídios. E a contribuição económica que deu a esta comunidade, muitas vezes em detrimento do seu uso pessoal e da sua família. O poeta da Roma antiga, Ovídio escreveu que: tudo em nós é mortal, menos os bens do espírito e da inteligência. Na verdade, os bens do espírito e da inteligência de Helter Martins (mesmo para aqueles que não o conheceram ou aqueles que são de memória curta,) estarão sempre, mas mesmo sempre, com a comunidade portuguesa de Tulare e por consequência nos anais da comunidade portuguesa de todo o estado da Califórnia.


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Temas de Agropecuária

Egídio Almeida almeidairy@aol.com

O fenómeno do Soro (whey) na Industria dos Lacticínios

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om os constantes avanços na tecnologia para capturar ainda mais das proteínas unicas do soro, este vai-se tornando um maior contribuidor para determinar os preços do leite.

Uma ou outra vez no passado temos mencionado os produtos do soro (whey), hoje porém vamos dedicar este trabalho um pouco mais em detalhe dos avanços da ciência nesta industria, na recolha e transformação deste produto. Até às ultimas 3 décadas, o soro foi um produto de mínima importância, no universo da industria de lacticínios, e por vezes criando dificuldades aos produtores de queijo, quanto à forma de criar as condições necessárias exigidas pelos seus regulamentos ambientais, hoje porém é uma credível fonte de receita para toda a industria de lacticínios. De facto, uma estimativa da “United States Dairy Export Council” (USDEC) indica-nos que um quarto da produção mundial de soro, 1.1 milhões de toneladas métricas por ano, é produzido e manufacturado com sucesso nos Estados Unidos. Básicamente soro é um “by-product” (produto acessório) extraído da qualhada “Curd” preparada para a produção de queijo. Por cada 100 libras de leite o manufacturador espera produzir 10 libras de queijo, que produz, aproximadamente 90 libras de soro líquido, sendo o componente deste 94 % agua e 6 % sólido, (proteína, gordura, minerais e lactose). Devido a que o soro contém uma alta percetagem de água, tem que ser processado extensivamente para obter os productos desejados. Até às ultimas décadas esse poten-

cial era limitado e a custos elevadíssimos. O tipo e qualidade da solidez total depende do tipo de queijo produzido. Por exemplo, Cheddar-style vai produzir soro doce, enquanto que soro ácido é produzido da manufacturação de “yogurts” ou “cottage cheese”, soro doce, é o mais utilizado para produtos comerciais porque soro ácido é mais difícil de processar. Os produtos mais comuns produzidos a partir do soro doce incluem “whey powder products” tais como WPC 34%, WPC 80% e WPI que são obtidos com o uso do método de filtração que seleciona as proteínas e retira parte da lactose e minerais - demineralizede whey, reduced lactose whey, permeate e whey protein concentrate. Na primeira parte do século XX o soro era usado para a alimentação de porcos e vitelos, e o certo é que estes animais mostravam um significante desenvolvimento nutritivo, uma prova, do incrível valor desta mistura de proteínas extraídas do soro, coletivamente são das mais nutritivas conhecidas pelo homem. São estas proteínas que vem reenforçar o valor do soro, no entanto mesmo a lactose “milk sugar” é económicamente importante. Por alguns anos manufacturadores produziram maioritáriamente “12 % protein sweet whey powder” simplesmente concentrando e secando o soro, “dried sweet whey” que contém toda a solidez recuperada do soro, depois da água ser retirada no processo e fabrico do queijo. Durante as ultimas duas décadas a industria de lacticínios conseguiu grandes descobertas para recolher e concentrar o mais valioso componente do soro, “the

whey proteins” usando o processo “whey fractionation” (or membrane filtration). O soro líquido é puxado a alta pressão pelas membranas, que são folhas de material com buraquinhos microscópicos. Como qualquer outro processo de peneirar, neste caso as proteínas não podem passar e são retidas

pela membrana. Embora esta seja uma tecnologia recente, os resultados são astronómicos. Uma nova fábrica para este processo em média vai custar 30 milhões de dolares, devido ao equipamento especializado que é necessário, devido à grande quantidade de água que é retirada do producto. A crescente demanda pelo soro tem causado uma significante subida nos preços de “whey powder” e outros produtos, mas na maioria dos casos os frutos do investimento são recuperados a curto prazo. Por exemplo, de 1992 a 1996, a média do preço de “sweet whey powder” foi de $0.20 cêntimos por libra, em 2010 o preco foi $0.36 cêntimos e hoje “sweet whey powers” pode trazer $0.55 cêntimos por libra. Outros by-products de soro doce tem tambem subido em valor, hoje o permeate pode vender por $0.35 cêntimos por libra, WPC 80 pode vender por $4.10 a libra e WPI $6.00 por libra, embora um pouco volátil, é geralmente um maior contribuidor, graças aos investimentos feitos pela industria. Antes de 2006 o soro era um mínimo contribuidor nos preços do leite, hoje porém, graças aos mais visionários, com uma boa visão no futuro, estes preços são muito importantes para os produtores de leite visto que os preços individuais de queijo, manteiga e soro seco, são usados pelo (USDA) para mensalmente formular os preços do leite. Não parece à primeira vista que seja fenomenal, mas quando se fala em biliões de cêntimos tambêm se pode falar em milhões de do-

lares.


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1 de Outubro de 2013

Assine o Tribuna Portuguesa e fique a par do que se passa


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America's Cup - A mais gostosa Vitória A regata começou com a America em desvantagem de -2, devido a uma penalidade sofrida em 2010. A Nova Zelândia entrou a "matar" e consegui chegar a 8-1. O Oracle Team, representante da America viu-se em maus lençois e até houve um dia que pediu o cancelamento da segunda prova tal era o

descalabro psicológico e mental na equipa americana. Mudaram de "tactician", mas mesmo assim ainda perderam mais uma regata. De repente, e sem que ninguém apostasse um dólar neles, a equipa americana renasceu das cinzas e durante dias deu um show inesperado e brilhante

e no fim ganhou por 9-8 à grande equipa da Nova Zelândia. Sorte, saber, desnorte do Kiwis? Esta vitória da America's Cup possívelmente foi a mais inesperada de todas. Os

catamarans de 72 pés podiam andar a três vezes a velocidade do vento, por isso algumas regatas foram canceladas quando o vento rondava os 23 nós.

Fotos de Nuno Sanches Silva


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1 de Outubro de 2013

Reviver o passado na Costa Leste

A melhor oferta do dia ao XeFe do Party Tea de Lowell

José e Adelaide Gabriel receberam a malta visitante de uma maneira inesquecível.

Yolanda Pimpão, José Manuel e Lena

Ilda Avila, Luísa e Luís Cordeiro, Adelaide e José Gabriel, Carlos e Liduina Reis, Leninha e Jorge Fernandes

Estes cachecóis foram oferecidos pelo Carlos Brum Embaixo: recepção na Casa de Adelaide e José Gabriel em Lowell


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A beleza da costa marítima

No Clube "Os Azuis" de Lowell. O segundo a contar da esquerda é Renato Lima, que foi um grande jogador do Lusitânia.

U.S.S. Constitution em Boston No PAC de Lowell, mais conhecido pelos "Azuis" Na Coudelaria Casa Lusitana de Jorge Gabriel em Tynsboro, MA

Na Tertúlia de Osvaldo Simões, antigo Forcado, em Billerica, MA

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COMUNIDADE

1 de Outubro de 2013

Na Coudelaria de Jorge Gabriel Coudelaria Casa Lusitana de Jorge Gabriel em Tyngsboro em MA.

No Restaurante Aรงoriano em Gloucester, MA

No pรกtio do Restaurante Cotali Mar em New Bedford

Jorge Gabriel ajudou a fundar o Grupo de Forcados de Turlock sendo seu Cabo durante algum tempo. Foi depois bandarilheiro e a Festa Brava da California muito lhe deve.

Diversas fotos da noite do Concerto dos SOMBRAS


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Os SOMBRAS - o segundo mais antigo conjunto do planeta = 48 anos, numa noite inesquecível de boa música e de boas amizades no Restaurante Cotali Mar em New Bedford

Yolanda e Luís Pimpão, com o Zé Manuel a espreitar - mostraram-nos New York como nunca a tínhamos visto

Dançou-se toda a noite as músicas dos Beatles, Rolling Stones e outros

Na Adega do Restaurante Cotali Mar canta-se Fado de vez em quando

Luis Cordeiro, José Gabriel, Gilberto Festa, Luís Azevedo. À esquerda ao fundo, Clínio Fernandes. Diversas fotos da noite do Concerto das SOMBRAS no Cotali Mar em New Bedford


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1 de Outubro de 2013

José Manuel, Lena, Yolanda e Luís Pimpão - anfitriões de New Jersey

A Alegria de Receber

Todos nós, uma vez por outra, gostamos de receber. Desde um simples elogio de um familiar ou amigo ao mais alto e epolgante reconhecimento no nosso local de trabalho ou Comunidade; Desde a mais pequena e insignificante lembrança ou recordação ao mais belo e caro presente; Desde os trocos do café da manhã, que não resistimos em guardar no bolso, que mais tarde podem vir a ser precisos, à sorte grande da lotaria, tudo isto não é segredo, todos nós gostamos de receber, e a alegria desse ato é pura e simplesmente fascinante, o sentimento de receber algo, muitas vezes sem esforço algum e sem qualquer razão. Pois eu e a Adelaide, meus Amigos, não somos diferentes, também gostamos muito de receber... No sábado, dia 21 de Setembro de 2013, realizou-se no Restaurante Cotali Mar em New Bedford, Mass. uma reunião/convívio que teve como objetivo o estabelecimento de relações amigáveis antigas, entre pessoas da Ilha Terceira mas não só, abrilhantado pelo famoso conjunto musical dos anos 60, "Os Sombras". Sem dúvida uma noite mágica, para nunca mais esquecer. Forasteiros vieram de todos os cantos do mundo para este tão esperado e antecipado evento, e esta foi a nossa oportunidade, a oportunidade de saber e perceber que uma vez na vida só acontece UMA VEZ, a oportunidade de receber Amigos com alegria, com a alegria de um Terceirense. Assim, na sexta feira, dia 20 de Setembro, abrimos as nossas portas, as portas da nossa casa e convidei todos os forastei-

ros Amigos. Amigos de longa data, cerca de 56, alguns deles que já não se viam há quase 40 anos outros nem ainda se conheciam pessoalmente. Vieram dos Estados da California (14), Oregon, Florida, New Jersey, Conectticut e de Lisboa, Terceira e Canadá, assim como os nossos Amigos locais, neste lindo e fabuloso boquet de flores, que iluminaram o nosso jardim, estão incluídos os membros do grupo "Os Sombras". Amigos, posso confessar-vos que ouvi a Adelaide ao telefone dizer a uma Amiga, que preferiu ter sido anfitriã para todos estes Amigos do que ter ganho a lotaria, eu acrescentaria, que de facto saíu-nos a lotaria e foi um quantia incalculável, esta Amizade não tem preço nem nunca terá. Quem tem Amigos como os que estiveram presentes na nossa casa e se junta como o fizemos, acreditem meus Amigos, estes Amigos sempre irão permanecer unidos. Muitos mais teria para convidar, muitos mais seriam convidados, mas não poderam estar presentes, mas aos que vieram so' tenho uma palavra para vos dirigir, OBRIGADO !!! Obrigado pela vossa companhia, obrigado pela vossa Amizade, obrigado pelo calor da vossa presença, obrigado por terem iluminado a nossa casa com os vossos sorrisos, obrigado por este acontecimento que nunca mais poderei repetir, obrigado pela oportunidade de os ter podido abraçar, obrigado por serem quem são e finalmente obrigado por nos terem dado a maior ALEGRIA DE OS TER RECEBIDO. Todos nós gostamos de receber, seja lá o que for, nós fazemos questão de receber os Amigos, são eles e as nossas Famílias que nos fazem viver, viver com alegria. OBRIGADO. José e Adelaide Gabriel Lowell, Mass. 28/9/13

Francisco e Maria João Toledo, Tony e Alex Vieira, Liduina e Carlos Reis, Leninha e Jorge Fernandes. À frente, Luís Pimpão e Ilda Avila

Boston


Antigamente era assim

João Bendito bendito@sbcglobal.net

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Os Chiturácas e os Teipas

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epois de ter passados os dois primeiros anos da minha vivência californiana a trabalhar como “janêta” e de, ainda durante uns meses mais, a montar fogões comercias e a fabricar latas de alumínio, dei um grande salto no mercado de trabalho e tornei-me num “chituráca”. Levado pela mão amiga do Mister Lunas, comecei a minha carreira de trabalhador da construção na companhia que era propriedade dos irmãos David e “Ilhá” Hernandez e onde já labutavam dezenas de portugueses, quase todos açorianos. Tive a sorte e a fortuna de ter tido por mestres três cunhados naturais de São Mateus da Calheta, um deles, o António “Turlú”, já meu conhecido da Tasca do meu pai, onde parava aos fins da tarde à espera da hora da viagem na camioneta da EVT de regresso a casa. O mais novo, o Norberto, foi o encarregado de me encaminhar nesta nova aventura. Não se cansava de me avisar que “isto não é trabalho para meninos da cidade”, que eu não pensasse que era o mesmo que passear os livros na rua da Sé ou até que era muito diferente de vender meias-bolas aos soldados que procuravam os balcões do “Bailhão”. Tinha razão, o Norberto. Para alguém como eu que raramente tinha pegado num martelo na minha vida e que nunca tinha feito trabalho pesado, aquilo foi um martírio. Nas primeiras semanas as dores no corpo nem me deixavam dormir, os dedos encolhidos que não os podia retesar, as unhas negras de tanta martelada que não acertou na cabeça do prego, o espírito desanimado e sempre em constante dúvida se teria escolhido a profissão certa... Com a inestimável ajuda do Norberto e seus cunhados, lá fui seguindo e aprendendo os segredos do trabalho. Semanas depois, como já havia sido previamente combinado, comecei a fazer parelha com o Luciano, também ele “menino de estudo” ainda fresco das salas de aula do Seminário e, pouco tempo depois, com o irmão dele, o Carlos. A experiência dos três elementos do grupo era pouca, penávamos os olhos da cara para fazer algum trabalho de jeito e como o salário era calculado à base do “piece work”, tínhamos que trabalhar muitas horas para bem de ganhar coisa que se visse. Mas não fomos os únicos. Dezenas e dezenas de homens que antes tinham sido baleeiros, pescadores e lavradores nos Açores, passaram a ser “chiturácas” e “teipas” na Califórnia.. No fim da década de 70 e princípio da de 80 do século passado o incremento no mercado habitacional permitiu o aparecimento de várias companhias ligadas ao ramo do “Drywall”, algumas delas propriedade de portugueses que se aventuraram neste negocio. Os mais afoitos e espertos ( o João Goulart, o “Rabuja”, os irmãos José e Tony Goular, o Manuel de Sousa, entre outros) conseguiram singrar e montaram empresas que empregaram centenas de trabalhadores e mantiveram relações comerciais com os grandes empreiteiros e companhias construtoras de bairros residenciais. O trabalho pesado não impedia que se vivessem momentos de grande camaradagem e amizade entre os trabalhadores. Claro que também se registavam picardias e desavenças quando algum mais espertalhote tentava enganar os outros a bem de conseguir “roubar” a casa mais fácil ou de açambarcar trabalho e deixar os demais à peneira. Coisas que não se resolvessem com uns insultos e discussões mas que raras vezes chegaram a vias de facto e a actos de violência. A rivalidade entre “chiturácas” e “teipas” era espicaçada por estes últimos que não perdiam nenhuma oportunidade de acusar os primeiros de trabalho mal feito que só os iria prejudicar

Na foto, equipa de futebol do “Goulart’s Drywall”, 1984: Rui Brasil, Helder Ávila, Manuel Goulart, Guilherme Brasil, Patrão Joe Goulart, José Goulart e João Bendito. Em baixo, Humberto, Luciano Cardoso, Luis Freitas, Victor Brasil, Manuel Pascoal e Patrão Tony Goulart.

e fazer perder tempo precioso. Tudo se apaziguava na hora do “break”. Sentados no chão ou no cú de um balde de plástico voltado às avessas, com as lancheiras abertas a imanar os cheiros de torresmos, linguiça e frutas frescas, passávamos uns bons bocados e trocávamos anedotas e histórias que, invariavelmente, nos levavam de volta aos Açores, às festas das freguesias, aos jogos de futebol do campeonato português e às brigas entre Benfiquistas e Sportinguistas. Só o Patrão José e o seu primo Manuel “Charola” é que estavam em desvantagem porque eram os únicos Portistas. Nunca me cansava de ouvir as longas aventuras do Ti Rogério com o seu calmo papaguear jorgense a descrever as pescarias que fazia na baía de Monterrey e onde apanhava “ Massames de peixe qu’até o barco nem se lhe via o fundo”; O Pascoal sempre a descoser nos Terceiras, “Cambada de malandros e maricas”; O pacato Sr. Manuel “Malino” que afinal não fazia mal a uma mosca, a não ser no dia em que me despedaçou umas paredes porque “Estas melcônas estão todas tortas, é campinas delas a eito!”; As valentias do José “Pentiadinho” que levava três folhas de sheetrock ao mesmo tempo pelas escadas acima e o cabelo não perdia a forma; As tolices do Humberto que dava cabeçadas nas paredes só para ganhar uma cerveja de aposta; E as sonoras zaragatas entre o Dutra e o José “da Santa” que se ouviam no outro lado da rua. Com o passar dos anos e com algumas das companhias a abandonarem os sindicatos, os trabalhadores portugueses começaram a fazer parte dos quadros das empresas que se dedicavam aos trabalhos ditos Comerciais, até certo ponto mais leves e mais bem pagos. O vazio deixado foi preenchido por trabalhadores Mexicanos e foi com eles que aprendi a balbuciar umas conversas em Espanhol, para além de ter feito bons amigos que até me convidavam para festas de casamentos e para as interessantes “Quinceaneras” das suas filhas. Agora, já à distância de mais de trinta anos desde o dia em que me estreei como “chituráca” e já completamente desligado da profissão, não posso dizer que tenho saudades do trabalho em si mas, uma vez por outra, gosto de recordar esses tempos, de lembrar boa gente com quem lidei dia a dia, desde patrões, patroas e todos os que de um modo ou outro se cruzaram comigo e me ajudaram nesta caminhada. Razão tinha o José “da Santa” quando dizia que “Um homem esfola-se a <partir a testa >nas paredes destas casas mas, ao

fim e ao cabo, isto é uma alegria, trabalhase muito mas ganha-se bem”. “Deixa-te de cantigas, José”, gritava o Dutra, “Puxa-me essa mangueira p'ra dentro senão levas “fire”! Boca santa tinha o José “da Santa”! PS: Penso que vai ser necessário adicionar um pequeno glossário a este texto, para esclarecimento dos não-calafonas: CHITURÁCA - Aportuguesamento de sheetrocker, instalador de placas de gesso.

TEIPA - Aport. de taper, finalizador de paredes de gesso. MELCÔNAS - Aport. de metal corner, peça de metal para fazer acabamentos nas paredes. PARTIR A TESTA - Aport. de knock down the texture, quebrar a textura da massa nas paredes. JANÊTA - Aport. de janitor, empregado de serviços de limpeza. LEVAR “FIRE” - Aport. de ser despedido.


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PATROCINADORES

1 de Outubro de 2013

Participe nas nossas festas. É sempre bom rever amigos


COLABORAÇÃO

Memorandum

Ao Sabor do Vento

João-Luís de Medeiros

José Raposo

jlmedeiros@aol.com

raposo5@comcast.net

...seja bem-vinda a caravana do 1 – a pobreza não emigra – apenas muda de residência

D

esde há vários séculos, os açorianos são romeiros na via-sacra do seu relacionamento ‘amor-ódio’ com a solidão – uma das pestíferas enteadas da distância. Aqueles ilhéus que foram forçados a trepar a muralha da imigração ficaram cientes de que o berço movediço da sua ancestralidade étnica, chama-se mar salgado. A maioria dos emigrantes viaja com a respectiva maleta ‘cheia-de-nada’ (embora por vezes a sua coragem seja considerada ‘excesso de bagagem’ pelos zelosos vigilantes da miséria alheia). Nos tempos modernos, o imigrante não receia o desafio da globalização: aliás, a pobreza já não emigra, muda apenas de residência... Imagino que a nação portuguesa ainda merece os seus emigrantes (embora o Estado português, a meu ver, raramente os merece). Falo por mim: os imigrantes açorianos não são apátridas; são porventura peregrinos sem santuários à vista, perdidos & achados no ‘casto luto da mudança duma luta de cansar / preso no fio duma aposta’. Aparentemente, a odisseia imigrante não resiste à sua repetição, dado que o tempo que é circular... Pelos vistos, no Outono de 1980, optámos por aceitar o ultimatum para ultrapassar (com dignidade cívica) as muralhas geográficas do destino. Naquele tempo, só nos restava esgueirar à vigilância da confraria beatorra dos ‘deusitos’ – os auto-proclamados armazenistas do guarda-pó da puridade açórica... Ora, o tempo continua a servir de sabonete para perfumar o sovaquinho do passado: nos últimos tempos, procuramos andar de peitoaberto para o oceano Pacífico, para manter a memória humedecida pela brisa nostálgica do Atlântico Norte... São feitios! Recordo (era ainda muito novito) o tempo em que ficava voluntariamente cativo do ‘feitiço’ da imensidade californiana. Na década 1950-60, a maioria dos adolescentes da minha geração gostava de ocupar as tardes de domingo a ver estórias cinematográficas das cowboyadas ilustradas com pistoladas e aguaceiros de sopapos: os filmes terminavam quase sempre com menos índios vivos nas pradarias herdadas dos seus antepassados... 2 – quem são os donos dos danos humanos...?

futuro

Com o devido respeito pela franciscana paciência do nosso ‘leitorado’, não vamos hoje sobrevoar as causas originais por que os emigrantes micaelenses (ao contrário dos seus irmãos do grupo central e ocidental) se resignavam ao destino traçado pelos capitãesgenerais da indústria têxtil da Nova Inglaterra. A análise responsável desses factos terá porventura merecido estudo aturado dos especialistas na matéria. Não custa admitir que a mal-disfarçada solidariedade feudal das elites económicas instaladas em ambas as margens do Norte-Atlântico terão contribuído para romantizar a mobilidade açoriana – como quem diz ‘if you rest, you rust’. Talvez valha a pena relembrar que, na sequência da revolução industrial (que provocou o feliz desassossego da mobilidade social), veio a globalização electrónica, criadora da paranóia da instantaneidade. Como vimos aprendendo, a fronteira que divide a inteligência biológica da chamada “inteligência artificial” não pode ser guardada pela força, mas sim pela velocidade. Aliás, muitos já desconfiam que estará para breve a consagração dos ‘direitos’ reclamados pelas máquinas com “inteligência-não-biológica”... Por outro lado, o acesso democrático ao prazer, o risco voluntário pela aventura do desconhecido, a saudável ilusão de que a velhice é aquilo que só acontece aos outros – são fenómenos relativamente recentes. No passado, aqueles que logravam alcançar o estatuto existencial de ‘boa-vida’ corriam o risco de pisar terrenos pecaminosos! Seja bem-vinda a caravana do futuro! Mas... afinal, que vai acontecer à saudade? Claro que não sabemos. Todavia, como marca registada da nostalgia lusitana, a ‘dona saudade’ corre o risco de ser despromovida ao estatuto de mero eco emocional do imaginário colectivo... -P.S. - Estivemos (uma vez mais) a dedilhar estas breves considerações em nome pessoal. A tentação de dizer coisas originais não faz parte da constelação dos nossos pecados. Mas nem sempre se perde tempo na auspiciosa tarefa de espevitar o torpor existencial dos missionários do ‘bocejo transcendental’...

(o signatário do texto não aderiu ao recente acordo ortográfico)

H

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Papa Francisco

á pessoas que ocupam certas posições na sociedade que de uma forma ou de outra merecem respeito. Não quero dizer que outros, com posições inferiores, não devam ser respeitados. Mas vamos diretamente ao assunto em questão e que é – oi foi – o Sr. Padre Eduino ter sido tratado nas páginas deste jornal por Eduino Silveira. Ora, eu não estive no seminário com o Sr Padre Eduino, portanto, para mim, ele e outros como ele, quer mereçam ou não, chamarlhes-ei por Srs. Padres. No entanto se houver um padre do qual eu fui e sou amigo e a quem antes de de ter sido ordenado eu o tratasse por tu, continuaria a trata-lo da mesma maneira, a não ser que o tal indivíduo estivesse na presença de superiores ou no exercício das suas funções dentro da Igreja. Um padre por ser padre não deixa de ser homem, sujeito a cometer os mesmo erros que qualquer homem comete e, vamos lá, até por vezes proceder de uma maneira que em nada o dignifica perante a sociedade ou o meio em que está inserido. Lá por isso não quer dizer que tenhamos que crucificar o homem. Nunca tive problema nenhum em apontar a um padre – ou outra qualquer pessoa com a qual tivesse confiança suficiente – algum erro que eu achasse que ele tivesse cometido, nem tenho problema algum quando me apontam os meus. Enfim, o mesmo tratamento penso que deve ser dado a alguns senhores doutores. Portugal tem mania dos drs., Drs., e dos Doutores. Ora alguns desses indivíduos, é possível que frequentaram a universidade por um ano e vêm cá para fora querendo já que sejam chamados de Doutores. Isso não está certo e

até uma vez eu fiz a seguinte quadra a um deles: Ó Portugal dos poetas, Heróis e navegadores... Como é que tens tantos patetas Que se julgam ser doutores? Porém, uma pessoa que estudou anos e anos para tirar o seu PHd., o que não é fácil, merece ser chamado por Sr. Doutor, assim como os que têm os seus mestrados e bacharelados devem ser reconhecidos. Tenho amigos em todas as camadas sociais e que eu saiba, até hoje nunca faltei ao respeito a nenhum. Dois deles são doutores da mesma especialidade e quando os conheci, um foi-me apresentado pelo seu primeiro nome e o outro pelo Senhor Dr. tal... Comecei de imediato a chamar um de doutor e ao outro não. Aquele a quem eu sempre tratei por doutor um dia disse-me: José, não me trates por doutor. Daí em diante comecei a trata-lo por tu. No entanto se estamos num lugar qualquer em que eu acho que eles devem ser tratados de acordo com o grau académico que possuem, assim o faço. Isso não quer dizer que não haja doutores carregados de livros que sejam burros e burros carregados de livros que sejam doutores. Se houver algum desses senhores que é ou diz que é meu amigo e que por ter conseguido na vida um grau académico e posição que lhe dê o direito a um tratamento superior e exige que eu o trate dessa forma, numa conversa particular ou entre amigos, está muito enganado comigo. Porque isso só prova que o tal indivíduo nunca foi meu amigo e será razão para eu me afastar e tenho a certeza que muitos mais se afastarão do convívio amistoso com tal pessoa, a quem os seus títu-

los lhes subiram à cabeça. Não estou a escrever isto para defender ou atacar o padre Eduino. Ooops, desculpe, Sr. Padre. Conheço-o mais ou menos bem, falo com ele sempre que o vejo, tenho confiança de lhe contar anedotas (sem pimenta malagueta) e ele até já me tem contado algumas. Discordamos, muitas vezes, em matérias de religião e até achei que ele agiu com grande descontração quando, outro dia, numa missa, por não saber ou não se lembrar do nome do Bispo da Diocese local, não teve meias medidas: parou no meio da cerimónia e perguntou – “qual é o nome do Bispo daqui?” Se a missa é a réplica da última ceia de Cristo com os apóstolos, onde Ele compartilhou, amigavelmente, o pão e o vinho com os que lá estavam, deveria continuar a ser uma cerimónia de convívio entre o Padre e os participantes. Claro que devemos, até os menos crentes, respeitar a cerimónia, mas acho que não deveria ser tão rígida e até certo ponto assustadora, como alguns padres ainda continuam a pintá-la, com cenas do fogo eterno, em infernos onde já não há lume, porque o diabo não consegue pagar a conta do gás. Que seja celebrada, como digo, com todo o respeito que merece, mas que alterem mais algumas coisas, pois que de contrário os jovens se afastarão e quem fica a perder é a Igreja. Quanto aos títulos, sigam o exemplo de Jorge Mario Bergoglio que por não se sentir superior a ninguém, despojou-se das jóias e outras riquezas, faz refeições com os amigos e empregados do Vaticano e vive numa simplicidade extrema, ao ponto de pedir para se referirem a ele simplesmente como Papa Francisco.


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COLABORAÇÃO

1 de Outubro de 2013

Sonhos of the Azores (2) It was Ricardo and his magic of making one day and a half seem like a week of sightseeing that brought me back this summer to spend the month of June in São Miguel. The taste of what I saw in 2012 stayed on my palate and I had to come back to savor its delicacy. It was not a mistake. This summer’s trip back to the Azores was filled with new experiences and a return to some of those same wonderful sites I so enjoyed seeing last year. I was able to rent a house from Ricardo’s father in the town of Rosario, Lagoa. I knew going there that I was going to be well taken care of because Ricardo had this unique ability to take care of his clients so that they kept on coming back. I met people this summer from Belgium and Switzerland and the United States that had toured with Ricardo in past years. They had returned to have him continue their adventures. The house that I rented from his family was very comfortable, having two bedrooms and a newly remodeled and fully tiled kitchen and bathroom. The patio proved to be my favorite place with its grape arbor shielding me from the sun. It was there that I sat many mornings capturing my host’s

generous wifi to keep me in contact with friends and family at home while I ate my breakfast of sweetbread, cheese, and Nescafe. Those same sounds that I remembe-

this immense park. Black swans vigilantly watched us as they swam serenely down the streams running along the park walkway. The trees and vegetation and flowers were immaculately kept by what had to be an army of park keepers. I don’t think a person could have taken a bad picture in that park if they tried. Ricardo and his lovely wife Nelia, were great hosts and soon became good friends. I felt surrounded by family even though there was no shared blood. Other new friends, João Simões and his wife Fernanda completed the experiences that only locals can provide. They took us to the festa of Sao João in Vila Franca. The evening began with a sardine feed. People were lined up to be treated to barbecued sardines and bread. This was free to all who came. For a donation, João sat us at a table at which we were served those same sardines and much, much more, a virtual feast. The parade didn’t even start until 9 o’clock when the festivities began. Group after group of lovely people dressed in costumes joined marching bands from various parts of the island and came to show their reverence of this saint’s celebration. It was a totally delightful evening. The crowds were huge. People dressed in their Sunday best lined the streets. Hawkers sold hot dogs and popcorn and other enticing treats. By midnight, the parade was finished and I was amazed to see little children still wide-awake, dancing and playing in the streets. Fernanda and her friend Mena had to go to work the next morning, so we headed home. For some, we heard that the partying went on all night. Our friend, João, also provided one of the

red from my stay in Pico so many years ago were also present. The rooster who had to announce each morning, the birds that at the first glimpse of sunlight sang so melodiously, added to the present day sounds of cars passing in the narrow streets outside the house. It was this summer that I went whale watching instead of watching whales captured and killed. Those majestic creatures now swim safely and protected. Ricardo brought my friend Donna and I to the Terra Nostra Hotel, which is situated in Furnas--the hot springs of the island. For five Euros we swam in the hotel pool with its warm, brownish water and soothing minerals. In addition, we were allowed to visit the absolutely stunning gardens adjoining the hotel. I felt like I had entered the Garden of Eden when I walked down the multitude of pathways crisscrossing

highlights of the trip when he took us to visit the Ilhéu of Vila Franca. This natural volcanic crater sat right off of the coast. In order to reach it and swim in it’s natural pool, we needed to take a special boat. João picked us up at 10 that morning and drove us to the port to catch the boat. Lathered in sunscreen, we spent the entire day swimming and snorkeling in this incredible swimming pool that God provided. As I stood at the steps with my legs in the water, I sensed something very soft on my foot. I thought it was a cloth that someone had lost in the water. I kicked it off, and much to my surprise, sensed it on my foot again. This time I looked down and saw an octopus that had decided to visit me. What a startling experience! We were told that the sea life in this area was protected as part of a natu-

re preserve. Also protected on the Ilhéu were the unusual sounding sea birds called cagarros. These creatures hide in the daytime in holes they’ve prepared on the island. They do not like light. At night they come alive and sing an eerie song. I remembered back in 1964 in Pico walking down to dance in the evenings and hearing those creatures calling out in the darkness. I was never able to see one but was intrigued by its strange sounds. João happened to be a friend with the head ranger on duty and he took us on a hike up the cliffs of the island. Quickly we came upon a dead cagarro. He thought from the amount of feathers scattered on the path that there had been a fight with one cagarro the loser. This sixty six year old lady climbed cliffs that I would never have thought I could reach. The rewards were great. Plants and flowers were abundant. I snapped picture

Joann M. Flinn

after picture on my voracious camera. I knew this was one of those special, special experiences that I would never forget. When the day arrived to return to the USA, I found that leaving these wonderful people was not easy. Our final hours at the airport were filled with good-byes. Ricardo and Nélia were both there to give hugs and kisses. João arrived without Fernanda who still was at work back in Ponta Delgada. These generous and delightful people, now forever friends, came home with me in my heart along with the many, many memories of this life changing experience. Thank you God and thank you Azores.


TAUROMAQUIA

Reflexões Taurinas

Quarto Tércio

Joaquim Avila

José Ávila

bravoi3@sbcglobal.net

Praças de Stevinson e São João As praças de touros de Stevinson Pentecosts de Stevinson e São João de Thornton servirão de palco para as ultimas corridas de 2013. Para a corrida mista de Stevinson no dia 6 de Outubro estão anunciados os cavaleiros Tiago Carreiras e Marcelo Mendes, ambos pela primeira vez na California. A pé teremos o matador mexicano, Cesar Castañeda que já há varios anos não pisa as nossas arenas numa corrida formal, mas que tem estado sempre muito ligado a várias ganadarias californianas a tentar as futuras vacas reprodutoras dessas ganadarias. Na forcadagem estarão os Grupos de Forcados Aposento de Turlock e Amadores de Merced. Os touros serão da Ganadaria de Santo Antão, de Germano Soares, que será também o empresário da corrida. As idades dos touros são de 4 a 5 anos de idade, como se diz nos bonitos panfletos distribuídos. Acho que é um pouco estranho anunciar estas idades tanto avançadas, principalmente para as nossas corridas da California aonde não se pode castigar os touros, mas a honestidade é sempre uma virtude. A corrida está muito bem montada e desperta muito interesse pelas caras novas que iremos ver em praça. Assim é que se deve montar corridas para chamar o maior numero de aficionados à praça, além do preço do bilhete para a corrida ser bastante acessível. Nos dias 19 e 21 de Outubro teremos a já tradicional mini-feira de Thornton pelas Festas em Honra a Nossa Senhora de Fátima. No Sábado estarão em praça os cavaleiros Joe Correia, Alberto Conde e Paulo Ferreira com os grupos de forcados Aposento de Turlock e Amadores de Merced. Os touros serão das ganadarias Casa Agrícola Machado e Joe Parreira. No dia 21 de Outubro, para o que será a ultima corrida desta época taurina, está anunciado uma corrida mista com os cavaleiros, Paulo Ferreira e Sário Cabral. A pé teremos o matador mexicano Antonio Garcia. Em

praça estará o Grupo de Forcados Amadores de Turlock para pegarem a sós os quatro touros para cavalo. Os seis touros serão todos da ganadaria Açoreana. A meu ver a corrida da Segunda-Feira está muito mais bem montada de que a do Sábado, o que vem um pouco contradizer o que se tem feito nos anos anteriores. A corrida do Sábado tem sido sempre a mais forte, precisamente por ter sempre no cartel alguém de alto nome vindo de Portugal, justificando-se assim o preço dos bilhetes mais elevados de toda a época taurina. Além da corrida de Segunda-Feira ser mista, que para mim é muito positivo, oferece mais diversidade com o toureio a cavalo e a pé, podendo assim chamar um maior numero de pessoas. Isto é uma opinião muito pessoal e não quero de maneira alguma criticar a decisão da comissão de festas. Agora o que eu não acho normal, é neste ano se levar o mesmo preço pelos bilhetes que se tem levado nos anos anteriores onde foram apresentados cavaleiros de Portugal de grande nome. Não quero de maneira alguma pôr os cavaleiros que estão anunciados para o Sábado noutro nível, porque até muitas das vezes os cavaleiros locais têm conseguido lides muito superiores aos que vem de fora. O que acontece é que esses cavaleiros de fora pedem sempre uma quantia de dinheiro muito elevada, o que leva aos empresários a pedirem mais dinheiro pelos bilhetes. Só isto poderá justificar os bilhetes mais elevados como se faz em todas as praças do mundo taurino. Com tudo isto, espero que a corrida do Sábado, como a de Segunda-Feira tenham muito sucesso, porque seria bom para todos, incluindo a festa brava da California. Para terminarmos esta época taurina muito positivamente teríamos que ter estas ultimas 3 corridas completamente cheias de pessoal a apoiar os cavaleiros, matadores e forcados a desepenharem bem suas funções. VAMOS TODOS AOS TOUROS.

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josebavila@gmail.com Um amigo nosso sugeriu que as corridas de toiros poderiam muito bem começar às 7 horas até porque hoje em dia são muito poucos ou nenhuns os trabalhadores portugueses na ordenha das vacas, razão essa para que as corri-

das começassem às 8 horas. Aqui fica a ideia para as nossas organizações taurinas poderem pensar nela. Leio e não acredito. Num cartel de toiros leio que vão estar presentes numa

corrida duas Filarmónicas. Estão a gozar com a Festa Brava? Alguma vez na historia precisamos de duas bandas numa corrida? Tá tudo doido? Uma corrida de toiros não é um festival musical. As bandas participam mas

são acessórias da festa. Por favor não queiram estragar a nossa festa que levou muitos anos a construir e que na realidade tem levado muitas machadadas nos ultimos anos. Haja juízo!

Forcados da Tertúlia Tauromáquica Terceirense em Zacatecas Após uma viagem de mais de 24 horas, entre vários Aeroportos e escalas, chegou à Cidade de Zacatecas (México) o Grupo de Forcados Amadores da Tertúlia Tauromáquica Terceirense. Recordar que Domingo, 29 de Setembro, o referido Grupo fez a sua apresentação em México, na Monumental de Zacatecas na Tradicional Corrida do Governador estando em disputa o Troféu "Barrete de Prata" em confronto directo com os

Amadores de Mazatlán e Amadores Mexicanos. Actuam nessa corrida os rejoneadores Jorge Hernandez, Andrés Rozo e Jose Ignacio Corral frente a seis toiros de Chinampas. O dia anterior começou com uma visita à Tertúlia de Fernando Jurado,um pequeno recanto de Portugal em México. Nas paredes da castiça e bonita tertúlia vários cartazes portugueses e a bandeira de Portugal, visitando depois a ga-

naderia de D.Joaquim Aguilar onde foi efectuado um treino em conjunto com os Forcados Amadores de Mazatlan, Amadores de Queretaro e Amadores de Juriquilla. No final almoço convivio com todos os elementos.

Jaime Martinez

ULTIMA HORA

Forcados da Terceira estrearam-se no México Terminada a lide do primeiro da ordem, correspondente ao Grupo de Forcados Amadores da TTTerceirense. NELSON FURTADO à terceira tentativa a dobrar DÉCIO DIAS que visitou a enfermaria por precaução. Nada de grave e cedo regressou ao convivio com os colegas na trincheira. Toiro da Ganaderia de Puerta Grande manso e sem condições de lide. O quarto da ordem foi pegado por JOSÉ VICENTE á primeira tentativa. Estrondosa ovação do público Mexicano. Um autêntico monumento a pega e ao forcado. O grupo é forte candidato ao troféu em disputa "Barrete de Prata".

O TROFÉU "BARRETE DE PRATA" em disputa na Corrida de Zacatecas (México) domingo 29 de Setembro, foi para o GRUPO DE FORCADOS DA TERTULIA TAUROMAQUICA TERCEIRENSE por ter sido o melhor grupo no conjunto das seis pegas aos toiros da ganade-

ria de Chinampas.

Jaime Martinez Amante


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PATROCINADORES

1 de Outubro de 2013

Uma organização fraternal fundada por Portuguêses, para o benefício da comunidade Portuguêsa.

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PATROCINADORES

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CULTURA

1 de Outubro de 2013

Leitura e memória:

o passado nunca Vamberto Freitas Memória é recuperar o que resta dos outros, de todos os outros, de que também somos feitos. Teolinda Gersão, As Águas Livres

Q

uase todos saberão que parte do meu título aqui é uma paráfrase de um dito de William Faulkner num dos seus romances: “O passado não está morto, Nem sequer é passado”. Muita da literatura que nos toca profundamente pode depois ser lembrada através dos seus personagens mais marcantes ou situações inusitadas – ou por uma simples frase. Outro escritor sulista (e falar dos melhores escritores sulistas norte-americanos é também aproximar algumas temáticas que têm definido muita da escrita portuguesa do século passado, e até do presente), Thomas Wolfe, está mais ou menos esquecido, mas raro será também o leitor de língua inglesa que não recordará de imediato um dos títulos mais significantes de toda uma geração, a um tempo romântica e modernista – You Can't Go Home Again/Não Se Pode Regressar A Casa. Os nossos percursos de vida não mexem com os lugares, mexem, sim, decididamente connosco os lugares das nossas origens. Nós estamos condenados a caminhar sempre, mesmo que só interiormente. Não se pode voltar a casa, por certo, mas podemos lembrar os que connosco a partilharam num prolongado momento das nossas vidas, quase sempre o tempo decisivo da infância e adolescência, e em que ficam para sempre sempre inscritos na nossa conscência as figuras e os incidentes que nos vão acompanhar a vida inteira. Um livro de memórias é o quê? Uma autobiografia selecciona que factos e afazeres na vida de um escritor? Como se tor-

é passado

na arte literária um “diário”, que poderá ser escrito com dias ou meses entre uma entrada e outra, ou como se integra num cânone particular do seu autor ou autora? As Águas Livres/Caderno II, de Teolinda Gersão, é uma riquíssima fonte de reflexões sobre arte e memória, e ainda mais quando certas páginas da sua prosa se tornam em contos autênticos, com princípio, meio e fim, nos quais a vida interior ou afazeres relembrados e definidores do “carácter” do seu “protagonista” obedecem a certo mandato teórico desse mesmo género: o leitor fica com o conhecimento da fatia-de-vida inteira, um outro imaginário de certo tempo e geografia. As suas entradas não vêm datadas, mas acredito que estão organizadas cronologicamente – vamo-nos situando no tempo e nos lugares conforme um ou outro pormenor que a autora vai deixando cair ou relatando. Aliás, ler esta prosa recortada de Teolinda Gersão é entrar na mente e no quotidiano de uma grande escritora, As Águas Livres virando parte diário, parte autobiografia, parte reflexão teórica sobre o próprio acto escritural. Para mim -- provavelmente devido à minha formação académica norte-americana – um dos maiores prazeres literários é precisamente este género de confessionalismo intelectual meio disfarçado, estes fragmentos incisivos de, uma vez mais, considerações filosóficas, memória de lugares e dos seus “personagens” – a linguagem das coisas e gentes transfiguradas, a linguagem dos nossos afectos e os uivos dos nossos ódios, a génese da arte revista e revisitada. Por certo, como insistiam os new critics americanos, um leitor poderá dispensar por completo conhecimentos biográficos de qualquer autor, a obra ficcional ou poética ou se auto-segura, por assim dizer, na sua unidade total, ou então não vale como “literatura”. É claro que exageravam propositadamente: conhecer o pensamento íntimo de um autor ou autora é abrir mais profundamente a percepção da sua restante obra. Só que estes “cadernos” de Teolinda Gersão oferecem-nos também e só por si o prazer do texto, contêm nas suas páginas outros mundos ou “realidades” autónomas que passam a fazer parte do que mais lembramos da sua escrita no seu todo, o que dela nos fica entre a ficcão e a realidade, a ordenação do caos nas nossas vidas. As Águas Livres é um livro de supresas constantes – de tema em tema, a autora vai-nos abrindo as portas ao mais inesperado no seu e nosso pensamento, fazendo literatura-outra ora com o realismo na descrição de um antigo prédio lisbotea prestes a desabar, com a narrativa do comportamento de um personagem à solta na rua ou aprisionado/a na sua gaiola urbana habitacional, ora com o diálogo que trava com outros artistas da palavra, com certos filósofos da nossa infelicidade, com a música ou com as artes plásticas. Razão e emoção – nada nestas páginas sobressai em cinzento, ou numa suposta objectivida-

de ou distanciamnento. A autora relembra o seu passado numa província do país com a mesma acuidade crítica, bondade e sensualidade com que olha e vive os seus dias no centro da cidade de Lisboa, ora banhada na sua luz solarenga ora tortuosa nos seus labirintos de pobreza e desespero. Esta é a outra “cidade de Ulisses”, só que agora revisitada e vivida sem o filtro da ficção pura, a autora e narradora sendo uma só pessoa real movendo-se e falando sobre a sua vida de mulher, mãe e amante, a Teolinda Gersão num magnífico autoretrato oferecido aos seus leitores, um abrir de corpo e alma que nos leva de imediato a algumas das suas reinventadas protagonistas noutras obras. Cada livro seu poderá tomar formas diferentes, mas cada um deles como que se encaixa perfeitamente num imaginário completo dos seus mundos e memórias, contradizendo e depois reconstruindo a “verdade” dos seus dias, reimaginando tudo e todos como que num palimpsesto, que é afinal a natureza implícita de toda a literatura. “A criatividade – escreve Teolinda Gersão quase no início de As Águas Livres, talvez sugerindo levemente aos seus leitores o que esperar ou até como interpretar o que se segue, entrada a entrada – é destrutiva, em parte a sua raiz é a destruição. Afastome da limpidez da alma, porque é necessário o limo. A criação surge da matéria: densa. Impura”. Se na ficção é Teolinda Gersão por detrás da máscara de uma “narradora”, a inventora das suas personagens e a quem lhes dá corpo e alma, nos seus cadernos As Águas Livres são as suas personagens que nos reinventam a autora do mesmo nome, “Teolinda Gersão”. Creio ser isso mesmo o que ela quer dizer ou signiicar quando escreve as palavras que aqui servem de epígrafe: “...o que resta dos outros, de todos os outros, de que também somos feitos”. A humanidade que aparece nestas suas páginas vai desde um mendigo na aristocrática Almirante Reis, aos avós e familiares da província de origem aos mais conhecidos nomes da literatura ou escrita filosófica internacional (Freud, Kafka, Goethe e Kierkegaard, por exemplo), a escritores portugueses como Vitorino Nemésio, um dos mais faulknerianos escritores nossos quando insiste em recriar toda uma geografia muito sua e a cultivar a memória da comunidade através de excêntricos personagens de livros como Mau Tempo No Canal. Do mesmo modo, algumas das figuras “verdadeiras” de Teolinda Gersão

Apenas Duas Palavras

Diniz Borges d.borges@comcast.net Esta edição da Maré Cheia traz-nos, em começo do outono, um texto do nosso distinto colaborador, o critico literário, Vamberto Freitas, sobre o novo livro da escritora Teolinda Gersão. O texto do Vamberto é mais uma análise brilhante de um livro que estou a ler e a gostar muito, muito mesmo. É que as análises do Vamberto não são meras recensões, são sim, textos literários, feitos com uma grande capacidade interpretativa e uma noção clara da literatura e do seu papel no mundo de hoje. Ler o Vamberto é mais do que ler uma apreciação de um livro. Ler o Vamberto é, como ler Christopher Hitchens, todos os textos críticos são obras de arte. Leiam, pois esta página. Depois, comprem o livro da escritora Teolinda Gersão e acredito, veementemente, que ficarão, como eu, maravilhados com a sua escrita. abraços diniz neste livro são ainda mais estranhas ou mesmo “implausíveis” do que as dos seus romances ou contos. É certo que, hoje, se um ficcionista reinventasse certos personagens, provavelmente um editor inteligente rejeitaria essas criações por falta de, digamos, consistência psicológica ou comportamentos “inacreditáveis” adentro do realismo literário a que a maioria dos leitores se habituou desde há muito. Mas elas existem na realidade, essas personagens absolutamente originais e de pouca credibilidade na própria ficção. Cada escritor parte inevitavelmente de uma determinada geografia humana, que o destino lhe guardou na caminhada da sua vida. Do mesmo modo, cada leitor aproxima-se de um texto a partir da sua própria vida, experiência e imaginação, se não reescrevendo o livro de outrem, pelo menos “completando-o”, assimilando ou resistindo à leitura do texto, às aparentes propostas interpretativas do próprio autor. Do que poderia e gostaria de citar aqui, guardo, entre muitos outros, o momento “açoriano” com que a autora nos brinda. Depois de nos contar a velha amizade entre a família de Nemésio e a sua, Teolinda relembra uma viagem à Ilha Terceira, e num dado momento em busca da casa de nascença do autor do Jornal do Observador, que ela menciona directamente. Duvido que a ficção comportasse credivelmente o que lhe acontece numa rua da Praia da Vitória, e quando pergunta ao primeiro homem que encontra onde ficava a casa de Nemésio: “A casa de Nemésio? Venha comigo, disse. Eu moro lá”. As Águas Livres é quase todo feito destas pessoas e situações inesperadas, mas que nos aproximam ainda mais do próprio texto. Não é só a autora que está em frente a um espelho de imagens ora “realistas” ora “distorcidas”. Estamos lá com ela, na nossa comum humanidade. Teolinda Gersão, As Águas Livres/ Cadernos II, Porto, Sextante Editora, 2013.


PATROCINADORES

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ENGLISH SECTION

1 de Outubro de 2013


ENGLISH SECTION

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COLABORAÇÃO

1 de Outubro de 2013

Portuguese Heritage Night A Huge Success!

Folk dancers of Tempos de Outrora

Reflection

Jessica Mendes

I

missjmendes@gmail.com

t's been two months since the Portuguese Heritage Night that Fecha A Luz Productions hosted in Santa Clara, and people are still talking about what an amazing hit it turned out to be. The event was perfect for everyone to catch up with old friends and make new ones. The night took place at a Santa Clara Earthquakes soccer game, which was filled with about 1,500 Portuguese fans alone, and even the Portuguese fan section, which was beautifully covered in red and green, was sold out for the game. A bunch of us were standing outside the seated section enjoying the game and savoring delicious food and drinks provided by the many booths and food trucks. Prior to the game starting was a beautiful Azorean Folklore performance by "Tempos de Outrora" followed by the National Anthem played by Portuguese Marching Bands of San Jose & Santa Clara. The game ended 2-1 in Earthquakes' favor which got everyone even more excited for the rest of the night. However, not only was the night about partying and celebrating the youth, a lovely, generous donation check of $1,000 was presented to P.O.S.S.O., a Portuguese non-profit organization for social services and

opportunities. The event was happily sponsored by Casa de Benfica, Da Silva Entertainment, Luso America Insurance, Neto's Restaurant, Bacalhau Grill & Trade Rite Market, S.E.S. Hall of Santa Clara, Amarante Properties, Coisa Nossa, Chris Tower Videography, and Dan Or Photography. RTP Contacto even covered the event interviewing many guests including the Portuguese Consulate of San Francisco, Nuno Mathias, as well as Jason and Taylor Amarante, the hosts of the event. Following the game, close to 1,000 people attended the after party at S.E.S. Hall, where they celebrated by dancing and mingling with live music performed by Raca and dance hits by DJ Jamarante. Delicious Portuguese food and cheap drinks as well as a photo booth were all donated by Da Silva Entertainment. Everything went absolutely perfect and could not have been any better. For upcoming events hosted by Fecha A Luz Productions, please visit http://www.fechaaluzproductions.com and/or if you'd like to request a party hosted by Fecha A Luz Productions, feel free to email them at events@fechaaluz.com and don't forget to follow them on Facebook at http://www. facebook.com/FechaALuz.

Conjunto Raça

Fans / Party-goers

Photos by Dan Or Photography

Event organizers Jason & Taylor Amarante with Nuno Mathias, Consul General of Portugal in San Francisco


Água Viva

Filomena Rocha

E

filomenarocha@sbcglobal.net

verything has a genesis, a reason for being. Even in a paradise named Raymond Burr Vineyards, for which I dedicate my Agua

Viva. Roberto Benevides was born in Visalia, California, on February 9, 1930. Grandson on his paternal side, of Manuel Benevides from Ribeirinha, São Miguel island and grandma Luisa Glória, natural of Flamengos, Faial island. From his maternal side, grandson of João Nunes from Vila de Velas, São Jorge island and Maria Simas, natural of São Roque village, Pico island. Roberto graduated from Exeter Union High School in Exeter, California in 1948 and in the same year, started at UC Berkeley. In 1952, he enlisted in the US Army, where he served for two years during the Korean War, returning to the University of California where he completed his education, through the G.I. Bill, with a Bachelor's Degree in Theater Arts in 1955.

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Raymond Burr Vineyards and the pursuit of two lives

mutual interest and understanding in the cultivation and care of orchids. In the following years, their mutual interest grew until it developed into a commercial venture. At the same time, Roberto was promoted to Executive Producer of their mutual company, RB Productions, which was associated with Universal Studios, launching the successful TV show: Ironside, which led them to buy an island in Fiji to raise cattle and coconuts. As if this wasn't enough, both leased the Estalagem of Santa Cruz, in the Faial island, Azores, for a fun filled year. In 1976, Benevides, at his father's advise, started to purchase acres of abandoned land in Sonoma County, close to his father's birthplace. Four years later, Burr & Benevides moved to an old farm in a parcel of land that Benevides has purchased. Ironside came to an end. The 3,000 acre island in the Fiji was sold, along with the

Roberto Benevides, Frank Baptista, Billy Katt and Barbara Hale

region: Tinta Cão, Tinta Madeira, Touriga Nacional and Tinta Roriz. Originally the Port was only for family and friends but found itself in European and South Ame-

full bodied and flavor, complex and full of joy. In a TV documentary made about North California wines, Burr reaffirmed that "one of the most important aspects

Roberto Benevides (left) from an episode of Perry Mason 1958

Raymond Burr and Barbara Hale

Afterwards he moved to Los Angeles to follow his dream as an actor, starting em various TV shows and some small roles in film. One of the TV shows which he worked on was Perry Mason, the program that would make a star out of Raymond Burr. Motivated, initially by a great friendship between Burr and Benevides, and their

newspaper, the Fiji Sun, as well as the Sleeping Giant gardens, which had been carefully planted full of their own orchids. Burr decided then that it was time to plant grapes. The first grapes were planted in 1986, consisting of Cabernet Sauvignon, Chardonnay, some Cabernet Franc for blending and a small variety of Port from the Douro

Five different varieties of Raymond Burr Vineyard wines

rican cellars. In 1990, the beautiful vineyards that faced the sun produced their first harvest, which was released in 1995. In 1992, the grapes were at their best, but Raymond Burr's health, at its worse. At that time, when he could have retired to see his garden bloom, and in order to protect his workforce of 200, he chose to dedicate himself to the TV show Perry Mason, two hours a day, for four out of the six weeks. He found time to oversee, protect and nurture his splendid grapes, spending time with his vintner, to sample the 1992 harvest fruit and some days prior to his passing, to witness the harvest. By coincidence and not by practice, Raymond Burr Cabernets are very similar:

of the vineyards are the workers' foot marks between the vines...And if those foot marks are not visible on the ground, they are probably pressed in the memories and hearts of the workers and people of the vineyard." PS - Raymond Burr did not want the wines with his name, but Roberto Benevides, his associate, colleague and partner for 33 years, after much deliberation and thought, decided that in this case, the parallel between the man and his wine could not be divided. It's not only a remembrance to Raymond Burr, but to his love of life and his ever presence spirit. Raymond Burr Vineyards is after all, the fruit of a great and eternal Friendship!


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