XXV Simpósio Nacional de História

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20 ta, porém diversas vezes foi proibida pela Igreja Católica. No intuito de reconstruir historicamente essa relação, analiso o jornal local, Gazeta de Minas, que até a década de 1980 pertencia à Igreja, sendo um veículo de comunicação onde os eclesiásticos manifestavam sua opinião sobre a devoção e a expressão festiva dos congadeiros. Atento também à memória da comunidade em entrevistas realizadas com padres da cidade e congadeiros. A partir das fontes reconstruo a conflituosa relação entre integrantes do Congado e representantes da Igreja Católica, demarcando a mudança de opinião dos últimos ao longo dos anos. Nome: Gilberto Geraldo Ferreira E-mail: gilbertogeraldo@ibest.com.br Instituição: UFAL Título: A ação de capuchinhos italianos na formação cristã de indígenas no nordeste brasileiro do século XIX A presença de ordens religiosas no Brasil teve um papel fundamental na consolidação do Império brasileiro. Desde o início do século XIX, o Nordeste recebia Capuchinhos italianos na tentativa de apaziguar conflitos, em geral, provocados por índios, pobres, brancos e negros. Esta comunicação analisa os discursos do Frei Vital de Frescarolo, escritos no início dos oitocentos e dirigidos ao rei, sobre sua intervenção no trabalho de formação cristã dos indígenas localizados nas regiões de Pernambuco e Alagoas. Além de relatar o sucesso na empreitada, o Capuchinho italiano aponta a necessidade de mantê-los intactos, entre outros motivos, pelo valor comercial do que fabricavam e os ganhos futuros da Coroa com a exportação desses produtos. Este apelo o colocava em confronto com os fazendeiros, pela necessidade de eliminar empecilho nas pretensões de expansão do projeto colonizador. Nome: Giovane Jose da Silva E-mail: giovanejosesilva@yahoo.com.br Instituição: Universidade Federal de São João del Rei Título: À margem do centro D. Vital: cultura política e ação social na obra de Jonathas Serrano Jonathas Serrano foi um influente intelectual católico na primeira metade do século XX. Seu pensamento, marcado pelo discurso da defesa da democracia, da civilização e da ação social nos meios operários, repousava em uma interpretação distinta da cultura política e identidades nacionais defendidas pelo grupo hegemônico no interior do campo intelectual católico: o Centro D. Vital. Assim, o trabalho objetiva propor, a partir da obra de Serrano, novos horizontes para a compreensão da intelectualidade católica no Brasil. Para tanto, objetiva-se demonstrar que Jonathas Serrano, a partir da leitura das obras de Júlio Maria, bem como do pensamento político nacional herdeiro do século XIX, forjou um discurso que legitimava a democracia liberal e uma inserção social da Igreja, para além das propostas ultraconservadoras e autoritárias defendidas pelo Centro D. Vital, sob a liderança de Jackson de Figueiredo. Nome: Guilherme Ramalho Arduini E-mail: guilherme.arduini@gmail.com Instituição: UNICAMP Título: Em busca da idade nova: Alceu Amoroso Lima e seu projeto de organização social (1928-1937) Após assumir publicamente a fé católica em 1928, Alceu Amoroso Lima tornou-se um importante nome associado à doutrina social católica e aos assuntos de natureza política. O objetivo deste trabalho é mapear sua atuação através de seus artigos e de seu relacionamento com a burocracia federal. Para tanto, recorreu-se aos seus escritos publicados na revista “A Ordem”, da qual foi editor-chefe durante o período, somados aos seus livros e às correspondências com políticos. Os temas principais abordados foram os conceitos de Revolução (a partir das experiências de 1930 e 1932), Comunismo e de um certo projeto de tons corporativistas para a organização das classes trabalhadoras nos anos 1930. Amoroso Lima destaca-se tanto na produção teórica como na ação, graças à sua contribuição para a formação de uma ideologia católica no campo das idéias sociais e sua extensa rede de sociabilidade, dentro e fora da Igreja. Alguns de seus colaboradores tornaram-se nomes importantes no Ministério do Trabalho de Vargas e na gestação do trabalhismo, cujas influências alcançam os dias atuais. Nome: Iraneidson Santos Costa E-mail: irancosta@terra.com.br Instituição: UEFS Título: Entre o reformismo e o marxismo: uma introdução à história das esquerdas cristãs no nordeste

Em 1962, aconteceu em Recife a Conferência do Nordeste, quarta e mais importante consulta realizada pelas principais igrejas protestantes do Brasil, tendo como tema “Cristo e o Processo Revolucionário Brasileiro”. Reunindo cerca de 170 delegados de 14 denominações evangélicas de 16 estados brasileiros, constituiu-se num verdadeiro marco na construção da Teologia da Libertação na América Latina. Uma década mais tarde, em outubro de 1973, seria publicado “Eu ouvi os clamores do meu povo”, documento firmado por três arcebispos e uma dezena de bispos das principais cidades nordestinas que trazia uma contundente crítica ao alardeado “milagre econômico brasileiro”, desmascarado como a maior ofensiva da história brasileira em favor da penetração de capitais estrangeiros. Não à toa, o mesmo é tido como a declaração mais radical publicada por um grupo de bispos católicos em qualquer parte do mundo. Tomando estes dois eventos como balizas, a presente Comunicação visa apresentar uma introdução à história das esquerdas cristãs no Nordeste na segunda metade do século XX, reconstituindo o diálogo entre Cristianismo e Marxismo promovido por alguns de seus principais expoentes e iniciando uma crítica à Terceira Via (ou Social Cristianismo) proposta por alguns deles. Nome: Jadilson Pimentel dos Santos E-mail: jadangelus@bol.com.br Instituição: UFBA Título: Do frei Apolônio de Todi ao beato Antônio Conselheiro: dois mestres da arquitetura religiosa popular no sertão baiano Frei Apolônio de Todi fundou várias igrejas no nordeste. Em 1772, o frei capuchinho italiano foi exercer seu ministério apostólico no sertão da Bahia e Sergipe, alcançando, dessa forma, o título de apóstolo do sertão. Já Antônio Vicente Mendes Maciel era obcecado pela edificação e restauração de igrejas, capelas, cruzeiros e cemitérios. No início da carreira de pregador e guia espiritual, ele estabeleceu como meta construir cerca de vinte e cinco igrejas pelo sertão do nordeste do Brasil. Pautado em informações adquiridas em documentos, livros e imagens fotográficas, o presente artigo tem como objetivo analisar o santuário erguido na chamada antiga Serra do Piquaraça, em Monte Santo, e duas espécies de igrejas construídas na segunda metade do século XIX, pelo Conselheiro. Uma dessas igrejas desapareceu em virtude da guerra de Canudos: Igreja de Santo Antônio. A outra, encontra-se intacta: Igreja do Bom Jesus, localizada em Crisópolis. Por último, serão interpretadas as soluções adotadas nessas construções religiosas populares, bem como as influências de estilos, uso de materiais, soluções decorativas, dentre outros, a fim de resgatar a memória do patrimônio artístico popular do sertão de Canudos, há muito tempo esquecida. Nome: Janete Ruiz de Macedo E-mail: janetermacedo@yahoo.com.br Instituição: Universidade Estadual de Santa Cruz Título: Em nome do pai, do filho e do espírito santo: quando o ato de se benzer torna-se perigoso – distorção de práticas religiosas na capitania de São Jorge de Ilhéus Distante das malhas e das instituições de poder da Metrópole e contando com uma débil estrutura do clero pouco aparelhado para fazer frente à população colonial pouco cristianizada que acrescida da efetiva ausência da justiça eclesiástica propiciaram um terreno fértil a proliferação e distorção das mais variadas posturas e concepções defendidas pela Igreja cristã estabelecida no Brasil seiscentista. Inúmeras foram as confissões e delações apresentadas perante a Mesa do Tribunal do Santo Ofício instalado na Bahia que se referiam a práticas incorretas no exercício da fé. Legalmente tais posturas deveriam ser julgadas pela justiça episcopal, pois diziam respeito às atividades de vigilância do foro eclesiástico; todavia no Brasil a Inquisição criada para coibir as culpas heréticas, recebeu e puniu delitos que não eram da sua alçada. No bojo dessas culpas encontra-se o erro público e manifesto de Jorge Martins cavaleiro da Casa Real, almoxarife da Alfândega da capitania de Ilhéus. Nessa comunicação pretendo analisar as práticas religiosas de Jorge Martins, arroladas no processo inquisitorial ANTT nº. 2551, contextualizando-a no tempo, levando em consideração as praticas culturais envolvidas Nome: Jean F. Figueiredo Sirino E-mail: jamagistrado@yahoo.com.br Instituição: UFCG Título: Santuário da cruz da menina: práticas religiosas, usos e representações do sagrado Este trabalho objetiva analisar as representações construídas pela população de Patos, cidade localizada no alto sertão Paraibano, para legitimar a crença na mistificação e “santificação” do corpo de Francisca, que aos

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11 anos teve sua vida marcada pela dor, silêncio e ecos de várias vozes que juntas construíram seu mito. Nesse sentido, buscamos visualizar as práticas católicas desenvolvidas pelos fies para seu culto e, como a Igreja Católica se comporta diante desse fato. Para tanto procuramos confrontar e problematizar os discursos dos fies, do poder político local e da igreja católica. Dialogando com alguns autores que escreveram sobre o Santuário da Cruz da Menina, por exemplo, Damião Lucena e Elisa Maria de M. Nóbrega e os que trabalham com religiosidade, discurso e representação; Michel de Certeau, Foucault e Pierre Bourdieu. Análises que foram norteadas pelas compreensões teórico-metodológicas da História cultural em um constante diálogo com os estudos antropológicos sobre religião, ritos, mitos e práticas socioculturais. Em se tratando de uma temática contemporânea nos foi possível fazer uso da história oral como recurso primordial para a localização dos discursos veiculados na comunidade de Patos sobre o acontecimento. Nome: João Paulo Fernandes da Silva E-mail: joaopauloufc@yahoo.com.br Instituição: UFC Título: O papel da igreja católica na construção do sindicalismo cratense (1962 – 1974) O presente artigo analisa a organização dos trabalhadores rurais no município de Crato, nos anos de 1962 a 1974, período de criação dos primeiros núcleos sindicalistas rurais, tendo em vista o papel exercido pela Diocese do Crato na fundação dos mesmos em toda região. São esses sindicatos que de alguma forma abrem espaço para as reivindicações dos trabalhadores rurais, nutrindo e criando vínculos onde se permitia a troca de experiências por parte dos mesmos e a visualização das peculiaridades vividas por cada um. Desta maneira, a pesquisa almeja perscrutar os motivos que conduziram a Igreja Católica, a criar tais sindicatos. E até que ponto isso foi favorável à classe dos trabalhadores rurais, no sentido de entender, como se deram às transformações nesses sindicatos, em um contexto marcado por inúmeras divergências, sociais, políticas, culturais e econômicas, que impetraram as lutas sociais no campo. Nome: Jorge Luiz Dias Pinto E-mail: jphistoria@yahoo.com.br Instituição: Universidade Estadual de Maringá Título: Folia de reis entre práticas e representações Este texto analisa e interpreta a Folia de Santo Reis, representado na festa de Santo Reis, levando em consideração o envolvimento do devoto, que são os integrantes do catolicismo e foliões. Tem-se como objetivo perceber quais as influências culturais dessa festa na transmissão, ordenação e normatização da vida cotidiana dos seus devotos. Com textos de Roger Chartier, a respeito das representações, e Michel de Certeau, que trata de normatizações e ordenações entre diferentes grupos, buscaremos analisar a festa e seus aspectos referentes à significação da vida de seus participantes. Nome: Leandro de Aquino Mendes E-mail: leandrodeaquino@yahoo.com.br Instituição: Universidade Federal de Uberlândia Título: O PT e a igreja católica “progressista” em Montes Claros - MG: religião e política na década de 1980 Em 1988, nas eleições municipais da cidade de Montes Claros - MG, o Partido dos Trabalhadores lançava uma chapa de candidatos à prefeitura e câmara de vereadores com algo marcante àquela época, não só na cidade, mas em várias partes do país: boa parte de seus candidatos eram ligados diretamente a movimentos da Igreja Católica, a saber, Comissão Pastoral da Terra, Pastoral Operária e Comunidades Eclesiais de Base. Essa pesquisa foi então pensada a partir de uma problemática: a relação entre a política e a religião. Escolhemos assim, dialogar com as evidências trazidas pelas práticas e discursos produzidos por esse setor da Igreja Católica, assim como pelo Partido dos Trabalhadores, tendo como espaço a cidade de Montes Claros - MG, durante a década de 1980, onde tais evidências nos apontam para uma notável relação entre esses lugares sociais, ou seja, a Igreja (aqui enfocada essencialmente enquanto comunidade) e o Partido. Apontamos aqui no sentido de que nas práticas de socialização instigadas por valores e concepções religiosas – no caso cristão-católicas – tais sujeitos se envolveram com todo um conjunto de princípios que posteriormente seriam levados para a sua atuação no campo político-partidário. Nome: Leonardo Coutinho de Carvalho Rangel E-mail: leocoutinho1987@gmail.com Instituição: UFBA

Título: “Por meio da santa vida, se segue glorioza morte”: práticas ascéticas no Convento de Jesus de Setúbal (Séculos XV-XVII) O trabalho investiga os modos pelos quais as religiosas do Convento de Jesus de Setúbal, em Portugal, se relacionavam com formas extremas de espiritualidade ascética, do século XV ao XVII. Os penosos flagelos, os jejuns “apertados” e diversas outras formas de penitência e humilhação são algumas das práticas ascéticas através das quais estas Clarissas da primeira regra buscavam atingir o ideal de perfeitas religiosas. Também procura-se explorar a relação entre esta casa monástica, que abrigava a fina flor da nobreza de Portugal, e a Coroa, especialmente sob o reinado de D. Manuel, cuja ama foi fundadora do convento. Foi utilizada, como fonte básica para a pesquisa, a memória conventual intitulada “Tratado da antiga e coriosa fundação do Convento de IESU de Setuubal”, escrita na primeira metade do séc. XVII por Leonor de S. João, uma das monjas da casa. Além desta, serviram como fontes regulamentos da Ordem de Santa Clara e a Confissão de Fé do Concílio de Trento. A análise serial das informações sobre as religiosas citadas no Tratado indica uma freqüência maior de práticas ascéticas extremas após o Concílio de Trento (1545-1563), o que pode nos levar a concluir que as orientações que dele emergiram contribuíram para a intensificação desta forma de espiritualidade. Nome: Lívia Gabriele de Oliveira E-mail: liviagab2@hotmail.com Instituição: UFOP Título: A presença da igreja nas ações abolicionistas: o caso do bispado de Diamantina/MG (1864-1888) A Igreja esteve presente nos diferentes setores da sociedade diamantinense no século XIX. Expandindo o processo de romanização iniciado por Dom Viçoso em Mariana, Dom João Antonio dos Santos assume o bispado de Diamantina na década de 1860 e estende seus ideais à seus fiéis. O bispo parece ter sido um incentivador das alforrias adotando um discurso convergente com as questões abolicionistas. Por iniciativa de Dom João, em 11 de julho 1870, foi fundada a Sociedade do Patrocínio Nossa Senhora das Mercês (SPNSM). Sua principal proposta era auxiliar na emancipação de cativos sob a guarda de Nossa Senhora da Mercês. Em consórcio com a Câmara Municipal de Diamantina, a SPNSM montou uma Comissão Especial para emancipação, sendo na mesma ocasião regulamentado o Fundo de Emancipação, o responsável pela indenização por parte do Estado. Em 1887, Dom João publica uma Carta Pastoral condenando a escravidão. Essa Carta Pastoral teve profunda repercussão nacional e foi citada diversas vezes na tramitação do projeto de lei abolicionista na Câmara dos Deputados. Dom João já havia manifestado publicamente os seus ideais abolicionistas em 1846 no jornal “Selecta Catholica” e em 1862, já em Diamantina, volta a publicá-las no jornal “O Jequitinhonha”. Nome: Mara Regina do Nascimento E-mail: mara.regina10@yahoo.com.br Instituição: UFU Título: As festas promovidas pela Irmandade do Rosário de Porto Alegre, no século XIX, e as táticas de adequação aos controles políticos e eclesiásticos Nascida sob os auspícios da atmosfera ilustrada, situada cronologicamente no auge da administração de Pombal, a Irmandade do Rosário de Porto Alegre não pôde escapar dos efeitos de uma nova era que se inaugurava: a da repressão e da intolerância com as irmandades e suas festas. Gestada mais tardiamente, possuía características muito peculiares se comparadas às suas congêneres da Bahia e do Rio de Janeiro. Analisar os Livros de Receitas e Despesas e os gastos desta associação com recursos sonoros ou elementos de apelos visuais, usados por ocasião dos festejos litúrgicos em homenagem à santa de devoção, pode abrir inúmeros caminhos de investigação para o historiador. Permite não apenas levantar possibilidades sobre as características, as preocupações e os objetivos dos “irmãos de cor” dos oitocentos, como igualmente e, sobretudo, questionar estudos generalizantes sobre tais congregações. Esta comunicação pretende-se mais como um conjunto de perguntas acerca da irmandade do Rosário Porto Alegre, do que propriamente instaurar respostas definitivas sobre este que foi um espaço diferenciado de experiência vivida por diferentes estratos sociais da capital da Província do Rio Grande do Sul. Nome: Marco Antonio Neves Soares E-mail: marco.soares@dilk.com.br Instituição: UEL Título: Sepulturas de israelitas presentes no cemitério São Rafael – Rolândia-PR Entre 1932 e 1942 famílias alemãs de origem judaica, fugindo do nazismo,

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