XXV Simpósio Nacional de História

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16 e da escrita”, na década de 1930, largamente aplicado às crianças ingressantes da escola primária brasileira e outros paises americanos e europeus (Lourenço Filho, 2008). Sustenta-se a hipótese de que as provas psicológicas aplicadas à educação estão relacionadas à racionalidade tecnológica predominante na sociedade industrial antes do que exclusivamente a uma suposta evolução epistemológica natural que as vinculam como decorrência inevitável da aproximação entre a Psicologia e as Ciências físico-matemáticas, por causa do sucesso dos métodos quantitativos. Nome: Regina Maria Macedo Costa Dantas E-mail: regina@pr2.ufrj.br Instituição: Universidade Federal do Rio de Janeiro Co-autoria: Ricardo Silva Kubrusly E-mail: regin@mn.ufrj.br Instituição: Universidade Federal do Rio de Janeiro Co-autoria: Rundsthen Vasques de Nader E-mail: rvnader@ov.ufrj.br Instituição: Universidade Federal do Rio de Janeiro Título: D. Pedro II e a Astronomia A comunicação pretende refletir sobre alguns dos estudos que vem sendo realizados no Programa de Pós-Graduação em História das Ciências e das Técnicas e Epistemologia/HCTE da UFRJ sobre D. Pedro II e sua relação com o desenvolvimento das ciências naturais durante a segunda metade do século XIX. Para isso, optou-se por unir as pesquisas de uma historiadora e de um astrônomo sob a orientação de um professor de História das Ciências para dar relevo ao perfil estudioso do monarca e relacioná-lo às pesquisas de uma das áreas do conhecimento - a astronomia. Visando apresentar o assunto, uma breve contextualização sobre duas instituições será necessária à construção do cenário científico e institucional do Brasil imperial: o Museu Nacional e o Observatório Nacional/RJ. A metodologia utilizada vai destacar diferentes materiais para apresentar o interesse do imperador por estudos de corpos celestes. Assim, cartas, documentos de estudos do próprio monarca, equipamentos e narrativas que, articulados, irão compor o conjunto de fontes que deverão proporcionar a elaboração do trabalho. Por fim, a reflexão pretende fortalecer o desenvolvimento metodológico utilizado entre distintas áreas do conhecimento: a História e a Astronomia, no viés multidisciplinar da História das Ciências/HCTE. Nome: Sheila Cristina Alves de Lima Luppi E-mail: sheilaluppi@gmail.com Instituição: Universidade de Brasília Título: Eugenia e o projeto de regeneração da população brasileira nos Anos 20 Proponho discutir o projeto de aperfeiçoamento físico e moral da população brasileira elaborado pelos eugenistas brasileiros, no período entre 1900 a 1930. A eugenia aqui será tratada como um componente da cultura política, o que oferece ao historiador possibilidade de melhor compreender a natureza, o alcance e a complexidade desse ideário. A palavra deriva do grego eu = boa, genus = geração. Francis Balcon (1822 - 1911) criador do termo definia esta como uma ciência que buscava compreender as leis da hereditariedade, com o objetivo de aprimorar o que as raças têm de melhor, sejam essas características físicas ou mentais, e garantir saúde às gerações futuras. Minha principal fonte é os Annaes de Eugenia, publicado em 1919, pela Sociedade Eugênica de São Paulo. O esforço em torno do projeto de aprimoramento e regeneração da população justifica-se pela preocupação das elites políticas, econômicas e intelectuais do país com as precárias condições sanitárias e o péssimo estado de saúde da população, mas, principalmente, com a composição racial do brasileiro. Assim, no Brasil a eugenia adquire uma feição peculiar, confundindo saneamento, sexologia, higiene e saúde pública.

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16. História vivida, história pensada, história escrita Estevão Chaves de Rezende Martins - UnB (ecrm@terra.com.br) Raquel Glezer - USP (raglezer@usp.br) No mundo multicultural contemporâneo e na convivência multidisciplinar das ciências sociais, a ciência histórica busca responder a duas questões. Uma, para “dentro”, trata de sua legitimidade epistemológica e a sua relevância teórica. Outra, para “fora”, objetiva elaborar e apresentar à sociedade uma sustentação explicativa, discursiva, do sentido de suas tradições e da sua circunstância presente. Se para a primeira questão a ciência histórica assume elementos normativos, de caráter metódico e convencional para a prática da disciplina, na segunda converge, concorre, diverge, convive, compete no espaço público com as demais ciências sociais. Assim a ciência histórica se constitui em um movimento constante de refundação, a partir de uma teoria da verdade possível, socialmente aceitável, culturalmente consistente (a historiografia é uma contribuição verossímil e plausível, a partir de dados controláveis). A constituição metódica de uma ciência histórica assim concebida avança enquanto baseada em uma teoria da pertinência empírica de seu discurso (narrativa) com relação à base empírica de sua pesquisa. Fundamentação teórica, práxis metódica e relevância social (e, por conseguinte, ética) da ciência histórica são questões interligadas. Do teor das respostas que se lhes der depende, em larga medida, a função da história como referência de constituição pessoal e social da identidade e da legitimidade ativa. Esse conjunto de questões pode ser tratado no simpósio sob diversos aspectos, dos quais se destaca três: (a) que fundamentos há, na era da relativização generalizada, para a confiabilidade do conhecimento histórico, para além da inércia das tradições; (b) que legitimidade possui o discurso narrativo da historiografia (ainda predominantemente nacional) para (cor)responder ao projeto de identidade cultural da sociedade a que se dirige e de que emerge; (c) que autonomia ou originalidade possui a ciência histórica com relação aos paradigmas de outras ciências sociais.

Resumos das comunicações Nome: Adrianna Cristina Lopes Setemy E-mail: deusa_clio@hotmail.com Instituição: UFRJ Título: Guerra impressa: Novas fontes para uma nova perspectiva historiográfica da participação brasileira na II Guerra Mundial Partindo da premissa de que cabe ao historiador a iniciativa de constituir como fontes históricas os diversos vestígios do passado, tem-se tarefa de superar as limitações teórico-metodológicas que por vezes dificultam a crítica documental e a elaboração de novas problemáticas de pesquisa. Portanto, nesta comunicação pretendemos discutir a relevância, para a produção historiográfica brasileira, do estudo do episódio da participação do Brasil na Segunda Guerra Mundial, a partir de uma perspectiva ampliada de fontes que considere periódicos impressos como documentos potenciais de uma época e lugar de memória que carrega em si uma determinada representação da realidade e que nos remete a questões e conflitos relativos às práticas sociais do período no qual foi produzido, a partir de questionamentos formulados no presente.

Título: Na transversal do tempo: Natureza e Cultura à prova da história É possível postular uma única matriz de interpretação da experiência humana do tempo? Dois parecem ser os caminhos para responder esta pergunta. Num primeiro, de acordo com o princípio do multiculturalismo, tenderíamos à relativização e negação de qualquer princípio universal, à exceção de um: a evidência de que todos nós, seres-humanos, pertencemos a uma mesma espécie e, portanto, partilhamos de uma natureza única. Neste caso, tenderíamos a reconhecer que a natureza humana é universal e que, ao contrário, a cultura é uma variável histórica. Poderíamos, ainda, extrair deste universalismo da espécie um destino comum à espécie, e postular um único processo de evolução histórica. Neste caso, tenderíamos a reconhecer que a sociedade humana é apenas um fenômeno natural como qualquer outro. Contudo, olhamos ambas as respostas com desconfiança. Por essa razão, em lugar de “uma única multiplicidade de histórias” (depreendida do princípio do multiculturalismo), propomos uma análise da viabilidade de sua substituição por “uma única multiplicidade de matrizes interpretativas”, fundada no princípio do reconhecimento mútuo não apenas das diferenças de perspectivas, como também das estruturas de prefiguração da realidade e dos códigos normativos dela decorrentes.

Nome: Amanda Teixeira da Silva E-mail: amandacrato@oi.com.br Instituição: UFPB Título: O medo de esquecer: cultura histórica e necessidade de memória nos contos de João Guimarães Rosa O objetivo deste artigo é pensar sobre a importância que a memória e o passado assumem nos contos de João Guimarães Rosa. São investigadas as diferenças e semelhanças entre a história construída pelos historiadores e aquela narrada pelos homens comuns, cujo saber muitas vezes se distancia do conhecimento propriamente historiográfico. Os contos de Rosa apresentam indícios de uma “necessidade de memória” comum tanto a historiadores quanto a leigos, por isso através deles são analisados elementos essenciais do trabalho do historiador, tais como as concepções de presente e passado, a narrativa, o testemunho e a memória, percebendo de que maneira estes elementos se configuram tanto em nosso ofício quanto no cotidiano dos não-historiadores. Para tanto, é utilizado o conceito de “Cultura Histórica” desenvolvido por Jacques Le Goff, que defende a existência da experiência histórica em contextos aparentemente distantes da historiografia. Assim, a reflexão aqui desenvolvida versa sobre a importância que a memória e o passado assumem não apenas no “métier” historiográfico, mas também na vida daqueles que não dominam as técnicas da História e que nem por isso deixam de narrar o passado.

Nome: Ana Luiza Marques Bastos E-mail: analuizamarques@yahoo.com.br Instituição: USP Título: Realismo e messianismo na escrita da história nacional O século XIX figura como o porto da história contada por Oliveira Martins. Pois o objeto por excelência de suas obras, desde as historiográficas e biográficas até os estudos sobre a economia e a política nacionais, é o estado em que se encontrava o espírito humano na atualidade dos oitocentos e na particularidade de Portugal. Auscultar o presente como uma realidade vivida em termos históricos, para intuir o caminho seguido e nele contribuir através de imagens projetadas no horizonte, ainda que de modo pessimista ou cético. A apresentação ou o programa realista foi o meio encontrado para fazer de um instrumento, a história nacional, um campo de projeções dos desejos vindos do passado da humanidade. Eis a hipótese preliminar ao artigo. Para desenvolvê-la, precisaremos discutir dois pontos: primeiro, a importância que os comentadores atribuíram desde o século XIX às obras historiográficas e biográficas, assim como, a variante dos comentadores o definiram por historiador artista; e segundo, a ciência que Oliveira Martins tinha da composição realista e messiânica da tradição decadentista na qual estava inserido, e de que modo isso vai determinar sua visão da história e sua prática historiográfica.

Nome: Ana Carolina Barbosa Pereira E-mail: ancaiana@yahoo.com.br Instituição: UnB

Nome: Antônio Paulo de M. Resende E-mail: cielo77@uol.com.br Instituição: UFPE

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