XXV Simpósio Nacional de História

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84 Este trabalho busca contextualizar as impressões de viajantes e colonos sobre a natureza no Vale do Itajaí em fins do século XIX e início do século XX, procura discutir a influência da sensibilidade e do imaginário romântico sobre a construção imagética da natureza e compreender as percepções da incipiente modernidade, bem como suas marcas na natureza. Nome: Edna Mara Ferreira da Silva E-mail: ednamaraf@yahoo.com.br Instituição: Fundação Cultural Campanha da Princesa Título: Fronteiras ao sul do sertão das minas: aspectos da formação da Vila de Campanha da Princesa A fundação da vila de Campanha da Princesa na Comarca do Rio das Mortes definiu a fronteira administrativa entre as capitanias de São Paulo e Minas Gerais. No entanto, o estabelecimento dessa fronteira, não definiu da mesma forma o fim da influência política e cultural da capitania de São Paulo na região. Moradores das freguesias que compunham o território definido pela nova vila, afirmavam em momentos distintos estarem sujeitos ao governo da cidade de São Paulo e não ao da capitania de Minas Gerais. Fundamental para essa influencia na região foi sua grande mobilidade naquele território. Cortado por várias picadas e caminhos clandestinos, o sertão do Rio das Mortes era a porta de entrada dos paulistas para outras regiões das Minas. Buscamos discutir as aproximações e rupturas nos discursos político-administrativos que consolidaram a definição dessa fronteira a despeito da própria influencia proclamada pelos moradores da vila. Região de litígio entre as duas capitanias durante praticamente todo o século XVIII, o sertão do Rio das Mortes assinalado pela mobilidade paulista e pelas tentativas de ordenamento das autoridades coloniais mineiras, nos revela intricados embates de questões político-administrativas e culturais para além do próprio estatuto de nossa fronteira colonial. Nome: Edson Holanda Lima Barboza E-mail: edsonludd@hotmail.com Instituição: PUC-SP Título: A invenção da Amazônia: migrações, luta pela terra e conexões étnico-culturais. Ceará-Amazônia. 1870/1915 A pesquisa busca trazer atividades e modos de ser de trabalhadores(as) nacionais, e especificamente migrantes cearenses, em obras públicas, formação do mercado de trabalho e nos meios de acesso ou exclusão às políticas de colonização na Amazônia entre os anos 1870 e 1910. Período em que elites locais ligadas ao interesse de integrar as regiões do norte úmido ao mercado mundial, via o monopólio da extração da borracha, exigiam produção de um discurso comum e racional para os setores hegemônicos. Conjuntura social tensa nas relações entre nativos, nacionais, africanos e imigrantes europeus. Como migrantes chegados do Ceará elaboravam táticas de negociação e/ou negação a novos modos de vida? Quais espaços de solidariedade e resistência reinventaram? Em que medida as experiências de rebeldia e/ou deferência que retirantes e outros migrantes portavam eram importantes para definir suas ações em novas zonas de contato? São questões que nos instigam superar discursos elaborados por dirigentes do processo de “interiorização do Brasil” que buscavam atrair um trabalhador branco, civilizado e de preferência europeu, mas que tiveram de encarar homens e mulheres mestiços, com vivências culturais questionáveis para os defensores da nova ordem Capitalista. Nome: Eunice Sueli Nodari E-mail: eunice@cfh.ufsc.br Instituição: UFSC Co-autoria: Miguel Mundstock Xavier de Carvalho E-mail: samirapm@gmail.com Instituição: UFSC Co-autoria: Samira Peruchi Moretto E-mail: samiraperuchimoretto@yahoo.com.br Instituição: UFSC Título: A conservação do oeste catarinense: o Parque Nacional das Araucárias e a Estação Ecológica da Mata Preta A Floresta Ombrófila Mista ou Floresta de Araucária, que ocupava grandes áreas em Santa Catarina, passou por um intenso processo de desmatamento no século XX. No caso especifico, da área em estudo, este processo foi acelerado com o estabelecimento das colônias de imigrantes e migrantes, que desmatavam para a implementação de lavouras, indo de pequeno a grande porte. Atualmente restam menos de 3% das matas nativas de araucária. Na tentativa de preservação o governo federal através do Ministério do Meio Ambiente montou grupos de Trabalho para analise da situação, e como resultado criou, através de decreto datado de 19 de outubro de 2005 do Parque Nacional das Araucárias, nos municípios de Ponte Serrada e Passos Maia,

com uma área de 12.841 hectares e a Estação Ecológica da Mata Preta, no município de Abelardo Luz, com uma área de 6.563 hectares, como unidades de conservação. Ë nosso objetivo nesta apresentação fazer uma análise de como se deu este processo de devastação e discutir os passos que antecederam a criação, bastante polêmica, das duas Unidades de Conservação. Na pesquisa foram utilizados diferentes documentos, inclusive os processos de criação dos parques, elaborados pelo MMA, com as audiências publicas realizadas na região. Nome: Fabio Ricci E-mail: fabioricci@uol.com.br Instituição: UNITAU Título: Uma questão de oportunidade: a CTI e a expansão de atividades no setor elétrico Construída pela indústria de tecidos CTI-Companhia Taubaté Industrial, em Redenção da Serra em 1927, para fornecer energia elétrica para suas fábricas de Taubaté, a Usina Félix Guisard expandiu suas atividades como concessionária para os municípios de Redenção da Serra, Ubatuba, São Luis do Paraitinga e Natividade da Serra. As incertezas que marcaram o setor elétrico e inibiram os investimentos por parte das grandes empresas do setor no período posterior a promulgação do código de águas de 1934, associada com o insignificante dinamismo econômico dos municípios que compunham esta região, que ficaram à margem do eixo Rio-São Paulo estabelecida pela rodovia Presidente Dutra e à necessidade dos municípios ofertarem energia elétrica ofereceu oportunidades de expansão na atividade. As negociações com o poder público mostram que a empresa expandiu-se no setor elétrico agregando patrimônio público e privado e outros subsídios como condição para o fornecimento de energia e que se converteu em lucratividade para a empresa, principalmente pelos índices de depreciação contábeis utilizados quando da encampação pela CESP-DAEE em 1967, no processo de reestruturação do setor. Nome: Flávia Preto de Godoy Oliveira E-mail: flaviapg@unicamp.br Instituição: Unicamp Título: Discussões historiográficas sobre a epistemologia do início do período moderno e as crônicas americanas Lançada em 1966, a obra As palavras e as Coisas de Michel Foucault projetou novos paradigmas ao conceito de epistemologia, sobretudo, para os trabalhos ligados à história do conhecimento. Definindo epistêmé como as condições de possibilidade do saber em dado período, sem condicioná-la a critérios de racionalidade ou desenvolvimento progressivo, Foucault revelou a importância da análise das configurações discursivas que permitiram as diversas formas de conhecimento. Ainda segundo este autor, a epistêmé do início do período moderno estaria pautada nas relações de similitude. Suas idéias sobre o conceito de epistemologia e mais especificamente com relação aos pressupostos epistemológicos vigentes até o século XVI foram compartilhadas, analisadas e discutidas por diferentes estudiosos. Este trabalho propõe em um primeiro momento realizar uma síntese deste debate. Em seguida, pretende-se estabelecer as conexões de tais questões e a análise das crônicas produzidas no século XVI sobre a natureza americana, como as obras de José de Acosta e Oviedo. De que maneira visões macroscópicas – ou fundamentadas no contexto europeu – sobre a produção de conhecimento podem ser utilizadas para reflexão de um momento e de obras singulares como é o caso das crônicas americanas sobre a natureza? Nome: Gilmar Arruda E-mail: garruda@uel.br Instituição: UEL Título: Paisagem do medo: poluição, água potável e o imaginário social do rio Tibagi em Londrina/PR (1970-1990) A cidade de Londrina surgiu na década de 1930. Nos anos de 1960 sua população chegou a aproximadamente 130 mil habitantes. Nos anos de 1980 ultrapassou 300 mil habitantes. O fornecimento de água potável na cidade sempre foi um desafio. No final da década de 1970 a captação em poços domésticos, pequenos ribeirões e alguns poços artesianos tinha alcançado o limite. A alternativa apresentada era o “Projeto Tibagi”, captação de água no curso do Rio Tibagi, 40 km da cidade. Esta proposta encontrou forte resistência devido a denuncia da poluição de suas águas. Os atores sociais contrários à captação denunciavam a poluição por pesticidas e por empresas poluidoras. Os defensores da captação diziam que era a solução para o abastecimento de água e que permitiria o crescimento econômico da cidade. No final da década de 1970 e no início da seguinte cresceram as denúncias da poluição que contaminava as água do rio, feitas principalmente pela APPEMMA,

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associação ambientalista, e por sindicalistas da cidade. Em meados da década de 1980, havia se formado na cidade uma “paisagem do medo”, que mobilizava a opinião pública contra a captação das águas daquele rio. Nome: Gilmar Machado de Almeida E-mail: gmachadoalmeida@yahoo.com.br Instituição: Unirio Título: A espacialização dos serviços de abastecimento de água na cidade do Rio de Janeiro desde a sua fundação até 1888 Nossa proposta consiste em relacionar às formas de acessos a água existente na cidade com o processo evolução do espaço urbano da cidade do Rio de Janeiro. Destacando como esse processo de expansão foi responsável pela destruição de quase todos os mananciais que fornecia água para a cidade. Para essa pesquisa trabalharemos com fontes cartográficas produzidas nos séculos XVIII e XIX destacando os pontos de captação e distribuição de água da cidade do Rio de Janeiro. Essa iniciativa nos ajuda a relacionar as múltiplas formas de acesso à água com acelerado processo de degradação das nascentes e fontes. Na segunda metade do século XIX, o espaço urbano da cidade do Rio de Janeiro contava com três modelos de acesso a água: o primeiro utilizava mão-de-obra escrava para trazer a água das margens dos rios as mais variadas residências. O segundo momento combinava a construção do aqueduto, chafarizes e bicas públicas com a mão-de-obra escrava. No entanto, nesta época surgem os primeiros problemas ambientais ocasionados pela crescente destruição e ocupação das matas e florestas ao redor das nascentes e dos rios que abasteciam a cidade. O último momento surgiu com o desenvolvimento do sistema de captação e distribuição de água direto às residências através das chamadas penas d’água. Nome: Haruf Salmen Espíndola E-mail: haruf@univale.br Instituição: UNIVALE Título: Legitimação e mercantilização de terras em Minas Gerais Estudo da legitimação de terras devolutas por meio da venda, num contexto de expansão mercantil, entre 1930 e 1960. A Lei de Terras de 1850 é o ponto de partida, porém o estudo centra na legislação republicana, quando ocorreu a transferência da jurisdição da União para os estados. No início do século XX a região do rio Doce era formada de terras devolutas. Duas correntes abrem a fronteira agrícola: posseiros que buscam terras “desocupadas” e interesses mercantis favorecidos pela expansão capitalista. A documentação confirma a precedência da posse como definidora do direito, tais como a “preferência de compra” e os valores a serem pagos pelos posseiros. Uma grande quantidade de requerimento de legitimação foi feita pela mesma pessoa ou por adolescentes. A disputa pela terra leva vários interessados a comprarem o direito de posse ou a pagar esse direito, para assegurar a “preferência de compra”, mesmo antes da avaliação do Estado. Os mecanismos de legitimação consolidam o processo de mercantilização antes mesmo das terras serem propriedades privadas. A ocorrência de hasta pública, como previsto na lei, desde a de 1850, foi inexpressiva, confirmando a existência de “esquema” que envolvem posseiros com posição de poder. Nome: Helaine Nolasco Queiroz E-mail: helaineq@hotmail.com Instituição: UFMG/IEPHA (MG) Título: Ouro Branco fixada na escrita viajante do século XIX Durante o século XIX, passaram por Ouro Branco-MG dezenas de viajantes, estrangeiros e nascidos no Brasil, os quais deixaram em seus diários as impressões sobre o arraial, a Serra de Ouro Branco e as fazendas e povoados vizinhos. Ainda que tenham permanecido apenas um ou dois dias naqueles arredores, os viajantes fazem menção, em seus relatos, a diversos aspectos, tais como: a conformação urbana e arquitetônica; os costumes e eventos sociais; a existência de doenças; o estado das estradas que davam acesso a então capital da província, Vila Rica; a paisagem no alto da Serra de Ouro Branco; a forma de atravessar a região e os perigos dos caminhos; as plantas e animais encontrados; as atividades minerais em decadência e em potencial; a hospitalidade dos habitantes; a qualidade e o preço dos pousos; a existência de índios e quilombolas, dentre outros. Tais relatos se apresentam como fonte bastante rica para o estudo da apropriação do território das minas e da forma como a visão estrangeira influenciou os padrões de conhecimento do Brasil no período. Destaca-se o apoio do governo imperial à tais viagens e a própria visita do imperador Dom Pedro II a Ouro Branco, no final do oitocentos, o que remete às tentativas de domínio cultural, político e econômico daquela região. Nome: Ilsyane do Rocio Kmitta

E-mail: ilsyanekmitta2@ibest.com.br Instituição: UFGD Título: Experiências vividas: narrativas entrelaçadas pela singularidade de um espaço provisório As fontes orais possibilitam questionamentos relacionados à forma de como são sentidas e vividas às experiências individuais ou coletivas. Assim temos relatos emocionados, com gestos que silenciam as palavras, o olhar perdido no espaço como uma estratégia de se recriar mentalmente o cenário da experiência vivida. Temos a melancolia, o silêncio, os questionamentos, tudo sobremaneira resguardado como algo que cravou suas marcas na memória, mas que teve suas arestas lapidadas pelo tempo. Compreender como a história local contempla em suas características e modificações o fenômeno das enchentes, fazendo uma leitura da história a partir da memória de um povo que considera que a enchente é um fenômeno natural, porém marcante na região do Pantanal. É dentro deste contexto que situamos nosso objeto de pesquisa, em andamento no Programa de Mestrado, que são as experiências vividas nas enchentes do Pantanal em Porto Murtinho, enfatizando a relação do homem e da natureza neste universo de águas. Nome: Karuna Sindhu de Paula E-mail: saojorge06@yahoo.com.br Instituição: UFPE Título: A terceira margem do rio Jaguaribe: história, natureza e cultura O presente estudo tem como objeto de pesquisa o Rio Jaguaribe. O Rio é aqui compreendido como sujeito histórico complexo e dinâmico, intercalado por secas e enchentes; demarcado (e interrompido) por intervenções técnicas sobre o seu fluxo. Partindo de relatos orais a pesquisa atém-se as narrativas sobre vidas permeadas pelas enchentes e pelas secas do Jaguaribe. No decorrer das entrevistas as memórias sobre o Jaguaribe foram sendo suscitadas pelos deslocamentos deste rio. O mote das narrativas foi sendo construído pelas memórias daquilo que aparecia como fora da cotidianidade do Rio: “um dilúvio” ou “a catástrofe” da enchente do Orós, ocorrida no ano de 1960. Por se tratar de o maior rio do Estado do Ceará, evocado como mola propulsora do desenvolvimento e subsistência do sertão semi-árido cearense, o Jaguaribe é palco de diversas intervenções técnicas e governamentais. Interessa a essa pesquisa perceber como estas intervenções são apreendidas e ressignificadas pelas pessoas que vivem às suas margens, bem como as mitologias que são tecidas a partir dessas ressignificações. Interessa perceber o Rio como muito mais que mero meio de subsistência para as pessoas e cidades de todo o seu vale, mas sim como elemento de integração dos ‘seres no ambiente’. Nome: Luilton Sebastião Lebre Pouso da Silva E-mail: lppsa@uol.com.br Instituição: UCG Título: O sagrado e o mito no “wilderness” matogrossense: reconhecimento do drama social no contexto da marcha para o oeste O presente trabalho pretende apresentar os conflitos culturais vivenciados entre três grupos de pessoas, distintos e diferentes entre si, que convergiram no Vale do Araguaia, por ocasião da Fundação Brasil Central (FBC), criada pelo Decreto-Lei nº 2009/140 no governo de Getúlio Vargas, que em Mato Grosso teve sua base instalada em Nova Xavantina; estes grupos são: os índios Xavante, os Salesianos de Dom Bosco (Igreja Católica) e os Colonos. O recorte temporal desta abordagem compreende de 1930 a 1960. O inicio da interação marcada por tensões que agravava a convivência e aumentava a discriminação mútua, conduziu nosso olhar a uma percepção diferenciada nas relações de poder e as representações culturais, que deram origem a novas formas de diálogos a partir do entendimento do imaginário do outro, que por ser diferente, não é necessariamente excludente. Nome: Luis Fernando Tosta Barbato E-mail: lfbarbato@gmail.com Instituição: Unicamp Título: Brasil, um país tropical: o clima na construção da identidade nacional brasileira (1839-1889) O trabalho que se pretende realizar tem por objetivo compreender o papel do clima na construção da identidade nacional brasileira, tendo por fontes principais as Revistas do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro – o IHGB -, no período correspondente entre a fundação da revista do instituto – em 1839 – e o fim do Segundo Reinado – em 1889. Através de tal estudo, buscarei entender como os intelectuais brasileiros desse período, preocupados em criar um sentimento nacional em um Brasil, a princípio, carente de laços de união e à beira do colapso territorial, utilizaram o clima tropical para tal finalidade. Além de compreender as dificuldades de se aplicar a então noção de civilização a um país detentor de um clima considerado hostil e

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