XXV Simpósio Nacional de História

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40 o Brasil (1911) passaram a organizar os neófitos e estruturar em moldes mais burocráticos o grupo de fiéis alinhando-se às orientações do movimento pentecostal estadunidense. Rapidamente intensificou-se a presença de missionários estadunidenses, que trouxeram não somente a teologia, mas concepções de mundo e sociedade. Esta pesquisa discute como os princípios teológicos-escatológicos defendidos nos EUA são resignificados pelos pentecostais no Brasil, e de que maneira fortaleceu um posicionamento anticomunista dentro das Assembléias de Deus brasileiras nos primeiros 30 anos da igreja. Ao investigar a construção deste imaginário sobre o fim dos tempos é possível perceber que os comunistas são inseridos como parte do processo de aniquilação do mundo e do extermínio do mal, representados como cooperadores das forças do diabo. Elucidar como esse imaginário é construído na literatura assembleiana trabalhando na dinâmica da alteridade e da guerra religiosa entre as forças do bem e do mal é a proposta deste trabalho. Nome: Luciana Aparecida de Souza Mendes E-mail: lucianahistoria@hotmail.com Instituição: UFMS Título: Um olhar histórico sobre as Folias e Reis em Três Lagoas e sua circularidade religiosa A presente comunicação tem por objetivo refletir a respeito da Festa de Santos Reis na cidade de Três Lagoas-MS, que se inicia anualmente no dia vinte e quatro de dezembro com término em seis de janeiro. A partir do panorama dado pela discussão em torno do religioso e do sagrado, pontuaremos a forma como as Folias de Reis atuam na cidade, e como seus devotos vivenciam esta experiência. É importante ainda apontar os trânsitos religiosos que ocorrem na festa na referida cidade, pois mesmo que os devotos dos Reis Magos definam-se unanimemente como católicos, é possível observar como transitam por outros grupos religiosos como o espiritismo e a umbanda. Nome: Lúcio Vânio Moraes E-mail: lucio.v.m@bol.com.br Instituição: UFSC Título: Concorrência mercadológica e reprodução do imaginário católico: o uso do Catecismo na Escola de Educação Básica Manoel Gomes Baltazar- Maracajá-SC (1959) Esta comunicação pretende entender a reprodução do imaginário católico em uma escola pública na cidade de Maracajá, sul de Santa Catarina, analisando a atuação do pároco frei Eusébio Ferreto na constituição do educandário e formação do currículo. A pesquisa evidenciou que o pároco trouxe religiosas da Congregação de Santa Catarina- Rio de Janeiro, a fim de trabalhar na direção da escola e divulgar o saber católico aos estudantes. A leitura que se faz é baseada nos pensamentos de Peter Berger que trabalha com a noção de mercado religioso, ao investigar as preocupações de frei Eusébio ao presenciar a chegada de outras agências religiosas na cidade. Notou-se que como a Igreja Católica estava no campo de disputas no mercado, a mesma desejava sair vencedora e isso despertou que o frei atuasse no campo da educação para reproduzir o saber católico. Percebeu-se que além do material produzido pelas religiosas, dos livros que estavam incluídos no programa da educação, o Catecismo era também considerado um livro didático para ser utilizado principalmente pela professora de Religião e pela catequista. Nome: Marcela Melo de Carvalho E-mail: marcelamcarvalho@yahoo.com.br Instituição: PUC-RIO Título: Candomblés na belle époque carioca A presente comunicação visa esboçar um mapa dos candomblés na belle époque carioca a partir das informações encontradas nas reportagens publicadas por Paulo Barreto (João do Rio) na Gazeta de Notícias e na Revista Kosmos em 1904 e 1905. Somando-se a isto, pretende-se realizar uma reflexão sobre o lugar social dos candomblés na belle époque carioca sob o olhar curioso e temeroso das elites. Nome: Marcelo Rodrigues Dias E-mail: marcelohistorialambari@yahoo.com.br Instituição: Universidade Federal de São João Del Rei - UFSJ Título: Repressão ao curandeirismo na Comarca do rio das mortes na segunda metade do oitocentos Os artifícios das curas mágicas e das feitiçarias ocorreram intensamente nas Minas Gerais da segunda metade dos oitocentos. Na região que abrange a comarca do rio das mortes não foi diferente. É o que atesta a documentação criminal pertencente às fontes do Arquivo do Museu Regional de São João delRei e do Acervo do Fórum de Oliveira. Os documentos revelam aspectos da repressão às práticas consideradas ilegais de cura disseminadas na sociedade da

época, assim como as práticas de feitiçaria, mostrando quais eram seus métodos, seus saberes e sua inserção nos diversos grupos sociais, bem como as ações de criminalização que buscavam coibir estas práticas. Os processos datam de 1847 a 1898 e são originais e importantes fontes para o esclarecimento do tema. Parece inquestionável que no bojo de um processo civilizatório em que a ciência preconizava o desencantamento do mundo, a influência do misticismo e das práticas mágicas sobre a mentalidade da sociedade era mais poderosa do que se podia imaginar. E apesar da intolerância oficial das autoridades, os curandeiros e feiticeiros exerciam um significativo papel social nas Minas Gerais da segunda metade do século XIX. Nome: Marcos José Diniz Silva E-mail: diniz.silva@secrel.com.br Instituição: UECE Título: Maçons, espíritas e católicos nos embates religiosos da Primeira República no Ceará Entre as décadas de 1910 e 1930, confrontam-se no espaço público cearense diversos agentes adeptos da Maçonaria e do Espiritismo, boa parte deles com dupla pertença, com representantes da hierarquia católica e sua intelectualidade laica. Estava em jogo, para os primeiros, o exercício da liberdade religiosa e dos fundamentos laicos do Estado brasileiro, estabelecidos pela Constituição de 1891, como condições para a difusão de outras perspectivas religiosas, como o Espiritismo e a religiosidade de corte esotérico-cristão, presente na Maçonaria; para os últimos, em processo de recomposição institucional num Estado secularizado, colocava-se a defesa pela hierarquia católica de seu predomínio no campo religioso cearense. Percebe-se, nas relações entre os dois campos em disputa, a constituição de uma configuração ou rede intelectual de caráter moderno-espiritualista, constituída primordialmente de maçons e espíritas imprimindo, por exemplo, uma nova orientação moral e religiosa no enfrentamento da “questão social”, com amplo apoio da imprensa leiga, em grande parte formada e dirigida por maçons; enquanto enfrentavam campanha diária de desqualificação religiosa, institucional e política, por parte do clero e intelectualidade católica através do jornal O Nordeste. Nome: Maria Clara Tomaz Machado E-mail: mclaratmachado@yahoo.com.br Instituição: Universidade Federal de Uberlândia Título: Os desvalidos da sorte: a Santa Casa de Misericórdia e o controle dos excluídos sociais (Uberlândia - 1918-1980) A partir do século XIX as artes e os ofícios de curar exercidos por práticos cederam lugar para uma medicina alopática, cujas estratégias pressupunham um controle dos corpos como parte da consolidação de mundo burguês. Este trabalho elege a Santa Casa de Misericórdia como uma instituição que integra uma rede de dispositivos de controle dos excluídos sociais de Uberlândia-MG. Os Vicentinos, em nome do assistencialismo e da caridade religiosa, foram partícipes dos projetos políticos da ordem e do progresso, cujo principal intento era a dominação e disciplinarização urbana. Nome: Mauro Passos E-mail: mauruspax@terra.com.br Instituição: Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais Título: Do singular ao plural – história e desdobramentos do catolicismo em Belo Horizonte: 1970 - 1980 Esta comunicação visa estudar o movimento do catolicismo em Belo Horizonte, a partir de diversos atores históricos no arco de tempo de 1970-1980. Procuro analisar as rupturas e permanências que circunscrevem sua história. Esse tema faz parte de uma pesquisa mais ampla intitulada: “Entre cruzes e encruzilhadas: história, movimento e desdobramentos do catolicismo em Minas Gerais (1960-1990)”, iniciada pelo Grupo de Pesquisa: “Cristianismo, Política e Educação no Brasil Republicano”. Várias questões norteiam o trabalho, tais como: o que une os diversos atores em torno de trajetórias coletivas? Como cristãos se constroem como sujeitos históricos? Que dilemas enfrentam para equacionar fé e política? Como entrelaçar o movimento religioso com as questões sociais? O período que antecede ao Concílio Vaticano II comporta uma série de movimento no catolicismo, envolvendo leigos e padres. Após esse evento novas experiências foram feitas no campo religioso, por um lado. Por outro, surgiram também conflitos e problemas. O eco conciliar trouxe novas motivações que modificaram o cenário religioso em Belo Horizonte. O catolicismo foi abrindo novos percursos em sua prática e em seu movimento. Tudo isso traduzia a necessidade de unir fé e ação. A tessitura de uma nova história começava seu trajeto. Nome: Onildo Reis David E-mail: ordavid@ig.com.br

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Instituição: Universidade Estadual de Feira de Santana Título: Viva Santo Reis: fé, tradição, cultura e memória de comunidades negras rurais na Chapada Diamantina-Ba (1930-2000) Muitos reisados da zona rural tiveram origem ou foram reforçados a partir de promessa feita por algum membro da comunidade. A folia de Santo Reis da comunidade negra do Mulungu, situado a cinco quilômetros da sede do município de Boninal, na zona agrícola da Chapada Diamantina existe há pelo menos 150 anos, mas correu o risco de acabar, quando uma forte seca na região, em 1932, ocasionou a fome e a emigração dos mulunguenses para Barra da Estiva, grande produtora de farinha à época. Foi então que Onorina Maria da Conceição fez a promessa de festejar Santo Reis com reza e comida para por fim a crise e evitar o completo êxodo. O propósito desse trabalho é discutir a relação entre a tradição do reisado, a seca, a migração e o contexto político em comunidades rurais negras da região da Chapada Diamantina-Ba entre 1930 - 2000. Nome: Paulo Augusto Tamanini E-mail: paulo.udesc@terra.com.br Instituição: UDESC Título: O cantinho do ícone: o uso da imagem sagrada como linguagem simbólica e instrumento modulador da cultura A Igreja ortodoxa, como instituição, contribuiu na modelagem da cultura de certos grupos étnicos (gregos, ucranianos e russos) servindo também como veículo de normatização de condutas, impedindo que possíveis rupturas pudessem eclodir, em nome da Tradição e costumes. O presente artigo pretende analisar como a imagem iconográfica presente na Igreja Ortodoxa Ucraniana era percebida, sentida e usada na experiência cotidiana de famílias imigrantes ucranianas em Papanduva – SC, município localizado no norte catarinense. Observa-se que a Igreja ortodoxa, presente na cidade desde 1931, se apresentava como instituição formadora e reguladora das formas do viver dentro da família, casas, vizinhanças que, de certa forma, estava relacionado com o poder da imagem e a imagem do poder desta instituição religiosa. Para as análises, busco observar relações que possibilitem reflexões acerca das categorias como identidade religiosa e imagem entrelaçadas com a imigração, onde é possível perceber construções culturais e rupturas. A análise do discurso, na perspectiva da construção de subjetividades, auxilia no entendimento de como o grupo de imigrantes tece para si a auto-imagem. Nome: Paulo Lima de Brito E-mail: plimabrito@hotmail.com Instituição: Universidade Estadual Vale do Acaraú Título: Práticas fúnebres e religiosas: “memórias” e “esquecimentos” no cemitério municipal São José. Fortaleza/CE (1920-2007) Esta pesquisa tem por objetivo identificar e analisar alguns dos elementos representativos dessas crenças identificadas nesse cemitério municipal, administrado pela Prefeitura de Fortaleza. Sendo eles: cristã (católicos e protestantes), espíritas, culto afro descendente: (candomblé, umbanda e quimbanda), Maçons. Encontramos nele uma série de representações simbólicas, que integram as diversas ritualísticas em relação à morte dos sepultados ali; e uma vez transposto para o cemitério, são acrescidos de outros valores e significados. Objetivando entender como se efetiva a “memória”, e ou o “esquecimento” neste espaço “sacralizado”. Realizaremos um inventário para cada jazigo selecionado; segundo as fichas inventarias da pesquisadora Tânia Andrade de Lima (1994), também com base nas pesquisas desenvolvidas no cemitério dos Imigrantes de Joinville (Fontoura, 2007) e um manual elaborado por Eliane Veras da Veiga (2004) que indicou quais as categorias deveriam compor um inventário. Adaptando essa pesquisa ao inventário juntamente com as tipologias de Borges (2004) e Bellomo (2008); levando em consideração às particularidades encontradas no Cemitério São José. Utilizando a metodologia proposta por Erwin Panofsky, em seu livro “O Significado nas artes visuais”. Nome: Rafaelle Setúbal Gomes de Abreu E-mail: rafaellesetubal@hotmail.com Instituição: Universidade Católica de Goiás Título: Os ex-votos de Trindade e a cultura popular As questões do Imaginário e do Religioso ganharam uma inegável importância na historiografia mundial. Tentar buscar e compreender os nexos e as relações sociais e religiosas como forma de expressão humana, tem conduzido os historiadores a discutirem e investigarem esse tema. Diferentemente do caráter religioso oficial, as práticas votivas possuem características de uma sociedade miscigenada, com influências de culturas européias, africanas, indígenas brasileiras, o que a deixa distante em relação à liturgia oficial. O tema desse trabalho é o estudo das práticas votivas na Cidade de Trindade – GO, surgido pela necessidade de uma compreensão de uma possível inserção do ex-voto

na religiosidade popular. O ex-voto enquanto Cultura Popular é uma fonte reveladora dos aspectos da relação do homem/mulher, com Deus, a presença do sagrado e do milagre na vida desses indivíduos, o que contribui aos historiadores, um estudo das práticas populares religiosas. Os ex-votos como fonte utilizada, permitem um contato com alguns aspectos da religiosidade popular. Mas isso só é possível quando ocorre um contato com as imagens e as legendas dos ex-votos. Confessar uma doença, uma situação de aflição, revela aspectos da vida cotidiana e da vivência religiosa. Nome: Raphael Alberto Ribeiro E-mail: raphaelhis@yahoo.com.br Instituição: Universidade Federal de Uberlândia Título: Loucura, espiritismo e obsessão: práticas de intervenção psiquiátrica/espírita na cidade de Uberaba-MG (1933-1980) A legitimação do espiritismo no Brasil foi marcada, em boa parte de sua história, pelas práticas assistencialistas. O imaginário de que os espíritas são pessoas caridosas ajudou a diluir a carga negativa que circunda entorno desta religião, vista por muitos como doutrina diabólica, que “mexe” com espíritos. A perspectiva deste trabalho é pensar o cuidado que esta religião destinou ao tratamento da loucura. Desta perspectiva, será enfocado o Sanatório Espírita de Uberaba/MG, criado em 1933 e mantido pelos espíritas. O inusitado desta instituição é o fato de que o psiquiatra era também espírita e promovia um tratamento no viés desta religião, o que não ocorria nas diversas outras cidades brasileiras. Desde ponto de vista, será de fundamental importância analisarmos as relações de disputas na cidade de Uberaba pela disputa da memória, pela legitimação do espiritismo, utilizando-se de práticas de institucionalização da loucura travestidas de caridade. Nome: Rosângela Wosiack Zulian E-mail: rzulian@gmail.com Instituição: Universidade Estadual de Ponta Grossa Título: O céu como pátria: uma leitura da carta pastoral de 1957 de D. Antonio Mazzarotto, primeiro bispo da Diocese de Ponta Grossa (PR) D. Antonio Mazzarotto foi o primeiro bispo da Diocese de Ponta Grossa (PR) no período 1930-1965. Nesta sociedade, locus de disputa de projetos múltiplos e desiguais, D. Antonio representou o esforço unificador e normatizador da instituição católica. Para isso, comunicou-se com os fiéis, dentre outras formas, por meio de cartas pastorais, veiculando o programa da Restauração Católica para a diocese. Inserido numa determinada tradição espiritual suas representações discursivas explicitaram simultaneamente a influência da formação e a construção de sentidos singulares na mensagem anunciada. Em uma de suas cartas pastorais, intitulada A Nossa Pátria (1957), argumentava que, se a Redenção tem força de projeção infinita, também outros mundos com outros habitantes poderiam ter recebido a mensagem salvífica e teriam a possibilidade de partilhar da bem-aventurança da Jerusalém celeste. D. Antonio jogou não apenas com a certeza de racionalidades existentes ou pré-existentes em outros orbes, mas, ao unir passado, presente e futuro na perspectiva da salvação, atualizou teológica e discursivamente o drama da Paixão e Morte de Cristo e a Redenção “de todo o universo”. Compreender os sentidos desse jogo discursivo é a proposta da comunicação. Nome: Victor Augustus Graciotto Silva E-mail: victoraugustus@yahoo.com.br Instituição: PDE/SEED Título: Benzedeiras de Curitiba: tradição ou modernidade? A partir do registro e identificação das benzedeiras como patrimônio cultural de Curitiba, que resultou no mapeamento de parte significativa das benzedeiras de Curitiba atualmente em atividade, propomos neste simpósio levar reflexões resultantes da pesquisa realizada, que em síntese preocupou-se em compreender o fenômeno religioso da crença nas benzedeiras através da percepção que elas têm de si e que a sociedade tem delas. Neste contexto de sociedade moderna desencantada que se percebe atualmente retornando a uma religiosidade, onde a modernidade e a tradição estabelecem conflitos e práticas que resignificam o contexto cultural, buscamos analisar as causas e compreender o processo histórico da construção da representação e do imaginário dessas benzedeiras categorizadas pela historiografia como tradicionais. Para tanto utilizaremos metodologias e conceituações oriundas de estudos sobre a religiosidade popular, da antropologia religiosa, da história oral e memória coletiva, tendo como fontes jornais de época e entrevistas com benzedeiras e benzidos.

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