MEIO AMBIENTE - Por que as cigarras cantam?

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Release Núcleo de Divulgação Científica da Universidade Federal de Viçosa

Por que as cigarras cantam durante o verão? De tanto ouvir o canto das cigarras, o Núcleo de Divulgação Científica da UFV foi investigar o comportamento destas cantoras da natureza. Quem mora ou já passou por Viçosa fica impressionado com o barulho causado pelo canto das cigarras durante o início do verão. E não só em Viçosa. Em outras cidades, como em Brasília, as cigarras chegam a incomodar o sossego dos moradores. O barulho do inseto é tão peculiar que se tornou tema para a fábula “A cigarra e a formiga”, que certamente todos já ouviram na infância em variadas versões. A história fala de uma cigarra preguiçosa, que passou o verão cantando enquanto a formiga trabalhava. É verdade que as cigarras cantam durante a estação quente e chuvosa, mas não por preguiça. O som é emitido pelo macho para atrair a fêmea. O ritual de acasalamento acontece quando caem as primeiras chuvas, no início de setembro, e os insetos adultos saem dos solos. Em Viçosa, nesta época do ano, o barulho que ouvimos é feito pela Quesada Gigas, caracterizada por um porte maior e som mais estridente. Por volta de janeiro e fevereiro, aparecem cigarras menores, dos gêneros Fidicina, Dorisiana e Carineta, que tem um canto menos ruidoso. Diferente de outros insetos, como os grilos, o barulho não é feito pela fricção das asas. As cigarras possuem um aparelho estridulatório, que fica dentro do abdômen e o som é feito com movimentos de contração. Após o acasalamento, as fêmeas depositam os ovos em rachaduras nos caules de plantas hospedeiras. Depois que os ovos eclodem, as ninfas, fase jovem da cigarra, descem por fios de seda até o solo, onde elas ficaram a maior parte da vida. No Brasil, o ciclo de vida desses insetos dura um ou dois anos, sendo apenas dois ou três meses fora do solo. Em outros países, como os Estados Unidos, o ciclo de vida das cigarras pode chegar até 17 anos. Ao contrário do que diz a fábula, as cigarras não se alimentam de moscas, vermes ou grãos. Enquanto jovens, elas sugam a seiva das plantas pela raiz e injetam toxinas. Na fase adulta elas também se alimentam da seiva, mas, desta vez, sugada pelo caule e folhas das plantas. Para algumas culturas, as cigarras são pragas de grande importância. Segundo o professor do Departamento de Entomologia Agrícola, Marcelo Picanço, em alguns casos as plantas morrem ou ficam depauperadas, podendo ser encontradas milhares de ninfas nas raízes. A ingazeira, os eucaliptos e abacateiros são exemplos de plantas hospedeiras prejudicadas pelas cigarras, mas é na cultura de café que as cigarras causam maiores danos. Em Minas, o ataque das cigarras aos cafezais é mais freqüente na região sul do estado. A depauperação da planta causa descoloramento e queda precoce das folhas, sendo mais preocupantes nas épocas de seca. As conseqüências são quebra significante da produção e até mesmo perda total da lavoura se não for controlada a tempo.


Para controlar a praga são utilizados inseticidas aplicados na fase chuvosa para melhor absorção das raízes e para que as ninfas sejam combatidas logo que furam os solos. Também é possível fazer o controle com o fungo Metarhizium. Mas o controle biológico é mais eficaz quando associado ao uso de inseticidas, porque o fungo tem mais facilidade de penetrar nas ninfas debilitadas. Também é possível o controle cultural, eliminando os pés de café infectados e plantando outros no local após três anos e evitando o plantio de outras plantas hospedeiras do inseto próximo às plantações. As cigarras estão presentes em quase todas as regiões do mundo, tanto em climas quentes como frios, e têm poucos predadores. Na fase adulta, são alimento para pássaros e enquanto ninfas são atacadas por besouros, alguns mamíferos, como o tatu, e quem diria, por formigas predadoras que vivem nos solos. Contato Professor Marcelo Picanço telefone: 31 3899 4009 ou 31 3899 2475 email: picanco@ufv.br Contato: Léa Medeiros (Jornalista do NDC) 31- 9795-0594 Email: ciência@ufv.br medeiros@ufv.br


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