Revista Costumes 4ª Edição

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A DISTÂNCIA QUE APROXIMA. A Bicicleta, além de ser um meio de transporte não poluente, também é lazer e esporte. Porém nossas cidades ainda não estão preparadas com vias exclusivas e apropriadas para essa prática. Por isso vamos compartilhar as vias públicas respeitando a distância prevista em lei de um metro e meio ao C

passar por um ou mais ciclistas. Com bom senso

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e respeito, todos saem ganhando.

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Art. 201 do Código de Trânsito Brasileiro - Lei 9503/97 Deixar de guardar a distância lateral de um metro e cinqüenta centímetros ao passar ou ultrapassar bicicleta: Infração - média; Penalidade - multa.

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Aos clientes e leitores Para nós, a elaboração de cada revista é sempre um desa-

A proximidade do dia dos pais levou-nos a pensar:

fio, pois nos propomos a superar a qualidade da anterior.

afinal, que pais são esses dos tempos modernos, com

É com satisfação que fomos surpreendidos, nessa edição, a

tanta mudança nas relações familiares? E descobrimos

cada fechamento de matéria, com os temas demonstrando

que amor de pai ainda é o mesmo... O dia das crianças

um rendimento superior ao que havia sido previsto. Simpli-

nos fez lembrar de pais e mães preocupados com as

cidade, riqueza cultural, talento e valores humanos foram

opções alimentares dos filhos, e buscamos uma nutri-

nossas principais preocupações.

cionista e um psicólogo para esclarecimentos de como mudar hábitos alimentares.

Nas receitas, buscamos descobrir o que faz do Ponto das Tapioqueiras um sucesso unânime. Passamos pelo Cariri

Nazareno Albuquerque fala do outro lado da eco-

e fomos até a França, conhecer sua culinária em Sabores

nomia do Ceará, rica e desbravadora, contrastando

do Mundo. Contamos a história de empreendedorismo

com as estatísticas recorrentes da nossa pobreza. Me

pioneiro da Granja Regina, então, nos demos conta de um

Acostumei com Você traz o talento e a genialidade do

elemento suspeito, presente em qualquer cozinha, do inte-

cartunista Mino. Na seção Cearense por Escolha, Júlio

rior do Ceará à Europa: o ovo. E resolvemos saber se, afinal,

Trindade é o cearense “emprestado” que nos presen-

ele é recomendável para a sua alimentação.

teou com um dos ícones do turismo cearense, o Bar do Pirata. No cinema, Homens com Cheiro de Flor trata

Ainda pensando em vida saudável, investigamos a práti-

de um problema real, não muito abordado pela “te-

ca do exercício funcional, e contamos com colaboradores

lona”: a pistolagem. Para coroar, falamos do Hospital

para falar dos riscos da obesidade e da violência psicológi-

Peter Pan, modelo de solidariedade. Ufa! Ah, e ainda

ca. Quanto à beleza, uma matéria imprescindível dá dicas

tem novidade: Costumes está com nova diagramação.

para uma maquiagem boa e barata e investigamos os se-

Você vai perceber.

gredos da depilação masculina. Já quem pensa em adotar

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um cão ou gato, encontra depoimentos de uma veteriná-

Desejamos você cada vez mais

ria e donos experientes, que vão ajudar na decisão.

acostumado com a gente. Boa leitura.

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>novidades São Luiz

Sacolas plásticas oxibiodegradáveis com novo layouts Os Mercadinhos São Luiz, visando colaborar com a preservação do meio ambiente, há muito substituíram a sacola tradicional, que demora cerca de 100 anos para se decompor, por outra com tecnologia oxibiodegradável, que leva apenas 18. Além disso, a novidade é que as sacolas agora se apresentam com um novo layout, mais moderno. Os clientes São Luiz podem fazer suas compras sabendo que colaboram com a preservação da sua cidade.

Gôndola de especiarias dos Mercadinhos São Luiz A loja São Luiz da Cidade dos Funcionários, com o objetivo de proporcionar a você mais facilidade nas compras, incorporou uma grande novidade: uma moderna seção de especiarias. O cliente tem a opção de se servir colocando a quantidade que achar necessária da especiaria escolhida, além de poder degustar os produtos oferecidos pela atendente. Aproveite essa inovação, visite o São Luiz e se delicie.

facebook.com/saoluiz

São Luiz nas Redes Sociais Para não deixar os clientes à parte de nenhuma novidade que as 10 lojas dos Mercadinhos São Luiz oferecem, são divulgados, semanalmente, nas suas redes sociais – facebook e twitter – anúncios de novos produtos, promoções, campanhas, realização de eventos, fotos e

twitter.com/@mercadinhos

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receitas das renomadas culinaristas locais. Aproveite, acesse, interaja e acompanhe as novidades constantes.

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>sumário

De onde vem!?

Peixes: Fontes protéicas que equilibram sua alimentação. Descubra o processo pelo qual o peixe passa até chegar fresquinho à sua mesa.

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Cidadania

Bicicleta, para que te quero? Há quem gostaria de substituir o automóvel por uma bicicleta, alguns momentos ao dia. Porém, a cidade não está modernizada para a prática do ciclismo.

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Cearense por escolha

Júlio Trindade: O Pirata D’Iracema Faça uma viagem pela fascinante trajetória do português de Lisboa que fugiu da guerra de Angola.

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Empreendedorismo

Uma vida inspiradora Hosana Matos Lima, fundadora da Granja Regina, celebra os 53 anos da empresa e fala suas descobertas e aprendizados ao longo desse tempo.

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Artesanato

Renda-se à Renda A arte de fazer rendas no nordeste permanece como produção artesanal, pelas mãos de artesãs que se revelam guardiãs de um ofício secular.

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Vida saudável

É hora do seu treinamento funcional Uma técnica que trata da prática dos movimentos fundamentais, da coordenação motora específica, como agachar, girar, lançar, empurrar, puxar.

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>sumário

Capa

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Está comprovado, lugar de homem ... é na cozinha! Costumes reúne quatro experts da cozinha que apresentam receitas de causar inveja!

Me acostumei com você

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Mino e o humor que consegue “minar” o poder Criador do Capitão Rapadura, símbolo do cartum cearense, Hermínio Macêdo Castelo Branco, Mino, conta histórias divertidas sobre o início de sua vida.

Dia dos Pais

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As famílias não são mais as mesmas: Os novos sentidos da palavra “Pai” Por tradição, uma família era um núcleo formado por pai, mãe e filhos. Mas, os tempos são outros e o modelo de família está se transformando.

Bons hábitos

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Vilão ou mocinho? Saiba mais sobre o alimento que ainda enfrenta tabus dos consumidores, mas recebe carta branca de nutricionistas.

Pequenos consumidores

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Os hábitos alimentares das nossas crianças Os pais de hoje precisam ficar atentos. Produtos considerados menos nocivos à saúde são preteridos diante dos provocativos chocolates, iogurtes e refrigerantes.

Beleza masculina

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DepilAÇÃO: É a vez DELES! As densas barbas que incomodam já tem métodos de tratamento. Você vai encarar?

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>colaboradores

Valéria Dallegrave Nascida no Rio Grande do Sul, Valéria Dallegrave da Costa vive há mais de dez anos no Ceará e já se define como “cearúcha”. Com curso de dramaturgia no Dragão do Mar e na Escuela Internacional de Cine y TV de Cuba, assina coluna sobre cinema no Blog do Tamanduá. Jornalista formada pela UFRGS, com mestrado em literatura pela UFC, é professora da Estácio FIC. Brinca com as palavras em seu próprio espaço de literatura, onde publica as “crônicas da menina”, textos poéticos para adultos que já foram – e continuam a ser – crianças.

Edmar Mendes Cearense da gema, largou a arquitetura aos 20 anos para fazer moda. Hoje, pós-graduado em Criação de Imagem e Styling de Moda pelo Senac São Paulo, é também consultor de Moda e Estilo. Seu trabalho pode ser conferido na vitrines na Meio Tom, onde atua como designer, e na Sabbia Rossa, sua loja multi-marcas.

Sarah Carneiro Sarah Carneiro é psicóloga clínica formada pela Universidade Federal do Ceará (UFC), pós-graduada pela Universidade de São Paulo (USP) e mestre pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). É professora da Ratio Faculdade e ministra cursos livres nas áreas de perda, luto, separação e psicologia de emergência. É diretora técnica da Humanitas Desenvolvimento de Pessoas, empresa que presta consultoria, dentre outras, à Secretaria de Segurança Pública do Estado do Ceará. Sarah é casada e, mesmo com muito trabalho, sempre encontra tempo para viagens e diversão.

Nazareno Albuquerque Jornalista, integra o núcleo de projetos do grupo de Comunicação O POVO, onde coordena seminários e projetos especiais. Comentarista de economia da AM do Povo/CBN, é consultor de planejamento mercadológico da NA Comunicação e dos Mercadinhos São Luiz, além de assinar uma coluna de opinião no Blog do Tamanduá. Diretor responsável da Revista Costumes.

Nívea Albuquerque Nívea Albuquerque é nutricionista clínica formada pela Universidade de Fortaleza (UNIFOR), com experiência no manejo de pacientes com transtornos alimentares e obesidade e cursos na área de nutrição em estética. Atualmente cursa a pós-graduação em Nutrição aplicada à estética. Casada, mãe de três filhos afirma que “a beleza começa de dentro, o que comemos reflete em nosso corpo”. Integrante do corpo clínico do Hospital Monteklinikum, Nívea atende adolescentes e adultos realizando aconselhamento nutricional e atendimento dietoterápico clássico nas diversas enfermidades associadas à alimentação inadequada.

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EXPEDIENTE Diretor responsável Nazareno Albuquerque Gerente de Marketing dos Mercadinhos São Luiz Joana Ramalho Editora chefe Isabella Purcaru Revisão editorial Valéria Dallegrave Redação Isabella Purcaru Renato Barros Valéria Dallegrave Rafaele Esmeraldo Fotografia Joselito Araújo Cláudio Pedroso Projeto gráfico Marcos Lima @misterkin Produção gráfica Carlos Araújo Comercial Patrícia Prata (85) 8802 3773 | 3261 5999 patricia.costumes@revistacostumes.com.br Capa Foto Cláudio Pedrosa Direção de arte Marcos Costa Impressão Gráfica Halley Tiragem 20.000 exemplares A Revista Costumes é uma publicação trimestral, com direção Editorial do Blog do Tamanduá. Exemplares Rua Boris, 197 - sala 105 Centro - Fortaleza - Ceará

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FAVORITA? SEU FILHO SÓ QUER SUA COMIDA i-lo. sÓ quer ajudar vocÊ a nutr

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com nutrientes presentes nos grupos de alimentos da piramide.

Não contém glúten. *Como parte de uma dieta balanceada.

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+ mamãe =

aliados por uma nutriÇÃo mais completa*

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>voz do consumidor

Com a palavra, o cliente Em cada edição, a Costumes faz questão de ouvir você!

Fiquei sabendo da existência da revista, mas não tive ainda oportunidade de conhecê-la mais de perto. Acho uma ótima iniciativa para manter os clientes informados sobre as novidades culinárias e vários outros assuntos. Também acho que a revista seja um diferencial, poucos mercantis possuem propostas como essa.

< Auxiliadora Castro Bessa 59 anos, aposentada

Vi a última edição, e, apesar de meu contato com a revista ainda não ter sido aprofundado, gostei da boa apresentação e das dicas de alimentação saudável, que nos ajudam a escolher melhor os produtos.

Landelino Gomes 45 anos, industriário

Acho uma ótima ideia a revista, que chegou para enriquecer a cultura dos clientes do São Luiz e, também, a cultura cearense como um todo!

Lincoln Louredo > 21 anos, agente político

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Como descendente de italianos, gostaria de ver matérias sobre culinária italiana, massas e saladas!

José Sangali 55 anos, funcionário público federal

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>voz do consumidor

Acredito que todas as iniciativas para agregar conhecimento e cultura são sempre válidas. Além disso, dicas de bem estar, condicionamento físico e informação sobre como se deve melhorar a alimentação no dia a dia são sempre bem-vindas.

< Leopoldo Marques 50 anos, corretor de imóveis Gostaria de ver mais dicas de receitas de saladas e pratos de acompanhamento. Também gostaria de saber mais sobre cuidados com a alimentação e dietas.

Michele Cristina Correia 41 anos, empresária

Como só tenho tempo para leituras ligadas à minha área, o Direito, minha mãe é que está tendo o prazer de ler as reportagens, garanto que ela está gostando muito!

Tânia Coutinho 54 anos, advogada

Com a revista, temos acesso a novas receitas e, além disso, também podemos aprender sobre os mais variados assuntos.

Maria Euzenir Siqueira 52 anos, costureira

Recebi em casa a primeira edição da revista. Costumes traz um conteúdo diversificado e que nos deixa atualizada... Ela fala de tudo, e as matérias de que mais gosto são as que tratam de hortaliças.

Sandra Bessa > 53 anos, contadora

Acredito que tudo o que melhora a qualidade de vida das pessoas é muito benéfico. Tudo o que é oferecido a mais para os clientes, como a informação, é sempre saudável e, além disso, ajuda a aproximar-nos dos Mercadinhos.

José Ribeiro Filho 64 anos, empresário

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>a sua receita

A todos que estão sempre em busca de novas receitas para inovar o cardápio, segue mais uma dica de “encher os olhos”. Desta vez, iremos aprender, com Kelry Guedes, estudante de administração e uma das proprietárias da Ma Douce, como se faz o brigadeiro gourmet, uma das suas deliciosas especialidades. Seu dote já vem de família. Desde criança, auxiliava a mãe na cozinha e aprendia uma grande diversidade de guloseimas. E as duas sempre faziam compras no Mercadinho São Luiz, que desde então, já oferecia, além de produtos de qualidade, uma variedade que nenhum outro oferece. Ela afirma que todo esse aparato proporciona a produção de pratos artesanais, que priorizam o sabor diferenciado dos produtos e, em consequência, a satisfação do cliente.

Brigadeiro Gourmet de Maracujá Ingredientes 1 lata de leite condensado 1 colher de sopa de manteiga sem sal 1 maracujá grande Chocolate branco raspado Modo de preparo Bater o suco do maracujá no liquidificador, com cuidado para que as sementes se mantenham inteiras. Coar e reservá-las. Em uma panela, colocar o leite condensado e a manteiga. Levar ao fogo baixo até desgrudar do fundo da panela. Retirar do fogo e acrescentar o suco do maracujá. Deixar esfriar e fazer as bolinhas. Passar nas raspas de chocolate branco e enfeitar com duas sementes.

Brigadeiro Tradicional Ingredientes 1 lata de leite condensado 100g de chocolate meio amargo 1 colher de sopa de manteiga sem sal Granulado em flocos ou raspa da barra de chocolate meio amargo Modo de preparo Em uma panela, colocar o leite condensado, o chocolate meio amargo ralado, a manteiga e misturar. Levar ao fogo baixo, mexendo até desgrudar do fundo da panela. Deixe esfriar para fazer as bolinhas e as passe no granulado em flocos. Calorias: 48 kcal (unidade) Rendimento: 100 unidades

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>a sua receita

Apesar de se aventurar apenas eventualmente na cozinha, a delegada de polícia Tânia Mello é muito criteriosa na hora de adquirir os ingredientes de qualquer receita. Para as compras, ela costuma escolher os Mercadinhos São Luiz por conta da localização das lojas, devido à qualidade do atendimento e também pelos preços. Além disso, ela tem uma história peculiar sobre como os Mercadinhos entraram em sua vida. “Meu sogro Dimas de Castro, fundador do Leão do Sul, tinha uma grande amizade com João de Melo, fundador dos Mercadinhos, e me apresentou em sua casa. Neles, percebi o quanto amavam a profissão e se dedicavam aos produtos que se propunham a oferecer. Com a sucessão do Sr. João, seu sobrinho Severino Ramalho Neto continuou adotando a mesma política, acreditando em seus ensinamentos. Hoje vejo uma empresa que atende aos anseios dos consumidores, preservando a doutrina do Sr. João de Melo, contribuindo ainda com o estado na geração de empregos e receita tributária, pois se trata de empresa totalmente cearense”, afirma Tânia. Para apresentar aos leitores de Costumes, ela escolheu uma receita especial: um maravilhoso peixe ao molho catupiry!

Peixe ao Molho Catupiry Ingredientes 1 kg de filé de sirigado ou pargo fresco ½ kg de camarão limpo (sem casca nem cabeça) 2 dentes de alho Sal a gosto 1 Limão 1 lata de creme de leite 50g de queijo parmesão ralado 250g de queijo catupiry 500g de molho de tomate tradicional Molho inglês

Modo de fazer Tempere o peixe e o camarão com limão, alho e sal e reserve. Molho Bata no liquidificador o molho de tomate, o creme de leite e o queijo catupiry. Reserve. Montagem do peixe Cubra o fundo do pirex com um pouco do molho. Arrume uma camada do filé de peixe, outra de camarão, coloque o restante do molho e o queijo parmesão ralado e salpique com o molho inglês. Leve ao forno pré-aquecido (180 – 200 graus) por 25 a 30 minutos. Sirva com arroz branco ou de brócolis. C

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>no meu carrinho

Costumo vir ao São Luiz nos finais de semana. Já fui cliente de outras cadeias de supermercados, mas escolhi os Mercadinhos por conta do melhor preço e da qualidade. Geralmente, encontro tudo o que preciso. Acho apenas que deveria haver mais promoções de carnes e, também, embalagens pequenas do Ades de leite com banana, pois é muito prático para levar para o trabalho.

O que me traz todas as tardes de sábado aos Mercadinhos são três fatores essenciais: a qualidade das frutas e legumes, a praticidade (sempre é muito fácil encontrar os produtos) e a localização, no Cocó, pertinho da minha casa. Sempre que preciso fazer uma receita especial, no São Luiz encontro tudo, com a qualidade necessária.

< Sandra Nunes da Silva 34 anos, comerciária

Todas as semanas vou ao São Luiz e não troco por nada. Não faço nem comparações de preço com outros supermercados, pois, como diz o lema, ‘me acostumei com você’. Sou cliente fiel, e compro tudo o que preciso, de cereais a sushi. Não vou à feira nem ao mercado, todas as minhas compras são feitas sempre aqui.

Costumo ir com minha mãe ao São Luiz do Cocó todas as semanas, pois temos muita comodidade, o atendimento é excelente e, além disso, é super fácil de estacionar.

Rafaela Brito > 23 anos, advogada

Venho aos sábados nos Mercadinhos, seja na unidade do bairro Seis Bocas ou neste do Cocó, que é perto do meu trabalho. Além da proximidade, o que me traz aqui também é o conforto e a presença de um gerente de atendimento, que presta suporte ao cliente. Os outros supermercados não possuem essa exclusividade, esse diferencial. Como sugestão, gostaria de encontrar aqui uma maior diversidade de horti-fruti granjeiro, como opções de cogumelo natural.

< Euclides Fernandes 38 anos, contador

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< Jane Lima 38 anos, engenheira civil

Marilac Melo > 49 anos, dentista

Venho quase todos os dias Venho quase todos osconta dias da aos Mercadinhos por aos Mercadinhos por conta da variedade de produtos imporvariedade de produtos importados e de carnes, além do bom tados e de carnes, além do bom atendimento e da agilidade dos atendimento e da agilidade caixas. Meu marido, tambémdos caixas. Meu marido gosta muito do São também Luiz, por engosta muito do Luiz, encontrar variadosSão tipos de por vinhos contrar variados tipos de vinhos mais facilmente do que em lojas mais facilmente do que em lojas especializadas. especializadas.

< Neide Cavalcante, 41 anos diretora administrativa

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Peixes: fontes protéicas que equilibram sua alimentação

De onde vem?

dos principais benefícios associados ao seu consumo

Quando se começa um regime de emagrecimento, um

das do tipo ômega 3, que apresentam ação comprovada

dos primeiros alimentos sugeridos para substituir ou-

na prevenção de doenças cardiovasculares, aumento

tras carnes é o peixe, por ser muito nutritivo, rico em

nos níveis de Colesterol HDL “bom”, potencial controle

vitaminas, minerais e proteínas de elevada qualidade. A

imunológico nas respostas inflamatórias do organismo,

especialista em nutrição e exercício físico Alice Bastos,

além de combater a artrite reumatóide.

pode ser atribuído à presença de gorduras poliinsatura-

enfatiza que o peixe é uma fonte protéica de alto valor biológico devido à presença de aminoácidos essenciais

Vale ressaltar que, por ser uma fonte protéica, o peixe

e não essenciais para o organismo humano. Além disso

não deve ser consumido em excesso, haja vista que a

sua carne, quando comparada às outras, apresenta me-

necessidade de proteínas diária de um indivíduo adulto

nor teor de gordura.

saudável varia entre 15% a 20%”, diz Alice. E complementa: “Um dos princípios que regem a alimentação saudá-

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O peixe é uma alternativa mais saudável, auxilia no con-

vel está no equilíbrio. Todos os alimentos devem ser con-

trole do peso corporal e é boa fonte de proteínas. Um

sumidos de forma harmoniosa e equilibrada.

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>de onde vem!?

Entrega de peixes ao São Luiz, feita pelo fornecedor Dumar Mariscos.

Com tantos benefícios que o peixe proporciona à alimentação, os Mercadinhos São Luiz não poderiam deixar de oferecer diariamente a seus clientes uma grande variedade de pescado. Os fornecedores, que garantem a qualidade do produto são José Mendes de Oliveira e Lindomar Martins. Mendes abastece com exclusividade a rede de supermercados dos Mercadinhos São Luiz há nove anos, com peixes de água salgada e, quando solicitado, de água doce. O fornecedor afirma que 90% da pesca e das variedades adquiridas são do Ceará. Vem do Pará e do Maranhão apenas a pescada amarela, o pargo e o peixe serra. O fornecedor mantém a mercadoria sempre bem conservada no gelo e ressalta: “O peixe bem cuidado oferece melhor opção para o cliente e maior oportunidade de venda ao distribuidor”.

O peixe é lavado.

... e depois passa pelo corte.

Dica: Os peixes de águas marinhas profundas como arenque, salmão, cavalinha, atum e sardinha são considerados os mais gordurosos, de acordo com Nívea Albuquerque, porém são os mais adequados para consumo, por serem fonte de ômega 3.

Por sua vez, Lindomar, que trabalha com o São Luiz há oito anos, recebe os peixes no Ceará diretamente dos barcos e os armazena em caixas térmicas ou em isopor com bastante gelo. “O consumo do peixe, desde 2006, cresceu muito, de sete a nove por cento ao ano, trazendo assim muitos empregos”, diz Lindomar. No Ceará, 45 mil famílias sobrevivem da pesca, tanto na área do litoral como na proximidade de açudes, segundo o Presidente da Federação dos Pescadores do estado do Ceará, Raimundo Félix Rocha. Esse índice faz com que a atividade pesqueira seja de grande importância para o estado. “A Federação está lutando para aumentar a produtividade e o consumo do peixe pelas famílias e na merenda escolar dos municípios. Atualmente, trabalhamos com vários, entre eles Iguatu, Quixeramobim, Banabuiú, Pacajús e Xoró”, ressalta Raimundo. O Diretor Financeiro da Federação dos Pescadores enfatiza que o Ceará, movimenta bastante o mercado de peixe, também em outros estados, como Bahia, Pernambuco, Alagoas e nos municípios de Bragança (PA) e São Sebastião (SP), e depois, Piauí.

Desvendando o mistério dos ômegas De acordo com a nutricionista, especialista em nutrição em estética, Nívea Albuquerque, os ômegas são gorduras consideradas boas (ácidos graxos), essenciais à dieta humana, e desempenham diversas funções no organismo. O ômega 3 e 6, por exemplo, são ácidos graxos poliinsaturados, extremamente importantes no funcionamento do corpo, mas são produzidos por esse. Tais gorduras devem ser adquiridas por meio de alimentos chamados funcionais – por oferecerem alguns dos ômegas – como peixes, óleos, sementes, oleaginosas e frutas. Já o ômega 9, é produzido pelo organismo, na presença dos ômegas 3 e 6.

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>de onde vem!?

Cortes de peixes fresco são exposto à venda.

A fiscalização do pescado no Ceará

Como escolher um peixe fresco?

O chefe de fiscalização do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) no Ceará, Rolfran Cacho Ribeiro, relata que anualmente existe um período de defeso da pesca – ação de proteção às espécies durante a piracema, época da desova dos peixes. Por exemplo, é proibida a pesca do pargo entre 15 de dezembro e 30 de março. Já os peixes de água doce, como curimatã, branquinha, piau, sardinha e tambaqui não podem ser pescados de forma alguma, por estarem ameaçados de extinção.

De acordo com a Engenheira de Alimentos Zaíra Maria Carvalho, na escolha de um peixe deve ser observada a ausência de manchas, furos ou cortes em sua superfície. As escamas devem estar bem firmes e resistentes. Os olhos, brilhantes e salientes, devem preencher toda a cavidade ocular e não apresentar nenhum tipo de pontos ou manchas brancas.

Segundo Rolfran, há uma fiscalização em alto mar a fim de intimidar os pescadores que desrespeitarem o período de defeso durante o ano, seja com o uso de apetrechos vetados ou com a pesca sem permissão. A fiscalização também age nas indústrias, junto aos comerciantes e em açudes, com o apoio do Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (DNOCS) e Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (COGER). Rolfran explica que, no período de defeso da piracema, os pescadores recebem do Governo do Estado do Ceará um salário mínimo por mês. Vale lembrar que, para isso, o pescador deve ter a carteira do Ministério da Pesca (MP) e da Capitania dos Portos do Estado do Ceará (CPCE).

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A pele, ainda, deve ser úmida e firme, sem odores ou cores estranhas. As guelras precisam estar rígidas e oferecer resistência quando abertas. As brânquias, com coloração avermelhada, devem estar úmidas e com brilho. Para a conservação, é necessário que os peixes sejam mantidos em condições adequadas de exposição, refrigerados ou sob espessa camada de gelo. No caso de peixes congelados, o local de armazenamento deve permanecer na temperatura recomendada pelo fabricante. A carne deve ser firme, sem sinal de amolecimento ou acúmulo de líquido na embalagem, o que pode sinalizar um processo de descongelamento e recongelamento, comprometendo a qualidade.

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>de onde vem!?

E para onde vai? Seguindo o produto até a sua casa Ana Maria Borges Campos, cliente especial de peixes dos Mercadinhos São Luiz, proprietária do restaurante Colher de Pau, costuma comer salmão, serigado e pescada amarela pelo menos três vezes na semana. Ela afirma reconhecer os benefícios para a saúde com o consumo, pois desde criança se acostumou aos sabores: “Minha mãe adorava pescar, como hobby, e comíamos os peixes que ela pescava, bem fresquinhos”. Cliente do Mercadinho São Luiz, Ana Maria Borges Campos, na escolha do salmão.

No restaurante da Ana, não podia ser diferente. Há no cardápio vários pratos com peixes, os mais pedidos pelos seus clientes. Confira uma receita de salmão deliciosa, indicada por ela: Os temperos.

Salmão ao forno Ingredientes 1 ½ kg de salmão 1kg de batata 1 lata de azeite (500ml) 2 limões Fondor - temperar a gosto (substituto do sal, com incremento do sabor) Noz moscada - temperar a gosto Pimenta do reino branca - temperar a gosto Brócolis Arroz - ½ pacote 1 colher de manteiga 2 cebolas Modo de preparo Cozinhar as batatas al dente e reservar. Cozinhar os brócolis no vapor e reservar. Coloque o salmão para marinar (técnica culinária que consiste em colocar os alimentos numa mistura de temperos, antes de cozinhar) com limão, fondor, pimenta do reino e noz moscada, por 30 min. Cozinhar o arroz. Montar em um recipiente: colocar primeiro as batatas e povilhar um pouco com fondor, depois o salmão e levar ao forno com o papel laminado, também por 30 min. Retirar o papel e deixar dourar. Misturar os brócolis no arroz e colocar a colher de manteiga por cima. Depois é só servir e provar! C

O corte.

O prato montado.

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>cidadania

A campanha conquista as ruas.

Bicicleta, pra que te quero?

Paulo Roberto Quintelo no seu trajeto diário, de casa para o trabalho.

Existem, também, pessoas que não possuem veículos motorizados e fazem seus trajetos de ida e volta ao trabalho

[ Campanha Respeito ao Ciclista ]

por meio das “duas rodas”, como é o caso de Paulo Rober-

Por Rafaele Esmeraldo

mora na Parquelândia. Ele reclama: “os motoristas não res-

to Quintelo, 38, que trabalha lavando carros no Centro e

Há quem ame pedalar e até trocaria o seu automóvel por

peitam os ciclistas, pois andam muito rápido e, como não

uma bicicleta no dia a dia, devido ao caos do trânsito ou por

tem ciclovia, os ciclistas apenas tentam usar o bom senso

motivos ecológicos e de saúde. No entanto, não são todas

para trafegar no trânsito, que é bastante perigoso.” Paulo

as cidades que têm locais apropriados para os ciclistas. For-

também utiliza a bicicleta para deixar seus filhos no colégio

taleza, por exemplo, tem ainda muito a melhorar nessa área

e enfatiza que “deveria haver mais sinalizações e ciclovias,

que atende a uma boa parcela da população. No Ceará, a

tanto para pedestres quanto para motoristas. Assim, ambos

Federação de Ciclismo conta com 240 atletas e, a Federação

respeitariam o espaço um do outro”, diz.

de Triathlon, com 269. O número de ciclistas que não competem chega a até 60 mil.

Toda essa insatisfação, resultante da necessidade de uma melhor educação no trânsito, da degradação e falta de vias

Atletas e cidadãos que utilizam a bicicleta como meio de

para o ciclismo, levou os alunos da Assessoria Esportiva Zo-

transporte na cidade sofrem com a falta de ciclovias ou com

naalvo – responsável por todo o programa de treinamento

a degradação destas. O ciclista Chris Amon Burak, 38, fala

de mais de 200 praticantes de Corrida, Ciclismo, Triathlon e

sobre essa dificuldade: “todos sabemos que a bicicleta é um

Personal – a começarem a Campanha em Respeito aos Ciclistas

meio de transporte barato e não poluente. Seria a solução

nas ruas de Fortaleza.

para a grande massa, mas a cidade não oferece segurança

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para os ciclistas. As ruas são apertadas e não há vias exclusi-

Um dos donos e treinador da Assessoria, Rafael Leitão, 30, teve

vas para eles, o que torna o ciclismo um risco.” Chris enfatiza

a iniciativa, junto aos seus alunos, de confeccionar um adesivo

que o Ceará possui atletas de nível internacional. “As lojas

retratando a distância determinada por lei que o motorista deve

movimentam muitos praticantes, oferecendo provas e pas-

manter do ciclista. Os adesivos são distribuídos gratuitamente

seios toda semana. Precisamos é profissionalizar mais e plei-

e hoje podem ser vistos em diversos carros, cujos proprietários

tear espaços específicos para a prática do esporte”, afirma.

aderiram ao movimento de conscientização.

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Alunos da assessoria esportiva Zonaalvo com o adesivo da campanha Respeito ao Ciclista.

>cidadania

Leis que regulamentam o ciclismo

PorumaFortaleza ondesepedalemelhor Rafael afirma que, em Fortaleza, os poucos locais de treino para o ciclismo, que não oferecem boas condições para pedalar à noite, são: CE 040, Av. Padre Antônio Tomaz (próximo à Cidade Fortal), Autódromo e Beach Park. O treinador avalia as condi-

O Código de Trânsito Brasileiro (CTB) considera infração: Para os motoristas - Art. 201: Deixar de guardar a distância lateral de um metro e cinqüenta centímetros ao passar ou ultrapassar bicicleta. Para os ciclistas - Art. 255: Conduzir bicicleta em passeios onde não seja permitida a circulação desta, ou de forma agressiva, em desacordo com o disposto no parágrafo único do Art. 59: Desde que autorizado e devidamente sinalizado pelo órgão ou entidade com circunscrição sobre a via, será permitida a circulação de bicicletas nos passeios.

ções oferecidas para a prática do ciclismo na cidade, conforme sua experiência anterior: “Como já tive a oportunidade de trei-

balhar a cidadania no sentido reflexivo, para que os envolvidos

nar e competir em outros estados e no exterior, vejo que a edu-

na problemática do trânsito – pedestres, ciclistas, motociclistas,

cação e o bom senso são os principais problemas em Fortaleza.

motoristas e outros – conscientizem-se de que este é respon-

Levando em conta, também, as condições das avenidas, ruas e

sabilidade de todos, pois é feito de pessoas, veículos e animais

estradas, não apropriadas para a prática de ciclismo”, diz Rafael.

nas vias, em seus diversos tipos de deslocamentos.

Contudo, enquanto as ciclovias não são construídas e refor-

“É um direito de todos ocupar o espaço público de forma orde-

madas, Rafael obviamente não pode deixar de praticar o seu

nada e com respeito entre si, ao meio ambiente e à legislação

esporte, mas enfatiza: “Acho que têm condições das pessoas

vigente, estas são normas de conduta que nos são impostas

pedalarem nas ruas e avenidas, apenas temos que conscienti-

pela própria sociedade e, portanto, devem ser cumpridas”,

zar os motoristas, educando-os para ter bom senso e dividir o

enfatiza Ivan. A fim de garantir esse direito, são proferidas pa-

espaço com os ciclistas.”

lestras nas empresas, organizações, instituições, universidades, faculdades, escolas públicas e privadas, onde são abordados

Há, entretanto, ações sendo realizadas para modificar a situ-

temas inerentes às questões de segurança no trânsito, envol-

ação. O pedagogo e técnico em Educação de Trânsito da Au-

vendo preservação ambiental em salvaguarda do bem mais

tarquia Municipal de Trânsito, Serviços Públicos e de Cidadania

precioso, que é a vida. Sobre isso, o técnico alerta: “quanto à

de Fortaleza (AMC), Ivan Cabral da Costa, afirma que o órgão

mortalidade, os números são alarmantes e as pessoas atingi-

competente dispõe de uma Divisão de Educação de Trânsito

das são sempre as mais frágeis, os pedestres e os ciclistas.” De

(DET) estruturada, com técnicos especializados em educação.

acordo com os dados do assessor de comunicação do Detran,

Relata que eles desenvolvem, no dia a dia, ações educativas

Paulo Ernesto Saraiva, de janeiro a Junho de 2010 morreram 43

que visam o atendimento de toda a população, buscando tra-

ciclistas e 420 foram vítimas não fatais em acidentes de trânsito.

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>cidadania

A Prefeitura Municipal de Fortaleza está investindo aproxiA inexistência de uma ciclovia adequada para ciclistas atletas os expõe a risco nas avenidas.

madamente R$ 220 milhões em obras que visam alcançar melhorias na infraestrutura da cidade, resultando em maior mobilidade urbana de transportes motorizados e não motorizados. O Gerente do Transporte Urbano de Fortaleza (Transfor), Eng. Civil Daniel Lustosa, explica que o Transfor irá construir mais de 30km de ciclovias, além de bicicletários em Terminais de Integração, para atender à população que utiliza a bicicleta como meio de transporte. Hoje, a cidade conta com 65 km de ciclovias e, com a conclusão das obras, passará a ter 95 km. O Programa Transfor, iniciado em 2008, já implantou uma nova ciclovia na Av. Mister Hull, com total de 2 km, e se encontram em execução as das avenidas Bezerra de Menezes e Humberto Monte. Daniel ressalta ainda que outras vias receberão ciclovias, como Sargento Hermínio, José Bastos, Augusto dos Anjos e Germano Franklin. A infraestrutura que está sendo implantada irá interligar as ciclovias já existentes e dar acesso aos terminais do Antônio Bezerra, Papicu, Siqueira e Parangaba. Daniel informa que o Planejamento Cicloviário do Transfor, a ser concluído até 2012, tem a proposta de oferecer uma infraestrutura mais ampla e atrativa, que proporcione segurança, conforto e eficiência para os ciclistas. O objetivo é integrar o sistema de transporte público de passageiros e os equipamentos urbanos, incentivando a utilização de transportes não motorizados para minimizar os engarrafamentos, as emissões de gases, a poluição sonora e, consequentemente, melhorar a qualidade de vida da população de Fortaleza. C

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>cearense por escolha

Júlio Trindade O Pirata D’Iracema Por Renato Barros de Castro

Embarque na fascinante trajetória do português que criou cabras no Sul da França, viveu da pesca de Salmão no Canadá, atuou como analista de sistemas, garçom e maître (servindo nada menos que Jaqueline Kennedy Onassis), garçom e, em Fortaleza virou o empresário apaixonado pelo Ceará

À frente do famoso Pirata Bar, um dos estabelecimentos que por mais de duas décadas projetam Fortaleza e o Ceará no painel turístico do Brasil e do mundo, além de promover a segunda-feira mais animada do planeta na Praia de Iracema, o português Júlio Trindade tem motivos de sobra para festejar seu reconhecido sucesso de empresário cultural. Ele nasceu em Portugal e viajou pelo mundo buscando descobrir o lugar ideal para viver. Yane, sua esposa há 45 anos, e seu filho Rodolphe, cada um a seu tempo, se juntaram à aventura. Mas antes de chegar ao Brasil, Júlio conheceu a América do Norte e o Caribe. Desempenhou as mais variadas atividades, desde lavar pratos em restaurantes até ser dono de banca de jornal, atuando também como garçom, recepcionista de hotel e, mesmo, produtor de queijo de cabra. As múltiplas vivências agregaram ainda mais valor a sua forma particular de ver o mundo, realizando sonhos ao transformar ideias em realidade, sempre com muito trabalho. Pioneirismo e autenticidade, aliás, são os traços mais fortes de sua biografia. Nascido em Lisboa, filho de mãe camponesa e pai torneiro mecânico, aprendeu muito cedo a defender seus princípios e tomar as próprias decisões. Por conta disso, botou o pé na estrada muito cedo, deixando Portugal na década de 1960, a fim de não ter de servir o exército em uma guerra colonial de Angola.

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>cearense por escolha

Rumo incerto: o início da viagem Capitão Julio entre os amigos piratas (da esq para a dir) Ricardo Goellner, Armando Telles (respectivamente o gerente e o líder da Banda do Pirata) e Rodolphe Trindade (seu filho e sócio)

No passado, Júlio pastoreando suas cabras na França, buscando uma vida autossustentável.

Paris, o primeiro destino que escolheu, ensinou-lhe

Sempre desejoso de conhecer outros países e culturas, Jú-

muitas coisas. “Aprendi a falar francês fluente, de forma

lio acreditava que encontraria seu lar nos Estados Unidos,

que nenhum parisiense percebe que não sou de lá.

no Canadá ou no Brasil. Sua intuição não o enganou e, na

Conheci Yane, casamos e tivemos nosso único filho,

medida em que aprofundou a busca, foi se aproximando da

Rodolphe. Desde então, nós três estamos juntos em todas

resposta. “Conheci os Estados Unidos, viajando de San Diego

as empreitadas da vida, por isso formamos a trindade que

a Seattle. Na mesma viagem, subi para a British Columbia, no

trazemos no nome”, afirma.

Canadá, que me agradou mais pelo sistema político, por ser uma sociedade muito pacífica e democrática. No pouco tem-

A França, sua casa durante 15 anos, deu-lhe a oportunidade

po que morei lá, vivi da pesca de salmão. Porém, estranhei

de conhecer diversos ramos do mercado. Nessa longa fase,

o clima, ali ainda não era o meu lugar. Também morei um

chegou até mesmo a prestar serviço como analista de

tempo em Saint Martin, no Caribe, trabalhando como maître

sistema para as Forças Armadas Francesas, numa época

no Chez Antoine, um restaurante finíssimo. Servi grandes per-

em que pouca gente sabia o que significava informática.

sonalidades como o ex-presidente Richard Nixon e Jaqueline

Além da capital francesa, também morou em Nice, no Sul

Kennedy Onassis”, declara, orgulhoso.

da França, o que proporcionou uma experiência nova a sua vida e a de toda a família.

Ao fim das suas aventuras itinerantes, Júlio acabou por voltar para a França, e, em lugar de encerrar sua procura, descobriu

“O local nos deu oportunidade para exercer uma postura

que a aventura estava apenas começando, pois o Brasil ain-

mais ecológica, vivendo de forma cem por cento autos-

da seria o único destino que não permitiria retorno. Fazendo

sustentável. Comíamos o que plantávamos, não tínhamos

questão de contar como suas viagens foram bem sucedidas,

nenhum contato com agrotóxicos. Criávamos cabras e vi-

ele concluiu: “Deixo uma dica para aqueles que pretendem

víamos da venda de queijos de nossa própria produção de

desbravar o mundo: eu procurava informações dos lugares

leite. Por mais de uma vez, nosso queijo foi eleito o melhor

que pretendia visitar, lia jornais e me inteirava do que estava

da região em feiras agrícolas. É um jeito muito bom e corre-

acontecendo nos países na minha rota. Isso facilitava o início

to de se viver”, enfatiza.

de minhas estadias e foi assim quando cheguei à Bahia”

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>cearense por escolha

“Um amigo cearense nos convidou a conhecer a Praia da BaQuadrilha do Zé Testinha, da qual Júlio é padrinho, se apresentando no Pirata.

leia e, de cara, a família Trindade escolheu o Ceará. Sempre desejamos encontrar um lugar para viver até morrer. Sem pestanejar, vendemos tudo que tínhamos na Bahia, a pousada, os terrenos, e viemos embora. Nossos amigos baianos não entenderam, pois tínhamos uma excelente rede de contatos e estávamos estruturados por lá. Mas só entende a loucura da paixão quem está apaixonado. Em menos de seis meses após a visita, nos mudamos para cá. Estávamos abandonando um momento privilegiado para começar do zero em um lugar desconhecido, mas, como acreditamos que sonho é algo para se viver no presente e não no futuro, decidimos correr o risco”, relata. Na Fortaleza da década de 1980, Júlio afirma haver enfrentado uma cidade ainda provinciana, na qual ele chamava a atenção por simplesmente usar fartos bigodes, cabelos compridos e roupas coloridas. “No comércio, as pessoas verificavam meu cheque várias vezes antes de aceitá-lo. Só que, como o cearense é hospitaleiro e muito curioso, as coisas começavam estranhas e no meio do caminho se acertavam. Bastou que nos conhecessem mais um pouco para que a primeira impressão passasse, e conseguimos falar a mesma língua”, ressalta. Ao escolher a Praia da Baleia, Júlio iniciou um novo e ou-

A nova carta náutica: navegando para o Brasil

sado projeto: a pesca da lagosta, compondo uma equipe de oito homens para um trabalho profissional. No entanto, as coisas não foram nada fáceis para o iniciante, que teve de enfrentar o quase desaparecimento da lagosta nos mares cearenses por conta da pesca predatória e até mesmo,

Em Salvador, Júlio abriu seu primeiro empreendimento, o

“piratas” de verdade, ou seja, pescadores que roubavam o

Banzo Bar. O que ele havia vivenciado no ramo de bares

equipamento de outros barcos.

e restaurantes foi providencial para os negócios. Logo adquiriu também o restaurante do Hotel Pelourinho e abriu

“Eu havia iniciado o negócio no ano da quebra da lagosta,

uma pousada na Praia do Forte, onde iniciava, na época, o

mas só descobri isso três ou quatro meses depois, quan-

Projeto Tamar.

do já tinha investido grande parte do dinheiro no barco e na pesca. Mais tarde, investiguei o histórico e, somando

30

Muito remota, a Praia do Forte encontrada por ele não era

mais ou menos dez proprietários anteriores e posteriores

o destino turístico cheio de comodidades que se conhece

a mim, todos profissionais com bastante experiência, tive-

hoje mas, por dois anos consecutivos, seu empreendimen-

ram o negócio da pesca arruinado após a compra do bar-

to foi eleito pela Revista Playboy como o melhor do Brasil.

co. Mesmo fazendo tudo certo, o final era triste. Eu vendi

Mesmo com todo o sucesso, o viajante inquieto não se ins-

o barco para outro pescador profissional de lagosta, que

talou ali para sempre, visto que ainda veio a se apaixonar

posteriormente quebrou.” E conclui: “Não tenho dúvidas

por outro lugar...

de que o barco era amaldiçoado”.

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>cearense por escolha

Um tiro certeiro: O Bar do Pirata

Como o bar e restaurante eram as atividades que dominava melhor depois da experiência na Bahia, ele decidiu que teria de recomeçar a partir daí. Observando que Fortaleza oferecia poucas opções no ramo, Júlio escolheu a Praia de Iracema para se instalar, pois se identificou de imediato com o bairro. “Até hoje, esse lugar é um dos meus amores”, explica. condidos. Uma patrulha das pessoas de ‘bom gosto’ coibia Recomeçar, mais uma vez, não foi nada fácil, como era de se

o forró como coisa popularesca, de matuto. O grande san-

esperar. “O nome Pirata foi motivo de muitas reprovações,

foneiro Azeitona e seu trio pé de serra deram início ao forró

pois meus amigos não entendiam que este personagem re-

do Pirata e, desde então, esse ritmo tem ocupado um es-

presentava algo positivo para mim: um aventureiro deste-

paço muito importante na programação da casa. O grande

mido e apaixonado pelo mar. Encontrei dificuldade até para

Dorgival Dantas também fez parte da família Pirata durante

fazer os cartões de visita. Eu e meu filho Rodolphe, o sócio

cinco anos”, ressalta.

e companheiro de sempre, custamos a encontrar o único tipógrafo que usava a fonte que queríamos impressa nos

Tendo em comum com o cearense o espírito de luta e o

cartões. Achamos um profissional que trabalhava na Rua

gosto pela mudança, visando melhores condições, inde-

Guilherme Rocha, que também teve de pintar o papel, por-

pendentemente de onde estejam, Júlio Trindade é a pro-

que queríamos preto e não existia um desses no mercado

va viva da realização por meio do trabalho e da coragem

tipográfico”, desabafa.

de enfrentar o novo, o desconhecido, com seus desafios decorrentes. Assim, é natural que não se refira a si mesmo

Corajosamente, Júlio começava o Pirata Bar com as últi-

como imigrante, já se considera e é considerado cearense,

mas reservas financeiras. Vendeu os bens de valor que lhe

orgulhando-se por ter se tornado parte de nossa história.

restavam, como coleção de whiskys famosos, um potente aparelho de som, que poucos tinham na época, e o car-

“O Pirata começou propagando o forró por todos os cantos,

ro. Às pressas, inaugurou o bar, mesmo sem estar pronto

porque eu amo o forró. Demos espaço e condições de tra-

para isso, a fim de levantar dinheiro para evitar que a con-

balho para novos artistas. Hoje, tenho a sensação de dever

ta bancária fosse encerrada por falta de fundos. Como ele

cumprido por lutar pela cultura de Fortaleza e do Ceará,

mesmo afirma, o Pirata foi seu último fôlego na condição

por perceber o valor dos artistas locais. Passaram pelo Pi-

de empresário.

rata centenas de músicos e artistas, deixando um grande legado musical e cultural. Entendo que por isso somos re-

Com a munição no fim, pode-se dizer que Júlio deu o tiro

ferência em Fortaleza e no Ceará, para o Brasil e o mundo”,

certeiro: quando abriu o Pirata, ainda não existia nenhuma

comemora. E, depois dessa epopéia, tem alguém que dis-

casa de forró em Fortaleza. “Os jovens dançavam forró es-

corde disso? C

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>empreendedorismo

Enxergar um significado maior na vida é escrever a própria biografia de forma consciente, valorizando a chama interna do ser, que, como raio, ilumina o caminho a seguir. Deixar essa chama brilhar é dar sentido a própria existência, transformando potencial em realidade e assim direcionar o curso da vida.

Hosana Matos Lima é uma dessas pessoas que mantém viva a capacidade de encantar-se com as coisas simples, de alegrar-se com o trabalho e de realizar-se no exercício de sua vocação.

Casada com o economista Edmilson Lima por 50 anos e mãe de oito filhos, ela foi colocando em prática seus talentos, forçando os limites pré-estabelecidos pelas convenções de sua época e conquistando o equilíbrio entre ser esposa, mãe e empresária.

Hosana Matos Lima mãe, esposa e empresária

Uma conversa com Hosana Matos Lima sobre vida, família, vocação e trabalho. A fundadora da Granja Regina celebra os 53 anos da empresa e fala de suas descobertas e aprendizados ao longo desse tempo, revelando uma personalidade corajosa e única.

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Com a simples idéia de produzir ovos para consumo próprio e movimentar as temporadas no sítio recém adquirido pelo marido em Messejana, onde a família se refugiava nos fins de semana, ela dava início a uma pequena criação de galinhas, projeto que iria tomar proporções totalmente inesperadas, e iria lançá-la como protagonista de sua própria história.

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Tal Pai, tal filho: Edmilson Lima e Edmilsinho, 1952

>empreendedorismo

Surge a Granja Regina Empreendedor e visionário, Edmilson não demorou a se dar conta do grande potencial da pequena criação de galinhas de que Hosana tanto se orgulhava. Em pouco tempo, a produção já estava alcançando a marca de cem ovos por dia, o que era considerado muito para a época. Como em um dueto, somaram talentos e juntos fundaram a Granja Regina.

Edmilson e Hosana em 1947, ano do casamento.

Primeiros desafios O ano era 1958, época em que a maioria das mulheres cuidava da casa e dos filhos. Ao dedicar-se à sua granjinha particular, Hosana, com apenas 30 anos, começou a quebrar paradigmas mesmo nas coisas que hoje nos parecem as mais simples, como trocar as saias usadas pelas mulheres de sua geração por calças compridas. Afinal, o insistente vento que soprava no sítio não permitia que ela cuidasse de suas galinhas com roupas inadequadas. O marido resistiu a essa ousadia, mas entendendo sua funcionalidade, acabou aceitando. O pequeno avanço serviu de incentivo, abrindo espaço para que fossem enfrentadas circunstâncias ainda mais desafiadoras. Sob o pretexto de ir à missa cedinho aos domingos, Hosana conseguiu a permissão de Edmilson para contratar um professor particular e, acompanhada do filho mais velho, Edmilsinho, na época com 12 anos, aprendeu a dirigir, tirou carteira de motorista e começou a ir à missa com o próprio carro. Aos poucos, ganhou confiança, e o ato de dirigir deixou de ser um obstáculo para seus projetos.

O casal passou a viajar em busca de novos conhecimentos e tecnologias, enfrentando um cenário desafiador. Enquanto Edmilson atuava na área comercial, Hosana dedicava-se à criação e adaptação das aves ao clima da região, trazendo pintinhos de avião dos estados do Sul do país para serem alojados no Ceará, vivendo anos de descobertas e muito trabalho. Sempre direcionado para o crescimento, Edmilson percebeu que a família precisava ficar perto da criação para garantir o ritmo e a atenção necessária para crescer. A integração da família e da empresa tornou-se fundamental, fazendo com que o casal concretizasse, em 1964, os planos de mudança da Aldeota para a Messejana. Até hoje, a Granja Regina (cujo nome é uma homenagem à primogênita do casal) tem seu escritório central no mesmo lugar onde a família morou, mantendo os valores que a moldaram e a definem como empresa.

Dessa forma, suas vitórias pessoais foram coincidindo com os triunfos de um negócio que começava a se configurar como empresa, ainda que ela mesma não tomasse conhecimento disso. Quando perguntada sobre a receita do seu sucesso, Hosana diz que nada foi planejado, nem mesmo esperado: “Fui caminhando, as coisas foram acontecendo e me desviei dos obstáculos, agindo e descobrindo meu próprio caminho. Aprendi que não se deve focar nas dificuldades e sim no que precisa ser feito para ultrapassá-las”, é assim que ela resume o início de sua granja particular, que iria se tornar uma das maiores empresas cearenses.

Criação de frangos, colaborador Roberto Possidonio na unidade Avelima, 2009.

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>empreendedorismo

Qualidade e tradição nas gôndolas.

Processamento de produtos: Pole Alimentos, 2011.

Os frutos do pioneirismo O pioneirismo e o talento de Edmilson e Hosana contribuíram não só para a consolidação da Granja Regina como empresa, mas também para o desenvolvimento de todo o setor avícola do Ceará, levando à fundação, já na década de 1960, da Associação Cearense dos Avicultores (Aceav), que ainda hoje auxilia na regularização da atividade e no fortalecimento do setor.

Da Granja para a gôndola, em 24 horas.

Vida nova em Messejana A distância da nova casa era sacrificante para os filhos mais velhos, que saíam muito cedo para a escola dirigindo a Kombi da empresa, muitas vezes acompanhados de pintinhos. À tarde, os irmãos trabalhavam nas lojas no centro da cidade, vendendo ovos e ração. Os filhos mais novos cresceram dividindo sua mãe com a Granja Regina, que era uma paixão para dona Hosana e um constante desafio, instigando-a a trabalhar cada vez mais. Assim, família e empresa cresciam juntos, ainda que os caminhos a percorrer nem sempre fossem planos e floridos, pois pedras e espinhos também faziam parte da paisagem, e foram necessários para a formação da personalidade de todos. Afinal, nos momentos de dificuldades é que os milagres de Deus são percebidos, assim como a bondade dos verdadeiros amigos e a força interior de cada um. Dessa época, Hosana nos deixa uma lição: “A vida não é só vencer. Tudo tem que ser visto como um aprendizado. Ninguém pode ficar se lamentando, tem que se reerguer e ir em busca das soluções”.

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Em 1980, Edmilson Lima Junior, a pedido de seus pais, assume a presidência da organização, passando a liderar o processo de expansão das operações e a intensificar a produção e comercialização de ovos e frangos. Na década de 1990, a Granja Regina enfrentou o desafio de preservar sua essência simples (o cuidado artesanal empregado na produção) e, ao mesmo tempo, crescer em escala industrial. Garantindo um produto diferenciado e investindo em tecnologia e produtividade, a empresa inovou lançando sua primeira linha de frangos e cortes resfriados e congelados, dando início à sua fase industrial. Em 2000, inaugurou seu primeiro frigorífico de alimentos processados e embutidos, com a implementação da Pole Alimentos. No último mês de junho, tendo como base o pioneirismo e o compromisso com o desenvolvimento do Ceará, a Granja Regina inaugurou o mais moderno abatedouro de frangos do estado, localizado no município de Aquiraz. Única detentora da tecnologia de abate industrial no estado, a empresa garante a qualidade e o frescor dos produtos que levam a marca Granja Regina. Afinal, o compromisso com a qualidade dos produtos e o respeito aos cearenses renderam à marca a preferência dos consumidores e, hoje, a empresa é reconhecida como uma das melhores do Brasil em alimentos resfriados, detentora do Prêmio Fornecedor do Ano, promovido pelos Mercadinhos São Luiz.

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>empreendedorismo

Novas conquistas e mais desafios Hoje com 83 anos, dona Hosana está em plena atividade. Carismática e sempre disposta, ela encontrou no exercício de seus dons e talentos a oportunidade de crescer e contagiar a todos que estavam ao seu lado: família, funcionários e amigos. Faz questão acompanhar o desenvolvimento de seus netos e bisnetos, lembrando que “Na vida tudo é equilíbrio”. Para

ela, equilíbrio é a harmonia da família, a realização pessoal e principalmente a paz que vem de Deus. Mesmo tanto tempo depois de ter iniciado sua despretensiosa criação de aves, a fundadora da Granja Regina ainda conserva o espírito empreendedor. Conselheira do grupo, também é proprietária de uma empresa de produção de grama em tapetes, que acompanha sempre de perto. “Gosto de acordar e saber para onde eu vou”, afirma, com um olhar e um sorriso de quem ainda vislumbra muitos outros projetos.

Encontro de gerações: Tissiana Lima, Hosana e Edmilson Lima Júnior.

Bastidores

É na cozinha que a gente se encontra

Para a realização desta matéria, a equipe de reportagem da Costumes encontrou Hosana Matos Lima nos jardins do escritório central da empresa, em Messejana, em torno de uma mesa farta de boa comida e ricas histórias. Para dona Hosana, encontrar-se à mesa é relembrar o tempo dos encontros na cozinha, e significa buscar na memória os sabores, os aromas, as conversas e as tradições familiares. Afinal, como ela mesma afirma, cada família tem próprias receitas: na casa de sua avó, por exemplo, o costume era comer galinha à cabidela aos domingos, sabor que ainda hoje faz com que se recorde dos tempos de infância.

Em sua casa, em dias de festa, servia-se frango assado e desfiado. Quando um filho adoecia, nada melhor do que preparar uma canja quentinha, para nutrir o corpo e alimentar a alma. Já para nos passeios com toda a família, o costume era preparar uma lata de frango de viagem (frango assado com farofa). Todos esses pratos, quando voltam à memória, trazem também uma carga de emoção, pois reavivam o sabor inigualável da harmonia e do aconchego do lar. Orgulhosa de sua obra, dona Hosana continua a destacar as características do frango, rico em valor nutricional e acessível a toda a população: decididamente, um alimento saudável para todas as ocasiões! C

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Renda-se à renda Pode ser de seda, algodão, poliéster, linho, lã. Tecida com agulhas ou bilros, feita artesanalmente ou por máquinas. Suas primeiras aparições foram em forma de bordados, ainda na Pré-História, na era Neolítica, já enfeitava os tecidos. Com o tempo, deixou de ser apenas um ornamento para brilhar sozinha. Nos últimos anos, os holofotes voltam-se na direção dela, a renda é tendência no universo da moda desde 2008 e vem ganhando destaque e releituras que conquistam as mulheres. >

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“A renda é tecida com o manusear dos bilros, jogados de um lado para outro pelas mãos ágeis das rendeiras.”

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>artesanato

Dona Osmarina pacientemente fazendo renda com seus bilros.

No Brasil, coube à rainha da França com origem italiana, Catarina de Médici, a propagação do uso da renda na corte francesa. O tecido, que nasceu para os nobres, inicialmente limitado ao figurino utilizado na corte e entre os membros do clero, era feito com fios de prata, de ouro ou de seda. Nos séculos XVII e XVIII, já se estendia aos detalhes de acessórios criados para enfeitar os cabelos, babados e adornos de vestidos. A procura foi tão grande que fez com que os cofres franceses fossem praticamente esvaziados devido aos custos de importação, o que causou a promulgação de um decreto pelo rei da França, que proibia o uso da renda, tamanho o caos. No entanto, descobriu-se que era melhor produzir do que importar o produto. Foi Colbert, ministro de Luiz XIV, que teve a idéia, e em 1665 fundou na cidade de Alençon, as “Manufaturas reais o ponto de França”, conduzidas pelas mãos de 30 rendeiras de Veneza (Itália) e 200 de Flandres (Bélgica). Os centros de produção de rendas de bilros eram nas cidades francesas de Chantilly e Valenciennes, cada um com desenhos próprios. Já em Alençon, Argen-

tan e Veneza se concentrava a renda de agulha. No início do século XIX, ela já estava usualmente presente em vestidos, casacos, luvas, enfeites de guarda-sóis, lenços, xales, mantilhas lançadas sobre os ombros, entre outras peças do vestuário. E foi entre os séculos XIX e XX que caiu em desuso (apresentando o seu glamour apenas nos vestidos de noiva e debutantes) e escondeu-se na noite, em roupas de dormir.

No início do século XIX, a renda já estava usualmente presente Catarina de Médici Rainha da França

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>artesanato Desfile da Mar Del Castro no Dragão Fashion 2011. Desfile do Lino Vila Ventura para o SPFW 2011.

Semana de moda de Paris 2010.

Dolce & Gabbana na semana de Moda de Milão.

Desfile da Mar Del Castro no Dragão Fashion 2011.

Nas terras tropicais A renda foi trazida ao Brasil pelos portugueses e durante muito tempo foi a ocupação de freiras nos conventos. Elas teciam alfaias para os altares das igrejas. Ainda hoje, tanto no Brasil como em Portugal, é feita por mulheres de pescadores, já que a chegada do artesanato se deu pelo litoral. As primeiras tramas produzidas por nossas Penélopes nordestinas eram feitas com linho. A arte, que passou de geração para geração e foi adaptada. Hoje é confeccionada em materiais mais baratos, o que a transformou em um produto de menor custo e, por isso mesmo, nobre. A Professora de moda, Maria de Jesus Medeiros explica que a arte de fazer rendas no nordeste permanece como produção artesanal, tecidas por mãos artesãs, guardiãs de um ofício secular. Os nomes dados aos diferentes tipos de renda estão associados aos instrumentos utilizados para sua confecção e o tipo de linha, pois são eles que conferem aos tecidos um ou outro desenho. O bilro, por exemplo, é uma pequena haste de madeira, que é acoplada a uma semente de buriti (planta da família das palmeiras) em uma ponta e envolta em linha na outra. A renda é criada com o manusear dos bilros, jogados de um lado para outro pelas mãos ágeis das rendeiras. Tem ainda a renda de agulhas, confeccionada através de laçadas com o fio (que tem uma extremidade presa à agulha e a outra a uma base) em pontos simples ou complexos, o que resulta num padrão ou desenho preestabelecido.

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>artesanato

As rendeiras do Centro da Prainha.

Olê mulher rendeira, olê mulher rendá... As artesãs deixam para as filhas como herança a arte de rendar. A renda, para essas mulheres não se limita a complemento de roupas e adornos. Elas tecem a sobrevivência diária e tiram de cada fio entrelaçado o sustento da família. Afeita dos bilros desde os sete anos, a rendeira Osmarina Pires, 69, mãe solteira, criou com muito esforço e entrelace de linhas os oito filhos. A artesã aprendeu com a mãe a arte de rendar e a tradição foi passada para as seis filhas. Uma delas mora em São Paulo, e manda as peças para que a mãe venda no quiosque, na cidade de Aquiraz (distante 27 km de Fortaleza). “Ganho em média R$ 1000,00 reais por mês, mas a renda é o que sempre garantiu o meu sustento e dos meus filhos, que só tiveram pai na hora de fazer”, afirma a rendeira, que traz as mãos calejadas do trabalho diário com os bilros. Mas a falta de incentivos e de valorização do trabalho torna mais comum hoje que as filhas das rendeiras prefi-

ram outra profissão. A filha da artesã Lucielda de Freitas, 38, nunca teve o interesse pela arte. A mãe afirma que ela não tem o dom e até já passou do tempo de aprender. “eu aprendi a tecer com 7 anos, e essa é a idade certa. Na minha época, as meninas aprendiam mesmo sem querer, pois era a garantia de sustento”, afirma Lucielda. Ela e outras mulheres que nasceram e cresceram rendeiras, que trabalham por vocação, e por nunca ter aprendido outra profissão, podem estar presenciando o desaparecimento de uma tradição secular. A rendeira Maria José Lopes, 48, conta a vida sofrida de uma artesã. “Poucas pessoas da terra valorizam o nosso trabalho, um vestido de renda que passamos em média um mês para confeccionar, nós vendemos por R$ 80,00. Conseguimos nos sustentar por que pegamos peças das artesãs que tecem em casa, pois se dependêssemos apenas da nossa produção, não tinha nem para o básico”, afirma Maria, que é apaixonada pelo que faz, mas admite que a falta de valorização do trabalho desestimula.

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A estudante Paula Baiôco, com a aplicação de rendas que compõe as peças de roupas do desfile.

Dolce & Gabbana na semana de Moda de Milão.

Da desvalorização para o destaque no mundo fashion Apesar da falta de valorização das peças cruas, o refinamento da renda vem ganhando espaço e está presente não só na coleção de estilistas e marcas cearenses como Lino Vila Ventura e Mar Del Castro, com quem ganhou as passarelas do Dragão Fashion, estampando nosso regionalismo para o mundo. Ela também marca presença nas criações de nomes de peso do cenário nacional, como Isabela Capeto, Reinaldo Lourenço, Alexandre Herchcovitch, Hui Clos, entre outros. Para o dono da Mar del Castro, André Castro, a renda faz parte da identidade da marca. “Quando pensamos nas coleções e peças procuramos sempre agregar valores que remetam às nossas raízes, quem somos enquanto cearenses. Por isso a importância do artesanato, já que o Ceará é um dos estados com a maior variação das rendas.” A Mar del Castro usa o artesanato desde as primeiras coleções. Sua presença contribui com a evolução para um produto mais sofisticado, pois a marca busca inserir no mercado as técnicas artesanais, adotando novos materiais, modelagens e utilidades das técnicas, sem contudo descaracterizar-se. Dessa necessidade de trabalhar o “novo artesanato” surgiu o interesse por um contato mais próximo com as comunidades e associações de artesãos. A nova vertente do trabalho trouxe a necessidade do treinamento da mão de obra para o uso de novos materiais e novas formas. Segundo André, não é só uma questão de treinamento profissional, mas de trabalhar a auto-estima, confiança, administração, entre outros. “O uso do artesanato para

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André Castro, da Mar del Castro com uma das peças características da marca.

nós, vai muito além dele em si, tem todo um conjunto de relacionamento e crescimento pessoal.” A estudante do curso de Tecnologia do design da moda, Paula Baiôco, é capixaba, estuda no Paraná e está na terceira visita ao Ceará para o seu trabalho de conclusão de curso. Paula surpreendeu seus professores quando optou pela cultura nordestina, mais precisamente a aplicação da renda em peças de roupa, como tema de seu trabalho. “Eu quero mostrar de que forma uma peça artesanal como a renda pode virar desejo de consumo”, explica Paula, que desenvolveu nove peças, entre aplicações e confecções totais com renda, que estarão no desfile a ser apresentado para a banca de professores. A renda faz parte dos mais diversos segmentos do mercado, aplicada em peças de moda íntima e praia e até na alta costura, sempre levando sofisticação e estilo, seja em modelagens simples, ou nas criações mais mirabolantes. Porém, mesmo com toda a versatilidade da renda, várias mulheres não se sentem confortáveis para usar este artigo. Devido à grande opção de artigos rendados, é realmente fácil ter dúvidas. O que precisa ficar claro é que não existe idade, hora certa do dia ou ocasião adequada para tirar do armário uma roupa feita de renda. Ela vai muito bem com jeans, dá elegância quando usada como saída de banho e, seja em lingeries ou na noite, nunca sai de moda. Veste de crianças a adultos, fazendo-se atemporal e, ao mesmo tempo, novidade, reinventada a cada temporada pelas mentes e mãos

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>artesanato

Um trabalho de Penélopes: a maior renda do mundo No município de Aquiraz, conhecida como dos criadores de estilo. Para não correr o risco de errar, deve-se levar em consideração não só o gosto pessoal, como também a informação de que a renda transmite num look. Atualmente, as tendências aconselham a usar a renda pura, sem aplicação de pedrarias, e em tons sóbrios como o preto, o branco ou nude. Também é importante citar que hoje a renda não é associada apenas a uma identidade rústica. Nas principais semanas internacionais de moda, ela caminhou lado a lado com conceitos futuristas, deu um ar romântico para quem apostou num estilo mais rock, foi campestre meio menina-moça, e fez marcas voltarem ao passado em vestidos de festa clássicos com estilo retrô.

a primeira capital cearense, está sendo construída desde janeiro de 2006 no complexo artesanal da cidade a maior renda do mundo feita no modelo “renda grega”. Com o objetivo de entrar para o Guiness Book (Livro dos recordes), Antônio Moreira, administrador do complexo que existe há 9 anos, organizou as rendeiras para a confecção da renda que deve ser terminada até meados de 2013. Cerca de 30 artesãs tecem diariamente na almofada. O objetivo é conquistar

Agora que você já sabe um pouco mais sobre a história e o poder da renda, que tal aproveitar para ir às compras? Com certeza você vai vê-la com outros olhos. Renda-se você também à renda... C

uma referência para o artesanato cearense, afirma o administrador.

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>vida saudável

Sedentário nunca mais

Por Rafaele Esmeraldo

É hora do seu treinamento funcional

A atual campeã mundial de bodyboard, Isabela Sousa, pratica exercício funcional.

Verão, praia, esportes variados: um prato cheio para quem gosta de se exercitar constantemente e têm hábitos de vida saudáveis.

No Ceará, cuja paisagem diversa vai do litoral às serras, a

até por pessoas que não exerciam antes nenhuma ativi-

variedade de modalidades esportivas também é muita.

dade física.

Já em Fortaleza, muitas opções de prática são ofertadas dentro das academias, como o treinamento funcional.

O personal e proprietário da Academia Movimento Integral, João Luciano da Silva Oliveira, afirma que “o funcional

Embora o nome cause estranhamento inicial, o conceito é

se diferencia da musculação por trabalhar com várias par-

simples. Diante da vida corriqueira, as pessoas deixam de

tes do corpo, com mais ênfase na relação neuromotora”. Já

utilizar todos os músculos do corpo, tornado-se sedentá-

a musculação, trabalha isoladamente cada parte, gerando

rias, e o exercício funcional é um programa de condicio-

um gesto motor específico.

namento físico que vem, justamente, propor tornar o indivíduo mais apto a desempenhar suas atividades diárias,

“O termo treinamento funcional é utilizado há muito tem-

sejam elas quais forem. Trata da prática dos movimentos

po pela área da reabilitação de um individuo pós-trauma-

fundamentais, da coordenação motora específica, como

tizado”, diz Luciano. Origina-se de uma linha de pensa-

agachar, girar, lançar, empurrar, puxar.

mento na qual se valoriza mais os movimentos complexos e multiarticulares do que movimentos simples e segmen-

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A prática nasceu nos Estados Unidos e chegou ao Brasil

tados. O objetivo principal é o efeito de desenvolvimento

por volta de três a quatro anos atrás, se tornando bastante

e manutenção de um perfeito trofismo (volume de massa

procurada por quem já se exercitava com outro esporte e

muscular existente no corpo).

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>vida saudável

A Academia Movimento Integral aplica o Sistema Movimento Integral (SMI).

Funcional para qualquer idade

Um estilo de vida para inovar e divertir

Desportistas de alto rendimento fazem parte do variado público do treinamento funcional. O professor e um dos donos da academia Studio Funcional Life, Lino Délcio, desde 2008 aplica métodos funcionais por afirmar que os benefícios e resultados que proporcionam diminui a rotatividade de alunos e do professor. “No Studio, temos todos os tipos de público, dos que procuram estética, qualidade de vida, até os atletas de ponta, mas vejo uma procura muito grande por pessoas que não suportam o marasmo da musculação e querem uma atividade física para melhorar sua qualidade de vida”. O treino é montado de acordo com os objetivos e as necessiSe o assunto é “ficar em forma”, Fortaleza conta com mais uma novidade. É o Sistema Movimento Integral (SMI), que desde 1991 busca resgatar no indivíduo suas habilidades por meio de treinamentos físicos, desenvolvidos por estudiosos, e técnicas de abordagem da saúde, como a medicina chinesa e a yoga. “O intuito é fazer com que a estética e a aptidão física sejam os resultados de um estilo de vida no qual o SMI esteja inserido, proporcionando o desenvolvimento do indivíduo, em busca de uma vida mais saudável e harmônica. É um método inovador, desafiante e extremamente divertido,” diz Luciano. Os treinos são compostos por partes práticas e teóricas, constituindo uma base para um desenvolvimento de mais qualidade e conhecimento no indivíduo e assegurando a ele um aprofundamento no método.

dades de cada um, levando-se em consideração as suas limitações, necessidades e a frequência semanal. O treinamento funcional, quando bem estruturado pelo professor, visa melhorar todas as capacidades físicas do aluno: mobilidade, estabilidade, força, potência, agilidade e velocidade, devolvendo ou melhorando a funcionalidade do corpo, reduzindo os índices de lesões em outros esportes praticados e melhorando a performance. Além disso, também trabalha a propriocepção um sentido pouco conhecido, além dos cinco comumente citados que são visão, audição, olfato, tato e gustação. A propriocepção trata da consciência da posição do corpo. Com ela, nosso cérebro desenvolve um mapa interno de modo que possamos fazer atividades sem precisar monitorar nossos movimentos visualmente o tempo todo. A atual campeã mundial de bodyboard, a cearense Isabela

Aluna da Academia Movimento Integral treinando o SMI.

Sousa, 21, aluna de Lino desde quando começou a fazer os exercícios em 2009, sentiu a evolução no seu esporte. “Hoje tenho menos fadiga, mais equilíbrio e, consequentemente, as minhas manobras atingiram um grau maior de elasticidade, força e perfeição. O treinamento funcional é crucial para me manter bem condicionada para as competições das quais participo”, ressalta Isabela. O sócio e personal da Studio Funcional Life, Paulo Emílio Tavares Barbosa, que também desenvolve esse tipo de atividade com a terceira idade, afirma: “O Treinamento Funcional não tem público definido, por ser de fácil adaptação a qualquer

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>vida saudável

Professor e proprietário do Studio Funcional Life, Lino Décio, em treino com a atleta cearense Isabela Sousa.

pessoa, sem restrição de sexo, idade, nível de aptidão. Ele

programa para desenvolver força e condicionamento físico)

pode ser utilizado para tratamento de reabilitação”.

e o kettelebell (bola de ferro com uma alça, para trabalhar força e resistência).

O professor relata que o principal intuito do exercício é buscar uma melhor qualidade de vida, a independência na “me-

Devido à individualidade biológica e à especificidade na qual o

lhor idade”, a capacidade de realizar as tarefas do dia a dia

treinamento é baseado, os benefícios para mulheres e homens

sem precisar de ajuda. Além disso, há os benefícios músculo-

maduros são os mais variados possíveis, como a melhoria de

esquelético e cardio-respiratórios.

massa óssea, do tônus muscular e do equilíbrio, fortalecimento dos músculos e resistência cardiovascular.

Vale ressaltar, segundo Emílio, que o treinamento funcional

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não é considerado um esporte porque, para isso, teria que

Outro profissional da área da saúde que pode falar muito

assumir regras de competitividade, ganhar e marcar pontos.

bem sobre isso é o fisioterapeuta e proprietário da clínica

Porém, existem competições que utilizam métodos adota-

Fisiogym, José Bezerra Góes Neto, que agrega ao treina-

dos pelo treinamento funcional, como o crossfit (principal

mento funcional o pilates, a musculação e a ergometria.

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>vida saudável

“Tudo é feito através de circuito, no qual integramos cada modalidade no que ela tem de melhor”, diz Goés. Ana Celsa de Magalhães Barroso, 57, aluna de Góes, enfatiza: ”Sinto mais controle do corpo e da minha postura. No Funcional, os exercícios são executados com peso livre, na bola suíça ou com elásticos, e sinto que isso me ajuda mais a alcançar a concentração e o esforço para manter o equilíbrio, a coordenação e estabilizar meu movimento. Os objetivos desse tipo de exercício não são promessas de marketing, mas realidade, e basta começar para constatar no próprio corpo o bem estar“. A fisioterapia utiliza movimentos funcionais com a participação de um profissional de educação física, para melhor estabilizar as articulações, principalmente a coluna vertebral. Tudo isso tem o intuito de fortalecer o centro de gravidade do corpo humano, responsável pela sustentação, chamado core. Quando essa região está fortalecida, a pessoa exerce suas atividades de forma eficaz, conquistando melhor qualidade de vida.

Os filósofos recomendam Tanto Aristóteles como Hipócrates reconheceram em seus textos o valor dos exercícios físicos, chegando até a afirmar que a educação do corpo deveria preceder a do intelecto. Sócrates disse: “... que desgraça é para o homem envelhecer sem nunca ter visto a beleza e sem ter conhecido a força de que seu corpo é capaz de produzir”.

Personal e proprietário do Studio Funcional Life, Paulo Emílio Tavares, em aula com Morgana Maria Osório, 48.

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>vida saudável

Quando e onde surgiram os exercícios físicos? As atividades físicas, desde a década de 70, já eram bastante visadas pelos simpatizantes dos esportes. No entanto, como nessa época não existiam academias, as pessoas se reuniam em clubes para praticar o fisioculturismo, em busca de deixar os músculos maiores. Já os anos 80 foram o momento da aeróbica. No surgimento das primeiras academias, o exercício da moda consistia em pular, escutando um som estridente, vestidas de body, legg, pollyana e faixa no cabelo. Devido à maneira como era praticada essa modalidade, muitas pessoas sofreram contusões, o que levou a ser desenvolvida, no início de 90, uma versão mais leve da ginástica, a aeróbica coreografada. As pessoas passaram a pular menos e a usar mais o step (ou degrau), que diminuia o risco de contusão.

Saiba mais sobre a região do Core A coluna vertebral, para se manter estável, necessita da fortificação de 29 músculos situados no complexo quadril-pélvico-lombar. O core, por sua vez, quando aplicado no desenvolvimento desta musculatura abdominal profunda, vai além do papel que outros exercícios convencionais fazem, ou seja, ativa, estabiliza e fortalece os músculos responsáveis pela sustentação do corpo.

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Com o passar do tempo a vaidade ganhou espaço e o objetivo a ser o corpo “sarado”. Foi a época da musculação e as aulas de Body Pump (modalidade de fitness voltada para o desenvolvimento da resistência e definição muscular).

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No começo do ano 2000, o conceito de wellness (ou bem estar total) surge na Europa, voltado não só para o corpo, mas também visando uma mente tranquila. As academias começaram a oferecer aulas de yoga, meditação e circo.

Outra modalidade que surgiu, na metade da década, foi o pilates, que utiliza todo um aparato de aparelhos, visando melhorar a postura e o conhecimento sobre o corpo. Hoje, a proposta é manter a funcionalidade do corpo ao longo do envelhecimento, por meio do core, que proporciona sustentação da parte central do corpo, trabalhando músculos abdominais pouco exigidos, além de usar exercícios intensos e intervalados, melhorando a capacidade respiratória. C

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Obesidade:

uma epidemia! Previna-se, não entre nessa por Nivea Albuquerque

Você se acha meio gordinho(a)? Adora doces e raramente come frutas e verduras? Fica horas sentado no trabalho, em frente à televisão, ao computador ou ao videogame? Cuidado, pode vir a se tornar mais uma vítima da obesidade.

A cada ano aumenta o número de pessoas obesas ou com

12,5 % dos homens e 16,9 % das mulheres apresentavam

sobrepeso no mundo, e o problema já alcança proporções

obesidade.

epidêmicas. Até bem pouco tempo, a obesidade era consi-

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derada privilégio das populações de países ricos, mas essa

Que significam ”sobrepeso” e “obesidade”? No ser humano,

realidade mudou. No Brasil, a exemplo do que ocorre em

os valores normais de peso mantêm estreita relação com a

outros países em desenvolvimento no Ocidente e no Orien-

altura. Essa relação é estabelecida pelo índice de massa cor-

te “ocidentalizado”, a freqüência de obesidade e excesso de

poral (IMC), que divide o peso em quilogramas pelo qua-

peso aumenta rapidamente. A pesquisa de Orçamentos

drado da estatura em metros. Os valores de peso conside-

Familiares (POF) 2008-2009, realizada em parceria entre o

rados ideais correspondem ao IMC associado a uma menor

IBGE e o Ministério a Saúde, analisando dados de 188 mil

taxa de mortalidade. Segundo os critérios propostos pela

brasileiros mostrou que a ocorrência de obesidade e exces-

Organização Mundial de Saúde (OMS), o peso normal situa-

so de peso tem aumentado rapidamente em todas as faixas

-se entre 18,5kg/m² e 25kg/m². Os valores situados entre

etárias. Neste levantamento, 50% dos homens e 48% das

25kg/m² e 30kg/m² indicam excesso de peso; os superiores

mulheres se encontravam com excesso de peso, sendo que

a 30kg/m², obesidade.

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>saúde

serem de rápido preparo e boa palatabilidade, os pratos IMC (kg/m²) Peso (kg) Altura² (m)

Resultado

prontos congelados estão sempre presentes em nossos

abaixo do peso - até 18,4

freezers e geladeiras. Outro ítem relevante é a medida das

peso adequado - 18,5 até 24,9

porções. Os copos e pratos aumentaram de tamanho e,

acima do peso - acima de 25

associados às facilidades da vida moderna trazidas pela

A preocupação em reduzir esses índices não é de natureza apenas estética, o sobrepeso e a obesidade não são saudáveis e reduzem a expectativa de vida. Adultos obesos correm mais riscos de desenvolver vários problemas de saúde, como hipertensão, diabetes tipo dois, colesterol alto, cirrose, alguns tipos de câncer e problemas cardíacos. E, como se isso não bastasse, ainda têm que enfrentar o preconceito e a discriminação.

tecnologia, contribuem mais para o agravamento da obesidade. E ainda: cada vez menos andamos a pé. Escadas rolantes, elevadores e controles remotos são símbolos de comodidade. Evitar e combater a obesidade e o excesso de peso são desafios individuais e de saúde pública. As revistas estão cheias de fórmulas mágicas para quem quer emagrecer: “Perca 5 kg em um mês”, “Dieta da Lua”, “Dieta da sopa” e por aí vai. Estas “dicas” são quase impossíveis de seguir e ainda podem fazer mal à saúde. E a divulgação simples, didática e objetiva do que se deve ou não fazer em relação à alimentação para esta ou aquela doença, embora necessária, é apenas informação. Informação é só uma parte da educação. O tratamento da obesidade é complexo e requer mudanças no estilo de vida. A melhor forma de perder peso é a reeducação alimentar. Neste processo, aprende-se a fazer substituições na alimentação de forma a escolher o alimento mais saudável. Isso significa que não é preciso cortar totalmente os doces e biscoitos, mas sim comer esses alimentos em menor quantidade, dando preferência a comidas mais nutritivas e menos calóricas. Durante muitos anos, a obesidade foi vista como decorrente de um prejuízo da motivação em perder peso. Porém, as

Inúmeras são as causas relacionadas à epidemia da obe-

descobertas atuais da ciência mostram cada vez mais que

sidade, mas a maioria dos especialistas concorda que o

essa é uma doença crônica de causa multifatorial, que inclui

aumento do consumo de alimentos industrializados e o

aspectos genéticos-biológicos, endócrinos, ambientais, so-

sedentarismo parecem ser os fatores mais importantes.

ciais e, em algumas situações, psicológicos e psiquiátricos.

Os alimentos industrializados hipercalóricos e prontos para consumo fazem cada vez mais parte de nosso dia a

Desde que o bebê nasce, seu desconforto por encontrar

dia. O tempo disponível para preparo das refeições está

um mundo barulhento iluminado e frio, diferente daquele

cada vez mais escasso. Fatores genéticos, alterações endó-

que outrora habitava, o útero materno, é amenizado pela

crinas como hipotireoidismo, perda de um ente querido,

mãe (ou cuidadora) com o peito ou a mamadeira, que lite-

separação, baixa auto-estima e estresse podem contribuir

ralmente alimentam suas primeiras impressões em relação

para a obesidade.

ao mundo. A comida vem com toque de mãe, com cheiro de amor e calor humano. Depois das primeiras mamadas, a

Geralmente, o hábito alimentar do indivíduo obeso é re-

fome jamais será apenas de alimento. Assim, aprendemos a

pleto de alimentos tipo “fast food” e industrializados. Por

relacionar comida a afeto. A comida passa a ser simbólica.

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>saúde

Entendendo isso, fica mais fácil compreender porque tanta

A reeducação alimentar, realizada de maneira sistemática

gente come por carência afetiva.

e contínua por um nutricionista, seria um bom modo de se combater a obesidade. Nestes encontros, trabalha-se vários

Assim, a comida não pode ser considerada causa do proble-

temas, como: mudança no tamanho das porções de alimen-

ma, mas sempre um sintoma. Um sintoma muito significa-

tos, qualidade das refeições realizadas, aspectos emocio-

tivo, que revela como a pessoa se relaciona com o mundo

nais associados à alimentação, e se realizam propostas atra-

e com ela mesma.

vés da montagem de um plano alimentar. Este trabalho visa uma modificação comportamental com foco nos alimentos e enfatiza os sentimentos experimentados ao comer. É uma combinação de experiência nutricional e habilidade psicológica. É importante ressaltar que o sucesso terapêutico é

Obeso não é guloso ou preguiçoso, é uma pessoa que precisa ser tratada com seriedade

maior quando o paciente associa seu tratamento à terapia psicológica e atendimento psiquiátrico, pois muitas vezes a obesidade pode estar associada a outras dependências, como a ansiedade, sendo necessário auxílio farmacológico. A relação entre alimentação e afetividade explica porque é tão difícil mudar hábitos alimentares. Só uma pedagogia que una os aspectos simbólicos dos alimentos aos nutricionais resultará numa reeducação efetiva, capaz de trazer resultados duradouros. C

Você sabia!? O risco de obesidade quando nenhum dos pais é obeso é de 9%, mas quando um dos genitores é obeso,eleva-se a 50%. Atinge 80% quando ambos são obesos.

Recentemente, se banalizaram tratamentos milagrosos, balões intragástricos e as cirurgias para obesidade. É importante lembrar que toda intervenção tem benefícios e riscos e o sucesso no tratamento da obesidade depende de conjugação de esforços, de reeducação alimentar, mudança de hábitos, atividade física, de trabalho e de persistência. A maioria dos pacientes obesos que buscam atendimento nutricional não quer emagrecer e sim “ser emagrecida”. O

Existem indícios de que, a cada parto sucessivo, há aumento de cerca de um quilo acima do peso normalmente adquirido com o incremento da idade da mãe. Ganho de peso excessivo durante a gestação e falta de perda de peso após o parto são importantes indicadores de obesidade em longo prazo. Indivíduos que abandonam o tabagismo ganham de cinco a seis quilos. O ganho de peso pode ser moderado pela terapia interdisciplinar.

Aconselhamento nutricional consiste em encontros periódicos, nos quais o nutricionista funciona como um facilitador dos processos de mudança de hábito alimentar, que devem ser realizados de maneira progressiva, respeitando individualidades e limitações. É necessário sensibilizar o paciente em relação aos aspectos vantajosos de se perder peso e ajudá-lo a perceber o papel da comida em sua vida,

O casamento pode influenciar no ganho de peso, principalmente em mulheres. As razões podem ser redução no gasto energético e aumento da ingestão calórica por alterações de hábitos sociais. Interromper a prática de esportes e diminuir o gasto energético diário levam ao ganho de peso.

comprometendo-se consigo mesmo.

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Você ainda tem dúvida?

Está comprovado, lugar de homem... é na cozinha!

Ivonilo Praciano diverte-se na cozinha

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>homens na cozinha

Você está sentindo um cheiro delicioso que vem da cozi-

Para a professora e coordenadora do laboratório de Gas-

nha, e já imagina um prato apetitoso? Mas espere aí, não

tronomia da faculdade, Juliana Magalhães Adjafre, os ho-

é o cheiro da comidinha da mamãe, é algo diferente! Pa-

mens trabalham com muita dedicação. “Eles preferem atu-

rece que alguns homens estão invadindo o território an-

ar na área operacional, que é dentro da cozinha mesmo.

tigamente dominado por elas... E ELES vêm para inovar,

Não parece, mas é muito puxado: são muitas horas em pé,

desbravar um mundo novo de medidores, batedores e

o ambiente é quente e exige muita força, por causa das

espátulas, praticar uma verdadeira alquimia culinária. Pois

panelas pesadas”, afirma.

tenha certeza: é na cozinha que você vai descobrir a coragem de um homem, de mostrar que pode fazer muito

Uma pesquisa britânica da Future Foundation, que identifica

mais do que “sujar a louça”.

novas tendências do consumo internacional, classificou de “revolução subestimada” a chegada dos homens às cozinhas.

Para sorte das mulheres, não são poucos os que estão de-

Os números impressionam: de 1961 até os dias atuais, o tem-

monstrando ter essa curiosidade. A cada dia aumenta o

po que os homens passam dentro dos “novos limites” quin-

número de homens que se atrevem a cozinhar. De acordo

tuplicou, foi de cinco para 27 minutos diários.

com pesquisas, 60% dos livros de gastronomia vendidos são comprados por homens, e eles também são maioria

Nos restaurantes, geralmente quem pilota o fogão é um

nos cursos e escolas especializadas em culinária.

cozinheiro. Na Europa, a presença do sexo masculino no comando de cozinhas em restaurantes é extremamente

Em Fortaleza, a Faculdades Nordeste (Fanor) oferta o Curso

maior do que a das mulheres. Para quem observa, é possí-

de Gastronomia desde 2010, e está formando a sua terceira

vel perceber algumas diferenças: eles são detalhistas, têm

turma. “Ao longo desse período, percebemos um aumento

mais manias e gostam de usar utensílios diversos na prepa-

considerável do número de alunos inscritos, principalmente

ração dos alimentos.

do sexo masculino. Dos 60 matriculados, 44% são homens de idade que varia de 25 a 35 anos, e em busca de mais co-

A Revista Costumes não podia deixar de investigar essa inva-

nhecimento na área, pois a maioria já atua no mercado de

são masculina. Assim, convidamos quatro experts na cozinha

trabalho”, afirma a coordenadora dos cursos de Gastronomia

para contar suas histórias de amor pela culinária e o que os

e Turismo da Fanor, Heloisa da Fonseca Morais da Silva.

incentivou a desbravar o universo das receitas e temperos.

Álfio: A Itália em Fortaleza Álfio De Santis é um típico italiano, mas com a alma encharcada de cearensidade. Residente no Ceará há 31 anos, ele aprendeu a cozinhar ainda jovem, quando serviu ao exército na Itália e foi designado para a cozinha. Mais tarde, morou sozinho na França e na Alemanha, preparando as próprias refeições, o que aguçou sua disposição como gourmet. Álfio é um pioneiro da comida italiana no Ceará, o Restaurante La Trattoria ficou 22 anos na praia de Iracema. Hoje, ele comanda a Trattoria do Álfio, uma casa que recebe seus clientes com clima romântico, à luz de velas. Seu diferencial são as massas frescas fabricadas artesanalmente. Com uma equipe consolidada, o italiano continua perto das panelas apenas por prazer. “Costumo cozinhar com a cabeça vazia, sem peso, sem problemas. Para ter sucesso quando se veste o avental, tem que abstrair o mundo externo, é quando

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a cozinha se torna gostosa”, afirma Álfio. E ele faz questão de dizer que não tem “frescuras”: “para ser chef, a pessoa não pode ter medo de lavar panela, prato, de fazer tudo que é inerente a uma cozinha”. Álfio conta também que adora cozinhar para os filhos (três mulheres e dois homens), e sua especialidade em casa é macarronada com frango ao forno. “Todas as nossas refeições são feitas em casa, e os meninos adoram”, declara com orgulho.

assim foi.” Mas as coisas mudaram. O chef conta que agora, toda vez que o filho vem visitá-lo, acompanhado da esposa e da filha, é Ivonilo quem cozinha para eles. Sua grande paixão gastronômica é o peixe arraia, carne que afirma ser de sabor inigualável, mas não valorizada nos pratos cearenses. “Meus risotos, que batizei de fuxico, levam arraia, mas a minha especialidade é a moqueca de arraia, que leva ingredientes nobres e eu considero afrodisíaca. Tenho muitos afilhados graças à receita secreta que faço há 15 anos”, conta ele, sem revelar o segredo do prato. Em uma tarde de dar água na boca, com uma receita feita a quatro mãos, Álfio e Ivonilo uniram suas paixões, pela massa e pela arraia, e fizeram um delicioso pene com arraia ao molho de maracujá, para surpreender os amantes da cozinha:

Penne com arraia desfiada ao molho de maracujá

Ivonilo: De cearense para cearense A Coluna Muito Prazer, publicada todas as sextas no Caderno Buchicho do Jornal O Povo surgiu há 8 anos, inspirada nas visitas do jornalista Ivonilo Praciano às cozinhas dos restaurantes, ou mesmo à cozinha de personalidades. Foi assinando esses textos que ele descobriu o seu dom culinário. Segundo o jornalista, que tem mais de 30 anos de carreira, a ideia veio do anseio por tratar de assuntos diferentes do cotidiano. “Há oito anos, o mercado gastronômico de Fortaleza florescia, o que possibilitou o sucesso da coluna, quando a criamos”, relembra Ivonilo. O medo, a priori, era que faltasse assunto a ser abordado em uma coluna semanal. No entanto, a vida gourmet do Ceará vinha para ficar. Sobre isso, ele reflete: “quando os restaurantes modificavam o cardápio, estávamos lá para cobrir as novidades. O mesmo acontecia quando um chef mudava de casa, ou o restaurante, de endereço. Enfim, até hoje vivo nas cozinhas e não falta assunto”. Ivonilo lembra que aprendeu a cozinhar com seu filho. “Ele é natural de Canoa Quebrada e, quando vinha para Fortaleza, sempre cozinhava para mim. Um sucesso de rapaz na cozinha! Eu não fritava um ovo, e ele começou com um molho de cachorro quente, depois, nas próximas férias, uma massa... e

Ingredientes 1kg de arraia cinza 100g de nozes amassadas 1kg de macarrão tipo penne 700 ml de suco de maracujá puro 2 colheres (sopa) de mel 500g de creme de leite fresco 2 tomates cortados em cubo 2 colheres (sopa) de aveia integral em flocos grandes Azeite para refogar Manjericão a gosto Alho Modo de Preparo Em uma panela, refogue o alho com o azeite e acrescente a arraia pré-cozida. Junte o tomate em cubos e regule o sal, se necessário. Tampe a panela e deixe a arraia cozinhar até ficar soltinha, depois acrescente o manjericão e reserve. Em outra panela, ferva água com um filete de azeite e sal a gosto, e cozinhe a massa por nove minutos, até ficar al dente. Em separado, junte o creme de leite fresco, o suco de maracujá concentrado, sal a gosto, o manjericão e a aveia. Deixe encorpar um pouco e adicione as nozes picadas. Depois do molho pronto, junte com a arraia e jogue por cima do penne, misturando-os. Coloque em um refratário, e está pronto para servir! Serviço: Trattoria do Álfio - Rua Dias da Rocha, 303 - Meireles

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Charles Alexandrini: sabores gaúchos em terras cearenses

lhos, os três últimos gostam de cozinhar, em especial o do meio, que se identifica muito com a cozinha e o próprio ambiente do restaurante. Ele gosta de ficar aqui dentro. Quando marca com os amigos para sair, antes vem e fica até a meia noite, me ajuda e depois sai” conta, orgulhoso. A receita de Charles para você saborear em casa, em boa companhia, de preferência, é um risoto prático e requintado, que qualquer pessoa pode fazer.

Risoto de frango defumado O gaúcho Charles Alexandrini confessa que sua preferência gastronômica passa longe de um churrasco nos fins de semana. Para ele, a opção em uma noite perfeita é uma de suas especialidades, um bom risoto regado com vinho. Essa é também a sugestão especial de seu restaurante, aberto há dois anos, o Vila Alexandrini. Com arquitetura projetada por ele, a casa fica em uma rua bucólica e a decoração remete ao rústico romântico. Charles conta que o lugar tem uma historia de sucesso. “Onde estamos hoje foi o primeiro endereço da Pizzaria Vignoli. O Cláudio, dono da pizzaria, foi um dos grandes incentivadores da casa e cedeu o espaço para que eu abrisse o restaurante”, afirma ele. O encanto pela cozinha começou com Charles ainda menino. O desejo de conhecer melhor o universo culinário cresceu, e mais tarde ele se rendeu aos estudos gourmet. “Esse costume de cozinhar é de família, meus avós cozinhavam e a coisa ficou meio autodidata, fui vendo a arte da minha avó com as panelas e fui pegando gosto”, revela ele. Era comum a sua visita à cozinha de amigos. “Muitos me chamavam para fazer jantar na casa deles, ou quando iam receber alguém que vinha de fora. Chamavam por amizade, mas depois passou a ser sério, fui me profissionalizando, principalmente pelo incentivo dos amigos, que gostavam do meu tempero”. Em casa, costuma cozinhar geralmente pratos elaborados. “Os meninos estão ficando exigentes. Dos meus quatro fi-

Ingredientes 1kg de arroz arbório 1 frango defumado desfiado 2 latas de molho de tomate Pelati 4 Cebolas 8 tomates Alho Azeite de Oliva Sal a gosto Pimenta a gosto Salsinha para decorar Modo de preparo Comece pelo caldo e o frango. Desosse o frango defumado, deixando a pele e os ossos para ser cozidas juntamente com uma cebola picada, dois dentes de alho, alho poró a gosto, meia cenoura e três litros de água. Cozinhe por mais ou menos uma hora, e depois reserve. Para o arroz, refogue com azeite uma colher de cebola e uma de alho picadas. Junte o arroz e o caldo do frango que está reservado. Cozinhe o arroz até ficar al dente e reserve-o. Passe ao preparo do molho de tomate. Refogue uma colher de alho e uma cebola picados e oito tomates bem maduros sem casca e sem semente. Quando estiver tudo bem refogado, junte as duas latas de molho de tomate Pelati, deixe cozinhar por sete minutos e reserve. Em uma panela, refogue com azeite uma colher de alho e de cebola bem picados. Acrescente o frango desfiado e deixe refogar por sete minutos. Depois de refogado, adicione duas conchas do molho de tomate reservado e cozinhe por mais sete minutos. Adicione o arroz e, mais uma vez, cozinhe por sete minutos. Corrija o sal e a pimenta e o risoto está pronto. Serviço: Vila Alexandrini - Rua Frederico Borges, 81 - Meireles

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Edvaldo: O alquimista dos temperos

volta ao Ceará, passou a ser responsável pelo centro dietético do Hospital Antônio Prudente. Mas tarde, foi trabalhar no grupo Geppos. Casado há 24 anos e com quatro filhos, Edvaldo não costuma cozinhar em casa, só o faz quando recebe visitas. E ainda quebra a regra quando os filhos pedem uma lasanha, prato que faz sucesso na casa. Para os fins de semana ou ocasiões especiais, Edvaldo dá a receita de um filé crocante recheado com alho, com cobertura de catupiry. Para acompanhar, um risoto com hortelã e batatas ao murro.

Mais prazeroso que cozinhar, é cozinhar para muita gente, revela o chef Edvaldo Bezerra, que hoje coordena todo o setor de alimentação do Empório Delitália. Dia e noite, ele é responsável pela cozinha do Restaurante Zahlé. É sua responsabilidade também montar os cardápios e inserir novos pratos. Com uma história de 25 anos na culinária e uma jornada de 15 horas por dia, Edvaldo conta que o segredo é fazer o que gosta. “Vou para São Paulo pelo menos duas vezes por ano, para estar sempre por dentro das novidades”, diz ele, que se delicia em misturar temperos e está sempre criando novos pratos com as mais diversas inspirações. Durante o circuito gastronômico que homenageou a escritora Raquel de Queiroz, o chef foi responsável pelo prato que tinha como estrela principal um pato ao molho de vinho, servido com arroz selvagem e cuscuz do sertão, que rendeu 120 vendas durante os 90 dias que esteve no cardápio do Zahlé. Sua história com as panelas começa aos 12 anos, quando a mãe o ensinou a cozinhar o trivial. Logo no primeiro emprego, se tornou o responsável pela comida de todos os integrantes da empresa. “Trabalhava em uma empresa que fazia rodízio de funcionários para que cozinhasse para todos na hora do almoço. Gostavam tanto do meu tempero que eu passei a ser o “chef” oficial, até o meu patrão gostava da minha comida”, afirma ele. Com interesse pela gastronomia, Edvaldo foi para São Paulo, onde começou a trabalhar em restaurantes e se especializou na gastronomia de várias cozinhas pelo SENAC. De

Filé crocante com risoto de hortelã e batatas ao murro Ingredientes 300g de arroz arbório 600g de filé alto cortado em medalhão ½ maço de hortelã 100g de requeijão 100g de creme de leite 50 ml de leite Azeite Alho Modo de preparo Refogue o hortelã com azeite e alho. Acrescente o arroz já cozido, o leite, o creme de leite e o requeijão e deixe cozinhar por mais ou menos 4 minutos. Tempere os filés com azeite, vinho tinto, creme de cebolas e alho picado e deixe marinar por 10 minutos. Em uma panela, coloque óleo para que cubra os filés e frite-os por cinco minutos. Na frigideira, adicione vinho tinto, catupiry, alho frito e azeite e refogue por um minuto. Monte o prato com o risoto, o filé regado com catupiry e as batatas ao murro regadas com azeite.

Quanto à invasão masculina às cozinhas, fica a nossa pergunta: será só uma onda temporária, ou vai continuar crescendo? Ao que tudo indica, como as mulheres têm demonstrado aprovar a novidade e muitas, até, já são conquistadas “pelo estômago”, a coisa vai longe... C Serviço: Zahlé - Av. Santos Dumont, 2353

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Criador do Capitão Rapadura, símbolo do cartum cearense, Hermínio Macêdo Castelo Branco, Mino, conta histórias divertidas de sua vida e carreira, e reflete sobre o papel da charge na construção da democracia por Renato Barros de Castro “Era uma vez um menino que amava desenhar, esse seria

Incorporando o hábito de desenhar em todos os luga-

o começo da minha vida, se minha vida fosse uma histori-

res por onde passava, Hermínio nunca negou seu traço

nha”, é assim que Hermínio Macêdo Castelo Branco, o Mino,

a quem quer que precisasse dele, fazendo tudo de graça

apresenta o início de sua trajetória. Mesmo atendendo à

nos primeiros anos. A prática constante o levaria a ficar

vocação artística desde criança, com a imaginação solta

com o primeiro lugar de um concurso de desenho no Náu-

em cadernos de desenho, ele também pintou o sete: subiu

tico Atlético Cearense. Nos tempos de colégio, começou a

muros, escalou árvores e jogou muito futebol, em todos os

trocar histórias de cowboy por merenda e, já na faculdade,

lugares e circunstâncias possíveis.

passou a ilustrar cartazes de passeatas com jargões revolucionários, a exemplo de “Abaixo a ditadura” e “Ianques,

Mas o senso de humor e a forma rica de ver o que aconte-

go home!”.

ce a seu redor prevalecem até nessa versão, pois ele continua: “Na verdade, meu envolvimento com a arte vem de

“Esses caminhos me tornaram um cartunista, uma profis-

mais longe. Começou com meus genitores, quando meu

são sem faculdade, sem canudo e sem anel de formatura.

pai e minha mãe se olharam pela primeira vez, quando

A fase determinante desse período teve seu início oficial

ele lhe escreveu versos, quando ela disse sim e vieram os

no jornal O Povo, quando José Lavor Campos me convidou

filhos, todos artistas, nascidos desse encontro de vida, be-

para ilustrar sua coluna de humor sobre futebol. Depois,

leza, amor e arte”.

quando dei fé, lá estava eu sob as luzes da ribalta nos estúdios da TV Ceará, pioneira, ilustrando ao vivo (não havia

Para ele, toda criança sabe desenhar, a diferença é que

gravações) as notícias do Jornal Nacional daquela época,

algumas continuam desenhando depois de crescidas, e

que era o Repórter Cruzeiro. E, numa das primeiras edições

outras deixam os impulsos artísticos adormecerem com o

em cadeia nacional, representei o Ceará no programa Fora

passar do tempo. “É isso que confirma aquela história de se

de Série, caricaturando os jurados do Flávio Cavalcanti com

dizer que a pessoa já nasceu feita. O amor pela arte é que

as duas mãos ao mesmo tempo e até de cabeça pra baixo,

faz o artista. E como não se sabe se a arte imita a vida ou se

em poucos minutos. Vencemos Curitiba, nosso oponente.

é a vida que imita a arte, o amor é que faz crescer todos os

Presentemente, espero que possa servir de consolo para o

seres em suas artes, ciências e ofícios”, filosofa.

Ceará”, afirma, sempre bem humorado.

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>me acostumei com você

Na instigante trajetória desse “vendedor de peixes”, não

O cartunista Mino e seu alter ego, o Capitão Rapadura

podemos esquecer o Capitão Rapadura, uma das criações mais carismáticas do cartunista, e que surgiu a partir de seu desejo de ter um personagem no mundo dos quadrinhos. Com tanta empatia entre ambos, Mino só não sabe dizer qual é, de fato, sua identidade secreta: ele ou o Capitão. “Ao criá-lo, minha intenção foi ter alguém que me ajudasse a falar e a fazer coisas que não posso fazer e falar. Voar, por

Tendo entre seus ancestrais alguns versejadores piauien-

exemplo. Ser pacífico e pacifista. Mino e Capitão Rapadura

ses como Hermínio de Paula Castelo Branco, autor da Lira

são dois personagens a procura de um patrocinador, de um

Sertaneja, cujo nome herdou por vontade do pai, Hermínio

capital inicial e de um escudeiro. É como se a importância e

foi ainda mais longe, participando da seção O Centavo da

o principal andassem a procura do secundário, para formar

Revista O Cruzeiro, um dos mais famosos periódicos já pu-

o trio da realização”, explica.

blicados no Brasil. Para Mino, dilema maior seria ter de escolher entre o cartum “Foi em suas páginas que lancei meu nome artístico, Mino.

e a pintura. “Eu não poderia escolher, pois eles são casados,

Minha mãe e minha irmã mais velha ficaram grávidas jun-

andam inseparáveis dentro de mim. De tempos em tempos

tas. De minha mãe nasceu Hermínio, o caçula. De minha

um pede passagem, exige a sua vez. E muitas vezes, quan-

irmã nasceu Haroldo, seu primogênito. Foi o meu melhor

do me preparo para fazer um cartum ou desenhar um tra-

e grande amigo de infância. Nesse período em que a gente

balho, Mino, o pensativo, me faz escrever frases. Em outras,

fala como o Cebolinha, eu o chamava de Lôdo e ele me cha-

é o pequeno poeta que vem lá de dentro com tudo, a mil,

mava de Mino. Quando levei meu caderno de desenho com

versejando, brincando, falando de flores, lua e estrelas ou

meus primeiros cartuns para o Ziraldo fazer sua apreciação,

abrindo as comportas da grande represa das interrogações,

eles estavam assinados por Hermínio. Ziraldo disse: ‘Não

que me faz amalgamar o pequeno poeta com o simplório

prefere criar outro nome? Hermínio é muito grande para

filósofo. Como pode ver, não posso separar ou preferir. Sou

ser nome de cartunista. Tem que ser um nome melhor... Mi-

falso e sou modesto, sou um ser dividido. Meu Uno ainda

nio, a terminação, talvez. O que acha?’. Respondi que, em

não se formou”, brinca o cartunista.

casa, meu apelido era Mino. Ele exclamou: ‘Pô! Você com um nome desse, maravilhoso... Assine Mino!’, e a partir des-

Para ele, a melhor forma de conciliar cartum e pintura diz

se momento surgiu, de fato, Mino”, explica.

respeito a agir como se deve na própria vida: “É necessário respeitar um e outro em seus momentos, ou melhor, em

Enquanto participava de O Cruzeiro, Mino também traba-

todo tempo. Não faz mal se um deles fura a fila. A vez de

lhou na agência de publicidade de Anastácio de Souza,

cada um chega. Ninguém vai perder o espetáculo”!

como artista gráfico e programador visual, participando ainda de todos os salões de humor, como Piracicaba, Teresina e Salão Carioca, dentre muitos outros. “Finalmente avistei o Monte Pascoal quando Miguel Paiva me convocou para o primeiro time dos realizadores das vinhetinhas da Globo, os famosos Plim! Plim! Emplaquei muitos e, segundo muita gente diz, fiquei entre os melhores. Concordo com essa maioria minoritária. Alguns dentre os melhores são meus. No mais, sob pena de esquecer outras relevâncias e pessoas fantásticas com as quais aprendi e ainda aprendo, estou por aqui vendendo meus peixes”, afirma.

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Mino também se destaca como artista plástico.

“O humor entrou na minha vida quando a cegonha me deixou lá em casa, na família mais bacana e engraçada do mundo, onde a arte, o humor e a graça brincavam de ciranda, um rindo do outro, mas, sobretudo, amando-se.” Mino

“Se a piada é política, se seu alvo é o poder, ela é uma charge, um dardo apontado para a jugular de qualquer siste-

A crítica humana e social do presente por um futuro melhor

ma opressor. Valendo por mil imagens e mil palavras, utilizando as duas principalmente, ela é substancialmente um instrumento educativo. Pela crítica, ela denuncia os podres poderes. Mostra os caminhos errados. Daí seu nome de origem francesa, que significa carga, termo militar de avanço, ataque, ordem de fogo. Pela reflexão, legendada ou sem

Para Mino, é impossível não criticar ou não educar quando

uso das palavras, vem o cartum, apontando caminhos, que

se trata de humor. “Se a imagem vale por mil palavras, por

é a função da educação”, ressalta.

quantas imagens vale um cartum?”, indaga, aludindo ao fato de que o cartum, essencialmente, é um desenho unido

“De qualquer forma, dizem que nenhuma charge conse-

a uma piada ou reflexão inusitada.

guiu derrubar um poder ditatorial. Mas consegue minar (do verbo Mino?), como o pingo d’água que fura a pedra, a ferrugem que invalida o ferro, a maresia que fura os cascos; uma traça nas páginas de um sistema político corrupto ou opressor, traço contido em todas as letras de um aviso onde está escrito a palavra perigo. Em suma, a charge é a crítica humana e social do momento presente, em prol da construção de um futuro melhor, que todos queremos”, afirma, oferecendo, mais uma vez, seu largo e generoso sorriso. C

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>gourmet

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>gourmet

Mexilhões dos mares do sul: Iguaria dos deuses, ao estilo belga A Bélgica é famosa por seus chocolates e pela cerveja, mas o prato favorito dos belgas, na verdade, são mexilhões com batatas fritas, tanto é assim que a história da gastronomia mundial atribui ao país, com seus 67 quilômetros de costa ao Mar do Norte, a popularização da iguaria. O Mytilus Edulis, nome latino para os mexilhões, também é igualmente farto nas águas frias do pacífico. Na América do Sul, o Chile tem a tradição de cultivar e degustar o alimento que possui características afrodisíacas, o que o torna perfeito para comemorar a vida e brindar o amor à mesa. O país, conhecido por seus vinhos, cultiva largamente o molusco bivalve, especialmente da espécie Perna perna (Linnaeus). Foi através desse vizinho territorial que o Brasil passou a fazer parte dos felizardos povos apreciadores do manjar, já saboreado nos tempos romanos e cultivado na Europa, no século XIII. Em 1290, o náufrago irlandês Patrick Walton, na região de La Rochelle, iniciou, por um salutar acidente, o cultivo dos mexilhões em uma rede originalmente usada para capturar aves. As sementes (mexilhões jovens) desenvolveram-se no Brasil, especialmente no litoral catarinense e, a partir de 1984, o cultivo tomou impulso. Hoje, gera mais de 6 mil empregos diretos só no município de Penha, responsável por 27% da produção daquele estado. Santa Catarina é, atualmente, líder nacional na produção de mexilhões cultivados, gerando cerca de 10 mil toneladas por ano, o que representa 90% da produção nacional.

por Fernando Barroso

A Fazenda Marinha Atlântico Sul é a maior produtora de moluscos no Brasil. Quem faz a ponte para seu consumo pelo cearense é o francês Monsieur Patrick, que representa a produção do molusco catarinense. As vantagens estão no consumo e na produção, estudos apontam a aquicultura como forma de aumentar a disponibilidade de alimentos para a população. O cultivo dos mexilhões, que são filtradores, é ainda mais recomendado, por seu baixo impacto ambiental. Então, é hora de aproveitar as bênçãos de Afrodite, a deusa do amor da mitologia grega. Segundo reza a lenda, ela batiza com seus encantos alguns alimentos da cultura humana com seus encantos, entre eles os mexilhões. A receita é simples: manteiga de boa qualidade sem sal, cerveja, cebolinha, sal grosso, pimenta do reino, alho picado, cebola em tiras e um toque do realçador - glutamato monossódico, o ajinomoto. O passo a passo começa com uma larga frigideira e o dourar do alho e da cebola na manteiga, acrescida da cerveja. Levar ao ponto de ebulição. Adicionar os mexilhões. Em seguida, efetuar a correção do sal, pimenta e realçador, ao gosto do paladar. Descartar aqueles mexilhões fechados e retirar o bisso fibroso dos abertos (bisso é o nome dado ao feixe de filamentos pelos quais os moluscos bivalves se prendem à casca). No mais, é degustar e comemorar a vida.

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>dia dos pais

a Lei do Divórcio. A Lei 6.515/77 permitia o divórcio apenas

As famílias não são mais as mesmas

uma vez, para não chocar a parcela da população que era contra a medida. O curioso é que, contrapondo-se à ideia de que são as mudanças na legislação que incentivam a existência de mais separações (por facilitarem os trâmites burocráticos), os primeiros a apresentarem petição de divórcio na época foram os idosos, entre 62 e 75 anos. Casais que não viviam juntos há muitos anos finalmente puderam legalizar sua situação, e a dos filhos que tinham, do segundo casamento. Depois disso, a legislação foi se tornando cada vez mais adequada aos anseios da sociedade. É o começo do que se chamou de “crise da família tradicional”. Com as separações, a mulher ou o homem assumem sozinhos a criação dos filhos. Claro, a mulher também passa a desempenhar mais funções na sociedade, conquistando espaços. Daí às “produções independentes”, foi um passo. A apresentadora Xuxa, personalidade em destaque na mídia, tornou-se a grande “embaixadora” da novidade, pois assumiu publicamente estar procurando um pai para o(a) filho(a), que iria criar sozinha. Com tanto alarde então, a opção quase virou moda. Nasceu Sasha (que até conseguiu um pai participativo) e muitas outras crianças sem o acompanhamento de um pai. As novidades não pararam por aí, surgiu a “barriga de aluguel”, casais homossexuais reivindicaram o direito de adotar e algumas mulheres, não satisfeitas com as “produções independentes”, tem optado até pela inseminação artificial...

Os novos sentidos da palavra “Pai” A família tradicional era um núcleo formado por pai, mãe e filhos. Considerava-se atribuição do pai providenciar o sustento e a proteção de todos. À mãe, que ficava cuidando da casa, cabia o acompanhamento diário das crianças. Mas os tempos são outros, várias mudanças na estrutura e na mentalidade social transformaram radicalmente os papéis do pai e da mãe e esse núcleo modelo tem sofrido grandes modificações. Na década de 1950, as famílias moravam próximas umas das outras. Na falta de um dos pais, um parente próximo assumia esse papel. Uma década depois, os núcleos familiares se afastaram e se isolaram. Em 1977, o presidente Geisel sancionou

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>dia dos pais

Que pai sou eu? O divórcio e a crise do modelo paterno

internos, e elas se ampliam com o contato com outras fi-

As funções paternas são assumidas pelas mulheres em

outra possível situação, depois das separações, pode ter:

sua conquista pela independência e por espaços sociais,

“Se um dos pais ou ambos constituírem nova família, as

e os pais precisam se adequar às mudanças nos relaciona-

crianças ficam com mais de uma referência materna ou

mentos, procurando novos papéis, ou redimensionando

paterna, o que pode ser positivo ou não. Tudo depende

os anteriores. O divórcio é um dos principais detonadores

do grau de entendimento e afetividade que estas relações

dessas situações que colocam em xeque o papel dos pais.

desenvolvem.”

A maior taxa de divórcios no Brasil desde 1984 foi atingida

Antônio e o convívio familiar com Mariana, Ícaro e Lisa

recentemente. No ano de 2007, para cada quatro casamentos civis, foi registrada uma separação, atingindo a taxa de 1,49 divórcios a cada mil habitantes, segundo as “Estatísticas do Registro Civil”, divulgadas pelo IBGE.

guras masculinas e femininas”. Ana Cláudia complementa, esclarecendo os efeitos que

Com o avanço dos índices de divórcio, surge uma preocupação maior quanto às consequências da separação dos pais na formação das crianças, principalmente devido à ausência de um dos progenitores. A psicóloga junguiana Ana Cláudia Dutra afirma que a separação em si não é decisiva como causa de dificuldades futuras para os filhos. “De fato, mesmo aquelas crianças e adolescentes, e por que não dizer adultos, que conviveram com seus pais unidos, sentem muitas vezes suas ausências de inúmeras outras formas”. A psicóloga alerta que, “quanto mais amigável a separação, maior a probabilidade dos filhos virem a ter atenção de ambos os genitores, num grau que os faça sentir referenciados”. Segundo ela, “precisamos de referências primeiras positivas, para construir o nosso pai e nossa mãe

O mais comum, em uma separação, é que os filhos fiquem com a mãe e convivam, periodicamente, com o pai, conforme o que foi acertado. Há, porém, alguns casos em que o pai acaba assumindo a criação dos filhos. Esse é um dos “novos modelos de pai”, que precisa enfrentar situações desconhecidas na tentativa de suprir a presença da mãe. É o caso de Antônio Matos, 52 anos, jornalista, gestor de empresas e poeta (lançou, em setembro passado, o livro Gotas de Amor impressas em Sonhos), que criou os três filhos desde a separação.

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do-as: “inclusive, a formação evangélica deles deve-se ao Antônio Matos com a filha Lisa.

empenho da minha irmã, à qual agradeço muito”, diz. Nesse ano, Antônio concordou em deixar Ícaro e Mariana experimentarem morar em São Paulo com a mãe. Ele justifica: “Acho que os laços maternos não devem ser rompidos nunca, mesmo em se tratando de separação”. Ícaro, 17, pensa em ficar no Rio de Janeiro, Mariana, 16, já quer voltar para junto do pai, e Lisa, 19, que não saiu de Fortaleza, prepara-se para cursar Fármacia na UFC.

A decisão de que os filhos ficassem com ele foi tomada em comum acordo com a ex-mulher, pois como a renda do jornalista não era fixa, essa lhes pareceu a melhor decisão. Na época, Mariana, Ícaro e Lisa tinham, respectivamente, 5, 6 e 8 anos. Antônio diz que não foi fácil a fase da adolescência dos filhos, principalmente das meninas, que “precisam muito do laço materno para falar de assuntos que só elas domi-

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Leo e Davi, pequenos gestos para superar a distância

nam”. Ele considera que o mais difícil foi conciliar o trabalho

A psicóloga observa que há casos diversos, “a dificuldade

com a atenção aos filhos, mas traz da experiência a boa re-

da separação pode também gerar empecilhos na relação

cordação da união e da interação entre todos, na divisão de

com os filhos, geralmente do pai que, morando afastado,

tarefas. Lembra também de um dos apuros engraçados: ter

tem que fazer um esforço para criar um tempo para alimen-

se queimado tentando fazer uma pizza...

tar essa relação”.

Ana Cláudia considera que o mais importante para os pais

É o caso de Leonardo Gonçalves, 34, publicitário e chef de seu

ou mães que educam seus filhos sozinhos é “desapegar-se

próprio bistrô em São Paulo, que se define prioritariamente

da idéia de que podem suprir todas as necessidades des-

como pai. Em seu blog de textos mais literários, apresenta-

tes, sendo pessoas abertas a formar vínculos de amizade e

-se assim: “pai, publicitário, cozinheiro. De vez em quando

de ajuda mútua com familiares e amigos”. Além de aliviar o

escrevo”. Davi tem quase cinco anos e desde a separação dos

peso das responsabilidades, assim as crianças estarão mais

pais, há um ano e meio, veio com a mãe morar em Fortaleza.

livres e independentes para buscar em outros adultos as

Quem acompanha o perfil de Leo no facebook, geralmente

referências de que necessitem. O jornalista conta que, de

torce que o relógio ande mais rápido quando ele começa a

fato, teve uma ajuda especial, a irmã, Ana Edda, que sempre

contagem regressiva dos dias para voltar a estar, por pouco

esteve a seu lado, conversando com as crianças e orientan-

tempo que seja, com o filho.

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>dia dos pais

Leo, a quase três mil quilômetros de distância, faz o que pode para ser mais presente na vida do pequeno: “Graças à tecnologia, falo com o Davi por telefone ou skype quase todos os dias, raramente deixo escapar a oportunidade de dizer um boa noite que seja. Acompanho o dia a dia na escola, canto músicas em voz alta no meio do trabalho, descubro que ele está pintando uma obra de arte para mim. Todo dia é uma nova descoberta. Uma palavra nova, uma pergunta nova, ou a velha pergunta de sempre: ‘papai, quando você chega?’.”

Leo e Davi em um dia de brincadeiras inesquecível.

A cada mês, ou no máximo mês e meio, Leo pode responder que está chegando, pois dá um jeito de vir até Fortaleza ver Davi. Dos reencontros com o filho, diz: “Mesmo que seja por pouco tempo, dividimos o melhor de nós dois, aproveitando

Davi: com a boina do pai: a proximidade do coração.

ao máximo cada minuto. Participo das brincadeiras na piscina, vou ao parquinho no restaurante do bairro e, sempre que a agenda permite, vou pegá-lo e buscá-lo na escola. Percebo o quanto esses pequenos gestos são importantes na formação dele. Sempre fico besta ao ver o orgulho dele ao me apresentar aos coleguinhas de classe: ‘esse é o MEU PAI’.” E não é só Davi quem estufa o peito de orgulho ao andar de mãos dadas com o pai os quatro quarteirões que separam a escola da casa da avó, onde mora. Leo escreveu um texto especial para o filho (O Sol, que a Costumes publica abaixo), do qual espera que Davi goste, quando souber ler e puder entendê-lo. Para o pai, o texto se tornou uma arma no combate às saudades: “Eu o leio quase todos os dias para lembrar que, mesmo na fria São Paulo, ele está sempre perto de mim”. C

O Sol por Leonardo Gonçalves Há tempo vinha caminhando sob o mesmo céu raso, de nuvens tão pesadas que daria para alcançar com as mãos, se não estivesse curvado. Pretensiosos, os chumaços de negro algodão acreditavam que conseguiriam derramar mais lágrimas que aqueles olhos que iam fitando o concreto. Ledo engano. De cima, não dava para ver que apontava para o mesmo chão um largo sorriso. Não se importava de ficar molhado. Aliás, caminhar na chuva era uma das maiores liberdades que

podia ter. Tampouco estava lá, sob aquela cúpula negra. Viajava. Estava a salvo, onde não havia fumaça, nem injustiças. Gritos, só os de contentamento. E lá ia ele, tranquilo, sob o sol inocente e doce daquele lugar chamado Davi. *O texto pode ser lido em http://azeitonatemquetercaroco.blogspot.com, e as receitas de Leo estão em http://leotrivial.blogspot.com

Serviço: Ana Cláudia Dutra é terapeuta de orientação junguiana e Coordena o Curso de Mitologia e Psicologia na Casa da Felicidade.

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>retalhos do Cariri

Tradição na madrugada do Crato

por Demontier Tenório

Seu Neném, como é conhecido Francisco Alves Feitosa, tinha

Todavia, a preferência pelo caldo com ovo domina no de-

apenas 29 anos quando montou seu restaurante no Crato,

correr da madrugada, especialmente quando está na hora

aceitando um ousado desafio: mantê-lo aberto 24 horas. Para

de encerrar a noite de aperitivos ou curar a ressaca no exato

fazer valer a inovação, o primeiro passo foi não dotá-lo de portas.

momento em que essa chega. Outro fato positivo comemo-

53 anos depois, o Restaurante Guanabara permanece assim, com

rado por Seu Neném é a tranqüilidade, pois o local jamais

o seu proprietário já vivenciando 82 anos. A idade não é problema

foi manchado pela violência urbana que toma conta das

para que o mesmo chegue por volta das 22 horas e enverede

cidades. Ele se orgulha ao mencionar a passagem por seu

madrugada adentro acompanhando o entra e sai dos clientes,

estabelecimento de clientes como os saudosos cantores Al-

com um diferencial: todos o cumprimentam como uma figura

temar Dutra, Luiz Gonzaga, Gonzaguinha, dentre outros.

conhecidíssima no seio da sociedade cratense. O dono do Restaurante Guanabara é seresteiro e confessa

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O estabelecimento funciona na Rua Monsenhor Esmeraldo,

sua paixão pelas músicas de Altemar Dutra, de quem era

853, no centro do Crato, próximo à filial do Mercadinho São

amigo. Seu Neném foi um dos mais exímios dançarinos do

Luiz instalada na Avenida Padre Cícero. Filho daquela cida-

Crato, até chamado “pé de ouro”, pois varava as madruga-

de e casado com Maria Alvanita Maia Feitosa, de 83 anos,

das nos bailes de antigamente. Para não perder o hábito

ele foi alfaiate e vendeu jóias antes de abrir o restaurante

boêmio, a solução foi arrancar as portas e montar o esta-

que se tornou ponto de encontro da sociedade e refúgio

belecimento para tê-lo como meio de sobrevivência e as

dos boêmios, principalmente nas madrugadas.

noites como companheiras.

Um dos pratos mais apreciados no local é o file à parmegia-

Assim, enquanto a maioria da população dorme acalentada

na. Jairiosmides Maia Feitosa, um dos cinco filhos de Seu

pelo silêncio da madrugada, o Crato se movimenta sob a

Neném, o auxilia a gerenciar o estabelecimento e se orgu-

vigília daqueles que trocam a noite pelo dia. Boêmios, se-

lha ao contar que um cliente residente no Rio de Janeiro

resteiros e notívagos vagueiam à procura de um local para

manda buscar esse prato periodicamente. Ela cita também

afogar suas mágoas ou extravasar as alegrias. Além destes,

um auditor fiscal da Receita Estadual, em Fortaleza, que

há o viajante que vai matar a fome ou o operário noturno

procede da mesma forma.

que precisa de uma refeição. C

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Ovo: vilão ou mocinho? O ovo foi visto, durante muito tempo, como o vilão do colesterol, o terrorista da saúde. No período em que era mais “difamado”, levou até o nome de “bomba calórica”. Mas ele foi condenado precipitadamente. A regeneração do produto junto ao público começou com o resultado de um trabalho da Universidade de Harvard, publicado em 1999, na revista da Associação Médica Americana. A conclusão divulgada então foi de que o consumo de mais de um ovo por dia não causaria impacto significativo sobre o risco de doenças coronarianas e derrame em homens e mulheres saudáveis. A “nova versão” foi reiterada por outras pesquisas, sendo uma das mais recentes a da Universidade de Minnesota (EUA), que acompanhou durante duas décadas quase dez mil pessoas de 25 a 74 anos e mostrou não haver relação entre o consumo de ovos e o aumento do índice de doenças cardiovasculares, como enfarto e derrame. Mas de onde veio o tabu de que o ovo precisava ser evitado? Tudo começou por volta de 1960, quando se descobriu que altas taxas de colesterol no sangue indicavam maiores chances de problemas cardíacos. Como o ovo é rico nessa gordura, foi natural condená-lo. Mais adiante, outra descoberta mudou completamente a situação: a de que é apenas uma pequena

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Saiba mais sobre o alimento que ainda enfrenta tabus dos consumidores, mas recebe carta branca de nutricionistas. parcela do colesterol do sangue que provém da dieta. A maior parte é produzida pelo próprio organismo. Assim, elevar a ingestão de colesterol não resulta, necessariamente, em aumento significativo da substância no sangue. Quanto ao colesterol da alimentação, o que os médicos especialistas recomendam é que fique ainda dentro dos 300 miligramas diários. A nutricionista Caroline Reinaldo, também mestre em engenharia de alimentos, reforça que o consumo de ovos é um hábito saudável, mas deixa uma ressalva, nenhum exagero faz bem: “O que se deve evitar são os excessos, como em tudo. O ideal é comer apenas um ovo por dia”. Contrapondo-se ao mito de que o ovo é o principal responsável por doenças cardiovasculares ou problemas de colesterol, há nutrientes do alimento que auxiliam até mesmo na formação do feto. A colina, por exemplo, é uma substância que ajuda na formação do tecido cerebral e o ácido fólico na gestação. Além disso, os nutrientes ferro e zinco fortalecem o sistema imunológico e as vitaminas A, B2, B12 e D, com ação antioxidante, previnem contra doenças de coração e fazem bem aos ossos. Uma curiosidade é de que o ovo de codorna, embora menor, tem até mais colesterol que o de galinha, mas em compensação, tem maior quantidade de fósforo e ferro.

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>bons hábitos

Você escolhe: ovos de granja ou caipiras? Brancos ou vermelhos?

Outro assunto que divide opiniões é, afinal, qual o melhor ovo, o de granja ou o caipira? A decisão está nas suas mãos. A grande diferença é percebida na alimentação da galinha, garante Caroline. “Não há um tipo de ovo melhor que outro. Depende do que as pessoas procuram. O ovo caipira vem da galinha caipira, que é criada solta, com comida normal, não com ração, como acontece em granja.” Algumas pessoas preferem ovo de galinha de granja, porque esse teria maior controle de qualidade. Outros acham que é melhor comer o ovo proveniente de galinhas caipiras, por ter menos hormônios. Ou até por defenderem que os animais devem ser mantidos livres, sem o risco de ser submetidos a maus tratos em nome de uma produtividade maior. Caroline diz que, para seu consumo, ela prefere os de granja. E, não existe nenhum estudo científico que prove, demonstre ou tenha constatado que ovos caipiras tenham menos hormônios. O Gerente-Geral da Avine Comercial e Avícola, Airton Carneiro, considera que a produção em larga escala do ovo caipira esbarra nos preceitos estabelecidos pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. “O ministério é muito exigente, e produzir ovos seguindo a ‘metodologia caipira’, determinada por ele, gera um produto de custo altíssimo, aí o que acontece na prática é que o ovo caipira encontrado a venda nem sempre está de acordo com o exigido. Além disso, pela metodologia pregada pelo ministério, dificilmente será ofertado um ovo limpo, uniforme e com a qualidade desses de granja que a gente compra em supermercado.” Os ovos caipiras são cerca de 30% menores, têm a casca mais grossa e a cor da gema mais escura, em comparação com o amarelo claro dos ovos de granja, mas os dois têm o mesmo valor nutricional.

Outra crença é de que a cor dos ovos seja uma indicação de sua origem. O gerente da Avine, Airton Carneiro, ajuda a derrubar mais um equivocado entendimento popular. Alguns ainda acreditam que todos os ovos de casca marrom são produzidos através da criação de galinhas soltas, sem alimentação balanceada, e também o contrário – de que os ovos brancos seriam impreterivelmente de granja. “Existem duas linhagens de galinha. Existe a branca e a marrom. A galinha branca põe o ovo branco e a marrom põe o da casca avermelhada. Tradicionalmente, a galinha que as pessoas conhecem como caipira é a marrom, por isso existe essa associação do ovo vermelho com o caipira. Mas é só uma linhagem de galinha diferente. Se você tiver um sítio e criar galinha branca, o ovo vai ser branco”, esclarece.

Conservação e consumo: a ordem é cozinhar bem E depois de comprar, onde guardar o alimento? Conservar em dispensa ou armários, só em caso de consumo rápido, em poucos dias. Segundo especialistas, os ovos precisam ser mantidos na geladeira ou outro local bastante refrigerado, onde podem durar até 20 dias. Os especialistas recomendam que se use pouco óleo se a opção for pelo ovo frito. A ingestão pode ser diária - no café da manhã, almoço ou jantar. Se você já se convenceu dos benefícios do ovo, pode procurar um lugar à mesa para ele. Entretanto, tome cuidado em evitar o consumo do alimento com a gema mole. A Organização Mundial da Saúde e a Vigilância Sanitária orientam que ovos crus podem conter a bactéria salmonela, responsável por doenças como gastroenterite, febre tifóide e septicemia. “Se o ovo estiver totalmente cozido, a fervura consegue matar as bactérias. Se deixar a gema mole, não. A recomendação é principalmente para crianças, idosos e gestantes, que são os mais suscetíveis a doenças”, diz a nutricionista Caroline Reinaldo.

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>bons hábitos

Airton garante que os ovos estão cada vez mais presente na mesa dos brasileiros.

Crescimento da produção de ovos no Ceará China, Japão e México já consomem mais de 300 ovos por ano, para cada habitante. O Brasil ainda está distante desse número, mas se expande em ritmo acelerado. Longe dos boatos de malefícios à saúde, a produção de ovos cresce a cada ano no país. O Ceará tem papel importante no mercado nacional, abastecendo outros estados do Norte e Nordeste. São produzidos cerca de 3,3 milhões de ovos por dia. A Avine Comercial e Avícola, responsável por 16,6%, com 550 mil ovos diários, é uma das principais empresas do ramo no mercado cearense. Um exemplo de que os ovos invadem cada vez mais as prateleiras de supermercados e, em consequência, a mesa do consumidor, é o crescimento anual da Avine. Em média, o salto é de 20% ao ano, garante o gerente-geral Airton Carneiro Junior. “A gente trabalha desde Salvador até Macapá, principalmente no Norte e Nordeste. Só não vendemos em Alagoas e Amazonas. Mais ou menos 25% da produção é para fora do estado”, afirma. Apesar dos bons números do comércio de ovos no Brasil, a área tende a se expandir ainda mais. O consumo de ovos no país, por ano, é de aproximadamente 160 por habitante. Voltando dez anos no tempo, o consumo era de 140. “Se você comparar com outros países, percebe que tem muito a crescer. Na Alemanha, se come em torno de 220 ovos por habitante ao ano. Na China é em torno de 310. No Japão e no México são mais de 350 ovos por habitante. Quase um ovo por dia”, garante Airton Carneiro.

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O novo “mocinho” da história Em contrapartida ao que se acreditava anteriormente, há ainda uma pesquisa da Universidade Estadual de Kansas, nos Estados Unidos, que encontrou nos ovos a substância chamada fosfolipídeo, ou lecitina, responsável por interferir na absorção do colesterol pelo sangue. Outras pesquisas estadunidenses trazem resultados que fazem o ovo ficar muito mais o “mocinho” da história. Por exemplo, ao afirmar que comer ovos mexidos no café da manhã é uma maneira eficiente de perder peso. A explicação seria que, no grupo observado, o ovo teria provocado uma sensação de saciedade que levou a um almoço com menor quantidade de calorias. Outro estudo indica que o consumo de mais ovos, fibras e gorduras vegetais por parte de garotas adolescentes pode levar a uma menor incidência de câncer de mama. Para concluir a ficha limpa do produto, em vários países, nos últimos anos, se detectou que seu consumo regular aumenta a taxa de luteína e zeaxantina, substâncias que protegem os olhos, prevenindo a degeneração macular. E para que o ovo esteja sempre presente em sua mesa, a Revista Costumes selecionou duas receitas, que as chefs Mattu Macêdo e Anayde Mello garantem ser a redenção final do “mocinho”, agora pelo paladar:

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>bons hábitos

Receita de Mattu Macêdo Torta de chocolate com baba de moça

Massa 4 ovos 2 xícaras (chá) de açúcar refinado 1 xícara (chá) de margarina/manteiga 2 ½ xícara (chá) de farinha de trigo com fermento ½ xícara (chá) de chocolate em pó 1 xícara (chá)de leite de coco Essência de baunilha 1. Pré aqueça o forno a 180ºC. 2. Coloque na bacia da batedeira o açúcar, ovos e margarina e bata bem, em velocidade alta, até formar um creme fofo e claro. 3. Diminua a velocidade e junte a farinha de trigo, alternando com o leite de coco e batendo até misturar. 4. Coloque em duas formas redondas nº 24 untadas e polvilhadas com farinha de trigo. 5. Leve ao forno por aproximadamente 40 minutos ou até que, enfiando o palito, ele saia limpo. 6. Deixe esfriar para rechear.

Recheio e cobertura baba de moça 3 xícaras (chá) de açúcar 1 xícara (chá)de água 1 pau de canela 12 gemas 200 ml de leite de coco Misture o açúcar com a água e leve ao fogo sem mexer até formar uma calda grossa. Retire do fogo e deixe esfriar. À parte, misture as gemas peneiradas com o leite de coco. Junte a calda já fria, e leve novamente ao fogo baixo, mexendo sempre até engrossar. Deixe esfriar para rechear. Montagem 1. Coloque uma das bases de massa em uma bandeja redonda e corte ao meio, passe uma camada do recheio, cubra com a outra massa, e repita as camadas. 2. Cubra toda torta com baba de moça e decore com raspas de chocolate.

Mattu Macêdo: Rua Tibúrcio Cavalcante, 1510 - Meireles - Contato: 85 3493 2742

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>bons hábitos

Receita de Anayde Mello Tortilhas com linguiça picante

Ingredientes 100 ml azeite de oliva 400 g batata inglesa em cubos pequenos 2 und. cebolas roxas picadas Sal Pimenta do reino 200 g lingüiça de porco picante sem a pele 1 und. dente de alho amassado 2 colheres de sopa de salsa picada 6 und. ovos Modo de fazer 1. Aqueça 70ml do azeite em uma frigideira funda. Quando estiver quente, coloque a batata e cozinhe em fogo médio, mexendo às vezes para que a batata cozinhe por igual

2. Adicione a cebola e tempere com sal. Cozinhe por mais 10 min aproximadamente 3. Corte a linguiça em rodelas finas e acrescente à frigideira, junto com o alho e a salsa. Misture tudo lentamente para não amassar as batatas 4. Retire do fogo e deixe esfriar 5. Bata ligeiramente os ovos e tempere com sal e pimenta do reino e delicadamente junte a mistura de batata 6. Aqueça o restante do azeite numa frigideira e despeje o preparado acima 7. Frite em fogo médio e mexa lentamente até os ovos estarem meio cozidos 8. Baixe o fogo e espere o interior da tortilha ficar durinho. Deslize-a para um prato, vire e volte para finalizar o outro lado 9. Sirva inteira ou cortada em fatias C Serviço: As chefs estão todas as quartas e quintas-feiras nas lojas dos Mercadinhos São Luiz disponíveis para dar dicas de produtos e receitas para os clientes.

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>sabores do mundo

De Paris para Fortaleza o charme da culinária francesa Referência em todo o mundo, a cozinha gaulesa conquista novos adeptos a cada dia. Na capital cearense, restaurantes como o Piaf Saint Martin trazem o glamour e a atmosfera dos típicos bistrôs parisienses

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O chef e consultor Hervé Tassigny.

“O que lhe dará prazer”? – Esta é a fórmula clássica com a qual os clientes dos restaurantes são recebidos na França, resumindo em si toda a elegância e tradição de um país. Criativa e saborosa, a gastronomia francesa é praticada e admirada em todas as partes do mundo. Juntamente com ícones como a Torre Eiffel e o Arco do Triunfo, ela também vem à lembrança de muitos, quando se fala nesse país.

Regido pelo chef e consultor Hervé Tassigny, que nasceu e se criou em Montmartre (bairro boêmio de Paris), o interior do restaurante parece ainda mais acolhedor, com quadros de intérpretes da música como Charles Aznavour e Edith Piaf (que inspirou o nome da casa). Luminárias e sofás confortáveis dão as boas-vindas aos clientes, que ainda podem admirar cenas típicas da vida parisiense em charmosas imagens em preto e branco.

Mas qual seria o motivo da culinária francesa exercer tanto fascínio nas pessoas, independentemente de sua origem geográfica? Para buscar a resposta, não é necessário empreender uma longa viagem, já que algumas casas conseguem trazer até Fortaleza os sabores e especialidades da França. É o caso do restaurante Piaf Saint Martin, cujo terraço recatado, iluminado por elegantes lampadários, chama a atenção dos que passam pela movimentada Avenida Abolição.

Há 20 anos atuando em Fortaleza, Tassigny acredita que o sucesso da culinária francesa entre o público cearense e mundial se dá por conta da diversidade regional de seu país natal. “A cozinha francesa é mais elaborada, com uma cultura regional muito rica. Cada região de meu país tem pratos diferentes, com produtos bem distintos. Não à toa, os grandes chefs sempre têm o interior ou o meio rural como origem, nunca os grandes centros urbanos”, afirma.

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>sabores do mundo

Uma das salas de aula na Faculdade Le Cordon Bleu, em Paris.

na crosta de pão como uma de suas receitas adaptadas que mais seduziu os fortalezenses. “A concepção desse prato é francesa, por conta da técnica de preparo”, afirma.

A adaptação dos pratos franceses para o Ceará

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O chef também acredita que, apesar da reverência do público cearense para com a culinária francesa, ainda existe uma certa pitada de preconceito. “As pessoas tendem a acreditar que a comida francesa é pouco servida mas, na verdade, isso é um mito, pois a culinária regional da França é tão bem servida quanto a cearense, por exemplo. Pouco servida, apenas nos restaurantes parisienses muito finos, onde se pratica a chamada Nouvelle cuisine”, explica.

Criado numa tradicional família francesa, com o privilégio de estudar na mais renomada instituição de gastronomia do mundo, Le Cordon Bleu, em Paris, o chef e consultor do Piaf Saint Martin também faz questão de lembrar a ligação intrínseca que existe, na França, entre os pratos e os vinhos que os acompanham. “Os vinhos de cada região combinam com os pratos de cada região. Pratos produzidos na Alsácia, por exemplo, combinam com os vinhos originários desse local. Parece sempre que o prato foi feito em função do vinho, e não o contrário”, explica.

Criada na década de 1970 por Paul Bocuse, Michel Tragot e Gaston Le Nôtre, a Nouvelle cuisine (Nova cozinha) foi uma das inovações revolucionárias da cozinha mundial, tendo como conceito a sequência de vários pratos (cada um em pequenas porções) com molhos mais concentrados, incluindo os adicionados de frutas.

A fim de agradar ainda mais ao público do Ceará, Tassigny acredita na adaptação como uma forma de aproximar o cearense do universo gastronômico da antiga Gália. “É impossível fazer aqui um restaurante genuinamente francês, em todos os seus aspectos, por conta da escassez de certos produtos e, também, por conta dos hábitos de consumo”, enfatiza, dando como exemplo o badejo

“A Nouvelle cuisine é um exercício sensorial, que rompe com a cozinha tradicional e propõe a descoberta de sabores. Salvo as criações do espanhol Fernand Adrián, depois dela não surgiu nada de novo na gastronomia internacional”, enfatiza Tassigny, que aproveita a deixa para passar aos leitores de Costumes uma de suas receitas. O chef garante que não é tão difícil de preparar:

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>sabores do mundo

Pato ao caramelo Balsâmico Ingredientes 4 magrès de pato 200 g de açúcar 200 ml de água 200 ml de aceto balsâmico 4 maçãs Fundo escuro (comprar pronto em super mercado) * Magrè é o peito do pato tradicionalmente engordado para produzir foie gras. Modo de preparo Colocar o açúcar e a água numa panela de aço inox e deixar cozinhar por 10 minutos em fogo médio; acrescentar o aceto balsâ-

mico e cozinhar por mais 10 minutos em fogo médio. Reservar. Cortar as maçãs em quartos (sem casca) e dourar na manteiga. Reservar. Numa frigideira de aço inox pré-aquecida (sem gordura), grelhar os magrès temperados com sal e pimenta do reino começando com o lado da gordura. Quando bem grelhado (5 minutos em fogo médio), virar e grelhar o outro lado (mas 5 minutos em fogo médio). Retirar a gordura, flambar com conhaque. Reservar os magrès e colocar o caramelo na mesma frigideira em fogo baixo. Acrescentar o fundo escuro para suavizar o molho. Cortar os magrès em fatias finas e colocar no prato de serviço. Cobrir com o molho bem quente e decorar com as maçãs. Acompanhe com batatas sautées ou arroz de açafrão.

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>cozinha cearense

Tapioca simples ou afrodisíaca?

Há muito mais no sabor das tapiocas do que pensa nossa vã filosofia...

por Renato Barros de Castro

Já pensou em provar uma tapioca com rapadura ou um suco de milho? Que tal ouvir histórias durante um cafezinho servido por uma velha conhecida da apresentadora Xuxa Meneghel? Ou experimentar um cardápio cujos quitutes tenham sido inspirados em músicas de Michael Jackson? Tudo isso e, é claro, muito mais, pode ser encontrado no Centro das Tapioqueiras, em Messejana, até mesmo a tradicional massa de goma servida com leite de coco. Quem passa pela Avenida Washington Soares já deve ter notado a agitação, a qualquer hora do dia, pelas alturas do número 10.215, endereço que se transformou em um dos pólos mais conhecidos da gastronomia cearense. O que ainda permanece desconhecido para aqueles que apenas passam em frente, entretanto, é que muito além da tradicional tapioca de fôrma, ali também são criadas receitas inusitadas, como a tapioca com rapadura ou a afrodisíaca, que leva catuaba, ginseng, marapuama e amendoim. Parada obrigatória de cearenses e turistas, o Centro das Tapioqueiras, em Messejana, reúne 26 boxes, surpreendendo o visitante desde a chegada, a partir da criatividade ousada do nome dos estabelecimentos: Tapioqueira da Xuxa, do Michael Jackson, da Maria Redonda, da Boa e do Elshadai são alguns dos exemplos mais exóticos. Muito além dessa estranha carta de apresentação, os cardápios trazem uma perso-

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nalidade também original e, muito mais do que simplesmente fazer referência às tapiocas, oferecem boas histórias. Além disso, encontra-se no lugar um ambiente acolhedor e, é claro, a possibilidade de uma verdadeira aventura, com sabores pouco convencionais. Uma das mais antigas comerciantes da praça, Maria Núbia Ferreira, de 65 anos, hoje vice-presidente da Associação das Tapioqueiras de Messejana, lembra-se, emocionada, de como tudo começou: “trabalhávamos na Rua Barão de Aquiraz, não muito longe daqui. Não existiam boxes como hoje e, mesmo na beira da calçada, tínhamos grande clientela. Até mesmo a Xuxa passou por lá. Depois, com a criação da CE040 (continuação da avenida Washington Soares), os carros deixaram de trafegar perto do nosso local de trabalho. Ficamos todos aflitos, sem saber como iríamos viver, mas fomos transferidos para o Centro das Tapioqueiras, criado em janeiro de 2002, fazendo surgir nossa Associação”, afirma Núbia.

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>cozinha cearense D. Núbia uma das mais antigas comerciantes do Centro das Tapioqueiras.

Aline conta que o Centro das Tapioqueiras surpreende não apenas os visitantes, mas também quem escolheu trabalhar ali.

No Centro das Tapioqueiras, o encontro de gerações Quem também entrou nessa história, com muito orgulho pelo que faz, foi Aline Suélen Nascimento, de apenas 20 anos. Diferentemente de Dona Núbia, ela é uma das mais jovens tapioqueiras do Centro, onde conseguiu seu primeiro emprego. Apesar de trabalhar há dois anos no local, Aline já guarda até segredo sobre a preparação da massa: “Não posso revelar a receita”, afirma, sorridente, dando a pista logo em seguida: “Acredito que o segredo é gostar de trabalhar na cozinha. Se estou de bom humor, a tapioca sai melhor. Além disso, ela tem que ser feita com a goma novinha; se for a tradicional, o coco também tem que estar bem fresco. Em qualquer caso, deve ser servida quente, na hora”. A experiência de Aline leva a crer que o Centro das Tapioqueiras pode surpreender não apenas os visitantes, mas principalmente quem escolheu trabalhar ali. “De todo o mundo que já passou por aqui, quem mais me impressionou foi um artista estrangeiro, que resolveu experimentar o suco de milho (vendido na barraca R4) e, depois de aprovar o sabor, ainda acrescentou essência de rosas. Eu também testei, ficou uma delícia”, afirma a jovem tapioqueira, que ainda dá uma pista a respeito do perfil dos frequentadores do local: “A clientela é formada por pessoas que passam durante a ida ou a volta da praia. Tem também muitos turistas, do Brasil e do exterior, além daqueles que fazem uma parada aqui antes de irem aos clubes de forró. Na alta estação e aos domingos, o lugar fica lotado”, enfatiza.

Um cardápio musical e muito mais... Pertinho do box onde Aline trabalha, encontra-se a Tapioqueira do Michael Jackson. Logo na entrada, uma piscina de bolinhas e cama elástica para crianças recepcionam os clientes, em provável alusão à propriedade de Neverland, uma das residências do astro. A atendente Alice Lima, de 24 anos, explica o porquê do nome: “Esse box foi comprado na época em que o cantor morreu, e, por conta disso, a proprietária resolveu homenageá-lo”, afirma, apontando um cartaz pendurado onde consta a biografia de Michael. Ao se abrir o cardápio, outra surpresa: as tapiocas são batizadas com nomes de músicas cantadas pelo rei do pop. Todas elas, claro, em versão bilíngue, em português e inglês. A tapioca fina recheada que leva o nome de Thriller, por exemplo, é feita de patê de peito de peru com tomate seco e queijo coalho. A Billie Jean leva creme de frango, requeijão e batata-palha. Ainda mais criativa, They don’t care about us é feita de creme de camarão e creme de caranguejo. Para Aline, o diferencial da barraca, entretanto, vai além da originalidade dos nomes do cardápio. “Aqui também temos a tapioca afrodisíaca, além da tapioca de chocolate e a de pizza, que leva todos os ingredientes de uma pizza convencional, com a exceção da massa, que, nesse caso, é substituída pela da própria tapioca”, afirma a tapioqueira.

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>cozinha cearense

Os turistas se deliciam com as tapiocas cearenses.

Sabor cearense: tapioca com bom humor É por conta de surpresas como essas que o Centro das Tapioqueiras costuma manter-se em alta popularidade, reinventando-se constantemente, tal qual o espírito cearense de viver. O ferreiro Cláudio Ribeiro, de 43 anos, sempre encontra pretextos para dar uma parada no Centro das Tapioqueiras, seja na ida ao trabalho ou na volta para casa, em Messejana. “O costume de comer tapioca veio de meus pais, que são do interior, de Beberibe. Não perco a chance de passar aqui para tomar meu café da manhã e começar bem o dia”, afirma. Além da gente de casa, os turistas também são atraídos pelos prazeres da mesa cearense, como é o caso dos paulistas Paloma Sousa, Kátia Tagai, Maurício e Paola Schorsch. Eles se entusiasmaram com a descoberta do Centro das Tapioqueiras logo depois da chegada ao Aeroporto Internacional Pinto Martins. Tapioca de queijo e carne do sol Costumes revela para você a receita, e os segredos do preparo, da tapioca fina de queijo e carne do sol, a mais pedida no Centro das Tapioqueiras... Confira! Preparo da goma Pegue 150 gramas de goma bem nova. Molhe-a com 1 copo de água misturado a uma pitada de sal. Passe em uma peneira bem fina. Reserve.

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“É a primeira vez que venho aqui. Já tinha provado tapioca em São Paulo, pois tenho parentes nordestinos, mas é a primeira vez que provo a de carne de sol com queijo. A daqui é bem recheada, a massa é macia e quentinha, está aprovada!”, exclama a técnica de enfermagem Paloma Sousa, de 31 anos. O administrador Maurício Schorsch, de 29 anos, não discorda da amiga: “Já tinha provado tapioca em Natal e Maceió. Dessa vez, escolhi a de carne de sol, requeijão e queijo, e estava uma delícia. Optamos pela tapioca por ser algo reconhecido como tradicional no Ceará e, sempre que viajamos, gostamos de conhecer de perto os sabores locais”, afirma. Diante do largo sorriso dos visitantes e do morador que virou cliente definitivo, o Centro das Tapioqueiras é uma prova viva de que o bom humor continua sendo o ingrediente essencial da cozinha cearense que, reinventada ou convencional, cativa cada vez mais, deixando sempre uma saudade no paladar dos que partem daqui. Seria esse o motivo de tantos visitantes voltarem ao Ceará? É hora de levar ao fogo! Aqueça uma frigideira antiaderente (para que o queijo a ser utilizado a seguir não pregue), sem nada, nem manteiga. Quando a frigideira estiver bem quente, baixe o fogo e espalhe a goma por toda a superfície. Asse os dois lados da tapioca e, a seguir, acrescente o recheio (carne de sol e queijo) a gosto. Caso prefira dourar o queijo, coloque-o em cima de um dos lados da tapioca e vire em seguida. E basta servir!

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>cozinha cearense

O colunista social Francisco Campelo.

Curiosidades Famosos também provaram (e aprovaram) a tapioca cearense. Muitas celebridades já passaram pelas tapioqueiras da Messejana, desde os tempos em que a maioria trabalhava na rua Barão de Aquiraz. A prova está nos muros do estabelecimento “Tapioqueira da Xuxa”, onde se vêem personalidades como Hebe Camargo, Fagner, Belchior, Ruth Cardoso e até o ator oriental Jackie Chan em fotos ou recortes de jornais.

Comer tapioca é chique? De acordo com o colunista social Francisco Campelo, que escreve para o jornal O Povo, o que determina se uma comida é chique ou não está ligado muito mais ao ritual do serviço do que propriamente à comida. “ Servir tapiocas bem delicadas, em uma bela porcelana, acompanhadas de um rico serviço de prata ou algo equivalente, fica tão chique quanto servir um crepe francês”, afirma, e dá em seguida as dicas mais quentes sobre como surpreender as visitas: “Se for servir a pessoas mais modernas ou descoladas, você pode provocar os sentidos servindo a tapioca com acompanhamentos diferentes, como geleia de laranja com queijo da Serra da Estrela ou mesmo requeijão e um pouquinho de geleia de pimenta. Para um toque sofisticado, Francisco recomenda que se experimente mini-tapiocas secas no forno, com parmesão ralado, acompanhadas de creme azedo e um pouco de caviar, ou ainda com apenas um ovinho de codorna pochê coberto com chuva de trufas brancas ou negras. Segundo ele, a receita “... fica ótima e combina até com champanhe, a qualquer hora do dia ou da noite”. O colunista faz questão de alertar, ainda, que receitas com muitos ingredientes ou acompanhamentos acabam escondendo o sabor e a textura da tapioca. E finaliza confessando a sua preferência: “a minha receita favorita, tanto para o café-da-manhã como para um lanche no final da tarde, ainda é uma das mais simples: tapioca quentinha, com um pouco de manteiga ou requeijão e um pedaço de queijo coalho assado, acompanhada de um bom cafezinho com leite. Uma delícia.” Com essas dicas, é só você escolher a sua tapioca especial e colocar as mãos na massa... ou melhor, na goma!

Além disso, quem visita a Tapioqueira da Xuxa também deve se perguntar o que significa uma cadeira de madeira presa à parede, suspensa por alguns pregos, sobre a qual repousa um jarro de flores. A proprietária, Dona Núbia Ferreira, fará questão de contar uma história que, para ela, mais remete a um conto de fadas. “Foi aqui onde a Xuxa sentou, coloquei na parede porque a cadeira é dela. Aliás, só quem pode se sentar nela é uma rainha”, explica, dando a deixa para resgatar toda a história: “Eram oito horas da noite e eu já estava fechando minha barraca, ainda na Rua Barão de Aquiraz. De repente, chegaram seis carros com muitos seguranças. Vi que aquilo anunciava a chegada de alguém importante e brinquei: “Hoje vou trabalhar até mais tarde”! Quando me voltei para o lado de onde os carros tinham vindo, me deparei com a Xuxa, em carne e osso. Ela sentou ali na minha barraquinha e fiquei surpresa de vê-la naquela simplicidade toda, muito simpática. Prometi a ela que iria homenageá-la mudando o nome da minha barraca, que era José Gadelha (o mesmo nome do meu marido) e, para minha surpresa, tempos depois ela me mandou a foto que tinha feito com a gente, autografada, e ainda fez um quadro comigo no programa dela”, comemora Dona Núbia.

Conheça a diferença entre os tipos de tapioca Para facilitar a escolha de sua tapioca no rico cardápio do Centro das Tapioqueiras, Costumes revela a diferença existente entre os dois tipos oferecidos: a tapioca fina e a tradicional. A fina não possui coco em sua massa, e pode ser acompanhada dos mais diversos ingredientes, tais como: carne de sol, queijo, camarão, ovos e frutas. Já a tapioca tradicional, também chamada de “tapioca grossa”, é feita numa fôrma redonda, possui coco em sua massa e, como acompanhamento, pode-se usar leite de coco, ao gosto do freguês. C

Serviço Centro das Tapioqueiras Avenida Washington Soares, 10.215, Messejana. Horário de funcionamento: os boxes abrem às 5 horas e fecham por volta da meia-noite.

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>pequenos consumidores

Quais são os hábitos alimentares das nossas crianças?

As mãos que empurram o carrinho são menores. Os pés dão passos apressados, com direção certa. Há um brilho no olhar e um salivar incessante. São crianças fazendo compras no supermercado, sem a supervisão da mãe ou o veto do pai para o consumo deste ou aquele produto. Não perdem um minuto sequer comparando preços. Para analisar a alimentação infantil, a Costumes convidou quatro crianças para fazerem suas compras. Os personagens mirins desta história são Flávio, 14, Tarcísio, 13, e o casal de irmãos Andressa, 14, e André Airton, 13. Todos se dispuseram, no primeiro convite, a participar da experiência - claro, com a autorização dos pais. Mesmo sabendo tratar-se de

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uma simulação, sentiram o prazer de, pela primeira vez, escolher o que merecia, segundo eles, ir para dentro do carrinho. Os pequenos consumidores foram incumbidos de encher o carrinho com produtos alimentícios que considerassem suficientes para uma semana. A brincadeira divertida, entretanto, revelou o que já se esperava, que os pais de hoje precisam ficar cada vez mais atentos. Produtos naturais, ou considerados menos nocivos à saúde, são preteridos diante dos provocativos chocolates, iogurtes e refrigerantes. Frutas, verduras e cereais, quando existem, são minoria em meio aos coloridos pacotes de biscoitos.

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>pequenos consumidores

No carrinho de Flávio

No carrinho de Tarcísio

Flávio tem 14 anos, pratica esportes às vezes, gosta de basquete e jogos de computador. Último almoço: arroz, batata, carne branca e refrigerante.

Tem 13 anos, pratica esportes às vezes. Gosta de futebol, ping pong e jogos de computador. Último almoço: arroz, macarrão, carne vermelha, purê e refrigerante.

2 – Pacote de lasanha bolonhesa (650g) 1 – Cereal com flocos de milho e chocolate (320g) 1 – Pacote de esfiha de presunto e queijo (300g) 1 – Macarrão instantâneo (80g) 1 – Pote de manteiga (200g) 2 – Caixa de cereal de aveia, banana e mel (4 unidades) 1 – Lata de achocolatado em pó (400g) 1 – Queijo minas (330g) 1 – Pacote de batata frita (45g) 1 – Iogurte de morango (900g) 1 – Pizza de presunto com champignon (460g) 1 – Pedaços de frango e carne moída empanados (300g) 1 – Refrigerante de cola de (2,5l) 3 – Caixa de leite integral (1l) 7 – Laranja (1kg) 1 – Garrafão de água mineral (5l) 1 – Caixa de suco de maracujá (1l)

Avaliação da nutricionista A nutricionista Cláudia Machado observa que a maioria dos alimentos escolhidos são considerados não saudáveis, em virtude do excesso de carboidratos simples, de gorduras, principalmente saturadas, de sódio e colesterol. Além disso, destaca-se a ausência de verduras, legumes e frutas. Há um maior consumo de alimentos industrializados, em detrimento dos alimentos naturais ricos em vitaminas, minerais e fibras. Considero saudável leite integral, cereal, queijo minas, iogurte e laranja. Atenção para a barra de cereal, que deve ser complementada com outro alimento em um lanche, já que Flávio está na adolescência, uma fase que requer muita energia e nutrientes para um bom crescimento e desenvolvimento.

1 – Presunto (180g) 1 – Queijo coalho (212g) 5 – Pacote de biscoito de chocolate (140g) 1 – Cereal com flocos de milho (300g) 1 – Pote de requeijão (200g) 2 – Pacote de salgadinho (66g) 1 – Pacote de esfiha de frango (300g) 2 – Barra de chocolate (170g) 3 – Macarrão instantâneo (80g) 1 – Lata de óleo de soja (900ml) 1 – Pote de manteiga (200g) 1 – Pote de molho de churrasco 1 – Caixa de leite integral (1l) 3 – Achocolatado líquido (300ml) 2 – Achocolatado líquido light (380g) 1 – Melancia grande 2 – Mamão pequeno 1 – Melão grande

Avaliação da nutricionista Tarcísio já inclui mais frutas mas, como Flávio, não leva nenhuma verdura ou legume. Poderia optar por outros queijos brancos que têm menos sódio que o coalho, como a ricota. O achocolatado light não é necessário, pois não é um período de restrição de calorias, mas de alta demanda energética, que precisa ser associada ao consumo adequado de vitaminas e sais minerais. Novamente se observa alimentos que deveriam ser de consumo esporádico escolhidos para o consumo semanal, tais como chocolates, biscoitos recheados, salgadinhos, esfihas, macarrão instantâneo.

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>pequenos consumidores

No carrinho de Andressa e André Ela tem 14 anos, pratica atividade física regularmente. Dança hip hop duas vezes por semana. Último almoço: peixe, feijão, farofa e refrigerante. Ele tem 13 anos, pratica esportes às vezes. Gosta de futebol e basquete. Último almoço: peixe, arroz, farofa e suco de laranja.

Como mudar hábitos alimentares prejudiciais? A convite da Costumes, a nutricionista Cláudia Machado Vasconcelos, mestre em Saúde Pública, fez uma avaliação final das escolhas do quarteto e o resultado foi preocupante. A especialista afirmou que os produtos favorecem o sobrepeso e a obesidade, além do aparecimento cada vez mais precoce de doenças crônicas, como diabetes e hipertensão. “As nossas crianças e adolescentes, bem como seus pais, muitas vezes até sabem o que devem comer e evitar, mas existem outros fatores que levam ao consumo exagerado de alimentos não saudáveis”, disse. Cláudia observou que o resultado final dos carrinhos continha sódio, carboidratos e gorduras em excesso. Aumento da pressão arterial, elevação do nível de açúcar no sangue, acúmulo de gordura corporal e diabetes são apenas alguns problemas de saúde que poderão ser enfrentados no futuro por essas crianças e adolescentes. Para evitar isso, é preciso fazer uma mudança gradativa de hábitos alimentares prejudiciais. Vasconcelos sugere como realizar isso com segurança e tranquilidade: busque a orientação de um profissional nutricionista.

3 – Hamburguer de bacon pronto (145g) 6 – Bombom de chocolate 3 – Pacote de macarrão instantâneo (80g) 2 – Pacote de esfiha (300g) 1 – Pão de queijo (400g) 2 – Wafer em rolinho de chocolate (35g) 4 – Pacote de batata frita (45g) 2 – Pacote de salgadinho (200g) 4 – Pacote de biscoito de chocolate (165g) 4 – Pacote de chocolates pequenos (200g) 1 – Barra de chocolate (170g) 1 – Pipoca para microondas (100g) 2 – Pacote de chiclete (4 e 10 unidades) 1 – Batata frita em pote (140g) 1 – Pacote de pão de hamburguer 1 – Queijo cremoso (170g) 1 – Pote de sorvete de chocolate (703g) 1 – Iogurte de morango de (1 litro) 1 – Achocolatado líquido (1 litro) 10 – Lata de refrigerante (350ml)

Avaliação da nutricionista Sem dúvida nenhuma, este carrinho assusta qualquer nutricionista. É uma alimentação baseada em produtos industrializados, com excesso absurdo de gordura saturada, gordura trans, sódio, açúcar simples e pobre em fibras, vitaminas e minerais. Este hábito alimentar predispõe o surgimento de várias doenças já durante a adolescência.

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As opções alimentares estão relacionadas aos costumes, às mudanças de vida na sociedade ao longo do tempo. O psicólogo João Ilo, doutor em Teoria e Pesquisa do Comportamento, explica que “hoje a sociedade, de uma forma geral, se desconectou daquela ação antiga do contato com a preparação dos alimentos. Antes, você tinha na sua casa a empregada doméstica, então era comum os filhos terem contato direto com a cozinha. Assim, entendiam melhor como a comida chegava à mesa”. Para João Ilo, com a produção industrial, sem a figura da empregada, a vida ficou mais prática e hoje as crianças até mesmo desconhecem a origem dos alimentos. O psicólogo faz um comparativo entre os hábitos de 20 ou 30 anos atrás (quando atividades corriqueiras exigiam esforço físico e, por tabela, melhor alimentação), com os atuais. “Nós precisamos acumular gordura e açúcar para conseguir energia. No entanto, o gasto que se tinha antigamente exigia que você se alimentasse com uma quantidade maior de açúcar e gordura para manter o equilíbrio. Hoje, a gente tem uma série de facilidades, como andar de carro - não se anda mais a pé - e usar controle remoto para mudar o canal da tevê”. O conselho do Dr. Ilo para os pais é que procurem ensinar às crianças de onde vem os alimentos; levá-las ao campo, se possível, e evitar comidas pré-prontas. Sem isso, é taxativo: “raramente a criança vai trocar um alimento doce por uma verdura”. Fica a dica, que pode resultar em um divertido passeio de conscientização para toda a família. C

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Hospital Peter Pan:

Era uma vez um sonho... Essa história não é um conto de fadas, em que “o bem vence o mal” ou mesmo o príncipe fica com a princesa, em um final de “felizes para sempre”. É uma história real, que transborda parcerias, união, alegria, todos em prol da caridade, Telmo, o menino que se curou do câncer e dedica a vida a trabalhar no projeto que o acolheu.

no melhor sentido da palavra. Assim nasceu o Peter Pan, do anseio de proporcionar às crianças e aos adolescentes com câncer uma vida mais feliz, mesmo tendo de passar pelo processo sofrido do tratamento, precisando lidar com a dor que atinge não só o paciente, mas também a família. Um dos felizes exemplos do trabalho da Associação Peter Pan é o sorriso de superação estampado no rosto do ex-paciente e atual funcionário da instituição, Telmo de Lima, que aos nove anos foi diagnosticado com câncer no fígado. O menino foi levado por sua mãe ao Hospital Infantil Albert Sabin (HIAS) para fazer o tratamento, mas após sete dias de internação ela partiu, prometendo voltar. O juramento nunca foi cumprido. Enquanto estava no hospital, Telmo era cuidado pelas enfermeiras, mas, antes mesmo disso, estava acostumado a viver fora de casa, como ele mesmo afirma: “Quando eu morava com a minha mãe, já passava o dia inteiro na casa dos vizinhos”. Até os 18 anos, quando casou, Telmo ainda teve vários abrigos, dentre eles a Casa do Menino Jesus e uma casa na cidade de Águas Verdes, onde residia com dois irmãos por parte de mãe. Também foi adotado, por algum tempo, por uma senhora no bairro José Walter. Durante o tratamento, ele foi cativando a atenção e o cuidado de todos do Hospital, o que o motivou a ser voluntário. Aos 21 anos, foi contratado pela Associação, efetivando uma promessa feita por Olga Maia, atual presidente, quando Telmo ainda era criança. Ele começou como responsável pelo cafezinho e atualmente cuida do cadastramento de cupons fiscais no site da Receita Federal. Hoje, com 26 anos, há dois diagnosticado como curado, recupera o tempo perdido fazendo um supletivo para concluir o ensino fundamental. No horário do almoço, conta com a ajuda de um professor particular cedido pela Associação. Seu grande sonho?! Além de pular de paraquedas e viajar para o Rio de Janeiro, é formar-se em administração e, quem sabe, vir a ser o administrador do Peter Pan.

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>por um mundo melhor

Crianças na brinquedoteca do Peter Pan.

Ana Maria Cavalcante, que acompanhou de perto o surgimento do Projeto Peter Pan.

... Que modificou a realidade

Era preciso rebaixar as grades das camas para conseguir uma

A história de Telmo se entrelaça com o desenvolvimento do

Em 1996, os primeiros passos foram dados, de forma bem

Hospital Peter Pan, o menino que cresceu e superou as difi-

tímida e sem pensar estrategicamente no futuro. O obje-

culdades é símbolo do sonho inicial que vingou através da

tivo inicial foi dar um tom de alegria, se possível, ao aten-

união de muitos, conforme a frase dita por Olga: “Ninguém

dimento das crianças. Nessa mesma época, começou a se

no mundo é tão bom como todo mundo junto”. Ela conta

criar, dentro do hospital, o que ficou denominado como

que tudo começou com poucas pessoas, sem planejamen-

“fábrica de projetos” voltados para a linha de humanização

to estratégico, mas havia um sonho e um desejo para que

da assistência. Segundo Ana Maria Cavalcante, então dire-

esse sonho tomasse as proporções que tomou. Mais que

tora do HIAS, “cada enfermeira, cada assistente social, cada

isso, ele continua crescendo, fazendo juz a sua missão.

médico trazia uma ideia e criamos um projeto e uma logo-

proximidade mais carinhosa com os pequenos.

marca feita pelos funcionários que tinham dons artísticos.” O aumento na demanda de pacientes assistidos e a procura por leitos motivaram a busca por um maior espaço físico, para me-

As mudanças do setor de quimioterapia começaram baseadas

lhor abrigar essas crianças. Até então, elas eram cuidadas den-

na forma como era feito o processo de coleta de sangue do

tro de um hospital com leitos convencionais, paredes de azule-

Centro de Hematologia e Hemoterapia do Ceará (Hemoce) e a

jos brancos, camas de grades brancas. As mães eram colocadas

hemodiálise dos pacientes adultos. Segundo Ana Maria, acre-

ao lado de seus filhos, sentadas em cadeiras desconfortáveis.

ditou-se que esse formato era muito mais humano e confor-

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>por um mundo melhor

Mais forte que mágica: fadas madrinhas que confortam da dor Em 07 de abril de 1997, dentro do espaço físico do Albert Sabin, é inaugurado o espaço do Projeto Peter Pan, que ganhou corpo com o apadrinhamento de algumas senhoras que traziam suas filhas para brincar com as crianças, mantendo frequência e dedicação. Participavam dos aniversários, e mesmo quando acontecia um óbito, confortavam a família. Por iniciativa das assistentes sociais, passou-se a cadastrar as “fadas madrinhas”. Essa atitude evoluiu para doações de cestas básicas diferenciadas, com produtos prescritos pelos médicos, e o número de colaboradores foi crescendo. Objetivando alçar maiores vôos, o projeto ganha personalidade jurídica em 1998, e passa a ser Associação Peter Pan (APP). No ano seguinte, surge a oportunidade de parceria com a Fundação Ronald Mac Donald´s, o que tornou possível a compra de terrenos nas proximidades do HIAS. A brinquedoteca do Peter Pan.

No primeiro ano, a associação vendeu 30 mil sanduíches antecipados. Somando a isso a ajuda financeira de empre-

tável. Assim, o primeiro passo foi buscar o diretor do Hemoce,

sas conscientes do seu papel social, e doações da socieda-

a fim de solicitar que, na ocasião de substituição das cadeiras

de, tornou-se possível iniciar a construção de um grande

usadas no local, as antigas fossem doadas para o projeto.

sonho, o Hospital Dia Peter Pan, que tem hoje capacidade para atender, em média, 50 pacientes/dia e conta com três

Ao invés da doação das cadeiras usadas, recebeu-se a indicação

consultórios médicos, um para UTI e uma sala para enfer-

do caminho das pedras. As voluntárias foram até a empresa de

magem. Para entretenimento, tem ainda brinquedoteca,

ônibus Expresso Brasileiro e conseguiram a doação de cadeiras

playground, espaço do adolescente e jardim.

semi-leito bigeminadas, e que foi melhor do que se esperava, pois essas comportariam a criança e o acompanhante.

Em setembro de 2010, foi inaugurado o Centro Pediátrico do Câncer. E, ciente de que câncer não se trata apenas com

O ambiente começou a ser decorado, e tornou-se preciso

quimioterapias, radioterapias ou cirurgias, a APP (Associa-

batizar o local. O nome veio naturalmente, como um estalo:

ção Peter Pan) viabiliza ainda um tratamento especializado,

Peter Pan. Para as voluntárias, significava alegria, a possi-

o atendimento humanizado, que hoje conta com vinte pro-

bilidade de “voar”, crescer, sair daquela situação. O Projeto

gramas sociais e o diagnóstico precoce. Em parceria com a

agora tinha um nome e um lugar com perspectivas de dias

Secretaria de Saúde do Estado e do município, tal atendi-

melhores. Ana Maria relata que é como se realmente tivesse

mento está presente em todo o Ceará, capacitando o diag-

chegado lá “a fada Sininho”, e transformado o local. Na par-

nóstico da doença desde seus estágios iniciais.

te científica, nada foi modificado, protocolos, medicamen-

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tos, o corpo clínico se manteve. O que mudou foi o cenário,

Pedro Henrico, de 9 anos, é uma das 300 crianças e jovens

trazendo muito mais alegria para os pequenos e, de certa

atendidos pelo Hospital Dia Peter Pan por semana. Diag-

forma, mais esperança.

nosticado há dois anos com leucemia, Pedro é uma criança

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>por um mundo melhor

Pedro Henrico recebendo os cuidados de uma das enfermeiras do Peter Pan.

O menino com a mãe, Maria de Jesus.

alegre, brinca e come bem. Sua mãe, a dona de casa Maria

em um ambiente público como fui no Peter Pan. Desde o

de Jesus Aguiar participa do Projeto de Apadrinhamento e

momento do choque de receber a notícia até agora, a aten-

afirma que a Associação tem um papel crucial nesse pro-

ção dos médicos e funcionários passa credibilidade, eles

cesso. “Nunca fui tão bem recebida, acolhida e confortada

confortam nosso coração tão apreensivo”, fala emocionada. O ambiente e o atendimento sobre os quais Maria de Jesus

O Centro Pediátrico do Câncer, para o tratamento do câncer infanto-juvenil, possui quatro pavimentos, com: > 69 leitos - 24 de quimioterapia sequencial, 24 de enfermaria com isolamento, 16 para quimioterapia-dia, 5 UTI’s. A concretização desse sonho só foi possível com a união dos três setores econômicos: Estado, empresas com responsabilidade social e a sociedade.

fala não foram resultantes apenas de conquistas materiais e muito menos uma mágica de contos de fadas. As fadas, no caso, são pessoas movidas por solidariedade, compaixão e amor, além da própria experiência de luta contra a doença e a dor. Telmo é um exemplo disso. O menino acolhido e tratado há anos atrás é hoje, como adulto, um dos visitantes que conforta o coração de crianças e mães. Independente de suas outras atribuições, ele assume como primeira tarefa da manhã visitar os pacientes do Hospital Infantil Albert Sabin, contando sua história de vida e os motivando a dias melhores. Os sonhos podem, sim, se tornar realidade. C

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>beleza masculina

É a vez DELES!

A velha máxima de que o homem de verdade é o homem rústico está totalmente fora de moda. É dos homens que “se cuidam” e zelam pela própria aparência que elas gostam mais, a depilação deixa de ser uma preocupação apenas feminina. Hoje, a vaidade masculina não se limita a um bom corte de cabelo ou uma barba bem feita. Há muito tempo, eles cruzaram as fronteiras e têm transitado - muito bem, obrigado - por um universo antes exclusivamente feminino. Graças a isso, ampliaram-se as opções em várias áreas no que diz respeito à beleza masculina, dentre elas a remoção de pelos inconvenientes que, diga-se de passagem, já não compreendem somente barba, pescoço e bigode. Sem frescuras, atualmente os homens estão a cada dia mais preocupados com a aparência e com a higiene. Dentre os motivos desta mudança destaca-se a necessidade de transpirar menos ou mesmo eliminar o cheiro que os pelos deixam. Até a preferência feminina vem se modificando. Antes, os metrossexuais (homens que cuidam mais da aparência) eram vistos com certo preconceito, no entanto o número de mulheres que prefere os homens que “se cuidam” tem aumentado significativamente. A fisioterapeuta especializada em fisioterapia dermato-funcional, Juliana Barros, afirma que, quando começou a oferecer o serviço de depilação definitiva, há quatro anos, as mulheres correspondiam a 95% dos clientes, e os homens a 5%. “Hoje, esse número triplicou, até por que o preconceito contra homens que se cuidam está enfraquecendo”, explica Juliana. Os homens podem recorrer a métodos mais ou menos dolorosos, definitivos ou não. Há opções para quem tem certas alergias, ou dispõe de menos tempo, não é por falta de alternativa que os meninos continuarão cabeludos. Entretanto, é bom atentar para o fato de que em cada processo depilatório há formas diferentes para a remoção dos pelos. Na depilação com lâminas, depiladores elétricos, cremes e loções depilatórias, a remoção é feita pelo corte na haste ou

A fisioterapeuta Juliana Barros aplica seção de depilação definitiva.

talo, ou seja, apenas superficial. Já o uso de ceras, eletrocoagulação, laser e pinça fazem a remoção pela raiz, promovendo assim um tempo maior entre uma depilação e outra.

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>beleza masculina

Gustavo já se depila há dez anos, tanto pela estética como pela higiene.

A empresária Lúcia Alves se prepara para melhor atender ao público masculino.

Depilação com cera e o que elas já sabiam...

cuidar da aparência, muitos locais e profissionais ainda não

Quando há necessidade de fazer uma depilação rápida e

procuram o serviço de depilação, 30 são mulheres e dez são

simples, devido a um compromisso inesperado, como para

homens. Dentro desta perspectiva, estamos preparando

sair à noite, ir à praia ou mesmo preparar-se para trabalhar,

um espaço com que eles se identifiquem, sem que tenham

a vantagem é da gilete. Este é um dos métodos mais es-

vergonha de ser atendidos”, afirma Lúcia.

despertaram para o novo nicho. A empresária Lúcia Alves, percebendo isso, passou a oferecer o serviço. “Hoje, já fazemos o atendimento de homens. De cada 40 clientes que

colhidos para remoção dos pelos, no entanto precisa ser repetido dentro de um a três dias. Já os cremes e loções

O advogado Gustavo Sequeira é adepto da depilação com

depilatórias dissolvem o pelo para que o mesmo possa ser

cera há dez anos. “Por ter a sobrancelha muito fechada,

removido com o auxílio de esponja ou espátula. Custam

comecei a tirar o excesso com pinça, depois passei a tirar

um pouco mais que giletes, no entanto diminuem o tempo

com cera, mas sempre sem modelar, para não ficar com as

envolvido na manutenção.

sobrancelhas definidas”, afirma o advogado. Gustavo conta que já testou fazer a barba e o tórax, mas não suportou a

A depilação com cera é, hoje, um dos métodos preferidos.

dor (vocês sabem o que é isso, não é, meninas?). “Por hora,

Ela remove os pelos desde a raiz e pode ser usada em quase

faço só a sobrancelha e o nariz, que são os que mais me

todas as partes do corpo. Normalmente, não é necessário

incomodam”, explica.

repetir o processo por duas a três semanas, o que é uma das vantagens.

Lúcia alerta os “marinheiros de primeira viagem” para os cuidados necessários logo após o procedimento: “é impor-

A clínica de estética Lúcia Alves está entre as que se pre-

tante não usar desodorante, nem cremes que contenham

param especialmente para atender o mercado masculino.

álcool em sua composição, muito menos ir para o sol e pis-

Apesar do número crescente de homens que procuram

cinas, por pelo menos dois dias após a depilação”.

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>beleza masculina

O pelo, aliás, é gerado por uma estrutura chamada folículo A dermatologista, Celina Albuquerque afirma que, entre os homens, a maior procura por depilação a laser é para a barba.

piloso, e tem a capacidade de crescer até certo ponto, podendo cair e ser eliminado espontaneamente. Quando um pelo é eliminado de forma natural, um novo é gerado no mesmo folículo. É por esse motivo que, quando se faz a depilação por qualquer um dos sistemas convencionais, eles crescem novamente, em quantidade, espessura e cor iguais, ou até mesmo aumentadas. A Dermatologista Celina Albuquerque afirma que praticamente todas as partes do corpo do homem podem ser depiladas, sendo que barba, tórax, dorso, abdômen, orelhas e sobrancelhas são as regiões para as quais existe maior procura. Segundo Celina, a depilação com laser elimina o pelo porque a sua energia, em forma de luz, é atraída e captada pela melanina, pigmento presente na haste do fio e responsável pela sua coloração. “A energia térmica destrói ou retarda a capacidade do folículo de produzir um novo fio. Por esse motivo, o processo não é aconselhável para quem tem a maior parte dos pelos brancos, com falta de melanina, pois a maquina não faz a leitura desses”, explica a dermatologista. A sessão com laser acontece uma vez por mês, para que os pelos que ainda não nasceram sejam atingidos. Segundo a

Solução definitiva: Pelos nunca mais

fisioterapeuta especializada em fisioterapia dermato-funcio-

A depilação definitiva, por sua vez é a alternativa para quem

laser, termina o período de manutenção, e se pode conseguir

quer colocar um ponto final na vida peregrina de depilação.

um resultado plenamente satisfatório.

nal, Juliana Barros, cada paciente precisa passar no mínimo por seis sessões. O método garante até 90% de eficácia, pois somente após dois anos, contados da primeira aplicação do

Esse procedimento é procurado quando o indivíduo está determinado a não ter mais pelos em um local específico, seja

A depilação com cera quente ou fria, pinça ou eletrólise deve

por motivo de alergia, ou mesmo por estar decidido a não ter

ser evitada entre quatro a seis semanas antes e durante o

mais o incômodo de retirá-los.

tratamento a laser. O uso de lâminas e cremes depilatórios é permitido porque esses procedimentos preservam a estrutu-

Este é o caso do empresário Eliardo Rodrigues Filho, 29, que

ra do pelo, mantendo sua haste intacta no folículo.

optou pela depilação definitiva para se livrar dos pelos que o incomodavam na parte de baixo da barba, no pescoço.

O Engenheiro Mecânico Daniel Antônio Matos está na segun-

“Eu tinha muita preguiça de fazer a barba todo dia pela

da sessão de depilação definitiva. Ele afirma que antes depila-

manhã, além disso me incomodar muito, pois minha pele

va com lâmina de barbear, o que provocava irritações na pele.

ficava bem irritada”, afirma Eliardo. Antes adepto da lâmina

Hoje, além da facilidade de não ter que tirar a barba cotidia-

de barbear, o empresário afirma que o processo é rápido,

namente, os elogios da noiva Patrícia Alencar são constantes.

indolor, e nas primeiras sessões já é possível ver o resultado

“Patrícia adora a barba perfeita”, afirma ele, satisfeito. C

e a diminuição dos pelos.

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>maquiagem

Linda, mas sem comprometer o orçamento Tudo que você pediu: maquiagem boa e barata Que a maquiagem é item necessário na vida das mulheres não é nenhuma novidade, mas ela está no centro das atenções e brilha como protagonista de desfile pela primeira vez. O maquiador Fernando Torquato mostrou no São Paulo Fashion Week 2011, a principal semana de moda do Brasil, que a maquiagem vai muito além do complemento da roupa, ele foi o autor do desfile de maquiagens, que trouxe as tendências do verão 2011 para as passarelas. Enquanto isso, a indústria de cosméticos ferve, pois é uma das que mais cresce no mundo inteiro e o Brasil figura entre os primeiros colocados no desenvolvimento deste mercado. Em O maquiador Eduardo Ferreira mostra que dá para se maquiar com produtos mais baratos, sem perder em qualidade.

2010, o crescimento da indústria de cosméticos brasileira foi de 12,6% e, segundo a Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (ABIHPEC), a expectativa é que em 2011 se fature R$ 31,12 bilhões. Quando se fala em maquiagem, todo mundo pensa imediatamente em MAC, NYX, Bourjois, e outras várias marcas estrangeiras, que praticamente fazem milagres, mas não chegam ao Brasil com preços muito convidativos, certo? Para muitas mulheres, ter uma coleção variada de produtos para maquiagem é crucial, e é o que vai proporcionar diferentes looks e visuais para festas e eventos, uma forma de diversificar nas diferentes ocasiões do dia a dia. Porém, comprar maquiagem não é nada barato. Algumas marcas chegam a cobrar R$ 80 por um batom, caso das gigantes importadas que são tidas como preferidas de artistas e maquiadores profissionais. Mas, para a alegria geral da nação feminina, que nem sempre pode desembolsar valores altos para manter a nécessaire variada, diversas marcas oferecem hoje vários produtos de ótima qualidade que são bem mais acessíveis.

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>maquiagem

Economize, mas sem correr riscos

Para a pele, produtos de maior investimento: base, corretivo e pó da Dior. O rímel e blush são da Maybeline. Tônico, lápis de olho marron e gloss da Payot. E nos olhos, quarteto de sombra da Revlon.

O único cuidado é saber escolher o barato para não sair caro, esteja atenta à composição da maquiagem e ao seu tipo pele. Segundo a dermatologista Camila Franco da Silveira, algumas maquiagens são formuladas com derivados do petróleo, e as pessoas que possuem pele sensível ou com tendência à acne devem ficar alertas. Estes derivados são conhecidos por causarem espinhas e por possuírem um grau de sensibilização muito maior. Camila afirma que, quando a opção for por produtos mais acessíveis, deve-se dar preferência às maquiagens hipoalergênicas, isto é, com menor chance de provocar uma reação alérgica. “Devemos escolher, ainda, uma maquiagem adequada para cada tipo de pele. Por exemplo, pele oleosa requer maquiagem “oil free”, pele seca já pede algo mais hidratante, com vitaminas”, afirma a dermatologista. envelhecimento precoce, no entanto, com o avanço da Procure bases ou pós que já tenham filtro solar associado

tecnologia no processo de qualidade dos produtos, tem

explica Camila, assim a pele fica bonita e protegida. “Exis-

sido possível que as marcas invistam cada vez mais e ofe-

tem pesquisas científicas mostrando que os filtros solares

reçam produtos bons e acessíveis.

com cor protegem melhor que aqueles de mesmo FPS mas sem cor”, afirma a dermatologista.

Eduardo explica o que pode causar um dano maior: produtos sem procedência e o negligenciamento da pele, con-

O maquiador Eduardo Ferreira, muito requisitado para

siderada o maior órgão do corpo humano. “Por exemplo,

os principais editorais de moda e o preferido das noivas,

nem todas as mulheres usam hidratante, pois alegam ter a

deu aos leitores da Revista Costumes dicas preciosas de

pele oleosa e por isso não necessitar da hidratação, no en-

como se maquiar, sem necessariamente usar as melhores

tanto, o uso de hidratante é tão necessário em pele oleosa,

marcas e nem por isso perder em qualidade e durabili-

quanto em qualquer outro tipo e já existem no mercado

dade. Segundo ele, a maquiagem era tida como vilã do

produtos para todos os tipos de pele”, afirma o maquiador.

Dicas especiais de quem entende do assunto

Depois de uma pele bem feita, é hora de driblar as deficiências das maquiagens baratas, e Eduardo faz o mapa da

Quem opta por maquiagens mais baratas tem que saber no

mina. As sombras costumam não fixar bem. Para reverter o

que investir. Três itens da sua nécessaire devem ser com-

problema, o maquiador indica usar um fixador de sombra

prados com mais cuidado, mesmo que seja preciso desem-

antes de aplicar o produto, ou ainda passar o corretivo na

bolsar um pouco mais. O primeiro deles é um bom tônico,

pálpebra móvel antes de aplicar a sombra, o que vai ga-

depois um hidratante com as características da sua pele e,

rantir uma durabilidade maior da mesma. Para quem tem

o mais importante, uma boa base. Já os outros produtos

olhos pequenos, Eduardo afirma que o melhor é optar por

pode ser um mix de marcas mais baratas.

sombras opacas e nunca abusar do iluminador.

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>maquiagem

No caso de blush, não é necessário fixador, quando perceber

E o grande vilão de qualquer maquiagem: o lápis para os

que ele está perdendo a cor, retoque-o. Os batons não re-

olho. Eduardo explica que, no nosso clima tropical, não há

querem maiores cuidados, lembrando-se sempre de usar um

lápis que não escorra, uns mais e outros menos, mas sempre

hidratante antes. Eduardo dá a dica para as cores da estação:

irão borrar. A dica é esfumar o traço, que hoje a grande maio-

abuse dos tons nudes, vermelhos e corais. A tendência é evi-

ria já vem com um esfumador. Quanto ao rímel, é taxativo

denciar a boca ou deixá-la mais apagada. Os gloss também

quando indica os da Maybiline, a marca conhecida mundial-

estão em alta, mas sempre sem partículas cintilantes.

mente por deixar o olhar poderoso é, segundo Eduardo, boa e barata, com garantia do melhor resultado. C

Para a pele, base, corretivo e pó da Dior. Nos ollhos quarteto e dueto da Maybeline, rímel preto Duda Molinos, lápis preto da Payot e lápis marrom da Tracta, para arrematar delineador da Maybeline . Nas sobrancelhas rímel transparente da Tracta. Para dar o ar de saúde blush da Payot.

Serviço: A Dra. Camila Franco da Silveira atende na Av. Dom Luis, 1200 - 7º andar

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Flores que nascem do sangue Por Valéria Dallegrave

Custódio (Aury Porto) e Deodato (Joelson Medeiros). Ao fundo, Ananias (interpretado pelo cearense Pedro Domingues).

(Démick Lopes), o desajeitado, que se envolve por acaso com a pistolagem, e Custódio (Aury Porto), que deixa de

Homens com cheiro de flor, matadores do sertão

ser policial para se transformar em matador de aluguel. O

A produção de um filme envolve muitas decisões. Entre

meter ao passado, ao cangaço.

tema, na verdade, até hoje é pouco abordado pelo cinema nacional (está presente em Os Matadores, de Beto Brant) pois, quando se fala em violência no sertão, é costume re-

elas, qual a quantidade de sangue aceitável ao lado de corpos recém baleados. Esse foi um dos temas sobre os quais

Além de investigar (e até denunciar) o mundo da pistola-

diretor e equipe de Homens com Cheiro de Flor tiveram de

gem, Homens com cheiro de flor tem uma narrativa ágil,

se posicionar durante a preparação para a gravação das ce-

com apelo comercial. Quanto à caracterização dos perso-

nas. Como na maioria das decisões, o que interessa não é

nagens, o diretor Joe Pimentel explica que teve a preocu-

só a correspondência com o real, mas também o efeito que

pação de evitar o estereótipo do sotaque nordestino e re-

se quer causar. Sabe-se que quanto mais sangue, mais cho-

afirma a busca por uma “dimensão mais popular do filme”,

cante será o resultado na tela. Apesar da fotografia ameni-

ou uma comunicação maior com o público. Sua exibição no

zar o vermelho vivo, a opção final é de manter certo come-

Cine Ceará, em um Theatro José de Alencar lotado, teve de

dimento na quantidade de líquido derramado. Quanto às

fato ótima recepção do público que prestigiou os filmes lo-

mortes, entretanto, não há moderação: são mais de quinze

cais. Há grande expectativa quanto à repercussão da obra

assassinatos no decorrer do filme.

quando estrear nos cinemas do país...

As imagens foram captadas com câmera digital. Antônio Luis

O cinema cearense, que descobriu o já tão comentado fi-

Mendes aceitou a difícil tarefa de tentar fugir das limitações

lão de filmes espíritas (com Bezerra de Menezes- diário de

impostas pelo material, dando ao filme uma identidade visual

um espírito), pode estar reinventando um tema, ao dar aos

em conformidade com o tema. O resultado é marcante, desde

pistoleiros do sertão um tratamento típico de “nordestern”.

a primeira cena. O diretor de fotografia explica que a opção

Embora o diretor insista em citar como sua inspiração os

foi por “descarnar” as cenas, retirando o glamour da cor, com o

irmãos Coen e Sérgio Leone, vem facilmente à lembrança,

objetivo de imprimir na tela a crueza da violência.

pela “naturalidade” das mortes e até pelos avanços e retrocessos do tempo da história (como em Pulp Fiction ), o

O enredo traz a história de três pistoleiros. Deodato (Joel-

nome de Tarantino (apesar do cuidado de Joe em não es-

son Medeiros), que deseja abandonar o ofício, Zé Galego

banjar sangue).

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>cinema

No XXI Cine Ceará, Victória Pozzan e Guilherme Tortolio, o casal interpreta Raquel e Miguel, dois jovens expostos à violência, que precisam reagir a ela.

novos roteiros. Para lê-las, basta abrir o jornal do dia. Em cinco de janeiro desse ano, por exemplo, foi notícia a morte de Mainha, tido como responsável pela execução de pelo menos 40 pessoas e considerado “o maior assassino de aluguel” do Nordeste. Só que a relação entre realidade e ficção foi mais estreita ainda. As últimas cenas do longa foram rodadas em O diretor Joe Pimentel apresenta o filme na estreia, no palco do TJA.

frente ao Colégio Sagrado Coração de Jesus, no Centro de Quixadá. Algumas horas antes disso, há poucos quilômetros dali, na cidade de Banabuiu, dois pistoleiros

O Encontro da Realidade com a Ficção

tentaram executar um policial militar e foram mortos no confronto. Para o espanto de todos as fotos dos corpos mostravam uma quantidade de sangue bem maior do que na representação fictícia, e vermelho vivo.

Tanto o roteirista, Emmanuel Nogueira, quanto o diretor, Joe Pimentel, contam que um dos motivos pelo qual o assunto despertou seu interesse foi o de seu imaginário, durante a infância, ter sido alimentado por histórias de acertos de contas no interior do Ceará. É interessante lembrar que o interior do nordeste tem características similares ao “velho oeste”, que serviu como cenário para os westerns ou filmes de caubói dos Estados Unidos. A terra seca, isolada dos centros urbanos, é um lugar “sem lei” ou, explicando melhor, no caso do Brasil, sob a “lei” dos chamados coronéis que, através de jagunços ou matadores, fazem com que seus interesses prevaleçam. A terra árida é também um retrato do homem, como já se via em Os Sertões, de Euclides da Cunha. Mas, para conhecer melhor o universo dos personagens, a fonte de pesquisa bibliográfica foi o livro Como se fabrica um pistoleiro, de Peregrina Cavalcante. E há muitas histórias que ainda podem servir como inspiração para

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Em cena do filme, Custódio e Romana (Aury Porto e Simone Iliescu).

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>cinema

Roteiro e produção premiados

O roteiro, desenvolvido ao longo de cinco anos, chegou ao 22º tratamento (cada tratamento é uma nova “versão” trabalhada da história), e foi desenvolvido a partir de 2004, quando o argumento foi selecionado, entre 562 concorrentes, no Concurso de Apoio ao Desenvolvimento de Roteiros Cinematográficos Inéditos de Longa-Metragem, do Gênero Ficção, realizado pela Secretaria do Audiovisual, do Ministério da Cultura. A aprovação permitiu a realização de pesquisas teóricas e de campo. Em 2008, Homens com cheiro de flor conquistou o primeiro lugar no Edital de Baixo Orçamento do Ministério da Cultura. Em 2009, ficou com a única vaga na categoria produção para longa-metragem no VI Edital de Cinema e Vídeo da Secretaria de Cultura do Estado do Ceará (Secult). E, em 2011, o roteiro recebeu o prêmio de sua publicação em livro (Edital das Artes da Secretaria de Cultura de Fortaleza -Secultfor -, na área do audiovisual). Raquel foi interpretada por Victória Pozzan, 14, jovem atriz cearense em seu primeiro longa-metragem.

“Sangue” comestível

Claro que o enquadramento da câmera não vai mostrar os colchões.

O maquiador Cristiano Pires, que fez o trabalho de “transformar” alguns atores em corpos, dando a eles a aparência de mortos, explica que o sangue que vemos na tela é industrializado, vendido já pronto por indústrias de maquiagem, mas pode ser fabricado artesanalmente. Nesse caso, usa-se mel e corantes vermelhos comestíveis, o que torna o “sangue”, inclusive, ideal para vampiros, pois pode ser ingerido. C

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>por amor aos animais

“Tem que ter consciência de que está levando um ser vivo para casa. E, como todo ser vivo, tem suas necessidades. Algumas pessoas, quando se dão conta da despesa e do trabalho que vão ter, abandonam o bicho. Tem que amar e saber que, a partir daquele dia, você se torna responsável por ele. Outra coisa importante é lembrar que animais de grande porte precisam de espaço. Então, o ideal para quem mora em apartamento é ter animais pequenos.” Michel já perdeu a conta de quantos gatos e cachorros tirou da rua. Uma vez, salvou dois gatinhos recém nascidos depois de vê-los ser deixados, de dentro de um carro, na rua movimentada. Clarisse, mãe de Isadora, também cuidou de dois gatinhos. Um foi adotado, outro não sobreviveu, o que a entristece sempre que recorda.

A decisão de adotar um cão ou um gato: aprendendo sobre tolerância e amor Se você está em dúvida quanto a adotar um gato ou um cachorro, que tal pedir a opinião de quem sabe cuidar dos dois? Michel Krueger, professor da Estácio - FIC, e Clarisse Ilgenfritz, publicitária, sabem muito bem o que é a responsabilidade de adotar um animal e têm muito a ensinar sobre isso. Michel, para começo de conversa, explica que quis ficar com Shitara, sua gata preta, porque gatos pretos são, algumas vezes, maltratados, devido à crendice de que trazem azar. E fala, sobre ela: “A Shitara parece uma pantera negra, com lindos olhos verdes”. Michel demonstra amor e cuidado especial por todos seus bichos de estimação. Além

Michel Krueger brinca com sua cachorra Pepê (Penélope Charmosa).

de Shitara (de 5 anos), tem mais dois gatos: Tom , 12, e Lion, 2. A última a se juntar à família foi a cachorrinha Penélope Charmosa (Pepê), de nove meses.

Cão ou gato? Tanto Michel quanto Clarisse, que tem duas gatas, Ju-

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Michel aconselha aos interessados: “Nunca adote um animal

lia (Juju), 10, e Serafina, 4, mais o cachorro Tuca (Antonio

para presentear, para experimentar, para agradar alguém.

Carlos), 3, afirmam que não saberiam mais viver sem seus

Isso não será suficiente para aguentar o bicho no dia a dia.

bichos. Michel aconselha, com conhecimento de causa:

Bicho não é objeto que você tranca ou prende e acha que

“Se quiser um bicho que não dá muito trabalho, os gatos

está tudo bem.” A veterinária Dayane Farias De Paula, com

são perfeitos. São limpos, higiênicos, silenciosos. Cachorro

especialidade em clínica de pequenos animais, concorda:

sempre será aquele bicho que precisa de atenção, de levar

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>por amor aos animais

Isadora com a gata Serafina.

Michel Krueger com Pepê, quando ela havia sido recém adotada.

pra passear, etc. O cão exige muito mais do dono.” Mesmo

bichinho de estimação é tudo de bom para uma criança.

assim, a veterinária Dayane comenta que as pessoas cos-

Traz generosas doses de noção de vida, a responsabilidade,

tumam preferir os cães, por que são mais apegados, nem

o amor, o cuidado, e inclusive a importante noção de fini-

todo mundo gosta do jeito independente dos felinos. Po-

tude, pois os bichinhos têm um ciclo de vida menor que o

rém, cita a sua gatinha Suri, na defesa de que os últimos

nosso.”

também sabem ser carinhosos. Michel explica o “jeito” dos gatos: “Eles demonstram, sim, carinho e afeto pelo dono, ao modo deles. Meus gatos nun-

Comprar ou adotar?

ca me deixam só. Se estou na sala e vou para o escritório,

Michel conta que, apesar de amar os labradores, sentiu-

eles acordam, e vêm para o lugar em que estou. Quando

-se na obrigação de adotar um vira-lata que, no caso, foi a

viajo, minha empregada diz que ficam miando pela casa.”

Pepê, e esclarece: Penso que amigo não se compra, amigo

E complementa: “Os gatos ficam muito próximos à você,

se adota.” Ele define os SRD (sem raça definida) como “ani-

principalmente quando se está triste. É como se quisessem

mais brilhantes”, que têm a vantagem de dificilmente ado-

dizer ‘olha, seu amigo está aqui’.”

ecer, pois são mais fortes. Clarisse é mais incisiva, sobre a adoção, quando exclama “Adote! Nada de comprar!” Ambos

Isso não devia surpreender ninguém, haja vista que há pes-

criticam o mercado de compra e venda de filhotes, pois o

quisas científicas indicando a inteligência e complexidade

consideram fonte de maus tratos.

da relação dos gatos com seus donos. Para os pesquisadores da Universidade de Viena, o tipo de relacionamento que

Michel ressalta a responsabilidade assumida ao adotar um

existe entre homens e gatos pode estar mais próximo da

bicho: “Eu mudo os planos em função dos meus bichos.

relação entre humanos do que se imaginava, pois depende

Deixei de fazer concursos, cancelei mudanças de cidade...”

diretamente de muitos fatores, como a personalidade, sexo

Mas também há compensações, que Clarisse descreve: “Eu

e idade de felinos e donos, de sentimentos pontuais e do

posso afirmar que não há remédio melhor para uma deprê,

tempo de convivência.

por exemplo, do que sentar no chão e brincar com seu cachorrinho, ou seu gatinho, ou mesmo ficar curtindo toda

Os donos têm mesmo muitas histórias para contar. Clarisse

contemplação zen da sua gata veterana... É uma beleza.

lembra que... “quando a Isadora nasceu, a Juju até ficou en-

Uma casa é uma casa de verdade quando tem bichinhos de

ciumada, mas foi uma fase, depois tudo se ajeitou.” Como

estimação.” Enfim, não só as crianças que aprendem com o

mãe, está muito feliz com o resultado: “Minha filha nasceu

amor pelos animais domésticos. Assumir a responsabilida-

com bichos por perto e hoje em dia é uma menina doce

de e o cuidado para com eles, nossos companheiros nessa

que ama bichos - todos, sem exceção - o que é um exce-

jornada, é uma demonstração de responsabilidade, maturi-

lente caminho para a tolerância e o amor em geral. Ter um

dade e afetividade pela natureza e por nós mesmos. C

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>comportamento

Relações de terror você está casada(o) com um(a) líder extremista? por Sarah Carneiro

Há cinco anos, eu estava num treinamento de psicologia de emergência, tendo aulas sobre o terrorismo e como seu método impactava pessoas, comunidades e países inteiros. Dentre muitos questionamentos, ouvia-se: Como alguém pode não ter senso da realidade? Não ter a noção de certo e errado? Como pode abrir mão da própria vida? Não é a luta pela sobrevivência um instinto animal básico? Um dos colegas, um militar estrangeiro, disse exasperado: “o terrorista é uma bomba programada para explodir. Há líderes neste exato momento recrutando e treinando pessoas para fazer os mais elevados sacrifícios por crenças completamente sem sentido”. E uma psiquiatra comentou “ele não faz isso porque é mau ou porque é psicopata, mas porque foi alvo de lavagem cerebral, um líder terrorista tem seus métodos para fazer com que qualquer um faça exatamente o que ele quer”. Neste ponto, um homem disse brincando: “pois, doutora, preciso entender isso direitinho e praticar hoje mesmo com minha esposa”. Todos rimos e eu pensei: “ora, mas já não é isso que muitos cônjuges vêm fazendo?!”. Logo me lembrei da história de uma senhora que atendera um ano antes. Vamos chamá-la de Marta . Na casa dos 40 anos, era bonita, bem vestida, articulada e não trabalhava fora. Tinha casado grávida aos 17 anos e seu filho já não morava com os pais. Marta me disse que procurara ajuda porque não conseguia dormir, tinha dores de cabeça todos os dias, não conseguia se concentrar, chorava sem motivo, já tinha feito “mil exames, que não davam nada”. Me contou sobre os médicos que consultara e colocou em cima da mesa os resultados de exames. Eu lhe perguntei desde quando se sentia assim. Ela disse baixinho: “desde sempre” e desatou a chorar.

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Muito devagar, Marta começou a contar que, desde o segundo ano de casamento, seu marido começou a “ficar diferente”, passou a criticar sua família e seus amigos, tratando-a com frieza e insensibilidade, proibindo-a de fazer cursos ou trabalhar fora, criticando-a em cada pequena coisa. Por fim, ela disse “sinto que passei todos esses anos pisando em ovos, que nunca vou ser boa o suficiente para agradá-lo, que fracassei como esposa... eu sou mesmo um fracasso”. Eu me perguntava: Como alguém pode não ter senso da realidade? Como pode abrir mão da própria vida? Não é a luta pela felicidade um instinto humano básico? O que a fez ficar com ele por mais de 20 anos? A realidade é que Marta, como milhões de outras mulheres, vinha sofrendo violência psicológica e moral durante todos esses anos, e seu marido, tal qual nosso líder extremista, tinha empreendido uma campanha de lavagem cerebral tão longa e intensa que ela acreditava ser a única culpada por tudo o que ele fazia com ela.

Identifique a lavagem cerebral, passo a passo 1) AFASTAR A PESSOA - Da família, amigos, colegas de trabalho. As críticas e desconfianças são frequentes e a pessoa acaba por perder o contato com o mundo exterior, rompendo laços, sem uma rede de apoio. 2) CRIAR DEPENDÊNCIA - Uma vez afastada de todos, a pessoa encontra no abusador sua única fonte de apoio, cuidado, referência. O que ele diz é lei. 3) PROPAGANDA - Exatamente como um líder extremista, o abusador começa a incutir na vítima crenças de inferioridade, incapacidade, feiúra, despreparo, enquanto apresenta-se como a única saída. 4) EXIGÊNCIAS - Começa aqui uma infindável lista de exigências que sempre aumentam, como sair do trabalho, parar os estudos, se vestir desta ou daquela maneira, não falar de tal jeito, etc. 5) PERMANENTE ESTADO DE ANSIEDADE E RECEIO DE CASTIGO IMINENTE - Com tantas exigências, a vítima passa a viver em permanente estado de ansiedade e vigília. Nunca se sabe quando um novo ataque de fúria pode acontecer, o abusador muda de humor como quem troca de roupa. E a “montanha-russa” emocional tem o objetivo de manter a vítima confusa e sem reação. *Mas você pode perguntar: Não há mulheres abusadoras? Sim, infelizmente há cada vez mais mulheres se valendo das mesmas “técnicas” de controle ou até usando variantes mais próximas do ciúme, do papel de coitadinha ou de doente, mas pesquisas apontam que 95% dos abusadores ainda são do sexo masculino. O que faz das mulheres 19 vezes mais vulneráveis do que os homens a este tipo de violência. C

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>gôndola

Bellelight A Betânia reforça ainda mais o seu ideal de oferecer alimentos saborosos e que fazem bem com o lançamento de Bellelight, uma novidade rica em nutrientes, com zero gorduras e zero açúcar adicionado. Com essas qualidades, Bellelight é feito especialmente para ajudar você a manter ou melhorar a forma física de maneira saudável. E o melhor de tudo é que Bellelight pode ser encontrado nos Mercadinhos São Luiz, nos sabores morango e ameixa, em três tipos de embalagem (900g, 400g e 180g). Aproveite para incluir Bellelight no seu dia a dia e experimente levar uma vida leve, com muito mais sabor.

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>check out

O Ceará Surpreendente por Nazareno Albuquerque “A miséria me impede de acreditar que tudo vai bem sob o sol” Albert Camus

- Sedia o segundo maior porto brasileiro de embarque de frutas, o do Pecém. - Sedia o maior fabricante de cachaça do Brasil, o Grupo Ypióca, uma história de mais de 160 anos da Família Telles. - Um dos quatro maiores polos de turismo do Brasil, graças à natureza que Deus nos deu. - É do Ceará uma das três maiores empresas brasileiras de criação de camarões, com sede em Acaraú, no interior do Ceará.

Admiro as instituições de pesquisa do país. O IPEA é uma delas. O trabalho do CAEN, da Universidade Federal do Ceará, merece destaque. A Fundação Getúlio Vargas é outra referência. Um dos últimos estudos que acompanhei e mereceu ampla divulgação foi sobre o quadro da pobreza no Brasil. Economista e sociólogo brasileiros adoram estatísticas sobre a pobreza, que efetivamente existe no Brasil, mas que ganham disparado nas teses de doutorado daquelas que realçam o sucesso de brasileiros empreendedores, na cidade ou no campo. Um dos dados enfatizados foi a colocação do Ceará entre os indicadores da miséria nacional. Nosso Estado é o terceiro em número de miseráveis no Brasil, indicam as pesquisas.

- É conterrânea a maior fábrica brasileira de eletrodomésticos da chamada linha branca, a Esmaltec, do Grupo Edson Queiroz.

Mas a realidade também mostra que nem tudo é miséria no Ceará. Ainda bem. O problema é que as pesquisas sociais não buscam valorizar os indicadores de riqueza, de empreendedorismo, de capacidade econômica dos seus agentes, de um estado que mais que dobrou o seu produto interno bruto em uma década.

- É cearense a maior fábrica brasileira de“jeep”off road, o valente Troller, criado e desenvolvido por aqui e hoje a primeira marca do setor.

Se de um lado ainda são fortes os indicadores de miséria, que é filha da desigualdade de renda e dos desgovernos, sobretudo nas áreas da educação fundamental e secundária, de outro há indicadores invejáveis que revelam um povo empreendedor e vitorioso. Anotem: - O Ceará sedia a maior indústria latino-americana de massas alimentícias e a quinta maior do mundo: M. Dias Branco, controlada por Ivens Dias Branco. - Sedia a maior rede brasileira de varejo de remédios, a Pague Menos, do também cearense Deusmar Queiroz. - Sedia um dos três maiores grupos investidores em shoppings centers do Brasil, o Grupo Jereissati. - O Ceará também é sede da maior empresa de limpeza urbana, com capital 100% nacional, o Grupo Marquise, comandado por José Carlos Pontes.

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- Também é nossa uma das três maiores incorporadoras imobiliárias do Nordeste, a BS Par.

- É do Ceará o maior engarrafador e distribuidor de água mineral do Brasil, também o Grupo Edson Queiroz. - É ainda do Grupo Edson Queiroz a maior distribuidora de gás de cozinha do Brasil, um grande jequitibá empresarial plantado por Edson Queiroz.

- É também do Ceará o maior parque aquático do Brasil, o Beach Park, num setor em que poucos deram certo no país, mesmo as multinacionais. Méritos para Arialdo Pinho e Ednilton Soarez. - O cearense grupo J. Macêdo orgulha-se de Dona Benta, uma das marcas mais valiosas da América Latina. Este é o outro lado do Ceará que precisa ser investigado pelos cientistas em suas teses de doutorado ou pelas instituições governamentais. E como ele é rico em talentos, desbravadores, empreendedores, pioneiros, executivos capacitados e trabalhadores competitivos! A propósito, parabéns Maria de Fátima Santana, da pequena Tamboril (Ce), por ter sido eleita Mulher Brasileira Empreendedora, prêmio Negócios Coletivos. Maria de Fátima lidera no município a Associação Tamboriarte. O social que ela faz na sua comunidade em trabalhos de crochê e renda nos dá a esperança de acreditar que a miséria está ficando mais distante. C

“Quem tem coragem e fé nunca perecerá na miséria” Anne Frank, no seu Diário

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