História da minha cidade - Sr. Albino Ferreira

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MEMÓRIAS DA MINHA CIDADE

HISTÓRIA DA MINHA VIDA

Albino de Pinho Ferreira 2012

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“Enfim, sou uma pessoa feliz!”

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Nasci a 29 de Setembro de 1943, no lugar de Santo Estêvão, Arrifana, concelho de Santa Maria da Feira e aos 6, 7 anos frequentei a escola neste lugar. Prosseguindo o desenrolar da minha triste vida, lembro-me que durante a minha vida escolar, passei fome, peste e guerra. Queríamos comer, roupa para vestir, sapatos para calçar e não havia. Cheguei à 3ª classe, com a idade de 9 anos comecei a trabalhar. O meu pai trabalhava e ganhava um ordenado de miséria. Semanalmente ganhava 40 escudos e tinha que manter 14 filhos. Mais tarde éramos 18 irmãos. Foi então que a minha vida se alterou e comecei a trabalhar de sol a sol para ganhar 20 escudos por semana. Saía de casa às 7 horas e 30, mal vestido, descalço tanto de inverno como de verão e foi assim até aos meus 18 anos. Passei muita fome, tal como os meus irmãos, mas com o passar dos anos a vida foi melhorando e aqueles dias de fome e de grande miséria passaram a ser uma má recordação. Aos 18 anos comecei a namorar e de seguida veio o serviço militar, assentando praça em Aveiro. Ao fim de 3 meses fui para Lisboa, onde tirei a especialidade de artilharia anti-aérea.

De seguida fui mobilizado para Angola durante 20 meses.

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Ao fim desse tempo fui fazer uma missão de emergência de 10 meses para Moçambique. Na ida para lá demorei 9 dias + 3 dias para chegar à cidade da Beira. Eram 300 soldados e tinham 24 horas de serviço seguidas.

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A escrever uma carta para a minha namorada

Um dia fomos comer às 24 horas e o oficial do rancho disse-nos que não comíamos porque tínhamos andado a passear. Tivemos que justificar que estávamos de serviço.

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Nas horas livres jogรกvamos futebol.

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No fim do serviço militar regressei à Metrópole e comecei uma nova vida.

Continuei o namoro com a mulher com quem ainda estou hoje casado.

Casei-me a 25 de Novembro de 1967, e a vida foi correndo normalmente.

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Depois, vieram os dias de grande felicidade com o nascimento da primeira filha a 22 de Marรงo de 1970. Mais tarde, a 19 de Setembro de 1975 nasceu a minha segunda filha.

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Fui vivendo remediadamente bem a minha vida, que agradeço a Deus por me ter ajudado pela vida fora. Chegou então o momento em que as filhas se casaram e construíram as suas vidas com a graça de Deus. Entretanto chegaram momentos de grande tristeza que foi a morte dos meus pais. Mas o dia mais triste da minha vida foi quando fui atingido por um acidente Vascular Cerebral, que afectou bastante a minha vida. Exerci a profissão de sapateiro até aos 55 anos, altura em que me reformei por doença. Hoje sinto-me um homem realizado, com a ajuda da minha mulher, que tem sido o meu braço direito no decorrer da nossa vida conjugal, graça a Deus.

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Posso dizer que apesar de todas as contrariedades sou uma pessoa alegre, gosto de conviver, cantar fados, cantigas portuguesas, de teatro, gosto de passear.

A cantar fado

Enfim, sou uma pessoa feliz!

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Numa peรงa de teatro

No Curral das Freiras, Madeira com a minha esposa

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Anedota: Na escola a professora perguntava sempre o que os alunos comiam. Uns carne, outros bacalhau com batatas e quando o Sr. Albino respondia dizia sempre que comera sopa. Certo dia, o Sr Albino disse ao pai que já não ia mais para a escola. O pai perguntou-lhe porquê. Ele respondeu que os outros diziam que comiam carne e arroz, bacalhau e batatas e que ele comia sempre sopa. O pai então disse-lhe: Quando o professor perguntar o que comeste diz-lhe que comeste faisão (ele nem sabia o que era faisão). Ao responder à professora, ela perguntou-lhe Faisão, e então comeste muito? Se comi! Comi 3 tigelas.

Albino de Pinho Ferreira

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