Amazônia Maranhense

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A Reserva Biológica do Gurupi como instrumento de conservação da natureza na Amazônia Oriental Walter Cabral de Moura, Juliana Cristina Fukuda, Evane Alves Lisboa, Beatriz Nascimento Gomes, Sérgio Lisboa Oliveira, Marluze Pastor Santos, Adriana Soares de Carvalho, Marlúcia Bonifacio Martins

Histórico e ameaças à Rebio do Gurupi Até meados da década de cinquenta do século passado, a porção oeste do Maranhão, localizada entre as bacias dos rios Gurupi e Pindaré, quase no extremo oriental da Amazônia, era uma das regiões menos conhecidas, menos exploradas e menos habitadas do Brasil. Cinquenta anos depois, a região continua sendo pouco pesquisada, mas sua cobertura florestal está reduzida a menos de 25 % da original, e a maior densidade demográfica da Amazônia legal é encontrada no Maranhão. Mais uma vez, a exploração predatória e o crescimento desordenado foram mais rápidos e mais efetivos que o ordenamento territorial de uma área. Como se deu esse processo? Como uma área de preservação pode ser um instrumento para reverter esta situação ou, pelo menos, impedir que seu prosseguimento leve à total irreversibilidade das extinções? É o que procuraremos responder neste capítulo. A região começou a ser integrada ao território nacional a partir da construção da rodovia BelémBrasília, período em que o país passou por grandes mudanças. A instalação de um parque industrial automobilístico, e a própria construção da nova capital federal – então em andamento – exigiam a abertura de novas estradas. Essa época coincidiu com o esgotamento da atividade madeireira no Espírito Santo, que ganhara impulso a partir do declínio das florestas de araucária do Paraná. Estava aberta, portanto, uma nova fronteira agro-silvo-pastoril, que escapara incólume a todas as anteriores ondas colonizadoras da Amazônia, por estar resguardada pela dificuldade de acesso, falta de rios navegáveis e presença de indígenas hostis. Com a abertura da estrada Belém-Brasilia (BR 010) o município de Imperatriz, às margens do rio Tocantins, ficou na rota da nova rodovia e tornou-se o principal polo da região, substituindo o município de Carolina, um tradicional ponto de apoio do correio aéreo nacional. A cidade viu-se dotada, do dia para a noite, de uma atividade econômica intensa, que atraiu grande contingente de população e estimulou acelerado processo de grilagem de terras, com seus conflitos agregados. A construção de outra estrada, a BR-222, ligando a rodovia Belém-Brasília a São Luís, favoreceu ainda mais toda essa dinâmica socioeconômica, adicionando novas fronteiras madeireiras e fazendo


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