Amazônia Maranhense

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Conclusões A floresta amazônica maranhense, do ponto de vista estrutural, é bastante semelhante à floresta úmida amazônica – a densidade média de árvores é em torno de 570 indivíduos por hectare, com 37 famílias e cerca de 100 espécies; cerca de 50 % das famílias botânicas estão representadas por uma única espécie, e 20 a 30 % das espécies com um único indivíduo. Por outro lado, observa-se uma grande concentração de indivíduos em algumas poucas famílias e espécies que seriam dominantes, o que não é comum numa floresta amazônica típica, porém, a presença de muitas outras famílias e espécies pouco representadas evidencia a diversidade na área. As famílias que se destacaram em número de espécies e de indivíduos foram Leguminosae, Sapotaceae, Moraceae, Burseraceae, Sapindaceae, Euphorbiaceae, Apocynaceae, Annonaceae, Lecythidaceae, Rubiaceae, Lauraceae, Bignoniaceae, Meliaceae e Rutaceae. Espécies de grande porte, como Piranhea trifoliata (piranheira), Cenostigma tocantinum (caneleiro), Hymenaea courbaril (jatobá), Spondias lutea (cajazinho), Copaifera reticulata (copaíba), Hymenaea parvifolia (jatobá-curuba), espécies com grande densidade de indivíduos como Protium tenuifolium (amesclão), e espécies raras como Tabebuia impetiginosa (ipê-roxo), Tabebuia serratifolia (ipê-amarelo), Parkia sp (faveira), Astronium gracile (muiracatiara), Eschweilera amazonica (juruparana), Apuleia leiocarpa (amarelão), Lecythis usitata (jarana), Didymopanax morototoni (morototó), entre muitas outras que respondem pela grande diversidade dessas áreas. A retirada da vegetação florestal implica de imediato em uma simplificação do habitat, interferindo com os padrões de raridade e abundância das espécies. Por isso, na floresta secundária percebe-se claramente as alterações na composição florística, na diversidade e na densidade relativa de algumas famílias e na biomassa. Famílias como Leguminosae-Mimosoideae, Lauraceae, Burseraceae e Rubiaceae, típicas de ambientes menos perturbados, apresentam diminuição do número de indivíduos à medida que a cobertura florestal diminui, enquanto aumentam os indivíduos de outras típicas de ambientes mais abertos como as Celastraceae, Melastomataceae, Arecaceae, Myrtaceae e Cecropiaceae. Estas áreas florestais perturbadas propiciam um espectro de condições ambientais muito variado, e essa heterogeneidade ambiental exerce um forte efeito seletivo, atestado pela ocorrência de espécies exclusivas, ou pelo registro de um maior contingente populacional nestes ambientes (NUÑEZ-FARFAN; DIRZO, 1988). Além disso, tem sido observado também que o nível de exploração da floresta influencia o número de indivíduos total e por classe de tamanho da regeneração natural, propiciando um aumento no número de indivíduos, de gêneros e de espécies pioneiras e secundárias, quanto maior for a redução da densidade da floresta. Também o padrão básico de distribuição de tamanho das populações é modificado e deve ser considerado, na avaliação do status sucessional da floresta.

135 Amazonia Maranhense: diversidade e conservação

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