Amazônia Maranhense

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raras. De acordo com Hubbell e Foster (1987), pouco mais de um terço de todas as espécies da floresta tropical fazem parte desta categoria, sendo a baixa densidade da maioria das espécies arbóreas, que caracteriza a floresta tropical, uma consequência da alta diversidade específica (LIEBERMAN, N.; LIEBERMAN, D., 1994). Também, de acordo com Fedorov (1966), o número de espécies por unidade de área é muito alto nas florestas tropicais úmidas, embora todas as espécies estejam representadas por populações esparsas, sendo a densidade da maioria, em geral, muito baixa. De acordo com Mori et al. (1989), um número relativamente pequeno de espécies contribui para a maior parte do valor de importância de uma floresta, e muitas espécies estão representadas por um ou poucos indivíduos por hectare. Pires e Koury (1959) afirmaram que a flora amazônica é tipicamente variável, onde algumas espécies são raras, outras habitam áreas muito restritas, algumas podem ser dominantes em determinados locais ou, ainda, amplamente distribuídas, apresentando como caráter generalizado poucas espécies abundantes e muitas espécies raras, o que resulta na elevada riqueza de comunidades arbóreas na Amazônia. Black, Dobzhansky e Pavan (1950) calcularam que o número de indivíduos de muitas espécies na região seria menor que um ind.ha-1; Dantas (1980) e Almeida (1993) registraram, respectivamente, que cerca de 40 % e 68 % das espécies estavam representadas por somente um ind.ha-1. Ainda de acordo com Almeida (1993) os padrões de raridade e abundância das espécies devem ser analisados tanto pontualmente, como num contexto mais amplo de distribuição geográfica regional, pois podem estar relacionados a aspectos fitogeográficos, taxonômicos e evolutivos, posto que os condicionantes ambientais nem sempre são suficientes para explicar a grande diversidade de espécies e padrões de ocorrência nos trópicos úmidos (HUBBELL; FOSTER, 1987). Quanto à densidade e à frequência relativas, tomando-se as primeiras espécies nestes parâmetros, observou-se que na área de floresta nativa os valores não foram muito diferentes, com exceção de Neoraputia magnifica var. robusta e Piranhea trifoliata. De um modo geral, as espécies foram representadas por poucos indivíduos, bem distribuídos na área, o mesmo sendo observado na floresta manejada, exceto para Neoraputia magnifica var. robusta. Heinsdijk e Bastos (1963) afirmaram que, apesar das variações de uma área para outra, a principal característica da floresta tropical úmida é o grande número de espécies e que, caso uma ou algumas espécies se apresentem com frequência elevada, isto será apenas um aspecto local. Prance, Rodrigues e Silva (1976) e Pires e Prance (1977) também demonstraram que as espécies arbóreas variam consideravelmente em sua abundância de local para local dentro de suas áreas de dispersão. Tais padrões de abundância não podem ser interpretados até que se compreenda como as populações arbóreas estão distribuídas no espaço e quais fatores controlam suas distribuições. Hubbell (1980) e Uhl e Murphy (1981) encontraram que a maioria das espécies arbóreas na floresta tropical da Costa Rica são agregadas em sua distribuição. Vários outros autores (PIRES; RODRIGUES; SILVA, 1953; POORE, 1968; GREIGSMITH, 1979; HUBBELL, 1980; THORINGTON; JÚNIOR, 1985) estudaram os padrões de dispersão espacial das árvores em florestas tropicais e indicaram que muitas populações arbóreas tropicais são distribuídas ao acaso, outras são agregadas e, muito poucas são amplamente dispersas. Com relação à dominância relativa, cujos valores são mais dependentes da biomassa, avaliada pela área basal dos indivíduos, as duas primeiras espécies na área de floresta nativa foram Piranhea trifoliata

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