MURAL 61

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entrevista

24 revista mural | Florianópolis mudou muito desde a sua infância na Barra. Como você avalia o rumo que a cidade está tomando neste novo século? valdir agostinho | Tá muito complicado. Tem essa facilidade de consumo, mas acho que a cidade não está sendo bem conduzida. Porque o dinheiro constrói, mas também destrói coisas belas, como já disse o Caetano. Há cinquenta anos o Franklin Cascaes já dizia que não podia mais entrar um só tijolo na Ilha. E o problema é que a cidade cresce, mas a cultura daqui diminui. Não tivemos Carnaval esse ano, tinha lotérica na Barra, tinha banco na Barra, mas agora não pode ter, porque a bandidagem veio para cá com tudo. Floripa é linda, mas beleza não é tudo e não dá para ignorar o que está acontecendo. Basta ver a Lagoa da Conceição, com algas gigantes e cheirando mal, puro esgoto. Aí você olha e tem várias mansões na beira dessa Lagoa totalmente poluída. Não combina. E as pessoas, conduzidas pela mídia, estão se padronizando e isso é uma coisa horrível, porque todo mundo quer ter sua própria mansão. Ainda tem a intolerância, o racismo, o problema da água. A gente ainda tem que evoluir muito como ser humano. Eu acho que é hora de simplificar. Quem souber viver de um jeito simples vai se adaptar melhor a esse mundo que vem por aí. É o que eu penso.


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