O Biólogo nº 5 2008

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Em Foco

Um Biólogo na Direção do Parque da Luz

O biólogo André Camilli Dias na frente da Casa do Administrador do Parque da Luz, tombada pelos órgãos de patrimônio histórico. Inaugurada em 1901 para moradia da família de Antonio Etzel, administrador dos jardins públicos praças e áreas verdes da época. Foi nesta Casa que começou todo o trabalho de manejo de áreas verdes no início do séc.XX, arborização urbana da cidade e viveiro de mudas.

A gestão ambiental de áreas verdes públicas e particulares é um ramo de atuação muito atraente para o biólogo desenvolver-se profissionalmente. Fomos conhecer o trabalho do jovem biólogo André Camilli Dias, que atua nesse ramo como Diretor do Parque da Luz, um dos mais emblemáticos parques municipais de São Paulo. Desde junho de 2005, ele ocupa esse importante cargo, que reúne as funções administrativas, gestão ambiental, e tudo o mais que se relaciona com o melhor funcionamento e aproveitamento do parque público mais antigo da cidade. Da Biologia ao Parque da Luz Apesar do seu interesse logo cedo por plantas, assim que terminou o ensino médio, André não sabia qual carreira queria seguir. Como fotógrafo, aceitou um convite de trabalho no Parque Estadual de Itaúnas no Espírito Santo, na divisa com a Bahia. “O gerente do parque na época queria documentar todo o trabalho referente ao plano de manejo que iria acontecer. Fiquei um ano trabalhando lá como fotógrafo e conhecendo na prática áreas como ornitologia, mastozoologia, arqueologia, hidrologia e acabei gostando. Essa foi a informação que faltava para ter certeza de que a Biologia era o curso que deveria fazer.” Enquanto cursava Ciências Biológicas na Universidade Santa Cecília, em Santos, André trabalhou como estagiário no Instituto de Pesca. “Estava muito em contato com o mar que amo, mas queria trabalhar com florestas. Como sou pau-

listano, resolvi buscar oportunidades de trabalho na capital, transferi meu curso para a Uninove, onde terminei a graduação.” Em 2005, a Secretaria do Verde e Meio Ambiente da cidade de São Paulo (SVMA-SP) abriu uma seleção para o cargo de diretor de parques. O biólogo explica que o cargo era visto antes como uma indicação política. Entretanto, esse conceito mudou e a necessidade de um perfil técnico falou mais alto: “O atual secretário, Dr. Eduardo Jorge acredita que o parque municipal é a vitrine da Secretaria do Verde e do Meio Ambiente, assim como os hospitais e postos de saúde o são para Secretaria da Saúde, e como as escolas o são para Secretaria da Educação. Essas e as demais Secretarias procuram tratar o cargo de maneira técnica, e não simplesmente como um perfil político, mesmo porque necessitam dessa mão-de-obra especializada.” Entre os requisitos necessários para concorrer ao cargo estavam: ter curso superior e experiência comprovada, ambos na área. Ele conta que a seleção dos candidatos foi realizada pelo grupo de biólogos, agrônomos e engenheiros civis, funcionários antigos da prefeitura que trabalham no DEPAVE (Departamento de Parques e Áreas Verdes). Os profissionais selecionados passaram por um processo que envolveu cadastro de

Lago cruz de malta, o maior lago do Parque da Luz

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internet, propostas de projetos e escolha do parque, no qual gostariam de trabalhar. André explica porque escolheu o Parque da Luz como primeira opção: “Além de ser um desafio pela sua complexidade, tem um apelo particular muito forte, pois sou da região e gosto muito da cidade. Na minha profissão muitos querem fugir de um grande centro urbano, entretanto creio que São Paulo precisa muito dessa mãode-obra especializada para resgatar suas áreas verdes.” Atualmente, 70 biólogos trabalham na SVMA-SP. Conhecendo o Parque da Luz Criado no final do século XVIII, o Parque da Luz foi o primeiro jardim público da cidade de São Paulo. Incrustado no centro e ocupando uma área de 113.400 m², o Parque está ao lado da Pinacoteca do Estado, e com ela forma um dos mais interessantes pontos turísticos da capital paulista. Árvores centenárias, nativas e exóticas, espelhos d’água, gruta, mirante, aquário subterrâneo, estátuas e diversas obras de arte formam um belíssimo paisagismo. André relata que o Parque começou como um horto botânico. “Através de uma ordem régia de 19 de novembro de 1798, na época do Brasil Colônia, foi determinada a criação de hortos botânicos nos moldes do que existia então no Pará. A idéia inicial era que fosse um local de estudos para


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