Manual Mente Sã em Corpo São

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Manual Manual destinado a ser implementado por treinadores em treinos desportivos. Contém um treino de competências sociais e emocionais e dinâmicas de grupo sobre a prevenção do VIH/SIDA.

Mente Sã em Corpo São P r o g r a m a ADIS

Mente Sã em Corpo São


Projecto

Mente Sã em Corpo São Prevenção do VIH - SIDA

Programa ADIS/CNSIDA

Edição | Médicos do Mundo Largo Mário Chicó 7 7000-802 Évora tlm 96 200 4075 telef 266 761 547 www.medicosdomundo.pt mdm-evora@medicosdomundo.pt

Autoras Manuela Pires da Fonseca Helena Pinheiro Ilustração e Design | Maria Nunes, Yamonine Impressão | Recicloteca Logotipo MSCS | Luísa Fonseca criatura@sapo.pt Évora, Setembro de 2011



í ndice Informação 4 Prefácio 5-6 7 Introdução 8 Tabela Dinâmicas 9 1 “Apresentação” 10 2 “O Poço de Ar” 11 3 “A Roda Sentada” 12 4 “O Guia e o Cego” 13 5 “Eco Positivo” 14 6 “O Espelho” 15 7 “A Chegada do Desconhecido” 16 8 “Esbarra Parede” 17 9 “Actividade das Vidas” 18 10 “O Espelho de Sentimentos” 19 11 “Caos” 20 12 “O Silêncio é Frágil” 21 13 “Cadeia de Emoções” 22 14 “Onde está o Sorriso” 23 15 “Como te queres Comportar” 24 16 “De que me Protejo Eu” 25 17 “O Porquê de Arriscar” 26 18 “Quero Saber” 27 19 “Esclarecer Dúvidas” 28 20 “Os Medos” 29 21 “Os Três Cartões” 30 22 “O Agente Nocivo” 31 23 “Penso que Devias” 32 24 “O Testemunho” 33 25 “Vamos Treinar” 34 26 “Se a Resposta é Não, Então” 35 27 “Sozinhos em Casa” 36 28 “Debate” 37 29 “Concordo e Discordo” 38 30 “O Remorso” 39 31 “Que Bem Que Estás” Anexos 40-41 Testemunho 42 Letra da música Remorso “Da Weasel” 43 Órgãos Genitais (Feminino/Masculino) 44-48 Glossário


MENTE SÃ EM CORPO SÃO, um projecto sobre a prevenção do VIH/SIDA em meio desportivo financiado pelo Programa ADIS/SIDA e Médicos do Mundo 2008-2011 Parceiros

Aminata Évora Clube de Natação Associação de Moradores do Bairro do Bacelo Centro Juvenil Salesiano de Évora Clube Desportivo de Beja Évora Andebol Clube Grupo Desportivo e Recreativo Canaviais Juventude Sport Clube Lusitano Ginásio Clube Núcleo de Andebol de Redondo Redondense Futebol Clube Sport Lisboa e Évora Associação de Andebol de Évora Associação de Basquetebol do Alentejo Associação de Futebol de Évora Associação de Municípios de Évora Confederação Portuguesa das Associações de Treinadores Núcleo de Psicologia do Desporto e Actividade Física do Instituto Superior de Psicologia Aplicada

Médicos do Mundo (MdM - www.medicosdomundo.pt) é uma organização humanitária e de cooperação para o desenvolvimento que concentra a sua actuação na área da saúde, garantindo o direito efectivo de todos os seres humanos ao acesso a cuidados de saúde. A sua concretização é feita através da prestação directa de cuidados e de acções de educação para a saúde.

www.medicosdomundo.pt mdm-evora@medicosdomundo.pt AGRADECIMENTOS Agradecemos aos colegas João Blasques e Carla Fernandes, que sempre acreditaram no MSCS. A Marta Moreno e Pedro Almeida, que foram cruciais para o arranque do Projecto. A Elisabete Silva, nosso braço em Beja, ao Edgar Palminhas, pelo incentivo constante. Aos treinadores Carlos Ferreira, Antonino Camponês, António Carvalhal, António Salvador, António Serrano, Daniel Monginho, David Metrogos, Eduardo Marreiros, Faustino Macedo, João Anastácio, João Damásio, João Ventinhas, João Xavier, Jorge Malarranha, Jorge Rêgo, José Carlos Cidade, José Oliveira, Kai Kellner, Lídio Fernandes, Luís Faleiro, Luís Pintado, Nuno Damas, Nuno Domingos, Paulo Faria, Paulo Percheiro, Pedro Fialho, Rui Leal, Sérgio Cabral, Sérgio Martinho, Vasco Rocha, Vasco Vieira, aos 427 atletas que participaram nas duas edições do MSCS em Évora, Canaviais, Redondo e Beja e aos dirigentes dos 11 clubes envolvidos.

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Prefácio Um dos grandes desafios da intervenção dos treinadores, a par com a optimização do processo de rendimento desportivo, é a sua intervenção sobre o desenvolvimento pessoal e social dos praticantes num esforço em se dirigir à pessoa do atleta, procurando promover, pelo desporto e no contexto desportivo, competências pessoais e sociais com particular benefício quer nesse ambiente quer noutras esferas da vida do praticante. A actuação dos treinadores deve corresponder, assim, a uma prática profissional orientada para a formação integral dos atletas, contribuindo positivamente para a promoção do desenvolvimento de atitudes e valores, de bens de personalidade. Neste contexto, os clubes, sem alienarem a sua missão principal, deverão perceber-se como ambientes com responsabilidades para com os seus praticantes, para com as suas famílias e comunidade, conceptualizando-se como espaços promotores de inclusão social, de formação cívica, de educação para a saúde e de formação dos cidadãos. Já os treinadores, enquanto agentes significativos e com grande impacto na vida dos praticantes, devem adquirir as competências necessárias para intervirem também nestes domínios, evitando deixar o processo de formação ao acaso, desperdiçando oportunidades de contribuição, sólida e sistemática, para o desenvolvimento dos praticantes enquanto pessoas e cidadãos. Entre as preocupações transversais a todos os profissionais que trabalham com jovens, devem estar as questões da educação para a saúde e o desenvolvimento de conhecimentos, atitudes e valores, que sustentem essa educação. Reconhecemos a necessidade de promover competências fundamentais como as de comunicação, assertividade, análise e clarificação de valores, tomada de decisão, gestão de stress e de situações de conflito, competências com forte impacto quer no treino desportivo, quer em matéria de educação para a saúde. Contudo, a formação de treinadores, de qualquer grau, não aborda suficientemente o desenvolvimento de aptidões profissionais que permitam trabalhar aquelas competências, e a sua integração no processo de treino está muito dificultada na realidade do treino desportivo actual.

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Este Manual oferece aos treinadores um conjunto experimentado de dinâmicas, actividades ou exercícios práticos, com uma forte componente lúdica e motora e facilmente integráveis no quotidiano do treino desportivo, que promovem activamente competências psicossociais fundamentais com aplicação no desporto, e com particular foco numa dimensão da educação para a saúde, a prevenção do VIH-SIDA. As autoras possibilitam aos treinadores operacionalizarem a sua intervenção na área do desenvolvimento psicossocial e prevenção do VIH-SIDA, caminhando desde a área da gestão de sentimentos, emoções, da reflexão pessoal sobre si, os outros e o meio, da reflexão sobre as crenças pessoais dos jovens, até aos tópicos do desenvolvimento de competências de interacção social, de responsabilidade e cooperação. Encontramos ainda referências à confiança, à cooperação e coesão, à competição e assertividade, passando pela concentração, conhecimento do outro, reconhecimento e expressão emocional, resolução de conflitos, comunicação, auto-estima e resiliência. Conhecimentos fundamentais sobre o VIH-SIDA são também introduzidos. Com uma aproximação particularmente inovadora e experienciada e com autores claramente empenhados no serviço aos outros e ao desenvolvimento dos jovens em particular, só posso desejar que este Projecto, particularmente inspirador, se multiplique nas práticas quotidianas dos treinadores.

Professor António Rosado, Faculdade de Motricidade Humana

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introdução O Manual reúne a experiência adquirida durante o Projecto Mente Sã em Corpo São (2008/11), o qual visou a prevenção do VIH/SIDA junto de jovens que praticam desporto. Para o sucesso deste Projecto concorreram três factores: a aposta numa intervenção continuada no tempo; o desenvolvimento de acções que se acomodassem e acontecessem dentro da rotina normal dos atletas, tornando-se parte integrante dos treinos; um investimento na capacitação dos treinadores. Claro, falar de VIH significa falar de sexualidade, um tema que interessa particularmente aos jovens, especialmente num contexto em que estão agrupados por sexo, o que facilitou o nosso trabalho. O Manual contém uma série de dinâmicas de grupo, devendo o treinador aplicar cada uma delas durante um dos treinos semanais , ocupando cerca de 10-15min deste treino. Este tempo não é perdido, pois as dinâmicas contribuem para desenvolver competências que concorrem para um melhor desempenho desportivo. Cada dinâmica consiste num jogo, seguido de uma reflexão sobre o tema abordado: o Manual contém pistas para uma reflexão sobre as competências que estão a ser treinadas a nível desportivo e como elas afinal são transversais à vida (competição versus cooperação, assertividade, modos de transmissão do VIH, a pessoa infectada, etc). Todas as dinâmicas aqui reunidas foram desenhadas tendo em vista desportos de equipa que usam bola, e foram testadas em treinos de andebol, basquetebol, futebol, pólo aquático e rugby, podendo contudo ser adaptadas a outros desportos. No final do Manual encontra-se um glossário e outras fontes de informação a que o treinador poderá recorrer. As dinâmicas podem ser aplicadas segundo a ordem em que surgem no Manual, mas pode também o treinador decidir alterar esta ordem ou adaptar os exercícios. Por exemplo, no seguimento de uma derrota pode querer trabalhar a coesão da equipa e repetir uma dinâmica que trabalhe esta competência em vez de prosseguir para a dinâmica seguinte. Com modalidades praticadas ao ar livre, há também que ter em consideração as condições climatéricas: por exemplo, quando chove ou está muito frio, é preferível uma dinâmica com mais movimento; já se o exercício puder ser realizado dentro dos balneários se pode optar por uma dinâmica mais teórica. Também o número de atletas que comparece ao treino é importante: com muitos elementos presentes será melhor uma dinâmica com mais movimento, se estiverem poucos elementos, pode ser mais indicada uma dinâmica mais conversada. De vez em quando podem juntar-se dois escalões de idades próximas numa mesma dinâmica, pois os mais velhos gostam de mostrar aos mais novos que sabem mais, e os mais novos gostam de os ouvir falar. Para facilitar estas decisões, as dinâmicas são precedidas de uma tabela que sumariza as competências

mais trabalhadas em cada exercício.

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T a b e l a - CompetĂŞncias especialmente trabalhadas em cada exercĂ­cio.

Legenda: * pouco importante ** importante *** muito importante

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Dinâmica 1|

Apresentação

Descrição | Cada atleta deve apresentar-se com o formato: “Olá! Eu sou o Mário e além de futebol gosto de jogar playstation”. O treinador vai registando as actividades que os atletas vão dizendo e falando sobre elas. No final pode perguntar por exemplo que expectativas têm os atletas para a época desportiva em curso.

Competências Desportivas A identidade de grupo ir-se-á construindo ao longo de toda a época. É importante para os atletas conhecerem-se como pessoas e não só como colegas de treino. Um grupo coeso e unido, com espírito de equipa, permite trabalhar para um objectivo comum desde o início.

Competências para a Vida Descobrir os gostos dos colegas pode revelar actividades em comum, reforçando amizades. Um grupo que se conhece bem é mais unido e coeso, é um grupo que investe mais nas suas relações, e que gosta de ir treinar porque é também onde encontra os amigos.

Informação | Primeiro exercício de um Programa que inclui umas sessões mais dinâmicas e outras mais reflexivas. Começa com uma apresentação para marcar o início de um processo que ao longo da época irá aproximando os atletas. Cada exercício dura 10 a 15 minutos e deve ser integrado num treino por semana.

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Dinâmica 2|

O Poço de Ar

Descrição | Os atletas formam duas filas que se colocam em paralelo e se enfrentam; cada par dá as mãos, segurando-se firmemente pelos pulsos. Obtém-se assim uma superfície de braços sobre a qual um atleta, que ficará de fora e que agora sobe a um muro ou uma cadeira colocada num extremo das filas (não havendo nenhum sítio elevado, podem os companheiros baixar-se), se deixa cair de costas com os olhos fechados. Uma vez deitado, os participantes devem elevar o colega que têm nos braços, de modo a segurá-lo o mais alto possível, sem colocar a sua segurança em risco. O atleta elevado deve cruzar os braços sobre o peito de modo a que, ao deixar-se cair, não tenha tendência a abri-los e bater com eles nos colegas.

Competências Desportivas | A sensação

Competências para a Vida |

de queda e a confiança que o atleta tem de depositar no grupo, acreditando que toda a equipa vai dar o seu melhor; o risco, o desafio e a sensação de vencer o medo. Treino da força, equilíbrio, coordenação e coesão da equipa.

A confiança nos outros. A integração num grupo que nos protege e no qual interagimos. A facilidade com que se consegue uma sensação de risco e aventura. Consciência da confiança que depositamos em quem nos rodeia. O peso de termos a nossa vida nas mãos de outra pessoa, ou a vida dos outros nas nossas.

Dica Para quebrar o gelo, pode ser o treinador a deixar-se cair sobre os atletas, mostrando assim a confiança que deposita neles.

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Dinâmica 3|

A Roda Sentada

Descrição | O grupo forma uma fila que fecha em círculo, tendo o ombro direito virado para o centro. A roda fecha de modo a que todos estejam a tocar na pessoa à sua frente e atrás de si. Todos dobram então os joelhos, até que cada um se sinta apoiado nos joelhos do parceiro de trás. Se tal se conseguir, o grupo apoia-se a si próprio, sentando-se cada um nos joelhos do parceiro de trás. Só se consegue êxito se se mantiver a forma circular, com os braços levantados. O grupo deve aguentar nessa posição durante 10 segundos.

Competências Desportivas A confiança nos colegas de equipa. Treina o equilíbrio, a força, o espírito de equipa, a coesão, a liderança, a rapidez, a coordenação, a comunicação, tudo necessário para se conseguir o objectivo em comum da equipa. Mostra como algumas coisas só se conseguem com o esforço de todos, quando todos jogam em equipa e conseguem realizar os exercícios juntos. Competências para a Vida Ter uma família coesa é importante? Como se mantém um grupo de amigos coeso? Ter consciência de que fazemos parte de um todo e que a nossa acção pode fazer cair o conjunto. Reflectir sobre o que o grupo consegue fazer e nenhum elemento sozinho consegue. Dica: Pode ser realizado primeiro com todos os atletas, e depois divididos em grupos. Dica Pode ser realizado primeiro com todos os atletas, e depois divididos em grupos.

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Dinâmica 4|

O Guia e o Cego

Descrição | Formam-se pares de atletas: um será o guia, o outro o cego. O cego terá uma venda e a bola; o guia conduzirá o cego em silêncio, colocando a mão sobre o ombro deste. O atleta que faz de cego percorre o campo, e movimenta-se com a bola. Aos guias pede-se-lhes que levem os cegos ao longo das linhas, não tendo necessariamente que andar sempre por cima delas, podem andar aos ziguezagues ou aos círculos com eles. Podem no início andar devagar, mas assim que sintam confiança devem começar a correr. Os atletas devem trocar de função após 3-4 minutos.

Competências Desportivas | A confiança nos colegas de equipa, o receio de estar nas mãos dos outros; responsabilidade por colaborar com o outro; a dificuldade em antecipar um movimento/uma jogada. A capacidade de se conhecer o campo de trabalho e as técnicas do jogo até de olhos fechados.

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Competências para a Vida | Devemos confiar em todas as pessoas? Deve confiar-se em alguém cegamente? É importante confiar nas pessoas que nos fazem bem, é importante confiarmos na equipa, nos nossos amigos, na família, nos professores, etc. Quando confiamos podemos sair desiludidos?

Dica | O treinador também pode emparelhar com um atleta.

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Dinâmica 5|

Eco Positivo

Descrição | Os atletas, em círculo, elogiam qualidades, desportivas ou pessoais, de um colega colocado no centro, devendo todos os elementos da equipa serem elogiados à vez. O treinador também pode elogiar e ser elogiado.

Competências Desportivas | A confiança nos colegas de equipa aumenta quando os elogios e o reforço positivo entra e fica em campo. O elogio dos pares reforça a auto-estima e a coesão do grupo, sobretudo quando todos enaltecem pontos positivos da equipa. Inverter a tendência de ser mais comum criticar, que elogiar. No início da época alguns atletas podem não se conhecer, e elogiar pode ser uma maneira positiva de estabelecer confiança.

Competências para a Vida | Redescoberta das qualidades dos outros e também das nossas. A importância de elogiarmos os outros e de aprendermos a receber elogios. Elogiar significa acreditar no outro, confiar, ver os seus aspectos positivos. Muitas vezes os outros vêem-nos melhor do que pensamos. Elogiar o outro também pode diminuir a importância das suas faltas, ao focar nos seus aspectos positivos. O elogio sincero cria bom ambiente.

Dica | Pode ser necessário explicar que um elogio é sempre uma apreciação positiva.

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Dinâmica 6|

O Espelho

Descrição | Um atleta deverá ser o espelho de outro, reflectindo de forma fiel os seus movimentos, expressões e indecisões, embora só o colega tenha bola. O jogador a imitar deverá executar movimentos próprios da modalidade (driblar ao longo do campo e lançar ao cesto/rematar à baliza, fingir que finta atletas ou que faz passes). O par de atletas troca de papéis no final de dois minutos.

Competências Desportivas Estar atento ao outro; ter a capacidade de seguir os seus movimentos, ir conhecendo o outro até ao ponto de ser capaz de conseguir antecipar os movimentos e colocar-se no momento certo na altura certa (válido para colegas de equipa e adversários). Ter porém em atenção que não conseguimos conhecer totalmente o outro, o que por vezes nos leva a cometer erros (por ex, pensamos que ele vai passar para o jogador da esquerda e na realidade passa para o da direita).

Competências para a Vida Quanto mais atentos aos outros, melhor os conheceremos e melhor poderemos antecipar o que vão fazer, seja mal ou bem, podendo reagir da melhor maneira e até saber como resolver melhor os conflitos que surjam. Ser voluntário pode ser uma maneira de aprender a estar atento ao outro. A experiência de se ser voluntário proporciona momentos de aprendizagem ideal aos jovens, não só em aspectos técnicos, mas no que diz respeito à sociabilização.

Dica | Este exercício pode servir de Dica | Este exercício pode aquecimento. servir de aquecimento.

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Dinâmica 7|

A Chegada do Desconhecido

Descrição | Simulação da chegada de um novo atleta ao clube. O treinador pede ao novo jogador que vá ao encontro do capitão para receber instruções. Sendo os jogadores deste clube rivais da ex-equipa do novo jogador, vão tentar dificultar a sua entrada. O treinador escolhe quem fará de novo jogador e quem fará de capitão. O novo jogador dirige-se ao capitão e pede-lhe para entrar no treino. O capitão deve dificultar-lhe a vida, mas não aceitando nem rejeitando. Pode representar-se esta mesma situação com todos os atletas.

Competências Desportivas | Confiar em todos os elementos da equipa, não ter preconceitos, boa comunicação, ser uma equipa coesa, antecipação e gestão de conflitos que possam surgir com jogadores novos. Receber bem novos jogadores, aumenta a auto-estima de cada um, cria um bom ambiente no balneário. Divergências entre colegas de treinos ou de escola devem ser dialogadas para que não prejudiquem o desempenho nos treinos.

Competências para a Vida | No decorrer

da nossa vida conhecemos muitas pessoas, temos que as aceitar como elas são, confiar nelas, cooperar com elas o melhor possível. Seja na família, escola ou no desporto, os conflitos são problemas que podem facilmente ser resolvidos, se houver uma boa comunicação e esforço para que as relações resultem.

Dica | O capitão da equipa pode fazer de elemento novo, e o elemento mais recente da equipa pode fazer de capitão.

Pré-conceito: julgamento formado sem fundamento

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Dinâmica 8|

Esbarra Parede

Descrição | Instrução para os atletas em fila indiana: todos devem fechar os olhos, e ao toque do treinador no ombro, avançar até à parede que está à frente; só poderão abrir os olhos quando o treinador autorizar (entretanto o treinador terá escolhido um atletas a quem confidencia que deve segurar os colegas antes que estes batam na parede). Após todos os atletas terem caminhado contra a parede, repete-se a dinâmica, pedindo-se aos atletas que desta vez corram, de olhos fechados; o colega voltará a impedi-los de bater na parede. Na última repetição, os atletas da fila devem voltar a andar (e não correr), mas o treinador instrui o atleta de plantão para que não interfira, deixando os colegas chocar com a parede.

Competências Desportivas | A finalidade do jogo é desenvolver a confiança, através da sensação de segurança que se ganha cada vez que se é apanhado pelos colegas de plantão. Na última repetição, o atleta sente-se seguro, mesmo quando corre contra a parede. Discute-se esse sentimento de segurança e se o receio de esbarrar contra a parede sem qualquer protecção se desvaneceu por completo. Quando jogamos não estamos sozinhos, mas a confiança por vezes é cega. Não é por se ganhar ou perder que as coisas terão sempre que ser assim: devemos assumir que as circunstâncias podem mudar e concentrarmo-nos no que temos/somos e nos objectivos que definimos. Competências para a Vida | Efeito que a repetição de um comportamento que foi bem sucedido tem na baixa de defesas da nossa parte e consequências que este efeito pode ter por exemplo na transmissão de doenças. Porque temos um comportamento de risco e nunca aconteceu nada, habituamo-nos e criamos maus hábitos.

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Dinâmica 9|

Actividade das Vidas

Descrição | Este exercício tem duas partes, as quais aos atletas parecerão idênticas, diferindo basicamente na instrução que eles recebem. Cada atleta terá uma bola, a qual representa a “vida”. Parte 1 - Um atleta deverá tirar a bola a outro, sem perder a sua. Sempre que um elemento deixa de ter a bola em seu poder, sai do jogo, os restantes continuam a jogar. Deve-se reduzir o espaço usado para o jogo à medida que saem jogadores. Ganha o atleta que chegar ao fim com a sua bola. Parte 2 - É dito aos atletas que “ganha quem tiver a bola do adversário em seu poder ao fim de um minuto”. A instrução deve ser exactamente esta, sem mais esclarecimentos. No final o treinador deverá perguntar: Quem ficou com a bola do adversário? Como o conseguiu fazer? Quem não ficou com a bola do adversário? Porquê? O treinador explica que na parte 1 o objectivo era competir, e na parte 2 era cooperar, ou seja, deverá explicar que a forma mais fácil de resolver o segundo objectivo era trocar de imediato de bola com o adversário, nenhum ficando a perder.

Competências Desportivas Importância da concentração e atenção dispensada ao conteúdo que é transmitido vs a interpretação que diferentes pessoas fazem da mesma mensagem. Como na Parte 1 se ganhava tirando a bola ao adversário sem perder a sua, na Parte 2 muitos assumem que o principio é o mesmo. Os jogadores devem estar atentos às ordens do seu treinador, e o entendimento da mensagem deve ser igual para todos.

Competências para a Vida Também na vida as experiências, boas ou más, influenciam o nosso comportamento. Devemos estar atentos à mensagem, compreender bem o seu conteúdo. Devemos ter em mente que na vida raramente as circunstâncias são exactamente iguais, pois as pessoas são diferentes entre si, e mesmo no decorrer da vida vão-se comportando de forma diferente.

Dica | Se não houver bolas para todos, o jogo pode fazer-se entre duas equipas.

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D i n â m i c a 10 |

O Espelho de Sentimentos

Descrição | Atletas divididos em grupos de três. O treinador escolhe em cada grupo um jogador para mimetizar uma emoção (por ex. alegria), recorrendo só a gestos; e um outro para reconhecer a emoção e transmiti-la ao terceiro jogador por palavras. Este terceiro jogador mimetizará agora outra emoção (por ex. o medo), a qual deverá ser identificada pelo primeiro jogador, que a transmitirá por palavras ao segundo. O segundo mimetizará outra emoção (por ex. surpresa), que o terceiro identificará e transmitirá por palavras ao primeiro. Assim consecutivamente ao longo de cinco minutos (outras emoções possíveis: tristeza, zanga…).

Competências Desportivas Ao aprender a reconhecer as expressões emocionais dos colegas, o atleta aprenderá a comunicar melhor em campo, usando uma linguagem não verbal que todos na equipa podem reconhecer e treinar, incluindo o treinador.

Competências para a Vida Oportunidade de colocar os atletas a falar de sentimentos/emoções. Compreensão da mensagem somente pelo seu conteúdo

corporal; distância entre o pensamento e a acção; a facilidade em imaginar e a dificuldade em exprimir; ganho ou perda do uso do gesto como complemento da linguagem. Evitar os mal-entendidos quando as pessoas não são claras naquilo que dizem ou querem. Estar atento aos outros, perceber o que os outros sentem.

Dica | Tanto pode ser o treinador, como os jogadores, quem sugere os sentimentos a transmitir.

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D i n â m i c a 11 |

Caos

Descrição | Os atletas são divididos em grupos de até oito elementos. O treinador entrega uma bola a cada grupo e pede aos atletas que comecem o aquecimento (não diz que tarefas quer que façam). Observa o que fazem (se se organizam, se alguém assume a liderança e os outros a acatam, se não fazem nada e apenas brincam…), e passados três minutos chama-os. Identifica um elemento para ficar no meio de cada grupo, e pede aos restantes que passem a bola entre si; se o elemento do meio conseguir interceptar a bola, troca de lugar com o colega que a perdeu. Continuam assim por três minutos. Por fim reúnem-se todos e é-lhes sugerido que imaginem um mundo em que ninguém cumpre regras.

Competências Desportivas | É mais fácil executar tarefas e cumprir objectivos quando se está organizado, ou seja, quando existem regras definidas para todos. É importante aprender, conhecer e cumprir regras. A importância de exercícios que (também) dependem do cumprimento de regras pelos outros: como o passe, e a intercepção da bola... Uma equipa que conhece bem as regras joga mais coesa e mais coordenada. Só se consegue atingir objectivos, com regras.

Competências para a Vida | A importância do cumprimento dos papéis, regras e obrigações que nos são atribuída s, para o equilíbrio do grupo (equipa, família, casal, amigos, sociedade); a relação entre “obrigação” e “necessidade reconhecida e valorizada por cada um”; confusão versus organização; a agressividade gerada a partir da confusão. Saber quando competir e quando cooperar, dando o melhor em ambas ocasiões. Quando cumprimos as nossas obrigações, torna-se mais fácil viver em comunidade. Os comportamentos de risco são normalmente quebra de regras, e a sociedade precisa de regras para se manter.

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O Silêncio é Frágil

Descrição: Atletas deitados de costas, com os olhos fechados, em silêncio total. O D i n â m i c a 12 | treinador pede ao grupo que se aperceba do silêncio e da tranquilidade existentes ao redor. Cada atleta deve pensar numacom exclamação (como se fosse um grito) Descrição | Atletas deitados de costas, os olhos fechados, em silêncio total.caO paz de rasgar o silêncio; deve também pensar em todas as tarefas desempenhadas treinador pede ao grupo que se aperceba do silêncio e da tranquilidade existentes nesse dia Cada no treino, emdeve tudopensar o que fez de bem e de mal.capaz Apósde umrasgar minuto, treinaao redor. atleta numa exclamação o osilêncio; dor explica que irá tocar em cada atleta um por um, de modo que mal sintam deve também pensar em todas as tarefas desempenhadas nesse dia no treino,esse em toque saltos, proferindo o respectivo grito, do tudo ocomecem que fez deimediatamente bem e de mal.aos Após um minuto, o treinador explica quedepois irá tocar que devem regressar imediatamente à posição silenciosa, onde quer que se enconem cada atleta um por um, de modo que mal sintam esse toque comecem aos trem; O treinador deve esperar que sedo faça dedevem novo silêncio completo e pedir saltos,Nota: proferindo o respectivo grito, depois que regressar imediatamente que se mantenham concentrados no que fizeram no treino, antes de tocar no à posição silenciosa, onde quer que se encontrem. O treinador deve esperaratleta que seguinte. 3-4 atletas executem o grito. se faça deBasta novo que silêncio completo e pedir que se mantenham concentrados no que fizeram no treino, antes de tocar no atleta seguinte. Basta que três ou quatro atletas executem o grito. Competências Desportivas | O silêncio é frágil, mas pode ser importante que um atleta esteja em silêncio para que se possa concentrar, para recordar o que fez de bem ou mal. O mesmo silêncio é importante para perceber as instruções do treinador. Em situações de muito barulho, como por exemplo em jogos, é impossível evitar o ruído, mas se um atleta for capaz de pensar em silêncio, consegue mais facilmente concentrar-se e pensar em estratégias para os jogos.

Competências para a Vida | A concentração é sempre importante ao longo da vida, para conseguir atingir objectivos. Antes de agir é por vezes necessário concentração e pensar no que se vai fazer. Numa sociedade ruidosa como a actual, é importante voltar a valorizar o silêncio e também a apreciar a qualidade, mais que a intensidade do som”.

Dica | O treinador pode dar instruções para se concentrarem num tema especifico. Não fazer este exercício se houver outras equipas ou ruído por perto.

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D i n â m i c a 13 |

Cadeia de Emoções

Descrição | A equipa é dividida em grupos com pelo menos cinco elementos, os quais se colocam em fila, sentados ou em pé. O treinador escolhe uma emoção (medo, alegria, surpresa, tristeza, etc) que transmite ao ouvido do primeiro elemento da fila. Este deverá transmitir essa emoção ao participante imediatamente atrás de si, recorrendo apenas à expressão facial. Não são permitidos sons. O segundo elemento repete todo o procedimento com o terceiro, e assim por diante até que a mensagem chegue ao último participante, o qual deve dizer em voz alta que emoção que pensou reconhecer. O treinador pode optar por transmitir a mesma emoção a todos os grupos ou atribuir emoções diferentes a cada um.

Competências desportivas Uma expressão nem sempre é óbvia para todos, por isso deve-se fazer um esforço para que os colegas entendam sem dúvidas. Ter a capacidade de reconhecer como expressar, e sobretudo de controlar, as emoções, melhora o desempenho ao longo do jogo.

Competências para a Vida Estar consciente de que por vezes há uma diferença entre a ideia que se tem de uma emoção e a sua expressão; a dificuldade de transmitir emoções quando não se pode recorrer à palavra; a variedade de expressões faciais que cada um pode dar à mesma emoção; a confusão quando mal-entendidos geram interpretações erradas

Dica | Os sentimentos podem ser sugeridos pelo atleta que inicia a cadeia. Os rapazes têm mais dificuldade em expressar emoções que as raparigas, razão porque estes exercícios são especialmente importantes para eles.

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D i n â m i c a 14 |

Onde está o Sorriso

Descrição | Instruções para os atletas: cada um deve expressar o sentimento que o treinador lhe indique ao ouvido (por ex triste, feliz, zangado, nem triste nem alegre), caminhando pelo campo e aproximando-se dos colegas cujo semblante mostre a mesma expressão. Quando o treinador der o tempo por terminado, os atletas deverão estar agrupados por expressão. Competências Desportivas Os atletas apercebem-se de que não expressam a mesma emoção de maneira idêntica entre si. É vulgar confundir a expressão da ”tristeza”, com a “zanga”. Nem sempre nos apercemos do que, o que o outro nos quer transmitir pela expressão que tem: pode estar triste ou zangado e não conseguimos perceber a diferença. Acresce que normalmente agimos por reacção: se alguém aparenta estar zangado, tendemos a ficar agressivos e também a exprimir zanga, não considerando que talvez essa pessoa possa estar triste. É preciso ter em atenção as emoções em campo, porque elas podem decidir um jogo.

Competências para a Vida | por vezes é preferível perguntar o que se passa em vez de adivinhar os sentimentos do outro. Ser capaz de reconhecer os sentimentos de outra pessoa é um treino que deve ser feito constantemente, entre colegas, amigos e familiares. Devemos estar atentos ao modo como comunicamos com os outros, precisamos ser cautelosos e mostrar-nos disponíveis para com eles. Dica | Obrigatório estar em silêncio: os atletas só podem expressar emoção através de expressões faciais.

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D i n â m i c a 15 |

Como te queres Comportar

Descrição | O treinador pede aos atletas que pensem como se comportam /que tipo de comentários fazem/como agem fisicamente quando estão a ser agressivos, inibidos, etc. Situação que o grupo pode explorar: “Um atleta pede ao treinador para sair mais cedo do treino, embora tenha já chegado atrasado.” O treinador nomeia dois atletas que devem ir ao centro do círculo fazer o pedido de modo agressivo. De seguida nomeia outros dois que vão ao centro e se devem mostrar inibidos quando fazem o pedido. Seguir-se-ão outros dois atletas que farão o pedido de uma forma manipuladora. Por fim, dois atletas fazem o pedido negociando com o treinador, sem serem agressivos, manipuladores ou inibidos. Competências Desportivas | Treinador e atletas são todos pessoas diferentes que devem ser respeitadas, ninguém tem o direito de ameaçar e envergonhar o outro. Reflectir sobre o comportamento que os atletas exibiram sem ficar à defesa. Considerar sempre as pessoas e as suas circunstâncias.

Competências para a Vida O modo como tratamos os outros tem as suas consequências. Treinar a assertividade é treinar um pouco várias competências, como por exemplo a atenção, a concentração, a expressar de emoções, a confiança, coesão, etc. É realmente muito importante saber o que se quer e procurar atingir esse objectivo.

Dica O treinador pede aos atletas a repetição do exercício, nas três versões, simulando um convite à/ao namorada/o.

Informação Saber estar em “campo” é também saber estar na “vida”. Na sequência de ter sido fotografado a fumar marijuana, o campeão olímpico de natação Michael Phelps foi suspenso e viu todos os seus milionários patrocínios serem cancelados…

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De que me Protejo Eu

Descrição | A cada elemento é sugerido que pense num medo e que verbalize ou represente através de mímica uma forma de lidar com esse medo; os restantes devem tentar identificar o medo em causa. Competências Desportivas | À medida que vai crescendo a confiança dentro da equipa, os medos expressos vão sendo cada vez mais profundos. Saber partilhar os medos em campo ou na vida traz aos jogadores aproximação, confiança e coesão; aperceberem-se de que os medos são comuns a vários elementos da equipa leva a estabelecer estratégias conjuntas para os enfrentarem. Como lidar com o medo de não se ser convocado ou se ser expulso de jogo, por exemplo.

Competências para a Vida | O que fazer quando tenho receio de algo? Como faço quando tenho medo de uma resposta? Como lidar com a resposta negativa, quando não consigo fazer algo? Como reagir ao chumbo num exame? Como me posso proteger das IST ou de uma gravidez indesejada? É importante falar sobre os nossos medos e receios.

Dica | Com ateltas mais velhos pode conversar-se directamente sobre os medos em campo/jogo, como fazer para os resolver.

Informação Onde obter Ajuda: Hospitais, Centros de Saúde, Centros de Aconselhamento e Detecção, Associações, Farmácias, etc. Apoio e Informação sobre homossexualidade 21 8876116 Associação para o Planeamento da Família www.apf.pt Associação Portuguesa de Apoio à Vitima www.apav.pt 707 20 00 77 Comissão de Protecção de Crianças e Jovens www.cpcj.pt Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género www.cig.pt Coordenação Nacional para a Infecção VIH-SIDA www.sida.pt 800 26 66 66 Direcção Geral de Saúde www.dgsaude.pt www.sexualidades.com Linha Emergência Social 144 Linha Opções 707 200249 Linha SOS Grávida 808 20 11 39 Médicos do Mundo www.medicosdomundo.pt Saúde 24 horas 808 24 24 00 Sexualidade em Linha 808 22 2003 SOS Criança 21 7931617

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O Porquê de Arriscar

Descrição Os atletas formam uma roda e o treinador pede-lhes que nomeiem actividades do seu dia a dia, assim como os riscos associados a essas actividades, o que pode agravar esses riscos, as vantagens de correr o risco, as alternativas vantajosas ao risco. Após os atletas enumerarem algumas actividades, são então escolhidas duas para serem exploradas mais profundamente quanto a riscos associados, factores que agravam esses riscos, e razões para correr esses riscos. Competências Desportivas | Saber que um jogo é feito de opções. É importante conhecer os riscos associados a algumas decisões e estar consciente de que está nas mãos de cada um evitá-los. Apesar de ser importante arriscar, ter garra e jogar bem, devem medir-se os riscos que se correm, pois um jogador pode arriscar demais e prejudicar a equipa. A equipa deve saber gerir os riscos que corre ao longo do jogo.

Competências para a Vida | Que riscos se correm numa relação sexual não

protegida? Que leva as pessoas a terem comportamentos de risco? Até que ponto podemos arriscar? Correr riscos é bom? Conhecer, e sobretudo saber assumir, as consequências dos riscos que se decide correr. Tomar decisões informadas, estar aberto a lidar com acontecimentos adversos e saber lidar com a frustração.

Informação | Os treinadores podem sugerir ao clube a realização de várias actividades durante a época (acampar, visitar espaços quando os atletas jogam fora, jantares convívio, parques, etc), o que permite cimentar as relações entre a equipa e trabalhar competências cuja fraqueza nem sempre é óbvia em campo.

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Quero Saber

Descrição | O treinador entrega um pedaço de papel a cada atleta e pede-lhe que escreva pelo menos duas questões ou temas relacionados com sexualidade. Não deve assinar e o assunto será discutido na sessão seguinte sem identificar autores.

Competências Desportivas Exercício que serve para fortalecer os laços entre os membros da equipa, sobretudo por ser um tema íntimo que os atletas raramente conseguem discutir para além da competição entre conquistas muitas vezes enfabuladas.

Competências para a Vida | Compreender a sexualidade ajuda os adolescentes a lidar com os sentimentos e as pressões dos seus pares. A informação não os encoraja a serem sexualmente activos, antes lhes permite que sejam mais responsáveis e tomem decisões reflectidas.

Informação | A sexualidade inclui os corpos e o funcionamento; o género – feminino e masculino; as orientações sexuais (heterossexual, homossexual ou bissexual); e os valores sobre a vida (o amor, a paixão, a alegria, a dor, a solidão, etc). Após uma primeira fase, caracterizada por mudanças bruscas da puberdade, os adolescentes entram numa nova fase, os processos de mudança são muito variáveis no tempo e, por isso, jovens da mesma idade podem encontrar-se em diferentes graus de desenvolvimento. A identidade de género também sofre alterações: o que é ser-se rapaz ou rapariga, como comportar-se em termos amorosos, sexuais e sociais. A nível psicológico, o processo de autonomia e construção de uma identidade adulta acentua-se e consolida-se, dando origem a sistemas de atitudes, valores e sentimentos mais estáveis. Na adolescência, os grupos começam a ser mistos e as paixões antes escondidas começam a ser declaradas e algumas a concretizar-se nas primeiras relações amorosas. Os adolescentes começam a experimentar sucessos, insucessos e dificuldades amorosas, podendo-se consolidar positivamente a auto-estima e a auto-confiança, muito importantes nesta etapa da vida.

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Esclarecer Dúvidas

Descrição | Esta sessão baseia-se nas perguntas escritas anonimamente pelos atletas na sessão anterior. O treinador deve tentar que seja o grupo a responder. É importante ir fornecendo informação geral sobre os modos de transmissão do VIH/ SIDA à medida que se trabalham as respostas. Fala-se em sexualidade, em mitos relacionados com as IST. O treinador conclui perguntando porque é que, apesar de tanta informação, as pessoas continuam a correr riscos sem utilizarem preservativo e não fazem o teste. Competências Desportivas | Numa equipa é importante os atletas partilharem a mesma informação. É crucial que o treinador dê espaço aos atletas para que esclareçam dúvidas que tenham. Competências para a Vida | É importante perguntar e partilhar informação. Normalmente descobre-se que os nossos pares têm as mesmas dúvidas. Também é importante aprender a não gozar/humilhar quem manifesta desconhecimento. Informação | As Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST) transmitem-se pelas relações sexuais. Os causadores destas doenças podem ser vírus (como o VIH/ SIDA, o herpes, as hepatites), bactérias (sífilis, infecção por clamidia), fungos (micoses) ou parasitas (piolhos púbicos, mais conhecidos por “chatos”), os quais estão presentes nos líquidos corporais (sangue, saliva, esperma, secreções vaginais) ou nas mucosas (vagina, pénis, boca, ânus). Certas IST podem ser passadas da mulher para o feto durante a gravidez e o nascimento. As IST podem provocar danos permanentes sem mostrarem sintomas. A maioria, no entanto, pode ser tratada e curada com medicação. Sintomas: manchas avermelhadas, úlceras, feridas, ardor, infecção urinária, comichão, inchaço, dor, corrimentos anormais, borbulhas e cheiros ou cores estranhas nos genitais. Em caso de dúvida, consultar o médico de família. I.S.T.

PRAZER Dica | Esta sessão pode repetir-se enquanto os atletas tiverem questões por esclarecer. O treinador não deve recear não saber responder a alguma pergunta, pode sempre dizer que se vai inteirar e na sessão seguinte poderá esclarecer.

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SEXO


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Os Medos

Descrição | Pede-se a cada atleta que fale sobre os medos que tem em relação a sexualidade. Competências Desportivas | de se ser expulso de jogo desaparece se se conhecerem bem as regras de jogo e se tentar evitar cometer erros. Competências para a Vida | Dependendo da idade, os atletas rapidamente referem o medo de ter relações pela primeira vez ou questões relacionadas com a imagem e o corpo. Caso nenhum referir a questão do VIH/SIDA, o treinador pode perguntar directamente se se deve ter medo da sida. Para tornar a questão mais clara, pode por exemplo comparar a possibilidade de ser infectado pelo VIH/SIDA com a possibilidade de adoecer com um cancro. Em relação a este último, apesar de ser possível adoptar alguns comportamentos preventivos (não fumar, não se expor muito tempo ao sol, ter uma alimentação saudável), não existe forma de nos garantir que não vamos adoecer. Já em relação ao VIH/SIDA é possível ter controlo sobre a transmissão da doença, uma vez que só depende de nós e dos nossos comportamentos. O treinador conclui então que não é preciso ter medo, mas sim ter-se consciência do risco que se corre, de forma a poder estar protegido.

...Dentro da sexualidade... o que mais me assusta é....

Informação | O abuso sexual acontece sempre que a privacidade sexual de alguém é desrespeitada. Forçar alguém a ter relações sexuais chama-se violação. Mas a violação é só um dos tipos de abuso sexual. O toque não desejado, as carícias, a observação, conversação ou ser forçado a olhar para os órgãos sexuais de outra pessoa, são outras formas de abuso sexual. Os abusadores podem ser homens ou mulheres, podem ser nossos amigos ou até membros da nossa família. O abuso sexual, a violação e o incesto são crimes graves punidos pela lei. No entanto, ainda são muitas vezes omitidos. Amiúde as vítimas sentem-se envergonhadas para contar o que lhes aconteceu. Sentem-se, ou fazem-nas sentir, que o abuso ou a violação foi culpa sua. A ideia de abuso sexual pode confundir as crianças, pois foram ensinadas a respeitar os adultos e a fazer o que os pais e outros familiares lhes dizem para fazer. Muitas crianças são obrigadas a prometer segredo sobre este tema. É importante falar abertamente sobre abuso sexual, insistindo que todas as vítimas de abuso sexual falem com

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Os Três Cartões

Descrição | Cada atleta recebe três cartões-de-visita da mesma cor e imagina que está num lugar que pode representar um local de diversão. Cada um deve trocar os cartões com quem se cruza, se gostar da pessoa e essa estiver de acordo em ceder o dela. Só se podem dar os três cartões que se receberam inicialmente, e não aqueles que vão sendo trocados. Terminado o tempo, os atletas são informados de que os cartões-de-visita simbolizavam relações sexuais. Os que tinham cartões encarnados, eram seropositivos. Os que terminaram com algum cartão encarnado, tiveram relações com aqueles e ficaram infectados, excepto se inicialmente tinham cartões verdes, tal indica que com certeza tiveram relações sexuais usando sempre o preservativo. Os que inicialmente tinham cartões amarelos, não usaram de todo preservativo, e por isso podem estar infectados. Competências Desportivas | A utilização de cartões remete para os cartões atribuídos pelo árbitro de acordo com o comportamento dos atletas. Competências para a Vida | A importância do uso do preservativo na protecção da vida: basta uma relação desprotegida para se ficar infectado. Alertar para que, mesmo não se cruzando com os que sabiam estar infectados, cruzando-se com alguém que se tinham cruzado com esses, fica-se igualmente infectado. Alguém com cartão amarelo que chegou ao fim sem o trocar também não se contagiou, o que significa que a abstinência também contribuiu para que se tivesse mantido saudável. A conclusão final pode também ser a de que ninguém entre os que estavam infectados sabia da sua infecção, acontecendo o mesmo na vida real. Pode parecer estranho aos atletas confrontarem-se com a ideia que as pessoas que transmitem o VIH a outras não são “más”, não o fazem de propósito, simplesmente não têm uma percepção do risco que correm e por isso não se protegeram, nem protegem as pessoas com quem têm relações. Não se pode esperar que os outros se protejam por nós: somos nós os verdadeiros responsáveis pela prevenção da nossa saúde e da das pessoas com quem temos relações sexuais. Por respeito por nós e por elas. Informação | A orientação sexual começa na infância, embora sem uma forma definitiva. Na verdade, ela vai-se construindo ao longo davida, os adolescentes podem ter várias experiências com ambos os sexos, numa fase de experimentação. É fundamental ter em conta que jovens com orientações homossexuais ou bissexuais se deparam com maiores dificuldades, pois os seus comportamentos estão em contradição com as normas sociais dominantes. Dica Dado que os atletas são do mesmo sexo, caso se fale da questão da homossexualidade pode ser interessante debatê-la, sugerindo que assumir esse papel no exercício não alterou em nada o seu valor enquanto pessoas.

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O Agente Nocivo

Descrição O treinador pede um voluntário que desempenhe o papel de “agente nocivo”. Os restantes atletas devem colocar-se em fila indiana com as mãos nos ombros do participante à sua frente, representando um corpo que vai ser alvo de um ataque por parte de um “agente nocivo”. O participante que está à cabeça da fila é responsável pela coordenação da defesa do corpo. O ataque do “agente nocivo” concretiza-se cada vez que este for capaz de tocar o último elemento da fila. O grupo, para além de seguir as directivas do elemento que está à cabeça, deve colaborar na defesa do corpo. Sempre que no último elemento da fila for tocado pelo “agente nocivo” deve retirar-se. Se a fila se quebrar, considera-se que as defesas foram vencidas, devendo igualmente o último elemento da fila retirar-se. Cabe ao treinador definir o momento final da actividade. Variantes: o orientador pode pedir que a função do responsável pela organização da defesa do corpo seja rotativa. Com grupos numerosos pode também iniciar-se com vários “agentes nocivos, ou convertendo cada elemento eliminado em “agente nocivo”. Competências Desportivas | Os atletas correm, aquecem, e divertem-se. Treino da defesa homem a homem e da competição.

Competências para a Vida |A responsabilidade que a rede de amigos tem enquanto agentes protectores dos seus elementos e barreiras contra os que são agentes nocivos ao grupo. O efeito que a persistência tem na baixa das defesas do grupo. O efeito que o aumento do contágio dos elementos do grupo tem para o contágio dos restantes (metáfora para o que acontece em grupos extremamente fechados, onde as relações são intra-grupo a ideia de protecção é idílica e assume a forma de que a amizade e o amor tudo protegem). Informação O VIH só poderá ser transmitido através de: relações sexuais não protegidas (por contacto entre esperma e secreções vaginais em relações sexuais vaginais, orais ou anais, nas quais não se utilize o preservativo); por via sanguínea (transfusões de sangue, que estejam contaminadas). A transmissão de mãe infectada para o filho (durante a gravidez, através do seu sangue; durante o parto, através do sangue e secreções vaginais; na amamentação, através do leite materno).

Dica | Dinâmica ideal para o início do programa sobre o VIH com os mais novos, ou no final com os mais velhos. Exercício muito dinâmico, útil quando está frio ou chuva e é preciso trabalhar no balneário.

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Penso que Devias

Descrição | Simulação de uma conversa entre dois atletas, em que um conta uma experiência sexual; o ouvinte deve aconselhar o amigo a prevenir-se contra o VIH/ SIDA, respeitando sempre os seus sentimentos e direitos.

Penso que devias...

Competências Desportivas Um atleta pode chamar a atenção de outro relativamente a comportamentos menos éticos (com outros colegas, com o treinador, com o árbitro, ou com um adversário), mas deve fazê-lo sempre sem o humilhar ou magoar. Competências para a Vida Responder assertivamente e aconselhar um amigo ou colega. O frente a frente das relações e as suas ambiguidades.

Dica Antes da dramatização, levar os atletas a reflectir sobre as seguintes questões: Alguém fez algo que não que te incomoda. O que poderá acontecer se não disseres nada? O que poderá acontecer se disseres algo? Como poderás dizer o que pensas sem magoar o outro?

Informação Ao nível sexual, não existem idades fixas associadas a experiências concretas. A maioria dos rapazes começa a ter ejaculações espontâneas entre os 12 e os 16 anos. Um líquido chamado sémen é produzido pelos testículos e lançado através do pénis enquanto se dorme. Na adolescência ocorrem novas sensações e emoções, desejos e fantasias. As ocasiões de excitação sexual poderão surpreender alguns adolescentes, outros terão desejo de a provocar. A masturbação é uma maneira de uma pessoa se excitar e de procurar prazer por si própria. É muito importante saber que não existe nenhum mal, nem físico nem moral, em se procurar o prazer de uma forma solitária. Pode ser visto como uma forma de descoberta do próprio corpo.

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O Testemunho

Descrição | Os atletas ouvem um colega de equipa ler o testemunho “Ricardo, 21 anos”, no final debatendo o que acabaram de ouvir. Competências Desportivas | Um atleta não deve ser julgado pela aparência. Por vezes é importante tentar colocar-se no papel do outro, sentir empatia.

Ricardo, 21 anos...

Testem

unho

ver pg

. 42-43

Competências para a Vida Compreender que não é pela aparência que se sabe se alguém está infectado com o VIH. E também que a idade ou o amor que se tem a alguém não atribui imunidade a esse alguém. Ouvir alguém falar na primeira pessoa sobre a sua experiência como seropositivo permite colocar-nos no lugar do outro.

Informação Ser seropositivo significa possuir o VIH. Ter SIDA significa que o vírus está instalado e se desenvolveu a doença da Imunodeficiência Adquirida, o que significa que se perderam as defesas contra doenças mais comuns como a tuberculose ou a pneumonia, as quais passam a ser fatais. O VIH/SIDA pode ser um assunto particularmente sensível para os jovens. Eles ouvem muita informação, sendo alguma dela assustadora e ameaçadora. A SIDA é fatal. Não existe cura. Porém, o VIH não é transmitido através nem de abraços, nem beijos, toques, tampos de sanita ou água da piscina: é importante desmistificar e conhecer.

Dica | Os atletas mais velhos são os mais receptivos a este exercício, mas também se pode fazer com os mais novos, ainda que a atenção seja pouca; se estes últimos apresentarem dificuldades de leitura, pode ser o treinador a ler o testemunho.

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Vamos Treinar

Descrição | Esta é uma sessão centrada em demonstrar na prática como se coloca o preservativo, usando um molde de plástico ou qualquer objecto fálico que esteja à mão, como seja o cabo de uma vassoura. O treinador deve convidar um atleta a exemplificar a colocação para os colegas, ajudando-o se necessário. Todos devem treinar esta competência. Competências Desportivas Não há habilidade sem treino, apenas a prática repetida produz a competência. Competências para a Vida Devem ser discutidas as consequências de uma má colocação do preservativo, como é importante dominar esta competência para a decisão de o utilizar nas relações sexuais. Poderá surgir, por parte dos atletas, a ideia de ser muito importante aprender a colocar o preservativo para não fazer “má figura”. Informação O preservativo é constituído por uma membrana fina, é flexível, pré-lubrificado e destina-se a ser colocado no interior da vagina ou no pénis, impedindo assim a entrada do esperma na vagina. Quando usado de uma forma correcta, é altamente eficaz, deve ser colocado no início da relação e retirado logo após a ejaculação. Vantagens do preservativo: protege de uma gravidez não desejada, protege de uma IST, não provoca efeitos secundários (em caso de alergia ao látex é possível usar preservativos de poliuterano).

Dica: Pode fazer-se o exercício com o preservativo masculino e com o feminino, ou só com um deles, mas é importante falar nos dois.

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Se a Resposta é Não, então

Descrição | Os atletas devem representar várias situações, não devendo o indivíduo rejeitado reagir de forma agressiva ou inibida. Situação 1 - Relações Interpessoais: ao querer participar numa actividade desportiva colectiva, o atleta vê a sua entrada vedada por um colega que diz não simpatizar consigo.Situação 2-Educação Sexual: o atleta está perante a sua grande paixão do momento e quer iniciar vida sexual com ela/ele, mas a sua tentativa é recusada.

Competências Desportivas É muito importante aprender a lidar com respostas negativas e saber ultrapassar a frustração. Por exemplo, aceitar ficar no banco.

Competências para a Vida Ultrapassar o constrangimento em abordar o tema da sexualidade. A fuga a nomear as coisas pelos nomes leva à confusão. A dificuldade em dizer não a alguém de quem gostamos. Aprender a lidar com as emoções negativas, com a frustração, com o facto de nem todos gostarem de nós, dificuldade em recusar um pedido.

Informação A relação sexual pode ser um encontro de pessoas envolvendo afectividade, como fantasias, expectativas e desejos. Não é necessariamente apenas o contacto entre duas zonas genitais, uma mera utilização do corpo. Regra geral, fala-se de relação sexual completa quando existe penetração. Contudo, devem encarar-se as relações sexuais num sentido mais amplo, no qual se valorizam também diferentes formas das pessoas se relacionarem.

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Sozinhos em Casa

Descrição | Simulação de três situações com pares de atletas, ou treinador+atleta. Sempre que algum atleta sentir dificuldades, pode pedir a outro para o ajudar, ou até pedir para ser substituído quando não encontrar mais argumentos. Situação 1: um par de namorados discute a utilização do preservativo numa primeira relação sexual, sendo que um deles é contrário ao seu uso. O objectivo é discutir vantagens e desvantagens do uso do preservativo. Situação 2: par de namorados que já tem relações sexuais e que usa sempre o preservativo, no entanto, um deles pretende deixar de o usar. Situação 3: par de namorados que já tem relações sexuais há bastante tempo e que sempre usou o preservativo. Um certo dia proporciona-se ter relações sexuais e descobrem que não têm preservativo. O que fazer? Competências desportivas | simulação de situações em campo que podem gerar conflito. Competências para a Vida | aprender a controlar as emoções, a argumentar uma posição, a lidar com a rejeição. Aprender a ser civilizado.

Eu uso preservativo.

Já disse, não uso preservativo!

Informação | No exercício surgem algumas desvantagens do uso do preservativo: “Não é natural”, “Incomoda”, “É caro”, etc. Para todos estes argumentos há contra-argumentações: “As IST’s são naturais, mas nem por isso são boas”, “Podem-se obter preservativos gratuitos nos centros de saúde”, etc. O treinador pode perguntar porque o preservativo é sobretudo associado à prevenção de gravidezes indesejadas. A resposta unânime poderá ser a de que é um problema mais presente. A partir daí começam a concentrar-se mais na prevenção do VIH/SIDA, altura em que surjam questões ligadas à confiança: “Não confias em mim?”, “Não é uma questão de confiar em ti…é uma questão de saúde”. Relativamente à Situação 2, é possível que os atletas cheguem rapidamente à conclusão de que uma solução pode ser a de ambos fazerem o teste ao VIH.

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D i n â m i c a 28 | Debate Descrição | Cada atleta deve ler uma afirmação e comentá-la. As afirmações são: “As pessoas com sida deviam ficar em quarentena.”“Só os trabalhadores sexuais é que transmitem SIDA.”“Sei ver se alguém tem sida ou não.”“Os mosquitos podem transmitir SIDA.”“Os utilizadores de drogas injectáveis e homossexuais têm todos sida.”“Se amo alguém não uso preservativo, confio nessa pessoa.”“Com o uso do preservativo não tenho prazer, nem dou.”“Eu já fiz o teste”. “Só homens que fazem sexo com homens é que apanham sida.”“Nas casas de banho também se pode apanhar sida.” Competências Desportivas |De acordo com as regras, um atleta não pode estar em campo com uma ferida aberta. Explicar que isso se destina a evitar um embate entre dois atletas que coloque em contacto o sangue de ambos, um deles infectado. Explicar que a regra também se deve aplicar nos treinos, pois qualquer atleta pode estar infectado e nem sequer saber.

Competências para a Vida | Literacia funcional: entender informação escrita e conseguir reproduzi-la. Conhecer a problemática do VIH/SIDA para poder argumentar sobre ela com fundamento, mostrando conhecimentos. Ter na vida uma atitude cívica, informando-se e contribuindo para prevenir problemas tão importantes como a SIDA.

Informação | Um dos grandes problemas e mitos da transmissão do VIH/SIDA é a de que no inicio se pensava que apenas determinados grupos de pessoas se podiam infectavar: toxicodependentes, prostitutas e homossexuais. Estas mesmas pessoas passaram a ser alvo de discriminação, e as demais assumiram que nunca se infectariam. Neste momento, são as pessoas dentro dos grupos referidos quem mais se protege, crescendo assim o número de infectados sobretudo à custa de infecções entre heterossexuais. É muito importante perceber que não existem “grupos de risco”, mas sim “comportamentos de risco”.

“nas casas de banho também se pode apanhar sida?”

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Concordo e Discordo

Descrição | O treinador lê uma série de afirmações, com as quais os atletas devem concordar ou discordar, justificando-se. As frases são: “Usar contracepção de emergência muitas vezes pode diminuir a sua eficácia.” “O coito sem preservativo supõe riscos, mesmo que o rapaz ejacule fora.” “Tendo relações sexuais de vez em quando, o risco de gravidez ou de SIDA é muito baixo.”“O sexo oral e anal são comportamentos de risco.” “Existem certos grupos de pessoas que têm mais risco de contrair o VIH/ SIDA.”“Uma gravidez que não é desejada afecta também o rapaz.”

Competências Desportivas

Discordo!!!

Concordo!

Quando um atleta discorda de um determinado exercício, deve dizê-lo claramente ao treinador (em vez de o fazer contrariado, ou de boicotar), mas apresentando as suas razões e também sugestões de melhoria ou alternativa.

Competências para a Vida A necessidade de conhecermos todas as nossas capacidades e dificuldades enquanto comunicadores. A importância de manifestar a nossa opinião, de revelar conhecimentos sem receio. Aprender também a argumentar uma afirmação. Ao verbalizar a nossa posição, podemos até perceber que estavamos errados.

Informação

Os mitos da sexualidade são muitos... Segue-se uma lista de afirmações falsas que o treinador pode falar com aos atletas: “da primeira vez não engravido, nem me posso infectar com IST”; “caso ejacule fora ou durante o período, não engravido”; “o preservativo não dá prazer”; “os mosquitos transmitem a sida”; “não posso ter relações com o período”; “quanto maior o pénis, maior o prazer da mulher”; “quanto mais a mulher grita, mais está a gostar”; “masturbação em excesso faz mal”; “fico infértil se me masturbar muito”; “a SIDA não se transmite pelo sexo anal ou oral”; “a minha namorada pode sempre tomar a pílula do dia seguinte”.


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O Remorso

Descrição | Nesta sessão os alunos ouvem uma música que devem debater em seguida. A música é O Remorso, dos DaWeasel (Anexo 2), a qual relata na primeira pessoa uma ida a um centro de rastreio do VIH/SIDA por um indivíduo com comportamentos de risco, dentro e fora do namoro. Passa por uma grande angústia que jura nunca mais querer voltar a passar. Após receber o resultado negativo, volta a ter os mesmos comportamentos que o tinham posto naquela situação. No final, os atletas devem comentar a letra.

Competências Desportivas Ter atitudes egocêntricas em campo pode prejudicar a equipa. A extrema importância de ponderar as consequências das opções que se tomam. O arrependimento também é importante não por remediar situações ditas irreversíveis, mas se for resultado de uma reflexão que leve a evitar a repetição do erro.

Competências para a Vida Quando se toma uma decisão, deve-se estar consciente das respectivas consequências, e estar pronto para as assumir.

Informação | São vários os sítios onde os jovens se podem dirigir para obterem apoio especializado, prestado por profissionais de diversas áreas. Por exemplo, nos Centros de Saúde existem médicos e enfermeiros que podem aconselhar os jovens e facilitar o acesso a métodos contraceptivos. A contracepção de emergência pode ser comprada nas farmácias sem receita médica. Pode-se também ter acesso à contracepção de emergência, de forma gratuita, no Centro de Saúde, no CAD. É possível fazer um teste rápido de diagnóstico da infecção VIH/SIDA. A melhor estratégia de defesa contra esta epidemia é a prevenção do contágio, e isso só é possível através da utilização correcta e regular do preservativo em todas as relações sexuais.

“Alinho as caras de pessoas com quem mantive sexo ocasional ou não,

quanto mais penso, mais fica complexo A lista não é extensa mas basta apenas uma vez”

Ver anexo 2 pg.42

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Que Bem que Estás

Descrição | Formam-se grupos de quatro atletas que jogam numa roda. Um dos elementos de cada grupo sai do campo, devendo os três que ficam começar a fazer afirmações positivas a respeito do que saiu, tentando incluir informação que possivelmente não é partilhada por todos. O elemento que saiu regressa e ouve a lista de afirmações, uma de cada vez, tentando adivinhar a autoria de cada uma deles. O treinador deve insistir para que todas as afirmações sejam positivas. Repete-se esta actividade de modo a todos os elementos serem elogiados. Competências Desportivas | Os elogios são importantes, sobretudo logo após uma derrota, estando a auto-estima em baixo. À medida que a época decorre, todos os atletas, em princípio, se conhecem bem: este exercício pode revelar surpresas, atletas que recebem elogios que não esperam e, por vezes, por quem menos esperam. Competências para a Vida | Capacidades e dificuldades enquanto comunicadores. A importância de dizer algo de bom relativamente ao outro. A dificuldade em lidar e responder a elogios. O treinador pode perguntar como os atletas elogiam as/os respectivas/os namoradas/os. Pode assim surgir a oportunidade de se falar naturalmente da possibilidade de algum atleta ter um namorado. Informação | Por vezes, a acentuação do desejo sexual e das sensações eróticas centra-se mais na exploração do corpo, nas fantasias, no culto e atracção pelos ídolos, e menos numa actividade sexual com eventuais parceiros amorosos reais. Nesta fase, o comportamento sexual mais frequente é a masturbação e também carícias mútuas sem penetração. As novas possibilidades e necessidades sexuais nem sempre são fáceis de assimilar e de assumir, podendo desencadear conflitos ou dificuldades que os adolescentes têm de enfrentar e tentar superar. Caso este processo se desenvola de forma adequada, permitirá que o adolescente se sinta uma pessoa sexuada, diferenciada dos outros, com um sistema de valores próprio e congruente ao longo do tempo. Os adolescentes que compreendem a sua sexualidade estão mais aptos a lidar com as suas vidas e com as suas relações amorosas. É importante falar, mas para isso é necessário um ambiente positivo onde um jovem não arrisque ser criticado.

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T estemunho

| Anexo 1

Foi com a segunda namorada que tive. Era uma pessoa conhecida da minha família. Comecei a namorar durante o Verão. Quando começamos a ter relações sexuais, a minha única preocupação era a gravidez. Achava, tal como muita gente acha, que não me podia tocar. Isto há cinco anos. Pensava que era um problema só dos drogados e dos homossexuais. Ela não era drogada, não fumava sequer. Não era daquelas miúdas que andasse ai nas maluquices. Era uma miúda bem comportada, nunca me levou a suspeitar de nada. Só mais tarde é que eu soube que ela tinha iniciado a sua vida sexual com um rapaz com um passado de drogas. Se eu tivesse sabido disso antes, se calhar, as coisas tinham corrido de maneira diferente, mas… para ser sincero, talvez não, porque nunca tinha pensado em tal coisa. Depois aconteceu, lá está… na altura não foi por falta de informação em relação à doença. Eu sabia como as coisas aconteciam, mas pensei... esta é uma pessoa conhecida, nunca esteve no hospital, tem ido ao médico, tem feito exames, está tudo bem. Só que este teste ninguém se lembra de o fazer. Como as análises tinham um valor meio esquisito, o médico lembrou-se de me pedir o teste. “ Posso pedir o exame?” perguntou-me. Sim, na boa, respondi eu. Não estava à espera. Não estava mesmo nada à espera. Depois comecei a pensar e realmente somos os únicos culpados, nós os dois. Amei a minha namorada, mas infelizmente, muito pessoal lá na escola vai para uma festa, começa a curtir, depois segue-se o “vamos até minha casa ver um filme” e, no meio do filme, passam ao acto. Sem pensar minimamente nas consequências. Quantas pessoas não estarão infectadas com o vírus sem saberem? Sobretudo dos 14 aos aos 20 anos. As pessoas com quem tive relações foi porque as amava e pensei que o amor não me fosse trair. A verdade é que traiu. Foi o que mais me custou. Eu amava a pessoa, confiava nela, logo não precisava de usar preservativo. Pensava sempre que só calha aos outros, por exemplo, uma rapariga que ande no 12º ano e que comece a namorar com um rapaz que conhece da escola há seis ou sete anos, e do qual sempre foi muito amiga, em principio, nas primeiras vezes usará o preservativo. Contudo, a partir de um certo momento, os dois vão tomar a decisão, ou provavelmente só a rapariga, de começar a tomar a pílula, muito provavelmente, sem consultar um ginecologista.

anexo

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As doenças transmissíveis por via sexual ficam a descoberto. Foi o que se passou comigo, e é o que se passa hoje em dia com o pessoal da minha idade. Esquecem-se que a outra pessoa teve relações com outra, e que esta teve com outra, e assim por diante. Não se usa protecção porque se tem confiança. O que inspira a confiança? Hoje assusta-me ouvir, entre os meus colegas, comentar que passaram a noite com uma rapariga que conheceram na discoteca, sem tornar as mínimas precauções. E quando tomam, a maioria das vezes é com medo de uma gravidez. Eu gostava de poder dar a cara, mas agora não posso. Penso na minha mãe, em toda a minha família. Os pais da minha namorada concerteza que também não iriam compreender. Por isso, não posso, embora gostasse. Acredito que muitos dos que lidam comigo no meu dia-a-dia, da próxima vez que tivessem uma relação sexual, iam utilizar preservativo, porque olhando para mim, ninguém diz que sou seropositivo. O vírus que eu apanhei, não veio só da pessoa com quem eu namorei, veio da outra pessoa com quem ela namorou.

Testemunho verídico de um seropositivo, Ricardo, 21 anos

Texto adaptado do livro “Testemunhos da Comissão Nacional de Luta Contra a Sida”.

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Anexo 2

“O remorso”

“ A caminho da clínica para ir buscar os resultados, vejo e revejo todos os passos errados não foram poucos, mas o remorso é uma coisa tão incrível as imagens organizam-se de uma forma acessível O telemóvel toca - é a minha namorada: “Tudo bem, o que é que fazes, puto?” Nada, baby, nada, telefono-te daqui a pouco, “o quê que tens? Parece que que tásrouco” Se ela soubesse do meu sufoco, quase que fico louco Como é que a vou encarar se estiver positivo? quando a conheci estava bem negativo Se eu apanhei, ela apanhou de certeza absoluta como é que pude ser tão grande filho da puta? A minha mãe sempre me disse “Puto tem muito cuidado” e eu sempre me gabei de andar bem informado Mas sempre dormi à brava, dei na fruta à brava sempre vivi à brava mas não quero morrer à brava O remorso é uma coisa tão incrível As imagens organizam-se de forma acessível O telemóvel toca, é a minha namorada “Tudo bem? O que é que fazes, puto ?” Nada, baby, nada Alinho as caras de pessoas com quem mantive sexo ocasional ou não, quanto mais penso, mais fica complexo A lista não é extensa mas basta apenas uma vez penso na miída do “Kids” encerrada em lividez A sala de espera parece o corredor da morte pesado como o ar está , não há nada que o corte Lembro-me da conversa que tive com a minha médica para ela não há problema, eternamente céptica “A pior das hipóteses não é tão má assim, hoje em dia é diferente - acredita em mim” Acordo quando ouço o meu nome chamado em voz alta juro que é a última vez que hoje o medo me assalta A doutora traz um sorriso, o que não quer dizer nada mas quase que ejaculo quando vejo a folha imaculada Tenho que festejar, hoje á noite é a doer Não comprei camisas - O que é que se há-de fazer?”

Da Weasel 42


Órgãos Genitais Feminino | Masculino anexo 3

Luísa Fonseca (ilustração 1 e 2)

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G lossário Acne - Afecção da pele que tem origem na inflamação das glândulas sebáceas. Acto sexual - Inclui actualmente todo o tipo de práticas sexuais e eróticas, embora tradicionalmente designasse apenas o coito vaginal (penetração do pénis na vagina). Adolescência - Período do desenvolvimento humano entre o início da puberdade e o estado adulto. Assertividade - Capacidade de fazer afirmação dos próprios direitos e expressar pensamentos, sentimentos e crenças de uma maneira directa, clara apropriada ao contexto, de modo a não violar o direito das outras pessoas. Características sexuais secundárias - Traços físicos (excluídos os genitais), que indicam maturidade sexual, tal como os pêlos, peitos e a mudança do tom de voz. Circuncisão - Remoção cirúrgica do prepúcio (prega de pele que recobre a glande) do pénis. Ciclo menstrual - Tempo compreendido entre o princípio de um período menstrual e o início do seguinte. Clítoris - É um órgão, que faz parte da vulva e se encontra por cima e à frente dos grandes lábios, sendo o principal órgão de prazer sexual da mulher. Acariciá-lo dá prazer à mulher. Coito - Relação sexual com penetração, quando o indivíduo introduz o pénis em uma cavidade, que pode ser vagina, ânus ou boca da(o) parceira(o). Coito interrompido - Retirada do pénis da vagina da mulher antes de ejacular. Contraceptivo - Medicamento, dispositivo ou método, utilizado para evitar uma gravidez. Dinâmica de grupo - Conjunto de jogos e exercícios onde se aprendem e treinam competências e interacções em grupo e onde se podem incluir normas, os papéis sociais, relações, influência social e efeitos sobre o comportamento. Disfunções sexuais - Conjunto de transtornos ou dificuldades no decorrer da inter-acção sexual do indivíduo. Disfunção eréctil - Disfunção sexual masculina traduzida na incapacidade de ter uma erecção ou mantê-la o suficiente para realizar o coito ou ejacular (vulgarmente denominada impotência sexual).

Educação sexual - Processo completo de aprendizagem consciente e inconsciente acerca de si próprio e dos outros, que tem lugar a partir do nascimento. Ejaculação - Expulsão do sémen através do pénis. Ejaculação Precoce - Disfunção sexual na qual o homem ejacula antes, ou depois, de introduzir o seu pénis. Ejaculação nocturna - Ejaculação involuntária durante o sono, conhecida como “sonho molhado”. Erecção - Transformação de órgão mole em rígido (o pénis ou o clítoris), por afluxo de sangue ao tecido eréctil.

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Escroto - Bolsa externa, alberga os testículos no aparelho reprodutor masculino. Esperma - Líquido seminal, sémen. Espermatozóide - Célula reprodutora masculina. Espermicidas vaginais - Espuma, cremes, supositórios e películas contraceptivas que contêm uma substância química que mata os espermatozóides. Esterilização - Procedimento cirúrgico usado no homem (vasectomia) ou na mulher (laqueação de trompas, histerectomia), para impedir assim a união do óvulo (mulher) e do espermatozóide (homem). Fecundação - Fusão de um espermatozóide com um óvulo, para formar um embrião. Fluxo vaginal - Líquido espesso, que pode ser esbranquiçado, transparente e que aparece na puberdade, antes do primeiro período. A partir de então, a mulher produz este líquido durante toda a sua vida, embora na menopausa a quantidade de fluxo diminua. Género - Características psicológicas, sociais, culturais, religiosas, associadas ao nosso sexo. É a soma dos valores, das atitudes, das práticas ou das características culturais baseadas no sexo. Glande - Extremidade volumosa do pénis e do clítoris. Glândula - Órgão do corpo que segrega hormonas. Herpes - Doença caracterizada por bolhas cutâneas nas regiões genitais ou na boca, provocada por um vírus, e transmissível por contacto sexual. Hímen - Membrana fina e muito flexível, cobre parcialmente o orifício vaginal (dispõe de uma abertura para expulsar o fluxo vaginal e menstrual). O hímen serve de protecção contra riscos de infecções genitais na infância e é geralmente rompido de forma permanente quando a mulher pratica pela primeira vez o coito. Hormonas - Substâncias químicas produzidas pelas glândulas, regulam as funções dos órgãos e tecidos do nosso corpo. Identidade de género - Consciência íntima e profunda de ser homem ou mulher ou ambivalência, com prazer sexual numa determinada sociedade ou cultura. Imunodeficiência - Estado em que o sistema imunológico se apresenta fraco, não podendo proteger o organismo, que facilita o desenvolvimento de várias doenças. Inseminação artificial - Procedimento médico por meio do qual o sémen se coloca na vagina, no colo uterino ou no útero de uma mulher. IST (Infecções Sexualmente Transmissíveis) - Infecções que se podem contrair quando se praticam actividades sexuais sem utilizar contracepção 100% segura. Lábios - Na vagina, bordas carnosas que formam e delimitam a boca e a vulva. Laqueação das trompas - Forma de esterilização feminina que consiste em cortar ou obturar as trompas de Falópio. Libido sexual - Desejo sexual. Termo usado por Freud para designar a energia vital, origem das manifestações do instinto sexual. Lubrificação vaginal - Na fase de excitação feminina, há um líquido que passa dos vasos sanguíneos da parede vaginal para o interior da vagina. Esse líquido tem a função biológica de lubrificar a vagina, para permitir e facilitar o coito.

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Masturbação - Forma de auto-erotismo caracterizada pela excitação sexual através da manipulação dos órgãos genitais, especialmente o pénis e o clítoris. Pode ser praticada no(a) parceiro(a) ou na própria pessoa. É considerada como estratégia de sexo seguro. Menopausa - Cessação natural da menstruação. Fase da vida da mulher em que ocorre esse processo Menstruação - Fenómeno fisiológico do ciclo feminino, do qual ocorre eliminação de sangue e de tecidos do revestimento uterino, formado como preparação para a eventual implantação de um óvulo fecundado. Mitos sexuais - Concepções erróneas e falaciosas sobre a sexualidade, criadas a partir de rumores, superstições ou falhas na educação sexual. Muco cervical - Consiste em observar as modificações que ocorrem nas secreções vaginais durante um ciclo, para determinar os dias férteis. Orgasmo - É o clímax da excitação sexual, o qual é caracterizado por profundas sensações de prazer e contracções musculares rítmicas e involuntárias. Orientação sexual - Define o sexo pelo qual o indivíduo se sente atraído. A organização do erotismo e o vínculo emocional de um indivíduo em relação ao género do parceiro envolvido na actividade sexual. Orifício vaginal - Situa-se um pouco mais abaixo do orifício uretral. É a entrada para a vagina e está parcialmente coberta pelo hímen. Ovário - Órgão par do aparelho sexual feminino que produz óvulos e hormonas sexuais. Ovulação - Saída de um óvulo maduro do ovário. Óvulo - Célula sexual feminina ou gâmeta feminino, que, depois da fecundação, se transforma em embrião. Pénis - Órgão sexual masculino. É um órgão cilíndrico, formado por um corpo esponjoso e dois cavernosos. Como o clítoris, tem muitos terminais nervosos que aumentam na ponta ou glande. Período refractário - Período posterior ao orgasmo no qual, para a grande maioria dos homens e para algumas mulheres, está temporalmente inibida uma posterior resposta sexual. Pílula - Método químico de controlo da natalidade para as mulheres que se toma por via oral. Polucções Nocturnas (sonhos molhados) - Durante a adolescência, os rapazes podem ter durante o sono uma ejaculação involuntária. Preconceitos sexuais - Juízos sexuais não verificados ou antecipação de juízo, em virtude de esquemas aceites pela tradição comum, sem ter um conhecimento preciso dos mesmos. Prepúcio - Prega da pele do pénis que cobre a glande. Preservativo - Contraceptivo com o qual se envolve o pénis durante o coito e que se usa como protecção para uma gravidez indesejada e infecções de transmissão sexual.

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Próstata - Glândula masculina que produz cerca de 30% do fluxo seminal. Os espermatozóides e o fluído seminal formam o sémen, que é expulso no momento da ejaculação. Puberdade - Fase de maturação dos órgãos sexuais que se traduz por um desenvolvimento dos caracteres sexuais secundários e por múltiplas modificações morfológicas e psicológicas. Idade em que o indivíduo se torna apto à procriação. Relações sexuais - Conjunto de actividades sexuais realizadas de forma física entre duas pessoas de sexo diferente (relações heterossexuais) ou do mesmo sexo (relações homossexuais).

Resiliência - Capacidade de lidar com situações adversas.Sémen - Fluído viscoso, ejaculado pelo pénis, com espermatozóides e secreções produzidas por glândulas anexas ao aparelho reprodutor masculino. Sémen - Fluído viscoso, ejaculado pelo pénis, com espermatozóides e outras secreções produzidas por glândulas anexas ao aparelho reprodutor masculino. Sensual - Que busca os prazeres dos sentidos. Pessoa dotada de sensualidade e tudo aquilo relacionado com os prazeres que chegam através dos sentidos. Seropositivo - Refere-se ao estado de pessoas que possuem anticorpos anti-VIH em níveis detectáveis. Sexo anal - Prática sexual que consiste na introdução do pénis no ânus do(a) parceiro(a). Sexo oral - Actividade sexual que consiste no contacto da boca ou da língua com os órgãos genitais ou o ânus de outra pessoa, com fins de excitação e satisfação sexual. Cunillingus é o sexo oral praticado na mulher e felacio o sexo oral praticado no homem. Sexo seguro - relação sexual em que ambos os parceiros estão protegidos. São consideradas estratégias de sexo seguro a auto-masturbação, masturbação mútua, o uso de preservativos, a monogamia, a fidelidade mútua de parceiros sadios. Idealmente, a vida sexual deve começar após a adolescência. Sexologia - A ciência que estuda e trata de tornar inteligível o facto sexual humano e as suas manifestações. Ciência dedicada ao estudo dos aspectos relacionados com o todo sexuado, sexual e erótico e em especial ao comportamento sexual humano. SIDA (Síndrome de Imunodeficiência Adquirida) - Doença que se pode adquirir quando o sistema imunológico do corpo foi progressivamente debilitado pelo Vírus de Imunodeficiência Humana (VIH), o qual destrói as células que defendem o organismo contra infecções. Sistema imunológico - Sistema orgânico responsável pela defesa contra agentes potencialmente nocivos, composto de células e substâncias celulares (anticorpos e citoquinas). Testículos - Cada um dos dois órgãos reprodutores masculinos, alojados numa bolsa (o escroto) e responsáveis pela produção dos espermatozóides e da hormona sexual masculina (testosterona). São o equivalente masculino dos ovários. Testosterona - Hormona, produzida pelos testículos, determina as características sexuais masculinas.

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Trabalho Sexual (prostituição) - Troca de serviço sexual por dinheiro. Transexualidade - Condição na qual um indivíduo, apesar de ter órgãos normais de um dos sexos, sente-se como se pertencesse ao outro sexo. Os transexuais definem-se frequentemente como homens aprisionados em um corpo feminino e vice-versa. A transexualidade não deve ser confundida com a homossexualidade (atracção pelo mesmo sexo). Uretra - Canal por onde se expulsa a urina e, no caso do homem, também o sémen. Na uretra existe uma válvula que impede que estes dois líquidos passem ao mesmo tempo, por isso, estes nunca se misturam. Vagina - Canal extensível da mulher que se abre na vulva e se estende cerca de 12cm dentro da pélvis, comunicando com o útero. Vasectomia - Esterilização masculina que consiste no corte cirúrgico do tubo por onde circulam os espermatozóides. Vesículas seminais - Órgãos que segregam parte dos líquidos seminais. Violação - Coito que ocorre sem consentimento como resultado de uma coacção real ou manifestada em forma de ameaça. Vulva - Genitais externos femininos, compreendem os grandes e os pequenos lábios, o clítoris e as aberturas urinária e vaginal. Zonas erógenas - Zonas do corpo que se tornaram eroticamente mais sensíveis por aprendizagem e experiência.

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