Livro 2005 14 Poetas

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José de Sousa Xavier

ECOS Entre seus joelhos O bater de asas de uma borboleta Que naquela noite violeta Parecia vapor vulcânico Calava o suor que pingava Rasgava o seu travesseiro E o lumiar do abajur sorrateiro Era tolo desengano Em um minuto desfilaram tantos anos Que um gemido de espanto desprendeu-se... Quantas mãos abafam aquela boca Que deixavam as molas triunfantes? E o ócio momentâneo dos amantes Indicava o apogeu O deleite do gozo era um alívio Um corpo desabava sobre o outro Que entre sussurros frouxos Já falava em nostalgia Então tudo se enrubescia Com um torpor sub-humano Suspensos no ar resíduos mundanos Cobertos por lençóis amarrotados O expirar dos espíritos suados Os faziam soberanos

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