Mares de Sesimbra nº 27

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MARES de SESIMBRA

A Informação que conta

Director: João Augusto Aldeia Foto: João Augusto Aldeia

9 de Fevereiro de 2016, nº 26

Manuel Estevão foi pescador de profissão, mas também deixou a sua marca no Carnaval Sesimbrense, organizando grupos carnavales-

cos de sátira social, na mais pura tradição carnavalesca portuguesa. Foi também da sua iniciativa a "Marcha dos Pretos"

M an u el E s te v ã o

Nesta entrevista, recorda que os jovens moços de terra das companhas de pesca fa- também o "Enterro do Bacaziam na época dos Santos lhau", bem como outros aspectos da sua vida. Populares. Página 5

J ove n s Re p órte re s p a ra o Am b i e n te A presente edição inclui uma série de artigos de alunos das escolas de Sesimbra, no âmbito do programa "Jovens Repórteres para o Ambiente". Trata-se de uma iniciativa da Associação Bandeira Azul da Europa, e a primeira edição em Portugal aconteceu em 1 994. Esta iniciativa, que engloba diferentes atividades, destina-se a jovens dos 1 3 aos 21 anos (participação em grupo) ou jovens freelan­ cers dos 1 5 aos 21 anos de

idade. O objetivo principal deste programa consiste em preparar os jovens para o exercício de uma cidadania ativa na defesa do ambiente, utilizando metodologias no âmbito da investigação ambiental, do jornalismo, da comunicação e da internet. Atualmente, encontramse envolvidos neste programa alunos e professores de 28 países que constituem a atual rede Young Reporters for the Environment.

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Jovens Repórteres para o Ambiente Projeto PROVE em marcha

Bruna Silva Luísa Marques (ENRS - 7ºA)

O PROVE surgiu com o apoio de uma iniciativa comunitária, em 2006, nos concelhos de Sesimbra e Palmela, que convidaram agricultores a participar, como forma de ajudar a escoar os seus produtos. Há 1 0 anos que o PROVE aderiu à venda de cabazes. Cada cabaz tem entre 5 a 8 Kg de produtos e custa 1 0 euros. O PROVE ajuda a que não se estraguem as culturas. Os consumidores mostram-se satisfeitos com os produtos e chegam a com-

A bela cor dos pimentos biológicos prar cabazes para oferecer a amigos ou familiares. Ao aderirem ao projeto, deixam de ter de ir aos supermercados comprar alimentos que se estragam rapidamente. Em Sesimbra, o Prove tem cerca de 60 clientes, que recolhem produtos quinzenalmente, num horário fixo, na Moagem de Sampaio. Maria Teresa Gervásio, pequena produtora do Prove e participante na criação do projeto, informa: “Nós fornecemos os produtos mediante a época, os consumidores não os escolhem”. Miguel Gervásio, encarregue dos trabalhos agrícolas, usa apenas produtos natu-

Teresa Gervásio na horta rais, apesar de estes demorarem mais tempo a desenvolver-se. É sua convicção de que “temos de ter preocupação e respeito pelos outros”, não produzindo apenas com o objetivo de ganhar dinheiro. “Não contabilizamos horas de trabalho nem dias de descanso. A agricultura podia ser gratificante se houvesse outras políticas nesta área, porque o PROVE não tem apoio nenhum”. O casal evita usar químicos e, quando o faz, aplica-os com moderação e em espaços que ficam em repouso para não contaminar outros terrenos, esperando meses até à descontaminação. “Preocupo-me bastante com estas regras e respeito”, afirma Miguel. Para as respeitar, frequenta um curso de formação

Perspetiva da horta PROVE sobre a aplicação de produtos químicos, promovido pela Câmara Municipal de Sesimbra.

Miguel Gervásio a fazer a monda

Maria Teresa trabalha na agricultura desde pequena. Nessa altura, colocava as sementes na terra, ajudava a plantar as batatas e auxiliava os pais no que podia. “Gosto muito do que faço, pois é um trabalho saudável”. Outra das razões que a leva a ser agricultora é saber o que come. “Semeamos para comer”, afirma. Grande parte das sementes que usa têm mais de um século. Pelo que sabe, a sua horta data de 1 640. Muitos consumidores já preferem os produtos biológicos, pois consideram-nos mais saudáveis. Maria Teresa confirma-o: “Nunca estou constipada e nunca tomo medicamentos”. Esta é uma das grandes vantagens de aderir a produtos naturais.


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A Floresta Comum e o Eco­Escolas na Boa Água

Jovens colaboram na valorização ecológica da Praia da Foz JRA da EBI da Escola Michel Giacometti

JRA da EBI da Boa Água No âmbito do projeto Pedagógico de Valorização Ecológica da Praia da Foz, os alunos do 1 2º B da Escola Básica 2,3/S Michel Giacometti e os representantes das entidades parceiras do projeto, deslocaram-se, no passado mês de dezembro, pela segunda vez, à praia da Foz, localizada no concelho de Sesimbra.

A “Floresta Comum” é um programa de fomento e incentivo à criação de uma floresta autóctone com altos índices de biodiversidade o que torna a ligação com o programa Eco-Escolas natural, visto que, um dos objectivos do Eco-Escolas é o conhecimento e proteção do meio ambiente. No passado dia 1 5 de Janeiro a turma do 8.ºD da EBI da Boa Água juntou-se à “Floresta Comum” e com a

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ajuda dos técnicos da ANIME, de voluntários de Espanha e da Roménia, plantaram 1 8 jovens exemplares de carrasco (Quercus coccifera). O pequeno bosque que agora começa a crescer situa-se muito perto da Escola o que facilita a sua monitorização por parte dos alunos. Este é um exemplo de uma parceria entre uma EcoEscola, uma ONG e um programa Nacional - “Floresta Comum”.

As atividades efetuadas consistiram na remoção de uma planta invasora, neste caso, o chorão (Carpobrotus edulis), e na observação de variados fósseis representativos de diferentes períodos geológicos. Com este projeto pretende-se preservar e valorizar todo o ecossistema característico da Praia da Foz.

Exemplo de diferentes tipos de fósseis usando uma moeda de 50 cêntimos como comparativo de dimensão.

Novo projeto pedagógico de valorização ecológica da Praia da Foz No dia 1 9 de Novembro teve início na Praia da Foz, localizada no concelho de Sesimbra, um projeto pedagógico de valorização ecológica. As actividades reali-

zadas nesta primeira visita à praia consistiram na identificação e caracterização das espécies autóctones, no enquadramento e caracterização geológica do local e, por

último, procedeu-se à remoção da planta invasora – o chorão. Participaram nestas actividades os alunos do 1 2ºano da turma B da escola básica 2,3/S Michel Giaco-

metti, as representantes do ICNF (Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas), da Câmara de Sesimbra e os professores coordenadores do projecto. Equipa JRA da Escola Miclhel Giacometti


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O jornalismo juvenil está vivo em Sesimbra Quatro alunos e uma professora da Escola Navegador Rodrigues Soromenho participaram no Seminário Nacional Jovens Repórteres para o Ambiente (JRA), que decorreu nas Caldas da Rainha, nos dias 7 e 8 de novembro.

Depois das dicas sobre redação de artigos e edição de imagem, dadas por jornalistas, os cerca de 1 20 participantes (alunos, liderados por monitores JRA, e professores) foram divididos em 5 grupos diferentes, incumbidos de

uma missão específica: Paul de Tornada, Lagoa de Óbidos, Parque D.Carlos e Mata de D.Leonor, Foz do Arelho e Serra do Bouro e Hospital Termal. Após o trabalho de campo, procedeu-se à redação

de artigos e fotorreportagens. Foram cumpridos os objetivos: conhecer, investigar e reportar. Catarina Chambel Bruna Silva Luísa Marques Tomás Piocas

Dia Eco­Escolas, Global Action Days (GAD) e São Martinho na Boa Água JRA do Agrupamento de No passado dia 11 de Novembro, na Escola Básica Integrada da Boa Água, celebraram-se os dias EcoEscolas, Global Action Days (evento internacional que tem como principal objetivo a divulgação do programa EcoEscolas) e o São Martinho. Foi hasteada a Bandeira Verde, galardão que confirma o bom desempenho ambiental de toda a Escola, houve várias oficinas de reutilização de materiais, atuações das bandas da escola bem como de alguns grupos musicais

das turmas de música do 3ºciclo. Estiveram presentes os representantes do Município de Sesimbra, da Junta de Freguesia da Quinta do Conde, da ANIME e da Associação de Pais e Encarregados de Educação da EBIBA. Os convidados especiais foram os alunos, Educadores e Assistentes Operacionais do Jardim de Infância do Pinhal do General, que, este ano, participaram pela primeira no programa Eco-Escolas tendo sido galardoados com a Bandeira Verde e recebido o 1 ºPrémio do Concurso Poster Eco-Código. Esteve patente uma exposição sobre o São Martinho e receitas relacionadas com a época dinamizada pelo departamento de línguas. Houve castanhas assadas e muita animação.

Escolas da Boa Água


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Foto: João Augusto Aldeia

M an u el E s tê v ã o

Manuel da Conceição Estevão nasceu em Sesimbra em 1 9 Abril 1 935, na rua D. Sancho 1 º, originário de uma família de pescadores: “O meu pai era chofer duma barca dum tio meu, e todos os cinco irmãos que eu tinha foram pescadores, e tenho duas irmãs, e uma é também casada com um pescador.” Como é que se envolveu nas brincadeiras de Carnaval ?

Foto: Valdemar Capítulo

A primeira coisa que eu fiz, foi pelo S. João, foi a "Marcha dos Pretos". Eu tinha 1 2 anos, eramos 40 rapazes, tudo vestido de preto, mascarrados com cortiça queimada. Eu andava em Cascais, nesse tempo íamos fazer três meses de Verão para Cascais – era moço de terra, ainda não andava ao mar – e via lá uma marcha que saía pelo S. João, e achei aquilo muito engraçado, e a qualidade daquilo era assim: em ceroulas,

com umas folhas de palmeira na cabeça, todos mascarrados de corpo e de cara, e com os archotes acesos. E levavam duas jaulas, feitas em canas, com dois gatos – cada jaula levava um gato. Três anos a fio fomos à praça, e corríamos as ruas toda s. Fizeram a marcha três anos seguidos?

Sim. Os moços de terra que trabalhavam nas barcas, aquilo era uma bicha, mas eu não queria mais que era 40. Nas ruas, quando a gente se

concentrava, nas grandes caldeiradas, cantávamos todos em volta, aquelas voltas com os gatos, e então a cantiga era esta: Eu vim de Moçambique Namorei uma mulata Ela disse para mim: Ó filho tens muita lata É­o­i É­o­é É os pretos que veio da Guiné

Depois fiz uma marcha de raparigas na rua D. Sancho I, com os arcos, também fui Rei dessa marchas. A seguir dessa, eu fazia o enterro do bacalhau, fiz uns poucos de anos, Era montes e montes de gente. No primeiro ano, não fui à praia com o morto, para o mandar à água: fui aqui ao pio que estava na praça velha – havia ali um pio para os burros – mandei o morto, que era o Joãozinho que já lá está na terra da verdade – para dentro do pio, que estava cheio de água. A partir desse ano é que passou a ir para a praia. Fiz isso uns nove anos, também com os moços de terra das lojas de companha. Através disso veio o Carnaval. Era o Luis Boneco, era eu e era o Manuel Purificano, que era um grupo muito engraçado. Cheguei a ir vestido de Rei Hassan, cheguei a ir à

Roque Santeiro, cheguei a ir de Serafim Saudade. Cheguei a sair ali do Marcos Carapinha, vestido à Tenreiro: isso foi logo pelo 25 de Abril. Era eu vestido à Tenreiro, era outro vestido à Silva Pais [director da PIDE], e era outro vestido à Marcelo Caetano. O discurso que eu dei aqui nesta varanda do Grémio, aqui no meio! Aqui foi de dia. À noite fui dar o discurso no Ginásio, parou o Ginásio! E na pesca, em que artes é que andou?

No tempo das aiolas tive uma aiola, que foi aquase das primeiras aiolas a andar aí às zagaias, ainda não havia o correcão. Nessa actividade tive uns anos, e depois pensei de ir comprar uma embarcação que era do Jorge Carvalho, com 1 0,5 metros, que agora está nas mãos da Câmara [N. S. da Aparecida]. O nome dessa embarcação era o “Poder de Deus”, estive ali uns anos com um cunhado meu, mas depois não nos entendemos. Pescavam o quê?

Andávamos à pesca do alto, à pescada, ao peixe-espada, à chaputa, às albacoras: era um barco com capacidade para andar em qualquer lado. A gente ia para o Norte, para o Algarve.


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estupenda, de orientação, de saber comandar uma companha. Para ser um Mestre, tem de saber dirigir uma companha. E foi por isso que foi sempre um barco de respeito. Eu gostava daquele ambiente. Era um mestre que vinha do mar, vinha lá de Marrocos ou da Mauritânia ou do Senegal, pelo caminho, vinha sempre com os aparelhos abertos, para acusar pelo sítio que passava, para saber depois, um dia mais tarde: isto aqui é uma fundura boa, ou um chão bom para se pescar, qualquer dia vou aquiT e acertava! Chegaram a ter algum problema com as autoridades desses países?

Nunca tivemos problema nenhum. O problema que mais tive ali foi isto. O Anacleto, vai fazer 29 anos que morreu. E esse moço que lá está a comandar o barco, é genro dele, ao fim Foto: Valdemar Capítulo

Custou-me 1 80 contos, o armazém e a embarcação. Mas depois essa sociedade acabou, e pensei em ir para um sítio que realmente era fixe: quando saia um homem daquela indústria, estavam logo dez pedidos para o lugar dele, que era o barco do Anacleto António: andei lá vinte e quatro anos. Fiz a minha vida no Anacleto António, só saí de lá quando acabou a pesca de Marrocos, e meti os papéis para a reforma. Dá-se o caso que as pessoas sabiam que eu era um pescador muito útil ao barco, que era “da proa à popa”, que é como se chama ao pescador que faz tudo; sabia fazer tudo: sabia mexer numa sonda, sabia mexer no GPS, no radar, essas coisas todas, e era um tipo que estava em cima do bailéu a trabalhar com o expediente de conhecimento de toda a parte da

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Manuel Estevão foi dirigente do Grupo Desportivo de Sesimbra, inclusivamente como presidente da Direcção. logo. Tinha um motor de 650 cavalos, era um Bourduan. Logo na primeira pesca que o moço foi fazer ao mar! Tínhamos 21 homens ao mar. Fui muito sorrateiro para a ré do barco, comecei a tirar a roupa toda. Vem-me o chofer, que é o cunhado do Anacleto: – É pá, Manel, o que é que estás tu a fazer? – Vai lá dizer ao teu sobrinho que eu vou safar o cabo lá abaixo. Isto já era quase duas horas da noite. Vai o bote ao mar, assim pela popa. Cortaram a amarra da proa, e trouxeram o cabo para a ré, para eu ir pelo outro cabo para o hélice. Mas depois de eu estar dentro do bote, ele vem à popa: – É pá Manel, salta cá para dentro, que pode aparecer algum peixe ruim. Quando os barcos vierem para cima, levam a gente a reboque.

Os grupos carnavalescos de Manuel Estevão tibñham sempre uma forte componente de crítica social. pesca. Depois procurei um barquito, que era o barco que era do César, que ainda existe, e fui pedir se me arrumava lá. Fiquei como velho de terra. Acontece que depois começou a vir esta coisa dos abates dos barcos, ele pensou em abater o barco, e eu desisti, aos 60 anos, desisti da pesca, que eu já vou fazer 81 anos. Dá-se o caso que, a partir dos 70 anos, nunca mais fui à Doca. O Anacleto era um bom mestre?

Foi um grande mestre, um mestre com uma classe

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Mas a minha cabeça ficou a pensar, fui-me deitar para o beliche, e estava a pensar: o que é que não será deste barco quando entrar na doca a reboque dos outros? E fui lá outra vez, ainda de noite. E havia alguma visibilidade?

Fui ao mar, fui pelo cabo, até que lá cheguei ao hélice, agarrei uma palheta do hélice com a mão esquerda, e com a direita comecei a desengonçar o cabo. Vi logo que aquilo não estava trincado. Depois vim para cima. Estava a companha toda à popa. – Então Manel, como é que está? – Agora da segunda vez, vem tudo para cima. Fui outra vez pelo mesmo cabo e trouxe aquilo tudo: seis braças de cabo. Seis braças tem mais de seis metros, da grossura do meu pulso. E ainda voltei lá abaixo, mesmo sem cabo, para ver a manga, se tinha saltado algum parafuso. Mas vi que não tinha nada, vim para cima. Voltamos para Sesimbra, tudo impecável, Depois ao fim de três dias fui chamado ao Clube Naval, aos mergulhadores profissionais, para contar aquilo que eu fiz. Muitos disseram que não iam lá àquela hora fazer aquilo, mais a mais sem garrafas e sem protecção. E ainda disseram: você não devia ter feito isso. Depois trouxe uma medalha que me deu o Clube Naval. Na outra semana seguinte, apanhou o barco do Caturra um tubarão, lá no mesmo sítio, com 350 quilos! Até veio a fotografia no jornal, fotografado na Doca. João Augusto Aldeia

de menos de um ano foi A luz que eu tinha lá em governar o barco. A com- baixo, era a corrente da água panha não desprezou o que fazia a ardentia, de noite. barco. Acontece que fomos pescar para frente de Agadir. À segunda pesca o ferro foi para o fundo, o barco ancorado, aviso para a uma hora da noite, tuda a dormir. publicação electrónica À uma hora da noite tocou para levantar o ferro, o pescador da proa é que toma Director: João Augusto Aldeia - joaldeia@aiola.pt conta daquilo: deixou vir o Administração: José Gabriel - jagabriel@aiola.pt cabo, e a ponta do cabo, que chama a gente o cabeçalho Correspondência: mares@aiola.pt da amarra, deixou vir por Publicação: Projectos Aiola - www.aiola.pt baixo da hélice; o barco A presente edição segue as normas anteriores ao Acordo estava a andar à vante, enrolou seis braças de cabo Ortográfico actualmente ainda em fase de aprovação. ao hélice. O barco estancou

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