prisma 55 | jan 2015

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Ano 14 - No 55 janeiro 2014

R$ 15,00

A nova escola da Luz Edifício de escola pública de São Paulo traz aplicações práticas da construção sustentável, entre eles a utilização de componentes pré-moldados de concreto



nesta edição

55 revista prisma soluções construtivas com pré-moldados de concreto www.revistaprisma.com.br publicação bimestral janeiro 2015

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entrevista

O consultor Idário Fernandes analisa o mercado e a situação técnicoeconômica dos fabricantes de blocos e pisos

SEÇÕES

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7 agenda

pré-moldados

Grupo JW constrói condomínio em Cotia-SP com pré-moldados, blocos

e pisos intertravados de concreto

12 produtos

20

32 profissional top

arquitetura

Uma escola da FDE erguida com desenho preciso em área histórica de São Paulo, com pré-moldados de concreto

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pré-moldados

Prefeitura de São Paulo prevê a implantação de 20 novos CEUs, com pré-moldados

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mesa-redonda

O 18 Fórum InterCement discutiu a situação do mercado e técnica dos o

pisos industriais no Brasil

8 curtas

42 destaque



editorial

EXPEDIENTE Prisma é uma publicação bimestral da Editora Mandarim www.mandarim.com.br DIRETORES

Marcos de Sousa e Silvério Rocha EDITOR RESPONSÁVEL

Silvério Rocha – MTb 15.836-SP EQUIPE TÉCNICA

Abdo Hallack, Cláudio Oliveira, Germán Madrid Mesa (Colômbia), Hugo da Costa Rodrigues, Kátia Zanzotti, Marcio Santos Faria, Paulo Sérgio Grossi, Rodrigo Piernas Andolfato e Ronaldo Vizzoni COLABORADORES

Texto: Marcos de Sousa e Regina Rocha Fotos: Patrícia Belfort PROJETO GRÁFICO

LuaC Designer DIAGRAMAÇÃO/Arte

Vinicius Gomes Rocha Act Design Gráfico IMPRESSÃO

Van Moorsel Gráfica e Editora REDAÇÃO

Editora Mandarim Praça da Sé, 21, cj. 402, São Paulo, CEP 01001-001 Tel. (11) 3117-4190 SECRETARIA e ASSINATURAS

Ilka Ferraz, tel. (11) 3117-4190, www.portalprisma.com.br ou pelo e-mail ilka@mandarim.com.br PUBLICIDADE

Diretor Comercial: Silvério Rocha silverio@mandarim.com.br Representantação Comercial: Rubens Campo (Act) (11) 99975-6257 - 5573-6037 rubens@act.ppg.br APOIO INSTITUCIONAL

ABCP ABTC BlocoBrasil ISSN: 1677-2482

Na próxima edição Prédio comercial com alvenaria estrutural Catarina Outlet, São Roque-SP Avaliação de ciclo de vida As edificações e as patologias

A educação é uma das áreas fundamentais para qualquer país que pretenda alcançar o desenvolvimento pleno de seus cidadãos, dizem os especialistas. Nesse sentido, a criação de novos espaços dedicados à educação, à cultura e ao lazer da população, especialmente daqueles que mais precisam, é sempre notícia alvissareira. Assim, é digno de nota o projeto em desenvolvimento na Prefeitura de São Paulo de implantar 20 novos Centros Educacionais Unificados (CEUs) na capital paulista até 2016. E todos serão construídos com pré-fabricados de concreto, seguindo o sistema construtivo majoritariamente empregado no projeto e construção dos 45 CEUs já existentes em São Paulo. Nessa mesma área, publicamos nesta edição um belo projeto da Fundação para o Desenvolvimento da Educação (FDE), do governo do Estado de São Paulo, de uma escola no bairro da Luz, um dos mais antigos da capital paulista, concebido e construído com pré-moldados e blocos de concreto, numa simbiose que se revela acertada e oferece bons resultados, arquitetônicos e construtivos. Da mesma forma, um condomínio de galpões, em Cotia-SP, destinados a empresas de logística ou ligadas ao varejo e à fabricação de produtos de forma “limpa” , inteiramente construído com pré-moldados estruturais, blocos de concreto na vedação e pisos intertravados de concreto em suas vias internas, solução adotada amplamente por empresas de todos os portes desse setor. O avanço dos pré-moldados, blocos e pisos intertravados de concreto reflete a qualidade atual dos produtos fabricados por indústrias que possuem os respectivos selos de qualidade setoriais (Selo de Qualidade da ABCP e Selo de Excelência da Abcic) e que integram um time cada vez mais amplo, em todo o Brasil. Neste ano, em que a dif ícil situação da economia brasileira aponta para um mercado com pequeno crescimento, mas no qual as oportunidades continuarão a existir nas diversas áreas atendidas pelos fabricantes de pré-moldados de concreto, deverá haver também uma espécie de “seleção natural” . Assim, os fabricantes que oferecem qualidade deverão permanecer, enquanto muitos empresários que não são do ramo, especialmente nos segmentos de blocos e pisos de concreto, poderão ser expelidos pelo mercado contratante, que deverá ser cada vez mais seletivo em relação aos seus fornecedores. Boa leitura! 5



agenda INSCRIÇÕES PARA O WHEELWRIGHT PRIZE 2015 a partir de 5 de janeiro, pela internet

Promovido anualmente pela Harvard Graduate School of Design, o Wheelwright Prize abre suas inscrições para edição de 2015 a partir do dia 5 de janeiro. Voltada para jovens arquitetos, distribuirá US$ 100 mil em prêmios. As inscrições terminam no dia 30 de janeiro. Para mais informações, acesse: www.wheelwrightprize.org

WORKSHOP “AA MARATHON RUNWAY SAMBADROME” 10 a 18 de janeiro, no Rio de Janeiro

Entre os dias 10 a 18 de janeiro, o workshop “AA Marathon Runway Sambadrome” explorará diversos tipos de intervenções, internas e externas, a serem aplicadas no sambódromo Marquês de Sapucaí, projeto desenvolvido por Oscar Niemeyer durante a década de 1980. Durante as aulas, que acontecem no Centro Carioca de Design, serão apresentadas técnicas avançadas de design computacional e fabricação digital, abrangendo a construção de modelos físicos a partir de cortes a laser e prototipagem rápida. De acordo com a organização, não é necessário ter experiência prévia em design ou fabricação digital para participar do curso. Os interessados devem efetuar as inscrições até 6 de janeiro, ao custo de 695 libras esterlinas. Para mais informações, acesse: www.aaschool.ac.uk

FEIRA DOMOTEX 17 a 20 de janeiro, em Hannover, Alemanha

Feira de pisos, azulejos e revestimentos. Local: Deutsche Messe AG Hannover, Hannover, Alemanha Saiba mais: www.domotex.de

FEIRA BAU 19 a 24 de janeiro, em Munique, Alemanha

Feira de construção, ar-condicionado e arquitetura. Local: New Munich Trade Fair, Munique, Alemanha Saiba mais: www.bau-muenchen.com

IMM Cologne 19 a 25 de janeiro, em Colônia, Alemanha

Feira de design e decoração, que será realizada em Koeln Messe Koelnmesse, Colônia, Alemanha. Saiba mais: www.imm-cologne.com

World of Concrete 2 a 6 de fevereiro de 2015, em Las Vegas, EUA

O WOC é o evento internacional anual da indústria dedicada ao concreto e à construção com alvenaria de blocos de concreto, apresentando fornecedores líderes da indústria. Apresentarão também ferramentas inovadoras, máquinas e equipamentos de construção, cursos de formação de segurança e treinamento, tecnologias e oportunidades de networking ilimitadas para novas maneiras de sustentar e fazer crescer o seu negócio. Mais informações: www.worldofconcrete.com

EXPO REVESTIR 3 a 6 de março, em São Paulo

A 13a edição da Fashion Week da Arquitetura e Construção acontece no início de março de 2015, no Transamérica Expo Center, em São Paulo. Entre as novidades, empresas nacionais e internacionais apresentarão os produtos que ditarão moda em 2015 em soluções de acabamentos como cerâmicas, louças sanitárias, metais para cozinhas e banheiros, rochas ornamentais, laminados, madeiras, mosaicos, cimentícios, vítreos, entre outros. Lançamentos importantes que, por sinal, norteiam os projetos de arquitetos e designers de interiores e diversificam as opções para revendedores, construtores e compradores internacionais. “A feira pretende superar o sucesso de 2014, na qual ultrapassou a marca dos 51 mil visitantes altamente qualificados, que conferiram pessoalmente os lançamentos dos 233 expositores presentes”, afirma Antonio Carlos Kieling, presidente da Expo Revestir, do Fórum Internacional de Arquitetura e Construção e superintendente da Anfacer.

BrasCon 2015 4 e 5 de março, em São Paulo

O II Congresso Técnico-Comercial de Concretagem, Pré-moldados e Agregados (BrasCon) traz sessões técnicas e comerciais e palestras conduzidas por especialistas no setor de concreto, com objetivo de apresentar produtos e discutir as novas tecnologias e oportunidades da indústria. O público-alvo do evento são CEOs, diretores, gerentes, técnicos, consultores, empresários, construtores, fornecedores e investidores, além das organizações não governamentais. Informações e inscrições: www.gmiforum.com/bemvindo-ao-brascon-2015

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curtas Seconci-SP: balanço positivo O ano de 2014 foi de conquistas para o Seconci-SP (Serviço Social da Construção). Com 10.300 colaboradores e 81 unidades de saúde sob sua administração, próprias ou da rede pública de saúde, espalhadas pelo Estado de São Paulo, a entidade atingiu a marca de 8 milhões de atendimentos em 2014. Em comparação com 2013, estes números representam aumento de 20% em atendimentos e de 11,5% em colaboradores. Em suas 11 unidades próprias na capital e no interior paulista, o Seconci-SP deverá fechar o ano com cerca de 2 milhões de atendimentos feitos a trabalhadores da construção civil e seus familiares, 11% a mais em relação a 2013. Esses números incluem: atendimentos médicos e odontológicos; procedimentos ambulatoriais e odontológicos; exames laboratoriais, de imagem e de métodos

Sinprocim completa 80 anos e lança livro comemorativo O Sindicato da Indústria de Produtos de Cimento do Estado de São Paulo (Sinprocim) completou 80

gráficos; e atendimentos de equipes de apoio (fonoaudiologia, nutrição, serviço social,

anos de atuação em 2014 e, para celebrar a data, lançou o livro - “Uma História Concreta de Lutas

enfermagem e fisioterapia). Com cerca de 5 mil

e Conquistas”. A obra reúne fatos que marcaram a trajetória da entidade, bem como da indústria de

empresas contribuintes, o Seconci-SP investiu

produtos de cimento e da própria construção civil brasileira. “A experiência adquirida em décadas

ao longo de 2014 cerca de R$ 1,250 milhão

de história é fundamental para que possamos seguir no caminho certo, no fortalecimento da cadeia

na inauguração de uma nova unidade em

produtiva da construção do Brasil. Espero que este livro possa contribuir para a tomada de decisões

Piracicaba (SP), na aquisição de equipamentos

corretas”, destaca José Carlos de Oliveira Lima, presidente dos Conselhos Deliberativos do Sinaprocim/

que aumentaram a capacidade de atendimentos,

Sinprocim. O livro foi editado pela BB Editora, distribuído a autoridades, associados, lideranças e

na ampliação de postos de trabalho, entre

empresários da cadeia produtiva da indústria da construção e jornalistas. Para contar a história do

outras melhorias. “Para 2015 vamos investir

Sinprocim, o livro faz uma viagem no tempo e remonta aos primórdios, passa pelo desenvolvimento da

R$ 3,5 milhões em novos equipamentos e

construção no Brasil até chegar aos dias de hoje. São seis capítulos: Produtos de cimento no Brasil e

melhorias, que incluem inauguração de duas

no Mundo; A trajetória de uma entidade; Depoimentos; ConstruBusiness, Galeria dos Presidentes e A

novas unidades no interior e aquisição de mais

Indústria e a Sustentabilidade. O livro conta também a história da produção de cimento no Brasil. Desde

uma Unidade Móvel Odontológica.

os primórdios, em 1892, na Paraíba, que não vingou devido à distância dos grandes centros. A segunda é de 1897 sobre a Usina Rodovalho, em São Paulo, considerada a pedra fundamental da indústria de produtos de cimento no Brasil. A usina funcionou até 1904 quando foi arrematada e em 1918 passou para as mãos da Votorantim. Mas a primeira fábrica de cimento só saiu do papel vinte anos depois

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Enic 2015: inscrições abertas Já está no ar o site do 87o Encontro Nacional da Indústria da Construção (Enic), que será

com a inauguração em 1923 da Companhia Brasileira de

realizado de 23 a 25 de setembro de 2015, em

Cimento Portland, em Perus, São Paulo. Até então, o consumo

Salvador. Promovido pela CBIC e realizado pelo

de cimento no País dependia exclusivamente do produto

Sinduscon-BA e Ademi-BA, o evento terá como

importado. Diante da produção crescente, os empresários do

tema central “Brasil mais eficiente, País mais

setor decidiram se reunir, criando o Sinprocim – Sindicato da

justo”. A expectativa é de que participem do

Indústria de Produtos de Cimento do Estado de São Paulo,

encontro cerca de 1.800 pessoas com o objetivo

em 1934, originalmente com outra denominação: Sindicato

de apresentar soluções e novos entendimentos

dos Fabricantes de Ladrilhos e Mosaicos de São Paulo. Em

para um setor em constante evolução. Durante a

1937, filiou-se à Federação das Indústrias do Estado de São

reunião do Conselho de Administração da CBIC,

Paulo (Fiesp), ajudando a construir as bases que hoje dão

o vice-presidente Vicente Matos, destacou a

sustentação à federação. Hoje, o Sinprocim representa mais de

importância do apoio das Comissões Técnicas

oito mil indústrias de produtos de cimento em todo o País, com

para a definição dos temas para o encontro.

faturamento de R$ 9,4 bilhões e gerando 126 mil empregos.

Mais informações: http://www.enic.org.br/.



curtas Sistema de gerenciamento de resíduos on-line já está em vigor no Estado de SP Já está disponível para acesso o site do Módulo Construção Civil do Sistema Estadual de Gerenciamento On-line de Resíduos Sólidos (Sigor), instituído pela Secretaria do Meio Ambiente de São Paulo em parceria com a Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (Cetesb) e o Sindicato da Indústria da Construção (SindusCon-SP). A ferramenta, que objetiva agilizar e desburocratizar os procedimentos de gerenciamento das informações relativas aos fluxos de resíduos sólidos desde a geração até a destinação final, passando pelo transporte e destinações intermediárias, foi lançada em 12 de dezembro último, na Secretaria Estadual do Meio Ambiente. O SindusCon-SP também disponibilizou a apresentação do projeto, que reúne informações sobre os materiais contemplados, os usuários do programa e os dados para elaboração dos Planos de Gerenciamento de Resíduos (PGR) por parte dos geradores e a emissão dos documentos que acompanham os resíduos transportados chamados de Controle de Transporte de Resíduos (CTR). A previsão é de Mercado imobiliário segue como principal cliente do setor

que, em 2015, o Sigor seja implantado nas cidades de Santos, onde já opera um sistema piloto, Campinas, Sorocaba, São José do Rio Preto,

Indústria de blocos prevê estabilidade dos negócios em 2015 Pesquisa semestral da Associação Brasileira da Indústria de Blocos de

Presidente Prudente, Bauru, São José dos Campos, Ribeirão Preto e Santo André. O sistema envolve, além dos órgãos estaduais, os municípios, os geradores, os transportadores e as áreas de destino de resíduos.

Concreto (BlocoBrasil), realizada neste mês de novembro, mostrou que

Para acessar o Sigor: www.cetesb.sp.gov.br/residuos-solidos/sistema-de-

a maioria dos fabricantes (66,66%) está pessimista com o desempenho

gerenciamento-online-de-residuos---sigor/33-inicio

da economia no primeiro semestre de 2015. A necessidade de um ajuste fiscal e de redução de gastos para ajustar as contas públicas neste ano não trazem perspectivas animadoras para o desempenho da economia e da construção civil brasileira. Coerentes com essa conjuntura, 50%

Manual de Desempenho - Alvenaria de Blocos de Concreto disponível para download O Manual de Desempenho – Alvenaria de Blocos de Concreto, Guia

dos fabricantes que responderam à pesquisa nacional esperam manter

para atendimento à Norma ABNT 15575

o nível atual dos seus negócios, estimativa melhor do que a dos 14,5%

já está disponível para download no

de empresários que preveem redução das atividades em até 30%,

site da BlocoBrasil. O procedimento

no primeiro semestre de 2015. Já para 22,91% dos fabricantes, a

para baixar a íntegra do Manual de

expectativa é positiva, prevendo crescimento das atividades entre 10% e

Desempenho é muito simples - basta

20% nesse período do ano que vem. O mercado imobiliário, seguido pelo

acessar o site da BlocoBrasil e seguir

programa Minha Casa, Minha Vida, com 47,91% e 33,33% das respostas,

os passos abaixo:

respectivamente, são os dois segmentos responsáveis pela manutenção

1) www.blocobrasil.com.br

ou crescimento das atividades do setor, segundo os fabricantes associados

2) página principal (home) em

à BlocoBrasil. A contratação de mais funcionários (22,92%), a adoção

“Manual de Desempenho”

de medidas para aumento da produtividade (16,32%), entre elas o

3) preencha com seus dados e

treinamento/automatização e a aquisição de máquinas paletizadoras, e a

receba o link direto no seu e-mail.

compra de novos equipamentos (10,41%) são as medidas previstas para

Para mais informações, ligue para

aqueles que estimam crescimento dos negócios. A redução do número de

a BlocoBrasil: tel. (11) 3768-6917

funcionários é a ação a ser tomada pelos empresários que acreditam na

ou envie e-mail para blocobrasil@blocobrasil.com.br.

redução das atividades. O segmento hoje mais significativo do setor - que congrega fabricantes de blocos e pisos intertravados de concreto - é o de blocos estruturais, responsável por 74,35% do faturamento setorial.

Retificação Profissional Top Lúcio Silva é presidente do Sindicato das Indústrias de Produtos de

O segmento de pisos intertravados representa 29,16% do total. Segundo

Cimento do Estado de Minas Gerais (Siprocimg) e diretor-adjunto do

Ramon Barral, presidente da BlocoBrasil, a pesquisa semestral das

Sistema Fiemg; é empresário e sócio das empresas Bloco Sigma e Pavi

expectativas para o primeiro semestre de 2015 traça um retrato preciso

Sigma, diferentemente do que foi publicado na seção Profissional Top na

do que é o setor atualmente.

edição 54 da Revista Prisma.

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produtos PÁ-CARREGADEIRA BMC-HYUNDAI - A BMC-Hyundai distribui os modelos de pás-carregadeiras Simple Tech SL733 e SL763 para todo o Brasil. A popularidade das máquinas se deve à sua alta qualidade e funcionalidade, aliadas ao baixo custo. O modelo SL733 pertence à categoria de 12 toneladas, com potência de 123 HP e capacidade de caçamba 1,7 m3; enquanto o modelo SL763 faz parte da categoria de 18 toneladas, com potência de 217 HP e capacidade de caçamba de 3 m3. Usadas para mobilidade de materiais ou para substituição de tratores de esteiras, as pás-carregadeiras Shandong se destacam por sua qualidade e acabamento, além de conter cabine fechada com ar-condicionado e ampla visibilidade, baixo nível de ruído, rádio e entrada USB, assento regulável e ajustável ao peso, tudo para proporcionar maior conforto ao operador e, assim, ganho de produção. A central de monitoramento do painel de controle possui

O motor a diesel é dotado de seis cilindros com injeção mecânica

indicadores analógicos das funções do motor e da transmissão

e o capuz é basculante, para facilitar a inspeção e manutenção

e, ainda, sistema de iluminação para trabalho e deslocamentos.

periódicas. Informações: www.brasilmaquinas.com.

LINHA TRANSPALETE CSM TP - A CSM, uma das maiores e mais importantes empresas no desenvolvimento de máquinas para construção, fôrmas, sistemas construtivos e engenharia de movimentação do País, acaba de lançar uma linha de transpaletes, ideal para a movimentação de cargas paletizadas. A linha CSM TP tem versões com capacidades de carga de duas toneladas e de três toneladas, ambas pensadas para facilitar a movimentação horizontal, a seleção e a distribuição de estoques em fábricas, galpões, centros de distribuição e outros ambientes logísticos. Os transpaletes de duas toneladas podem variar quanto à largura dos garfos, com modelos de 550 mm e 685 mm, e rodas de nylon, simples e dupla; a largura dos garfos do transpalete de três toneladas é de 685 mm e as rodas duplas são de nylon. Informações: www.csm.ind.br

CIMENTCOLA WEBER PARA COZINHAS E BANHEIROS - A Weber, fabricante dos produtos quartzolit, lança o cimentcola cozinhas e banheiros quartzolit, específico para áreas internas de cozinhas, banheiros e lavanderias. A novidade é uma argamassa colante cinza, fácil de misturar e aplicar, com propriedades que tornam o produto ainda mais resistente quando comparado com argamassas colantes convencionais para uso interno. Indicado para revestimento de cerâmicas com dimensão de até 80 x 80 cm, o produto tem aditivos especiais para garantir o desempenho em áreas úmidas. O cimentcola cozinhas e banheiros quartzolit está disponível em embalagens de 20Kg em São Paulo e no Rio Grande do Sul e, nos próximos meses, nos demais Estados brasileiros. O atendimento ao cliente é feito pelo telefone 0800 709 6979, de 2a a 6a feira, das 8h às 18h. Mais informações: www.weber.com.br. 12


ADITIVOS BASF PARA CONCRETO - Ter o parceiro certo de aditivos é fundamental para o sucesso de qualquer produtor de concreto. A marca Master Builders Solutions da Basf lidera a indústria da construção com uma marca inovadora detentora de produtos avançados para o mercado de concreto. A Basf oferece

CIMENTÍCIO COM SOTAQUE - A grande novidade do

ampla linha de plastificantes de alta qualidade para aumentar

setor de cimentícios é a parceria da baiana Tecnogrés

a produtividade, o desempenho e a eficiência do concreto, bem

Revestimentos Cerâmicos com a portuguesa A Cimenteira do

como aditivos complementares para melhorar as propriedades

Louro, reconhecida mundialmente pela sua especialização em

de resistência, durabilidade, design e de sustentabilidade do

cimentícios. Inspirados tanto na geometria quando nas pedras,

concreto. Os aditivos especialmente formulados possuem

as peças da A Cimenteira do Louro fogem do lugar comum.

propriedades redutoras de água que permitem a produção

Comercializadas no Brasil com exclusividade pela Tecnogres,

de concreto durável de alta resistência com maior tempo de

prometem brilhar na Coleção 2015. Como o sofisticado Vértice,

trabalhabilidade. Essas propriedades podem ser encontradas

com discreto efeito 3D, para quem quer destacar um painel

nas famílias de produtos MasterGlenium, MasterPolyheed e

interno ou uma fachada mais modernista. O acabamento suave

MasterRheobuild. E, segundo o gerente de Marketing da Basf,

ao toque traz ainda mais elegância. A criatividade fica por conta

Marcos Correia, a linha Master Premium X-Seed da empresa

do especificador, que pode criar formas de colocação das peças,

fornece soluções que permitem eliminar a necessidade de

formando a sua própria composição. O formato 20 x 20 cm

cura a vapor, oferecendo resistências iniciais muito altas,

facilita a colocação e dá asas à imaginação. As cores são

entre quatro e seis horas, dependendo das dosagens.

clássicas - marrom, branco, cinza e preto - e podem ser outro

Informações: www.basf. Com BR.

componente na personalização. Os produtos da A Cimenteira do Louro são produzidos com cimento, areia, brita e água, são 100% recicláveis, sendo todos os seus resíduos de produção reutilizáveis e não necessitam de queima para sua fabricação.

TORNEIRA ELETRÔNICA LUMEN - A Hydra apresenta a Lumen, primeira torneira eletrônica do mercado brasileiro com sistema gradual de controle de temperatura. Com a Lumen fica muito mais fácil controlar a direção da água, pois o arejador é totalmente articulado, girando 360 graus. A torneira conta com dois sistemas de identificação de temperatura: um visualizado na etiqueta do botão de controle e o outro, que é a grande inovação, por meio de Leds que emitem luzes sobre a água, que, de acordo com a temperatura escolhida, muda de cor. Ela economiza até 91% de energia e é de fácil instalação. Compatível com disjuntor DR, tem versões 220V e 127V. Informações: http://www.hydra.eco.br/produtos/torneiras-eletricas/lumen-eletronica.

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entrevista

REPORTAGEM: Marcos de Sousa FOTO: Divulgação

Idário Fernandes

Doutor em blocos de concreto O consultor Idário Fernandes é engenheiro civil e técnico em edificações, com mais de 30 anos de experiência na produção e controle de qualidade de artefatos de cimento. Ao longo de sua carreira, o especialista proferiu mais de 250 cursos e palestras no Brasil e no Mercosul sobre cimento e concreto, prestou mais de 200 consultorias em fábricas de artefatos e escreveu o livro Blocos e Pavers - Produção e Controle de Qualidade, hoje na quinta edição, com mais de 10 mil exemplares vendidos em 16 países. Idário dirige a Doutor Bloco (www.doutorbloco.com.br), empresa que presta serviços de consultoria em tecnologia de concreto. Nesta entrevista, ele discute a situação do setor de fabricação de blocos de concreto para alvenaria e pavimentação e oferece algumas dicas importantes para quem fabrica, constrói ou projeta obras com esses materiais. Como anda o mercado de fabricação de blocos e pavers? Ainda há muitas indústrias novas em implantação pelo país? Sim, apesar de estarmos em um momento de relativa estagnação. Muitas fábricas estão iniciando a produção agora ou vão fazê-lo nos próximos meses, quando terminarem a instalação de seus equipamentos. Isto ocorre porque muitos empresários vislumbraram ótimas oportunidades de negócios neste setor há dois anos, quando tivemos uma explosão de consumo. Naquele período chegamos a ter blocos vendidos pelo dobro do preço de mercado de hoje. O caminhão do cliente ficava de plantão no pátio da fábrica esperando o produto sair da câmara de cura. E como os grandes projetos de indústrias demoram a entrar em operação, diversas empresas estão concretizando agora os planos feitos no período das “vacas gordas”, em 2011. Uma fábrica leva de um a dois anos para ficar pronta a partir da decisão de entrar no negócio. Depois vem a escolha do terreno, definição do equipamento, projeto da planta, liberação de financiamento, importação, transporte, desembaraço alfandegário, instalação e treinamento da equipe, entre outras etapas. É possível falar em uma evolução do setor de fabricação de blocos de concreto no Brasil? O que melhorou nos últimos anos? Tenho certeza de que nos últimos anos houve significativa 14

prisma

evolução na qualidade dos produtos, com a entrada no mercado de muitos equipamentos de grande capacidade e alto grau de automação, principalmente aqueles importados. Avalio que nos últimos cinco anos, mesmo com o período dif ícil que estamos atravessando, o mercado cresceu e evoluiu tecnologicamente mais do que nos dez anos anteriores. Outro fator a considerar é que, com o mercado enxuto e muita gente competente chegando, os que estavam acomodados, solidamente estabelecidos, tiveram que se aprimorar ainda mais. Haverá, portanto, um saneamento do setor, com o provável desaparecimento dos aventureiros, principalmente dos fabricantes de equipamentos ineficientes, e das fábricas de blocos sem qualidade, produtos informais que não cumprem as exigências de norma. Alguns arquitetos e engenheiros que visitam o país comentam a pequena diversidade de produtos oferecidos no Brasil, tanto em peças para pisos, como de blocos para alvenaria. Mesmo aqui na América do Sul, há países onde é possível encontrar pisos com acabamentos mais finos e blocos com texturas diferenciadas. As fábricas locais não estão preparadas para produzir esse tipo de material ou não há demanda no mercado? De fato, ainda precisamos crescer nesta direção, e precisamos ser mais ousados. Há, é claro, exceções e temos algumas empre-


sas que se arriscam a oferecer produtos novos, mas ainda de forma muito acanhada. Apenas para comparação, no México, as habitações do tipo “minha casa minha vida”, são construídas com alvenaria de blocos split (com superf ície que imita a pedra) na fachada. Em outubro estive no Peru e na Argentina, em eventos que reuniram especialistas do setor, que representavam boa parte do mundo. Na maioria dos trabalhos apresentados, discutiu-se muito o bloco split, os blocos intertravados mesclados, e diversos outros tipos de materiais que não utilizamos no Brasil. Ainda temos medo de ousar e, salvo exceções, continuamos com os mesmos modelos de 30 anos atrás. Em janeiro, estive na África do Sul para obervar o “pós-Copa” deles e me encantei com as combinações harmônicas de pavers, pisos tipo fulget, meios-fios coloridos, cerâmica e principalmente soluções para portadores de necessidades especiais. Por outro lado, nunca haverá demanda se não houver oferta. Primeiro, temos que apresentar o produto ao mercado, para ser conhecido, experimentado e comentado, e daí, se o produto for adequado, a demanda aparecerá naturalmente. Onde estão os maiores desafios para a melhoria constante: nos equipamentos, na formação da mão de obra ou na capacidade de renovação dos próprios empresários? Creio que o maior desafio é mesmo a capacitação profissional, tanto para a produção como para aplicação dos produtos. Temos muitos casos de excelentes produtos que foram mal aplicados e geraram uma imagem ruim para o sistema. Em segundo lugar, vem a necessidade de informação. Infelizmente, temos uma grande quantidade de equipamentos novos, muito atrativos, baratos, mas ineficientes, sendo ofertados no mercado. Ironicamente, estas empresas ostentam excelente imagem na internet, fazendo com que pequenos investidores adquiram esses equipamentos e “queimem” suas parcas economias. Ao final, não conseguem obter lucro e, para não perder o pouco que tinham, se veem obrigados a colocar um produto sem qualidade no mercado. E isto prejudica toda a cadeia do segmento. Os empresários também terão de fazer sua parte nesta renovação. Numa interpretação do velho ditado “Quem não tem competência não se estabelece” eu diria, neste novo cenário: “Quem não tiver competência não permanecerá estabelecido”. Você poderia citar um exemplo de fabricante, que tenha feito uma evolução importante na qualidade dos produtos? Sim, há diversos. No Nordeste, a Prenorte trocou equipamentos de 30 anos por máquinas novas, duplicou sua produção e agora atende a todas as exigências de norma. Resultado: o negócio está prosperando. A Concrepoxi, que investiu em equipamento moderno, oferece um produto de padrão internacional, dupla

Haverá um saneamento do setor, com o provável desaparecimento dos aventureiros, principalmente dos fabricantes de equipamentos ineficientes, e das fábricas de blocos sem qualidade capa e modelos inéditos no país. Também por lá, o grupo Silvana inaugurou recentemente uma planta moderníssima e de alta tecnologia. No Rio Grande do Sul, a Groove está fazendo a terraplenagem para instalação de sua terceira máquina moderna e de grande porte, isso em menos de três anos. O caminho é este, mas o empresário precisa ter coragem e, sobretudo, muita visão e estudo de mercado. Para obter qualidade, qual é o maior problema: os equipamentos, os materiais ou o treinamento da mão de obra? O maior responsável pela falta de qualidade dos blocos de concreto e pavers no Brasil é a ausência de comprometimento do comprador com a qualidade do produto, em outras palavras, o conceito do “me engana que eu gosto”. Longe dos grandes centros, muitos compradores sabem que existe a norma, e que esse documento especifica o nível mínimo da qualidade exigível do produto; mas preferem pagar mais barato por um produto que, apesar de boa aparência, não atende, nem de longe, às exigências. Para quem tem visão curta, atender às normas significa aumentar o custo, e então se compra um produto fora das especificações com a impressão de ser um bom negócio. Mas, em pouco tempo o mau desempenho do produto acaba por prejudicar não apenas quem o comprou, mas, principalmente, a imagem do sistema construtivo, sobretudo no caso dos blocos para pavimentação. Existem também limitações dos materiais usados na fabricação (cimento, areia, brita, pigmentos, aditivos)? Existem particularidades regionais. No Sudeste, notadamente em São Paulo, Minas e Espírito Santo, temos oferta de materiais excelentes, com destaque para o Espírito Santo, que tem uma das melhores areias do país. Em outras regiões, nem tanto. No Norte temos pouca oferta de cimento ARI (alta resistência inicial), o mais indicado para artefatos de concreto, porque possibilita a desforma antecipada. Na região Oeste do estado de São Paulo e em Mato Grosso do Sul há muita areia boa, mas o pó de pedra é de basalto, que não é bom para artefatos. No Sul, temos maior dificuldade para adquirir areias de boa qualidade. 15


pré-moldados

Empreendimento em Cotia-SP ergue, com blocos e pré-moldados estruturais de concreto, galpões com metragens diferenciadas para atender a empresas de logística

REPORTAGEM: Silvério Rocha IMAGENS: Patrícia Belfort

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prisma

Logística em bloc A forte declividade, a existência de rochas e o lençol freático quase aflorando em diversos pontos no terreno de 155 mil m2 eram desafios a serem superados pelo projeto e pela execução do condomínio logístico da JW Empreendimentos. “Havia uma grande dificuldade para o desenvolvimento do projeto estrutural e de fundações, pois precisávamos lidar com esses diversos problemas e buscar as melhores soluções para cada

área do terreno” , explica o engenheiro Ricardo Simões, autor dos projetos de fundações e estrutural do condomínio. Assim, o projeto previu o emprego de fundação direta com estacas de hélice contínua nos locais em que havia rochas aflorando e, nas áreas situadas nas partes mais baixas do terreno, o uso de tubulões e hélice contínua, com estacas de 15 a 22 m de profundidade. E, devido ao desnível de 14,5 m entre os gal-


concreto na vedação. Além dos galpões, que somam 46 mil m2 de área cons­ truída, há um prédio de estacionamento, com 20 mil m2 e construído com concreto moldado in loco.

Melhor solução técnica

cos pões, foram construídos diversos muros de arrimo para a contenção do terreno. “Precisamos canalizar o lençol freático em diversos pontos, como solução para evitar o afloramento da água” , conta Simões. Já o projeto estrutural dos galpões – no total, são 11 galpões com áreas variáveis entre 2.800 m2 e 7.500 m2, todos com mezaninos, que possuem áreas entre 310 m2 e 720 m2 – utilizou os prémoldados de concreto, com blocos de

A construção foi realizada pela Efeso Construtora, de Cotia-SP, que se responsabilizou por todas as etapas da obra, incluindo a contratação dos fornecedores. A obra teve o início de seus trabalhos em maio de 2013, com previsão de conclusão em dois anos e meio. “Nossa maior dificuldade foi superar os problemas com as fundações e a existência de rochas muito grandes na superf ície do terreno, que também tem grande declividade e irregularidade” , revela o engenheiro Joaquim Gomes da Silva Filho, sócio-diretor da Efeso. “Somente para superar essas irregularidades e desníveis do terreno, foi necessário movimentar 756 mil m3 de terra” , diz ele. O projeto inicial dos galpões previa a estrutura geral em pré-moldados de concreto e os mezaninos moldados in loco, com vigas metálicas. De acordo com o engenheiro da Efeso, a estrutura

O projeto estrutural dos galpões utilizou os pré-moldados de concreto, com vedação com blocos de concreto

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arquitetura

A opção por utilizar os pré-moldados de concreto para a estrutura dos galpões foi a melhor solução técnica

pré-fabricada de concreto foi considerada a melhor opção técnico-econômica. “Esta solução foi muito melhor do ponto de vista técnico” , avalia o engenheiro Simões. Com ele concorda, claro, o engenheiro Gabriel Scarelli, da Leonardi PréMoldados, empresa que desenvolveu o projeto estrutural específico e forneceu/ montou as peças da estrutura. Segundo o engenheiro Scarelli, os galpões têm vãos de até 24 m e pé-direito de 12 m, com os mezaninos posicionados na parte frontal de cada edificação; os galpões contam ainda com iluminação por lanternins, posicionados no centro da cobertura, feita em telhas de alumínio, e ventilação por lanternins, nas laterais das coberturas dos galpões. Devido ao atraso inicial da obra decorrente da necessidade de solucionar as dificuldades das fundações, a Leonardi desenvolveu uma estratégia de logística que incluiu a produção de um grande volume de peças inicialmente, que eram estocadas na própria fábrica, em Atibaia-SP. Antes do início da montagem das estruturas dos galpões, foi feita a pavimentação das ruas, com pisos intertravados de concreto. Os pisos, com desenho do tipo espinha de peixe, são nas tonalida18

prisma


des cinza e amarelo, esta nas partes centrais das vias. No total, foram pavimentados 9,6 mil m2 de ruas internas com pavers. De acordo com o engenheiro da fabricante de pré-moldados, após a pavimentação das vias do condomínio, as peças estruturais foram levadas e estocadas no canteiro da obra. A construção da estrutura exigiu da Leonardi a disponibilização de uma carreta e de um guindaste com capacidade para 30 toneladas para transporte interno e içamento das peças. A equipe da fabricante de pré-moldados foi constituída por cinco profissionais, mais o responsável técnico. “As vigas de cobertura mais compridas, de 24 m cada, foram montadas com duas equipes, que conseguiam erguer quatro vigas por dia” , diz Scarelli. A montagem teve início em 15 de setembro de 2013 e foi concluída às vésperas do Na-

tal de 2014, em 23 de dezembro de 2014. Na vedação, foram empregados os blocos de concreto da Quitaúna, de Santana do Parnaíba-SP, detentora do Selo de Qualidade da ABCP e qualificada pelo PSQ de Blocos vazados de concreto, do PBQP-H e há 25 anos no mercado, segundo seu proprietário, Clineu Alves Guimarães. A decisão pela Quitaúna como fornecedora dos blocos para a obra foi decorrência da “confiança na qualidade dos produtos da empresa, da qual sou cliente há quase 20 anos” , segundo o engenheiro Joaquim Gomes, da Efeso Construtora. A somatória do know-how da construtora com a confiança nos seus principais fornecedores, segundo Gomes, permitiu à Efeso entregar a obra em 1,5 ano, ante os 2,5 anos previstos inicialmente.

FICHA TÉCNICA Nome da obra: JW Empreendimentos Localização: Rodovia Raposo Tavares (SP 270) KM 36,7 Cotia-SP Área do terreno: 155 mil m2 Área construída: 46 mil m2, galpões; 20 mil m2, prédio estacionamento Arquitetura: arq. Johnny Watanabe Fundações e Estrutura: eng. Ricardo Simões Construção: Efeso Construtora Empreendimento: JW Empreendimentos Fornecedores: Pré-moldados (Leonardi); Blocos de concreto de vedação (Quitaúna Fábrica de blocos), pisos intertravados de concreto (Piúca), Concreto (Potência Concreto)


arquitetura

Prédio ocupa terreno de antiga garagem da Prefeitura de São Paulo, do qual foram mantidos parte dos muros e o pórtico com o brasão municipal.

Instituição de ensino tradicional do bairro da Luz, em São Paulo, a E.E. Prudente de Moraes

Uma escola em quatro tempos

acaba de ganhar uma nova casa, construída em tempo recorde com componentes pré-fabricados de concreto. O projeto é das arquitetas Keila Costa e Helena Ayoub Silva REPORTAGEM: Marcos de Sousa IMAGENS: Lauro Rocha/divulgação

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prisma

Com 122 anos de atividades, a Escola Estadual Prudente de Moraes, em São Paulo, já ocupou três edif ícios: o primeiro em sua fundação, em 1893, o segundo projetado especialmente pelo arquiteto Ramos de Azevedo e depois transformado em quartel militar, e o terceiro construído nos anos 1950, já em acordo com a estética da arquitetura modernista. Agora, entre 2009 e 2014, a Funda-

ção para o Desenvolvimento da Educação (FDE) projetou e construiu um novo prédio para a tradicional escola, inteiramente concebido com elementos pré-fabricados. A pressão do prazo de construção vinha, de um lado, do interesse manifesto da vizinha Pinacoteca do Estado em incorporar o elegante prédio da escola às suas instalações. Havia também


a necessidade de obras na edificação, que se encontrava em más condições de conservação e pedia um restauro urgente. Oficialmente, a FDE informa que a mudança de prédio foi necessária para “ampliar as salas de atividades, com mais equipamentos pedagógicos e melhor infraestrutura, além da possibilidade de ampliação do atendimento à comunidade” . A nova unidade teve projeto preliminar da arquiteta Keila Costa (http:// maisk.arq.br/eebairro-luz), que posteriormente foi convidada pela colega Helena Ayoub Silva para trabalhar no

desenvolvimento do projeto executivo. O prédio conta com 4.945 m2 de área, cerca de 2.500 m2 a mais do que o prédio anterior, ampliando, segundo a FDE, a capacidade de atendimento da escola em mais de 60%, com um total de 1.600 vagas. As instalações recém-construídas também propiciaram a ampliação da sala de informática, além de laboratórios, brinquedoteca, sala de leitura, sala de recurso para atendimento complementar e especializado a alunos deficientes e sala de reforço escolar, além de duas quadras, uma delas coberta. 21


arquitetura

Construção com estrutura pré-moldada de concreto avançou rapidamente, logo após a demolição da antiga (e primeira) garagem da prefeitura. O uso de pré-moldados e de alvenaria racionalizada com blocos de concreto permitiu a ocupação das 27 salas de aula já no segundo semestre de 2014. Agora, a obra está recebendo os ajustes na “pele” de painéis de alumínio, que funcionará como brise-soleil

22

prisma


Edifício foi implantado no sentido norte-sul do terreno, que fora negociado com a prefeitura da cidade. Parte da área foi ocupada por edificação militar, exigindo, no momento da obra, o deslocamento do bloco escolar.

B

A

A

0

10

N

B

23


arquitetura

Quadra coberta e mezanino para jogos de salão: implantadas no segundo pavimento, essas instalações receberam tratamento acústico para evitar que os ruídos atrapalhem as atividades nas salas de aula. Rampas, corrimãos e sinalização podotátil permitem que a escola seja utilizada por crianças com limitações de mobilidade ou deficiência visual

24

prisma

O novo prédio é um bloco robusto, com três pavimentos, que abrigam 27 salas de aulas e uma série de equipamentos complementares. Segundo a arquiteta Helena Ayoub Silva, uma das autoras do projeto, o edif ício foi implantado no sentido longitudinal do lote, de forma a liberar uma área interna para a praça de acesso dos alunos e a pequena quadra descoberta, localizada sob a volumetria de uma construção existente. A obra envolveu a demolição de uma antiga garagem da Prefeitura de São Paulo, da qual foram mantidos parte dos muros e o pórtico de entrada, como referência histórica. Os resíduos da demolição, no entanto, foram reaproveitados na construção do contrapiso do prédio novo. Todo o projeto foi desenvolvido em sintonia com conceitos de sustentabi-

lidade do Processo Aqua, de forma a permitir a certificação ambiental, ao final da construção. Aquecimento solar, sistemas de reutilização de água das chuvas e estratégias para reduzir o calor interno compõem também a “cesta de soluções verdes” adotadas no projeto. Quanto aos materiais, a FDE especificou apenas itens produzidos em um raio máximo de 300 km, de forma a reduzir o impacto de transporte e estimular a economia local. São assim, também, os componentes pré-fabricados da estrutura e os blocos de concreto utilizados em toda a vedação. O edif ício se desenvolve em três pavimentos mais térreo, com pilares, vigas e lajes pré-fabricadas segundo os padrões do catálogo de componentes da FDE. A estrutura pré-fabricada já vem sendo adotada desde 2004 nas


obras da instituição governamental “com o objetivo de melhorar a eficiência das intervenções, especialmente no que se refere a prazos e qualidade construtiva, já que o sistema garante produção racionalizada sem impedir as diferentes soluções arquitetônicas necessárias a cada terreno” . A FDE avalia também que a produção das peças em fábrica garante maior controle tecnológico, com melhor resistência e plasticidade das peças devido às características do concreto, e melhor acabamento em função das fôrmas utilizadas. Estatísticas da entidade mostram que a aplicação da construção pré-fabricada tem reduzido os problemas de manutenção ao longo do tempo. Na visão de Helena Ayoub, que trabalha em projetos escolares desde os

anos 1980, a adoção da estrutura préfabricada melhorou muito a qualidade das construções. “Antes tínhamos problemas básicos, como desalinhamentos na alvenaria, ou mesmo paredes fora de prumo. A estrutura industrializada, por ser feita em fábrica, com todos os controles tecnológicos, criou um padrão” , avalia a arquiteta. Com as técnicas empregadas, o edif ício foi construído em pouco mais de um ano, quase como uma aparição na paisagem. Assim, em agosto de 2014, as salas de aula começaram a ser ocupadas pelos alunos sem que o principal acabamento da fachada estivesse finalizado: são painéis de alumínio perfurado, também pré-fabricados, que funcionam como brises-soleil e envoltória da edificação.

FICHA TÉCNICA Escola Estadual Prudente de Moraes Localização: Bairro da Luz, em São Paulo Projeto de arquitetura:Keila Costa Projeto executivo: Helena Ayoub Silva Arquitetos Associados e Keila Costa Equipe da FDE: Nancy Suzuki, Débora Arcieri, Mirela Geiger de Mello e Avany de Francisco Ferreira Projeto de estrutura: CTC Projetos e Consultoria Hidráulica e elétrica: Sandretec Engenharia Acústica e iluminação: Livre Arquitetura Administração e Comunicação Estudo para aproveitamento da água de chuva: Sustentech Desenvolvimento Sustentável Assessoria para certificação Aqua: Inovatech Engenharia Terreno: 4.217 m2 Área construída: 4.945 m2 Área de demolição: 2.285 m2 Ano do projeto: 2012 Construção: 2013/2014


pré-moldados

Plano municipal prevê a implantação de 20 novos centros educacionais até 2016. Todos serão construídos com pré-fabricados de concreto

REPORTAGEM: Marcos de Sousa IMAGENS: Divulgação

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prisma

São Paulo prepara Caso de sucesso na gestão municipal de São Paulo, os CEUs (Centros Educacionais Unificados) tonaram-se objetos de desejo de quem vive nos bairros mais pobres e distantes do centro da capital paulista. Mais do que uma simples escola, esses equipamentos reúnem, além das salas de aula, espaços para lazer, esporte e cultura abertos à comunidade: as unidades são equipadas com quadra poliesportiva, teatro, playground, piscinas, biblioteca, telecentro e espaços para oficinas, ateliês e reuniões. São uma marca

forte da presença do poder público nas áreas mais carentes de São Paulo. Hoje a capital conta com 45 CEUs, mas a demanda por essas instalações continua crescente, em todas as regiões da cidade. O desafio de responder à essa solicitação intensa foi acolhido pela Secretaria de Desenvolvimento Urbano da prefeitura paulistana, como revelou o próprio secretário, Fernando de Mello Franco, em entrevista à Prisma (ver edição 54). O primeiro problema, porém, era encontrar terrenos, cada vez mais raros


seus novos CEUs na capital paulista. Após um estudo dos bairros, a equipe da secretaria localizou uma série de equipamentos já existentes, todos com certa ociosidade na ocupação das áreas. Nasceu daí o conceito de Território CEU, nova proposta da gestão municipal, que pretende aproveitar os equipamentos de educação e esporte existentes na cidade para constituir mais centros educacionais. “Notamos que a prefeitura tem um ‘banco de terrenos’ e passamos a estudá-los, buscar suas vocações

e propor novos usos” , explica o arquiteto Eduardo Dalcanale Martini, da equipe que elaborou o conceito dos Terrritórios CEU. Ele lembra que em vários bairros há uma série de equipamentos – escolas, centros esportivos, com campos de futebol, quadras, piscinas – e essas instalações estão bem próximas, mas separadas, sem qualquer integração de atividades. O objetivo é criar condições para o compartilhamento desses espaços pelo público escolar e também pelas comunidades vizinhas.

À esq., vista aérea (foto ilustrada) do futuro CEU São Pedro, no bairro de São Miguel Paulista. Acima, presente e futuro do Parque Novo Mundo: nova unidade será aberta para o bairro Vila Maria

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pré-moldados

CEU Novo Mundo, na região de Vila Maria (foto ilustrada)

Os CEUs eram espaços murados, sem contato com a rua. A nova proposta é coerente com a valorização dos espaços urbanos proposta pelo recente Plano Diretor Estratégico

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prisma

Abertura para a cidade O plano envolve a construção de 20 centros integrados, dos quais 18 já têm estudos objetivos, todos desenhados na perspectiva de abrir as novas instalações para os bairros, a partir de praças que serão localizadas em pontos estratégicos dos terrenos. “Os CEUs até agora construídos, nas duas gestões anteriores, eram espaços murados, fechados, sem contato com a rua. A nova proposta é coerente com a valorização dos espaços urbanos proposta pelo recente Plano Diretor Estratégico” , lembra Martini. Os Territórios CEU, segundo a entrevista com o secretário, são caracterizados pela implantação de novos edif í-

cios em centros esportivos existentes, de forma a reutilizá-los, revitalizá-los, e incorporar esta estrutura aos equipamentos existentes no entorno num raio de 600 m, através de vias sinalizadas, acessíveis e iluminadas. “Ainda não sabemos quanto o projeto envolverá de intervenções fora dos edif ícios, mas essas obras deverão ser desenvolvidas pelas Subprefeituras, com verbas e projetos próprios”, adverte Eduardo Martini.

Arranjos construtivos e pré-fabricados Os programas de necessidades foram organizados em cinco núcleos principais - Educação, Cultura, Esporte, Assistên-


Paralelo Educação e cultura Esportivo Total:

Educação

Cultura

Linear Educação e cultura Esportivo Total:

9.000 m2 2.500 m2 11.500 m2

Esporte

Salas multiuso

cia Social e Salas Multiuso – compondo três tipologias de construção possíveis de serem adequadas aos vários terrenos, mas todas pensadas para sistemas construtivos pré-fabricados de concreto, de forma a garantir a necessária durabilidade, lembra Martini. Outras quatro tipologias nasceram no decorrer dos trabalhos, como resultado da composição entre as três principais, mas todas têm áreas estimadas entre 10 mil e 11.500 metros quadrados, segundo os estudos preliminares de implantação desenvolvidos por escritórios de arquitetura contratados pela prefeitura paulistana. As primeiras licitações para as obras

9.000 m2 2.500 m2 11.500 m2

Vertical Educação e cultura Esportivo Total:

7.500 m2 2.500 m2 10.000 m2

Assistência social

devem ser abertas no início de 2015 e, enquanto isso, a prefeitura está realizando reuniões para apresentar os primeiros oito projetos à população. Por enquanto, serão contemplados os bairros Freguesia do Ó, Vila Carrão, Penha, Parque do Carmo, Vila Alpina, São Miguel Paulista, Parque Novo Mundo, Sapopemba, Vila Imperador, Grajaú, Campo Limpo, Pirituba, Jaçanã, Cidade Tiradentes, Taipas, Vila Matilde e Água Branca, além do CEU Heliópolis, que terá suas instalações, adaptadas ao conceito de Território CEU.

Acima: maquetes das composições Paralelo e Vertical e diagramas das três tipologias básicas

Informações no site: www.smdu.prefeitura.sp.gov.br 29




profissional top

O divulgador dos “aditivos verdes” O engenheiro Hideo Utida tem uma trajetória profissional que, desde o início, o impulsionou para a atuação na construção civil. Após o curso fundamental, prestou vestibulinho no curso de Técnico em Edificações e estagiou no laboratório de materiais Falcão Bauer, empresa na qual trabalhou por cinco anos. “Desde ali, tinha certeza que faria o curso de engenharia civil”, diz ele, que se graduou na Faculdade São Paulo (Fesp), em 1992, e fez pós-graduação em Estratégia de Marketing e Vendas no Instituto Mauá de Tecnologia (2009), além de um mestrado profissional, não concluído, no IPT (1997). Na Falcão Bauer, começou em 1980 como estagiário em Técnico de Edificações e, posteriormente, atuou como Tecnologista. “Tive como chefe direto o eng. Sunji Takashima, que me inspirou e serviu de referência profissional, com conhecimentos básicos em dosagens e ensaios de concreto

Hideo Utida

e argamassa”, lembra. Em seguida, transferiu-se para as empresas prestadoras

é engenheiro civil e representante comercial técnico da Grace Brasil

de serviço de concretagem, como a italiana Concrebras, a francesa Lafarge Concreto, na qual atuou na área técnica como supervisor de tecnologia, gerente de produção e engenheiro de qualidade. Na Cimento Tupi, trabalhou como gerente técnico nas centrais de concreto até 2003. “Após esse período, fui para a área de produtos químicos para a construção civil, pela empresa nacional Rheoset, como gerente comercial. Atualmente trabalho para a Grace Brasil, empresa norte-americana e líder mundial em aditivos para concreto e argamassa, com representação em São Paulo.” A indústria química evoluiu muito no Brasil nos últimos 15 anos. Cada vez mais, torna-se necessário o seu emprego para a produção de concreto. Os aditivos químicos estão presentes desde a fabricação do cimento até à cura do concreto na obra. Sob o aspecto do meio ambiente, eles têm grande relevância. Chamados de auxiliar de moagem, na fabricação do cimento podem potencializar em até 15% a produção, com ganhos nas resistências mecânicas. Se considerarmos que, em 2014, a indústria de cimento produziu 70,4 milhões de tonelada e se pensarmos que todas utilizaram um auxiliar de moagem, significa dizer que 15% de CO2 foram reduzidos, pois para cada

PARA FALAR com Hideo Utida, envie um e-mail para hideoutida@terra.com.br ou ligue para (11) 98258-4422

1.000 kg de clínquer produzidos, são liberados 1.000 kg de CO2 para o meio ambiente. No concreto, os aditivos classificados como redutores de água potencializam as resistências, pois, para a mesma trabalhabilidade, utiliza-se em média 15% de água a menos. Segundo o professor Kumar Mehta, da Universidade de Berkeley, a indústria do concreto utiliza anualmente 1 trilhão de litros de água como “água de amassamento” e de 2 a 3 trilhões de água para limpeza de equipamentos, volume que poderia ser reduzido pela metade com a utilização de aditivos químicos e programas de conscientização. O seu emprego no concreto reduz os custos do projeto, viabiliza a sua execução e pode reduzir o impacto do desperdício dos materiais. Por isso, chamaria esses aditivos de “produtos verdes”.

32




mesa-redonda

Participantes do 18o Fórum InterCement, que discutiu pisos industriais

Pisos industriais de concreto oferecem tecnologia avançada O estágio atual de desenvolvimento tecnológico, as perspectivas dos mercados e as questões que exigem melhor abordagem foram alguns dos temas abordados no 18º Fórum InterCement, que aconteceu em São Paulo, em 18 de novembro. O fórum foi mediado pelo jornalista Hermano Henning e contou com a participação dos engenheiros Dener Althemann (Concrepav), Cesar Bertola (Concrebon), Cesar Augusto (Sanca Engenharia), Cleiton Anderson Coelho (Concremax), Hideo Utida (Grace), Murilo Vitello (Fernandes Engenharia), Alexandre de Moraes (Construquímica), Victor Cerri (Monobeton), Silvair Vital (Concrelongo), Silvio Obata (Concrebase), Alfredo Motti (Novamix), Eduardo Massao Muto (Alphapiso), George Beato (InterCement) e Marco Antonio Carnio (Technepave). SITUAÇÃO DO MERCADO

Silvair Vital (Concrelongo) – O se-

vezes temos problemas relaciona-

Dener Althemann (Concrepav) –

tor de piso de concreto atravessa di-

dos ao clima, que é diverso em cada

Vivemos um cenário bastante difícil,

ficuldades atualmente, assim como

região. Locais de temperaturas al-

com a crise econômica.

a construção civil, em 2014. Com

tas, com especificação de placas

Cesar Bertola (Concrebon) – Real-

o mercado de pisos industriais em

de piso grandes, dependem de um

mente, a situação está um pouco di-

queda, a concreteira busca cada vez

concreto com regularidade, o que

fícil; não dá para ignorar a realidade

mais reduzir custos e, para isso, ten-

nem sempre se consegue obter até

econômica. Nesta conjuntura, pre-

de a comprar matéria-prima ao me-

mesmo pela dificuldade com a mão

cisamos melhorar a qualidade para

nor preço. E agilidade na execução

de obra, com os motoristas do ca-

conquistar mercados.

do piso é importante, mas muitas

minhão- betoneira, que às vezes de35


mesa-redonda

Silvair Vital

36

Alfredo Motti

George Beato

cidem, por iniciativa própria, adicio-

guir, pela concreteira, a especifica-

para o horário adequado. Em 2015,

nar mais água ao concreto. Assim,

ção do projeto, que também precisa

deve cair um pouco a demanda.

é difícil obter regularidade em todos

ser bem-executado pelo responsá-

os caminhões de concreto entre-

vel pela aplicação.

gues. O aditivo é um fator conside-

Victor

Alexandre de Moraes (Constru-

rável também nessa equação – um

Nomea­ mos as obras de acordo

química) – Não é possível fazer uma

pouco a mais ou a menos faz dife-

com as metragens. Percebemos

obra sem planejamento. Uma boa

rença. Pode-se fazer e aprovar uma

que, hoje, as empresas grandes es-

obra começa com um bom proje-

placa-protótipo, mas, na hora de

tão tomando o lugar das médias e,

to, com todas as suas característi-

executar, as demais placas podem

estas, o das pequenas, que estão

cas de planicidade, traço etc. des-

não apresentar o mesmo resultado.

paradas. Nossa empresa hoje está

critas. E depende também da região,

Se não houver uma boa execução,

com dificuldades para obter grandes

do clima, do solo; preciso saber se

não vai ficar bom. Muitas empresas

obras. Obra grande é um elefante

o piso estará coberto, entre outras

de piso não têm conhecimento, mas

branco, por isso nos voltamos para

informações, tudo influi na definição

elas compram e precisamos vender

obras prediais, para tentar manter o

do projeto e no andamento da obra.

o concreto.

cliente. O setor de piso industrial de

Quando chega à execução, muitas

Cesar Augusto (Sanca Engenha-

concreto caiu bastante. Atualmen-

vezes falta adaptação à realidade,

ria) – De 2009 a 2013, o mercado

te, aumentamos nossa atividade de

por exemplo, o aplicador precisa do

estava aquecido, caindo após esse

consultoria para as patologias su-

concreto entregue de manhã, se-

período. Nessa época das “vacas

perficiais e, também, nos dedicamos

não o pessoal fica ocioso, e muitas

gordas”, construía-se muitas vezes

mais ao projeto.

vezes o concreto é contratado um

sem projeto, sem especificação. E

Silvio Obata (Concrebase) – Este

dia antes. Então, tudo depende do

o piso industrial é o coração do ne-

ano tivemos uma queda no segun-

planejamento. Atualmente, os pisos

gócio. A empilhadeira precisa de

do semestre. Estamos na região de

bons acabam indo para as indús-

piso com regularidade e resistência

Campinas, que tem vários municí-

trias, como a automobilística, por

de pelo menos 5 ton/m² geral e de

pios com grandes áreas de logísti-

exemplo, que, por sua própria área

4 ton/m² pontual para trafegar bem.

ca e industriais, como Indaiatuba e

de atuação, conseguem planejar.

Há muitas empresas sérias, que

Porto Feliz, por exemplo. Procura-

O pro­blema é quando o cliente não é

contratam ensaios etc. para entre-

mos manter um planejamento de lo-

da área industrial. Este ano, as obras

gar um produto que possa ser usa-

gística, com meta de produção diária

de engenharia diminuíram.

do de forma regular e com qualida-

de metros quadrados a serem entre-

Cesar Bertola – Realmente, a pro-

de. A grande responsabilidade é da

gues. É um diferencial. Para atender

dução de piso industrial precisa de

aplicação do concreto, que deve se-

ao cliente, programamos caminhões

planejamento para ser bem-feita.

Cerri

PLANEJAMENTO E COORDENAÇÃO (Monobeton)


Cesar Augusto

Marco Carnio

Murilo Vitello

Alfredo Motti (Novamix) – Hoje

um produto muito bem-alinhado, na

George Beato – Hoje o Brasil tem

existe uma diversidade muito grande

logística e em outros itens importan-

know-how para fazer um bom piso.

de profissionais. Nessa cadeia pro-

tes. E não são todas as centrais que

Temos bom cimento, boas concre-

dutiva, em muitas obras, falta coor-

permitem isso e os aplicadores so-

teiras, aditivos e bons projetistas.

denação, falta um maestro que ar-

frem com esse problema. É preciso

Desenvolvemos toda uma tecno­

ticule os diversos envolvidos com a

planejamento, projeto compatível,

logia, com softwares modernos

obra, especialmente num segmento,

tempo, ensaio de traço em laborató-

para projetar e definir traços, por

o de pisos industriais, que lida com

rio. Quando há problema, o primeiro

exemplo.

áreas de trabalho muito grandes. O

a ser questionado é o executor, que

Cesar Augusto – O piso é a últi-

investidor gasta muito com paisagis-

precisa saber o que está entregan-

ma etapa da obra. Mas o cliente exi-

mo e outras áreas, com a estética do

do. E pisos diferentes exigem tipos

ge muito da engenharia, pois tudo

empreendimento, e esquece-se do

diversos de traços e de estudos.

começa no projeto. É preciso passar para o projetista o que a gente

piso. Ele não se pergunta: será que tudo foi pensado previamente, será

PROJETOS

quer, se é viável e ele verifica; analisa

que há contaminação do subsolo,

Hermano – Em relação aos outros

a capacidade do solo, se necessita

por exemplo. O cliente, em geral,

países, como está o setor de pisos

de reforço para alcançar a resistên-

está muito mais preocupado com a

industriais brasileiro?

cia desejada; se precisa de trata-

data da inauguração.

Marco Antonio Carnio (Techne-

mento para retirar eventuais conta-

Eduardo Massao (Alphapiso) – O

pave) – Acredito que evoluímos mui-

minações. Fazemos o levantamento

cliente final da aplicadora de piso é

to em relação ao que existia há duas

desses dados e o projetista verifica

a construtora, que a contrata. Vem

décadas. Antes, havia uma única

as condições do projeto. Fazemos

com a necessidade de reconheci-

forma de fazer o projeto. Mas ainda

também o estudo de viabilidade e os

mento do projeto que utilizará e que

há problemas, como, por exemplo,

pré-re­quisitos de execução.

prescreve o traço e a forma de apli-

se perguntarmos quantos olham o

Marco Carnio – O foco principal é

cação do concreto. A estrutura da

piso e o tratam como uma questão

o projeto, que necessita de todas as

concreteira tem de estar bem-ali-

de engenharia?

informações para ser bem desenvol-

nhada, pois existem trabalhos em

Cleiton – A maioria vem com pro-

vido. O piso é um elemento estrutu-

que precisam ser feitos mais de

jeto especificando resistência e aca-

ral cujo apoio é o terreno. Os pisos

2 mil m de piso por dia. Em 2014,

bamento. Será que a culpa pelos

industriais em geral têm área muito

houve uma queda de cerca de 20%

problemas é da engenharia ou, en-

grande, que exige capacidade de

em relação a 2013 e, ainda assim,

tão, por que muitas vezes se peca

resistência, do solo e da estrutura.

as concreteiras não têm estrutura

pelo excesso, isto devido à falta de

Tenho de desenvolver uma solução

para atender à demanda. Isto exige

conhecimento técnico?

com capacidade de resistir aos es-

2

37


mesa-redonda

Cleiton Anderson

Cesar Bertola

forços, com bom acabamento, boa

mente nesta situação do mercado.

aplicado sem a vibração necessária

aparência. E o piso tem de ter ca-

Onde podemos ganhar: no avanço

e isto em obras em que se execu-

pacidade de desempenhar o serviço

tecnológico, que minimiza a questão

tam 2 mil m² de piso por dia. O futuro

geral, com flexibilidade.

da mão de obra. Mas há uma grande

será de pequenas e médias obras.

Alexandre de Moraes – Ainda não

parte do mercado que trabalha sem

há consciência de muitos contra-

projeto. Acredito, porém, que esta-

MATERIAL HUMANO

tantes sobre a importância do pro-

mos caminhando para uma situação

Alexandre de Moraes – As em-

jeto de pisos. Acho difícil obra aci-

melhor. Hoje podemos oferecer uma

presas boas estão preservando o

ma de 10 mil m² sem projeto, sem

boa solução para o pequeno contra-

material humano, os seus profissio-

bom construtor. E a tecnologia, o

tante, de uma obra de 500 m², por

nais. Isto porque há setores da eco-

know-how, vai de São Paulo para a

exemplo, mesmo sem projeto.

nomia que continuam e continuarão

Bahia, por exemplo, com as grandes

Alfredo – Nossa realidade não é

a crescer, como o de cervejaria e de

indústrias. É uma cadeia que aca-

de grandes obras, coordenadas,

logística, por exemplo. Esta cresce

ba transferindo tecnologia, mas, em

mas sim das pequenas obras, de

porque todos sabem que se gastam

época de baixa na demanda, surge

500 a 700 m². Tenho visto obras de

muitos reais para mandar uma car-

o problema do preço. O cliente gran-

40 mil m², mal executadas, com pro-

reta de São Paulo à Bahia. Então, o

de não abre mão da qualidade, mas

blemas. Isto porque não há coorde-

Brasil precisa de logística. E não há

não quer pagar o valor agregado por

nação. Falta a presença ativa do en-

no mundo piso industrial como aqui

essa qualidade.

genheiro, uma hora, porque ele saiu

no Brasil. No exterior, a visão é muito

Marco – O único caminho é a ino-

para almoçar, ou por outro motivo

prática – o contratante questiona se

vação, o aperfeiçoamento, especial-

qualquer. O concreto acaba sendo

uma fissura compromete o piso. Se

Hideo Utida 38

Silvio Obata

Victor Cerri


Dener Altheman

Alexandre de Moraes

Eduardo Massao

não comprometer, prefere deixar a

mão de obra e é cada vez mais di-

Alexandre – O mestre-de-obra

fissura. Isto não acontece aqui.

fícil conseguir bons funcionários, isto

consegue tocar a obra e conversar

Silvair – Dependemos, muitas ve-

apesar de praticarmos um nível de

com os funcionários, algo que o en-

zes, do nosso material humano.

salários muito bom.

genheiro muitas vezes não conse-

Posso estar fazendo um trabalho

Eduardo Massao – A mão de obra

gue. Há obra que, se não souber

muito bom e, de repente, meu mo-

precisa de treinamento, porque na

trabalhar, não funciona, não tem pro-

torista chega na obra e comete uma

hora da execução é necessário o

dutividade.

besteira. Paga-se bem em nosso se-

comprometimento. Isto apesar de

Cesar Bertola – O planejamento

tor, mas mesmo assim falta compro-

sabermos que aquele funcionário

é fundamental, juntamente com o

metimento de alguns funcionários. O

que qualificamos acabará no mer-

de desenvolvimento do projeto com

problema da mão de obra no Bra-

cado.

base na realidade da obra. O mestre

sil é sério. É preciso ensinar o moto-

Hermano – Mas e o treinamento

e os operários têm papel importante,

rista do caminhão-betoneira sobre a

propiciado por entidades como o

mas treinamento é fundamental.

importância da quantidade certa de

Senai, por exemplo?

Alexandre – O treinamento é im-

água e que ele não pode simples-

Eduardo Massao – O treinamen-

portante, mas muitas vezes o ope-

mente resolver adicionar mais água.

to por entidades como o Senai exis-

rário acha que o colega dele não faz

Dener Althemann – Infelizmente,

te, mas as próprias empresas é que

nada e ganha o mesmo que ele, que

muitos profissionais não estão bem

precisam treinar mais e melhor seus

se esforça.

preparados. É preciso treinar e quali-

funcionários.

Silvair – É difícil ter mais engenhei-

ficar mais os funcionários para obter

Marco Carnio – O problema da

ros para cada obra. O que não pode

resultados.

mão de obra é real, mas é preci-

faltar é a comunicação e a conscien-

Silvair – Em 2010, todas as empre-

so lembrar que há outras questões

tização. O concreto viajar a noite in-

sas investiram mais do que era ne-

que interferem na qualidade de uma

teira não dá. Se houver planejamen-

cessário. Hoje, as concreteiras têm

obra. Ela depende do contratante,

to e comunicação, funciona.

sobra de equipamentos mas não

da supervisão do engenheiro etc.

têm o fator principal, que é a mão

Quando há acompanhamento num

TECNOLOGIA DE MATERIAIS

de obra.

nível superior, o resultado é melhor.

Hideo Utida (Grace) – As empresas

Cleiton – E isso não acontece só

Então, não é só a questão da forma-

de concreto são altamente prepara-

com o concreto para o piso, mas

ção do operário.

das. Têm equipamentos e tecnolo-

com o setor de concreto como um

Dener – O tecnologista tem dificul-

gia, com um sistema completo, tudo

todo.

dade e precisa de treinamento para

para executar e entregar essa impor-

Murilo Vitello (Fernandes Enge-

a mão de obra, para melhorar a qua-

tante – e um dos seus custos mais

nharia) – Temos problemas com a

lidade das obras.

elevados – etapa da obra que é o 39


mesa-redonda

40

piso industrial. O piso precisa ser en-

ressante. Ele costuma apresentar di-

problema, ou ignorá-lo.

tregue bem-acabado e aí entram al-

versas patologias, que em geral são

Alexandre – A interação entre to-

gumas questões importantes, como

empurradas de um fornecedor ou

dos os envolvidos (fornecedor de

a diversidade de materiais, que pre-

executor para outro. Se o cliente for

cimento, de aditivos, fibras, proje-

cisa ser bem-analisada, pois é item

verificar de quem de fato é a respon-

tistas, aplicadores e contratantes) é

de qualidade. Quem produz/fabrica

sabilidade pelo problema, vai gastar

fundamental.

os materiais e quem aplica precisa

tanto tempo e dinheiro que não com-

Marco – Temos que reforçar o con-

se adaptar ao local. Nesse ponto, o

pensa. Precisamos mudar o para-

trole tecnológico desde a placa-tes-

aditivo traz soluções para o acaba-

digma da cadeia produtiva do piso e

te; isto minimiza eventuais problemas

mento, trabalhabilidade, resistência

não deixar que problemas ocorram.

ao longo do processo e patologias

etc. Outro ponto importante a ser ve-

Hideo – Concreto é tecnologia.

no futuro. O mercado está complica-

rificado é o tipo de cimento que será

Mas, quando há uma especificação

do e este é o momento importante

empregado na execução do piso,

e surgem problemas, pode-se dis-

para fazer reflexão e encontrar alter-

pois há pelo menos cinco tipos de

cutir e chegar a um resultado. Co-

nativas.

cimento disponíveis no Brasil, e exis-

municação é fundamental. Acredite

George Beato – Acho importante

tem diversos tipos de aditivos para

na concreteira, no tecnologista, nos

a discussão, como esta, trazendo

dar estabilidade ao concreto, incor-

projetistas, porque eles conhecem o

toda a cadeia produtiva. Com certe-

porando tecnologia à empresa que

assunto.

za, os profissionais saem com uma

executa a obra e melhorando a sua

Silvair – Se quisermos fazer testes,

perspectiva; mesmo com o cenário

qualidade.

desenvolvermos novas técnicas, pro-

adverso, precisamos sempre nos

George Beato (InterCement) – Na

dutos ou processos, temos que dis-

atualizar.

área de concreto, é preciso utilizar

cutir, buscar o denominador comum.

Marco – Estaremos fechando uma

o tipo de cimento mais adequado,

Marco – O fato de ter algum pro-

norma para pisos com fibras, com

com características de regularidade,

blema não significa que tudo está

a montagem de uma Comissão da

para evitar falhas. Para isso, as em-

perdido. Tem de ter um plano para

ABNT, no início de 2015. É importan-

presas produtoras de cimento pre-

resolver. O controle tecnológico, a

te a participação de todos, cada um

cisam estar bem-preparadas para

análise crítica da informação, para

contribuindo com seus conhecimen-

atender a essas exigências.

ter um diagnóstico preciso do pro-

tos e fazendo suas considerações.

Alexandre – O setor de piso é inte-

blema. O que não pode é fugir do



Texto: Marcos de Sousa Foto: Rafael Ramirez - Fotolia

Pavers nas curvas de São Francisco São Francisco, a charmosa cidade da Califórnia, ficou

cercadas por jardins floridos e imóveis de alto luxo, que já

famosa por suas ladeiras. Um pequeno trecho de uma

ambientaram várias cenas do cinema americano.

delas, a Lombard Street, é – dizem os turistas – a rua mais

Justamente em função da rara declividade, esse trecho de

fotografada do mundo. Ela se tornou conhecida a partir de

180 metros foi inteiramente pavimentado com blocos de

1922, quando o proprietário da área, Carl Henry, sugeriu a

concreto intertravados, de cor vermelha. A paginação do

construção de de uma série de curvas fechadas para vencer

piso foi desenhada especialmente para suportar os veículos

o difícil declive, com 27 graus de inclinação.

que passam ladeira abaixo e facilitar o trânsito dos turistas.

A solução permitiu o tráfego de automóveis, embora em

Ao longo do tempo, os blocos de concreto têm resistido

baixíssima velocidade (8 km/h), e transformou a área em um

bem ao tráfego diário e aos desaforos de alguns carrinhos

concorridíssimo ponto turístico da cidade. São oito curvas,

mais afoitos, como o Herbie, de “Se meu fusca falasse”.




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