A Internet como ferramenta comunicacional em health clubs

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A Internet como ferramenta comunicacional em health clubs

Marcos Filipe Teles Fraga de Castro

Porto, 2008



A Internet como ferramenta comunicacional em health clubs

Monografia realizada no âmbito da disciplina de Seminário do 5º ano da Licenciatura em Desporto e Educação Física, na área de Recreação e Lazer, da Faculdade de Desporto da Universidade do Porto

Orientador: Prof. Doutor José Pedro Sarmento de Rebocho Lopes Marcos Filipe Teles Fraga de Castro

Porto, 2008


Castro, M. (2008). A Internet como ferramenta comunicacional em health clubs. Porto: M. Castro. Dissertação de Licenciatura apresentada à Faculdade de Desporto da Universidade do Porto.

PALAVRAS-CHAVE: DESPORTO; WELLNESS; MARKETING; INTERNET; HEALTH CLUB.

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A meus pais A meus av贸s

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Agradecimentos

Ao Prof. Doutor José Pedro Sarmento, pela sua orientação; Ao Premier, e em particular ao Sr. Rui Pinto, por terem permitido o nosso acesso junto dos clientes do Health Club Pinhais da Foz; Ao Holmes Place, e em particular ao Sr. Nelson Fonseca, por terem permitido o nosso acesso junto dos clientes do Holmes Place Constituição; À Eva Tesch e ao Renato Oliveira, pela ajuda na estruturação do instrumento de trabalho a aplicar; Ao Prof. Doutor Rui Garganta, pela sua contribuição para a análise de dados; Al Profesor Carlos Bejarano por haber sido el primero que me ha despertado el gusto por el Marketing y la Gestión Deportiva; À minha família; À Ana.

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Índice Geral Agradecimentos _________________________________________________ V

Índice Geral ___________________________________________________ VI

Índice de Quadros _____________________________________________ VIII

Índice de Figuras _______________________________________________ IX

Índice de Anexos ________________________________________________ X

Resumo ______________________________________________________ XI

Abstract _____________________________________________________ XIII

Resumé ______________________________________________________XV

Lista de Abreviaturas e Símbolos _________________________________XVII

1.

Introdução _______________________________________________ 19 1.1. O Fenómeno ________________________________________ 19 1.2. Importância do Estudo _________________________________ 19 1.3. Problema ___________________________________________ 20 1.4. Objectivos __________________________________________ 20 1.5. Hipóteses ___________________________________________ 21 1.6. Delimitações do Estudo ________________________________ 21 1.7. Limitações do Estudo__________________________________ 21 1.8. Estrutura do Estudo ___________________________________ 21

VI


2.

Revisão da Literatura ______________________________________ 23 2.1. Desporto____________________________________________ 23 2.2. Wellness____________________________________________ 28 2.3. Marketing ___________________________________________ 36 2.4. Internet _____________________________________________ 48 2.4.1. Internet e Marketing ____________________________ 52

3.

Metodologia______________________________________________ 55 3.1. Universo ____________________________________________ 55 3.2. Amostra ____________________________________________ 55 3.3. Instrumento _________________________________________ 56 3.4. Procedimentos estatísticos _____________________________ 57

4.

Apresentação e Discussão dos Resultados _____________________ 59 4.1. Resultados obtidos da aplicação do instrumento utilizado _____ 59 4.2. Verificação/comprovação da hipótese formulada ____________ 68

5.

Conclusões ______________________________________________ 69

6.

Bibliografia ______________________________________________ 71

Anexos _________________________________________________________I Anexo I – Questionário _______________________________________I Anexo II – Carta de Apresentação do Estudo____________________ IV Anexo III – Resultados em bruto do Microsoft Office Excel __________ V

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Índice de Quadros Quadro 1 – As cinco fases do ciclo de Marketing (adaptado de Lendrevie, 2000, cit. por Rodrigues, 2001). ________________________________________ 39 Quadro 2 – Questionários aplicados/recolhidos nos Health Club Holmes Place Constituição e Premier Pinhais da Foz.______________________________ 55

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Índice de Figuras

Figura 1 - "Hélice do Wellness" (Dickman, 1998). ______________________ 30 Figura 2 – Capa do livro “High Level Wellness” de Dunn (1961) __________ 33 Figura 3 – Eixo da Saúde (Dunn, 1959, cit. por Miller, 2005) _____________ 34 Figura 4 – O continuum do wellness (Travis, cit. por Ardell, 1977) _________ 34 Figura 5 – Utilização da Internet em Portugal nos últimos anos (Acesso à Internet aumenta oito vezes em dez anos. Consult. em 21 Jan 2008, disponível em http://www.marktest.pt/marktest/default.asp?c=1210&n=1679) ________ 51 Figura 6 – Género da amostra_____________________________________ 59 Figura 7 – Idade da amostra ______________________________________ 60 Figura 8 - Frequência de deslocação da amostra ao ginásio/academia/health club _________________________________________________________ 61 Figura 9 – Modalidades mais praticadas em ginásios/academias/health clubs 62 Figura 10 - Tempo média de utilização da Internet por parte da amostra____ 63 Figura 11 – Motivos da consulta do site/sítio do ginásio/academia/health club 65 Figura 12 – Local onde as pessoas procuram informações relativas às actividades do seu ginásio/academia/health club sem ser na Internet ______ 67

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Índice de Anexos Anexo I – Questionário ____________________________________________I Anexo II – Carta de Apresentação do Estudo _________________________ IV Anexo III – Resultados em bruto do Microsoft Office Excel________________ V

X


Resumo O estudo trata de analisar as potencialidades da Internet, como ferramenta

comunicacional,

em

health

clubs,

percebendo

também

a

importância dos sites/sítios das organizações no sentido de informar o públicoalvo. Ao mesmo tempo, pareceu-nos também pertinente saber qual a disponibilidade

das

pessoas

da

amostra

estudada

para

receber

promoções/informações de novos produtos no seu endereço de correio electrónico, assim como saber o local, sem ser na Internet, onde se procuram as informações relativas às actividades do health club. Decorrente da metodologia

utilizada,

achamos

também

interessante

identificar

as

modalidades mais praticadas em health clubs. Os resultados foram obtidos através da aplicação de um questionário, baseado num aplicado por Rodrigues (2001), em dois health clubs destinados a um segmento médio/alto da população, constatando nós uma evidência relativa aos novos estilos de vida existentes na sociedade, concretamente ao uso das novas tecnologias. Assim, e comparativamente com estudos anteriores, podemos verificar a crescente e agora elevadíssima taxa de utilização da Internet por parte das pessoas da amostra estudada, percebendo que o que tem maior procura num site/sítio de um health club são os horários das actividades disponibilizadas pelos mesmos. Relativamente a estes mesmos sites/sítios, obtivemos um resultado interessante, que nos indica que a sua visualização tem pouca ou nenhuma influência na tomada de decisão da pessoa de se inscrever como cliente do health club, apesar da grande procura/visualização que estes tem entre as pessoas da amostra estudada, sendo curioso verificar, por outro lado, a disponibilidade da amostra estudada para receber promoções/informações de novos produtos do seu health club no seu endereço de correio electrónico. De ressaltar também que, sem ser na Internet, a recepção do health club parece ser o local onde as pessoas da amostra estudada mais procuram informações relativas às actividades do mesmo. Podemos concluir ainda que a Musculação e o Cardio são as modalidades mais praticadas em health clubs. PALAVRAS-CHAVE: DESPORTO; WELLNESS; MARKETING; INTERNET; HEALTH CLUB.

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Abstract The study analyses the potential of the Internet, as communication tool in health clubs, realizing also the importance of websites of organisations to inform the public target. At the same time, it seemed to us also relevant to know the availability of people in the sample studied to receive promotions/ information of new products in its e-mail address, and know the place, without being on the Internet, where they seek information on the activities of the health club. Resulting from the methodology used, we believe also interesting to identify the modalities more practiced in health clubs. The results were obtained through the application of a questionnaire, based on an application by Rodrigues (2001), in two health clubs for a segment of medium/high population, noting us an evidence on a new style of life existing in society, specifically in the use of new technologies. Thus, compared with previous studies, we can see the growing and now very high rate of Internet use by persons of the sample studied, realizing that the schedules of the activities made available by the health club is what has more demand on the website. . For these same websites, we have got an interesting result, which tells us that its visibility has little or no influence in the decision of the person to register as a client of the health club, despite the high demand/visibility that they have between persons of the sample studied, and curious check, on the other hand, the availability of the sample studied for receiving promotions/information of new products of their health club in their e-mail address. It’s also important to emphasize that, without being on the Internet, the reception of the health club seems to be the place where the persons of the sample studied seek more information from their activities. We can conclude, yet, that Musculation and Cardio are the modalities more practiced in health clubs. KEYWORDS: SPORT; WELLNESS; MARKETING; INTERNET; HEALTH CLUB.

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Resumé L'étude essaie d'analyser le potentiel d'Internet, comme outil de communication dans les health clubs, en sachant l'importance des websites des organisations pour informer le public cible. Au même temps, il nous a semblé aussi pertinent de connaître la disponibilité des personnes dans l'échantillon étudié pour recevoir les promotions/informations de nouveaux produits dans son e-mail, et de savoir le lieu, sans être sur Internet, où ils recherchent des informations sur les activités du health club. Attribuable à la méthodologie utilisée, nous pensons également intéressant de déterminer les modalités plus pratiquées en health clubs. Les résultats ont été obtenus par l'application d'un questionnaire, sur la base d'un administré pour Rodrigues (2001), en deux health clubs dans un segment à moyen/élevé de la population, en prenant note de preuves sur des nouveaux styles de vie existants dans la société, spécifiquement dans ce qui concerne l'utilisation des nouvelles technologies. Ainsi, par rapport aux précédentes études, nous pouvons voir de plus en plus la très élevé taux de l'utilisation d'Internet par les personnes de l'échantillon étudié, en sachant que ce qui a accru la demande sur l’website d'un health club sont les horaires des activités mises à la disposition par eux. Pour ces mêmes websites, on a eu un résultat intéressant, qui nous dit que sa visualisation a peu ou pas d'influence quand on décide s´inscrire comme client du health club, en dépit de la forte demande/visualisaton qu'ils ont entre les personnes de l'échantillon étudié, étant curieux de vérifier, d’autre part, la disponibilité de l'échantillon étudié, pour recevoir des promotions/informations de nouveaux produits de leur health club dans son e-mail. De souligner aussi que, sans être sur l'Internet, la reception du health club semble être le lieu où les personnes de l'échantillon cherchent d’obtenir les plus amples informations relatifs à leur láctivité . Nous pouvons conclure, pourtant, que la Musculation et le Cardio sont les modalités plus pratiquées dans les health clubs. MOTS CLES: SPORT; WELLNESS; MARKETING; INTERNET; HEALTH CLUB.

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Lista de Abreviaturas e Símbolos 1. Estados Unidos da América (EUA)

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1. Introdução 1.1. O Fenómeno Actualmente, para Danhoff (2007), quase todas as pessoas usam a Internet para comunicações, notícias, informação e entretenimento pessoal. O crescimento da Internet levou a que esta seja, hoje, a nossa televisão, rádio, livraria e telefone. E é dentro desta perspectiva, que oferecer produtos ou serviços que possuam Internet, pode ser uma vantagem para os consumidores. De facto, e num contexto que se encontra em rápida evolução, as organizações desportivas são obrigadas a aumentar a sua eficácia de funcionamento de forma a fazer face ao aumento das expectativas dos clientes desportivos e à elevada concorrência (Rodrigues, 2001). De acordo com Reed (1999, cit. por Yu e Barnd, 2003), a Internet é hoje percebida

como

uma

área-chave

das

estratégias

de

Marketing

das

organizações, pelo que se torna essencial entender a Internet como um meio de obter vantagens competitivas, até porque esta possui características como a imediatização, a personalização e o envolvimento do utilizador.

1.2. Importância do Estudo Apesar da Internet ter sido alvo de grande atenção nos últimos tempos, poucos são os estudos que referem a importância desta ferramenta comunicacional nos serviços de Fitness. Pela importância crescente da Internet na nossa sociedade, torna-se então necessário compreender quais os comportamentos dos clientes, nomeadamente os desportivos, em relação a este meio. O estudo apresentado pretende assim contribuir para o esclarecimento das oportunidades criadas pela Internet, no sentido de optimizar o relacionamento

das

organizações

desportivas

com

os

seus

clientes,

percebendo então qual a importância da Internet como meio de chegar a estes.

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1.3. Problema Considerar a presença da Internet numa política de Marketing Desportivo, parece ser, actualmente, uma das maneiras de melhor comunicar com os clientes, já que esta possui características particulares que a tornam num meio atractivo a ser utilizado. Assim, sob a problemática do Marketing Desportivo, propõe-se a seguinte pergunta de partida: É a Internet um factor essencial na política de comunicação de uma organização desportiva?

1.4. Objectivos O estudo que apresentamos tem como principais objectivos: •

Analisar

quais

as

potencialidades

das

ferramentas

comunicacionais, concretamente a Internet, nos serviços de Fitness; •

Compreender/perceber a Internet como um meio propulsor de dar informação;

Entender qual a importância dos sites/sítios das organizações no sentido de informar o público-alvo.

Complementarmente a estes objectivos apresentados e decorrentes da metodologia aplicada, podemos referir mais três objectivos a atingir: •

Saber

quais

as

modalidades

mais

praticadas

em

ginásios/academias/health clubs; •

Verificar a disponibilidade das pessoas estudadas para receber promoções ou informações de novos produtos;

Saber onde as pessoas que não possuem Internet procuram informações relativas às actividades do ginásio/academia/health club.

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1.5. Hipóteses Tendo como base os objectivos propostos para a realização deste trabalho, entendeu-se formular como hipótese de trabalho: Hipótese: A ferramenta comunicacional Internet é fundamental como meio propulsor de dar informação nos serviços de Fitness.

1.6. Delimitações do Estudo Tendo em conta os recursos disponíveis, entendeu-se que a amostra escolhida para o presente estudo fosse delimitada a dois health clubs da cidade do Porto, concretamente o Holmes Place Constituição e o Premier Pinhais da Foz.

1.7. Limitações do Estudo O estudo apresenta limitações decorrentes da amostra escolhida, pois esta apenas se refere a utilizadores de dois health clubs da cidade do Porto. Além disso, o estudo apresenta ainda outra limitação resultante da metodologia utilizada, pois os dados obtidos através da aplicação de questionários podem, em alguns casos, apresentar desvios da realidade. Chase e Godbey (1983, cit. por Rodrigues, 2001) argumentam que existem dois tipos de erros importantes a ter em conta: os erros de avaliação – os quais incluem o sobrestimar de eventos ocorridos, bem como o relato de eventos que nunca ocorreram; e os erros de omissão – casos de omissão de actividades ou eventos ocorridos.

1.8. Estrutura do Estudo A estrutura da monografia divide-se em 6 capítulos, a saber: introdução, revisão da literatura, metodologia, apresentação e discussão dos resultados, conclusões do estudo e bibliografia utilizada.

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O primeiro, do qual faz parte este ponto, é dedicado à apresentação geral dos fenómenos analisados, à importância deste estudo, ao problema, aos objectivos, à definição de hipóteses e às delimitações e limitações que o estudo apresenta. A revisão da literatura, que corresponde ao segundo capítulo, foi elaborada tendo em conta o meio no qual nos encontramos – o desporto – e um conceito sobre qual muitos tem falado, mas nem sempre da melhor forma: o wellness. Depois, é apresentada uma abordagem ao Marketing e, mais concretamente, ao Marketing Desportivo, culminando esta parte do trabalho com uma referência à Internet e à relação que existe entre esta e o Marketing. O capítulo 3 fundamenta e apresenta os procedimentos metodológicos levados a cabo durante o trabalho experimental, definindo o universo, a amostra, o instrumento e os procedimentos estatísticos utilizados. No capítulo 4 são apresentados e discutidos os resultados obtidos, que tiveram como ponto de partida o problema definido inicialmente. Este capítulo está dividido em duas partes, dizendo a primeira respeito aos resultados obtidos da aplicação do instrumento utilizado, referindo-se a segunda parte à verificação/comprovação da hipótese formulada. Com base na análise de resultados, são apresentadas, no capítulo 5, as conclusões do estudo, onde se incluem também sugestões para futuras investigações. Por último, é apresentada a bibliografia utilizada para a realização deste trabalho.

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2. Revisão da Literatura A Revisão da Literatura constitui parte essencial num trabalho deste âmbito, tendo como objectivo definir o estado actual de conhecimento no domínio e assunto particular em que a dissertação em causa se envolve. Pensamos então ser importante desenvolver e aprofundar os conceitos de “Desporto”, “Wellness”, “Marketing” e “Internet” e, também, a relação entre estes dois últimos. 2.1. Desporto “Ó Desporto, tu és a Beleza! És o arquitecto deste edifício que é o corpo, que pode tornar-se abjecto ou sublime, se degradado na vileza das paixões ou saudavelmente cultivado no esforço.” (Coubertin, 1912, cit. por Esteves, 1967) Cagigal (1983) diz que a História mostra-nos que quando uma sociedade alcançou algum desenvolvimento, esta aprendeu a realizar desporto. Para este autor trata-se de um impulso tão primário como aquele que leva o Homem à procura do saber, e assim da filosofia e da ciência, induzindo-o a jogar exercitando o seu corpo, nascendo assim o desporto. Para Jeu (1972, cit. por Costa, 1997), 776 a.C. pode ser considerada a data da invenção do desporto, pois foi aí, na Grécia, com os Jogos Olímpicos que se começaram a realizar de quatro em quatro anos, que o desporto apareceu na sua forma mais pura e, segundo Costa (1997), já orientado para a formação do homem. No entanto, para compreender melhor o desporto, talvez seja necessário remontar a origens mais próximas, situadas no século XVIII e XIX na Inglaterra. De facto, é como consequência do surgimento da Revolução Industrial nos fins do século XVIII (1770), que a expansão, no século XIX, das várias formas de ginástica e desporto se verificou (Esteves, 1967). O desporto moderno tem assim a sua origem na Inglaterra pós-revolução industrial encarnando os princípios da organização, do rendimento e do triunfo (Garcia, s.d.), ou, segundo Costa (1992), da eficácia, rendimento e progresso. Guttmann (1978, cit. por Stigger, 2000) refere que o desporto moderno possui

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várias características que o diferenciam dos desportos de outras épocas. São estas: •

Secularismo – o desporto moderno é uma prática secular, ou seja, desvinculada de cerimónias ou festas religiosas, com as quais estavam relacionadas muitas outras actividades desportivas anteriores a ele;

Igualdade

no

desporto

moderno,

todos

os

indivíduos

(independentemente da classe social, idade, sexo, etc.) têm igualmente o direito de competir e em igualdade de condições, sendo que muitos regulamentos são desenvolvidos para que isto seja garantido; •

Especialização – o desporto moderno é marcado por uma lógia onde a especialização de papéis e o profissionalismo são inevitáveis, o que se relaciona com as funções dos jogadores, com as regras, com a divisão de trabalho e com a especialização de profissões a ele ligadas;

Racionalização – o desporto moderno é vinculado a uma racionalidade que estabelece relações entre meios e fins, o que se expressaria na criação e evolução de regras bastantes explícitas e capazes de garantir alguma previsibilidade às competições, assim como na criação de tecnologias (equipamentos, métodos de treino, etc.), que visam alcançar determinados objectivos;

Organização burocrática – o desporto moderno é realizado dentro de um sistema de organização (com hierarquia, funções, etc.) de competições unificadas e universais, que permitem competições em diversos níveis (local, nacional e internacional);

Quantificação – o desporto moderno caracteriza-se por transformar todas as façanhas atléticas em algo que possa ser quantificado e medido (número de pontos ou golos, medidas de tempo e distância, etc.);

Record – no desporto moderno aparece o record, uma combinação do impulso para a quantificação com o desejo de vitória, ligado à

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ideia de comparação e progresso (é possível haver a competição entre pessoas sem a necessidade de encontro nalgum lugar ou tempo; a cada aperfeiçoamento pode haver outro acima). Em Portugal, Pinto (1995) refere que podem ser apontadas algumas etapas da evolução das práticas físicas e desportivas. A saber: •

Antes de 1834 – período de formação, sem linhas de força bem definidas, mas no qual se encontram, implicitamente, elementos a detectar em períodos subsequente;

De 1834 a 1910 – primeiro período da Educação Física moderna, caracterizado, principalmente, pela descoberta da necessidade da Educação Física verificada em três sectores: militar, médico e escolar;

De 1910 a 1940 – segundo período, predominantemente caracterizado pela prospecção dos meios de acção que possibilitem a concretização dessa necessidade;

De 1940 à actualidade – terceiro período, no qual se tenta sistematizar os diversos modos de agir em relação às necessidades verificadas em determinados sectores (escolar, militar e médico), de preenchimento de tempos livres no sector do trabalho profissional.

Pinto (1995) diz também que de 1834 a 1940 (primeiro e segundo períodos), introduzem-se em Portugal os grande métodos de Educação Física, com objectivos militares, médicos e higiénicos: o método de preparação física militar de Amoros, a ginástica alemã de aparelhos de Jhan, o sistema de ginástica sueca de Ling e a educação desportiva inglesa, iniciada com Thomas Arnold. Após um breve resumo histórico do nascimento e evolução do desporto, tentamos, nas seguintes linhas, defini-lo, tentando perceber também a sua importância para o Homem e para a sociedade, bem como conhecer os novos campos de actuação deste. Definir desporto não é, no entanto, tarefa fácil, pois não existe uma definição única de desporto. Não existe uma resposta cabal à pergunta “o que

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é o desporto?”. Mesmo que existisse uma resposta, esta, sendo longa, não seria resposta e, sendo curta, também não o é, por ser redutora (Bento, 2006). Não obstante o risco e a dificuldade da tarefa de definir o desporto, gostaríamos de apresentar algumas linhas que balizem esse caminho. Para Alexandre Mestre (2003), o desporto é uma paixão que junta homens e mulheres, que torna dispensáveis os códigos linguísticos artificiais e agrega cristãos e muçulmanos numa religião universal; que junta países com diferentes graus de desenvolvimento, mitigando desigualdades étnicas, culturais, sociais e económicas. Dito de outra maneira, o desporto é um constructo que se alicerça num entendimento plural e num conceito representativo, agregador, sintetizador e unificador de dimensões biológicas, físicas, motoras, lúdicas, corporais técnicas e tácticas, culturais, mentais, espirituosas, psicológicas, sociais e afectivas (Bento, 2006). Umberto Eco (cit. por Amado, 2003) refere que são três as instâncias constitutivas do desporto: o desporto na primeira pessoa, praticado pelo desportista, o desporto ao quadrado, enquanto espectáculo observado pelo público “voyeurista”, e o desporto ao cubo, enquanto discurso do espectáculo desportivo. Trata-se mesmo, para Amado (2003), em certo sentido, de uma nova forma de religião, à qual não faltam locais de culto, como os estádios de futebol, e, independentemente dos juízos de valor que sobre ele se formulem, o certo é que, na actual civilização do espectáculo, da informação e dos lazeres, a sua importância não tem paralelo. Se Umberto Eco refere que são três as instâncias constitutivas do desporto, Kurz (1988, cit. por Pinto, 1995) considera, para os sentidos do desporto, seis dimensões: rendimento e competência; expressão motora; vivência da natureza; saúde e bem-estar; convívio e comunicação; risco e aventura. Kurz (1988, cit. por Pinto, 1995) refere também, que apesar de cada dimensão estar interligada, cada praticante assume, para cada uma das dimensões, um sentido e significado próprios, pois Pinto (1995) pensa que cada pessoa procura no desporto, tal como nas outras áreas, uma resposta, uma ajuda, uma compensação para os deficites da sua vida quotidiana.

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Como condição de existência e razão de ser do desporto, está, para Sobral (2003), o Homem, pois reflectir sobre o desporto, é reflectir sobre o Homem, já que para Bento (2006) é o Homem quem pratica o desporto, quem o inventou, quem lhe dá forma e conteúdo, ou seja, o desporto é uma arte, um artefacto, uma invenção para ajudar a fazer o Homem conforme a uma condição social, cultural e moral, datada e situada, reflectida e redimensionada a todo o momento. O desporto relembra-nos assim quanto a existência do Homem é bela e grandiosa e como ele pode dominar e sublimar o trágico e dramático da sua própria história (Costa, 1997). Jeu (cit. por Costa, 1997) refere que, no seio da prática desportiva, se deve assim apresentar o Homem como condição de todas as condições e, por consequência, como valor, pois para Pinto (1995) o Homem deve ser tomado como referência para a estruturação da prática desportiva. Bento (2006) refere ainda que o desporto é um espelho onde o Homem reflecte todas as suas forças e fraquezas, as suas virtudes e defeitos, as suas dignidades e indignidades, os seus heroísmos e cobardias, as suas coragens e medos, as suas nobrezas e vilarias, revelando toda a sua plenitude e transparência. Se falar do desporto é falar do Homem, estudar o desporto é estudar a própria sociedade (Costa, 1997), pois o desporto não deixa de ser um campo de socialização (Pinto, 1995). Podemos, assim, analisar, através do desporto, os princípios básicos da sociedade, os valores que a orientam, os problemas que a afligem, as ideologias que a sustentam e as ideias que a norteiam (Costa, 1997). Para Esteves (1967), só há mesmo uma forma de entender o fenómeno desportivo, que é na perspectiva das estruturas sociais, pois o que há de característico e fundamental no desporto é, justamente, o que define e caracteriza a sociedade em que ele se realiza, ou seja, é possível analisar qualquer sociedade através dos desportos que esta pratica. Assim, o universo desportivo é um excelente campo de observação da sociedade, onde podemos encontrar elementos para estruturar modelos ideais de análise social, e pode servir também para nos ajudar a descobrir formas de pensamento e modelos de acção através dos quais nós compreenderemos melhor o sentido da

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existência do Homem e da sua integração na comunidade humana e pressentir muitas das aspirações que povoam o nosso imaginário colectivo (Costa, 1992). Hoje, o desporto encontra-se publicamente consagrado como o conceito superior e abrangente do domínio socio-cultural voltado para as actividades desportivo-lúdico-corporais. Constantino (2003) refere que se trata de um fenómeno social total, já que para Mauss (cit. por Garcia, s.d.), se por um lado o desporto evidencia a sociedade, por outro, participa na evolução e na transformação dessa mesma sociedade, enquanto que Manual Sérgio (2003) chega mesmo a evocar o desporto como aquele que se transformou no fenómeno cultural de mais magia no mundo contemporâneo. Se antes o desporto era uma actividade quase exclusivamente orientada e estruturada para o alto rendimento e a competição organizada, para a afirmação dos estereótipos da juventude forte e saudável, da virilidade e masculinidade, o desporto passou progressivamente a ser uma prática aberta a todas as pessoas e idades e a todos os estados de condição física e sócioculturais (Bento, 2007). O desporto é, actualmente, entendido como uma benefício

civilizacional

(Ferreira,

2003),

satisfazendo,

simultaneamente,

diversas necessidades: o exercício para uma vida saudável; a socialização; o sentido de pertença a um grupo, clube ou equipa; a ocupação dos tempos de lazer (Melo, 2003). Bento (2007) refere que o desporto expandiu-se para novas terras, ou seja, à vocação original de excelência e de alto rendimento adicionou a instrumentalização ao serviço das mais distintas finalidades: saúde, recreação e lazer, aptidão e estética corporal, reabilitação e inclusão.

2.2. Wellness Segundo Dickman (1988) a espécie humana é única na sua capacidade de adaptação e utilização do ambiente natural para o seu próprio benefício. Contudo, com a revolução tecnológica operada durante os últimos dois séculos, grandes mudanças e em grande escala têm surgido, advindo daí consequências positivas e negativas para o Homem. Duas mudanças que são,

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geralmente, consideradas positivas, são a menor utilização do esforço físico para a execução de tarefas (laborais ou não) e o aumento, em quantidade e qualidade, de diversos tipos de alimentos, aumentando também o consumo alimentar da maioria da população de alguns destes alimentos. No entanto, a diminuição do esforço físico (em grande escala) para a execução de tarefas laborais, por exemplo, levou a uma diminuição do gasto energético do Homem. É assim, devido ao menor dispêndio energético que o Homem apresenta e ao consumo cada vez maior de quantidades de alimentos com pouca qualidade (com grande quantidade de gordura saturada, por exemplo), que se verificou na população um registo cada vez maior de indivíduos com sobrepeso e obesidade. Devido aos seus efeitos na longevidade e qualidade de vida das pessoas, surgiu um novo conceito – o wellness – de saúde pública, balizado na expressão “tome responsabilidade pela sua saúde” (Dickman, 1988). O wellness, para Richter e Seiger (1997), é um conceito que corresponde a um estado óptimo de saúde. E para estes autores, ter saúde é muito mais do que apenas não estar doente. De facto, para a Organização Mundial de Saúde (2007), ter saúde corresponde a um bem-estar físico, psíquico e social e não apenas à ausência de doença. O wellness refere-se então a um estilo de vida que promova o bem-estar do indivíduo (Richter e Seiger, 1997), sendo baseado na premissa de que adoptando comportamentos saudáveis, estes reduzirão os factores de risco associados à contracção de doença, promovendo, ao mesmo tempo, uma sensação de bem-estar. Assim, uma pessoa pode não estar doente, mas também pode não estar com saúde porque o wellness é, antes de tudo, uma atitude (Dickman, 1988). Na opinião de Dickman (1988), esta atitude é a chave para todas as acções que um indivíduo toma, sendo que, juntamente com a prática regular de actividade física (essencial para a manutenção da saúde e, consequentemente, do wellness) e uma correcta nutrição (dieta), se pode formar a “hélice do wellness” (conforme figura 1).

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Figura 1 - "Hélice do Wellness" (Dickman, 1998).

Richter e Seiger (1997) definem seis componentes que influenciam decisivamente o wellness. Para estes autores, a única maneira de um indivíduo atingir um estado óptimo de saúde – wellness – é sentir-se bem a nível psicológico, espiritual, físico, social, vocacional e ambiental. A componente psicológica refere-se a uma combinação/equilíbrio entre o estado mental e emocional de um indivíduo, enquanto que a componente espiritual identifica-se com os objectivos de vida de um indivíduo, ou seja, o que dá significado à sua vida. A componente física reporta-se ao ser fisicamente “activo”, ter uma dieta equilibrada e descansar e dormir de forma adequada. A componente social refere-se às relações de confiança e à interacção de um indivíduo com o meio social que o rodeia. A componente vocacional refere que o indivíduo deve encontrar satisfação/felicidade no seu trabalho e “hobbies”, enquanto que a componente ambiental identifica-se com a adopção de comportamentos responsáveis por parte do indivíduo para com a natureza, como a reciclagem e reutilização dos materiais. Miller (2005) refere, contudo, que existem várias definições para o conceito wellness, sendo que a palavra “wellness” foi pela primeira vez empregue, se bem que escrita de maneira diferente, pelo escocês Wariston Archibald, em 1654, quando este, no seu diário, agradecia a Deus o facto de a sua filha se encontrar “wealnesse”. No entanto, o que simplesmente Wariston

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quis dizer, foi que a sua filha já não se encontrava doente. Para perceber melhor então a evolução deste conceito, urge realizar-se uma perspectiva histórica do mesmo, e quais os diferentes significados que este teve ao longo da história. A origem do conceito wellness, propriamente dita, remonta ao início do século XIX, nos Estados Unidos da América (EUA), onde surgiu um movimento que enfatizava a relação que existia entre o espírito e o estado de saúde da pessoa. Wiliam James considerava que este movimento se referia a um processo de cura da pessoa através da mente, sendo que este movimento originou, mais tarde, a religião “Ciência Cristã”. A ideia era então que a saúde física apenas poderia ser atingida conforme o bem-estar mental e espiritual da pessoa. Quimby (1802-1866), um relojoeiro que contraiu tuberculose, interessou-se na altura, após ter tomado conhecimento da sua doença, pelas curas nas quais não estivesse envolvido tratamento médico, pelo que chegou à conclusão, que qualquer doença era mais facilmente tratável através de métodos não-médicos, concretamente através de alterações na atitude das pessoas para com as escolhas que faz na sua vida. Este referia que as ideias eram como comida e que cada pessoa sabe que em tudo o que come e bebe, há alguma ideia por detrás dessa escolha. Assim, para Quimby, as ideias eram como comida para a mente, e fazendo perceber à pessoa quais eram as ideias correctas, ele curava a doença. Quimby abriu mesmo uma pequena clínica em Portland, em 1859, tento tratado mais de doze mil pessoas, entre as quais, Mary Baker Edy (1821-1910). Esta deu continuação às ideias de Quimby, associando-as, no entanto, particularmente, à cura divina de Jesus, fundando assim a religião “Ciência Cristã”. As ideias de Quimby e Baker, que assumiam que um corpo sano era o produto de uma mente e espírito sãos, já se tinham, no início do século XX, alastrado a todo país (EUA) e também à Europa. Estas ideias influenciaram também Horace Fletcher (1849-1919) e John Harvey Kellogg (1852-1943). Fletcher, tal como Quimby, que defendeu que a chave para a saúde era ter uma atitude positiva e as mudanças comportamentais a que esta atitude levava, ficou essencialmente conhecido por defender que muitas doenças podiam ser evitadas através da correcta

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mastigação dos alimentos. Esta corrente, conhecida como Fletcherismo, baseava-se na ideia de que se um indivíduo mastiga um alimento até este perder o seu sabor, poderia melhorar a sua saúde. É Fletcher, que após aplicar a técnica em si mesmo, que chega à conclusão de que muitos problemas de saúde começam com o que cada pessoa coloca na sua boca para comer e o que se faz com esse alimento, uma vez que está na sua boca. Assim, para este, a pessoa teria responsabilidade pelo que comia, isto é, pelas suas acções, devendo cada pessoa ser responsável pelos seus comportamentos. Após a morte de Fletcher e apesar do Fletcherismo perder popularidade, algumas das suas ideias, como a responsabilidade que a pessoa deveria tomar pelas suas acções, assim como a atitude positiva que esta deveria ter perante a vida, permaneceram populares. John Harvey Kellogg, médico, pegou nas ideias de Fletcher e aplicou-as na sua clínica, no Michigan. Os tratamentos de Kellogg consistiam na combinação de uma dieta vegetariana, rica em fibra e pobre em gordura, exercício físico, proibição do consumo de álcool e café, dando ênfase ao facto de que o estado mental de um individuo contribuía grandemente para a sua saúde. O que se pode referir, portanto, de Kellogg, foi o contributo que este deu para que se entendesse a importância de uma dieta equilibrada, como da prática de exercício físico, como maneira de desenvolver o wellness na pessoa. Até agora, apenas explicamos a evolução do conceito do wellness. É, contudo, Halbert Dunn (1896-1975), o primeiro a referir-se ao termo wellness em concreto. Para este médico, que fundou a Constituição da Organização Mundial de Saúde, dando aí ênfase às diferentes dimensões que deverão fazer parte do conceito de saúde (já referido atrás), o wellness é um método integrado de funcionamento que deve ser orientado para a maximização do potencial de cada indivíduo. Para isso, é necessário que o indivíduo mantenha um equilíbrio contínuo dentro do ambiente onde este funciona (Dunn, 1961, cit. por Miller, 2005). Na capa do livro que escreveu, “High Level Wellness”, em 1965, este apresenta uma visão holística do mesmo conceito (conforme figura 2), desenhando 3 círculos interligados que representam o corpo humano como uma manifestação de energia, e que simbolizam também o corpo, a mente e o

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espírito da pessoa como um todo interrelacionado e interdependente. Curiosa parece ser a posição que a seta ocupa, pois não se encontra colocada na posição central entre os círculos, pensando-se que o que Dunn quis transmitir foi que a seta apenas indica uma direcção, não sugerindo, portanto, que a vida de uma pessoa fosse sempre centrada apenas no corpo, mente e espírito.

Figura 2 – Capa do livro “High Level Wellness” de Dunn (1961)

Torna-se então importante, deixar claro quais os aspectos principais do trabalho elaborado por Dunn no que se refere à significação do wellness: •

O wellness refere-se a um estado continuum e não a um estado fixo.

Todos

os

indivíduos,

dependendo

de

circunstâncias

particulares, encontram-se localizados ao longo do continuum entre a morte e o wellness; •

O wellness refere-se a uma aproximação holística à saúde, envolvendo dimensões físicas, mentais, sociais, culturais e espirituais;

O wellness relaciona-se com ajudar o indivíduo a atingir o mais alto estado de bem-estar de que este é capaz;

O auto-conhecimento é a chave para o progresso rumo a um alto nível de wellness.

Várias contribuições foram dadas ao trabalho desenvolvido por Dunn, principalmente, por muitos psicólogos, como Erich Fromm e Carl Rogers. Abraham Maslow foi um dos contribui para a definição de wellness proposta por Dunn, criando este último o “Eixo da Saúde” (conforme figura 3). Neste eixo, a pessoa que tem um alto nível de wellness, encontra-se no quadrante direito do eixo, onde um estado positivo de saúde e um ambiente favorável se

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intersectam. De notar, contudo, que Maslow, ao contrário de Dunn, não considerava a responsabilidade que a pessoa deveria ter pelos seus comportamentos como algo que fosse muito importante.

Figura 3 – Eixo da Saúde (Dunn, 1959, cit. por Miller, 2005)

Baseado no trabalho de Dunn, John Travis propôs, no entanto, que se deveria dar muito mais ênfase à responsabilidade individual, já que para este autor, era a responsabilidade ou a falta desta, que permitiria a um indivíduo alcançar ou não, um alto nível de wellness. Travis alterou também o “Eixo da Saúde” de Dunn, reduzindo-o a um continuum que vai desde a morte prematura até a um elevado nível de wellness que uma pessoa pode atingir (conforme figura 4).

Figura 4 – O continuum do wellness (Travis, cit. por Ardell, 1977)

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Contudo, enquanto que as ideias de Dunn não tiveram muita aplicação prática, Travis aplicou as suas, com base nas de Dunn, criando programas de oito meses que envolviam técnicas de relaxamento e auto-conhecimento, bem como noções de nutrição e exercício físico, entre outras, contribuindo para a crescente difusão do wellness. Ardell, considerado hoje um guru do wellness, lançou em 1977 e 1982, dois livros que se tornaram num sucesso de vendas, contribuindo ainda mais para a expansão do wellness. A principal diferença entre este e Travis e Dunn, é a sua rejeição da importância que os aspectos espirituais tem no wellness, pois este defende o wellness a partir de um ponto de vista secular, isto é, desvinculado de fenómenos religiosos. É, no entanto, nos inícios dos anos setenta do século XX, que se dá, nos EUA, o “boom” do wellness, aumentando na população em geral, um estilo de vida ligado ao desporto, praticando-se actividades como o jogging, treino de força muscular e aeróbica. É nesta altura também que o movimento wellness começa a mudar, seguindo várias direcções. Na Europa o conceito wellness ligou-se mais a termos como “prazer”, “bem-estar” e “status” e, mais tarde, “beleza”. Neste caso, a indústria dos SPA (salut per acqua) foi em grande parte responsável pela promoção do wellness, a partir de fins dos anos oitenta e princípios dos anos noventa do século XX. Contudo, como o “prazer” e o “status” são conceitos que podem ser utilizados como poderosas ferramentas de marketing, o wellness rapidamente cresceu na Europa, assumindo, no entanto, definições e acepções que nada têm a ver com as ideias originais do termo wellness proposto por Dunn. Definir wellness não é, portanto, tarefa fácil, pois a sua definição depende de um contexto específico, e actualmente existem vários, pelo que qualquer definição é válida, tal como as citadas por nós anteriormente, de Dickman, e de Richter e Seiger. Importa também referir, que do ponto vista económico, o sector do wellness tem, actualmente, uma pujança a que os grandes grupos empresariais já não conseguem resistir, criando serviços e produtos que não param de ver aumentadas as suas taxas de adesão (Lopes, 2008). Lopes (2008) defende

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que o wellness é então um negócio que, com certeza, continuará a crescer nos próximos anos.

2.3. Marketing A partir do momento em que sentiu necessidade de vender os produtos por ele produzidos, o Homem iniciou um processo gradual de desenvolvimento de técnicas que visam melhorar a actividade de venda. O Marketing pode então ser entendido como o conjunto de meios que se encontra à disposição de uma empresa tendo em vista a venda dos seus produtos, aos seus clientes, com rendibilidade (Rodrigues, 2001). Kotler (1997, cit. por Rodrigues, 2001) refere que o Marketing consiste num conjunto de actividades dirigidas à satisfação de desejos ou necessidades das pessoas, grupos sociais ou organizações através de um processo em que a empresa troca no mercado os seus produtos com essas entidades. Murphy (1997) refere, então, que o Marketing defende que a actividade empresarial é o processo de criar clientes satisfeitos e o lucro é a recompensa desse trabalho. Pode-se considerar, portanto, que o Marketing está orientado para a satisfação do consumidor, sendo que, no entanto, o ideal é que se consigam benefícios em sentido duplo: para o cliente e para empresa (Resende, 2004), sendo importante considerar assim que o Marketing pode ser visto como um processo de gestão que consiste em identificar, antecipar e satisfazer as necessidades e desejos dos consumidores (Alves e Bandeira, 1998, cit. por Resende, 2004), isto é, o êxito empresarial não é determinado pelo produtor mas pelo cliente (Drucker, 1997, cit. por Rodrigues, 2001). Uma definição que inova relativamente às já citadas anteriormente é a da Associação Norte-Americana de Marketing (2004, cit. por Resende, 2004), que propõe o Marketing como sendo uma função organizacional e um conjunto de processos orientados para a criação, comunicação e entrega de valor para o cliente e para gerir a relação com o cliente de forma a beneficiar a organização e os seus accionistas. Esta definição inova em relação às supracitadas pela inclusão da responsabilidade da função para com os cada vez mais

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intervenientes no ciclo de vida da organização comercial, que são os accionistas. Desta forma, a função do Marketing é executada tendo em vista também o bem-estar dos accionistas da organização, seja pela criação de uma imagem positivamente apercebida, seja pela criação de valor para a organização de forma a valorizar esta no mercado de valores e os principais accionistas obterem os proveitos esperados aquando do investimento (Resende, 2004). Pudemos observar até agora, que uma definição simples, universal e intemporal não é fácil de encontrar (Lendrevie, 2000, cit. por Rodrigues, 2001), até porque o Marketing é uma disciplina diversa e em constante evolução (Rodrigues, 2001). Importa portanto, para melhor se compreender este conceito, reflectir sobre o processo evolutivo do mesmo, segundo um ciclo que Lendrevie (2000, cit. por Rodrigues, 2001) denomina como “ciclo de Marketing”, compreendendo então como evoluíram as relações entre as empresas e os seus mercados. O mesmo autor sistematiza essa evolução em cinco etapas, às quais faz corresponder a evolução do século XX, acrescentando nós, que a última etapa que este considera como correspondente aos anos noventa do mesmo século – “Estágio Digital” – se estende também pelo inicio do século XXI no qual nos encontramos (conforme quadro 1). Estágio Artesanal

O Marketing, intuitivo e pragmático da economia artesanal

One-to-one.

é um verdadeiro Marketing.

Personalizado ou Customizado.

Os produtos e os preços são adequados a cada segmento

Marketing de relação.

e a comunicação é interpessoal. O Marketing intuitivo do comerciante só é possível num mercado muito pequeno, que é a comunidade local a que

Século XIX, inicio do Século XX

pertence.

37


O desenvolvimento dos meios de transporte modernos,

Estágio Industrial

transformou

One-to-many Companhias orientadas para o produto. O

Marketing

gestão

das

resume-se vendas

e

à à

promoção.

espaço

económico,

permitindo

o

aparecimento de potenciais mercados de massa. A economia industrial era uma economia essencialmente vocacionada para criar mercados, os preços tinham que ser os mais baixos possíveis, não para fazer face à concorrência mas para permitir a abertura de mercados. O Marketing limitava-se à distribuição física (logística) e à venda.

Até anos 30 do Século XX

Estágio do Consumidor One-to-many. Companhias orientadas para o consumidor.

A pouco e pouco, as empresas reconhecem que o mercado é o seu activo mais precioso. A concorrência instalou-se

empresas

cada

vez

mais

como a forma de orientar, a partir do mercado, a politica produtos,

preços,

comunicação

e

distribuição

(aparecimento do conceito de Marketing-Mix).

Anos 40 e 50 do Século XX

O Marketing assume uma importância crescente, não só

Estágio do Valor

na boa adaptação ao mercado, mas também ao nível da

One-to-few. pela

segmentação, posicionamento e criação de valor.

as

submissas às escolhas dos consumidores. O Marketing,

de

diferenciado

tornando

ao contrário da fase anterior, começa a ser considerado

Moderno mass Marketing.

Marketing

o

diferenciação das empresas. Aposta na construção de marcas atraentes e em territórios diferenciados da concorrência.

O

Marketing

que

até

à

data

era

essencialmente transaccional (cada compra é vista como transacção isolada), evoluiu para um Marketing relacional (interessa as necessidades e o consumo de cada cliente durante um período de tempo). Este tipo de Marketing individualizado e personalizado (Customer Relationship Management) vem dar resposta à preocupação crescente das empresas em fidelizar cada vez melhor os clientes. Nos mercados em expansão, o Marketing era um Marketing de conquista; nos mercados saturados de hoje, o Marketing tornou-se um instrumento de fidelização. A ideia de criação de valor com significado para o consumidor é, hoje, a base de todas as politicas de

Anos 70 e 80 do Século XX

Marketing com sucesso.

38


Estágio Digital

O desenvolvimento das novas tecnologias, em particular da Internet, permite antever uma evolução radical do Marketing,

Era do Marketing relacional, tecnologias da informação, do Web Marketing e do e-comerce.

voltando

a

conferir-lhe

as

virtudes

da

personalização, da interactividade e da relação, como na época do Marketing Artesanal, mas abrindo-lhes novas perspectivas como é o caso da globalização. A Internet está a provocar uma verdadeira revolução no marketing, não existindo, contudo, o distanciamento temporal para

Anos 90 do Século XX e inícios do Século XXI

poder avaliar objectivamente o seu impacto na relação das organizações com os seus mercados.

Quadro 1 – As cinco fases do ciclo de Marketing (adaptado de Lendrevie, 2000, cit. por Rodrigues, 2001).

A evolução do Marketing levou também a, segundo kotler (Sá e Sá, 1999), uma ampliação do mesmo, isto é, à interpenetração do conceito de Marketing e a sua aplicação noutros domínios que não os estritamente empresariais, sendo neste contexto que surge o Marketing Desportivo, que se assume então como um Marketing sectorial, já que este se distingue pela singularidade do seu produto – o produto desportivo. Tornou-se então importante para as instituições que actuam no campo do desporto, uma postura voltada para os consumidores e para a satisfação das suas necessidades (Sá e Sá, 1999). O Marketing Desportivo identifica-se assim com o conjunto de acções e prestações, produzidas no sentido de satisfazer as necessidades, expectativas e preferências do consumidor de desporto (Sá e Sá, 1999), relacionando-se estas acções e prestações com dois grandes segmentos: •

O Marketing do Desporto: os produtos e serviços desportivos que são construídos e se relacionam directamente com o consumidor desportivo;

O Marketing através do Desporto: as acções de Marketing de outros produtos ou serviços que usam o desporto como forma de comunicação junto dos seus consumidores, ao mesmo tempo consumidores desportivos.

Para Mullin (2000, cit. por Rodrigues, 2001) o Marketing Desportivo refere-se a todas as actividades desenvolvidas de forma a suprir as

39


necessidades e desejos dos consumidores desportivos através de um processo de troca, definindo-o Francisco Neto (1995, cit. por Sá e Sá, 1999) como sendo um novo segmento no mercado da comunicação. Após a reflexão já realizada sobre o conceito de Marketing e sobre um domínio específico do Marketing, o Marketing Desportivo, pudemos perceber a importância do Marketing para as empresas, sendo que, no entanto, nem sempre foi assim, isto é, na sua fase inicial o Marketing era confundido com venda e comunicação. Contudo, como diz Lindon (2000, cit. por Ungaro, 2003), as empresas foram tomando gradualmente a consciência de que para conservar e desenvolver os seus mercados, não bastava procurar escoar um produto já produzido a um preço fixo. Era necessário, antes mesmo de o produzir e o conceber, assegurar que o produto se orientasse no sentido de um determinado público, partindo para tal, da análise das necessidades do mercado para então se decidir o que se ia produzir e o preço ao qual se iria vender. Para além disso, as empresas foram percebendo que para a maior parte dos produtores, a conservação de um público fiel supunha que os compradores estivessem plenamente satisfeitos, pelo que era fundamental assegurar um serviço pós-venda. Como consequência desta extensão das funções do Marketing, distingue-se hoje o Marketing estratégico do Marketing operacional. De acordo com Lambin (2000, cit. por Ungaro, 2003) o Marketing estratégico é a área que se preocupa com a formulação e realização das decisões estratégicas de Marketing e refere-se, basicamente, a todas as funções do processo que em sequência temporal antecedem a produção e a venda do produto. Desta forma, engloba tarefas de estudos de mercado, a escolha do público-alvo e a opção a adoptar referente ao valor a oferecer. Já o Marketing operacional, também designado por Marketing táctico, corresponde ao conjunto de tarefas que se relacionam com a entrega de valor e que se desencadeiam numa fase posterior à produção, integrada na estratégia de comunicação (Ungaro, 2003). Segundo Pires (1997, cit. por Ungaro, 2003), esta fase do processo relaciona-se com a elaboração e execução das políticas operacionais que asseguram a realização da estratégia seleccionada. Em

40


conformidade,

o

mesmo

autor,

ao

conjunto

formado

pelas

políticas

operacionais que permitem a concretização prática da estratégia definida e a ligação entre a empresa e os mercados seleccionados, denomina Marketing mix. O Marketing mix é, no fundo, a “aplicação no terreno”, o momento de tomar decisões muito práticas e objectivas que sirvam os interesses dos consumidores e das instituições (Sá e Sá, 1999). Estas decisões referem-se a um conjunto de cinco áreas chave ou variáveis, que são o produto ou serviço, o preço, a promoção (que aqui vamos definir como comunicação), o local ou distribuição (place) e mais recentemente, as pessoas, no que é conhecido pelos “Cinco Pês”, sendo que a importância destas cinco áreas reside na forma como são equilibradas, dependendo esse equilíbrio do tipo de consumidor que é servido e que tipo de benefícios é que ele procura. Propomos agora uma abordagem a cada uma destas variáveis, analisando-as a partir da perspectiva do Marketing Desportivo. Assim: •

Produto: antes de discorrer sobre quais as características do produto desportivo, importa primeiro perceber o que é um produto. Segundo Sutton (s.d., cit. por Sousa, 1995) o produto é um conjunto de satisfação do qual os compradores percebem que obterão se entrarem numa transacção, sendo constituído, para Lazer e Culley (s.d., cit. por Sousa, 1995) por três elementos: os atributos, os benefícios e um sistema de apoio. Enquanto que os atributos são observáveis, concretos, mensuráveis e intrínsecos ao produto, como a marca, cor ou apresentação, por exemplo, os benefícios do produto são definidos como aquilo que o consumidor percebe que satisfaz as suas necessidades, tais como sabor ou a durabilidade, por exemplo. No que se refere ao último elemento constituinte de um produto, o sistema de apoio, este refere-se ao sistema de suporte de Marketing, o que inclui todos os serviços prestados em adição ao produto essencial. Depois de identificarmos o que é um produto, interessa perceber então, o que caracteriza o produto desportivo. Mullin (1993, cit.

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por Sousa, 1995) propõe como características do produto desportivo as seguintes: -

O produto desportivo é intangível, efémero, experienciável e subjectivo. Isto significa que embora possam haver elementos

do

desporto,

como

por

exemplo

os

equipamentos que as equipas utilizam, que são tangíveis, eles têm pouco significado fora do contexto da actividade em si. Além disso, o que cada consumidor vê num desporto é subjectivo, o que torna bastante difícil para o profissional de Marketing do Desporto assegurar uma alta probabilidade de satisfação para todos os consumidores; -

O produto desportivo é simultaneamente produzido e consumido. Vejamos como exemplo o caso de um jogo de futebol, onde não se podem vender bilhetes para o dia de ontem,

isto

é,

o

produto

deve

ser

vendido

com

antecedência, já que os consumidores são também produtores, ajudando a criar o jogo ou o evento, ao mesmo tempo que o consomem. O mesmo se pode verificar num health club, em que o cliente adquire primeiro um pack de dez

aulas

com

um

personal

trainer

produto

consumindo-o depois e produzindo-o ao mesmo tempo; -

O Desporto é, de uma forma geral, consumido em público, sendo que a satisfação do consumidor é afectada pela facilitação

social,

o

que

significa

que

devem

ser

desenvolvidos programas e planos promocionais que visem maximizar a satisfação do grupo. Vejamos, por exemplo, a campanha lançada no início de 2008 pelo Futebol Clube do Porto ao lançar o “Dragão Mobile”, onde são oferecidas vantagens exclusivas para sócios deste clube, como o depósito de 5% do valor de cada carregamento na quota de sócio;

42


-

O produto desportivo é inconstante e imprevisível, pois são as pessoas que produzem o desporto e estas, são inconstantes, isto é, e voltando ao futebol, um jogo realizado hoje será diferente do jogo da semana seguinte, mesmo que os jogadores sejam os mesmos, já que existem diversos factores que afectam o desenvolvimento de um jogo. O mesmo se passa num health club, onde dois amigos jogam squash todas as semanas, à mesma hora, mas experienciam jogos diferentes todas as semanas;

-

O Desporto é, ao mesmo tempo, um produto para o consumidor e um produto para a indústria, pois o Desporto é produzido como um produto para o consumidor, quer ser ela seja espectador ou participante;

-

Uma grande percentagem da ênfase do Marketing Desportivo deve ser colocada nas extensões do produto, e não no produto base, dado que é difícil a um profissional de Marketing conseguir que uma equipa jogue bem, ou que as condições atmosféricas sejam as ideais para a prática de desportos de neve. No entanto, nos health clubs, por exemplo, tal não se verifica de forma tão acentuada, pois sempre se podem controlar aspectos como a limpeza das salas onde decorrem as aulas, a manutenção das máquinas de musculação ou da piscina, bem como os recursos

humanos

contratados

e

a

sua

formação

profissional, o que garantirá, com certeza, maior qualidade dos produtos e serviços oferecidos; -

O desporto tem um cariz quase universal e está associado a muitos aspectos da vida.

O Preço: Sá e Sá (1999) dizem que a resposta à pergunta “quanto é que o consumidor está disposto a pagar?” continua a ser o ponto de partida para a determinação de um preço. Murphy

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(1997) refere que o preço depende da procura do mercado, da concorrência e do custo da produção, incluindo a investigação e o desenvolvimento, o fabrico e o Marketing. O autor explica ainda que ao fixar um preço, o fabricante deve estabelecer um “chão”, o preço mínimo, e um “tecto”, o preço máximo, sendo o primeiro determinado pelo fabricante e o segundo pela procura do cliente. Devemos considerar assim, segundo Jalon (1989, cit. por Sousa, 1995), um conjunto de aspectos importantes na determinação do preço de um serviço desportivo: -

O custo real do serviço, isto é, o conhecimento real da produção do serviço é o ponto de partida para a fixação dos preços;

-

O posicionamento do serviço no mercado, ou seja, o posicionamento no mercado significa o lugar que se deseja que ocupe um serviço particular ou entidade que o produz, no seu conjunto, na perspectiva dos clientes, face à concorrência;

-

A sensibilidade do mercado ao preço, o que se identifica com o grau de resposta ou sensibilidade que tem o públicoalvo de uma entidade às mudanças de preço;

-

A concorrência, o seu posicionamento e situação. Aspectos como a proximidade física, a coincidência do segmento de população que se serve e os serviços semelhantes, obrigarão a ter em conta os preços praticados pela concorrência

num

grau

mais

elevado

do

que

se

observassem diferenças claras; -

Objecto social, identidade e imagem, isto é, a identidade específica de uma entidade desportiva, com as suas diferentes estratégias, valores e cultura de empresa, marcam ou condicionam a politica de preços. Exemplo concreto é marca Louis Vuitton que nunca faz saldos ou promoções;

44


-

A imagem da qualidade do serviço. Um clube desportivo que tenha uma boa imagem no mercado, fixará, em princípio, um preço mais elevado do que se a sua imagem for inconsistente ou pouco clara. Um ginásio de uma comunidade de dois mil habitantes, não deverá nunca fixar uma política de preços semelhante à da multinacional Holmes Place, por exemplo;

-

O valor dado ao serviço pelo público-alvo, já que dentro de uma boa lógica de Marketing, uma coisa não vale o que custa produzi-la, mas sim o que o consumidor está disposto a pagar por ela. Fixar preços abaixo do valor que o serviço tem para o público, é arriscar-se a suscitar desconfianças. Convém então ter em conta que o valor que o cliente dá a um serviço inclui diversos aspectos, como a facilidade ou acessibilidade às instalações. Pode, por exemplo, suceder que o custo da produção de um serviço seja superior ao preço que o público-alvo está disposto a pagar, pelo que nesse caso seria necessário “adornar” o serviço com coisas que custem pouco, mas que aos olhos do cliente façam com que o serviço global valha muito mais.

Será então em funções dos objectivos e missão da organização, que os diversos factores citados deverão ser tomados em conta na política de fixação de preços dos distintos serviços e produtos, dando maior ou menor ênfase a cada um deles. Não devemos esquecer, contudo, que o “preço psicológico” do produto desportivo assume aqui particular importância, pois não devemos esquecer que este é intangível e está associado a uma série de benefícios que não podemos mensurar (Sá e Sá, 1999). •

A Comunicação: esta consiste num conjunto de instrumentos desenhados

geralmente

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para

estimular

a

compra

de


determinados produtos ou serviços por parte dos consumidores. É o conjunto de actividades que desempenham a função de comunicar os benefícios que se relacionam com o serviço e persuadir um mercado alvo para que o adquira. Para Lendrevie (1999, cit. por Resende, 2004) estas actividades podem ser designadas por “Mix da Comunicação” e compreendem: a publicidade, o patrocínio, as relações públicas, força de vendas, promoções, Marketing directo e merchandising. Assim, algumas decisões sobre a comunicação relacionam-se com: -

Força de vendas: incluem-se as decisões sobre a configuração da equipa de vendas, determinação do tamanho da equipa, delimitação das zonas de venda, atribuição das zonas aos vendedores, contactos dos vendedores;

-

Marketing directo: o uso dos meios de comunicação directos (correio, telefone, fax, e-mail) de forma a estimular vendas a um segmento de mercado específico;

-

Publicidade, patrocínio e relações publicas: com estas acções pretende-se formar uma imagem favorável do produto ou serviço e da empresa ou organização, junto do público, através dos meios de comunicação, com o fim de promover a aquisição, melhorar o (re) conhecimento, notoriedade e imagem da entidade anunciante. Inclui decisões sobre qual a mensagem a comunicar e qual o público-alvo;

-

Promoções: são as actividades não veiculadas pelos meios de comunicação que procuram estimular as vendas a curto prazo. São dirigidas aos vendedores, intermediários e consumidores. Os métodos mais habituais são as baixas de preço, oferta de maior quantidade de produto pelo mesmo preço, cupões ou vales de desconto, amostras gratuitas, prémios, concursos.

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• O Local ou Distribuição: as instalações disponíveis, as suas características, horários de funcionamento, a localização do evento desportivo, etc., condicionam de um modo decisivo o tipo de oferta que pode ser feita, pelo que estes factores devem ser alvo de um estudo aprofundado na construção do Mix do produto desportivo. De facto, para Sá e Sá (1999), devemos tomar o caminho do nosso consumidor fácil e acessível. Estes autores referem também uma série de critérios a ter em conta para seleccionar

o

melhor

local,

concretamente

para

sítios

especializados em desporto, caso dos health clubs. Os autores propõem então como critérios a considerar: -

A proximidade da residência e do local de trabalho do potencial consumidor, já que tal como refere Mullin (1993, cit. por Sousa, 1995), 90% dos clientes de uma infraestrutura desportiva residem a vinte minutos de tempo de viagem;

-

Variedade de produtos proposta;

-

Qualidade dos produtos;

-

Preços a praticar;

-

Serviços adicionais (assistência, crédito, etc.);

-

Personalização do serviço.

As Pessoas: muitas vezes as entidades desportivas voltam-se para o exterior e esquecem o aspecto decisivo nos seus contactos com os clientes, isto é, o seu pessoal, já que, como Sá e Sá (1999) dizem, é este pessoal que é uma peça fundamental no sucesso do atendimento das preferências e necessidades do consumidor. É assim importante prestar especial atenção à forma como vamos alocar os recursos humanos e como estes vão ser formados e informados sobre quais as suas competências, funções e tarefas, pois é a “pessoa” que está frente a frente com

47


o cliente. É necessário, portanto, operacionalizar um plano de acção sobre como as pessoas vão ser capazes de prestar um serviço, integrando-as dentro duma mesma missão e de um mesmo objectivo. Para isso, deve-se proceder ao levantamento dos aspectos culturais da organização mais importantes e tornálos públicos a todos, sendo que este tornar público só se consegue com a apresentação às pessoas dos objectivos, estratégias e instrumentos que estarão à disponibilidade destas para se relacionarem com os clientes (Sá e Sá, 1999). Conclui-se então, que é importante centrar a estratégia de Marketing no consumidor, implicando assim que o produto e em particular, os serviços do desporto, estejam concordantes com as suas necessidades.

2.4. Internet A Internet surge como uma resposta a necessidades de organismos militares e instituições académicas. Durante a Guerra Fria, as autoridades militares norte americanas iniciaram o desenvolvimento de um sistema de comunicação que permitisse a troca de grandes quantidades de informação de forma mais rápida e segura em relação aos tradicionais canais de comunicação, já que o governo dos EUA temia um ataque às suas bases militares por parte da União Soviética, o que poderia levar a que informações importantes e sigilosas fossem perdidas, não oferecendo aos EUA condições de resistência e reacção. Por seu turno, investigadores da Universidade da Califórnia pretendiam melhorar a comunicação entre diferentes universidades, potencializando as linhas telefónicas como forma de transmissão de informação. Em 1969, e perante necessidades semelhantes, desenvolvem em conjunto o embrião da Internet, a APARNET (Advanced Research Project Agency). Este sistema começou a ser utilizado nas duas décadas seguintes, mas a vulgarização da Internet surgiu em 1993 com a criação da World Wide Web que tornou mais simples e acessível a organização e consulta da

48


informação disponível. Hoje, a Internet pode ser definida como uma rede de computadores de nível mundial que usam a mesma linguagem, que permite a disponibilização de serviços de troca de informação e comunicação, tais como a World Wide Web, o correio electrónico e os grupos de discussão (Cunningham e Anderson, 1999, cit. por Viseu, 2005). No que se refere à World Wide Web, que passaremos agora a referirmonos simplesmente como Web, esta é, então, apenas um dos serviços disponíveis na Internet. Aliás, como refere Hortinha (2001, cit. por Rodrigues, 2001), é na Web que a maior parte das pessoas pensa quando se refere à Internet. A Web caracteriza-se, portanto, como um conjunto de documentos espalhados por toda a rede, disponíveis a qualquer um. Estes podem ser vistos, de forma a que façam sentido, através de um tipo de programa chamado Browser1, estando os mesmos escritos em hipertexto, utilizando uma linguagem chamada HTML (Hipertext Markup Language). Para Rodrigues (2001), como resultado da necessidade de simplificar a utilização de Internet, tem-se assistido a uma tendência para a Web oferecer quase todos os serviços da Internet, sendo que, desta forma, o utilizador, através de um Browser consegue aceder praticamente a todos os serviços disponíveis na Internet, como o são, por exemplo: •

Endereços Web (URL – Uniform Resource Locator): designação atribuída ao conjunto do endereço de um serviço de Internet. Para se localizar um recurso na Web, deve conhecer-se o seu endereço. Este endereço, que é único, é a sua URL também. É composto por vários elementos: em primeiro lugar, por um prefixo de serviço para a classe à qual se acede, como por exemplo, “http://” para as direcções das páginas web; depois, surge o nome de um servidor, formado por este e pelo seu domínio, como por exemplo

“www.fcporto.pt”;

por

último,

surge

o

nome

do

artigo/documento, que se deve completar com a indicação da sua 1

Os Web browsers são aplicações informáticas que permitem o acesso a informação alojada

na Web ou em servidores Web

49


localização exacta dentro do sistema de arquivos (directório) onde se encontra, como o que se encontra sublinhado no seguinte endereço: “http://www.fcporto.pt/ClubeMovel/fcpmovel.asp”; •

Home-Page, Web page, Sites ou Sítios: refere-se à página inicial/principal (que também é uma Web page [página Web]) do site ou sítio;

Motores de busca: são indexadores das palavras armazenadas na Web. Estas palavras, designadas como palavras-chave (keywords), funcionam como critério de pesquisa no índice;

Directórios: são páginas Web que organizam a informação de forma estruturada por categorias, funcionando como se de páginas amarelas electrónicas se tratasse;

Portais: são pontos de acessos à informação na Internet, eu disponibilizam serviços como notícias, correio eletrónico/e-mail gratuito, acesso a chats, informação geográfica, jogos, informação sobre mercado de capitais, etc.

Além da Web, a Internet oferece também serviços como o correio electrónico/e-mail, que permitem a troca de mensagens entre usuários através da Internet. O funcionamento deste serviço tem por base um endereço conhecido como e-mail adress ou endereço de correio electrónico, cujo formato é user@host, onde user representa o identificador de uma caixa postal para recepção de mensagens, e host representa o nome do domínio do equipamento que pode localizar essa caixa postal, podendo este endereço estar associado a um ou mais usuários ou até mesmo a um serviço prestado usando o correio electrónico como meio de transporte. Um outro instrumento de comunicação são os chats, como o Messenger, onde se pode realizar uma comunicação em tempo real, ao contrário do e-mail. Hoje em dia e amplamente difundidos, estão também os jogos on-line, sendo que a Web acrescentou a este entretenimento a possibilidade de interagir com outros jogadores em tempo real, tornando assim a experiência muito mais atraente. Neste momento, por exemplo, quase todas as consolas

50


disponíveis no mercado, como a “PlayStation 3” ou a “Wii”, possuem um modem para poder estabelecer uma ligação à Web. A Internet está hoje, então, cada vez mais presente na sociedade, sendo que o “boom” registado pela Internet tornou-a no meio tecnológico com maior crescimento de penetração alguma vez registado. Segundo dados da National Center for Policy Analysis, a Internet demorou apenas sete anos para atingir 25% da população norte-americana, o que, comparado com a televisão, se revela auspicioso, já que esta demorou vinte e seis anos para atingir os mesmos valores (Calado, 2002, cit. por Resende, 2004). Em Portugal e segundo dados da Marktest (2007), o número de portugueses que costuma aceder à Internet aumentou oito vezes nos últimos dez anos. De facto, o estudo contabiliza 3 622 mil indivíduos que costumam utilizar a Internet, representando este valor 43.6% do universo composto pelos residentes no Continente com quinze e mais anos (conforme figura 5). Assim, a análise deste indicador ao longo da última década evidencia o elevado crescimento que tem registado a Internet entre os portugueses.

Figura 5 – Utilização da Internet em Portugal nos últimos anos (Acesso à Internet aumenta oito vezes

em

dez

anos.

Consult.

em

21

Jan

http://www.marktest.pt/marktest/default.asp?c=1210&n=1679)

51

2008,

disponível

em


2.4.1.

Internet e Marketing

Já percebemos que a Internet está cada vez mais presente na sociedade, através da reflexão realizada no ponto anterior. De facto e de acordo com Reed (1999, cit. por Yu e Barnd, 2003) os utilizadores on-line estão a aumentar, a tecnologia em causa está a avançar rapidamente e os marketeers das grandes marcas já perceberam que a Web é uma área-chave das estratégias de Marketing definidas pelas organizações. É pois importante ter em conta, a Internet como um meio de obter vantagens competitivas, já que como refere Lindon et al. (2000, cit. por Rodrigues, 2001), esta é uma ferramenta que apresenta características geradoras de oportunidades para o Marketing, como: •

A imediatização: permite uma maior rapidez entre a concepção e a implementação de campanhas promocionais e estudos de mercado. De igual modo, esta rapidez tem, também, um efeito perverso em situações de crise;

A personalização: chave para a passagem da tradicional segmentação

de

mercado

para

o

Marketing

one-to-one

(McDonald, 1999, cit. por Rodrigues, 2001). “Os produtos e serviços

e

a

comunicação

podem

ser

adaptados

e

personalizados, tornando possível um relacionamento de longo prazo” (Hortinha, 2001, cit. por Rodrigues, 2001); •

A quantificação: ao contrário da televisão, rádio e imprensa, a avaliação das audiências não é feita sobre amostras mas sim sobre o universo total, tornando a Internet um meio mensurável por excelência;

O envolvimento do utilizador: o consumidor deixa de ser passivo (televisão, rádio e imprensa), passando agora a ser interactivo;

O efeito de rede: a comunicação entre clientes assume um papel de grande importância, já que estes têm a capacidade de construir e destruir a reputação de muitas marcas e empresas.

Segundo Lendrevie (2000, cit. por Rodrigues, 2001), um dos impactos mais fortes que a revolução tecnológica exerceu sobre o Marketing tem a ver

52


com a relação com os clientes. E neste caso, a Internet é um meio privilegiado para o desenvolvimento de conteúdos de características inovadoras face a outros meios de comunicação, pois permite criar uma comunicação directa individualizada e bidireccional (Raechel, 1997, cit. por Rodrigues, 2001), as quais são essenciais para aumentar a satisfação dos clientes e consequente fidelização (Lindon et al., 2000, cit. por Rodrigues, 2001). Quem tem uma opinião semelhante é Brown (2003), que defende que os marketeers desportivos devem dar ênfase à relação on-line que se estabelece entre o consumidor/vendedor, de maneira a continuar a desenvolver a Web como uma importante ferramenta de Marketing. Além disso, existem empresas, como a Super Bock, que permitem que o consumidor dos produtos comercializados pela marca, possa opinar relativamente a campanhas de publicidade que a mesma irá efectuar, votando, por exemplo, no tipo de cartaz que mais lhe agrada, num exemplo de clara interacção entre marca e consumidor através da Web, pois como refere Brown (2003), os sites ou sítios não devem ser estáticos nem unidireccionais, fornecendo apenas informação, já que para Goodrich (2001, cit. por Rodrigues, 2001) os utilizadores on-line de sites ou sítios desportivos constituem um mercado valioso. Assim, actualmente, para Danhoff (2007), quase todas as pessoas usam a Internet ou a tecnologia wireless 2 para comunicações, notícias, informação e entretenimento pessoal. O crescimento da Internet levou a que esta seja, hoje, a nossa televisão, rádio, livraria e telefone. E é dentro desta perspectiva, que oferecer produtos ou serviços que possuam Internet, pode ser uma vantagem para os consumidores, quando estes têm de escolher entre determinados health clubs, por exemplo. De facto, um utilizador pode chegar a um health club, dirigir-se a uma máquina de trabalho cardiovascular e, dentro de segundos, após iniciar o programa de exercício, pode, através de um monitor com touch screen 3, visionar o seu programa de televisão favorito, ouvir música 2

Refere-se a uma tecnologia capaz de unir computadores entre si devido a ondas de rádio,

sem necessidade de utilizar cabos de conexão. É designada muitas vezes como a “Internet sem fios”. 3

Ecrã táctil

53


e aceder ao seu e-mail ao mesmo tempo, podendo gravar as alterações que introduziu durante o treino, como a criação de uma playlist

4

com músicas da

sua preferência, à qual terá acesso da próxima vez que se deslocar ao health club. Para o autor, o uso deste tipo de tecnologia pode ajudar a atrair novos clientes, assim como manter/fidelizar os actuais, sendo que no futuro as organizações desportivas, como os health clubs, irão competir por clientes que terão em conta, como um dos factores primordiais, o conveniente acesso à Internet. Danhoff refere ainda, que no futuro, a identificação nos health clubs, por exemplo, será realizada através do reconhecimento da impressão digital, à semelhança também do que acontece já em alguns hospitais em Portugal, e muitos dos exercícios que o cliente irá fazer, serão acompanhados de um vídeo com a exemplificação dos mesmos. Yu e Barnd (2003) vão mais longe, dizendo mesmo que desenvolver uma página Web é, hoje, uma das principais missões aquando da organização de eventos desportivos, programas de Educação Física ou da criação de organizações desportivas.

4

Lista de músicas.

54


3. Metodologia Este capítulo apresenta os métodos e procedimentos utilizados na investigação, os quais incluem: o universo, a amostra, o instrumento utilizado e os procedimentos estatísticos empregues.

3.1. Universo O

universo

em

frequentadores/utilizadores

estudo de

corresponde

produtos

ou

a serviços

todos

os

de

um

ginásio/academia/health club existentes em Portugal.

3.2. Amostra Os health clubs nos quais foi recolhida a amostra foram dois dos grandes centros de fitness da cidade do Porto, concretamente o Holmes Place Constituição e o Premier Pinhais da Foz, sendo que foi tido também em conta que os health clubs escolhidos possuíssem site/sítio na Internet, assim como características físicas e modalidades semelhantes. A amostra foi obtida através do preenchimento de questionários que foram aplicados nos health clubs referidos, no dia 14 de Março de 2008 no que se refere ao Premier Pinhais da Foz, e dia 18 de Março no que se refere ao Holmes Place Constituição. O quadro 2 especifica o número de questionários aplicados/recolhidos em cada health club. Questionários

Health Club

Aplicados/Recolhidos

Holmes Place Constituição

64

Premier Pinhais da Foz

63 127

Total

Quadro 2 – Questionários aplicados/recolhidos nos Health Club Holmes Place Constituição e Premier Pinhais da Foz.

55


3.3. Instrumento No que se refere ao instrumento utilizado e face às características do estudo que nos propusemos elaborar, entendeu-se que a recolha de dados deveria ser efectuada através de um inquérito por questionário de administração directa com perguntas fechadas (Carmo e Ferreira, 1998, cit. por Rodrigues, 2001). O questionário usado (Anexo I), foi construído a partir do questionário elaborado por Rodrigues (2001), tendo sido adaptado de acordo com os objectivos a que se propõe este estudo. O questionário usado é constituído por 16 questões. Assim, este contém questões relativas à frequência de utilização de ginásios/academias/health clubs e quais as modalidades praticadas nos mesmos. Por o estudo tratar de analisar

quais

as

potencialidades

das

ferramentas

comunicacionais,

concretamente a Internet, nos serviços de Fitness, entendeu-se então como necessário, colocar questões relativas ao acesso, utilização, frequência e tempo médio desta mesma utilização. No âmbito do estudo e tendo em conta que dois dos seus objectivos são compreender/perceber a Internet como um meio propulsor de dar informação e entender qual a importância dos sites/sítios das organizações no sentido de informar o público-alvo, tornou-se então necessário verificar se os utilizadores de ginásios/academias/health clubs já tinham ou não consultado o site/sítio da organização que frequentam, quantas vezes e o que os levou a esta consulta, tentando compreender também se a consulta do site/sítio da organização ajudou o consumidor a tomar uma decisão no que se refere à opção de se inscrever como utilizador de um determinado ginásio/academia/health club. Por último, questionamos se a pessoa em causa tem endereço de correio electrónico/e-mail e se estaria disponível para receber promoções ou informações de novos produtos disponibilizados pelo seu ginásio/academia/health club neste mesmo endereço de correio electrónico/email. Para quem não tem Internet (e mesmo para os que têm), optámos, mesmo assim, por colocar uma questão que se refere a onde estas pessoas procuram

as

informações

relativas

às

actividades

desenvolvidas

no

ginásio/academia/health club. Como meio de poder estabelecer um maior

56


número de relações e percebemos de quem se trata, optamos também por questionar o género e idade da pessoa que preencheu o questionário. Após elaborado, o questionário foi sujeito a uma apreciação de 4 peritos, com base na sua experiência ligada à gestão de ginásios/academias/health clubs e experiência académica, que referiram que o questionário deveria apresentar um design mais atractivo, bem como apresentar um nome diferente do que aquele que apresentava inicialmente. Além disso, foi sugerido que deveria ser colocada uma questão que fornecesse informações sobre onde os inquiridos, que não têm Internet, procuram informações sobre as actividades desenvolvidas pelo seu ginásio/academia/health club. Foi também realizado um pré-teste a uma população que possuía, à partida, características semelhantes às da amostra final, pois tratavam-se de onze alunos do 4º ano da opção de recreação e lazer da Licenciatura em Educação Física e Desporto da Faculdade de Desporto da Universidade do Porto, ano lectivo 2007/2008. Estes referiram que existiam duas perguntas que não se encontravam bem formuladas, pois estas perguntas suponham sempre que a pessoa frequenta/frequentou ginásios/academias/health clubs, situação que foi então corrigida. Assim e após apreciação cuidada, concluiu-se que o questionário disponha da necessária validade de conteúdo.

3.4. Procedimentos estatísticos Os dados referentes à análise efectuada são apresentados em frequências e percentagens, tendo o tratamento estatístico sido efectuado recorrendo ao software Microsoft Office Excel 2003 e SPSS 15.0 para Windows.

57


58


4. Apresentação e Discussão dos Resultados Neste capítulo procedemos à apresentação e discussão dos resultados obtidos, estando este capítulo dividido em duas partes. A primeira identifica-se com os dados obtidos através da aplicação do instrumento utilizado para este estudo e a segunda refere-se à verificação/comprovação da hipótese formulada para este trabalho.

4.1. Resultados obtidos da aplicação do instrumento utilizado A amostra estudada apresenta 50,4% de elementos do sexo feminino e 49,6% do sexo masculino (conforme figura 6), o que difere com o verificado no estudo realizado por Rodrigues (2001), em que a maioria dos inquiridos no que à participação desportiva em centros de actividade física se refere, eram elementos do sexo feminino (concretamente 61,2%). No que se refere à idade, quase metade dos inquiridos (47,2%) situa-se entre os 18 e os 30 anos, sendo que o intervalo de idades compreendido entre os 0 e 45 anos perfaz 84,3% dos indivíduos inquiridos (conforme figura 7). Resultados semelhantes obteve Rodrigues (2001), já que este diz que o intervalo de idades entre os 0 e os 35 anos em clientes de centros de actividade física situa-se nos 79,2%.

Masculino 49,60%

Feminino 50,40%

Figura 6 – Género da amostra

59


Figura 7 – Idade da amostra

Todos os indivíduos da amostra estudada já frequentaram ou frequentam algum ginásio/academia/health club, sendo que quase metade destes (48 %) se deslocam/deslocavam ao ginásio/academia/health club 2 a 3 vezes por semana (conforma figura 8). Esta situação é concordante com a afirmação realizada por Rodrigues (2001), que menciona no seu estudo que 62,6% dos clientes de centros de actividade física se deslocam a estes uma a três vezes por semana, sendo que para nós a diferença percentual entre os valores encontrados, 48% e 62,6%, justifica-se pelo facto de no instrumento utilizado para a realização do estudo, Rodrigues colocar como opção “uma a três vezes por semana” enquanto que nós optamos por colocar “2 a 3 vezes por

semana”.

No

entanto,

se

considerarmos

os

inquiridos

que

se

deslocam/deslocavam ao ginásio/academia/health club pelo menos uma vez por semana, obtemos, com a soma daqueles que se deslocam/deslocavam 2 a 3 vezes por semana, 57,4% de indivíduos que se deslocam/deslocavam ao ginásio/academia/health club entre uma a três vezes por semana, situando-se assim estes valores muito próximo dos 62,6% identificados por Rodrigues (2001).

60


Figura 8 – Frequência de deslocação da amostra ao ginásio/academia/health club

No

que

se

refere

às

modalidades

mais

praticadas

em

ginásios/academias/health clubs (conforme figura 9) podemos mencionar, em primeiro lugar, a Musculação, com 66,1% dos inquiridos a referirem que esta é uma modalidade que praticam/já praticaram. Semelhantes resultados obteve Rodrigues (2001), que diz que a Musculação é a actividade mais praticada em centros de actividade física com 56,5% da amostra a referir que já tinha praticado Musculação pelo menos nos doze meses anteriores à realização do questionário ao qual respondiam. Depois desta e muito próximo dos valores apresentados pela Musculação, aparece o Cardio com 64,5%. Pensamos que isto acontece porque normalmente os ginásios colocam num espaço físico próximo aparelhos/máquinas de Cardio e Musculação, o que poderá permitir ao indivíduo quando se desloca ao ginásio/academia/health club conciliar estas duas actividades. A seguir à Musculação e ao Cardio, aparecem diversas modalidades que são realizadas em grupo, à excepção da Natação (com 37%, mas que também se trata de uma actividade que pode ser realizada em grupo), concretamente o RPM/Cycling/Spining (39%) e logo a seguir a Hidroginástica (31,5%), a Localizada (25,2%), a Aeróbica (23,6%), o Body Pump (22,8 %) e o Step (22%). É de salientar, portanto, que no topo da pirâmide das actividades realizadas pelos inquiridos se situem actividades que são normalmente realizadas de forma individual, aparecendo só depois actividades que são, normalmente, realizadas de forma colectiva.

61


18,1%

Manutenção / Condicionamento

18,9%

Pilates

25,2%

Localizada

18,1%

GAP

39,4%

Natação

31,5%

Hidroginástica

16,5%

Dança e/ou variantes

22,0%

Step

23,6%

Aeróbica

11,8%

Yoga e /ou variantes

66,1%

Cardio

64,5%

Musculação Pow er Jump

13,4% 31,0%

RPM / Cycling / Spining

17,3%

Body Combat

15,0%

Body Balance

22,8%

Body Pump

0,0%

10,0%

20,0%

30,0%

40,0%

50,0%

60,0%

70,0%

Figura 9 – Modalidades mais praticadas em ginásios/academias/health clubs

No que se identifica com o acesso à Internet, quase todos (96,9%) dos inquiridos têm acesso à mesma, o que se concretiza num aumento de mais de 20% comparando com o estudo realizado por Rodrigues (2001) em centros de actividade física, no qual apenas 72% dos inquiridos possuía aceso à Internet. Dos que possuem acesso à Internet, quase todos (97,6%) a utilizam, o que desta vez representa um aumento de mais de 30% quando comparado com os 66,3% do trabalho realizado por Rodrigues (2001). Aliás e realizando uma comparação com dados da Marktest relativos a 2006, onde é referido que apenas 43,6% da população utiliza Internet, podemos constatar uma diferença quase avassaladora de mais de 50% de taxa de utilização, em apenas dois anos. Gostaríamos de salientar, contudo, que estes valores também se podem dever ao facto da amostra do nosso estudo ter sido realizada em ginásios que se destinam a um segmento médio/alto da população, pelo que a amostra em causa poderá ter uma maior poder de compra, podendo assim dispor/adquirir mais facilmente meios que lhe permitam acessar e consequentemente utilizar a Internet. Dos inquiridos que utilizam a Internet e no que à frequência de consulta da mesma se refere, a grande maioria consulta-a todos os dias (77,5%), sendo

62


que mais de metade dos inquiridos (56,6%) consulta a Internet ou entre 30 minutos a uma hora ou então consulta-a por mais de duas horas (conforme figura 10). Os dados por nós encontrados permitem fazer uma comparação curiosa com os dados encontrados por Rodrigues (2001) no que se refere ao tempo médio de utilização da Internet, pois a percentagem por este encontrada para aqueles que utilizavam a Internet por menos de 30 minutos, era, em 2001, de 27,4%. Ora, percentagem semelhante a esta (25,8%) foi também encontrada por nós, mas para aqueles que utilizavam a Internet mais de duas horas por dia e não menos de 30 minutos como o resultado obtido por Rodrigues. Esta diferença, para nós, poderá estar nas profissões hoje cada vez mais ligadas não só ao domínio do computador pessoal mas também dos meios de comunicação ou “novas tecnologias” como a Internet. No fundo, poderemos identificar estes resultados como ligados a um novo estilo de vida onde o uso das “novas tecnologias” ganha especial destaque.

M eno s de 30 minuto s 15%

M ais de 2 ho ras 25,8%

30 minuto s a 1ho ra 30,8% 1.30 a 2 ho ras 17,5%

1ho ra e 1.30 ho ras 7,5%

Figura 10 – Tempo média de utilização da Internet por parte da amostra

Dos inquiridos que utilizam Internet, mais de metade (64,2%) já consultou o site/sítio do ginásio/academia/health club na Internet, tendo-o realizado principalmente para consultar os horários das aulas (65,8%), como se pode verificar na figura 11. Importa aqui mencionar o elevado valor que ocorre

63


na consulta dos horários das actividades do ginásio/academia/health club, pelo que é fundamental para estas organizações terem os horários actualizados e disponibilizados no seu site/sítio, diariamente acrescentamos, como um factor essencial para manter o cliente informado e para lhe prestar um serviço que vá de encontro às suas expectativas. Não esquecer também a actualização e a apresentação de novos produtos/serviços oferecidos pelo health club, já que 39,2% dos inquiridos que já acederam ao site/sítio do ginásio/academia/health club fizeram-no para saber se existiam “novidades” no seu health club. Não menos importante é a maneira como as instalações do health club são caracterizadas/apresentadas, pois um quarto dos inquiridos (24%) consulta o site/sítio do health club para também conhecer as instalações do mesmo. E quase cometendo um pleonasmo, é curioso verificar que 33% dos inquiridos consultou o site/sítio apenas por curiosidade, sendo este um valor bem considerável e que nos leva a questionar, mais uma vez, a maneira como site/sítio do ginásio é construído. Referir também que 13,9% consultaram o site/sítio para conhecer as condições de adesão ao ginásio/academia/health club. E é neste capítulo que nos parece pertinente questionar algo essencial: e porque não estruturar um website que seja interactivo com o cliente? Isto é, porquê criar apenas um website como depositório de informação? Porque não ir mais longe e começar a interagir logo a partir da página web da organização com o cliente? Num aspecto podemos ter a certeza: a forma como o site/sítio se encontra estruturado, se dá a conhecer ao utilizador da Internet, ao muitas vezes curioso, e não só ao cliente da organização desportiva em causa, é fundamental.

64


Outro (eventos)

1,3

Outro (informações)

1,3

Outro (trabalho)

1,3

Outro (nr. telefone)

1,3

Curiosidade

33

Conhecer a localização

6,3

Conhecer as instalações

24

Produtos/Serviços oferecidos

39,2

Condições de adesão/inscrição

13,9

Horário das aulas

65,8 0

10

20

30

40

50

60

70

Figura 11 – Motivos da consulta do site/sítio do ginásio/academia/health club

Um outro aspecto essencial a mencionar, é se a visualização/consulta do site/sítio influenciou o inquirido na tomada de decisão no que se refere à opção de se inscrever como utilizador do ginásio/academia/health club, ao que 62% dos inquiridos referiram que “não influenciou”. De facto, apenas 16,5% dos inquiridos referem que o site/sítio consultado “influenciou” ou “influenciou totalmente” a sua tomada de decisão de se inscrever como cliente do ginásio/academia/health club, pelo que, e conseguindo que o cliente visite o site/sítio da organização e não o conseguindo atrair/captar através deste, levanos a pensar que, neste momento, os sites/sítios funcionarão assim mais como um meio propulsor de dar informação ou depositório de informação (como acima referido), o que não significa que haverá fidelização ou pelo menos o interesse do cliente em procurar saber/informar-se mais da organização em causa, mas antes, um processo em que este toma conhecimento das características da possível organização da qual este poderá vir a ser cliente. Parece-nos assim, que em próximos estudos, se deverá procurar melhor o(s) motivo(s) do porquê da percentagem de inquiridos ser tão baixa no que se refere à influência do site/sítio do health club na tomada de decisão de se inscrever como cliente de um ginásio/academia/health club. No que respeita à posse de endereço de correio electrónico/e-mail, quase todos (96,7%) os inquiridos o possuem, indo de encontro à afirmação realizada por Hortinha (2001, cit. por Rodrigues, 2001), que diz que o e-mail é o serviço mais usado na Internet. Mencionar também que, uma vez mais,

65


verificou-se um valor muito mais elevado do que em estudos realizados anteriormente. De facto, no estudo realizado por Rodrigues (2001), o serviço de e-mail é o que apresenta maior taxa de utilização, com 78,1%, valor este que no entanto fica aquém do por nós encontrado, e cuja diferença percentual é de quase 20%. Dos inquiridos que possuem e-mail, estes, na sua maioria (72,9%), encontram-se disponíveis para receber promoções ou informações de novos produtos disponibilizados pelo seu ginásio/academia/health club. Importa também mencionar que um quarto (26,3%) dos inquiridos que possuem endereço de correio electrónico/e-mail não gostavam de receber qualquer tipo de promoções ou informações de novos produtos disponibilizados pelo seu ginásio/academia/health club, pelo que aqui interessa questionar o porquê de isto acontecer, isto é, qual o motivo que leva os inquiridos a não quererem receber este tipo de informações/promoções. Será que é por a receberem já de forma recorrente este “tipo de publicidade” e por isso fartarem-se dela ou porque simplesmente não querem ser “incomodados”? A questão levantada parece-nos pertinente, até porque para Alves e Bandeira (1998, cit. por Resende, 2004) o Marketing pode ser visto como um processo de gestão que consiste em identificar, antecipar e satisfazer as necessidades e desejos do consumidor. Daí que pensamos que será que o facto de estes inquiridos não quererem receber informações/promoções se relaciona com a ainda não identificação

de

quais

são

verdadeiramente

as

necessidades

destes

consumidores e o que eles pretendem quando recebem um e-mail do seu ou de outros health clubs? Para nós, esta parece-nos ser uma questão importante a desenvolver em futuros estudos. Por último, é importante mencionar os resultados que se reportam ao local onde as pessoas procuram informações relativas às actividades do seu ginásio/academia/health club sem ser na Internet (conforme figura 12), o que nos revelou que a grande maioria dos inquiridos (67,5%) procuram essas informações na recepção do health club, pelo que se torna essencial, do nosso ponto de vista e como já referimos, considerar o pessoal de uma organização, e agora que falamos no pessoal que realiza o atendimento ao cliente na

66


recepção, como uma peça fundamental no sucesso do atendimento das preferências e necessidades do consumidor, já que como referem Sá e Sá (1999), é importante prestar especial atenção à forma como vamos alocar os recursos humanos e como estes vão ser formados e informados sobre quais as suas competências, funções e tarefas, pois é a “pessoa” que está frente a frente com o cliente. Assim, como refere Jorge (1999), o pessoal da recepção, com o seu papel importante na função de contacto, deve estar devidamente qualificado de forma a prover o máximo de esforço de vendas. Os instrutores do ginásio (28,3%) e os prospectos/flyers do ginásio (26%), parecem ser os outros meios onde as pessoas mais procuram estas informações. É pois, importante, que se realize um plano de acção sobre como as pessoas vão estar capazes de prestar um serviço, integrando-as dentro duma mesma missão e de um mesmo objectivo, no que aos instrutores do ginásio diz respeito. Além disso, deve-se mencionar também a importância dos prospectos/flyers como meio de divulgação/promoção de actividades, sendo que para nós estes são, muitas vezes, um meio de chegar aqueles que não acedem, por exemplo, ao site/sítio do health club.

Nos prospectos/flyers do ginásio

26

Com os instrutores do ginásio

28,3

Através de amigos/conhecidos

16,5

Na recepção

67,5 0

10

20

30

40

50

60

70

80

Figura 12 – Local onde as pessoas procuram informações relativas às actividades do seu ginásio/academia/health club sem ser na Internet

67


4.2. Verificação/comprovação da hipótese formulada Tendo em conta os dados obtidos em dois ginásios/academias/health clubs que referem que quase todos (96,9%) os inquiridos têm acesso à Internet e que destes também quase todos (97,6%) utilizam a Internet, bem como os dados referentes ao tempo médio da utilização da mesma, em que mais de metade (56,6%) da amostra refere que utiliza a Internet entre trinta minutos a uma hora ou então por mais de duas horas, consideramos válida a hipótese por nós testada, podendo-se afirmar inequivocamente que a Internet é, uma ferramenta comunicacional fundamental como meio propulsor de dar informação nos serviços de Fitness.

68


5. Conclusões Antes de se iniciar este capítulo, gostaríamos de referir que este é elaborado tendo por base os objectivos que foram formulados para este trabalho. Assim, após a elaboração deste estudo, podemos concluir que a Internet é uma ferramenta comunicacional fundamental nos serviços de Fitness, sendo que esta afirmação pode ser facilmente constatada pelos elevados resultados obtidos neste trabalho referentes ao acesso e utilização da Internet, assim como na utilização de alguns serviços, caso do e-mail, disponibilizados na Internet. Um outro aspecto importante no que se refere à Internet parecem ser os sites/sítios dos health clubs, conotando-se estes como um importante meio propulsor de dar informação, se bem que estes parecem não ter grande influência na tomada de decisão da pessoa se inscrever como cliente do health club. Referir ainda que a informação mais procurada nestes são os horários das actividades disponibilizados pelo health club. Relativamente ao local onde as pessoas procuram informações relativas às actividades do health club sem ser na Internet, podemos verificar que a recepção do health club assume-se como o local, por excelência, onde tal acontece, daí a necessidade de ter pessoal especializado e informado na recepção, devendo estar preparado para responder às eventuais questões que possam ser colocadas pelos clientes. No que se refere às modalidades mais praticadas em health clubs, a Musculação e o Cardio aparecem como aquelas que a grande maioria pratica, sendo de salientar que tal poderá acontecer devido a, normalmente, os health clubs

colocarem

num

espaço

físico

próximo,

aparelhos/máquinas

de

Musculação/Cardio. No que se identifica com a disponibilidade das pessoas da amostra para receber promoções ou informações de novos produtos no seu e-mail, a grande maioria mostrou estar disponível para receber estas informações/promoções.

69


Não queríamos deixar, contudo, de apresentar algumas sugestões para futuros estudos, pelo que procedemos de seguida à sua apresentação. Em estudos posteriores pensamos que se deve aprofundar um pouco mais o porquê dos sites/sítios do health club terem uma baixa influência na tomada de decisão da pessoa de se inscrever como cliente do health club. Além disso, pensamos que seria também interessante aplicar um estudo similar em health clubs que não se dirijam apenas a um segmento da população médio/alto, tentando perceber assim o acesso e a utilização da Internet por parte de pessoas com um menor poder de compra.

70


6. Bibliografia Barnd, S. e Yu, C. (2003). Web Advertising Opportunities on Profesional Sport Team Web Sites. International Journal of Applied Sports Sciences, 15, 17-27. Consult. em 30 Set 2007, disponível na base de dados SportDiscus; Bento, J. e Constantino, J. (2007). Em Defesa do Desporto: Mutações e Valores em Conflito. Coimbra: Edições Almedina, pp. 9-55; Bento, J., Peterson, R. e Tani, G. (2006). Pedagogia do Desporto. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, pp. 3-25; Brown, M. (2003). An Analysis of Online Marketing in the Sport Industry: User Activity, Communication, Objectives, and Perceived Benefits. Sport Marketing Quarterly, 12, 48-55. Consult. em 30 Set 2007, disponível na base de dados SportDiscus; Cagigal, J. (1983). Deporte: espectáculo y acción. Barcelona: Salvat; Costa, A. (1992). Desporto e análise social. Revista da Faculdade de Letras da Universidade do Porto: Sociologia, II, 101-109; Costa, A. (1997). À volta do estádio: O Desporto, o Homem e a Sociedade. Porto: Campo das Letras, pp.13-23; Danhoff, G. (2007). Connect Members to the Internet – and to Your Club. Fitness Business Canada, 8, 80. Consult. em 30 Set 2007, disponível na base de dados SportDiscus; Dickman, S. (1988). Pathways to Wellness. Champaign: Life Enhancement Publications, pp. 1-6 e 483-487;

71


Esteves, J. (1967). O desporto e as estruturas sociais. Lisboa: Prelo; Ferreira, A., Leal, F., Marques, A., Melo, J., Mestre, A., Santos, A. et al. (2003). O Desporto para além do obvio. Lisboa: Instituto do Desporto de Portugal; Garcia, R. (s.d.). Antropologia do Desporto. Porto: AEFCDEF; Jorge, J. (1999). Parâmetros de Qualidade na Organização de Instalações de Saúde e Condição Física. Lisboa: J. Jorge. Dissertação de Mestrado apresentada à Faculdade de Motricidade Humana da Universidade Técnica de Lisboa; Lopes, J. (2008). "Wellness" um conceito em movimento. Executive Health and Wellness. Março, 12-13; Marktest (2007). Acesso à Internet aumenta oito vezes em dez anos. Consult. em

21

Jan

2008,

disponível

em

http://www.marktest.pt/marktest/default.asp?c=1210&n=1679; Miller, J. W. (2005). Wellness: The History and Development of a Concept. Spektrum Freizeit, 1, 84-106; Murphy, D. (1997). MBA Intensivo em Marketing. Lisboa: Abril/Controljornal, pp. 1-3 e 122-123; Organização Mundial de Saúde. (2007). Frequently asked questions: What is the WHO definition of health? Consult. em 30 Dez 2007,

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72


Resende, M. (2004). Publicidade Interactiva: Estudo de Caso em Websites de Clubes de Futebol da Primeira Liga Espanhola e Portuguesa. Porto: M. Resende. Dissertação de Mestrado apresentada à Faculdade de Ciências do Desporto e Educação Física da Universidade do Porto; Richter, J. e Seiger, L. (1997). Your health, your style: strategies for Wellness. Dubuque: Brown & Benchmark, pp. 3-10; Rodrigues, P. (2001). Desporto e Internet: Análise do Padrão de Utilização em Clientes Desportivos da Cidade de Braga. Porto: P. Rodrigues. Dissertação de Mestrado apresentada à Faculdade de Ciências do Desporto e Educação Física da Universidade do Porto; Sá, C. e Sá, D. (1999). Marketing para Desporto – Um Jogo Empresarial. Porto: Edições IPAM, pp. 21-29 e 89-110; Sousa, G. (1995). Contributo para repensar o clube desportivo à luz do marketing estratégico: Estudo exploratório nos Clubes Desportivos do quadro do Desporto Federado do Concelho de Vila Nova de Gaia. Porto: G. Sousa. Dissertação de Mestrado apresentada à Faculdade de Ciências do Desporto e Educação Física da Universidade do Porto; Stigger, M. (2000). Desporto, Lazer e Estilos de Vida: Uma análise cultural a partir de práticas desportivas realizadas nos espaços públicos da cidade do Porto. Porto: M. Stigger. Dissertação de Doutoramento apresentada à Faculdade de Ciências do Desporto e Educação Física da Universidade do Porto; Ungaro, S. (2003). Marketing Desportivo: O consumidor no centro da melhor estratégia. Porto: S. Ungaro. Dissertação de Licenciatura apresentada à Faculdade de Desporto da Universidade do Porto;

73


Viseu, S. (2005). Os alunos, a Internet e a escola: contextos organizacionais, estratégias de utilização. Lisboa: Departamento de Educação Física, pp. 33.

74


Anexos Anexo I – Questionário

I


II


III


Anexo II – Carta de Apresentação do Estudo

Apresentação de Estudo Ex.m.os(as) Senhores(as) No âmbito de uma Monografia da Licenciatura em Desporto e Educação Física da Faculdade de Desporto da Universidade do Porto, sobre o uso da Internet por parte dos utilizadores de Health Clubs, foram definidos os seguintes objectivos: •

Analisar as potencialidades das ferramentas comunicacionais, nomeadamente, a Internet nos serviços de Fitness;

Compreender/perceber a Internet como um meio propulsor de dar informação;

Entender qual a importância dos sites/sítios das organizações no sentido de informar o público-alvo. Para a realização deste estudo iremos utilizar questionários que deverão ser

preenchidos por utilizadores de Health Clubs. Nesse sentido, vimos solicitar a participação do Vosso Health Club, autorizando o nosso acesso junto dos vossos clientes. Gostaríamos de ressaltar que, se for do Vosso interesse, poderemos fornecer os dados tratados do Vosso Health Club, da mesma forma que, depois de concluído o estudo, ficará à disposição o trabalho final, o qual poderá ser requisitado a qualquer momento. Agradecemos a Vossa colaboração, pois esta é indispensável para o sucesso deste estudo. Marcos Filipe Teles Fraga de Castro Gabinete de Gestão Desportiva FADEUP (Faculdade de Desporto da Universidade do Porto) Orientador: Prof. Dr. José Pedro Sarmento E-mail: castro.marcos@gmail.com

IV


Anexo III – Resultados em bruto do Microsoft Office Excel Frequentou/frequenta algum ginásio/academia/health club

Valid

1

Frequency 127

Percent 100,0

Valid Percent 100,0

Cumulative Percent 100,0

Frequência com que se desloca/deslocava ao ginásio/academia/health club

Valid

1

Frequency 27

Percent 21,3

Valid Percent 21,3

Cumulative Percent 21,3

2

24

18,9

18,9

40,2

3

61

48,0

48,0

88,2

4

12

9,4

9,4

97,6

5

3

2,4

2,4

100,0

127

100,0

100,0

Total

Modalidades mais praticadas em ginásios/academias/health clubs Count 1 2 3 4 5 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 26 27 28 29

29 11 19 22 9 47 17 82 84 1 15 30 28 3 21 40 50 23 32 6 2 7 1 3 24 2 23

V

% 22,8 8,6 15 17,3 7,1 37 13,4 64,5 66,1 0,8 11,8 23,6 22 2,4 16,5 31,5 39,4 18,1 25,2 4,7 1,6 5,5 0,8 2,4 18,9 1,6 18,1


30 31 32 33 34

5,5 8,6 0,8 0,8 0,8

7 11 1 1 1

Total de inquiridos=127

Acesso à Internet

Valid

1 2 Total

Frequency 123

Percent 96,9

Valid Percent 96,9

Cumulative Percent 96,9 100,0

4

3,1

3,1

127

100,0

100,0

Utilização da Internet

Valid

1 2 Total

Frequency 120

Percent 97,6

Valid Percent 97,6

Cumulative Percent 97,6 100,0

3

2,4

2,4

123

100,0

100,0

Frequência de Consulta da Internet

Valid

1

Frequency 93

Percent 77,5

Valid Percent 77,5

Cumulative Percent 77,5

2

7

5,8

5,8

83,3

3

10

8,3

8,3

91,7

4

7

5,8

5,8

97,5 100,0

5 Total

3

2,5

2,5

120

100,0

100,0

Tempo Médio de Utilização da Internet

Valid

1

Frequency 18

Percent 15,0

Valid Percent 15,0

Cumulative Percent 15,0

2

37

30,8

30,8

45,8

3

9

7,5

7,5

53,3

4

21

17,5

17,5

70,8

5

31

25,8

25,8

96,7

6

4

3,3

3,3

100,0

120

100,0

100,0

Total

VI


Consulta do site/sítio do ginásio/academia/health club

Valid

1

Frequency 79

Percent 64,2

Valid Percent 64,2

Cumulative Percent 64,2

2

44

35,8

35,8

100,0

123

100,0

100,0

Total

Frequência da consulta do site/sítio do ginásio/academia/health club

Valid

1

Frequency 18

Percent 22,8

Valid Percent 22,8

Cumulative Percent 22,8

2

31

39,2

39,2

62,0

3

23

29,1

29,1

91,1

4

7

8,9

8,9

100,0

79

100,0

100,0

Total

Motivos da consulta do site/sítio do ginásio/academia/health club Count

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

52 11 31 19 5 26 1 1 1 1

%

65,8 13,9 39,2 24 6,3 33 1,3 1,3 1,3 1,3

Visualização/consulta do site/sítio influencia na tomada de decisão no que se refere à opção de se inscrever como utilizador deste ou daquele ginásio/academia/health club

Valid

1

Frequency 3

Percent 3,8

Valid Percent 3,8

Cumulative Percent 3,8

2

10

12,7

12,7

16,5

3

17

21,5

21,5

38,0

4

49

62,0

62,0

100,0

Total

79

100,0

100,0

VII


Posse de endereço de correio electrónico/e-mail

Valid

1 2 Total

Frequency 119

Percent 96,7

Valid Percent 96,7

Cumulative Percent 96,7 100,0

4

3,3

3,3

123

100,0

100,0

Disponibilidade para receber promoções ou informações de novos produtos disponibilizados pelo ginásio/academia/health club

Valid

1

Frequency 63

Percent 53,4

Valid Percent 53,4

Cumulative Percent 53,4

2

23

19,5

19,5

72,9

3

1

,8

,8

73,7

4

31

26,3

26,3

100,0

118

100,0

100,0

Total

Onde procuram as informações relativas às actividades do ginásio/academia/health club sem ser na Internet Count

1 2 3 4 5

%

86 21 36 33 1

67,5 16,5 28,3 26 0,8

Total de inquiridos=127

Género

Valid

1 2 Total

Frequency 64

Percent 50,4

Valid Percent 50,4

Cumulative Percent 50,4 100,0

63

49,6

49,6

127

100,0

100,0

Idade

Valid

1

Frequency 12

Percent 9,4

Valid Percent 9,4

Cumulative Percent 9,4

2

60

47,2

47,2

56,7

3

35

27,6

27,6

84,3

4

16

12,6

12,6

96,9 100,0

5 Total

4

3,1

3,1

127

100,0

100,0

VIII


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