Infernus #25

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O Sonhador ainda não despertou

A Humanidade está a ser guiada pela evolução, através desta migração de inteligências, e embora pareça que estamos a dormir, há uma vigília interna, que comanda o sonho e que eventualmente nos despertará de volta à verdade de quem somos.

Mawlānā Jalāl-ad-Dīn Muhammad Rūmī in O Sonho que deve ser interpretado No outro dia estava a assistir à gravação de uma palestra dada por um senhor chamado Grant Morrisson - de quem nunca ouvira falar antes, apesar de ser um autor relativamente conhecido, que criou uma “hipersigilização” sob a forma de uma BD chamada The

Invisibles. Ele tinha sido convidado para falar sobre sigilos e a determinada altura diz que apesar de muitas pessoas lerem os livros escritos pelo Aleister Crowley, ou pelo Osman Spare, as pessoas não practicavam os preceitos neles expressos, mas que se o fizessem, constatariam que muitas coisas resultariam de facto. A Magia resulta de facto afirma ele. Eu acredito. De acordo com os adeptos da Chaos Magick, o acto de criar um sigilo passa por colocar o símbolo de uma vontade/desejo no subconsciente de modo a que este se manifeste. Isto passa por manifestar audivelmente a intenção, escrevê-la e depois torná-la abstracta para por fim incorporar essa codificação, assim disfarçada, no subconsciente. Portanto, os sigilos actuam na Terra dos Sonhos e manifestam-se no nosso consciente. O veículo é a Intenção ou, a Vontade. Se esta promiscuidade entre o mundo onírico e o mundo objectivo é de tal ordem, pergunto-me que outras se verificarão entre todas as coisas que temos como certas para validar a ordem das coisas que existem. O Sonho como Vontade então. Isto leva-nos atrás: ao sonho de uma sombra. Nesta fase da minha vida, aceito muitos cenários possíveis. Na verdade, conquanto sejam estruturados, aceito-os todos. Ainda que eu sinta que sou uma consciência - com tudo o que sentir carrega de pouco objectivo - sinto igualmente que actuo numa encenação de alguma outra consciência; e sinto isto com alguma regularidade, asseguro. Isto não é dizer que deus criou o Mundo e eu me encontro sujeito às inefáveis e imutáveis leis do Destino, não. Isto é dizer que uma consciência qualquer concebeu qualquer coisa onde a minha consciência participa de qualquer modo; e posso muito bem ser o sonho de uma sombra e continuar eu próprio a sonhar com o que entender não me lembrar a seguir. Eu já conhecia os sigilos porque li sobre outras coisas como runas e talismãs; desfolhando grimórios e contemplando tão misteriosas e evocativas imagens, compreendi cedo que aquilo que eu via era como um Sudário de Turim que guardava uma impressão de um ser que ali se tinha fixado momentâneamente. Porque a verdade é

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