Revista do IHGM, n. 42, setembro de 2012

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uma fase franca de revivescência intelectual, que desde o início, vem progressivamente caminhando, cada vez mais acentuada e vigorosa, destinando-se a reatar as riquíssimas tradições de nossas letras, que a muitos já se afigurava totalmente perdida. (LOBO, 1970, p. 4–5). A Academia Maranhense de Letras enquanto “lugar de memória”, representou um papel fundamental para dar credibilidade ao mito da Atenas Brasileira. Contudo, com o passar dos anos, esta mesma instituição, não seria mais suficiente para satisfazer os anseios de seus membros. A partir de então, houve um número considerável de intelectuais que emigraram para outras regiões a fim de obter notoriedade por suas produções. Estes homens das letras almejavam reconhecimento e condições mais favoráveis para expandir as suas ideias e vivências. Após a crescente “fuga” dos jovens estudiosos para outras regiões, com o objetivo de serem reconhecidos nacionalmente, o Maranhão deu início a mais um fase de declínio no exercício de suas atividades intelectuais. Os literatos que não rumaram para outros Estados lastimavam a realidade em que se encontravam. Contudo, a responsabilidade daqueles que ficaram para honrar a sua terra natal e o seu compromisso com a Academia Maranhense de Letras, estava diretamente ligada ao fato de preservar e glorificar um passado grandioso, ofuscado pela decadência vivenciada. Em suma, percebemos que a trajetória cultural do Maranhão no campo das Letras, obteve oscilações significativas no âmbito das suas maiores conquistas e no declínio gradual de suas atividades. Contudo, nota-se que todos esses intelectuais tiveram um objetivo comum – fazer renascer a fase de esplendor das Letras no Maranhão e perpetuar à todas as gerações as tradições culturais elaboradas a partir do mito da Atenas. Por fim, preocupavam-se em elaborar ideias, obras e discursos que honrassem e ao mesmo tempo regatasse a cultura do Estado: “a marcha prosseguirá porque um só ideal, que é puro e sacrossanto, nos anima e nos irmana, sob a bandeira de nossos patronos – o de fazer eterna a glória do Maranhão Atenas”. 78 REFERÊNCIAS ALBURQUE JÚNIOR, Durval Muniz. A invenção do nordeste e outras artes. São Paulo: Editora Cortez, 2001. CORRÊA, Rossini. Atenas Brasileira: a cultura maranhense na civilização nacional. Brasília: Thesaurus; Corrêa & Corrêa, 2001. LOBO, Antônio. Os Novos Atenienses: subsídios para a história literária do Maranhão. 2. ed. São Luís: Academia Maranhense de Letras, 1970. MARTINS, Manoel de Jesus Barros. Operários da saudade: os Novos Atenienses e a invenção do Maranhão. São Luís: EDUFMA, 2006. MÉRIAN, Jean Yves. Aluísio Azevedo – vida e obra (1857-1913). Rio de Janeiro: Espaço e Tempo; banco Sudameris-Brasil; Brasília: INL, 1998. SILVA, Ana Ladia Conceição. Falas de decadência, moralidade e ordem: a "História do Maranhão" de Mário Martins Meireles. Programa de Pós-Graduação em História Social da Universidade de São Paulo. Dissertação de Mestrado. 2008.

78

Discurso pronunciado por Mário Meireles na sessão comemorativa do cinqüentenário da Academia, a 10 de agosto de 1958. Revista da Academia, Ano 80, v. 20, dez, 1998. p. 175.


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