Revista do IHGM, n. 42, setembro de 2012

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A FUNDAÇÃO DA FRANÇA EQUINOCIAL E DE SÃO LUÍS A permanência dos franceses na Ilha Grande é algo conhecido pela maioria dos ludovicenses e muito mais por vocês que aqui se encontram, creio. Por isso a descreverei de forma sucinta. Foi em uma reunião entre a rainha regente Maria de Médici com a alta cúpula francesa, nobres e generais, no então Palácio do Louvre, hoje museu, em Paris, que foi decidido o estabelecimento da França Equinocial, com sede na Ilha Grande do Maranhão. Esta reunião selou também o núcleo fundacional de São Luís, pois foi ali que se concluiu a idéia de “construção de um forte” (atual Palácio dos Leões) e, junto a ele, “um porto” (Praia Grande / Rampa Campos Melo), além de um convento para os religiosos capuchinhos (Atual igreja e seminário Santo Antonio). Aqui chegados, em harmonia com os naturais da terra, trataram de fundar a sonhada colônia, tendo como sede São Luís. O dia 08 de setembro foi a data comemorativa da conquista pelos sucessos e trabalhos investidos. Contaram com a ajuda dos eternos aliados tupinambás, que trabalhavam entusiasmados no estabelecimento da empresa. Alteraram o espaço físico natural e construíram moradias, várias capelas (sendo duas “junto ao forte”), uma escola, o primeiro convento capuchinho do Brasil, prédios públicos, quatro fortes, aí incluído o Forte São Luís – em forma de cidadela cercada por uma paliçada, onde hoje se encontra a Praça Pedro II –, serraria, estaleiro e uma serralheria. Trouxeram toda sorte de profissionais necessários ao sucesso de uma colônia e de uma cidade, sendo soldados, pedreiros, serradores, agricultores, carpinteiros, construtores navais, dentre outros, e também profissionais ligados às ciências: dois astrólogos, e à moda: artesãos, fiadores, tecelões, costureiros e sapateiros. A determinação da rainha de que aqui só deveria ser pregada uma única religião, as Leis fundamentais decretadas na Ilha do Maranhão, primeiro conjunto de leis elaborado nas Américas, e a habilidade do general Daniel de La Touche foram determinantes para a regulação da boa convivência neste torrão. O complexo edificado pelos gauleses na Ilha Grande, por mais incipiente que possam nos parecer – principalmente se comparado com a pomposidade das grandes cidades de hoje, repletas de prédios, shoppings e com milhões de habitantes – atendia as “exigências” de uma cidade para época. Os padres capuchinhos de Saint-Honoré, Claude Abbeville e Yves d’Evreux, mostram o respeito mutuo e a boa convivência no Maranhão entre franceses e tupinambás. Os padres jesuítas foram pródigos em narrar o caráter pacífico da colonização francesa no Maranhão. E centenas de outros pesquisadores, historiadores e escritores se dedicaram em resgatar o importante evento simbiótico que foi a França Equinocial. E foi esse exemplo de boa convivência que fez com que maranhenses e franceses nunca se esquecessem deste primeiro capítulo da nossa história. MAS A HISTÓRIA É DOS VENCEDORES Portugal nunca admitiu e sempre tentou diminuir qualquer outra presença estrangeira no Brasil antes da sua, sempre usou sua máquina bélica violenta e uma sábia produção religiosa para legitimar seus procedimentos e conquistas (não é à-toa que em quase todas as vitórias lusas sempre “aparecia” uma nossa senhora ou um “milagre” envolvendo algum santo). O Maranhão é um exemplo clássico disto, pois, ao menos em dois momentos – na batalha de Guaxenduba e na batalha contra os holandeses “aconteceram” milagres que deram a vitória aos lusos. No Rio de Janeiro, na França


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