Revista do IHGM, n. 42, setembro de 2012

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Bom, já estou cansado e com fome, falou o Pecuapá e assim se expressou com o seu dedo polegar levantado: - Albino, traz-me uma caranguejada com um arroz de cuxá e uma cerveja bem gelada e oferece para todos porque hoje estou pagando. Todos falam ao mesmo tempo: - Que bom que temos comida de graça! Diz o Seu Luis: Longe de quem trabalha e perto de quem come, diziam os mais velhos. Albino, afadigado mas, contente com o número de fregueses, responde lá de dentro: - Tú não estás no Restaurante Sra Cabana. Aqui nós temos apenas caldo de peixe ou mocotó. Se quiseres vou logo buscar. Traz-me então um mocotó e deixa de conversas. Afinal tú não és o Eça de Queiroz ou o Ramalho Ortigão para quereres desvendar numa só noite todo O Mistério da Estrada de Sintra. Tudo já está desvendado: maranhense não gosta de sopa, mas aceita um caldo de bom grado. Todos os presentes aplaudem e dizem É isto mesmo! Ao comer este caldo bem apimentado com molho de pimenta bem maranhense e, depois de tomar sua cerveja bem geladinha, Pecuapá fala com voz de locutor de radio: - Como eu estava dizendo: - Se o Padre Antonio Vieira inaugurou em 1654 uma concepção filosófica, poética e barroca do Maranhão colonial pode-se dizer que em termos históricos o século XVII foi somente de tentativas de formação de um povo e de um território, mas o fracasso predominou sempre porque ninguém vive só de filosofia e poesia. Minha concepção é a de que: para estudar a História do Maranhão, antropológica e filosoficamente falando, é preciso levar em conta as rupturas Políticas, Culturais, Religiosas, etc., ao longo destes 400 anos. Além das rupturas políticas: primeiro os espanhóis, depois os franceses e holandeses e por fim os lusitanos, temos a questão dos rios, que separam o homem da terra e cortam o seu ser em dois: de um lado um homem e uma mulher fortes e altaneiros e de outro, pessoas doentias e febris, com possibilidades de adoecer de Hantavirose ou Esquistossomose e muitas outras doenças geradas pela umidade e calor, misturada com a abundância das águas, tanto dos rios quanto das chuvas. Os nossos médicos têm levado em consideração este fator climático nas suas consultas da população, e têm dado o melhor de si para a população. É Preciso continuar estudando as bactérias em sua adaptação ao nosso clima maranhense para encontrar soluções locais para os nossos problemas de saúde. Meses depois... Todos foram para suas casas e, meses depois se encontraram novamente, mas desta vez na beira-mar pelo meio da tarde.


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