Kay Pacha Revista N° 5 - Pipa, Brasil. Diciembre de 2013

Page 1


EN ESTE NÚMERO… Pág. 3 – Editorial: “A fuerza de tinta, tinto y amor”. Cecilia Hauff. ES

Pág. 4 – Viaje em Familia: “Mochilão com criança”. Marilia Di Cesare. PT

Pág. 7 – Contagiando viajes: “El carrito musical y los mandalaros”. Nicolás Gramajo. ES Pág. 10 - Reflexiones: “Mente desperta? Protestos no Brasil”. André Caón Pereira. PT Pág.14 - Lugares: “Un lugar llamado Caleta Tortel”. Txema Maturano. ES

Pág.17 - Viajero solitario: “A viagem como cura”. Marcos Hill. PT

Pág. 20 – Compañeros de viaje: “El amor: ¿un medio de transporte?”. Olivia Gasc y Ariel Storani. ES Pág. 24 – Gastronomía viajera: “Lasagna vegetariana”. Isabel Mangabeira. PT

Pág. 26 – Bate papo: “Cynthia Hurtado: sobre los viajes y los miedos”. Cecilia Hauff. ES Pág. 29 - Autostop: “Minha primeira experiência como hitchhicker”. Robson Campos. PT Pág.32 - Libros: “Caminos Invisibles: un viaje por Sudamérica a dedo”. Nicolás Gramajo. ES Pág.34 - Poesía: “Arte para viajar”. Deborah Furtado e Aurélio Magalhães. PT

ILUSTRACIÓN DE TAPA: Cecilia Hauff DIAGRAMACIÓN: Nicolás Gramajo


E

n esta sección siempre hemos intentado exponer la trama de Kay Pacha: las motivaciones, la manera de hacerla, la forma en que nos movemos, lo que nos impulsa a seguir, los agradecimientos, las sorpresas… Esta vez voy a contar por qué nos atrasamos un poco. Sólo fue para volver con mayor impulso. La verdad es que, desde el inicio, nos gustó la idea de que cada número saliera siguiendo el propio pulso del viaje para no privarnos de disfrutarlo y para no atarnos a una periodicidad que, tal vez, no podríamos cumplir por la incertidumbre que genera esta forma de andar. Fue la cantidad de material acumulado lo que pujó para que cada número naciera más o menos en lo que dura un ciclo lunar; así, hasta el cuarto. El quinto tendría que haberse publicado en diciembre, pero se mantuvo en suspenso porque Kay Pacha no es un proyecto comercial. Si bien, de tanto en tanto, nos permite concretar algún trueque (por alojamiento, comida o más viajes) con gente que valora nuestro esfuerzo o, de vez en cuando, logramos vender algunas versiones impresas entre personas que intentan ayudarnos, hemos descubierto que, ante todo, no somos buenos vendedores y, por eso, cada vez que se venden revistas, ganamos amigos y, si alcanza, lo festejamos tomándonos un rico vino tinto para reforzar las tintas, algo que en este viaje se ha vuelto un lujo. De esa forma, le vamos dando impulso al proyecto: a fuerza de tinta, tinto y amor. Y seguimos soñando con el día en que lanzaremos la Kay Pacha número 100, ¡la fiesta que haremos para conmemorarlo! Desde ya, están todos invitados… Agenden los pulgares. Mientras tanto, nuestros pulgares tomaron un descanso desde diciembre para aprovechar la temporada alta-y no ser arrasados por ella-, en Praia da Pipa (Rio Grande do Norte, Brasil) para trabajar (Nico en un restaurante y yo en un hotel). Así, podemos afrontar los viajes que se vienen: más litoral brasilero y, luego, selva amazónica… Hay una buena noticia, el número 6 de la revista ya está empujando al 5, así que van a nacer casi al mismo tiempo. Pudimos, también, cosechar nuevos colaboradores, abrir el espectro y reforzar la idea de que viajar no es puro hedonismo, sino un acercamiento más directo con la realidad, un aprendizaje vivencial y constante. Seguramente que eso se irá reflejando en los próximos textos. Por otro lado, inauguramos un blog para facilitar el acceso y la difusión del material: revistakaypacha.wordpress.com En el último párrafo nos gustaría decir Muchas Gracias a los Lectores; también a los amigos que nos permitieron compartir nuestro proyecto y leer nuestras poesías en el Book Shop de Pipa; gracias Sandra. 3


A

ntes de eu ter tido minha filha, já adorava viajar, então, nada mais natural que continuar fazendo isso com uma pequena, mesmo que sem um parceiro. Antes de engravidar, eu me imaginava vivendo por um ano na Indonésia. Como eu amo o surf, meus destinos preferidos são sempre paraísos tropicais com boas ondas. Depois de ter minha filha, sabia que a Indonésia talvez tivesse que esperar, mas já comecei a vislumbrar quando seria a época ideal para partir com ela. Eu achava que tinha que fazer uma grande viagem, antes de ela ter 6 anos, que é quando ter um filho na escola se torna uma grande pressão e responsabilidade social. Por isso, quando ela tinha 3 anos, eu achei que tinha chegado a hora e fui com ela para a Costa Rica. Ficamos um ano e meio lá. Enquanto a pequena estava frequentava uma escolinha Waldorf bilíngue (espanhol e inglês), eu trabalhei em marketing online. Aos sábados eu fazia um trabalho voluntário com a pequena a tiracolo, servindo sopa para uma comunidade indígena.

Foi difícil dizer adeus a nossa rotina costarriquense, mas depois de um ano de volta à nossa casa no Brasil, eu comecei ficar inquieta de novo. 4


Minha filha está com 6 anos, e eu fiquei preocupada com o processo educacional dela, já que eu queria partir de novo.

alfabetização ideal de uma criança bilíngue. Perguntei à diretora da escola da minha filha o que ela achava, afinal minha vontade de viajar poderia esperar mais um ano, mas ela sugeriu que era melhor deixa-la fazer o primeiro ano lá. Segundo a diretora, minha filha estaria no mesmo nível das outras crianças sendo alfabetizadas em espanhol e teria menos dificuldades, do que se chegasse no segundo ano. Já, ao voltar ao Brasil, uma readaptação ao português seria fácil para ela. Isso me ajudou a decidir por ir logo. Pesquisei aonde ir e encontrei duas cidades no México, que cumprem minhas principais necessidades: boas ondas e uma escolinha alternativa para minha filha. Procuro uma escola mais livre, onde as crianças tenham mais escolhas e

E a escola, como é que fica? Eu pensava em talvez voltar à Costa Rica, ou explorar um novo lugar, mas fiquei imaginando se isso não ia atrapalhar a alfabetização da minha filha. Minha mãe, casada com um italiano, dizia que as crianças deviam ser alfabetizadas na língua materna, por isso, insistia em falar em português em casa, mesmo com meu pai querendo que em casa falássemos somente em italiano. Mas eu não estou seguindo nada do conselho de falar só em uma língua, desde que minha filha era um bebê eu canto e leio em outros idiomas para ela, às vezes falo também. Não sei como é a

5


literalmente com mais tempo ao ar livre para as crianças. Também prefiro se elas puderem fazer horta. Acho muito estranho as escolas tradicionais não dedicarem o tempo das crianças em cuidar de plantas e da natureza no habitat natural. No jardim infantil de Puerto Viejo, na Costa Rica, as crianças iam uma vez por semana ao jardim botânico, e plantavam, ajudavam a cozinhar, lavar os pratos, costurar os brinquedos. Em uma das escolinhas que eu pesquisei no México, as crianças plantam e cozinham juntas o almoço do que tiram da horta. Agora é só questão de chegar lá e ver se a gente se encaixa e gosta da comunidade local. Apesar de gostar de surfar em lugares desertos, eu agora escolho praias em lugarejos maiores, onde eu encontre uma boa escola e um trabalho para mim. Mesmo que eu ainda vislumbre a idéia de fazer homeschooling no futuro, mas isso ainda é para depois. Por que um ano Eu sempre gostei de fazer coisas por um ano. Depois de um ano se dedicando a algo, um esporte, um

instrumento, você evolui muito, pode avaliar se gosta e se quer continuar naquilo. Minha disposição em passar as quatro estações num lugar, tem a ver com surfar todo o tipo de onda e swell que o lugar oferece e no caso de estar com uma criança, serve para seguir o ritmo completo de um ano na escola também. Talvez ainda mais importante, é um bom tempo para fazer amigos e criar uma nova rotina em que a gente se sente confortável, especialmente para as crianças terem com quem brincar. Depois de um ano morando no México, eu e minha filha poderemos decidir se ficamos mais um ou se avançamos para outro lugar ou nossa casa no Brasil.

6


L

a noche del 1º de Abril del 2013 para muchos fue una noche más, pero, mientras unos comían, otros dormían y otros hacían el amor, esa noche se llenaba de alegría y de ansiedad la terminal de ómnibus de Chuy, frontera entre Uruguay y Brasil. Por un lado estaba yo, cargado de nervios y dudas, por salir de mi pequeño país para meterme en el gigante Brasil, sin planos, itinerarios ni certezas, dando el primer paso de mi viaje que pretende recorrer toda América Latina. Por otro lado, Juan Manuel y Fermín, hermanos, y Darío, -los tres argentinos- reían sin parar, cargados con muchos bolsos y cajas en un carrito que me causó bastante intriga. Lo que no sabía era que detrás de esas risas se escondían los mismos nervios que traía yo. Ya en el ómnibus rumbo a Porto Alegre comenzamos a charlar y a

conocernos. Primera casualidad: los cuatro estábamos entrando a Brasil sin fecha de regreso, sin más cronograma que el no-cronograma. Segunda coincidencia: Un viajero llamado Bruno se había comunicado con ellos y los había invitado a que se quedaran unos días en su casa en una pequeña ciudad llamada Feliz, y un día antes yo había aceptado la misma invitación, solo que me quedé unos días más en Porto Alegre antes de llegar. Al llegar a Feliz nos reencontramos y ahí develé el misterio de las cajas: viajaban con guitarra, acordeón, yembé, birimbao, atril, micrófono, un montón de artesanías, más lo necesario para vivir viajando. En un principio me pareció un poco exagerado e incómodo tanto cargamento para viajar, pero solo compartir unos días con ellos bastó para aprender mucho y escucharlos

7


hacer unas músicas increíbles que justificaban tanta carga. Además de los instrumentos, Darío cargaba con dos parches llenos de artesanías, principalmente unos aros y colgantes con formas de coloridos mandalas. Juan, Darío y Fermín se han ganado la

vida y el viaje haciendo música en bares, restaurantes, en la calle y vendiendo artesanías, empanadas o lo que sea. Viajar no es una cuestión de dinero sino de gamas. A continuación están las historias contadas por sus protagonistas.

Fermín y Juan Manuel Las ganas de viajar comenzaron hace algunos años, haciendo pequeños viajes de no más de dos meses por Argentina, Bolivia y Uruguay, siempre en época de vacaciones. La vuelta era forzada, en Buenos Aires esperaban el trabajo y los estudios. Notábamos al volver que toda la energía acumulada durante el viaje se desvanecía poco a poco con la rutina. Todo cambió este último verano en Córdoba, donde pusimos en práctica en la calle lo que veníamos estudiando y haciendo con la música. Así fue que sentimos la necesidad de andar, de salir de la ciudad, donde estábamos estancados y sin poder ver la inmensidad del horizonte. Decidimos parar con nuestros estudios y hacer del camino nuestra escuela. Escogimos Brasil como destino especialmente por su riqueza cultural y musical; además del desafío de aprender una nueva lengua. Desde que salimos nos encontramos con muchos viajeros que nos fueron orientando y aconsejando, y con muchas personas que nos abrieron puertas. Tuvimos la sensación de que los encuentros con las personas no eran por coincidencia, sino señales y oportunidades de intercambio y crecimiento, y así fuimos forjando amistades muy profundas en muy poco tiempo. Aprendimos que el “aquí y ahora” es el único tiempo y que la intuición es a veces mejor herramienta que la previsión y la planificación para saber cuándo seguir o hacia dónde ir. En el viaje descubrimos la libertad de hacer, de pensar y 8


de sentir nuestras vidas, confrontándonos con nosotros mismos, conociéndonos y repensándonos; rehaciéndonos. También obtuvimos otro punto de vista de la familia, los amigos y la ciudad natal, revalorizando todas nuestras relaciones. Así fue que el viaje superó las expectativas que teníamos antes de comenzarlo: de estudiar música y vivir aventuras; viró en un camino de autoconocimiento sin fin.

Darío La idea de viajar nace, principalmente, de las ganas de hacer algo diferente, de las ganas de salir un poco de un sistema un tanto perverso ¿no? En mi caso ya no toleraba los horarios, las cortas vacaciones, el bondi, el tren, etc. Un día de agosto del año pasado, trabajando por Caballito, Ciudad de Bs. As., vi a una persona en Parque Rivadavia que estaba vendiendo unas reglas para hacer mandalas y unos diseños muy locos. Fue extraño, sentí algo en todo el cuerpo que me decía que las tenía que comprar. Camine unos pasos y volví para comprarlas con la idea de hacer imanes o vaya uno a saber qué, pero las compré. Eso me abrió las puertas a un mundo nuevo donde empecé a conocer personas y situaciones que me llevaron a aprender a hacer aros, imanes, artesanías y pinturas. Me abrió las puertas a una nueva forma de vivir en plenitud, en libertad y en total independencia, haciendo lo más hermoso que hay en la vida… ¡VIAJAR! Para mí el viaje es como la mejor escuela, y las personas que voy conociendo son los mejores maestros.

9


No auge dos protestos do longínquo junho que ecoaram por todo o Brasil lembro-me de ter desabafado a um amigo "Cara, o Brasil é um lixo." Meu amigo, de imediato, disse: "Que isso? O Brasil é lindo demais, o que o estraga constantemente é o brasileiro!" Confesso que aquela frase surtiu um efeito bem negativo em minha cabeça. Uma mistura de irritação e inconformismo tomou conta de mim. Fiquei sem fala. Passada a dor causada por esse "golpe", como quem subitamente volta a respirar, comecei, sob uma nova ótica, a refletir sobre os protestos e o comportamento do brasileiro perante questões mais complexas. O Brasil é realmente lindo. Fato! Do ponto de vista geográfico e de natureza o Brasil é um paraíso. Do ponto de vista cultural também

somos privilegiados. Nossas festas e eventos regionais, nossa musicalidade e nossa receptividade para com estrangeiros, por exemplo, faz com que o país seja rota obrigatória para mochileiros e viajantes de todos os tipos. Se tudo isso faz sentido, então vem a pergunta: por que estragamos o país? Se temos e somos tudo isso, como o fazemos? Antes de qualquer coisa, estragamos mesmo? Aqui escrevo minha opinião, a de um paulistano que mochilou em vários lugares do mundo e vivenciou diferentes culturas e que, por isso mesmo, fica indignado com o potencial único e não aproveitado que temos no Brasil. Penso que se não estragamos o país, também não nos empenhamos em melhorá-lo. Em minhas recentes viagens pelos países da América Latina e do Leste Europeu que, em sua grande maioria,

10


não são muito diferentes do Brasil em termos de renda per capita e acesso à informação. Em todos os casos a classe penalizada se mobilizava, conseguia com algum sucesso apoio de outros grupos que não necessariamente seriam beneficiários imediatos das possíveis conquistas e discutia ativamente com os governantes. Fiquei perplexo com o nível de organização desses grupos, como se eles soubessem e entendessem seus papéis dentro da sociedade e sua importância como voz ativa das mudanças. Voltando às terras verde-amarelas, parece-me que estamos de certa maneira acomodados à nossa situação de povo constantemente desprezado por nossos governantes, refém de nossa zona de conforto, e mais importante, percebo que ainda estamos ausentes ou não nos importamos com as discussões que envolvem questões coletivas. Participei ativamente nas manifestações que eclodiram nas ruas do Brasil e que tiveram repercussão massiva nos principais meios de comunicação internacionais. Estive nas ruas e nas redes sociais disseminando os acontecimentos. De fato os protestos inicialmente se pautaram nas carências e precariedade do transporte público coletivo, em especial relacionados aos preços das passagens, mas, posteriormente, as

reivindicações se tornaram amplas e difusas, sem foco definido. Passamos a protestar contra tudo e contra todos numa clara insatisfação com toda nossa realidade vivida e sentida. Presenciei de tudo nas manifestações: pessoas genuinamente dispostas a levar “borrachada” da polícia, pessoas que optavam pelo diálogo e tentavam educar outros manifestantes a fazerem o mesmo, gente infiltrada que se aproveitava da aglomeração de indivíduos para quebrar, destruir ou roubar patrimônio alheio, pessoas que não tinham a menor idéia do que estavam fazendo ali ou o que representavam aqueles atos, e até pessoas que clamavam pelas coisas mais surreais possíveis como gritos por melhora dos times de futebol que torciam. Vi ao meu lado homens e mulheres flertando como se tudo aquilo fosse uma grande festa ou Carnaval. Assim, com base em tudo o

11


que vi, ouvi e li sobre os protestos, posso dizer que uma oportunidade excelente que tínhamos em nossas mãos e, quem sabe, ainda temos para potencializar a realização de profundas e necessárias mudanças em nosso país está, pouco a pouco sendo engolida pelo nosso próprio comportamento. Se queremos evoluir como povo, creio que seja necessário acordar do sono profundo em que estamos (e às vezes até roncamos, diga-se) e entender que as mudanças que o país tanto necessita podem vir de dentro de cada um, de nossas simples atitudes e comportamentos. Se conseguirmos responder as seguintes questões "o que somos como brasileiros, quais são nossos deveres, quais nossos anseios e por que queremos essas mudanças?", então, acredito que estaremos preparados e teremos as ferramentas certas para consertar quaisquer reparos necessários no Brasil. Não é nada fácil responder alguma dessas questões. Aliás, bem difícil. Como responder quais eram nossos deveres em relação aos protestos de junho ou

por que queríamos aquelas mudanças? O que de fato pretendíamos com todas aquelas manifestações? Estávamos preparados como questionadores e manifestantes eficazes do ponto de vista argumentativo? Tínhamos pautas bem definidas que possibilitavam o alcance de resultados concretos? Sinceramente, não sei. Penso que não. Acredito que mudanças são complicadas e muitas vezes doloridas, conquistadas com suor e, sobretudo, com muito desgaste mental. O exercício de desenvolver postura crítica essencial para responder todas essas questões lançadas não é tranquilo e requer trabalho árduo. O escritor e poeta norte-americano Oliver Wendell Holmes (1809-1894) certa vez afirmou: "uma mente que se abre a uma nova ideia jamais retorna ao seu tamanho original". Tomara que isso seja verdade! Então que tal esse desafio? Que tal nos colocarmos como povo questionador das coisas e não nos conformarmos com o pouco que é nos dado? Que tal abrirmos nossa mente à ideia de que 12


uma sociedade só será mais justa, igualitária e humanitária se assim também o formos como pessoa? Que tal entendermos que profundas transformações não são atingidas em momentos pontuais, mas ao longo do tempo? Que antes de clamarmos por RESPEITO temos que respeitar uns aos outros? Que tal fazermos nossa mente se expandir para questões não apenas individuais, mas coletivas? Entristece-me profundamente quando escuto, leio ou percebo que estrangeiros têm uma boa dose de razão quando dizem que para muitos brasileiros, se tiver futebol, cerveja gelada, festa e dinheiro no bolso, tudo está uma maravilha. Que qualquer discussão coletiva está fora de nosso alcance. Incomoda-me profundamente esse pensamento. Quando conseguiremos mudar essa percepção de que boa parte dos brasileiros não se importa com questões complexas e de interesse comum ainda é uma incógnita para mim.

Tivemos algumas conquistas coletivas importantes com as manifestações mantivemos estáveis os preços das passagens dos transportes públicos coletivos (em algumas cidades houve até redução dos preços), conseguimos atrair a atenção da mídia internacional aos problemas daqui e mostramos que, mesmo falha em muitos aspectos, nossa democracia pode funcionar melhor do que imaginamos. Amo meu país. Amo nossas riquezas naturais. Amo nossa diversidade cultural única. Mas creio que seja possível superar o desafio de expandir nossas mentes a uma nova idéia. Despertaremos desse sono profundo e teremos uma postura crítica, onde os interesses coletivos se sobressairão aos nossos anseios pessoais? Ou quando novos protestos surgirem simplesmente ligaremos nossos televisores na rodada do futebol com uma cerveja gelada na mão?

André Caón é brasileiro, 28 anos, de São Paulo, e segue duas filosofias claramente definidas: se colocar fora de sua zona de conforto é essencial na vida, e Menos é sempre Mais! Apaixonado ao extremo por viagens, principalmente para roteiros não tão turísticos, em fazer trilhas e caminhadas em montanhas e litoral desfrutando de paisagens espetaculares, em nadar em cachoeiras geladas, em comer coisas típicas de cada lugar, em rir de momentos de perrengues, e em pegar caronas em veículos motorizados ou não, velhos, e humildes, mas com aquele aconchego que não se encontra em parte alguma - quem tem menos sempre oferece mais. 13


Hay un lugar en Chile completamente diferente al resto del país. Un lugar donde sueño y realidad se mezclan, donde ni las calles son calles ni las plazas son plazas. Un lugar donde los hombres andan sobre el mar y las casas flotan en la espesura del bosque. Ese lugar tiene nombre y se llama Caleta Tortel.

E

l río más caudaloso de Chile se abre paso entre dos enormes bloques continentales de hielo, el Campo de Hielo Norte y el Campo de Hielo Sur, ambos de varios cientos de kilómetros de longitud y donde el hombre aún no ha osado instalarse. Entre los hielos y el silencio comienza la andadura del Baker. Las aguas azul turquesa de sus inicios hacen dudar al viajero de si realmente se halla en el extremo sur del planeta o en una isla del Caribe. Poco a poco al Baker se le unen otros ríos que van cambiando el color de sus aguas hacia otro lechoso y opaco. Cuando se acerca al océano, el Baker se abre en numerosos brazos que rodean los bosques de la conífera más austral del mundo. Es el reino del ciprés de las Guaitecas. Aquí, entre las aguas del Baker y los

terrenos pantanosos de su desembocadura, ahí donde se acaba lo posible y empieza el espacio vedado a los hombres, decidieron instalarse hace más de cien años los pioneros que además de llegar más allá, acaso quisieron demostrar que nada es imposible para el espíritu humano. Los primeros colonos se establecieron para extraer la madera de ciprés que serviría para los postes de las

14


enormes estancias ganaderas que surgían en Magallanes. Fue ahí donde, pese a las paredes verticales, los terrenos anegados, el frío y la lluvia permanentes, los habitantes del puerto Bajo Pisagua, primero, y Caleta Tortel, después, construyeron una comunidad con espacios y reglas propios. Por ejemplo, el visitante no encontrará en el pueblo nada con ruedas: ni vehículos, ni bicicletas, ni carretillas, ni monopatines. Caleta Tortel se conecta entre sí a través de pasarelas de madera de ciprés que hacen posible ir de una casa a otra y de éstas a la plaza, la biblioteca o el consultorio médico. Las pasarelas se hicieron para superar el terreno inestable, escarpado y permanentemente anegado que

rodea la desembocadura del Baker. De este modo, el hombre no ha alterado nada del paisaje original del delta. No hay ninguna excavación ni modificación del perfil de la montaña, porque la humanidad se ha asentado aquí, como pidiendo permiso a la naturaleza para morar con ella. Los casi diez kilómetros de pasarelas escalan paredes de bosque, sortean las aguas del río y se abren en recoletas plazas, también de madera de ciprés, que embriagan con su aroma a quien decide descansar en ellas. Agua y tierra se confunden y por eso las embarcaciones, sean del tamaño que sean, son el medio de transporte predominante. Hoy, como en sus inicios, el pueblo se sustenta con la extracción de madera

15


de los bosques cercanos. No hay nada más. Todo lo necesario para la vida viene de lejos. El viajero que llega a Caleta Tortel puede alquilar una embarcación que lo lleve a los glaciares cercanos Steffen y Montt, después de varias horas de navegación atravesando los numerosos fiordos de la desembocadura del Baker. Puede visitar, también por mar, la Isla de los Muertos, donde podrá conocer la dramática historia de las ciento veinte tumbas que hay en esta isla y que pertenecen a otros tantos

trabajadores de la Sociedad Explotadora del Baker, empresa que fundó el primer asentamiento de puerto Bajo Pisagua, que murieron de escorbuto en 1906. Pero de lo que sin duda disfrutará más el viajero será de dejarse llevar sin rumbo fijo por las numerosas pasarelas y deleitarse con las vistas desde cualquiera de ellas. De poder disfrutar de un paisaje superlativo, inalterado por el hombre, y de conocer un lugar único, completamente diferente al resto, En el fin del mundo.

16


Q

uando Nico me sugeriu escrever, estávamos em Pipa, cidade litorânea do estado brasileiro do Rio Grande do Norte. Venho da cidade de Belo Horizonte, estado de Minas Gerais e as razões quase inconfessáveis que me trouxeram a Pipa me tornaram um viajante solitário: amores, desilusões amorosas, necessidade de descanso, urgência de estar só. Nesse sentido agradeço à Vida por ter chegado a um lugar perto do mar onde, uma vez preservada, a Natureza pôde me oferece grandes possibilidades de “cura”. Pelo que tenho conseguido apreender desde então, estar só na viagem define um estado bem

específico de ser. Os deslocamentos para lugares desconhecidos estimulam, inclusive, inúmeras metáforas poéticas e existenciais. Encarar o desconhecido sempre será um desafio para o ser humano. E diante do desafio, o corpo, a mente e o espírito renovam seu pacto de sobrevivência e de autoproteção. O início da viagem mobiliza capacidades imediatas diante de riscos físicos como acidentes, assaltos, acesso à comida e à água, ativação da competência de se manter vivo durante os percursos e as permanências. Uma vez instalado em abrigo seguro, o solitário passa a estabelecer,com mais facilidade, relações de

17


reconhecimento do sítio e das diferentes pessoas que encontra. Para o êxito da viagem é fundamental que as permanências se estabeleçam em lugares minimamente seguros, sem o que o espírito não relaxa. E quando a viagem não é motivada por urgências mais toscas como guerra, exílio, interesses econômicos específicos e incumbências alheias aos interesses do viajante, relaxar o espírito é fundamental. No estado de plena opção pela viagem, o solitário exerce o seu direito de liberdade e busca o novo das coisas e das pessoas como objetivos transformadores. Suas experiências equivalem a transmutações com profundas reverberações interiores. Se o viajante opta pela solidão de fato, as relações com quem encontrar podem ser generosas, sem que ele abandone necessariamente seu

estado de concentração em si mesmo. E, se os lugares por onde passar lhe oferecerem energias e belezas naturais abundantes, as transformações ampliam-se, conduzindo-o a esclarecimentos necessários sobre sua vida e sobre sua própria pessoa. Nessa circunstância, o morador de um grande centro urbano tem oportunidades raras de escutar sua própria respiração, seus batimentos cardíacos e suas vozes internas que passam a emergir mais facilmente, lhe trazendo informações preciosas, difíceis de serem conectadas no diaa-dia das cidades mais populosas. As conversas consigo viram oração, permitindo o esclarecimento sobre mistérios ancestrais ou motivando agradecimentos sinceros diante da beleza que o planeta Terra lhe proporciona.

18


Às vezes, surgem nostalgias do estado acompanhado, principalmente quando o solitário passa por casais enamorados, por grupo de amigos celebrando alegremente o encontro. Nesses momentos, se o solitário estiver atento, fortalece-se a razão de estar só. A nostalgia quase melancólica vira emoção pura, sempre conduzindo-o ao seu íntimo, abrindo canais para as sutilezas de seus sentimentos fluírem. Nenhuma condição humana configura-se de forma totalmente solitária. Todos nós precisamos de momentos de compartilhamento e inclusão em nossos processos de formação como indivíduos. Quando isto não se dá, acumulamos dores espirituais que nos levam à doença e à morte prematura. Mesmo os mais ferrenhos eremitas tiveram, um dia, demonstrações de afeto recebidas de outras pessoas. Neste sentido, o viajante solitário pode tornar-se um atento observador da natureza humana a partir de sua auto-observação. Nos inúmeros espelhamentos que ocorrem durante os encontros, ele aguça a atenção,

19

estabelecendo jogos silenciosos de correspondência nos quais seus mistérios pessoais (emocionais, afetivos e espirituais) decifram-se através da compreensão que angaria sobre o Outro. No final de uma viagem solitária, se exitosa, não é raro surgir a vontade de voltar para o lugar de onde se veio. Dá para confirmar ganhos imensos comoa conscientização de potenciais físicos e mentais antes adormecidos, a capacidade de estabelecer contatos privilegiados com a própria subjetividade, a recuperação do amor por si mesmo e pelo próximo, a alegría com o sucesso de curas pessoais por muito tempo buscadas, o fortalecimento consistente da autoestima, etc. E, uma vez “curado”, o viajante solitário retoma com entusiasmo o seu cotidiano, ressignificando-o e abrindo-se corajosamente para mais experiências que certamente o conduziram a novas viagens, a novos amores e a novos aprendizados. hillmarcos@gmail.com


El virus viajero:

Los viajes de Olivia comenzaron con sus padres (franceses) que moraron muy pocas veces en su tierra natal; así heredó el virus del nomadismo. A los 24 años decidió irse a Nueva Zelanda por dos meses, que se volvieron cuatro meses, que se volvieron un año. Después viajó a Argentina y Chile. Ahí, en Buenos Aires–nos cuenta Olivia- encontré a Ariel. Era al final de mi viaje, ya estaba pensando en volver a Francia y

Me llamo Olivia Gasc, tengo 28 años, soy francesa, pero nací en Libreville, Gabón, y viví en Dakar, Senegal, durante catorce años. Así que la pregunta “¿de dónde soy?” ¡es complicada de contestar! Viví la mayor parte de mi vida fuera de Francia, tengo esa nacionalidad, pero soy del Mundo.

20


terminar mis estudios, ¡no imaginaba tal encuentro! Pero como lo dijo Ari, “fluyó”. Así que seguimos juntos desde 2010, pero a la distancia. A partir de entonces estuvimos conviviendo pocas veces. Requiere mucha energía una relación así, mucha voluntad, fuerza y fe. No fue fácil. Pero ¡por fin! nos vamos a reunir este diciembre de 2013. Fue así como Olivia contagió el virus viajero a su novio argentino. Ariel tiene 29 años, nació en Remedios de Escalada (Buenos Aires) pero se siente un marplatense más. Por mi parte –dice Ariel-viajar vino un poco de la mano de Olivia y otro poco de mi experiencia trabajando en un Hostel. Desde ese momento comenzamos a viajar para vernos y, cuando decidimos estar juntos en el mismo lugar (físicamente hablando),

21

comenzamos a trabajar en una ONG formoseña y después de esa experiencia, en septiembre de 2012, empezamos a viajar de mochila a dedo. Pero nuestro comienzo sufrió un percance en octubre de ese año y tuvimos que posponer todo hasta marzo del 2013, que fue cuando nuestro periplo recomenzó en Misiones, Argentina, y sigue hasta hoy, que estamos en Lima, Perú. Olivia: “Viajar unos meses juntos fue hermoso. Por primera vez me puse a viajar a dedo – antes era en bus y en Nueva Zelanda tenía mi auto, o sea que yo levantaba a los mochileros que hacían dedo. Es una experiencia bien distinta, más desorganizada, pero más rica y humilde. Un auto que para se vuelve un regalo hermoso y un


encuentro siempre nuevo. Viajar así es dejar que la vida elija nuestro camino, fluir, y que todo se vuelva una sorpresa, porque nunca se sabe lo que pueda surgir de una situación, aún si fuera una difícil. Una vez estuvimos bloqueados tres días en Pampa del Infierno (¡sí, ese lugar existe!) en el Chaco, era duro quedarse en ese pueblo tan seco, pero encontramos a gente muy linda que nos vio así, pegados a la ruta, y nos ayudó invitándonos a su casa: ¡Chicos, vengan, tengo una ducha y una cama para ustedes! Otras veces nos dieron comida… Fue hermoso, y se convirtió en uno de mis mejores recuerdos”.

Viajando de mochilera aprendí que no necesito mucho en realidad, y eso sí lo aplico en mi vida de cada día. El viaje, para mí, te libera de las pieles muertas que son las posesiones y el apego a lo material, pero también de los prejuicios, de las convicciones “toutes faites” (“listas para consumir”), y de las verdades falsas, que vienen de una nacionalidad, de una clase social, de una educación, de un color de piel… Permite poner en cuestión muchas cosas que nunca cuestionaste antes porque parecían naturales. Esa liberación es una ventana abierta sobre todo lo que uno es, todo lo que es la vida, sin esas limitaciones artificiales. Ariel: Aprendizajes... muchos, viajar es muy rico. Viajar llena el espíritu con seres, paisajes, conocimiento práctico, emociones. Viajar es un mundo por descubrir, es un mundo que siempre se mantiene nuevo, lleno.

Aprendizajes del camino Olivia: ¡Fueron muchos! y me gustaría poder seguir aplicándolos de mejor forma cuando vuelva a vivir una vida sedentaria. Sobre todo el “vivir el presente”, que se vuelve intenso cuando viajás, aun en un día normal y tranquilo. Los encuentros también tienen otra cara: sabés que generalmente no vas a ver más a esas personas, lo que provoca un intercambio de repente más sincero, profundo y directo, no hay “tiempo que perder”, algo que sí ocurre en la vida sedentaria, en la cual, normalmente, toma mucho tiempo desarrollar una relación así, tan linda.

Los sueños Olivia: Quiero seguir viajando… tener una vida medio nómade, pero también nuestra casa (nuestro “puerto”), y viajar seguido, una vez por año, para capacitación en permacultura, investigación, tal vez para escribir... Hay muchas formas de viajar. Uno de mis sueños es viajar a caballo. Me gusta tomarme mi tiempo en un lugar, vivirlo “desde adentro”, encontrar a la 22


gente local, sus vidas, sus realidades. No se trata sólo de pasar de un lugar hermoso a otro, para eso tenemos fotos, internet y la TV. Se trata de impregnarse del lugar para aprender de él, sobre esa otra cultura, ese pueblo… y también sobre uno mismo.

23

Queremos vivir en el campo según los principios de la permacultura y apuntar a la autosustentabilidad. No imaginamos vivir de nuevo en una ciudad... Es nuestro proyecto, lo empezamos en 2014.


Bel (Isabel Périgo Mangabeira) mora em Natal, é formada em Historia, trabalha em um Teatro e gosta de dançar, fazer yoga, ler, estar em contato com a natureza, conhecer viajantes e meditar. Além disso, ela é vegetariana e compartilhou com a Revista Kay Pacha uma receita fácil e útil para os viajantes que ficam em casas de pessoas locais, já que cada vez mais tem gente vegetariana e sempre é bom compartilhar com os amigos alguma comida, isso forma parte de um rico intercambio.

E

sta receita eu aprendi com um amigo do Equador que se chama David Hidalgo, ele é Chef e mora em Genova . David esteve hospedado em minha casa por um mes. Além da lasagna ele fez pizzas, berinjela a Milaneza e Guacamole. Quantas delícias!!! Sou muito afortunada por só passarem boas pessoas em minha vida. Agora,a Cecilia e o Nico estão me dando este presente. Ingredientes: Massa de lasagna pré-cozida (200gr) 1 lt de leite 3 colheres (Sopa) azeite ou 1 de manteiga 5 colheres rasas de farinha de trigo 1 caixinha de creme de leite Sal e noz moscada a gosto

1 cebola, 1 berinjela média, 1 abobrinha média , 1 cenoura e azeite 1pcte Queijo ralado 150 gramas Mussarela

24


Bechamel Prepare o molho bechamel da seguinte maneira: Ponha na panela o azeite ou manteiga, acrescente a farinha de trigo e mexa. Acrescente o leite, continue mexendo até engrossar. Acrescente sal, noz moscada ralada e creme de leite e desligue o fogo.

Misture os vegetais ao bechamel. Coloque em um pirex o molho com os vegetais, amassa da lasagna. Continue intercalando até que a última camada seja de molho. Cubra com mussarela e queijo ralado. Caso, o molho não seja suficiente para cobrir toda a massa, despeje um pouco de leite. Aguarde 15min antes de levar ao forno. Cubra com papel alumínio e leve ao forno por mais ou menos 20 min. Deixe o papel alumínio nos primeiros 10 min, depois retire para gratinar.

Preparo do refogado dos vegetais: Refogue no azeite a cebola, a berinjela, a abobrinha e a cenoura, juntamente com um pouco de sal. Deve ficar al dente, pois ainda vai ao forno.

25


A

rembepe es una comunidad hippie surgida entre los años ’60 y ’70 cerquita de Salvador de Bahía donde, cuenta la leyenda, disfrutaron de sus playas Janis Joplin y Mick Jagger; allí conocimos a una viajera con mucho para compartir, Cynthia Hurtado Sánchez. La encontramos vendiendo artesanías en la feria de la comunidad y nos pusimos a charlar. Con apenas 25 años sus palabras fluían mágicamente como de un manantial milenario lleno de experiencias de vida, sabiduría y humildad; lo que transcribe este texto fue apenas lo que pude recordar. Aunque hable portuñol, el acento la delata; es de Granada -al sur de España-, de un pueblito muy viejo y pequeño en las montañas donde –según su parecer- las personas son un poco cerradas, llenas

de prejuicios y miedos con respecto a lo diferente. Su primer viaje sola fue cuando tenía 15 años al sur de Francia para cosechar uvas. Su familia no se opuso porque era algo que la gente del pueblo hacía habitualmente y que, de hecho, muchos jóvenes europeos acostumbran realizar para ganar un poco de dinero en vacaciones. Desde entonces, Cynthia siempre tuvo algún trabajito y su propio dinero para salir a viajar y aún no ha parado. Al principio partía unos meses y volvía a casa, pero no aguantaba mucho tiempo quieta y volvía a salir; decía que era por un fin de semana y regresaba un mes después. Así, la duración de sus viajes fue aumentando; ahora, hace siete meses que está en Brasil y tres años que no vuelve a España debido a un largo viaje por Latinoamérica. Sus

26


seres queridos la extrañan pero ha adoptado una nueva estrategia: si la quieren ver pues, que salgan de casa, que vengan a visitarla. En el fondo, confiesa, lo que le da miedo en este momento es volver a casa después de tanto tiempo fuera, miedo a que no la entiendan o a no saber transmitir todas las cosas hermosas que ha aprendido en estos años. Sin embargo, la hemos escuchado hablar animadamente por teléfono con su familia y cantarles canciones andinas con el charango, por lo que vemos que al amor no hay distancia que lo aplaque. No es la primera vez que escucho a viajeras hablar del miedo al “regreso”; algo similar me había dicho una francesa de Córcega que encontré en Paraty. Hacía cuatro años que no volvía a su isla; temía, especialmente, que todo siguiera igual o que, al contrario, ciertas cosas hubieran cambiado demasiado. Yo misma, después de viajar por siete meses, sentí mucho temor cuando regresé unas semanas a casa para ver

a mi familia, temía que algo me impidiera volver al punto donde había dejado mi viaje en suspenso. Una de las convicciones más fuertes de nuestra amiga es que todas las personas deberían darse la oportunidad, al menos una vez en la vida, aunque sea un fin de semana, de salir a viajar solas, así sea al pueblo vecino. Viajar sola/o permite conocer cosas sobre uno mismo – cosas buenas y malas- que de otra manera no se revelarían. Transitar en solitario por lugares desconocidos enseña al viajero a convivir consigo mismo, después de todo, es lo único que verdaderamente tenemos, nuestro ser. Desde que Cynthia comenzó a salir de su pueblo para conocer otras realidades, entre las cosas más importantes que fortalecieron su personalidad rescata, principalmente, el haber podido desprenderse de ciertos miedos y preconceptos. A partir de entonces siempre le da una oportunidad a la persona que tiene en frente, 27


recibiéndola por primera vez con la mejor energía porque ella cree que, si se encara algo –o a alguien- con miedo o con desconfianza, tal vez sólo recibamos como respuesta lo mismo o aún algo peor. Así, pues, uno de sus mayores aprendizajes ha sido que, en situaciones límites, ser miedoso bloquea, paraliza. Vivencias duras se lo han enseñado; el miedo es algo que no existe –dice Cythia-, porque es un sentimiento sobre algo que todavía no ocurrió, está en nuestra mente como posibilidades sobre cosas negativas que podrían suceder, pero son puras suposiciones de cosas que aún no han acontecido y que sólo sirven para bloquearnos. Por eso hay que aprender a controlarlo, porque la diferencia entre reaccionar y paralizarse por causa del miedo ante una situación complicada donde necesitás tomar una decisión para salvarte o ayudar a alguien, puede ser sólo de un segundo. Al respecto, nos cuenta una anécdota increíble. Se había quedado a vivir un tiempo con un grupo de amigos en medio de la selva cerca del río Amazonas. Una

noche, un escorpión venenoso picó en la cara a una de las chicas del grupo. Estaban muy lejos de cualquier poblado con atención médica. Entonces decidieron decirle a la víctima que sólo había sido uno de esos abejorros enormes para que no entrara en pánico. Entre todos comenzaron a hacerle reiki durante toda la noche, fue una energía increíble, nos cuenta. Nadie perdió la calma, entre todos lograron superar el miedo de que alguien perdiera la vida y, al otro día, la chica estuvo recuperada. Increíble. Lo que se aprende al vivir experiencias de vida tan fuertes como ésta es que, en momentos difíciles, no hay que perder la calma, hay que intentar controlar el miedo para que no se vuelva pavor, prestar atención a la respiración para calmar los nervios e intentar relajar de la misma manera a las personas que están sufriendo la misma situación. Por eso te pedimos que no te paralices a la hora de salir a cumplir tus sueños. Que no te gane el miedo.

28


E

m poucas palavras, posso defini-la que foi incrível, devido ao acaso (já que não acredito na sorte), por está "loucura" ter saído melhor do que o planejado. Dia 16 de maio, chego da universidade em minha casa e vou arrumar minhas coisas, fazer a plaquinha (onde escrevi “São Paulo – SP”), para acordar no outro dia às 5h30 e partir para a estrada, por pouco quase não durmi naquela noite, por conta da ansiedade. Dia 17 de maio. Chega o grande dia, aquele frio na barriga, o medo de não conseguir uma carona, por alguns instantes pensei em desistir, mas meu anseio por ir à Virada Cultural era tanta, que peguei minha plaquinha e minha mochila e parti para o pedágio. Cheguei às 6h30, ainda era escuro, tive que esperar até 7h para começar a pedir carona. O grande momento chegou, foi incrível levantar a plaquinha, havia pensado que a timidez iria me atingir naquele momento, mas muito pelo contrário, a aventura me fez sorrir, e mostrar a simpatia de minha pessoa para quem passava na rodovia naquele momento. Nos primeiros 10 minutos

Sou estudante da Universidade Estadual de Maringá (UEM), faço o curso de graduação de Economia. Faço projeto na universidade. Moro numa cidade que fica na região metropoitana de Maringá. Planos de Viagem: pretendo ir para o norte da Argentina, Montevideo, Buenos Aires e Santiago. para um senhor que estava de carro pergunto-lhe para onde estava indo e me responde que era para a divisa entre o Paraná e São Paulo, quase entrei no carro, mas como queria uma carona que fosse um pouco mais longe acabei não aceitando. Em torno de meia hora depois, para outro 29


carro, outro senhor, este estava indo para uma cidade relativamente perto, para Londrina, tive que dizer não outra vez. Enquanto estava ali passaram diversos caminhoneiros acenando que estavam indo para outro destino, foram em torno de uns 15, deveriam estar indo para o porto de Paranaguá, no litoral paranaense. Perdi uma carona por não ter visto o carro parado. Depois de 1h30 no pedágio o medo não me assombrava mais, de repente para um carro a uns 100 metros, eu saio correndo em direção ao carro, com medo de perder a carona como a última, olho a placa e vejo que é do interior de São Paulo, já fico tristonho. Um casal desce do carro, já não havia muito espaço para mim, mas a bondade dessas pessoas deu um jeitinho para me conceder uma carona. Uma surpresa estava para ocorrer e a felicidade para retomar. Pergunto para o casal para onde estavam indo e a mulher me

responde, “estamos indo para São Paulo, capital”. Fiquei entusiasmado neste momento e falei: “nossa, não acredito, consegui uma carona direta para São Paulo”. Estava muito tranquilo após ter conseguido uma carona direta para “Sampa”, e saber que iria para a Virada Cultural. Sobre o casal que me deram a carona, são muito legais, adorei conhecê-los, parecia que éramos amigos da forma que conversávamos. Pagaram almoço para mim. No fim me levaram para o ponto de metrô e me falaram que posso ficar na casa deles no Rio de Janeiro quando precisar, que maravilha! Minha primeira experiência como Host no Couchsurfing Há uns três meses fui atrás de um lugar para me hospedar em São Paulo no Couchsurfing. Pedi um sofá para diversas pessoas, mas como não tinha

Minha primeira plaquinha (papel sulfite A3). Minha primeira carona. 30


referência, acredito que a maioria delas ficou receosa em me conceder um lugarzinho em sua casa. Persistente em encontrar alguém, não desisti, acabei conseguindo dois lugares para ficar. Mas acabei mantendo contato apenas com um membro. Passei a ele meu Facebook e, com o tempo, acabei conquistando um lugar para ficar em Sampa. O meu hospedeiro do Couchsurfing ficou preocupado comigo por ir de carona, fui mantendo-o informado de que tudo ia ocorrendo bem. Encontroo no metrô, após chegar a São Paulo, e vamos para seu apartamento. No dia em que cheguei ele me

convida para ir a diversos lugares, mesmo cansado, acabo aceitando. Fomos a um bar que não me lembro do nome. Adorei sair naquele dia, mesmo tendo que me recuperar da viagem e da balada, para no outro dia enfrentar às 24h da Virada Cultural. O membro do Couchsurfing foi muito receptivo e simpático, além de ser muito atencioso. Adorei conhece-lo e ficar hospedado em seu apartamento durante a virada. Após dessa minha primeira experiência, já estou planejando usar novamente está ótima ferramenta, que é o Couchsurfing, onde permite que pessoas de diferentes lugares do mundo se conheçam intensamente.

L

31


L

aura Lazzarino y Juan Pablo Villarino son argentinos de nacimiento aunque ciudadanos del mundo de corazón. Dos grandes viajeros que no solo salen a redescubrir el mundo desde una óptica diferente, a saltar fronteras con mochilas en las espaldas y a aprender de las distintas culturas, sino que además se dedican a contarlo. Ambos escriben en sus respectivos blogs losviajesdenena.com y acrobatadelcamino.com, donde publican sus crónicas de viajes y consejos para otros viajeros. Así mismo, Juan es autor de varios libros de viajes, entre ellos

“Vagabundeando el eje del mal”, que fue recomendado en la primera publicación de Kay Pacha. Tras dieciocho meses de viajar juntos a dedo por Sudamérica, comenzaron el arduo trabajo de plasmar las historias recolectadas en “Caminos Invisibles”, libro recientemente publicado de forma independiente. Como dice Laura: “Caminos Invisibles es el libro de nuestra historia de amor, de nuestros viajes por el continente, de cómo decidí dejarlo todo. Es también el resultado de muchos kilómetros en la banquina, de caminos de ripio o de tierra escondidos en los mapas, de viajes por el alma sur de nuestro

32


continente, lejos de las ciudades y monumentos históricos. Es nuestra creación de a dos, el esfuerzo condensado de estos últimos quince meses escribiendo, pero también de dieciocho meses viajando a dedo. Desde la ventosa Patagonia hasta las playas —también ventosas— de la Guajira colombiana. De los Andes bolivianos y sus cholas milenarias a la selva ecuatoriana y sus hijos reductores de cabeza. De la Antártida a las Guayanas… 36000 km recorridos a punta de pulgar” El proceso creativo duró quince meces fuera de las rutas, frente a los teclados, para revivir las historias del periplo. Fue una búsqueda incesante por transmitir de la mejor manera posible. Tanto sacrificio valió la pena y superó sus expectativas. Para poder cubrir los gastos de la impresión del libro fue necesario hacer una preventa de al menos cuatrocientos libros. Tras alcanzar esa cifra, todos esos sueños cumplidos, esas historias vividas y todas las horas de trabajo agregado, saltaron del monitor al papel en forma de libro.

Con un tiraje de dos mil libros, el 19 de diciembre tuvo lugar la primera presentación en sociedad de “Caminos Invisibles” en la ciudad de Buenos Aires con un merecido éxito. Hoy en día se lo sigue presentando en distintas ciudades argentinas y dicen que la obra ya anda recorriendo el mundo y contagiando las ganas de volar.

.

33


Somos um casal de viajantes. Saimos de Belo Horizonte pra conhecer varios lugares do Brasil. Sem rota definida, tempo e nem lugar pra voltar. Estamos trabalhando em cada cidade que chegamos para divulgar nossa arte e para conseguir o necessário pra continuar viajando porque não juntamos nada para isso. Fazemos livretos de poesias e desenhos de nossa autoria e de forma totalmente independente, assim vamos abordando as pessoas nas ruas e praças oferecendo nosso trabalho em troca de uma contribuição espontânea. Dessa forma vamos conseguindo o necessário pra comida e gasolina. Estamos conhecendo vários lugares e pessoas incríveis e aconselhamos todo mundo a fazer isso também 34



KAY PACHA es una revista sobre viajes y viajeros que se publica libremente en la web. El plan es que todos la puedan descargar donde sea, imprimirla si quisieran y, si se trata de un viajero que quiera copiarla y venderla en el camino, nos gustaría que también tenga la oportunidad de hacerlo. La idea es comunicar, generar el espacio y, de alguna manera, devolver tantos favores que nos hace el camino. Comunícate con esta editorial mochilera e itinerante a través del mail kaypacharevista@gmail.com, o a través de Facebook: www.facebook.com/kaypacharevista . Puedes enviar tus experiencias de viaje, artículos, comentarios, sugerencias y formar parte de este proyecto itinerante y mochilero. Los derechos son del camino. Y a volar como nunca.

revistakaypacha.wordpress.com


Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.