Jornal do Campus - Edição 430 (set/2014)

Page 1

Jornal do Campus Segunda quinzena | setembro 2014

www.jornaldocampus.usp.br

nº 430

ano 32

Diretor da Obras afetam Brasiliana vegetação rara obras do Parque dos renuncia como Para Museus e do Centro de Convenções, a Universidade protesto teve de desmatar parte de

uma área recoberta por espécies raras do cerrado. Acontecimento se deu graças a uma brecha na lei que garante a preservação apenas de árvores. Campus possui duas reservas com 10.000 m² cada. p.14

Odonto e IME Com greve, paralisam lixo se acumula

Em assembleias, ambas unidades optaram por parar temporariamente as atividades. Paralisações foram acompanhadas de eventos de mobilização para corroborar com a greve sindical. p.6

Há mais de três meses, coleta está comprometida nos campi da capital

ANA HELENA RODRIGUES

Através de uma carta enviada a colegas, professor Carlos Guilherme Mota anunciou sua demissão. Mesmo sendo a favor da greve, ex-diretor era contrário aos piquetes erguidos na Biblioteca. "Nem durante a Ditadura Militar bibliotecas foram fechadas!" Docente culpou reitorias sobre situação na USP. Cargo atual ficou com professora da FFLCH. p.5

Butantã, EACH e outras unidades de São Paulo sofrem com os detritos não retirados. Moradores do Crusp são alguns dos mais afetados pelo acúmulo de dejetos. Prefeitura da Cidade Universitária enfrenta problemas com licitação para contratar serviço substituto. p.11

FAU EM

SARA BAPTISTA

OBRAS Funcionários, professores e estudantes da faculdade tentam sobreviver à interdição de seu prédio e à redução de suas atividades ao pó (literalmente) p.10


OPINIÃO

USP e empresas juniores vivem paradoxo Iniciativas de alunos são acusadas de ferirem as propostas acadêmicas ao inserir alunos num ambiente de mercado Em atividade desde meados dos anos 1980, as empresas juniores no Brasil vêm exercitando uma função comumente tida como essencial na formação dos estudantes. Além de colocar em prática o que é aprendido em sala de aula e estimular os alunos a aprimorar habilidades inéditas, as empresas juniores também proporcionam uma maior integração entre os alunos participantes e favorecem o trabalho em grupo. Ainda assim, apesar de em um primeiro momento parecer uma entidade apenas benéfica, a própria existência dessas empresas em alguns cursos acaba por abrir, também, portas a aspectos indesejados à proposta acadêmica de algumas instituições, como a mercantilização do conhecimento e o aprendizado voltado somente à inserção no mercado. Dessa forma, cria-se um debate: em que âmbitos a existência de uma empresa júnior beneficia os alunos de um determinado curso? Seu propósito deve sempre ser voltado para a inserção no mercado? De que forma isso pode afetar os outros estudantes? Para Roberty Bertolo, diretor presidente do Núcleo USP Júnior, qualquer oportunidade existente no mundo universitário é um benefício para os alunos. Tendo em vista a característica de inovação das universidades em geral e, em especial, da Universidade de São

Paulo (USP), ele afirma que “a inserção do ambiente das empresas juniores na vida universitária faz completo sentido”. Além disso, o diretor presidente destaca as possibilidades de desenvolver habilidades que inicialmente não seriam exploradas pelo curso de graduação e que contribuem para o crescimento intelectual do estudante. Não é raro, por exemplo, que alunos de humanas tenham que lidar com conceitos de exatas - e vice-versa - devido ao seu envolvimento com as empresas juniores. “Apesar de fazer ciências da computação, consegui entender a conexão da área em que atuo com as outras diversas existentes. Pude desenvolver experiências básicas de administração, linguística, design e relacionamento com pessoas”, conta Bertolo. Dessa forma, as empresas juniores seriam uma espécie de alternativa ao modo tradicional de ensino da universidade, que considera os alunos como iguais e portanto não diferencia as variadas formas e velocidades com que cada um apresenta maior facilidade em aprender. “As empresas juniores são formadas por alunos que têm desejo por um conhecimento além do qual a graduação fornece: o conhecimento da rede de pessoas, da experiência. É inegável que a conexão de pessoas por um interesse

Expediente – Jornal do Campus Nº 430

“[As EJs] desenvolvem e buscam novas formas de inserir o conhecimento dentro da universidade” - Roberty Bertolo, presidente do Núcleo USP Júnior

“O trabalho de pesquisa deve voltar-se a resolver, sem ônus, problemas que afetam a sociedade, e não a vender a baixos custos a mão-de-obra qualificada dos alunos para o mercado.” - Ana Fani Carlos, professora da FFLCH

mútuo, em específico voltado para o empreendedorismo, é uma nova forma de desenvolver as habilidades dos estudantes”. Já para a professora Ana Fani Carlos, do departamento de Geografia da USP, é necessário analisar que, numa universidade pública e gratuita, seus alunos devem ter compromissos com a sociedade, e não com empresas. Além disso, para ela a preocupação dos estudantes em se prepararem antecipadamente para o mercado pode tirar trabalho dos formandos, que não possuem o respaldo da infraestrutura pública da universidade. Dessa maneira, os formandos, que teriam que pagar altos impostos

Tiragem: 6.000 exemplares

Universidade de São Paulo – Reitor: Marco Antonio Zago. Vice-Reitor: Vahan Agopyan. Escola de Comunicações e Artes – Diretora: Margarida Maria Krohling Kunsch. Vice-Diretor: Eduardo Monteiro. Departamento de Jornalismo e Editoração – Chefe: Mayra Rodrigues Gomes. Chefe Suplente: Ciro Marcondes Filho. Responsável: Daniela Osvald Ramos. Redação - Diretora de Redação: Rafael Bahia. Diretor de Arte: Thiago Quadros. Editora de Imagem: Thiago Neves Editor Online: Dimitrius Pulvirenti. Opinião - Editor: Gabriel Lellis. Repórteres: Ana Carla Bermúdez e Maria Alice Gregory. Entrevista Editor: Arthur Aleixo. Repórter: Thais Freitas. Universidade - Editoras: Anaís Motta, Gabriela Romão e Thaís Matos. Repórteres: Ana Luísa Abdalla, Ana Helena Baptista Rodrigues, Carolina Shimoda, Pedro Passos e Sara Baptista. Em Pauta - Editora: Maria Beatriz Melero. Repórteres: Breno França e Bruna Larotonda. Cultura - Editora: Fabíola Costa. Repórteres: João Paulo Freire. Esporte - Editora: Victoria Salemi. Repórter: Gabriela Romão. Ciência - Editor: Júlia Pellizon Repórter: Ana Carolina Leonardi e Otávio Nadaleto Endereço: Av. Prof. Lúcio Martins Rodrigues, 443, bloco A, sala 19, Cidade Universitária, São Paulo, SP, CEP 05508-900. Telefone: (11) 3091-4211. Fax: (11) 3814-1324. Impressão: Gráfica Atlântica. O Jornal do Campus é produzido pelos alunos do 4° semestre do curso de Jornalismo Matutino, como parte da disciplina Laboratório de Jornalismo Impresso II.

2

Jornal do Campus | 430 | setembro de 2014 | segunda quinzena

pelos trabalhos exercidos, estariam em desvantagem. A professora destaca, ainda, a necessidade da existência de projetos sociais, que podem complementar a formação acadêmica e auxiliar na questão das perspectivas após o término dos cursos. “Os alunos poderiam, dessa forma, atingir os objetivos de aplicar seus conhecimentos técnicos, que é o que os leva a se voltarem à construção de empresas juniores dentro da universidade”, afirma. Apesar de os dois lados apresentarem visões diferentes sobre o assunto, ambos levantam a problemática do sistema de ensino na universidade, que se mantém o mesmo com o passar dos séculos - e, portanto, não acompanha a rapidez com que as coisas acontecem hoje em dia e também não suprem todas as necessidades do estudante universitário. Para a professora Ana Fani Carlos, uma resposta seria a criação de projetos interdisciplinares: “o desafio seria que cada curso criasse projetos voltados para resolver soluções frente aos problemas reais de nossa sociedade”, diz. Já Bertolo segue firme na ideia das empresas juniores.“ O mundo precisa de novas ideias, de mentes mais abertas”. por Ana Carla Bermúdez e Maria Alice Gregory


ENTREVISTA

Diretor da ADUSP fala sobre a crise Professor afirma que a crise é uma consequência lógica do crescimento em face do congelamento das verbas César Augusto Minto é diretor da ADUSP (Associação dos Docentes da Universidade de São Paulo) e um dos coordenadores do Fórum das Seis, organização que reúne docentes e funcionários da USP, UNESP e UNICAMP. Atualmente ele é Professor Doutor do Departamento de Administração Escolar e Economia da Educação na Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo. Quando começaram a surgir os problemas orçamentários das Universidades? É uma história longa. As três universidades estão vivendo com os 9,57% do ICMS desde 1995. Desde essa data houve uma grande expansão das três universidades, sem recursos adicionais e perenes. Isso, como já era esperado, resultaria em problemas orçamentários, e esse cenário já tinha sido alertado pelo Fórum das Seis desde 1995. Agora, nos encontramos em um momento de arrecadação pequena e por isso o problema aflorou. Dentre os processos de expansão, quais proporcionam mais gastos? A abertura de novos institutos, os laboratórios e pesquisas, a

abertura de novos cursos e de mais vagas, a contratação de funcionários ou outros? Na realidade é o conjunto de coisas. Para aumentar o atendimento (que as universidades prestam à sociedade) é natural que a demanda de pessoal, material e equipamento aumente, para se manter a qualidade do serviço prestado. Os problemas que a USP enfrenta são os mesmos encontrados nas outras Universidades Estaduais, UNESP e UNICAMP? Os problemas são muito semelhantes, mas às vezes se explicitam mais em uma do que nas outras. A Unesp, por exemplo, devido ao seu espalhamento pelo Estado está sempre mais vulnerável às p ressões do governo e de grupos com interesses locais, como para abrir novos cursos. Entretanto, esse cenário se alterna e as Universidades Estaduais se revezam quanto a quem está em pior situação. Nesse momento em específico, até pela gestão reitoral passada (de João Grandino Rodas), a USP se encontra em pior situação. No entanto, o problema se arrasta ao longo dos anos nas três instituições.

120

USP

100

Unicamp

80

Unesp

60 40 20

0 -20

Técnicoadministrativos

Docentes

Cursos de Graduação

O senhor disse que a UNESP está sujeita a pressões do Governo e de grupos locais. De que forma essa pressão se manifesta? A USP e a UNICAMP também sofrem influencias externas? A USP e a UNICAMP, por estarem geograficamente um pouco mais centralizadas, sofrem de forma menos intensa essas pressões, embora elas ainda ocorram. O tipo de pressão é bastante semelhante, como pela abertura de campus ou anexação de institutos. Esse processo de expansão seria muito positivo se houve recursos adicionais e

Vagas de Graduação

perenes. Um exemplo recente foi a construção da USP Leste, montada sem recurso adicional. Destinou-se um montante para a construção dos prédios e ponto. Ampliou-se o número de estudantes atendidos, contrataram-se professores e funcionários, tudo com os mesmos recursos que a USP já possuía. Nós temos tentado mostrar que são necessários mais recursos destinados à educação para que seja possível manter as atividades de ensino, pesquisa e extensão com qualidade por Thais Freitas do Vale

OMBUDSMAN Pensem nas árvores Rapaziada, não façam as árvores morrerem em vão. Num mundo hipersaturado de informação, é judiação gastar papel para imprimir qualquer coisa que não vá mudar a vida do leitor. Tem coisa boa na última edição do JC. A capa tem chamadas fortes – ajudada pelo fato de que tem tanto assunto midiático rolando agora na USP. Há bons textos, apoiados em boa apuração – destaque para a matéria sobre o Each, feita por um repórter que buscou entender todos os aspectos da questão. Mas tem muita coisa lá tam-

3

bém que é só para cumprir tabela – só para passar de ano. Matérias que não trazem serviço efetivo. Gente: vamos ser assertivos! As colunas de Opinião não têm opinião: não aprofundam raciocínio algum. Vamos ter clareza do que queremos afirmar, e vamos afirmar com todas as letras. Afinal, o que queremos dizer no Em Pauta? Digam! Frases como “esses fatores interferem, de maneira mais ou menos direta, na cobertura de determinados assuntos” são puro embromation. Outra coisa é que matéria de serviço tem esse nome por um

Jornal do Campus | 430 | setembro de 2014 | primeira quinzena

motivo: o repórter precisa servir o público. Perguntar para uma fonte sobre eventos em tempos de greve e contar muito de passagem sobre cada um não é serviço o suficiente: tem que ralar para informar mais do que o leitor encontraria numa página de Facebook. Vamos ser claros! Principalmente no título!! Reitor não propõe PDV – ele propõe demissão voluntária. Não é “Censo avalia opinião” – diga logo o que foi que o censo concluiu, com impacto. E vamos colocar humanidade nessas páginas! Cadê o perfil reve-

lador do corredor que morreu atropelado? Cadê a experiência pessoal do Fábio Hideki (em vez de simplesmente suas opiniões políticas)? Finalmente: jornal que só entrevista estudante de jornalismo é brincadeira. Bora prá rua trabalhar, meu povo! Denis Russo Burgierman escreveu para o Jornal do Campus em 1993, como aluno. Hoje é diretor de redação da Superinteressante. denis.burgierman@abril.com.br


OPINIÃO

Futuro do Minhocão passa por incertezas Com seu fim tido como próximo, o Elevado alterna entre propostas de demolição ou transformação em parque linear Depois de quase 50 anos cortando a paisagem urbana da região central paulista como um dos maiores exemplos da “engenharia bruta”, o elevado Costa e Silva - mais conhecido como “Minhocão” - pode estar com seus dias contados. O novo Plano Diretor, sancionado pelo prefeito Fernando Haddad, prevê a desativação do complexo enquanto passagem viária, o que põe em pauta o debate sobre o que deve ser feito com a área do elevado uma vez que este deixe de funcionar por completo. Da total demolição do elevado à sua transformação em um parque, grupos de opiniões divergentes têm debatido sobre o futuro da região e os impactos sociais e econômicos que cada medida pode trazer. “Acreditamos na possibilidade de transformar a estrutura em um parque linear com custo semelhante a demolição”, afirma Fernando Serapião, membro da Associação Parque Minhocão, associação sem fins lucrativos que tem como objetivo implantar um parque municipal linear no Elevado. Ao transformar o Minhocão em um parque elevado com ciclovia, criando um espaço público de lazer, reafirma-se a ideia de que a cidade deve ser feita “para pessoas” e não “para carros”. Segundo Fernando, há quase 25 anos o Elevado Costa e Silva já é utilizado pela população como área de lazer, para andar de bicicletas, caminhar ou correr, desde que a gestão Luiza Erundina fechou-o durante as noites e domingos. “Em outras palavras, ele já é um parque. Mas, com uma transformação, poderia tornar-se muito mais confortável, tanto para os usuários quanto para os moradores que vivem em frente a estrutura”, explica. O parque seria então um símbolo de uma cidade nova, mais humana, que “prioriza o ser humano – e não a máquina -, e consegue transformar suas cicatrizes em algo posi-

4

tivo para sua história”. Embora a ideia do parque seja positiva na teoria, ainda há muito a se pensar antes de colocar o plano em prática. “A transformação em parque é uma alternativa interessante, mas também deve ser acompanhada de um projeto de ocupação crível. Essa opção é menos dispendiosa na sua implantação imediata, mas o custo de manutenção de um parque não é pequeno. Alguns moradores da região temem essa solução e é preciso considerá-los na análise de viabilidade dos projetos”, explica o professor da Faculdade de Economia e Administração da USP André Chagas. Em outras palavras, é preciso refletir sobre os impactos que a criação do parque poderiam trazer à região - bem como a viabilidade financeira do setor público em bancá-la. Um dos primeiros fatores a ser pensado neste caso é a valorização dos imóveis nas áreas ao redor do elevado. “Caso a demolição venha acompanhada de um aumento de engarra-

Jornal do Campus | 430 | setembro de 2014 | segunda quinzena

famento, ou caso o parque não receba os cuidados devidos, e fique abandonado com o passar do tempo, não é de se esperar por valorização dos imóveis atuais”, explica o professor, “assim, assumindo que os imóveis se valorizem, o aumento no custo da terra (aluguel) poderá implicar em uma mudança no padrão de moradores locais”. Os custos No que se refere aos custos da empreitada, seria preciso um debate aprofundado com a Prefeitura de São Paulo para o acerto de contas. “Uma parte do financiamento poderia vir de um expediente nunca utilizado no Brasil, que se chama “contribuição de melhoria”. Os proprietários de imóveis na localidade poderiam pagar um imposto proporcional ao incremento de sua riqueza, representada pela valorização do imóvel. Implementar essa taxa, no entanto, é complicado, tendo em vista nossa atual jurisprudência”, explica André.

Outra alternativa mencionada pelo professor como uma saída para o acerto de contas seriam as chamadas “operações urbanas”. Por meio delas, o poder público dimensiona o potencial de construção do local e investidores adquirem direitos de construção (Cepac). “Algo similar foi feito na operação urbana “Faria Lima”. É com esses recursos que a Prefeitura está revitalizando o Largo da Batata, construiu os túneis que cruzam a Rebouças, Cidade Jardim, dentre outras obras”, completa. Com o investimento na área, a eventual valorização dos imóveis não afetaria negativamente os moradores de apartamentos alugados na área? “Estamos conscientes da possível valorização dos imóveis na região. Por isso, imaginamos ser necessário a participação neste processo da Secretaria Municipal da Habitação para que a população de baixa renda não seja expulsa da região devido ao possível aumento dos aluguéis”, pontua Fernando. É importante lembrar que o projeto da Associação Amigos do Parque Minhocão ainda não está completo, uma vez que o grupo acredita que os usos do parque devam ser propostos pela própria comunidade, elegendo a melhor proposta entre arquitetos interessados por meio de um concurso, para que todos os lados da questão sejam contemplados. Independente de seu futuro, o Minhocão como complexo viário está, sim, com seus dias contados. A cultura “carro-cêntrica” da sociedade paulista atual deve encontrar cada vez mais desafios para superar as mudanças na mobilidade e na paisagem urbanas, na medida que o governo e a própria população encontrem meios mais eficientes e menos danosos ao ambiente para se locomover. Por Ana Carla Bermúdez e Maria Alice Gregory


CULTURA

Greve faz diretor da Brasiliana renunciar Apesar de ser a favor da paralisação, Carlos Guilherme Mota condena os piquetes que fecharam a Biblioteca Brasiliana

Agenda Cultural 23/9 - 7/12: • Exposição “Operação Con-

dor”, do fotógrafo português João Pina. Entrada gratuita. Terça a sábado das 10h às 19; sábados, domingos e feriados das 11h às 18h, no Paço das Artes. Avenida da Universidade, 1.

20/9 - 22/2/15: • Exposição “Indústria, de-

sign, publicidade, arquitetura e arte na obra de Hans Gunter Flieg”. Entrada gratuita. Terça das 10h às 21h; quarta a domingo das 10h às 18h, no MAC USP. Avenida Pedro Álvares Cabral, 1301.

nos paga. Mas começa a haver uma reação, no sentido da renovação”. O acadêmico culpa a gestão de João Grandino Rodas (reitor anterior) pela “pesadíssima herança” de “gastos monumentais” e a gestão do atual reitor, Marco Antônio Zago, por não deixar claras as medidas administrativas que minimizam os efeitos da inflação e refletem nos salários dos funcionários. Mota já havia se posicionado formalmente contra os piquetes e o fechamento da biblioteca por meio de carta enviada aos funcionários da BBM em 20 de agosto. Ele questiona: “como pode um Diretor não ter acesso à sua sala, para assinar documentos relativos a compromissos com prazos inexoráveis?”. Nova direção O cargo de direção agora é ocupado por Sandra Vasconcelos, que também é professora titular da FFLCH (Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas), representante dos professores titulares na congregação da Faculdade, e curadora dos fundos João Guimarães Rosa no IEB (Instituto de Estudos Brasileiros). Sandra já fazia parte do Comitê Acadêmico da BBM e foi nomeada, em 30 de agosto, pela Pró-Reitoria de Cultura e Extensão, que, por meio de diálogo com o Sintusp (Sindicato dos Trabalhadores da USP), conseguiu que o piquete fosse

retirado para que a nova diretora tivesse acesso a sua sala, ainda que a biblioteca continue sem realizar o atendimento ao público. A professora se diz a favor da greve como direito, que tem motivos justos, mas afirma que “piquete não me convence, é simbolicamente agressivo”. Ela também lamenta que as salas da FFLCH estejam todas fechadas, uma vez que, para ela, a greve não deve afastar as pessoas, mas chamá-las para o diálogo. Sandra comenta a intenção de ter uma reunião de apresentação e diálogo com os funcionários da BBM,

não apenas para que eles possam conhecê-la, mas também para ajustar o trabalho. Ela aponta que, dentre seus planos, estão o desejo de elaborar acordos com instituições nacionais e internacionais, como a Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro, a British Library, o King’s College e a Brown University. Existem eventos sendo organizados pela BBM com representantes dessas instituições, mas ainda sem data definida. Confira na íntegra da carta em: http://ow.ly/BzDUX por João Paulo Freire JOÃO PAULO FREIRE

No último dia 29, o ex-diretor da Biblioteca Brasiliana Mindlin (BBM), professor Carlos Guilherme Mota, distribuiu uma carta entre colegas como pedido de demissão do cargo que ocupava desde fevereiro deste ano. Ele defende que “bibliotecas não devem entrar em greve”. No documento, Mota se posiciona a favor da paralisação, mas contra os métodos utilizados para impedir o funcionamento dos prédios da USP, como os piquetes que bloquearam a entrada da BBM. O acadêmico já havia afirmado numa carta anterior que “sobre a greve, estou de acordo, mas não com seus métodos, que considero bárbaros. No caso de bibliotecas, considero que devem permanecer em funcionamento, pois muitos pesquisadores com prazos a cumprir delas dependem. Nem durante a ditadura foram fechadas!”. O historiador lamenta a “falta de mentalidade institucional dos funcionários” e reconhece o apoio e liberdade que teve a partir da Pró-Reitoria de Cultura e Extensão, à qual a biblioteca está subordinada, para implementar algumas políticas durante a sua gestão. “Acho que as lideranças sindicais e docentes não evoluíram nos últimos 30 anos. São as mesmas, só que envelhecidas, desatualizadas. O que afasta ainda mais a USP de seus docentes e da própria sociedade que

Avisos na porta da Brasiliana informam que o atendimento está suspenso

Cinusp não participa de festivais Eventos foram cancelados por causa de piquetes que fecham o prédio desde 28 de julho O Cinusp Paulo Emílio deixou de participar de festivais importantes de cinema em decorrência de piquetes no espaço por causa da greve de servidores da USP. Foram canceladas as participações no Festival Latino-Americano de São Paulo, no Festival Internacional de Curtas e na Mostra Cinema Futebol Clube. O local está fechado desde 28 de julho. Embora o Cinusp tenha exibido mostras que abordavam temas como sindicalismo, condições de trabalho e mobilização política, o

funcionamento do local foi suspenso por tempo indeterminado. As últimas exibições, que aconteceram em julho, foram “Greve” e “Greve Animada”, a primeira realizada a pedido do Sintusp (Sindicato dos Trabalhadores da USP) e a última dedicada a filmes de animação em decorrência do período de férias. Na programação, estavam longas como “Peões”, “Eles não usam Black-tie”, “Frozen: uma aventura congelante” e “Wood & Stock: sexo, orégano e rock‘n roll”.

Há a suspeita de que o piquete (posteriormente retirado) tenha sido feito para evitar o corte de ponto de funcionários, uma vez que em uma das colmeias ao lado do Cinusp funciona um departamento de recursos humanos. A diretora do espaço, Patrícia Moran, afirma que os funcionários do Cinusp estão trabalhando no planejamento de mostras futuras, mas decidiu não enfrentar a decisão do sindicato. por João Paulo Freire

Jornal do Campus | 430 | setembro de 2014 | segunda quinzena

5


UNIVERSIDADE

Odontologia paralisa suas atividades Decisão é protesto contra a recente desvinculação do HRAC e outras mudanças previstas pelo Conselho Universitário CENTRO ACADÊMICO XXV DE JANEIRO

Alunos são contrários à passagem do Hospital Universitário para o Estado e à desvinculação do Centrinho vidado o professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU), João Sette Whitaker, autor do texto “A USP não é problema é solução” que desfaz uma série de mitos sobre a crise orçamentária da universidade. Segundo a presidente do Centro Acadêmico XXV de Janeiro, Luísa Dotti, essa série de atividades reflete a tentativa de mostrar para os alunos o que está acontecendo na USP, levando em

CENTRO ACADÊMICO XXV DE JANEIRO

No último dia 4, quinta-feira, a Faculdade de Odontologia (FO-USP) do campus Butantã paralisou suas atividades e fez uma programação especial para os estudantes. Os alunos haviam votado, em assembleia realizada no dia 28 de agosto, pela paralisação das aulas como forma de protesto às medidas tomadas, diante da recente desvinculação do Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais de Bauru (HRAC) e da intenção por parte da reitoria de também desvincular o Hospital Universitário (HU) da Cidade Universitária. O roteiro de atividades foi desenvolvido para fomentar a discussão acerca da atual situação da universidade e da crise que ela enfrenta, além de mostrar insatisfação no que se referia à falta de negociação efetiva por parte da reitoria. O dia começou com um café da manhã, junto com a produção de cartazes para serem levados na passeata que aconteceu logo em seguida, tendo início na FO-USP e seguindo em direção ao HU, para terminar em frente à reitoria. Durante o ato, que contou com o apoio dos funcionários da FO-USP e do HU, o Centro Acadêmico da Odontologia passou um abaixo-assinado contra o corte de pontos por parte da diretoria da faculdade. No decorrer da tarde, foram organizadas rodas de conversa sobre a crise orçamentária da universidade e sobre a desvinculação do HU. Além da presença de alunos do campus de Bauru, as atividades tiveram como con-

Professor da FAU, João Sette Whitaker, em roda de conversa com alunos

6

Jornal do Campus | 430 | setembro de 2014 | segunda quinzena

consideração o fato de que os estudantes da FO demandaram um certo tempo para se mobilizar. Apesar da atuação estudantil que vem se fortalecendo na unidade e que se manifesta solidária à posição dos trabalhadores, os professores não se posicionaram quanto à greve das categorias. Já em Bauru, o dia da paralisação planejada pelos alunos teve que ser postergado. Com a intenção de realizar atividades no centrinho (HRAC), os estudantes enviaram um ofício à direção da clínica, solicitando a utilização dos espaços da faculdade para as atividades. Com o pedido negado pela Direção, uma nova paralisação com ato foi marcada para a terça-feira (16), data da audiência pública que discutiu um projeto de lei de veta a desvinculação do HRAC. Segundo Thiago DeRubeis, estudante de Odontologia em Bauru e colaborador do Cen-

tro Acadêmico XVII de Maio, agora os alunos estão conseguindo o apoio de professores e a adesão à mobilização está grande. Contudo, apesar da realização de oficinas e atividades durante a semana, os movimentos têm sido mais cautelosos por conta da ação violenta da Polícia Militar no campus. Outra paralisação já havia acontecido em maio desse ano na FO-USP. O dia, entretanto, só havia contado com atividades de debate, estando presentes representantes do Diretório Central dos Estudantes da USP (DCE) e do corpo docente da Odontologia, além de Magno de Carvalho do Sintusp. O atual reitor, Marco Antonio Zago, também apareceu durante a paralisação, para realizar uma espécie de assembleia com os alunos, respondendo às dúvidas dos estudantes. por Carolina Shimoda


UNIVERSIDADE

MAE planeja introduzir curso de graduação Museu espera aval da Reitoria para lançar formação integral em Arqueologia, que deve ser a primeira do estado Um curso de graduação em Arqueologia, oferecido pelo Museu de Arqueologia e Etnologia (MAE), aguarda a aprovação do reitor Marco Antonio Zago para começar a ser ministrado em São Paulo. Com uma carga horária prevista de 3.810 horas, a graduação propõe admitir um caráter menos técnico, visando formar pesquisadores com uma ampla e sólida base científica. A grade do curso, que seria o primeiro do estado, contém disciplinas oferecidas por outras unidades da Universidade de São Paulo, como a Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) e os Institutos de Biociências (IB) e Geociências (IGc). Para Astolfo Araujo, presidente da Comissão de Graduação do MAE, a integração do curso com outras unidades é mandatória. “Muitos dos problemas têm que ser tratados levando em conta questões físicas e químicas e, finalmente, os dados têm que ter um tratamento estatístico”, aponta. O curso prevê trabalhos de campo em que os alunos teriam a oportunidade de escavar em sítios de vários períodos. “A USP em si não tem nenhum sítio arqueoló-

Não há previsão para o início do curso, já que o processo depende do aval da Reitoria. A proposta é que a ele tenha 5 anos de duração, em tempo integral, e que sejam oferecidas 25 vagas no início. Atualmente, o MAE conta com um curso de pós-graduação e disciplinas optativas na área. Saiba mais em www.jornaldocampus.usp.br.

gico conhecido, mas aposto que existem sítios nos diversos campi do interior, é só uma questão de procurar”, afirma o professor. Ações de cooperação internacional do MAE também se estenderiam à graduação.Vários alunos

brasileiros foram levados para escavações e para aprender o restauro de materiais arqueológicos por um dos professores visitantes do museu, Fabio Parenti, que é diretor de um centro de estudos de pré-história na Itália.

Arqueologia no Brasil A pesquisa arqueológica brasileira é recente. Os primeiros arqueólogos, formados no exterior, começaram a atuar no Brasil no final da década de 60. Apesar do número de profissionais ter crescido bastante, ainda é muito pequeno em relação a outros países. Segundo o arqueólogo Guilherme Mongeló, o Brasil tem cadastrados no Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional mais de 18 mil sitios arqueológicos, mas esse número deve ser bem maior já que o sistema está muito defasado. “Só para se ter uma ideia, estou em campo agora e em 4 dias catalogamos mais 3 sítios novos.” por Helena Rodrigues

Atividades no IME debatem crise na USP Em assembleia realizada no dia 27 de agosto, os estudantes do Instituto de Matemática e Estatística (IME) votaram uma paralisação para os dias primeiro e dois de setembro, em que os alunos seriam convidados a substituir as aulas por momentos de debate e esclarecimento em relação à greve e à crise orçamentária da USP. Em ambos os dias, houve grupos de discussão com professores e funcionários, além de rodas de conversa entre os estudantes e assembleias das turmas matutinas e noturnas separadamente. Uma paralisação marcante, por ter sido a primeira em muitos anos e por ter passado em assembleia, ela se focou no caráter convidativo. A segunda-feira começou com um

café da manhã que tentava atrair os alunos aos debates que aconteceriam logo em seguida. Da mesma forma, aconteceu um café da tarde, antes das outras rodas de discussão. Professores e funcionários foram chamados para participar, como uma forma de parceria, do primeiro dia de atividades, que foi praticamente todo dedicado aos esclarecimentos sobre pautas da greve das categorias. “A diretoria também apoiou, forneceu microfones e elogiou a iniciativa”, conta Thiago Alves Barbosa, diretor do Centro Acadêmico da Matemática (Camat). Apesar da proposta de paralisação ter sido aprovada em assembleia e ido ao encontro das concessões da diretoria, ela deixou muitos estudantes descontentes,

os quais compareceram em peso para votar por não greve em duas outras assembleias realizadas no segundo dia. Até pela ausência de piquetes - que também foram votados na assembleia do dia 27, as aulas ocorreram normalmente durante a paralisação, com exceção das disciplinas cujos docentes estão declaradamente em greve e sem dar nenhuma aula. A posição do Camat é de que essa foi a forma de paralisação que cabia no momento e na realidade do instituto. Procurou-se aproximar os alunos de pautas mais sensíveis a eles, como o corte de bolsas e a questão da permanência estudantil, que têm ligação direta com a crise financeira da universidade, já que grande parte dos estudantes não dava tanta

atenção ao que vem acontecendo e às reivindicações das categorias. Mesmo assim, o balanço geral que o centro acadêmico faz das atividades que organizaram é positivo. “Os alunos saíram mais esclarecidos e mais motivados a participar”, afirma Thiago. Com isso, a entidade já tem em mente outras iniciativas de debate. Além de já terem convidado o diretor da unidade para falar sobre crise e transparência na universidade, chefes de departamento também serão chamados para participar de próximos encontros. Na unidade, são cerca de 15 os professores em greve, e apenas três funcionários pararam de realizar suas funções. por Carolina Shimoda

Jornal do Campus | 430 | setembro de 2014 | segunda quinzena

7


UNIVERSIDADE

Categorias conduzem greve histórica Durante mais de 100 dias paralisados, funcionários e professores constroem cenário de pressão contra as medidas de Zago Desde o fim de maio, funcionários, professores e alunos da Universidade de São Paulo estão em greve contra o plano de corte de gastos implantado pelo atual reitor Marco Antonio Zago, que continha a promessa de congelar os salários de docentes e servidores. Como justificativa, Zago coloca o rombo financeiro no qual a Universidade se encontra, dizendo ainda que o gasto com a classe trabalhadora absorveria mais do que 100% do orçamento, dados não comprovados pelo livro de contas da Universidade, que permanece obscuro. Em mais de 100 dias de greve, os grupos paralisados buscaram um di-

8

álogo com a Reitoria, que se negava a discutir uma mudança de posicionamento. A partir daí, vieram novas formas de pressionar a direção da Universidade e chamar atenção para a reivindicação. O Centro de Práticas Esportivas da USP (CEPE) teve sua entrada bloqueada por vários dias, forçando a Feira de Profissões, que ocorreria no local a ser transferida. Assim como o CEPE, a Reitoria também teve sua entrada bloqueada e um acampamento foi levantado em frente, com diversos cartazes colocados com palavras de ordem contrárias a precarização da Universidade e pedindo negociação contra o 0% de abono salarial.

Fortalecendo ainda mais a greve, o Hospital Universitário (HU) aderiu a ela pela primeira vez em 19 anos, tendo em vista o plano da Reitoria de desvincular o HU e o Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais de Bauru (HRAC) da USP e passá-los para a administração da Secretaria Estadual de Saúde. Em reunião do Conselho Univesitário (CO) no dia 26 de agosto, a proposta do HRAC foi aprovada e a do HU foi adiada pelo prazo de 30 dias. Enquanto o Conselho acontecia, estudantes e funcionários aguardavam, em ato, do lado de fora, protestando contra essas medidas.

No início de setembro, em reunião do Cruesp (Conselho de Reitores das Universidades Estaduais Paulistas) com o Fórum das Seis, articulação que coordena os sindicatos de docentes e de funcionários técnico-administrativos, as Reitorias da Universidade Estadual Paulista (Unesp) e da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) fizeram uma proposta de abono salarial de 28,6%, aceita pelos servidores. Zago postergou a negociação até que o CO se reunisse, o que ocorreu na última terça-feira, 16, quando o abono salarial foi aprovado. por Ana Luisa Abdalla

27 de maio

30 de julho

31 de julho

3 de agosto

5 de agosto

20 de agosto

21 de agosto

24 de

Início da greve nas estaduais após proposta do CRUESP (Conselho de Reitores das Universidades Estaduais Paulistas) de 0% de reajuste e congelamento de salário

Funcionários da USP montam acampamento em frente ao Centro de Práticas Esportivas (Cepe) da USP, onde ocorreria a Feira de Profissões entre os dias 7 e 9 de agosto

Professores da Unicamp suspendem greve após negociação com Reitoria; - USP corta ponto dos servidores

Polícia Militar faz a reintegração do Cepe-USP, mas Feira de Profissões muda de local

Funcionários da USP montam acampamento em frente ao prédio da Reitoria

Trancaço feito por funcionários (Sintusp) e estudantes nos principais portões da Universidade é reprimido pela Polícia Militar; - Audiência de conciliação com os funcionários da Universidade de São Paulo (USP), marcada pela Justiça do Trabalho, termina sem acordo.

Ato das três universidades estaduais até o Palácio dos Bandeirantes

Reintegra Reitoria fe Polícia Mi exigindo entradas fossem desbloqu

Jornal do Campus | 430 | setembro de 2014 | segunda quinzena


UNIVERSIDADE

Depois de longa greve, abono é aprovado Após extensas negociações, Conselho Universitário aprova exigência de funcionários e docentes por abono salarial de 28,6% Em reunião do Cruesp (Conselho de Reitores das Universidades Estaduais Paulistas) no último dia 9, terça-feira, foi reiterada a proposta de reajuste salarial dos servidores em 5,2%, divididos em duas parcelas (ambas de 2,57%, sendo a primeira em setembro e a segunda em dezembro), além de abono de 28,6% referente ao reajuste retroativo à data-base, o mês de maio deste ano. Marilza Vieira Cunha Rudge, presidente do Cruesp, afirmou em comunicado oficial à comunidade USP que o pagamento de abono seria definido no âmbito de cada universidade, devido a caracterís-

agosto 26 de agosto

ação da eita pela ilitar, que as do prédio

ueadas

Conselho Universitário vota pela desvinculação do HRAC (Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais) localizado em Bauru para a Secretaria Estadual de Saúde, e adia decisão de desvinculação do Hospital Universitário

ticas e condições financeiras distintas. Os reitores da Unesp e da Unicamp aceitaram o pagamento desse abono, mas a reitoria da USP alegou não saber se era possível dar o reajuste retroativo, adiando sua resposta para a próxima reunião de conciliação no TRT (Tribunal Regional do Trabalho), nessa quarta-feira (17). O assunto também foi discutido em reunião do Conselho Universitário (CO) na última terça-feira (16), onde se decidiu onde por aprovar o abono somado ao reajuste salarial propostos pelo TRT. A posição também será levada para a reunião de conciliação.

Outro ponto importante para o encerramento da greve na Universidade é a reposição das horas de trabalho durante a paralisação. Os funcionários exigem que cada unidade defina a melhor forma de repor o trabalho, sem a necessidade de horas-extras. A Reitoria se manifestou contrariamente a essa medida, pedindo a reposição do tempo parado. Para os trabalhadores isso é absurdo, uma vez que seriam necessários 13,5 anos para repor os 105 dias de paralisação. Diante disso, os funcionários da USP decidiram, em assembleia realizada na quarta-feira (10), manter a paralisação, que já dura

mais de 100 dias. Docentes da Unesp indicaram o fim da greve para o dia 22, porém aguardam definição sobre a reposição das aulas. Os funcionários da Unesp esperam por assembleias em todos os campi para, então, declarar uma posição oficial. Os professores da Unicamp, reunidos em assembleia no último dia 11, publicaram uma moção ao CO da USP para que seja concedido o abono salarial e preservada a isonomia entre as três universidades de São Paulo. por Sara Baptista e Pedro Passos

2 de setembro 3 de setembro

9 de setembro

10 de setembro

16 de setembro

Conselho Universitário se reúne no Ipen (Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares). São aprovados o Plano de Demissão Voluntária (PDV) e a proposta de reajuste salarial de 5,2%

Reunião do CRUESP com o Fórum das Seis → Proposta não é aceita pelo Fórum das Seis, que faz uma contraproposta, também não aceita

Unesp e Unicamp aceitam proposta de abono salarial de 28,6%. USP aguarda reunião de C.O para fazer a proposta.

Conselho Universitário aprova abono salarial de 28,6% para servidores

Reunião do CRUESP com o Fórum das Seis (articulação que coordena os sindicatos de docentes e os de funcionários técnico-administrativos) → Proposta dos reitores de reajuste de 5,2% em duas parcelas de 2,7% (a serem pagas em outubro e janeiro)

Jornal do Campus | 430 | setembro de 2014 | segunda quinzena

9


UNIVERSIDADE SARA BAPTISTA

Obras comprometem atividades na FAU Reforma já causou transferência de aulas e interdições no edifício; alunos buscam saídas para não afetar formação Na segunda-feira (15), estudantes da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) encontraram o andar térreo do prédio (piso Caramelo) cercado por lonas que cobriam o teto há alguns anos, por conta do risco de desabamento. Essa foi mais uma dificuldade que os alunos da unidade tiveram de enfrentar por conta de uma reforma que é responsável por problemas como bloqueio de espaços e cancelamento de aulas. Depois de reclamações dos estudantes, as lonas que cercavam o piso Caramelo foram retiradas. Mais tarde, no mesmo dia, eles se depararam com tapumes que seriam colocados ao redor do piso, mas novamente, sob protestos dos alunos, os planos de isolamento foram adiados. Os alunos e os funcionários foram liberados em função da poeira excessiva. Durante a semana retrasada, a reforma no prédio da FAU já havia avançado para um estágio

que, segundo o GFAU (grêmio dos estudantes da unidade), não estava previsto, com a interdição do andar AI (espaço de estudos onde, antes da greve, havia aulas). O fechamento do andar foi pautado em algumas reuniões e, em troca, seriam liberadas três salas de aula. Contrariando os apontamentos de que elas não seriam suficientes seria necessário liberar também um estúdio -, o AI foi fechado e as salas liberadas foram entregues sem que estivessem finalizadas. Desde 2009, o edifício passa por reformas que não foram concluídas. No ano passado, iniciaram-se as obras na cobertura do prédio, e muitas questões sobre a permanência das atividades no edifício foram levantadas. Em reunião da Congregação em junho desse ano, decidiu-se que as atividades acadêmicas continuariam a ser realizadas na FAU, ainda que fosse necessário que acontecessem em locais alternativos, como o

Lonas e telas cobrem paredes da unidade, em reforma desde 2009 outros lugares, como atesta Mário Campos, proprietário da papelaria. A estudante de arquitetura Gabriella de Biaggi afirma que o edifício está ligado ao projeto pedagógico dos cursos e abriga espaços - como os estúdios - dos quais eles não disporiam em outras unidades da USP. Ela também ressalta a importância do prédio como um local de encontro e articulação dos estudantes. “O edifício da FAU possibilita coisas que seriam impossíveis de encontrar em qualquer outro lugar”. Na opinião do arquiteto João Alberto Zocchio, a reforma do prédio é um momento único que os estudantes têm que aproveitar para perceber aspectos pouco abordados na grade curricular de Arquitetura, como os administrativos, de projeto, planejamento de obra, acompanhamento e fiscalização. Formado em 1983, João passou por duas reformas no edifício enquanto era estudante e, para ele, as obras possibilitam certa vivência das condições de trabalho na construção civil. Segundo a diretoria, as obras seguem o cronograma estabelecido em contrato. Em junho, a previsão de término das obras era o fim deste ano, mas circula a informação não confirmada de que o fim seria em janeiro. A comunidade fauana está descrente de ambas as datas. Na quarta-feira (17), acontece uma reunião aberta de esclarecimentos sobre a reforma.

Nas últimas três semanas, obras se estenderam para o piso Caramelo e o andar A1 do prédio da FAU

por Sara Baptista

SARA BAPTISTA

piso do museu e o piso Caramelo. A aluna Andressa Romero afirma que mais de cinco disciplinas foram ministradas em outras unidades. Depois de passar o primeiro semestre brigando pela permanência, os alunos se veem novamente nesse impasse, já que a saída do prédio não afetaria só a formação dos estudantes. A lanchonete, a xerox, a papelaria e a livraria tiveram suas vendas muito prejudicadas no período de greve em função da ausência dos alunos, e temem não conseguir se manter no local em caso de transferência das aulas para

10

Jornal do Campus | 430 | setembro de 2014 | segunda quinzena


UNIVERSIDADE

Com a greve, lixo se acumula pelo campus HELENA RODRIGUES

No Crusp, o problema é anterior à paralisação dos funcionários e o descarte indevido, que acontece desde março, atrai pragas está comprometido devido ao bloqueio que impede o acesso ao prédio da PUSP-C.”

Em diversos pontos da Cidade Universitária tem sido possível ver lixo transbordando pelas lixeiras ou mesmo acumulado em sacos plásticos nas calçadas. O Campus USP da Capital (Cidade Universitária, EACH e Unidades do Quadrilátero Saúde-Direito) se enquadra na Lei Municipal nº 14973/09 como grande gerador. Por isso, o campus é responsável pela gestão de seus próprios resíduos. Assim, a coleta, transporte, tratamento e destinação final de resíduos comuns, orgânicos,

rejeitos e materiais recicláveis são efetuados por empresas especializadas contratadas pela USP. A Prefeitura do Campus (PUSP-C) explica que as atividades de coleta dos resíduos descartados em vias, pontos de ônibus e lixeiras tubulares está interrompida desde 27 de maio, início da greve em que participam os funcionários da Seção de Resíduos da PUSP-C. “Está em andamento uma licitação para contratação de serviços também especializados, mas seu andamento também

por Helena Rodrigues DIMITRIUS PULVIRENTI

Lotado de entulhos, “Bosque do Chicão” se assemelha a terreno baldio

Lixo no Crusp O problema é ainda mais grave no Crusp, onde os moradores reclamam do acúmulo de lixo entre os Blocos A1 e B desde março deste ano. A princípio, a Prefeitura do Campus colocou ali duas caçambas para descarte de resíduos vegetais provenientes da manutenção de áreas verdes da Cidade Universitária. Fernando Rocha, morador do Bloco B, enviou reclamações a diversos órgãos da universidade e recebeu como resposta que o local era ponto logístico do Serviço de Gestão Ambiental da Prefeitura do Campus e que estavam em avaliação mudanças no processo de gestão dos resíduos, bem como a adoção de novas áreas para estas caçambas. Os moradores fizeram ato no dia 21 de maio exigindo que as caçambas fossem retiradas, o que aconteceu na semana do dia 1º de junho. Porém, o lixo continuou sendo deixado ali e causando problemas, como o surgimento de roedores e pragas. Não se trata somente de resíduos provenientes de poda, mas também “tem pneus, colchões e sacos pretos, que eu não sei o que têm. Tem muito lixo entre o bloco A1 e B”, explica Fernando que já viu até caminhões descarregarem lixo no local. Entramos em contato com a Prefeitura do Campus que nos informou que a coleta de lixo no Crusp ocorre de segunda a sábado e que o município recolhe semanalmente o lixo reciclável deixado nas “Cycleias”, mas que com o fim da greve a PUSP-C deve implementar a coleta de recicláveis na moradia. A Prefeitura disse ter conhecimento desde antes do início da greve do que chama de “descartes clandestinos de resíduos inservíveis e restos vegetais” na região do Conjunto Residencial da USP e classifica a prática como “ações

predatórias e manejo inadequado de resíduos”. O problema é agravado pela interrupção dos serviços da Seção de Controle de Vetores, a manipulação dos sacos por catadores informais, a baixa qualidade dos sacos, que rasgam ao ser recolhidos, o clandestino de lixo na área, tornando-a um “ponto viciado de descarte de resíduos” e o acúmulo de embalagens plásticas provenientes de atividades físicas e de lazer no entorno do Crusp, Praça do Relógio e Avenida da Raia. Em carta enviada à redação com respostas a nossos questionamentos, a Prefeitura do Campus enfatiza que os aspectos acima apontados “têm sido documentados, discutidos e encaminhados junto às instâncias e outros agentes (SAS, Crusp, Sup. de Segurança, outros) no sentido de buscarmos orientar as Unidades e satisfazer as demandas e necessidades do Campus.” (Íntegra da carta se encontra no site do Jornal do Campus).

Depósitos não comportam dejetos

Jornal do Campus | 430 | setembro de 2014 | segunda quinzena

11


EM PAUTA

Bicicletas viram prioridade para Haddad Meta é inaugurar 400 km de ciclovias até dezembro de 2015, mas nem todos os paulistanos estão satisfeitos com a decisão

Moradores de Higienópolis afirmam perda de vagas para estacionamento... BRENO FRANÇA

12

BRENO FRANÇA

O prefeito Fernando Haddad venceu as eleições para a prefeitura de São Paulo com a promessa de priorizar os meios alternativos de transporte. Quase dois anos depois da disputa, a prefeitura já implantou 355 km de novas faixas e corredores exclusivos de ônibus na cidade. A meta da secretaria municipal de transportes da atual gestão é construir 400 km de ciclovias e ciclofaixas até o final do mandato, em 2016. Porém, essa determinação não agrada a todos os paulistanos. Internamente, o secretário de transportes da capital, Jilmar Tatto, admite que o prazo para a implantação total é dezembro de 2015. Para isso, o cronograma prevê que novos trechos sejam inaugurados toda semana. Mas bastou alguns quilômetros implementados para muitos paulistanos se manifestarem contra e a favor. O trecho de 1,4 km entre a praça Charles Miller e o parque Buenos Aires, inaugurado em 6 de setembro, foi o que causou maior repercussão. Morador do bairro de Higienópolis, o senador e candidato à vice-presidência na chapa de Aécio Neves, Aloysio Nunes, verbalizou nas redes sociais o que diz ter ouvido de seus vizinhos “Delírio autoritário de Haddad: esparrama ciclofaixas a torto e a direito, provocando revolta nos moradores de Higienópolis”, tweetou o senador. Outros moradores, comerciantes e taxistas manifestaram indignação. Entre as principais reclamações estão a falta de demanda de ciclistas na região, perda de vagas de estacionamento e a dificuldade para realizar carga e descarga de produtos. O taxista, Paulo Carneiro, 40, trabalha no ponto em frente a uma das portas da Fundação Armando Alvares Penteado (FAAP) e reclamou da decisão. “A prefeitura veio, pintou a faixa e só no dia seguinte nos comunicou que teríamos que mudar de ponto. Eu fui até lá saber se tinha como mudar o lado da rua onde nós ficamos e eles disseram que não. Falaram que se a gente estivesse insatisfeito podíamos sair do local”, relatou.

... e veículos de carga na região, que não possuem locais para descarregamento A insatisfação dos moradores da região com as obras de transporte na cidade já causou polêmicas em outras ocasiões. Em 2011, liderado pela Associação Defenda Higienópolis, um abaixo-assinado conseguiu evitar que uma estação da linha 6 - Laranja do metrô fosse construída na Avenida Angélica. O marco da polêmica foi a declaração de que a estação atrairia ‘gente diferenciada’ ao bairro. O trecho entre as ruas Piauí, Armando Penteado e Itatiara faz parte dos 58,3 km entregues pela prefeitura desde junho. Antes, São Paulo contava com 60 km de vias cicloviárias, o que representava 0,4% do total de vias destinadas aos carros na cidade. A medida da prefeitura deve colocar a capital paulista no topo do ranking nacional de ciclovias. Atualmente, o Rio de Janeiro é lider do quesito

Jornal do Campus | 430 | setembro de 2014 | segunda quinzena

com 240 km em funcionamento, mas se comparados a outras capitais pelo mundo as metrópoles brasileiras ainda estão bem atrás. Segundo levantamento da prefeitura, Berlim é a líder mundial no quesito ciclovias. Atualmente a cidade alemã conta com 750 km de vias cicloviárias. Em seguida vem Nova Iorque, com 675, e Amsterdã - famosa por suas bicicletas - com 400 km. No Brasil, dados de março revelam que Rio Branco, no Acre, tem a melhor infraestrutura para os ciclistas tanto em proporção de vias adaptadas relativas às vias de carro quanto na relação de habitante por quilômetro de ciclovia. São Paulo, por sua vez, estava na quinta posição no número de quilômetros existentes, mas só na 19ª colocação entre as 26 capitais na relação hab/km. O projeto que deve custar R$ 80 milhões aos cofres da prefeitura vai

adequar 2,3% das vias paulistanas ao uso de bicicletas, ou seja, o custo médio por quilômetro de ciclovia será de R$ 200 mil. Do total, R$ 15 milhões devem ser destinados à construção da ciclovia no canteiro central da Avenida Paulista que tem cronograma para começar em janeiro e terminar em junho de 2015. Apesar de ser considerada por ciclistas a via topograficamente ideal para receber uma ciclovia na região, o projeto também encontra resistência de adversários políticos de Haddad. O vereador Andrea Matarazzo (PSDB) declarou recentemente que “é preciso estudo técnico para que ela [a ciclovia da Paulista] seja criada. Não pode ser essa panaceia, em que se faz tudo para os ciclistas e se esquece dos carros”. Apesar da resistência inicial à nova política, a prefeitura segue firme com sua decisão porque já esperava uma repercussão negativa no começo. No mês passado, a vice-prefeita, Nádia Campeão, e alguns secretários da cidade foram à Nova Iorque conhecer o modelo de implementação de ciclovias adotado na cidade americana. Lá, a ex-diretora do Departamento de Transportes, Jannete Sadik-Khan, implementou 450 quilômetros de vias adaptadas para bicicletas em seis anos. Depois de muitas reclamações, uma pesquisa organizada pelo jornal “The New York Times” revelou que no ano passado 64% dos cidadãos nova-iorquinos apoiavam a decisão. O ciclista Vilton Moreira, 25, que passava pela ciclofaixa afirmou que as condições melhoraram bastante. “Eu trabalho aqui há cerca de cinco anos e sempre vim de bicicleta. Antes as condições eram péssimas, agora melhorou uns 90%. Acho que com essa iniciativa a tendência é que mais pessoas passem a utilizar bicicletas”. Desde que a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) passou a recolher os dados, o número de acidentes envolvendo bicicletas que resultaram em morte vem caindo. Apesar disso, em 2013 ocorreram 712 acidentes dos quais 35 (4,9%) resultaram em morte. por Breno França


EM PAUTA

Estrutura precária eleva o risco do ebola Patrícia Campos conta que falta de infraestrutura básica é o principal obstáculo para erradicação do surto na África O mundo vive hoje o pior surto de ebola da história, que já infectou mais de 3.062 pessoas e matou mais da metade delas em quatro países: Guiné, Libéria, Serra Leoa e Nigéria. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o crescimento da epidemia relaciona-se com a chegada do vírus às áreas urbanas, onde há maior densidade demográfica e possibilidade de contágio. O ebola é uma doença provocada por um vírus e originária do antigo Zaire, atual República Democrática do Congo. Na época do primeiro surto, em 1976, foram 602 casos e 431 mortes, enquanto os casos posteriores, que eclodiram em 1995, 2000 e 2007, totalizaram mais de 200 mortes por ano. A jornalista e repórter especial da Folha, Patrícia Campos Mello, passou dez dias em Serra Leoa e foi uma das pioneiras da imprensa brasileira a chegar ao epicentro da epidemia. “Desembarquei na capital, Freetown, e depois fui para Kailahun - sede do hospital do Médicos sem Fronteiras (MSF) - e Kenema, onde fica o principal hospital do governo. Ambos estão concentrando e tratando os pacientes infectados pelo ebola”. Para ter acesso às cidades foi necessária a obtenção de um passe, explica ela, já que a região está isolada em um cordão sanitário – técnica medieval de combate a doenças que não era utilizada há quase um século. Patrícia, ao relatar sua experiência, conta que Serra Leoa está vivendo um pânico generalizado: “Há faixas em todos os lugares, as igrejas católicas e evangélicas pregam a salvação e rezas contra o ebola. A todo momento é necessário lavar as mãos com água e cloro”. Segundo ela, a maior dificuldade para erradicar o vírus e quebrar a cadeia de transmissão não está mais na desinformação da população, mas na precariedade de infraestrutura dos países atingidos pela epidemia. “No começo, as pessoas acreditavam que os hospitais e o ‘homem branco’ é que matavam, e isso dificultava o isolamento e tratamento adequado dos pacientes. Muitos doentes eram mantidos em casa, e acabavam por

O VÍRUS

EBOLA PREVENÇÃO Evitar contato direto com sangue, secreções, fluidos corporais, cadáveres ou animais suspeitos de contaminação Evitar relações sexuais com pessoas infectadas ou pacientes em recuperação Isolar pessoas infectadas ou com suspeita de contaminação, até comprovação do diagnóstico Utilizar equipamentos de proteção se o contato for necessário e lavar as mãos com água e sabão ou álcool

TRANSMISSÃO A transmissão ocorre pelo contato com sangue, secreções, fluidos corporais, cadáveres e objetos contaminados. A doença é transmitida através de humanos, morcegos-da-fruta, gorilas, chimpanzés, antílopes.

SINTOMAS Estágio inicial

Estágio intermediário

Estágio final

Febre alta, dor de cabeça, fadiga, falta de apetite e conjuntivite.

Diarréia, náusea, vômito, insuficiência hepática e renal.

Hemorragias internas ou externas e morte.

Como proceder O vírus fica encubado entre 2 e 21 dias. Após 5 testes laboratoriais para confirmar a sua presença, os doentes devem ser isolados.

INFOGRÁFICO: THIAGO QUADROS

infectar a família inteira. Agora, depois da ampla campanha promovida pelos governos locais, MSF, Cruz Vermelha e OMS, a população está mais informada”. No entanto, a dificuldade para alcançar certas regiões é enorme, as estradas quase não existem. Em Kailahun há apenas quatro ambulâncias para 480 mil pessoas, explica a repórter. “O sistema de saúde está sobrecarregado. A única maneira de abreviar

a duração da epidemia é se outros países se mobilizarem para ajudar, enviando médicos, infectologistas, equipamentos e dinheiro”. A epidemia de ebola também tem provocado grande polêmica, relativa tanto à falta de pesquisa por uma vacina ou cura, quanto à utilização das drogas experimentais. De acordo com a jornalista, o problema é que o ebola pertence às chamadas “doenças negligenciadas”, como a

malária e a doença de Chagas. “São doenças que só atingem gente pobre, países subdesenvolvidos. Então, não há interesse da indústria farmacêutica em investir milhões em pesquisa, já que é muito mais rentável investir em remédios para disfunção erétil, câncer ou pressão alta, doenças prevalentes em países desenvolvidos”. Já a questão das drogas experimentais abrange não só o campo econômico, mas também o político. “A droga Zmapp, desenvolvida por uma empresa americana, ainda estava em fase de testes quando foi ministrada em um médico e uma missionária americanos infectados. Surge então um dilema ético: por um lado, é certo distribuir uma droga que não foi testada, não se sabe os efeitos colaterais e pode levar à morte? Por outro, se ela é a única esperança de cura, é certo negá-la?”. Para Patrícia, a discussão perde importância após uma consideração: não há doses suficientes para todos. “Então, na hora de escolher, os americanos receberam a droga, mas o médico Umar Khan, considerado herói nacional por tratar mais de 100 pessoas com ebola, morreu infectado pelo vírus”. Quanto à possibilidade de propagação da doença, inclusive para o Brasil, as autoridades são categóricas: a chance é mínima, e o país está preparado para conter a doença. Em São Paulo, há o chamado Plano de Resposta a uma possível epidemia de ebola, que instrui qualquer pessoa que apresente sintomas a ser imediatamente encaminhada ao Instituto de Infectologia Emílio Ribas. Porém, Patrícia conta que a situação não é exatamente como dizem. “Claro que a possibilidade de uma pessoa infectada vir para cá [Brasil] é muito baixa. Mas, supondo que acontecesse, não há aqui a menor medida de prevenção. Nos aeroportos ninguém mede a temperatura, pergunta de onde você veio. Se eu estivesse contaminada, conseguiria entrar no país tranquilamente, o que é preocupante”, conclui. por Bruna Larotonda

Jornal do Campus | 430 | setembro de 2014 | segunda quinzena

13


CIÊNCIA

Obras tomam espaço de vegetação rara “Museu vivo” prometia preservar cerrado existente dentro da Cidade Universitária, entretanto projeto não saiu do papel Uma brecha na legislação ambiental foi determinante para o desmatamento indiscriminado de espécies raras do cerrado brasileiro encontradas na USP. De acordo com a Lei Municipal n°2964, de abril de 2010, capítulo 1, artigo 3°, apenas árvores são passíveis de preservação. Isso exclui o cerrado, considerando que essa vegetação é composta majoritariamente por pequenos arbustos. Em 2010, o botânico e ambientalista, Ricardo Cardim, mestre em Botânica pela USP, localizou focos de cerrado próximos à Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia (FMVZ) nos arredores da caixa d’água do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB), respectivamente nas unidades I,II e IV. O desmatamento ocorreu em função da construção do Parque dos Museus e do Centro de Convenções. O projeto, orçado em R$ 240 milhões (segundo o boletim USP Destaques nº 18, de 2011), tem aproximadamente 70.000m² e deveria ter sido entregue em 2013. Cardim relata que, após o início das obras, decidiu estudar a região. “Quando descobri aquela relíquia ambiental, fiquei apavorado porque

as escavadeiras as estavam destruindo naquele mesmo momento. Então fotografei com o celular, peguei algumas amostras das plantas e fui para a Reitoria”, relata o botânico. Ao chegar, o pesquisador conta que foi recebido pela Superintendência de Gestão Ambiental, que também mostrou preocupação. “Após uma semana de negociações intensas, conseguimos uma promessa da Universidade de transformar as duas áreas em ‘museus vivos’. Um dos espaços não teria como ser preservado, mas seria transplantado para o ICB”, afirma. No ano seguinte, o então reitor João Grandino Rodas, por meio da portaria n° 5.648, noticiou no boletim USP Destaques nº 61 que diversas áreas nos campi USP foram decretadas como reservas ecológicas. Dentre elas, estavam os dois locais com vegetação do cerrado, cada um com 10.000 m². Ficou no papel Apesar dos acordos, nada do que foi prometido de fato se cumpriu. Os ‘museus vivos’, que deveriam ter sido entregues em dezembro de 2011, ainda não se concretizaram e, segundo o biólogo, cerca de 40% da

área próxima à FMVZ foi devastada. “Destruíram a vegetação com os tratores, isto é, aterraram-na e ainda construíram refeitórios e banheiros provisórios sobre ela”. Segundo Cardim, houve um equívoco em relação ao plantio de compensação. Em nota de 2011, a Reitoria dizia que 65% das plantas do terrenos eram invasoras e exóticas, ou seja, estranhas ao local e que prejudicariam a vegetação de cerrado. Ao todo, seriam 1.592 árvores cortadas a serem compensadas por outras sete mil. Porém, o processo foi feito de forma incorreta. “Plantaram árvores que não têm nada a ver com o cerrado. Elas o matariam por falta de luz, pois ele é uma vegetação de sol”, explica o botânico. Falha na Legislação De acordo com a mesma nota da Reitoria, de 2011, foi firmado um acordo com a Secretaria do Verde e Meio Ambiente de São Paulo (SVMA) “demonstrando que todas as salvaguardas foram cumpridas e a legislação foi respeitada”. O órgão, quando procurado, assegurou que existem dois Termos de Compromisso Ambiental (TCA) regenOTÁVIO NADALETO

do as obras: o 176/11 e o 280/11. Os TCA’s são formas de compensação ambiental para projetos que comprometem o meio ambiente. Segundo a assessoria de imprensa da Secretaria, “a autorização de corte de árvore é emitida pela Secretaria do Verde e do Meio Ambiente depois de feita a análise por um profissional habilitado (engenheiro agrônomo, engenheiro florestal ou biólogo), que iniciam a fiscalização e execução deste termo”. Ambos os Termos estão aguardando vistoria para verificar seus cumprimentos. Por meio de sua assessoria de imprensa, a USP declarou ao jornal “Folha de S. Paulo” em agosto que “a obra foi licenciada dentro da legislação ambiental vigente”. Desta forma, somente espécies com mais de cinco centímetros de diâmetro no tronco (na altura do peito) requerem autorização municipal para sua retirada. Segundo a Universidade, “a vegetação arbustiva não é protegida” pela legislação ambiental. Porém, de acordo com Cardim, o argumento utilizado tanto pela Universidade quanto pela Secretaria não são válidos. Ele explica que a vegetação de cerrado é formada por arbustos e gramíneas, e não por árvores. “Isso não significa que um arbusto não tem o mesmo valor ambiental que uma árvore de 40 metros. E isso está sendo dito pela maior e melhor Universidade do país, o que é um absurdo”, afirma. “O cerrado foi considerado como mato no sentido pejorativo mesmo. Foi considerado área descartável, sem valor ambiental. Isso é uma falha hedionda da legislação. Quando isso parte da Universidade de São Paulo, com um corpo técnico de excelência, não poderia acontecer”, completa. por Otávio Nadaleto

SAIBA MAIS Para ver os boletins e informes citados, acesse: As construções estão próximas ao Portão 3, na Cidade Universitária (Butantã), e os espaços seriam inaugurados em 2013

14

Jornal do Campus | 430 | setembro de 2014 | segunda quinzena

http://ow.ly/BA5UJ


CIÊNCIA

USP testa efeito do canabidiol no sono

A substância, derivada da maconha, pode ser uma alternativa aos atuais medicamentos existentes para tratar insônia (THC), principal responsável pelos efeitos psicoativos da maconha. Essa distinção é bastante marcada pela faculdade, que em julho enviou uma carta aberta à Anvisa, defendendo a reclassificação do canabidiol (que é hoje proibido, e passaria a ser substância de controle especial). No entanto, os professores que assinam a carta destacam a diferença entre o CBD como componente isolado, sem características tóxicas, e a maconha, que contém múltiplos canabinóides, sendo contrários ao uso da mesma.

INFOGRÁFICO: ARTHUR ALEIXO

A Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da USP (FMRP) deu início no final de agosto a um estudo inédito para investigar os efeitos de um dos componentes da maconha, o canabidiol (CBD), na qualidade do sono. Será a primeira pesquisa no mundo a avaliar de modo sistemático como o componente afeta o ciclo normal do sono em voluntários humanos. O canabidiol é uma das 480 substâncias químicas encontradas na planta Cannabis sativa, conhecida como maconha, e estudos recentes têm revelado seu potencial terapêutico contra doenças como epilepsia, Parkinson e transtornos de ansiedade. Alguns deles também sugerem que o CBD possa ter efeitos positivos nos distúrbios do sono. A pesquisa da FMRP, porém, testará o CBD em voluntários sem quaisquer problemas crônicos para dormir. “Para entendermos como o canabidiol funciona nos transtornos do sono, primeiro precisamos entender de que maneira ele atua no sono normal”, explica José Alexandre de Souza Crippa, professor da faculdade e um dos pesquisadores envolvidos. No sono normal, alternamos entre fases de menor atividade cerebral e sono profundo, e fases de “vigília”, nas quais o corpo está parado, mas o cérebro está ativo. É o sono REM (rapid eye movement, movimento rápido dos olhos), no qual acontecem os sonhos. Esse ciclo é chamado de arquitetura do sono, e fica alterado quando alguém tem problemas crônicos para dormir. Os testes buscam entender se o canabidiol traria alguma alteração a essa dinâmica normal, e de que forma isso acontece. Para o estudo, serão avaliados dois grupos de 30 voluntários. Um deles receberá o canabinóide, e o outro um placebo. Cada um dos participantes passará duas noites no hospital: a primeira para que possa se acostumar com o ambiente, de modo que o exame esteja o mais próximo possível dos padrões comuns de sono do indivíduo. Na segunda noite, dependendo do

grupo a que pertence o voluntário, será administrado o canabidiol. O estudo A qualidade do sono é avaliada por toda noite por meio da polissonografia, exame no qual sensores registram a atividade cerebral, ocular (essencial para definir o sono REM), cardíaca e respiratória. “Os pacientes são filmados para registrar agitação e movimentos ao longo do processo. A pessoa também avalia como foi a qualidade de seu sono no dia seguinte, indicando se esteve confortável, se está com energia, e sente-se desperta”, conta Crippa. São ainda levados em conta

os níveis de ansiedade relatados pelos voluntários, assim como o tempo que cada um levou para adormecer, tanto nos casos de administração do canabidiol como do placebo. Até o fechamento dessa edição, aproximadamente doze voluntários já passaram pelo teste. A substância O canabidiol utilizado no teste é semi-sintético, produzido a partir da Cannabis sativa mas modificado em laboratório de maneira a atingir 100% em nível de pureza. Dessa forma, separa-se completamente o CBD de outros componentes da cannabis, em especial o tetrahidrocanabidiol

Alguns efeitos Enquanto o estudo atual é novo em humanos, tanto no Brasil quanto internacionalmente, os testes anteriores, realizados com animais, obtiveram resultados dúbios. Alguns mostraram melhoras na qualidade do sono, enquanto outras pesquisas notaram que a substância levava os animais a acordar mais cedo que seu padrão normal. Definir com mais certeza qual o efeito para a espécie humana pode ajudar a determinar se o CBD é uma alternativa viável para os medicamentos disponíveis atualmente para a insônia. A maioria deles pertence ao grupo dos benzodiazepínicos, que atuam no sistema GABAérgico do cérebro, e inibem os efeitos da ansiedade, induzem o sono e promovem a sensação de tranquilidade. Porém, esse tipo de medicação pode levar tanto à dependência quanto à tolerância (na qual a longa exposição ao medicamento leva à diminuição dos seus efeitos no organismo, necessitando de um aumento progressivo da dose). O canabidiol não coloca o paciente em nenhum desses riscos, e atua de outra forma, em um grupo de receptores cerebrais envolvidos em processos relacionados à memória, à percepção da dor e à coordenação de movimentos, conhecido como sistema endocanabinoide. por Ana Carolina Leonardi

Jornal do Campus | 430 | setembro de 2014 | segunda quinzena

15


ESPORTES

Atléticas da USP buscam recursos da LIE Lei do Incentivo ao Esporte busca aumentar o investimento em estrutura, a fim de qualificar o esporte universitário

16

O que é a Lei de Incentivo ao Esporte?

Em vigor desde 2006, ela permite que pessoas encaminhem parte de seu Imposto de Renda para o investimento em projetos esportivos aprovados pelo Ministério do Esporte. Para pessoas físicas, esse valor corresponde a 1% do imposto e, para pessoas jurídicas, 6%. Como conseguir o benefício? As atléticas devem enviar um projeto ao Ministério do Esporte contendo os seguintes dados: - Objetivo; - Justificativa; - Organograma da instituição; - Orçamento de profissionais, materiais esportivos e confecções de uniformes; - Histórico administrativo da atlética. Depois de enviado, o projeto é avaliado e está sujeito a ser aprovado ou não.

E depois, o que acontece? Se aprovado o projeto, a entidade pode iniciar a captação de recursos a partir de parcerias com pessoas físicas ou jurídicas. Os gastos devem chegar o mais próximo possível do valor levantado nos orçamentos entregues ao Ministério do Esporte. A Atlética está liberada para aplicar os recursos, ciente de que terá de prestar contas à Receita Federal e ao Ministério do Esporte.

Saiba mais sobre a LIE em: http://ow.ly/BzLAT e auxiliares bem remunerados, fisioterapeutas disponíveis, opção de treino em quadras externas para os times, e por aí vai. É trazer o esporte na ECA para um nível altíssimo de qualidade”, diz. Já na Escola de Educação Física e Esporte (EEFE), a AAA Rui Barbosa cobra uma mensalidade dos atletas. Esse dinheiro é utilizado para manter os gastos de cada modalidade, tais como salários dos treinadores, materiais esportivos, inscrições em campeonatos e taxas de arbitragem. Cabe à entidade arcar com os custos de sua própria inscrição e, eventualmente, cobrir as taxas de alguma modalidade mediante pagamento posterior. Alexandre Iponema Galluci, diretor de geral de esportes da associação, explica que esse quadro desagrada a atual gestão e que ele deve ser revertido em caso de aprovação de um projeto, já elaborado e em vias de ser encaminhado ao ME. “A própria Atlética será capaz de pagar treinadores e auxiliares, adquirir materiais e uniformes e pagar a inscrição de todas as modalidades nos campeonatos.

Jornal do Campus | 430 | setembro de 2014 | segunda quinzena

Com isso, conseguiremos gerir coletivamente a Atlética, já que contaremos com a aproximação de estudantes, atletas e treinadores”, presume Alexandre. A AAA Visconde de Cairu, da Faculdade de Economia e Administração (FEA), e a AAA XI de Agosto, da Faculdade de Direito,

já possuem projetos cadastrados e aprovados pelo ME. A primeira está na fase de captação de recursos, enquanto a segunda espera conseguir uma prorrogação junto ao Ministério para poder iniciá-la. Outras entidades, como a AAA de Farmácia e Bioquímica da USP e a AAA IX de Setembro, da Faculdade de Medicina Veterinária, pretendem estruturar projetos em breve. As gestões das Atléticas citadas acreditam que a captação de recursos através da LIE fortalecerá a prática do esporte em vários aspectos. A verba não só propiciará o oferecimento de uma estrutura adequada aos atletas em termos de materiais de treinamento e comissões técnicas, como aumentará o nível de qualidade dos campeonatos com equipes mais bem preparadas. Tudo isso, segundo gestores das entidades, fará com que os estudantes busquem mais a prática esportiva dentro da Universidade, já que os custos serão reduzidos e as estruturas melhor qualificadas para recebê-los. Nesse contexto, a expectativa é de que o esporte universitário ganhe, inclusive, maior visibilidade. por Gabriela Romão

Cepeusp volta à ativa O Centro de Práticas Esportivas da Universidade de São Paulo (Cepeusp) foi reaberto e está disponível para uso da comunidade. Fechada desde o final de maio, quando se iniciou a greve dos funcionários da USP, a Praça de Esportes teve suas atividades retomadas, incluindo os treinos das atléticas e

os exames médicos, e a entrada dos funcionários foi liberada. Como os funcionários permanecem em greve, alguns serviços ainda estão paralisados, como a seção de carteirinhas e as inscrições para os cursos regulares. por Gabriela Romão

VICTORIA SALEMI

Algumas atléticas da Universidade de São Paulo, tendo em vista o fortalecimento do esporte universitário, começaram a se movimentar para receber recursos através da Lei de Incentivo ao Esporte (LIE). Através de projetos já cadastrados, à espera de aprovação ou em vias de planejamento, as entidades buscam propiciar maiores investimentos em materiais esportivos, estruturas de treinamento e organização das modalidades em cada unidade. A LIE, que garante repasses de verbas públicas para associações que se dediquem ao esporte, é vista como uma saída para os gastos das Atléticas, que não conseguem ser supridos pela organização de festas e vendas de produtos (principais fontes de arrecadação das entidades atualmente). Nesse cenário, além de ter problemas para gerir as estruturas de cada esporte, as entidades acabam por recorrer a contribuições dos próprios integrantes das modalidades, a fim de conseguir mantê-las nos campeonatos universitários. Na Escola de Comunicações e Artes (ECA), a Associação Atlética Acadêmica (AAA) Lupe Cotrim consegue manter o pagamento de seus treinadores e a compra de materiais esportivos através do dinheiro arrecadado pela instituição. Porém, a inscrição dos atletas nos campeonatos é custeada pela Taxa Anual Unificada, um valor cobrado de cada estudante que participe de modalidades englobadas pela Atlética. Filipeh Pessanha, diretor geral de esportes da entidade, explica que a falta de recursos suficientes faz com que os técnicos recebam salários baixos e os atletas contem com poucos materiais esportivos e uniformes ultrapassados, além de limitar as inscrições de cada time nos campeonatos. Com um projeto encaminhado ao Ministério do Esporte (ME) no último dia 10, a expectativa da associação é que essa realidade mude. “Com o projeto sendo aprovado e captado, teremos uma estrutura muito maior, com técnicos

Apesar da reabertura, a seção de carteirinhas e os cursos permanecem em greve


Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.