Região de Leiria, 4 de Dezembro de 2009

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LUTA CONTRA A SIDA | ABERTURA 7

Região de Leiria 4 | Dezembro | 2009

DIAGNÓSTICO PRECOCE RECOMENDA-SE O teste é gratuito, confidencial, anónimo e não precisa de ser agendado previamente. Em Leiria, pode ser realizado no Centro de Aconselhamento e Detecção precoce do VIH (CAD), a funcionar desde 2001 junto ao Centro de Saúde Dr. Gorjão Henriques. Além do aconselhamento, o CAD aposta na sensibilização para a realização do teste. Embora não haja cura, existe tratamento terapêutico que permite controlar os sintomas e evitar que uma pessoa com VIH chegue ao estádio de SIDA. Em 2006, o CAD efectuava uma média de 350 atendimentos por ano. Número que tem subido todos os anos, refere Odete Mendes, lembrando o trabalho realizado fora de portas, nomeadamente ao deslocarse à Marinha Grande, Caldas da Rainha e Peniche.

Três novos casos por dia Como qualquer outra doença, o VIH é cego e não olha a idades, classes sociais ou género para atacar. Basta esquecer uma vez o preservativo ou partilhar uma seringa para transmitir a doença se estiver infectado, ou ser contagiado por quem for portador do vírus. Mas, apesar de toda a informação disponível, os números não param de crescer. Em 2008, foram diagnosticados 1.201 novos casos de infecção, qualquer coisa como três por dia. O Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge fez as contas. A 31 de Dezembro

de 2008, haviam já sido notificados em Portugal 34.888 casos. No distrito de Leiria, até Junho passado, eram 912 e é a faixa etária entre os 20 e os 49 anos que mais casos regista: 727. Um dado consentâneo com a realidade regional. Segundo informação da Equipa Regional para a Infecção VIH/sida, o panorama na região Centro aponta para uma maior incidência de infecções entre o sexo masculino (75%) e na faixa etária entre os 15 e 49 anos (81,4%). Os maiores de 65 anos não estão imunes à doença, re-

r Com os anti-retrovirais,

gistando-se até à data 41 idosos seropositivos, mais 23 do que em 2003. A maioria das infecções (94,7%) é provocada pelo VIH1, sendo que as relações heterossexuais são a principal via de transmissão (49,1%). Na maioria dos casos, os diagnósticos são efectuados em Portadores Assintomáticos (54,8% em 2008), e a tuberculose é a infecção oportunista (34,8%) e doença indicadora de SIDA mais frequente nos doentes infectados pelo VIH.

Henrique Barros coordenador Nacional para a Infecção VIH/sida

r É importante que um resultado negativo não seja encarado como uma licença para comportamentos de risco”. Manuel Pizarro secretário de Estado da Saúde

r O número de pessoas diagnosticadas tem vindo a diminuir de forma consistente, cerca de dez por cento por ano”. idem

PENICHE É O CONCELHO MAIS AFECTADO Embora o concelho de Leiria contabilize o maior número absoluto de casos acumulados (234), é em Peniche - com 138 casos referenciados - que a situação assume proporções mais gravosas, uma vez que a taxa acumulada de infecções ronda os 518 casos por cem mil habitantes. Segundo Odete Mendes, responsável da Comissão Distrital da Luta contra a SIDA, a população de Peniche enfrentou graves problemas de toxicodependência a que se associaram outros comportamentos de risco. Motivos que, admite, justificam a elevada taxa de incidência de infecções. Segue-se o concelho da Nazaré, onde os 50 casos registados representam uma prevalência de 345 casos por cem mil habitantes. Em contrapartida, o concelho de Pombal, com 38 casos registados ao longo dos anos, detém a mais baixa taxa de incidência de infecções no distrito: 63,48 por cem mil habitantes.

Portugal tem uma factura em torno dos 200 milhões de euros por ano. É muito dinheiro, mas um doente tratado tem menos probabilidades de transmitir a infecção”

r A sexualidade é algo que faz parte da vida humana e deve ser falada nas escolas, com os professores, e em casa com os pais” Ana Jorge

Distribuição de casos acumulados de Sida, CRS* e Portadores Assintomáticos** no distrito Concelho

2003

2004

2005

2006

2007

2008

2009 (a)

População (b)

Alcobaça Alvaiázere Ansião Batalha Bombarral Caldas da Rainha Castanheira de Pêra Figueiró dos Vinhos Leiria Marinha Grande Nazaré Óbidos Pedrógão Grande Peniche Pombal Porto de Mós Não refere Total

42 6 8 19 14 72 2 3 132 37 30 16 3 94 29 14 53 574

47 6 9 20 14 75 3 5 141 46 35 16 4 102 30 20 53 626

55 7 10 22 14 78 3 7 173 56 37 18 4 107 30 20 53 694

63 8 10 22 16 78 3 7 188 61 40 18 4 115 31 23 53 740

69 10 10 22 23 91 3 7 203 67 42 19 4 122 34 27 53 806

71 9 10 22 24 100 3 7 218 71 44 24 4 134 35 28 53 857

80 9 10 23 26 104 3 8 234 77 50 24 5 138 38 30 53 912

55.641 7.716 13.495 15.993 13.809 52.823 3.176 6.824 128.537 38.599 14.480 11.377 4.069 26.615 59.858 25.153 … 478.165

Fonte: CVEDT * CRS: casos relacionados com SIDA **PA: pessoas que contraíram o VIH mas não têm qualquer tipo de queixa do ponto de vista físico (a) Dados de 30/06/2009 (b) Estimativa da população em 31/12/2008 do Instituto Nacional de Estatística

ministra da saúde

Prevalência (100 mil habitantes) 143,78 116,64 74,10 143,81 188,28 196,88 94,46 117,23 182,05 199,49 345,3 210,95 122,88 518,5 63,48 119,27 … 190,73

r Hoje, morre-se menos mas não se pode descuidar a prevenção primária. O facto de a SIDA ser uma doença crónica levou a que muitas pessoas com comportamentos de risco a desvalorizem e não se protejam” idem

r A boa notícia é que temos provas de que a redução a que estamos a assistir se deve, pelo menos em parte, à prevenção” Michel Sidibé director-executivo da ONUSida.


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