Relatório Azul 2012

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PARTE III - A VIOLÊNCIA NO RIO GRANDE DO SUL E OS DIREITOS HUMANOS 242

Outro fator decisivo é que se a vítima estivesse ainda com vida os policiais chamariam o SAMU, e não o Corpo de Bombeiros. É importante evidenciar que o carro chegou ao local de forma calma, sem muito alarme e com baixa velocidade na hora da saída do corpo. Ainda, não ligaram o giroflex, no intuito de informar que estavam com uma vítima em perigo eminente de vida, conforme demonstra um vídeo entregue por um anônimo. Através de tal vídeo, não se observa nenhum atendimento à vítima, qual seja massagem cardíaca, colocação de um coxim na região cervical para melhorar a respiração, o que contradiz o que afirmou na imprensa o tenente-coronel Antônio Gilceu de Souza (HELLER, 2012, p. 01). Em meio a esse acontecimento, muitas pessoas têm se mostrado a favor da família e daquele que teve sua vida ceifada de maneira injusta e desumana, sem nenhum respeito aos seus direitos como um cidadão honesto, digno e justo. Contudo, muitos têm difamado e caluniado o agricultor, afirmando que os policiais fizeram o correto, pois, em razão das declarações incoerentes com a verdade, a vítima teria atingido os policiais, revidado ao tiro de Taser, estava batendo em sua esposa, estava com muitos reféns, todos fatos inverídicos. Então, o que se pretende é limpar a imagem de Selvino, um homem exemplar, que como qualquer outro tinha seus períodos de fúria, mas nunca fora um homem perigoso. Assim como aconteceu com este idoso, poderia, ou até pode, ocorrer com qualquer outro, por isso é necessário averiguar a qualidade de formação dos policiais, pessoas treinadas para garantir a segurança. Ainda hoje, numa sociedade tão desenvolvida e engajada na luta dos direitos humanos, vemos a importância de se criar meios no intuito de garantir o direito à vida, algo tão essencial. Neste momento toda família do agricultor encontra-se profundamente abalada, sofrendo pelo que viram, com medo de que ocorra a vingança por parte dos policiais, pois a família foi atrás de esclarecimento dos fatos, foi atrás de justiça. Conforta-nos sentir o carinho da população, os abraços recebidos, a presença constante de amigos e parentes; prova de que a vítima foi realmente foi um homem importante na sociedade erechinense. Não bastasse, a família realizou uma passeata pacífica implorando pela apuração adequada dos fatos e maior preparo de alguns policias, porém, se deparou com uma viatura do Corpo de Bombeiros, onde o motorista, que portava um aparelho celular, fotografava/ filmava os manifestantes. Tal ato foi fotografado. Este artigo representa o grito dos inocentes, aqueles que tiveram suas vidas ceifadas injustamente, sem defesa, é a força daqueles que foram calados pelo medo, pela dor e pelo sofrimento. É possível sim construir um mundo melhor, mais justo, mais feliz, resta


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