Tese de Mestrado

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39 Embora isto não faça parte do objeto estudado, não podemos deixar de notar a veemência da condenação; o autor da matéria pratica com maestria o maniqueísmo e afirma com tranqüilidade e sem muito esforço que o Brasil reuniu o que havia de pior nos dois mundos, o capitalista e o socialista! Na oportunidade, cunha até um neologismo, "rapinesco", para poder melhor expressar sua fúria vingadora bem acomodada no casulo oferecido pela ideologia dominante. Tirando o ardor da condenação, o que é dito é que a economia brasileira sempre foi o palco de uma luta de interesses, onde os mais fortes prevaleceram econômica e politicamente. Nesse contexto, qual foi o papel dos executivos brasileiros? ―Nesse contexto, o gerente no Brasil sempre foi um funcionário burocrático, pago para administrar os entraves do dia-a-dia. A ele não era requerida nem dada a busca de novas oportunidades, o aperfeiçoamento dos processos, o desenvolvimento de estratégias. Afinal, a exemplo das grandes propriedades rurais, boa parte dos mercados no Brasil chegaram às empresas como lotes cercados de arame. A alta gerência decidia quanto daquele lote usaria e o tamanho da margem de lucro que queria Ter. Os consumidores, à guisa de vassalos, não tinham muita alternativa senão pagar o que lhes era exigido e resignar-se com o que recebiam em troca."37 Esta matéria é representativa de como o executivo médio brasileiro é visto pelos seus pares mais engajados no processo de globalização. A característica principal sublinhada neste artigo é o imobilismo que o impede de Ter qualquer criatividade frente às novas oportunidades. A ligação entre um sistema econômico feudal e a tendência burocrática do gerente brasileiro é claramente exposta. Portanto, mais o mercado torna-se competitivo, mais o executivo terá oportunidade para desenvolver-se e adquirir novas qualidades e virtudes, desde que saiba perceber o novo modelo que está sendo implantado. Daí a necessidade dele mudar. A partir de quando a mudança começa a operar-se no Brasil? "Todo esse cenário começou a mudar na década de 90, especialmente com o Plano Real e a nova economia brasileira. A competição está lentamente se tornando um ingrediente efetivo do mundo dos negócios no Brasil. (...) Um discurso tem sido comum aos industriais brasileiros sonhos dos empresários e dos discursos dos gurus da administração. Só que não estão presentes no perfil da maior parte dos diretores e dos gerentes brasileiros.‖ p. 78 37 ibid. p. 41.


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